UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ BRUNA BONI CULTURA ORGANIZACIONAL DA EMPRESA AGRO INDUSTRIAL SÃO LUIZ LTDA.: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO Balneário Camboriú 2009 2 BRUNA BONI CULTURA ORGANIZACIONAL DA EMPRESA AGRO INDUSTRIAL SÃO LUIZ LTDA.: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO Monografia apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Administração – Habilitação em Marketing, na Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Ciências Sociais Aplicadas – Gestão. Orientador: Prof. Dr. Flávio Ramos Balneário Camboriú 2009 3 BRUNA BONI CULTURA ORGANIZACIONAL DA EMPRESA AGRO INDUSTRIAL SÃO LUIZ LTDA.: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO Esta Monografia foi julgada adequada para a obtenção do título de Bacharel em Administração e aprovada pelo Curso de Administração – Habilitação em Marketing da Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Ciências Sociais Aplicadas – Gestão. Área de Concentração: Ciências Sociais Aplicadas Sub-Área: Administração de Empresas Balneário Camboriú, 26 de novembro de 2009. _________________________________ Prof. Dr. Flávio Ramos Orientador ___________________________________ Prof. MSc. Ivann Carlos Lago Avaliador ___________________________________ Prof. MSc. Osmundo Moysa Saraiva Junior Avaliador (a) 4 EQUIPE TÉCNICA Estagiário (a): Bruna Boni Área de Estágio: Administrativo Professor Responsável pelos Estágios: Lorena Schröder Supervisor da Empresa: Marilia Fátima Nora Boni. Professor (a) orientador (a): Flávio Ramos 5 DADOS DA EMPRESA Razão Social: Agro Industrial São Luiz Ltda. Endereço: Rua 1101, número: 60, sala 113 – Balneário Camboriú (SC). Setor de Desenvolvimento do Estágio: Administrativo Duração do Estágio: 240 horas Nome e Cargo do Supervisor da Empresa: Marilia Fátima Nora Boni – Gerente Financeiro. Carimbo do CNPJ da Empresa: 95.865.572/0001-40 6 AUTORIZAÇÃO DA EMPRESA Balneário Camboriú, 26 de novembro de 2009. A Empresa Agro Industrial São Luiz Ltda., pelo presente instrumento, autoriza a Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, a divulgar os dados do Relatório de Conclusão de Estágio executado durante o Estágio Curricular Obrigatório, pela acadêmica Bruna Boni. ___________________________________ Responsável pela Empresa 7 “Julgar conhecer pode é ser o contraditório, começo, tentar entender é sábio”. A autora. 8 AGRADECIMENTOS Á Deus, pela oportunidade. A Marilia e Luiz, meus Pais, pelo incentivo. Ao professor Flávio, meu Orientador, pelo conhecimento e dedicação. Aos funcionários da empresa Agro Industrial São Luiz Ltda. pela participação na pesquisa, E aos meus colegas, pelo apoio e a amizade durante todos esses anos. 9 RESUMO O tema cultura organizacional, que emergiu nos estudos organizacionais na década de 1990, ainda proporciona grandes discussões do ponto de vista conceitual. O objetivo deste trabalho é analisar, apesar das limitações em pesquisas do gênero, aspectos visíveis da cultura organizacional da empresa Agro Industrial São Luiz Ltda., para que alguns indícios da cultura no ambiente organizacional da empresa objeto de estudo sejam conhecidos e explorados. Esta pesquisa busca, portanto, descrever as ações, percepções dos trabalhadores, bem como algumas crenças e valores da empresa Agro Industrial São Luiz Ltda. A principal preocupação teórica foi descobrir um “conjunto de valores” que sinalizam formas de compartilhamento entre os indivíduos na organização, sem a preocupação de manipular ou apresentar “fórmulas” que permitam o “gerenciamento” da cultura. Grande parte da literatura apresenta a cultura como um ativo manipulável e de caráter instrumental, mas estudos recentes defendem a abordagem interpretativa da cultura organizacional e mostram que a cultura deve ser analisada ao invés de ser imposta. A pesquisa, configurada como exploratória, abordou aspectos qualitativos e quantitativos envolvendo a compreensão de executivos e funcionários sobre aspectos da cultura organizacional da empresa Agro Industrial São Luiz Ltda. Palavras-chave: Cultura. Valores Organizacionais. Comportamento. 10 ABSTRACT The topic of organizational culture, which emerged from the field organizational studies in the 1990ies, still raises a lot of questions from the conceptual point of view. The purpose of this study is to analyse, despite the limitations of this kind of research, visible aspects of the corporate culture of the Agro Industrial São Luiz Company, in order to establish and explore indicators of the said company’s corporate culture. Therefore, this study aims to describe the actions and perceptions of the workforce, as well as beliefs and values of the Agro Industrial São Luiz Company. The main theoretical concern was to find a “body of values” signalizing formes of exchange between the individuals within the organization, without trying to manipulate or present “formulas” that allow for the culture’s “management”. A great part of the literature presents culture as a manipulable active with an instrumental character, but recent studies defend the interpretative approach to organizational culture and show that culture should be analysed instead of imposed. The exploratory research approached qualitative and quantitative aspects, involving Senior managers’ and employees’ understanding of aspects of the organizational culture of the Agro Industrial São Luiz Company. Keywords: Culture. Organizational values. Behavior. 11 LISTA DE FIGURAS Figura 01: Localização das filiais.............................................................................. 19 Figura 02: Vista de cima da unidade de Paranaguá................................................. 20 Figura 03: Caminhões passando pela balança. ....................................................... 21 Figura 04: Funcionário na fábrica. ............................................................................ 21 Figura 05: Funcionários no escritório de Balneário Camboriú. ................................. 22 Figura 06: Funcionárias no escritório de Balneário Camboriú. ................................. 22 Figura 07: Funcionárias na filial em Xanxerê. .......................................................... 23 12 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 01: Excelência do ambiente físico de trabalho. ........................................... 54 Gráfico 02: Orientações necessárias para execução das atividades. ...................... 55 Gráfico 03: Excelência da comunicação entre os funcionários. ............................... 56 Gráfico 04: Relacionamento entre funcionários. ...................................................... 57 Gráfico 05: A sinergia dos funcionários em relação aos objetivos da empresa. ...... 58 Gráfico 06: O entendimento dos valores pelos funcionários. ................................... 59 Gráfico 07: A crença e compatibilidade dos valores na organização. ..................... 60 Gráfico 08: A liberdade para opinar e participar das decisões que envolvem o trabalho .................................................................................................................... .61 13 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 14 1.1 Introdução ao tema ........................................................................................... 14 1.2 Contexto do ambiente de estágio .................................................................... 18 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 25 2.1 As diferentes abordagens envolvendo o conceito de Cultura Organizacional .................................................................................................................................. 25 2.2 Cultura organizacional, evolução do conceito e o discurso gerencialista .. 34 3 METODOLOGIA .................................................................................................... 39 3.1 Tipologia de pesquisa ...................................................................................... 39 4 RESULTADOS ....................................................................................................... 44 4.1 Percepções das pessoas no ambiente organizacional ................................. 44 4.2 Resultados quantitativos da pesquisa ............................................................ 53 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 62 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 66 APÊNDICES ............................................................................................................. 68 14 1 INTRODUÇÃO 1.1 Introdução ao tema1 O tema cultura organizacional, que emergiu nos estudos organizacionais em meados da década de oitenta, ainda proporciona grandes discussões do ponto de vista conceitual. Há divergências na utilização do conceito, pois o mesmo é utilizado muitas vezes a partir de uma perspectiva utilitarista como se a gestão da cultura fosse mais uma ferramenta de gestão à disposição dos administradores organizacionais (BARBOSA, 2002). Segundo Barbosa (2001; 2002), os administradores confundem o conceito de cultura organizacional com cultura corporativa ou cultura empresarial, algo bem distinto da abordagem clássica das ciências sociais envolvendo o próprio conceito de cultura. Contudo, percebe-se que o tema desperta pouca atenção acadêmica e muita reação adversa. Barbosa (2002) afirma que a lógica pragmática que permeia o universo organizacional e a maneira de se empregar o conceito de cultura incomoda muitos antropólogos, pois estes julgam perdidos anos de refinamento e de complexidade conceitual. Há uma abundância de pesquisas sobre sistemas produtivos e seus atores: funcionários e trabalhadores, mas por outro lado nos defrontamos com uma quase ausência de pesquisa sobre o mundo organizacional das sociedades capitalistas. A sociologia do trabalho sempre valorizou as relações conflituosas entre capital e trabalho e deixou de contemplar as especificidades das organizações, como se esse fosse um tema menor (BARBOSA, 2002; SAINSAULIEU e KIRSCHNER, 2006). O tema da cultura organizacional e corporativa se tornou uma grande reflexão para gerentes corporativos dos mais diferentes níveis. Barbosa (2002) e Freitas (2007) reforçam a importância em refletir sobre cultura na atualidade, mesmo porque as 1 A definição do tema consiste na designação do problema prático e da área de conhecimento a ser abordada. Quando definido, o tema é utilizado como “peça-chave” de identificação e de seleção de áreas de conhecimento disponível para a pesquisa. Se o tema não interessa aos pesquisadores, o trabalho não será levado a sério e eles não desempenharão seu papel com qualidade (THIOLLENT, 1998). 15 sociedades contemporâneas apresentam características plurais e dificilmente podese imaginar unicidade em termos culturais. As organizações no mundo contemporâneo fazem parte de um contexto em que o universo social e político apresenta-se mutável e flexível. Poucas pessoas conseguem entender e controlar, da forma como julgaram fazê-lo anteriormente, as ações e estratégias no mundo das organizações. As incertezas prevalecem no mundo contemporâneo, em face das grandes transformações que ocorrem de forma global a partir da década de 1980. Para autores como Bauman (2001), o mundo parece estar sem controle, ao contrário da era moderna, em que as instituições proporcionavam algumas garantias básicas. Esse contexto global de incertezas e a falta de previsibilidade sobre o futuro, como não poderia deixar de ser, repercutem no mundo das organizações. Autores como Martin e Frost (2001, p. 223) ressaltam as diferentes perspectivas que contemplam o tema, e abordam, de forma crítica, a perspectiva prescritiva da cultura organizacional compreendida, por alguns autores funcionalistas, como uma “[...] chave para o sucesso financeiro das corporações”. O tema deste trabalho, portanto, aborda um dos conceitos mais fluidos da teoria contemporânea, algo não consensual e objeto de inúmeras abordagens teóricas. Faz-se necessário a distinção das abordagens funcionalistas e interpretativas, bem como a interpretação de cada uma delas. A evolução da cultura, bem como outros aspectos de importância acadêmica, é abordada no trabalho, utilizando-se autores contemporâneos que se dedicam ao tema proposto. O objetivo deste trabalho é analisar, apesar das limitações em pesquisas do gênero, aspectos visíveis da cultura organizacional da empresa Agro Industrial São Luiz Ltda., para que alguns indícios da cultura no ambiente organizacional da empresa objeto de estudo sejam conhecidos e explorados. Afinal, como aborda Schein (2007, p. 12), neste campo de estudo, “[...] ainda não estamos no estágio de fazer hipóteses rigorosas, e talvez nunca estejamos”. Os estudos envolvendo cultura organizacional são pretensiosos na busca pela compreensão de algo que talvez não possa ser descrito com a objetividade pretendida. 16 Os objetivos específicos da pesquisa envolvem: • Identificar procedimentos visíveis envolvendo o clima da empresa; • Analisar filosofias de trabalho, comportamentos e atitudes dos indivíduos na empresa pesquisada; • Identificar valores, sentimentos e percepções das pessoas no âmbito da organização. O objetivo geral desta pesquisa é, portanto, descrever as ações e algumas crenças e valores da empresa Agro Industrial São Luiz Ltda., mesmo porque, em grande parte das organizações, esses valores não são nem ao menos reconhecidos pelos funcionários. Independente dessas considerações iniciais, as organizações adquirem uma identidade, percebidas ou não pelas pessoas. Segundo Marras (2000, p. 289), “[...] toda a organização possui uma cultura própria que a identifica e que forma o conjunto que realça os seus costumes – seu way of life –, suas crenças e seus valores”. O problema de pesquisa estabelecido para esse trabalho, ou seja, a principal preocupação teórica foi descobrir “conjunto de valores” que sinalizam formas de compartilhamento entre os indivíduos na organização, sem a preocupação de manipular ou apresentar “fórmulas” que permitam o “gerenciamento” da cultura. A abordagem deste trabalho, portanto, é mais compreensiva e interpretativa do que intervencionista ou prescritiva. Segundo Thiollent (1998, p. 53) “[...] na pesquisa científica, o problema ideal pode remeter à constatação de um fato real que não seja adequadamente explicado pelo conhecimento disponível”. Marras (2000), por exemplo, ressalta as especificidades de cada organização: Ao tratarmos dos indivíduos dizemos que cada pessoa tem a sua própria cultura e a sua própria personalidade, características que os diferenciam dos demais. Nas organizações é possível traçar uma analogia com os indivíduos, já que cada empresa tem a sua própria cultura e a sua própria sintalidade, que as torna igualmente diferenciadas das demais (MARRAS, 2000, p. 289). 17 Conhecer a cultura de uma organização, ou tentar desvendar essa mesma cultura implica, de acordo com Barbosa (2002, p. 142) “[...] um trabalho de mapeamento e não de enunciação”. Estudos envolvendo aspectos da cultura no ambiente organizacional são publicados com freqüência nos periódicos brasileiros. No entanto, esses estudos contemplam, na maioria das vezes, grandes empresas. O presente trabalho pretende privilegiar uma empresa de médio porte com características regionais. Desta forma, justifica-se a pesquisa justamente para preencher tal lacuna nos estudos sobre cultura organizacional, pois há poucas pesquisas no Brasil voltadas às pequenas e médias empresas com o tema "cultura organizacional". Ao tratar-se desses aspectos visíveis da organização, fatores como clima organizacional são igualmente importantes, embora o conceito de clima organizacional seja menos abrangente do que o conceito de cultura organizacional. Desta forma, sempre há alguma relação, nem sempre nítida, entre cultura e clima. O clima organizacional, portanto, é importante e merece atenção, mas não pode ser confundido com cultura. No entanto, questões sobre o envolvimento do funcionário, relacionamento no trabalho e comunicação no ambiente da empresa, apesar de apresentarem semelhanças com pesquisas de clima, contribuem bastante para sinalizar aspectos visíveis da cultura organizacional (SCHEIN, 2007). A empresa a ser estudada é a Agro Industrial São Luiz Ltda., uma empresa familiar que atua no ramo de fertilizantes, na compra e venda de cereais e também na área agrícola e pecuária. A empresa iniciou suas atividades no dia 25 de março de 1993, tem como nome fantasia: “Fertilizantes Agriter”, e sua matriz hoje está situada na cidade de Balneário Camboriú – SC. A pesquisa foi realizada em duas etapas. Em um primeiro momento, foram entrevistadas as seis pessoas mais experientes na empresa, incluindo o proprietário, principal executivo. Essa primeira etapa qualitativa foi realizada com utilização de aparelho gravador e assim foi possível obter as citações diretas dos entrevistados e fazer uma boa análise das opiniões dos mesmos sobre a percepção sobre o tema 18 cultura organizacional. A segunda parte da pesquisa foi quantitativa, aonde através de um formulário constituído por oito questões sobre a cultura da empresa Agro Industrial São Luiz Ltda., e a pesquisadora aplicou-o com (25) vinte e cinco funcionários da organização. A intenção da pesquisa foi, portanto, compreender melhor aspectos da cultura da empresa, identificando o que os funcionários e gestores pensam a respeito dos valores do seu ambiente de trabalho e como percebem esses mesmos valores. 1.2 Contexto do ambiente de estágio O fundador da empresa Agro Industrial São Luiz Ltda. começou suas atividades no mercado de produtos agrícolas em 1977, Luiz Alberto Boni deu início a empresa em 1993, na cidade de Paranaguá - PR. A escolha de Paranaguá se deve pela sua proximidade ao porto, uma localização estratégica, trazendo grandes benefícios para a empresa, como rapidez no recebimento da matéria-prima e facilidade para o escoamento para os estados de Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso e Goiás, por se tratar de grandes centros produtores nacionais. O Porto de Paranaguá permite, por sua localização, uma perfeita combinação para a exportação de cereais e a importação de fertilizantes. Desde a sua fundação, a empresa contava com a Matriz em Paranaguá, porém, em 2006, transferiu sua sede para Balneário Camboriú - SC, com o objetivo de centralizar os serviços administrativos, contábeis e financeiros. A prestação de serviço da empresa consiste no fornecimento de insumos agrícolas e assistência técnica aos produtores de feijão, tomate industrial, ervilha, algodão, milho grão, milho verde industrial, arroz, trigo e soja. Com isto, está contribuindo, não somente para uma maior oferta de alimentos no contexto mundial, mas, também para atender a crescente demanda interna. A empresa Agro Industrial São Luiz Ltda. utiliza comercialmente a marca AGRITER, tradicional no mercado de sementes de cereais e fertilizantes. A empresa possui 19 quatro filiais, além da matriz em Balneário Camboriú, atuando em locais onde consegue estar próximo de seus clientes. A seguir, pode-se observar o mapa de localização das filiais. BRASNORTE/MT MARMELEIRO/PR PARANAGUÁ/PR XANXERÊ/SC BALN CAMBORIÚ/SC Figura 01: Localização das filiais. Fonte: Arquivos da empresa Agro Industrial São Luiz Ltda, 2009. A equipe de funcionários da empresa é bem diferenciada quanto ao tempo de trabalho dos empregados na organização, pois possui funcionários que estão na empresa desde a sua fundação e outros que começaram há pouco tempo. No presente trabalho foi dada prioridade a três dessas cinco unidades, as quais participaram da pesquisa: 20 • Paranaguá: antiga Matriz, conta com cerca de vinte funcionários fixos, contratando em períodos de safra terceirizados e avulsos. No âmbito dos cereais, realiza a compra no mercado interno, podendo revendê-los ao mercado interno ou exportá-los. Em relação aos fertilizantes, importa a matéria-prima, mistura com outras matérias-primas nacionais e vende ao mercado interno A seguir, é possível analisar algumas fotos de Paranaguá - PR: Figura 02: Vista de cima da unidade de Paranaguá Fonte: Arquivos da empresa Agro Industrial São Luiz Ltda, 2009. 21 Figura 03: Caminhões passando pela balança. Fonte: Arquivos da empresa Agro Industrial São Luiz Ltda, 2009. Figura 04: Funcionário na fábrica. Fonte: Arquivos da empresa Agro Industrial São Luiz Ltda, 2009. 22 • Balneário Camboriú: Matriz e centro administrativo e contábil. Estão localizados o Departamento de Pessoal, Financeiro, Comercial, Contábil e a Diretoria, totalizando assim treze funcionários. A seguir fotos dos funcionários no escritório em Balneário Camboriú - SC: Figura 05: Funcionários no escritório de Balneário Camboriú. Fonte: Arquivos da empresa Agro Industrial São Luiz Ltda, 2009. Figura 06: Funcionárias no escritório de Balneário Camboriú. Fonte: Arquivos da empresa Agro Industrial São Luiz Ltda, 2009. 23 • Xanxerê: Filial responsável por fazer transações agrícolas ou comerciais, possui apenas três funcionários, dois atuando na área contábil e um na área comercial. A seguir foto de funcionárias na filial de Xanxerê - SC: Figura 07: Funcionárias na filial em Xanxerê. Fonte: Arquivos da empresa Agro Industrial São Luiz Ltda, 2009. Os produtos da empresa podem ser divididos em produtos agrícolas, adubos e fertilizantes. Os produtos agrícolas são principalmente milho e soja, mas também é comercializado feijão, arroz, cevada e algodão. A empresa exporta produtos agrícolas pelo fato de haver muita oferta no Brasil. Parte da produção, portanto, tem que ser destinada a outros mercados consumidores. Já em relação aos fertilizantes, esta situação é oposta, pois a empresa tem que buscar no mercado externo matéria-prima para os fertilizantes. Em relação aos fertilizantes, a empresa importa matéria-prima de fornecedores préestabelecidos e tem duas opções, ou revender no mercado interno, ou transformá-la 24 em fertilizantes. Todas as mercadorias importadas/exportadas têm destino inicial em Paranaguá. A empresa tem como maior objetivo para os próximos anos diminuir a participação dos cereais no comercialização de fertilizantes. faturamento da empresa e aumentar sua 25 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 As diferentes abordagens envolvendo o conceito de cultura organizacional Cada organização tem sua própria cultura, fruto de suas respectivas interações sociais, sua história, etc. Empresas e organizações são reconhecidas por características próprias, peculiaridades, bem como pelos hábitos e comportamentos dos atores organizacionais (BARBOSA, 2002). Os estudos sobre a cultura organizacional começaram a ganhar força em 1980, estudos esses motivados, em grande parte, pelo ótimo desempenho que as empresas japonesas apresentavam na época e pela percepção de que o envolvimento dos trabalhadores com os valores e filosofia dessas organizações seria o fator crucial para o sucesso das organizações orientais. Mas a cultura se consolida na década seguinte. Desta forma, gestores ocidentais demonstraram interesse pelos aspectos da cultura organizacional japonesa (MARTIN e FROST, 2001; BARBOSA, 2002; FREITAS, 2007; FERREIRA e ASSMAR, 2008). No entanto, a cultura organizacional tem sido estudada e conceituada das mais diferentes formas e perspectivas. Há abordagens que compreendem a cultura como uma variável produzida pela organização e outras que julgam que a cultura é fruto dos membros que compõem uma organização. Esse debate é intenso, pois divide os estudos organizacionais em duas grandes vertentes. A primeira, de caráter prescritivo, percebe a cultura como algo possível de ser gerenciado a partir de diversas formas de intervenção. A outra abordagem, por sua vez, contempla a cultura organizacional como fruto das vivências e interações entre os atores organizacionais ao longo do tempo (FRIEDBERG, 1995, SCHEIN, 2000, BARBOSA, 2001). Srour (1998) defende que a cultura não é constituída por um processo histórico e resulta de uma aprendizagem social. E essa aprendizagem é “construída” no cotidiano das organizações. 26 Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000) consideram a cultura como algo produzido de forma coletiva, bem como ressaltam as crenças comuns no ambiente organizacional. Schein (2007) afirma que a cultura organizacional se manifesta em três níveis, sendo esses: artefatos visíveis, valores esposados e pressupostos básicos. Os artefatos são os aspectos visíveis da organização, ou seja, nesse primeiro nível da cultura os elementos culturais são de fácil observação, mas de difícil interpretação, como a linguagem utilizada pelas pessoas, a maneira de se vestir, etc. No segundo nível estão os valores que são as justificativas utilizadas para explicar e até mesmo predizer os atos e ações das pessoas no ambiente organizacional. E esses valores vão ficando visíveis no momento em que metas, filosofias, normas e regras de comportamento especificam como as “coisas” devem ser na organização. Por fim no último nível estão as crenças, as percepções e os sentimentos básicos das pessoas no ambiente organizacional, que fundamentam o modo como essas pessoas sentem, percebem e pensam a organização. Este terceiro nível, pelo fato de não lidar com os aspectos visíveis ou objetivados, é o mais difícil de ser compreendido, mas se constitui na essência da cultura. Ferreira e Assmar (2008) registram a contribuição de outros autores que ampliam o modelo de Edgar Schein, e que a cultura organizacional define-se por meio de dimensões como artefatos, padrões de comportamento, normas comportamentais, valores e pressuposições fundamentais. A ampliação do modelo contempla, além dos elementos da cultura, os padrões de comportamento que consistem em mecanismos de tomada de decisão, coordenação e comunicação utilizados para resolver os problemas organizacionais, bem como as normas comportamentais, que são as expectativas da organização sobre como seus membros devem se comportar e interagir com os outros colegas de trabalho. Neste ponto, observa-se um caráter prescritivo de como ordenar a cultura visando resultados de acordo com as expectativas gerenciais. Ao fazer importante revisão de literatura e contemplar o estado da arte em pesquisas relacionadas à cultura organizacional, Ferreira e Assmar (2008) registram contribuições teóricas que contemplam modelos que estudam e valorizam os heróis, os rituais, os símbolos e os valores existentes numa organização. Os heróis, neste 27 caso, são personagens vivos ou mortos que fazem, ou fizeram, a história de determinada organização. Os rituais consistem em atividades coletivas que representam determinados comportamentos e, por sua vez, os símbolos contemplam as palavras, os gestos e os objetos que apresentam especial significado para a organização. Os valores representam os sentimentos inconscientes internalizados pelos grupos humanos nas organizações. Essa postura das autoras revela a influência das ciências sociais, em especial da antropologia, nos estudos envolvendo cultura organizacional. E, através da análise desses conceitos apresentado pelas autoras, identifica-se a cultura organizacional de uma forma mais evidente. Esses componentes da cultura se mostram presentes no dia-a-dia da organização e são responsáveis por diferenciar a cultura de uma organização para outra. Freitas (2007), ao abordar os valores organizacionais, cita que esses elementos, vistos como a essência da cultura organizacional orientam os indivíduos de uma organização em seus respectivos comportamentos, principalmente os integrantes. De acordo com a autora, apesar das mudanças ocorridas desde a década de 1980, ainda se utiliza, na atualidade, o mesmo enfoque teórico sobre elementos da cultura organizacional. Freitas (2007) igualmente ressalta a importância dos estudos envolvendo valores, crenças, ritos, rituais e cerimônias; sagas e heróis; estórias; tabus e normas nos estudos organizacionais. Os valores, a partir de uma perspectiva funcionalista, seriam algo como um “guia” para cotidiano organizacional. Nessa perspectiva, se os valores forem internalizados pelos indivíduos na organização, desde que sejam eticamente legitimados, podem proporcionar ambientes, na perspectiva comportamental, extremamente vantajosos para as organizações. (FREITAS, 2007). Ou seja, os valores favorecem um determinado comportamento e condicionariam os funcionários a caminharem seguindo os objetivos da organização, desde que esses objetivos tenham sintonia com as expectativas dos próprios trabalhadores. 28 Algumas empresas utilizam slogans como instrumentos de publicidade e tentam transmitir a imagem da empresa para o público. Quando essas mensagens conseguem refletir a cultura corporativa da empresa, a identificação é bastante consistente. No entanto, nem sempre a cultura organizacional pode ser identificada com a cultura corporativa ou empresarial (BARBOSA, 2002). Empresas como a Mc Donald´s, por exemplo, apresentam slogans como “qualidade, serviço, limpeza e preço justo” que reproduzem, no máximo, aspectos da cultura corporativa ou empresarial, mas não da cultura organizacional. As crenças e pressupostos são usados com o mesmo significado e demonstram aquilo que é verdadeiro para uma organização. Uma crença é algo aceitável como correto e está baseado em alguma solução de certo problema ocorrido em que se obteve sucesso (FREITAS, 2007). Os ritos, rituais e cerimônias manifestam o lado concreto da cultura e, segundo Freitas (2007), os rituais são a maneira como os procedimentos são realizados. Um exemplo de ritual são as festas de fim de ano que uma empresa realiza para parabenizar o melhor vendedor do ano, enfim, são costumes que a empresa adota ao longo de sua existência e os funcionários sentem esses rituais como sendo parte de uma atividade realizada pela organização, algo institucionalizado. Outros exemplos seriam as reuniões, processos de seleção de funcionários, processos de admissão e demissão, etc. Barbosa (2001, p. 142), concordando com Freitas (2007), ressalta que as organizações podem ser pensadas [...] “como uma rede de significados cujas tramas se combinam e recombinam, gerando sempre novos padrões que formam o contexto no qual se desenrola e se torna significativa a ação social”. Quando uma empresa passa por um processo de fusão, alguns rituais passam por modificações e as pessoas podem reagir mal às mudanças. As resistências dos funcionários, nesses casos, são freqüentes. As conseqüências dessa reação devem ser observadas, pois abrem brechas para sabotagem de projetos, desvio de informações, quebra de sigilos, etc. (FREITAS, 2007). 29 Para Freitas (2007, p. 21), “[...] as sagas são narrativas heróicas, ou épicas, que louvam o caminho percorrido pela organização com ênfase nos grandes obstáculos que ela encontrou e como eles foram vencidos”. A função das sagas, neste caso, é despertar o orgulho nos funcionários de fazer parte de algo muito especial. E os heróis são integrantes dessas sagas, são eles que demonstram como o sucesso pode ser atingido pelo ser humano como algo tangível, motivando os empregados. As décadas e 1980 e 1990 consagraram muitos “heróis” que inspiram o campo acadêmico da administração até hoje, como empreendedores criativos, louvados e seguidos como exemplos. Mas a alta rotatividade de funcionários que começou a surgir nas empresas a partir da década de 1990, com os processos traumáticos da chamada reengenharia, atingiu o grau de importância das sagas e heróis. O comprometimento dos trabalhadores com suas respectivas organizações tornou-se mais frágil, frente às dificuldades econômicas empresariais e as ondas de demissões ocorridas com os processos de globalização econômica (FREITAS, 2007). Na atualidade, a rotatividade é tão grande que muitos funcionários da mesma empresa acabam não se conhecendo e não ocorrem vínculos efetivos devido, principalmente, ao pequeno ciclo de permanência na organização. As pessoas apenas “passam” pela empresa, desempenham seu papel, nem sempre valorizado. As estórias são as experiências vividas pela organização e suas diferentes equipes, pessoas que já passaram ou que estão presentes fazendo a sua estória acontecer. Segundo Freitas (2007), as estórias proporcionam sugestões sobre as formas de agir na empresa e como são flexíveis podem ser modeladas a cada ocasião. Uma boa coleção de estórias resulta em uma empresa de sucesso, pois as pessoas têm exemplos positivos de como realizar seu trabalho, levando em consideração estórias de sucesso passadas. Nesse caso a empresa pode ser comparada com uma equipe de trabalho e se a equipe é formada por pessoas capazes e inteligentes as chances do projeto que realizarão dar certo são muito maiores do que uma equipe formada por pessoas de pouco interesse e sem muitas experiências positivas. Estórias bem construídas dentro de uma organização são impulsionadoras de sucesso. 30 Outro elemento citado por Freitas (2007) é o tabu, pois as empresas tentam esconder e silenciar alguns desses tabus, como o preconceito existente no ambiente organizacional, casos de corrupção e formas diversas de discriminação. Isso ocorre porque o tabu é o elemento da cultura mais temido pelos administradores, porque podem denegrir a imagem da empresa com muita rapidez. A autora faz uma relação inversa entre valores e tabus, acrescentando que os valores são apreciados e os tabus temidos. São como as notícias, as boas são lembradas no momento em que ocorrem e depois são esquecidas, mas as notícias ruins são lembradas e criticadas por um maior período de tempo. Segundo Freitas (2007, p 30), [...] as organizações são intrinsecamente fenômenos de comunicações e [...] todos os artefatos culturais estão ligados entre si, exercendo uma influência múltipla no conjunto dos indivíduos e dos grupos integrantes da organização. Na atualidade, a maioria das funções de uma empresa bem como seus elementos culturais está interligada e se apenas algum detalhe foge das normas da empresa muda-se o processo como um todo. Para Motta e Vasconcelos (2008), o conceito de cultura se divide em duas visões, uma diz que a organização tem uma cultura e a outra visão afirma que a organização é uma cultura. As organizações têm uma cultura que muda com o tempo e essa cultura pode então ser variável, modificando-se de forma gradativa. Com base nessas afirmações Motta e Vasconcelos (2008) ressaltam que a organização é um sistema composto de subsistemas e funciona como um conjunto de partes distintas que trabalham de forma integrada. E um desses subsistemas organizacionais é o subsistema humano e cultural, o qual é formado por dois elementos: um elemento informal (subculturas e visões de mundo dos membros da organização) e um elemento formal (cultura oficial da organização). O subsistema humano e cultural relaciona-se com os outros subsistemas da empresa, como por exemplo, os subsistemas gerencial, estrutural, estratégico, etc. Entende-se assim que os subsistemas humano e cultural interagem com os outros subsistemas da organização. 31 Vasconcelos questionando e o Vasconcelos referencial (2004) complementam, funcionalista utilizado porém por ressaltando grande parte e dos administradores. Os mesmos autores, no entanto, valorizam a perspectiva interpretativa utilizada pelos antropólogos ao estudar elementos da cultura organizacional. O referencial funcionalista está ligado a interesses gerenciais. Essa abordagem estuda e focaliza o que é claro e compartilhado entre todos na organização, enfim o que é unânime, e exclui as diferenças individuais dos participantes. Segundo Vasconcelos e Vasconcelos (2004, p. 207), a perspectiva funcionalista entende que “[...] a cultura é uma variável que caracteriza a organização, é permanente no sentido de ser difícil de mudar e é compartilhada no sentido de ser aceita e de não haver ambigüidades”. Os administradores adaptam, ou tentam adaptar, a cultura às suas necessidades, sem levar em consideração o que pensa cada membro de sua equipe. Vasconcelos e Vasconcelos (2004), portanto, afirmam que a concepção que valoriza valores compartilhados a partir de consensos coletivos e comprometimentos que tornam os trabalhadores mais produtivos relaciona-se a abordagem funcionalista. Um bom exemplo seria o processo e os critérios de seleção e contratação de um novo funcionário por uma organização. Há empresas que preferem contratar alguém sem experiência alguma, pensando em “moldar” a pessoa da melhor maneira para a sua empresa. Ao invés de escolher um candidato experiente e que traga novas idéias, preferem alguém para “modelar”, porque o experiente é mais difícil de manipular o “jeito de ser” e de adaptá-lo em apenas concordar com tudo sem que possa dar sua opinião. Vasconcelos e Vasconcelos (2004) comentam, igualmente de forma crítica, sobre o gerenciamento da cultura, como se a cultura pudesse ser manipulada, como se houvesse uma fórmula para atingir o sucesso em ambientes competitivos. Martin e Frost (2001, p. 224) contemplam essa expectativa dos gestores em “administrar” a cultura enfatizando que, para os funcionalistas, “[...] o essencial é que a homogeneidade, a harmonia e a unificação da cultura podem ser alcançadas”. 32 Aspectos de socialização primária podem explicar esse desejo dos gestores em “modelar” pessoas no ambiente organizacional. Uma criança, por exemplo, não consegue assimilar a importância de escolher uma religião em sua vida, e nem sabe qual é a diferença de uma religião para outra, pois ela não tem escolha a não ser optar por ser da mesma religião de seus pais, em momentos de socialização primária. No gerenciamento de uma cultura ocorre o mesmo, pois gerenciar a cultura seria um “sonho” para os gestores se os funcionários cumprissem suas tarefas, obedecessem todas as ordens e por fim não opinassem sobre nada, mesmo sem entender. Isto evitaria “dores de cabeça” para os superiores hierárquicos. Muitos autores, portanto, criticam a abordagem funcionalista, porque na realidade as pessoas são diferentes entre si e não há como moldar as suas respectivas mentes para que pensem e ajam da mesma maneira sempre na empresa. Com certeza, seria menos trabalhoso para os gestores, mas é algo muito difícil de ocorrer. Barbosa (2001) e Vasconcelos e Vasconcelos (2004) mostram que o conceito de cultura utilizado pelos antropólogos interpretativos percebem e valorizam, ao contrário da abordagem funcionalista, a diversidade encontrada em uma organização e a importância que ela transmite para o sucesso da mesma. A abordagem interpretativa estuda igualmente as subculturas, ressaltando que os membros de uma subcultura têm valores e agem de maneira diferente de outra subcultura da mesma organização, bem como ressalta o componente da diversidade cultural. Essa mesma abordagem fundamenta seus pressupostos no entendimento de que há diversidade de origens, formações culturais entre os indivíduos e que a ambigüidade é parte essencial da cultura organizacional. Schein (2007) afirma que a origem dos elementos que compõem a cultura de uma organização (linguagem, símbolos, imagens, histórias, mitos, entre outros) está ligada na luta pela sua sobrevivência. Na percepção do autor, para um grupo organizacional desenvolver-se e sobreviver há dois grandes problemas para solucionar: primeiro adaptar-se ao meio ambiente e depois manter sua coerência interna. E para que isso ocorra cada subsistema organizacional deve integrar-se com os outros subsistemas organizacionais, isso porque eles são interdependentes e devem funcionar como um conjunto. 33 Para Motta e Vasconcelos (2008), a partir de boas experiências e das experiências negativas constituem a base do aprendizado coletivo nas organizações e essas experiências contribuem para a formação de valores compartilhados. O caminho para esse aprendizado é estabelecido por meio das descobertas feitas nesse processo de aprendizagem. Segundo Schein (2007), quando um grupo obter resultados a partir desses processos, será a vez de socializar tais experiências ou aprendizado. Cada organização possui seus próprios elementos, os quais definem a identidade da empresa. Essa identidade mostra os valores e o estilo de vida que as organizações possuem, gerando um melhor entendimento para os indivíduos quais são as ações legitimadas e internalizadas pelo próprio grupo. Para Srour (1998, p. 175), “[...] toda coletividade tende a considerar o próprio modo de vida como o mais sensato e o mais correto”. O autor, no entanto, ressalta que essa idéia de certo ou errado faz com que os indivíduos de uma empresa considerem ser certo o que eles aprendem dentro de suas organizações e classificam como errôneo as demais coletividades que fazem as atividades de uma maneira diferente do que eles realizam. E isso ocorre porque cada cultura tem seus padrões de comportamento próprios e não conseguem ver algo diferente do que estão acostumadas como sendo algo normal, porque o novo e diferente sempre vai gerar especulações e críticas. Para reforçar essa idéia, Srour (1998, p. 179) cita que “[...] nenhum indivíduo escapa do cerco ideológico” e não há pessoa que não ocupe uma posição social, que não defenda algum interesse em comum com outro grupo, defendendo o seu próprio interesse e os da coletividade a qual pertence. Vasconcelos e Vasconcelos (2004) ressaltam o mesmo aspecto, ou seja, há diferenciação entre grupos humanos nas organizações e, inevitavelmente, surgem valores diferentes entre as subculturas de uma organização. 34 2.2 Cultura organizacional, evolução do conceito e o discurso gerencialista Para Barbosa (2002), o termo cultura organizacional procura chamar a atenção para a importância da esfera simbólica do mundo organizacional: crenças, valores e símbolos que tem bastante impacto no comportamento das pessoas em uma organização bem como em seu desempenho. O conceito, utilizado por diversos autores, ganha significados diferentes a partir das abordagens teóricas contemporâneas. De qualquer forma, o conceito apresenta-se nos estudos organizacionais com freqüência (MARRAS, 2000, SCHEIN, 2007). Embora o tema de cultura, na administração, emergisse apenas nas últimas décadas, Barbosa (2002) cita que na literatura teórica da administração esse tema já havia sido mencionado anteriormente. A explicação para tal fato, de acordo com a autora, reside na utilização inadequada dos aspectos teórico-metodológicos na análise do mundo organizacional. Na década de 1980 o termo “cultura organizacional” ganha significativo destaque, popularizando-se no meio organizacional. É neste período que se passou a conviver, na academia, com estudos organizacionais contemplando o tema (BARBOSA, 2002, FREITAS, 2007). Há, por outro lado, uma literatura crítica, abrangendo os estudos organizacionais, que contempla aspectos relacionados a cultura nas organizações, porém analisando temas como angústias, pressões, inseguranças no ambiente de empresas etc. (FRIEDBERG, 1995; NOGUEIRA, 2004; SAINSAULIEU e KIRSCCHNER, 2006; GAULEJAC, 2007). Para Barbosa (2002), o conceito de cultura organizacional pode ser identificado em três períodos diferentes. O primeiro período, na década de 1960, caracteriza-se pela visão da cultura como instrumento de melhoria das organizações e a implantação de valores “humanísticos”, dando ênfase ao ser humano. A cultura começa então a ser entendida como um conjunto de valores compartilhados. No segundo período, na década de 1980 e até meados de 1990, o Japão irá desempenhar um papel relevante para a importância da cultura no universo das organizações e na economia e há também nesse período uma maior preocupação em denominar instrumentos 35 que gerenciem a cultura. Desta forma, o conceito de cultura passa a ser percebido como uma estratégia gerencial e de competitividade, com forte – e discutível – valor instrumental. E o terceiro período, dos anos 1990 até os dias de hoje, que se caracteriza pelo uso da cultura mais como estratégia empresarial do que gerencial. Segundo Barbosa (2002) a diferença do terceiro período está, primeiramente, no tratamento da cultura como variável estratégica; segundo, no seu conceito como um ativo intangível das organizações; e, terceiro, com valores “éticos” do ponto de vista da sociedade. Relevando o segundo período Barbosa (2002, p. 16), ressalta que “[...] a explicação norte-americana para o sucesso japonês foi, de imediato, atribuída à cultura da sociedade e das organizações japonesas”. E o que mais impactou os norteamericanos foi perceber que os japoneses relacionavam de forma harmoniosa capital, sociedade e trabalho. As empresas japonesas valorizavam a senioridade e a participação de todos nos processos decisórios, enfatizavam o sentimento de pertencimento comum a um grupo e praticavam a famosa política de from craddle to grave (do berço a cova) que assegurava a estabilidade do funcionário no emprego, mesmo em período de crise econômica. Todos estes aspectos contrastavam fortemente com o estilo norte-americano de gerenciar organizações e pessoas. Para grande parte dos analistas era justamente nesse sistema gerencial que residia o sucesso japonês. (BARBOSA, 2002, p. 16). No segundo período, de acordo como a autora cita, as empresas com “culturas fortes” eram valorizadas e utilizadas como exemplos. A cultura, no pensamento administrativo, que se afirmava na época, remove grande parte do sentimento de incerteza porque oferece estrutura, padrões e um sistema de valores com o qual operar em todas as situações. O conceito de cultura era visto como algo que as organizações “selecionam” e “possuem”. Barbosa (2002, p. 19) ressalta que “[...] o que estava em questão era se a “cultura” seria uma variável produzida pela organização ou se esta seria trazida para o seu interior pelos seus membros”. Cultura organizacional é o conjunto de pressupostos básicos que um grupo inventou, descobriu ou desenvolveu ao aprender como lidar com os problemas de adaptação externa e integração interna e que funcionaram bem o suficiente para serem considerados válidos e ensinados a novos membros como a forma correta de perceber, 36 pensar e sentir em relação a esses problemas (SCHEIN apud BARBOSA, 2002, p. 18). Barbosa (2002, p. 27) faz referências a um tema bastante utilizado pelo discurso gerencialista, os chamados ativos intangíveis, “[...] pois acredita-se que as empresas e organizações mais bem-sucedidas do futuro serão aquelas capazes de aprender como explorar e gerenciar o conhecimento que adquiriram” envolvendo as expectativas e o comportamento do consumidor, dos mercados, da economia, da tecnologia, etc.”. Gerir conhecimentos passou a ser algo desejado pelas empresas visando maximizar resultados. No entanto, consenso sobre tal possibilidade inexiste, pois o conhecimento nem sempre pode ser considerado um recurso passível de gerenciamento. Para Barbosa (2002), ao final da década de 1990, a cultura passa de instrumental para ser utilizada em processos de mudança organizacional focados na estratégia empresarial interna ou na competitividade externa. A cultura organizacional passou a ser considerada um ativo estratégico que pode garantir retorno de lucros em longo prazo para uma organização. Os executivos, gerentes e consultores percebem a cultura como uma variável mensurável. E, atualmente, o conceito de cultura concentra-se na formulação de uma metodologia de como medi-la e para assim ser capaz de avaliar o seu valor econômico e financeiro. A autora, no entanto, faz sérias críticas sobre tais possibilidades, pois nem sempre metodologias quantitativas podem expressar com exatidão os aspectos mais relevantes, e profundos, da cultura organizacional. A organização não pode ser analisada como se fosse um todo unificado e coerente, a partir de uma perspectiva racional (FRIEDBERG, 1995). Barbosa (2002) acrescenta com preocupação que a expressão cultura corporativa citando que esse termo é usado de forma intercambiável com a cultura organizacional, pois, para a autora, cultura organizacional e cultura corporativa são conceitos distintos. Os elementos que compõem uma cultura organizacional são heterogêneos, e para falar sobre cultura organizacional, corporativa ou empresarial não é suficiente utilizar-se de um conjunto de valores determinados pela alta 37 gerência, pois é necessário olhar para a empresa com perspectivas diferentes e analisar as relações entre as mesmas. Segundo Barbosa (2002, p. 34), “[...] o conceito de cultura empresarial nos remete para a organização simbólica do universo empresarial”. E cultura empresarial, corporativa ou gerencial vem a ser um conjunto de percepções características da alta administração, ou mesmo a idealização dos executivos de uma empresa. A perspectiva objetivista, e funcionalista, dos gestores fomentam e valorizam a criação de riqueza, o empreendedorismo, a ambição e a competitividade, pois essas características são estimuladas e vistas como fundamentais à cultura empresarial. Mas a empresa é uma construção social e um sistema social, cuja abrangência vai muito além dos objetivos econômicos expressados em metas, resultados, etc. (SAINSALIEU e KIRSCHNER, 2006). Friedberg (1995, p. 404) ainda registra o “[...] caráter relativamente indeterminado e aberto do fenômeno organizacional”. Barbosa (2002) distingue a cultura empresarial em duas dimensões. A primeira dessas dimensões contempla um programa envolvendo reformas econômicas e institucionais que proporcionam relevância e destaque para a eficiência do mercado na alocação dos recursos sociais, bem como a liberdade do indivíduo em suas escolhas e a não intervenção do Estado. Como exemplo, a autora cita os programas de privatização de empresas estatais e a limitação de investimentos sociais, ocorridos, principalmente, na década de 1990 quando a agenda neoliberal ganhou destaque no Brasil. A segunda dimensão, por sua vez, está relacionada a valores e atitudes dos atores organizacionais forjados a partir das diversas interações sociais que ocorrem no universo organizacional. Como exemplo da segunda dimensão da cultura empresarial, a autora ressalta os valores que apresentam qualidades ou características empresariais do tipo: “iniciativa, autonomia, pró-atividade, empreendedorismo, energia, ousadia, autoconfiança”, ou seja, ações individuais ou coletivas que permeiam a organização (BARBOSA, 2002, p. 39-40). 38 Martin e Frost (2001) abordam três vertentes teóricas ao conceito de cultura organizacional: A primeira dessas vertentes, a perspectiva da integração, tem como base o consenso e a harmonia no ambiente organizacional e representa, em última instância, o interesse e o desejo da alta administração em integrar as pessoas em um mesmo projeto coletivo em que os objetivos da organização possam ser compartilhados por todos, sem conflitos ou interesses divergentes. A segunda vertente, denominada diferenciação, aborda as diferentes manifestações culturais existentes na organização, privilegiando a pluralidade de comportamentos. E, finalmente, a abordagem da fragmentação, expõe a dificuldade em contemplar a diversidade cultural, tornando a tarefa do pesquisador algo praticamente impossível de ser desenvolvida, dada a complexidade em elaborar diagnósticos sobre cultura nas organizações. Cultura organizacional, corporativa e empresarial são definições muito próximas umas das outras, mas resguardam certa identidade, e essa identidade representa recortes teóricos e metodológicos importantes do universo organizacional. A partir da década de 1980, portanto, a cultura deixou de ser uma dimensão “oculta” para adquirir uma dimensão “estratégica” no interior das organizações. De acordo com Barbosa (2000, p. 45-47), “valores, normas, símbolos, mitos, ritos, estruturas participativas, equipes autogerenciadas, autodesenvolvimento, visão holística do ser humano etc., são, hoje, categorias presentes nos discursos, análises e políticas gerenciais [...]”. O grande debate teórico reside justamente na possibilidade dessas categorias serem passíveis de gerenciamento ou não. A identidade é uma característica muito forte da cultura e há situações em que essa identidade se torna evidente. Srour (1998, p. 175) ressalta as fusões ou incorporações de empresas. Quando acontecem essas incorporações de empresas surge um “fogo cruzado da multiplicidade das maneiras de ser”, pois quando acontecem fusões há mais que uma cultura em jogo, são maneiras diferentes de pensar sobre um negócio, e é preciso de treinamento e novas formas de se organizar para que haja uma nova adaptação dos indivíduos. Ainda de acordo com o autor, outra situação em que acontecem esses choques culturais é quando surge concorrência no mercado, seja essa pelo surgimento de uma nova tecnologia, ou por novos entrantes no seu mesmo ramo de atuação. 39 3 METODOLOGIA Este item trata da metodologia utilizada neste estudo, suas características quanto a tipo, meios de investigação, contextualização, a forma de coleta e análise dos dados, assim como a definição dos participantes da pesquisa. 3.1 Tipologia de pesquisa O tipo de metodologia definida para o trabalho é o estudo de caso. Godoy (2008, p. 368) definiu estudo de caso como um tipo de pesquisa que o objetivo central é “[...] analisar intensivamente uma dada unidade social que pode ser uma organização, uma situação em particular ou até mesmo um simples sujeito”. Segundo a autora, um exemplo pode ser um programa que busca promover a diversidade cultural nas organizações. Para Gil (2002), o estudo de caso é de ampla utilização nas ciências sociais e biomédicas. E complementa ressaltando que o estudo de caso é uma modalidade de pesquisa profunda de um ou poucos objetos, e que assim fica possível um entendimento amplo do que está sendo pesquisado. O estudo de caso é realizado para diversos propósitos, pois, segundo Gil (2002), esses propósitos são: explorar situações reais, preservar o aspecto unitário do estudo, descrever a situação do contexto de onde está sendo realizado o estudo, formular hipóteses e elaborar teorias e explicar as causas de certo fenômeno em que não é possível a utilização de levantamentos e outros procedimentos. O estudo de caso tem se tornado a estratégia preferida quando os pesquisadores procuram responder às questões “como” e “por quê” certos fenômenos ocorrem, quando há pouca possibilidade de controle sobre os eventos estudados e quando o foco de interesse é sobre fenômenos atuais, que só poderão ser analisados dentro de algum contexto de vida real. (GODOY, 2008, p. 368). Esse tipo de pesquisa era encarado por muito tempo como um método de pesquisa pouco rigoroso e que poderia ter muitas variações em seus resultados. Segundo Gil 40 (2002), isso ocorre pela falta de rigor metodológico em um estudo de caso, pela dificuldade de generalização (a análise de um ou poucos casos tende o estudo à generalização), e pelo tempo destinado à pesquisa (os estudos de casos levam muito tempo para concluir e assim os resultados já se demonstram poucos consistentes). Para fazer um estudo de caso é preciso primeiro escolher o lugar a ser investigado que deve estar de acordo com o problema a ser estudado. Para isso, segundo Godoy (2008), é necessário anteriormente saber se o estudo de caso será realizado em apenas uma organização ou se será feito um estudo comparativo com outras unidades. Percebe-se o quanto é importante planejar antes de começar analisar um tema, é interessante negociar qual o acesso que você terá no local que pretende pesquisar e entender quais são os objetivos da pesquisa e qual seu papel como pesquisador, pois tudo isso reflete no comportamento dos entrevistados. Quanto à abordagem, o estudo de caso pode ter um aporte tanto qualitativo como combinar elementos qualitativos com quantitativos, Godoy (2008) ressalta que mesmo a pesquisa sendo de aporte qualitativo, ela pode comportar dados quantitativos para ajudar na questão investigada. Ainda citando Godoy (2008), o estudo de caso pode utilizar como ferramenta de coleta de dados a entrevista, a observação, a análise de documentos e também de questionários. É necessário, que os dados sejam coletados no local em que os fenômenos estudos acontecem. E por fim, quanto aos resultados, os relatórios elaborados são caracterizados por terem um caráter informal, esse composto por narrativas dos sujeitos que participam da pesquisa, por fotos, desenhos, ou citações. Vendo assim o estudo de caso é uma ferramenta que faz uma interação complexa entre pesquisador e pesquisado. Segundo Pereira (2001, p. 25): “[...] o dualismo entre abordagens racional e experimental chega aos dias de hoje na oposição entre pesquisas qualitativas e quantitativas”, mas observa-se que nem a primeira está isenta de quantificação e nem a segunda se “desenrola” sem raciocínio lógico. Pereira (2001) concentra seu estudo na pesquisa qualitativa, dizendo que o seu objetivo é estudar e classificar um fenômeno que aparenta ser imponderável. E como definição para a pesquisa 41 quantitativa Goldenberg (1999) ressalta que “[...] os métodos quantitativos simplificam a vida social limitando-a aos fenômenos que podem ser enumerados”. Esta pesquisadora, no entanto, está consciente de que não conseguirá, ao longo do trabalho, abranger toda a realidade envolvendo cultura organizacional. A ciência reproduz apenas uma leitura parcial da realidade e, de acordo com Pires (2008), ninguém pode revelar todos os aspectos dessa mesma realidade. O autor alerta ainda que a metodologia é apenas uma, não havendo necessariamente uma distinção entre pesquisa quantitativa ou pesquisa qualitativa. Entre as dificuldades ou limites encontrados ao longo do desenvolvimento do trabalho, está a tendência desta pesquisadora apresentar o testemunho daquilo que compreendeu. Conforme Grouxl (2008, p.113), “[..] devido a cumplicidade do pesquisador com o universo social no qual ele é um ator, o conhecimento que ele produz é, de certa forma, ‘cativo’ da perspectiva que ele compartilha com seus interlocutores”. Quanto à organização das condições de coleta e, posteriormente, análise dos dados, a pesquisa foi realizada em duas partes. É muito difícil, no entanto, como assinalam Deslauriers e Kérisit (2008, p. 140), prever com precisão “[...] os resultados que a análise qualitativa produzirá”. De qualquer forma, o delineamento da pesquisa contemplou, na primeira etapa, uma entrevista com cinco perguntas abertas para seis pessoas da empresa Agro Industrial São Luiz Ltda. e, entre eles, estão os gestores e alguns funcionários que estão há mais tempo na organização. Segundo Cervo (1983), a entrevista é mais do que uma simples conversa, ela é orientada para um objetivo definido, que se trata de buscar através de um interrogatório dados para a pesquisa. As entrevistas são utilizadas geralmente quando um assunto é muito complexo para ser analisado por questões fechadas. Goldenberg (1999) acredita que a relação entre o pesquisador e o entrevistado deve ser de confiança para que a pesquisa se torne bem sucedida. A segunda parte se constituiu em um formulário com perguntas fechadas destinadas aos vinte e cinco funcionários da empresa, apenas ficando sem participar os funcionários da fábrica. Chizzotti (2006) cita que a principal característica do 42 formulário concentra-se na pré-elaboração das questões da pesquisa. Essa segunda parte foi aplicada pessoalmente para não haver viés na pesquisa. As pesquisas foram realizadas em três unidades da empresa, situadas em: Balneário Camboriú – SC, Xanxerê – SC e Paranaguá –PR. Formulário é uma lista informal, catálogo ou inventário, destinado à coleta de dados resultantes quer de observações, quer de interrogações, cujo preenchimento é feito pelo próprio investigador. (CERVO, 1983, p. 160). Afinal, como assinala Poupart (2008, p. 223), [...] o informante é tido como uma testemunha privilegiada, um observador, de certa forma, de sua sociedade, com base em quem outro observador, o pesquisador, pode tentar ver e reconstruir a realidade. É neste sentido que se compreendeu a relevância de entrevistas os funcionários da Agro Industrial São Luiz Ltda. Como instrumento para analisar as entrevistas e os formulários, a pesquisadora utilizou-se do método análise de conteúdo de Laurence Bardin (2000). Segundo Bardin (2000, p. 29), “[...] desde que se começou a lidar com comunicações, que se pretende compreender para além dos seus significados imediatos, parecendo útil o recurso à análise de conteúdo”. Para Bardin (2000) os objetivos da análise de conteúdo se resumem em: ultrapassar as incertezas de quem lê a mensagem e obter um enriquecimento da leitura. A análise de conteúdo é um conjunto de técnicas de análise das comunicações. Não se trata de um instrumento, mas de um leque de apetrechos; ou, com maior rigor, será um único instrumento, mas marcado por uma grande disparidade de formas e adaptável a um campo de aplicação muito vasto: as comunicações. (BARDIN, 2000, p. 31). Os entrevistados, para que não haja identificações entre os mesmos, serão classificados como E1, E2, E3 e assim sucessivamente. A letra “E” significa “entrevistado” e os números representam a seqüência de entrevistas realizadas. Ou seja, o E1 foi a primeira pessoa a ser entrevistada. 43 Segundo Thiollent (1998, p.60), “[...] a delimitação do campo de observação empírica, no qual se aplica o tema da pesquisa é objeto de discussão entre os interessados e pesquisadores”. No caso desse trabalho a delimitação empírica é relacionada ao quadro de atuação, que é a empresa a ser pesquisada. 44 4 RESULTADOS 4.1 Percepções das pessoas no ambiente organizacional As entrevistas abaixo refletem a percepção, ou a experiência vivida na organização, dos funcionários da Agro Industrial São Luiz Ltda. As transcrições e as análises refletem o discurso, de acordo com Poupart (2008, p.245), como uma “[...] coconstrução da qual participam o entrevistador e o entrevistado, sendo o sentido das perguntas e das respostas mutuamente e contextualmente construído por um e pelo outro”. O pesquisador deve ter em mente que cada questão precisa estar relacionada aos objetivos de seu estudo. As questões devem ser enunciadas de forma clara e objetiva, sem induzir e confundir, tentando abranger diferentes pontos de vista. (GOLDENBERG, 1999, p. 86). Essas entrevistas foram realizadas a partir de gravações feitas com três gestores da empresa e três funcionários, esses últimos escolhidos pelo seu grau de experiência e importância que possuem dentro da organização. As entrevistas foram aplicadas em julho e agosto de 2009. Os relatos seguiram a partir de questões que permitiram flexibilidade nas respostas, permitindo aos entrevistados liberdade de reflexão. Inicialmente, questionados sobre os valores organizacionais, por exemplo, nas percepções dos entrevistados, o respeito humano apareceu como algo consensual, mas a ética foi igualmente ressaltada: Os valores que a organização mais acentua, mais persegue são a ética, a responsabilidade, respeito humano, comprometimento e dedicação. (E1). O respeito humano ocorre de uma forma muito boa dentro da empresa, isso é algo positivo dentro da organização. (E2). 45 O segundo entrevistado dividiu a primeira pergunta em duas partes, dizendo que há dois lados a serem considerados, o primeiro relata a perspectiva da empresa em relação ao funcionário, em que os valores observados como mais fortes na empresa em que trabalha seriam o respeito humano e o reconhecimento pelos trabalhos desenvolvidos. E a segunda perspectiva seria a observação das atitudes dos funcionários em relação à empresa. O entrevistado ressalta igualmente a ética e a dedicação como sendo os aspectos mais relevantes. O primeiro valor, sem duvidas é o respeito humano, sem distinção em cargos nem funções. A responsabilidade do que cada profissional faz é de extrema importância, não só para nós, como para todos os funcionários. E a transparência e ética também são de extrema importância, porque com isso não só a empresa ganha, mas sim todos os funcionários, e a empresa têm um bom êxito de resultado final. (E3) Na quarta entrevista, valores como o respeito humano, transparência e responsabilidade foram considerados como os mais fortes na empresa e na quinta entrevista o respeito humano foi citado como o valor mais importante entre todos os outros citados. Por fim, o sexto entrevistado considera em ordem de maior para menor importância os valores: respeito humano, responsabilidade e comprometimento como sendo os essenciais dentro da organização em que ele trabalha. Identificou-se o respeito humano como um forte valor dentro da empresa, pois a maioria dos entrevistados ressalta nas entrevistas que há um bom relacionamento entre os funcionários. Os entrevistados citam que há alguns desentendimentos, mas nada que se estenda por um longo período de tempo. Quando os entrevistados foram questionados sobre o modo como os funcionários internalizavam os valores no dia-a-dia de suas atividades, bem como sobre o comprometimento dos mesmos com os resultados da empresa, as respostas apareceram como uma só para as duas questões, como se os entrevistados respondessem a essas duas perguntas em uma só resposta. Como síntese, pode-se destacar a opinião do primeiro entrevistado: 46 O colaborador se pauta muito no desenvolvimento das atividades dele, tanto pelo aquilo que a organização oferece como por aquilo que ela dá de exemplo. Mas é normal que não haja a observância de 100% dos valores tanto na parte da organização quanto pela parte da empresa. Acredito que ainda a gente não conseguiu atingir um nível satisfatório em todos os valores. (E1) O entrevistado número um, como se pode observar, acredita que os funcionários trabalham com esses mesmos valores e os resultados são positivos, mas pensa que a falta de direcionamento das ações para os funcionários é um fator que está dificultando alguns resultados esperados. Segundo este mesmo entrevistado, o planejamento deveria ser mais apurado e haver maior clareza e afinidade entre as ordens e as execuções. A empresa não cobra muito a realização dos valores, é da vontade de cada um, não cobra pontualidade, cada um imagina que aquilo que ele faça seja a melhor forma que ele possa fazer. (E2) O segundo entrevistado afirma que a empresa permite que os processos ocorram com mais espontaneidade e registra que os funcionários desenvolvem suas atividades cada qual à sua maneira e acreditam estar agindo corretamente. A abordagem, neste caso, pelo próprio funcionário, ressalta o entendimento de que valores podem ser impostos pela organização, algo bastante comum em análises do gênero. Afinal, valores apresentados na perspectiva, sejam dos gestores, sejam dos geridos, podem não ser sustentável na cultura existente, mas apenas algo desejável (SCHEIN, 2007). Na parte da ética eu acho que a gente cumpre bem esse papel, a gente passa tudo para o administrador, ou seja, a gente não omite nada. Todos os funcionários estão comprometidos com a empresa visando melhorias nos resultados, tanto no aspecto de agilidade no trabalho quanto em aspectos financeiros também (E2). Na segunda entrevista fica claro a convicção do entrevistado quanto ao que o mesmo considera correto dentro da empresa e o fato desse funcionário estar na organização há muito tempo possivelmente explique essa perspectiva crítica com relação aos outros indivíduos no exercício de suas atividades na organização. Neste caso, é sempre oportuno registrar que as certezas ressaltadas e até mesmo compartilhadas no âmbito da organização, não podem ser reconstruídas com segurança, mesmo por esses funcionários mais antigos (SCHEIN, 2007). 47 O mesmo entrevistado afirma que todos os funcionários deveriam passar todas as informações que ocorrem para o administrador da empresa, que é subentendido que cada funcionário faça isso, pois vai da ética de cada um. E ele acredita que todos os funcionários estão comprometidos com a empresa, e que se forem ágeis e competentes, o resultado sempre será maior para a empresa. As empresas têm bastante dificuldade para que todos esses itens sejam totalmente alcançados. A empresa ia se dar muito bem se os funcionários trabalhassem como um família. Hoje lidar com o ser humano é com certeza o maior obstáculo que o empresário tem na sua frente. (E3) Este entrevistado praticamente responsabiliza os funcionários pelo “sucesso” ou “fracasso” da empresa. Os depoimentos, na seqüência, permitem melhor diversidade de opiniões. Os valores aqui na firma acontecem sim. Nós aqui sempre pensamos no resultado da empresa, sempre que tiver algum problema vamos buscar o outro, busca informações, ou comunica se há algo errado. (E4). A maioria dos funcionários veste a camisa e se preocupa com os resultados da empresa. Todos os colegas se respeitam, há uma sintonia muito boa. Mas a responsabilidade poderia ser mais bem executada em algumas pessoas, e a comunicação também poderia ser melhorada. (E5). Por ter uma certa liberdade todo mundo é responsável pelo seu trabalho, em fazer suas funções, não precisando de cobrança toda hora. Acredito sim que todo mundo quer chegar num resultado dentro da empresa, mas o pessoal é muito focado no seu setor. Deveria ter mais comunicação entre os departamentos: contábil, financeiro e comercial. Para que assim as coisas fossem mais interligadas. (E6). Observa-se aqui que os entrevistados quatro, cinco e seis concordam que os funcionários internalizam os valores no seu dia-a-dia, mesmo que o entrevistado número quatro acredite que as pessoas façam o possível para alcançar os resultados esperados pelas chefias. No entanto, de acordo com o sexto entrevistado, a departamentalização influi na comunicação e na visão integrada do negócio, os quais são prejudicados por essa mesma segmentação. 48 Quando questionados sobre algo que pudesse ser feito para melhorar o rendimento da empresa, diversas foram as sugestões: A empresa não tem uma cultura de valorização das reuniões, na maioria das vezes elas são dispensadas. (E1) O entrevistado acredita que com breves reuniões alguns problemas poderiam ser solucionados, afirmando que não há necessidade de haver reuniões longas, mas encontros de curta duração, porém em maior número. O mesmo entrevistado ressalta que o processo decisório é muito centralizado e que falta tempo para o acompanhamento das atividades que estão sendo realizadas pelos funcionários, o que pode acarretar em futuros erros que impactem sobre a organização. O que eu acho que daria muito certo seria um diálogo e um bate papo entre os próprios funcionários da empresa, para tirarem duvidas entre si. O mais importante é a empresa trabalhar unida, organizar reuniões internas para fazerem reuniões entre os setores, independente das funções, porque ninguém é sabedor de tudo, um pode ajudar o outro. (E3) Essas possibilidades, ou seja, fóruns participativos, sempre proporcionaram aos gestores desejos de estabelecer o que se denomina “cultura forte”, com todas as pessoas compartilhando idéias e sugestões. Obter a participação de todos buscando resultados sem controles visíveis seria o ideal, a partir do ponto de vista dos administradores. (BARBOSA, 2002). O terceiro entrevistado comenta que o dia-a-dia é muito “corrido” e que é muito importante o diálogo entre os funcionários, mesmo porque o administrador não tem tempo para resolver todos os problemas da organização. Esse comentário do entrevistado número três pode ser conseqüência da centralização do poder decisório, o qual já foi citado anteriormente. Para complementar ainda, o entrevistado registra que não observa grandes resultados na quantidade de reuniões, pois o mais importante reside em uma boa comunicação entre os funcionários, independente de reuniões formais. Complementando a idéia do terceiro entrevistado, o sexto entrevistado comenta igualmente sobre a comunicação que deveria existir entre os departamentos, e tanto 49 o sexto como o quarto sugerem também uma pessoa para gerir certas atividades dentro da empresa: A minha sugestão é a descentralização, dar mais responsabilidade para todos, mas com alguém supervisionando todos os trabalhos. Seria interessante existir uma pessoa para gerir as atividades, que fizesse cobrança e avaliações do trabalho. Isso solucionaria um grande problema nosso que é a comunicação interna, pois faria com que as pessoas se sentissem fazendo parte do processo. Assim as pessoas teriam mais disciplina e auto-estima. (E6). O que a gente sente muita falta aqui é na hora das informações para constar nas notas fiscais, não tem alguém que passa essa informação pra nós, temos que buscar com outras pessoas, ou até outras empresas. Deveria ter uma pessoa que passasse pra a gente isso, um contador que informasse sobre as atualizações. Daí faríamos o trabalho com a certeza que as coisas estão certas e com mais agilidade. (E4). Os entrevistados, de forma geral, apresentam dificuldade em expressar valores ou mesmo compreender as dinâmicas culturais da organização. Essa dificuldade é comum nas pesquisas do gênero (SCHEIN, 2007). Os indivíduos expressam desejos, ansiedades e expectativas, pois buscam um ambiente organizacional em que possam participar. Barbosa (2002, p. 32) ressalta que, nas pesquisas envolvendo cultura organizacional, os funcionários “[...] se expressam através de símbolos, convenções, regras explícitas e implícitas, debates e controvérsias”. Desta forma, aspectos como comunicação, participação, solidariedade surgem como a superfície de algo mais amplo, no caso, a própria cultura organizacional. Na quarta entrevista foi citada a falta de informações básicas na empresa, sendo que às vezes é preciso buscar informações até mesmo fora da empresa. A sugestão feita foi contratar alguém especializado para passar essas atualizações para os empregados. Outro item citado nessa entrevista foi a falta de conhecimento, por parte de certos funcionários mais novos na empresa, sobre metas organizacionais e aspectos administrativos. 50 As pessoas parecem desejar mudar algo na organização, pois percebem carências nem sempre visíveis. As percepções são generalizadas e não representam análises organizacionais consistentes, embora essas considerações possam adquirir significativa importância. Essa sensação de angústia não é atípica no ambiente organizacional (NOGUEIRA, 2004; SAINSAULIEU e KIRSCHNER, 2006). Os funcionários mais antigos, que já estão na empresa há 25 anos, sentem isso com certo incômodo na hora de precisarem de informações rápidas e assim não conseguindo obtê-las. A postura desses funcionários demonstra que internalizaram valores da alta administração, ou seja, da própria cultura corporativa. Eu sinto que tem pessoas que falta mais cobrança em cima delas, pois não tem tanta responsabilidade com pontualidade, assim atrasa o trabalho dos outros. (E5). Os entrevistados deram outras contribuições para melhorar o rendimento da empresa, entre elas citaram: maior criatividade da parte dos funcionários, valorização dos funcionários através da implantação de um plano de cargos e salários e implantação de um programa de alimentação (PAT) para os funcionários da fábrica bem como uma premiação para o melhor trabalhador com cesta básica para a família. Essa preocupação com os funcionários da fábrica, citada pelos funcionários do escritório, se deve ao fato de haver muita rotatividade na indústria, sendo que o pessoal do escritório percebe que há uma “falta de vontade” dos empregados da fábrica de desempenharem bem suas funções, e citam que isso é resultado da falta de acompanhamento e valorização dos mesmos. Essas perspectivas diferenciadas representam o próprio sistema social da empresa, suas escalas de valores, alianças e oposição entre os atores, bem como diversidade de experiências vivenciadas na organização. A organização é uma construção social e esses conflitos ou perspectivas críticas demonstram as conseqüências dessas interações (SAINSAULIEU e KIRSCHNER, 2006). Os funcionários não conseguem perceber a essência da cultura e nem ao menos compreender o significado dessas interações sociais. O que emerge nas entrevistas é uma tentativa ou desejo de “consertar” o que aparentemente não estaria de acordo com as expectativas pessoais desses atores. 51 A “falta de vontade” reflete a opinião de alguns funcionários em níveis diferentes da hierarquia, mas é conveniente ressaltar que essas percepções fazem parte da dimensão cultural das relações organizadas, partindo do pressuposto de que os indivíduos nas organizações são influenciados pelas articulações entre diversas regulações de grupos humanos. Esses aparentes conflitos não são disfunções, mas algo que representa os mundos sociais da organização. (SAINSAULIEU e KIRSCHNER, 2006; GAULEJAC, 2007). E, por último, questionados pela pergunta: Com o emprego do sistema Cooperate2 na empresa houve uma mudança no comprometimento dos funcionários? Os entrevistados tiveram afirmações positivas sobre o sistema: O Cooperate trouxe economias nos processos. E como conseguimos adaptar o Cooperate à realidade da organização, então a vantagem foi imensa, as pessoas entendem que o trabalho delas pode impulsionar ou travar o trabalho do outro. (E1) O entrevistado cita que o Cooperate ajudou muito no comprometimento dos funcionários, evitando retrabalho, eliminando algumas atividades na utilização de telefone e fax, proporcionando uma melhor organização das tarefas: Sem dúvidas o Cooperate trouxe bons resultados, com a entrada do sistema além de ganhar com agilidade e eficiência ainda teve a redução de custos em função da implantação do sistema. Hoje em dia, diante da forma como a legislação é aplicada nas empresas é quase impossível trabalhar sem um bom sistema. (E2) Percebe-se então, na segunda entrevista, o grau de importância do sistema Cooperate, fica então evidente que ele só trouxe melhorias, apesar de ter havido algumas demissões, mas, a partir da perspectiva da empresa, a organização aparentemente conseguiu bons resultados. De acordo com Freitas (2007), na atualidade, a maioria das funções, bem como seus elementos culturais, está interligada e, se algum detalhe foge das normas conhecidas da empresa, o processo muda como um todo. 2 Cooperate: é o nome comercial usado pela empresa para um sistema de gestão integrado com foco mais específico para o setor agropecuário. (DADOS SECUNDÁRIOS DA EMPRESA). 52 Cada dia que passa todas essas novas descobertas de agilidade em geral, só tem dado benefícios para as empresas, em ter resultados mais agilizados, sem dúvida alguma é um ótimo beneficio para todas as empresas. (E3). Eu acho que o Cooperate ajudou sim, porque se você lança um documento errado, vai cair para o setor errado, e daí no fim vai dar erro. Acho que melhorou bastante. (E4). O Cooperate ajudou bastante, mas ainda tem alguma coisa que poderia mudar, às vezes dá algum problema de conexão. Mas melhorou muito, os processos que antes precisavam de três fases para ser feitos, hoje em uma já estão prontos. (E5). Nota-se que os entrevistados três, quatro e cinco concordam que o sistema Cooperate trouxe muitas melhoras para a organização, mas o quinto entrevistado cita que como se trata de um sistema que está sujeito a passar por modificações de melhorias a cada ano, tem certos processos que podem mudar ainda para ajudar na eficiência dos procedimentos. E para finalizar, o sexto entrevistado cita que para o Cooperate ganhar “vida”, ele precisa das pessoas: Houve mudança no sentido das pessoas se comprometerem mais, pois a vida do Cooperate depende das informações que a gente alimenta nele. (E6). Ficou evidente nos resultados das entrevistas que o sistema Cooperate contribuiu organizar os processos da empresa mas, na realização da pesquisa, alguns entrevistados reclamam da falta de um sistema voltado para a produção. Esses citam que o Cooperate é destinado mais para a área financeira e contábil, sendo que os processos da área de produção são realizados em programas “caseiros” elaborados em planilhas do tipo Excel. Esses mesmos funcionários comentam que a maioria das empresas do ramo de fertilizantes possui um programa específico de produção que torna o trabalho mais eficiente, e, por exemplo, com um sistema desses, a “baixa” do inventário é feita diretamente da fábrica. O espaço proporcionado pela pesquisa para que os entrevistados sinalizassem aspectos da cultura organizacional tornou-se quase que exclusivamente um momento de reflexão sobre a melhoria de processos de gestão. Dificilmente 53 administradores e funcionários percebem a cultura a partir de uma lógica comportamental. A lógica predominante é a pragmática e instrumental. “Pensar” e refletir sobre cultura atende, para os administradores e funcionários, aos objetivos da intervenção e regulação da organização. Barbosa (2001, p. 137) explica tal comportamento: [...] na maioria das vezes em que se fala de cultura organizacional, está-se falando dos valores que o segmento gerencial considera ideais para ‘tocar’ a organização, e não dos valores que efetivamente existem subjacentes às práticas, às políticas administrativas [...]. 4.2 Resultados quantitativos da pesquisa Na segunda etapa da pesquisa foi desenvolvido um formulário que foi preenchido e respondido, no mês de agosto de 2009, por vinte e cinco funcionários, de duas filiais da empresa Agro Industrial São Luiz Ltda. A filial de Xanxerê – SC não participou dessa etapa porque nela trabalham apenas três funcionários, os quais, pelo grau de importância e pela experiência que possuem na empresa foram escolhidos para participar das entrevistas. O formulário possuía oito afirmações sobre o tema a ser pesquisado e os entrevistados escolhiam para assinalar uma das alternativas sugeridas e, entre essas alternativas, havia as seguintes opções: concordo totalmente, concordo, indiferente, discordo e discordo totalmente. As oito afirmações contidas no questionário foram: • O ambiente físico é agradável para trabalhar; • Os funcionários têm as orientações necessárias para executar suas atividades; • A comunicação entre os funcionários é excelente; • Todos os funcionários se relacionam bem; • Todos os funcionários caminham juntos para realizar o objetivo da empresa; • Os funcionários conhecem claramente os valores da organização; 54 • Os funcionários acreditam e compartilham dos mesmos valores para o sucesso da organização; • Todos têm liberdade para opinar e participar das decisões que envolvem seu trabalho. Como foram ressaltadas anteriormente, essas questões não tem a pretensão de diagnosticar a cultura da empresa, mas oferecer indícios e sinalizações sobre o fato a ser pesquisado. Na seqüência deste trabalho serão apresentados os resultados da pesquisa realizada. O gráfico 01 representa o que os funcionários pensam sobre a excelência do ambiente físico da empresa: Gráfico 01: Excelência do ambiente físico de trabalho. Fonte: Dados da pesquisa agosto, 2009. O resultado mostra que 68% dos entrevistados concordam totalmente que o ambiente físico da empresa é um local agradável para trabalhar e 20% respondem que concordam que é um ambiente bom para trabalhar. Percebe-se assim que 88% dos entrevistados gostam do local onde estão trabalhando. Os que se dizem indiferentes são 8%, e 4% não gostam do seu ambiente de trabalho, número que pode ser considerado inexpressivo. Mas é preciso alguns cuidados na interpretação desses dados. Sentir-se bem, muitas vezes, pode esconder formas mais sutis de liderança e mesmo de persuasão (BARBOSA, 2001). Neste aspecto, portanto, a 55 sensação de bem estar parece evidente. Mas são percepções que representam determinado momento na vida organizacional e que podem se alterar facilmente. O gráfico 02 representa as orientações que os funcionários recebem para realizar suas necessidades: Gráfico 02: Orientações necessárias para execução das atividades. Fonte: Dados da pesquisa agosto, 2009. Obter informações corretas e assistência para realizar as funções é muito importante para que um funcionário não cometa erros no cotidiano de seu serviço. Vemos que os entrevistados se mostram satisfeitos com as orientações que recebem para executarem seus trabalhos, 80% concordam e 16% concordam totalmente com a afirmação. A partir da relação deste gráfico com as entrevistas já citadas nesse trabalho, percebe-se certa discordância de fatos, pois uma parcela significativa dos entrevistados citou que falta alguém para solucionar dúvidas regulares e supervisionar de perto certas funções nas entrevistas realizadas. O gráfico 03 representa a comunicação da empresa: 56 Gráfico 03: Excelência da comunicação entre os funcionários. Fonte: Dados da pesquisa agosto, 2009. A comunicação dentro de uma empresa é fundamental para que haja sucesso nos negócios, e para isso as pessoas precisam ser éticas com seus colegas. A maior parte dos entrevistados respondeu entre concordo e discordo, havendo aí uma grande diferença de opiniões. Os entrevistados que discordam totalmente e discordam totalizam em 36%, e os que concordam totalmente e concordam são 52%. E 12% ficaram indiferentes a essa afirmação, nota-se que por mais que a maioria concorde que há uma sintonia na comunicação entre funcionários, o número que discorda é bem significante e deve ser levado em consideração. O que pode ser observado como uma definição de clima organizacional, observações mais atentas podem perceber a difícil relação existente aqui como a comunicação visando a produtividade ou eficácia e, ao mesmo tempo, proporcionando graus de sociabilidade entre os funcionários. Ou seja, a difícil busca da equação eficácia econômica e qualidade dos comportamentos humanos a partir de redes bem constituídas de comunicação (SAINSAULIEU e KIRSCHNER, 2006). O gráfico 04 representa o relacionamento dos funcionários da empresa: 57 Gráfico 04: Relacionamento entre funcionários. Fonte: Dados da pesquisa agosto, 2009. A maioria dos funcionários concorda totalmente ou concorda que toda a equipe se relaciona bem, totalizando 52% dos entrevistados. Percebe-se a semelhança do resultado deste com o gráfico anterior. Essa semelhança pode ser resultado do fato das duas questões estarem interligadas, comunicação e relação entre funcionários, pois são temas que se complementam. E novamente é preciso ficar preocupado com o resultado dos que discordam, pois 32% dos entrevistados dizem que os funcionários não se relacionam bem. E 16% ficaram indiferentes. Ou seja, observa-se aqui algum desconforto. Mas essa parece ser uma característica das organizações contemporâneas, que possibilitam situações paradoxais de satisfação e insatisfação (VASCONCELOS e VASCONCELOS, 2004). A sensação das pessoas sentirem-se bem, mas, ao mesmo tempo, angustiadas parece representar o desafio cotidiano das organizações em que os bons resultados precisam ser demonstrados permanentemente (NOGUEIRA, 2004, GAULEJAC, 2007). Os resultados dos gráficos três e quatro servem para reforçar as opiniões e os depoimentos das entrevistas realizadas antes deste questionário, pois foi citado com muita intensidade que deve ser feito algo para promover a melhora na comunicação da empresa. 58 O gráfico 05 representa a sinergia dos funcionários em relação aos objetivos que a empresa quer alcançar: Gráfico 05: A sinergia dos funcionários em relação aos objetivos da empresa. Fonte: Dados da pesquisa agosto, 2009. Talvez aqui se obtenha a confirmação de uma das hipóteses de Barbosa (2001), pois a questão que se coloca é se a cultura é produzida pela organização ou se é produto das interações sociais no âmbito da organização. Para um objetivo ser atingido é preciso que todos se empenhem para realizá-lo, e segundo o resultado do gráfico número cinco, a empresa Agro Industrial São Luiz Ltda. estaria com índices invejáveis de comprometimento. Observa-se no gráfico que 80% dos funcionários acreditam que toda a equipe da empresa caminha junto para realizar os objetivos da empresa. Mas serão esses valores construídos e compartilhados pelos funcionários ou produto dos esforços da administração em internalizar valores de cooperação? As representações coletivas, neste item, reproduzem a percepção das pessoas e a crença nesses objetivos organizacionais ou simplesmente são reflexos de valores internalizados pela organização a partir de uma perspectiva de integração? Como alerta Schein (2007), é praticamente impossível compreender as certezas tácitas de um grupo social na organização. O que eventualmente pode ser considerado como uma “cultura desejável” pode ser um conjunto de valores que na 59 essência não adquire sustentabilidade. Mensagens internalizadas podem não fazer parte do que se compreende, de fato, por cultura organizacional. O gráfico 06 representa o conhecimento que os funcionários têm sobre os valores da organização: Gráfico 06: O entendimento dos valores pelos funcionários. Fonte: Dados da pesquisa agosto, 2009. Para uma empresa ter uma identidade forte ela precisa ter sua equipe em sintonia com os valores que fazem a empresa ser o que ela é. Os funcionários da Agro Industrial São Luiz Ltda. acreditam que conhecem claramente os valores da empresa, totalizando em: 68% dos pesquisados. A preocupação neste item é analisar se esses valores foram construídos de forma coletiva ao longo do tempo ou se esses valores foram apresentados como “ideais” pelos gestores. Afinal, como foi apresentado anteriormente, cultura organizacional é diferente de cultura corporativa ou cultura empresarial (BARBOSA, 2001). O gráfico 07 representa a crença e a compatibilidade dos valores: 60 Gráfico 07: A crença e compatibilidade dos valores na organização. Fonte: Dados da pesquisa agosto, 2009. Dentre os pesquisados 88% dos funcionários acreditam que utilizam dos mesmos valores para realizar suas funções e ajudar a empresa a caminhar para o sucesso, apenas 8% não estão a favor dessa afirmação. Esse resultado mostra que a equipe da empresa entende quais são os valores fortes na organização e trabalham eles em unanimidade para conseguirem alcançar os resultados esperados pela empresa. Uma vez mais fica a dúvida, pois esses valores são produtos da interação social e crenças coletivas ou fruto de um discurso gerencialista? O gráfico 08 representa a liberdade que os funcionários possuem, ou não, para opinar e participarem das decisões que envolvem seu trabalho: 61 Gráfico 08: A liberdade para opinar e participar das decisões que envolvem o trabalho. Fonte: Dados da pesquisa agosto, 2009. Dos entrevistados 92% concordam totalmente ou concordam sobre a questão, e apenas 8% discordam a respeito da liberdade para opinar em questões que envolvem o seu trabalho. Assim, pelos números apresentados, os funcionários possuem liberdade de expressão dentro da empresa. Mas como o gráfico três e quatro mostram que há uma dificuldade de uma parcela significativa dos entrevistados em relacionamentos e comunicação, fica evidenciado que essa falta de comunicação não é resultado de falta de liberdade para se expressar. Possivelmente as sugestões dos funcionários não estejam encontrando o devido retorno da direção da empresa. 62 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Barbosa (2001) ressalta que os estudos sobre cultura organizacional no Brasil contemplam apenas as grandes organizações. A pretensão desta pesquisa foi justamente desenvolver estudos envolvendo uma empresa catarinense de médio porte, dependendo dos critérios de classificação. Schein (2007) alerta para o fato de que nenhum formulário ou questionário utilizado em pesquisas do gênero possibilitam diagnosticar o quadro completo de uma cultura organizacional. O pesquisador encontra, em tais pesquisas, dificuldades até mesmo para saber o que perguntar aos funcionários. E mesmo que soubesse inúmeras seriam as questões a serem elaboradas. De qualquer forma, essas pesquisas apresentam identidade com outro tipo de pesquisa, a de clima organizacional. Mas “clima” não representa “cultura”, o que não quer dizer que não possa contribuir para desvendar certos aspectos da cultura, mesmo que superficiais. Outra questão que se observou ao longo do trabalho foi a constatação de que não se pode saber com exatidão como os entrevistados interpretaram as perguntas. Nas entrevistas semi-estruturadas observou-se, de forma curiosa, a ansiedade demonstrada pelos funcionários para propor soluções ou alternativas para a empresa obter um melhor desempenho. Interessante registrar que, de acordo com Schein (2007, p. 74), “[...] para operar as mudanças que os funcionários desejam, deve-se fazer um verdadeiro estudo de causa, para determinar por que os valores não estão sendo respeitados e o que tem que mudar na cultura para que eles o sejam”. Identificou-se, portanto, alguns aspectos visíveis da cultura organizacional, mas que dificilmente poderia ser considerado como algo definitivo ou abrangente. Os formulários com questões fechadas, por exemplo, apresentaram algumas contradições sobre comprometimento, ambiente de trabalho, liberdade para opinar e 63 o compartilhamento de valores comuns. Aparentemente, os números foram satisfatórios para a empresa, ressalvando-se sempre a diferença entre o que se compreende como cultura corporativa e cultura organizacional. Através de uma comparação das duas modalidades escolhidas para a realização da pesquisa, observou-se certas discordâncias, pois nas entrevistas semi-estruturadas os pesquisados demonstraram, a partir do conjunto de suas respostas, que falta um direcionamento para os funcionários da empresa, sugerirem reuniões e ações para melhorar a auto-estima da equipe. Analisando os formulários como um todo, percebe-se certa angústia dos funcionários em relação à necessidade da organização passar por processos de melhoramentos, muito embora esses melhoramentos apresentem-se de forma nebulosa, sem definições sobre o que de fato deva melhorar. Os valores podem ser internalizados pelo discurso gerencialista, mas, por outro lado, podem não serem sustentáveis ao longo do tempo. Para que os valores sejam algo positivo para a organização, é importante que essas crenças sejam compartilhadas de uma forma natural entre os funcionários e deixe de ser algo pré-estabelecido pela direção. Quando as situações ocorrem de forma espontânea, as pessoas são mais criativas e a produtividade é mais significativa. Portanto, se os valores da empresa coincidem com os valores dos seus funcionários é quase garantida uma boa história de sucesso nessa empreitada comum. Uma organização é, de acordo com Friedberg (1995, p.404), “[...] um conjunto de relações humanas cujo ordenamento coloca problemas específicos, apelando para capacidades especiais de natureza cognitiva e relacional”. Entre as limitações da pesquisa, o tempo de trabalho na empresa dos funcionários pode ter influenciado em algumas das questões, pois o nível de comprometimento pode ter peso na percepção dos agentes no âmbito organizacional. Como o número de funcionários não é grande, ficou difícil organizar os entrevistados em grupos por tempo de serviço, o que possibilitaria um melhor desenho dessas mesmas percepções. 64 De qualquer forma, responsabilidade social, responsabilidade ambiental, ética, cultura são temas que precisam ser contemplados como parte de qualquer estratégia organizacional, deixando de ser secundários para adquirir significativa relevância (BARBOSA, 2002). Neste caso, a pesquisa teve como objetivo ressaltar a importância dos estudos organizacionais envolvendo o tema “cultura organizacional”, apesar das dificuldades inerentes a um conceito tão amplo e de difícil aplicabilidade. Repetindo as palavras de Schein (2007, p. 12), neste campo de pesquisa, “[...] ainda não estamos no estágio de testar hipóteses rigorosas, e talvez nunca estejamos. Mas a boa descrição e a análise são uma etapa necessária à ciência [...]”. A realização das entrevistas possibilitou uma análise mais apurada e incrementada do que pensam os integrantes da organização. O formulário aplicado com questões fechadas, por sua vez, dificulta a compreensão de fenômenos mais complexos. Como conclusão desse trabalho percebe-se que a cultura organizacional é tão complexa que pode confundir-se com temas menores, por exemplo: cultura corporativa e clima organizacional. Por se tratar de um assunto ainda pouco explorado nas empresas fica evidente que a falta dessa percepção traz resultados negativos envolvendo os estudos organizacionais. Ativos intangíveis, portanto, passam a ganhar destaque nas pesquisas que contemplam aspectos simbólicos das organizações. No entanto, empresas brasileiras de médio porte ainda não dedicam a devida atenção às pesquisas envolvendo o tema. Friedberg (1995, p. 377) enfatiza, de forma oportuna, que “[...] qualquer organização é composta por agentes humanos cujo comportamento é necessário compreender e explicar”. Difícil discordar, e a esta reflexão do autor resumo a intenção deste trabalho de conclusão de curso. A pesquisa, como já foi ressaltada anteriormente, não teve a pretensão de apresentar um quadro completo ou preciso diagnóstico da cultura organizacional da empresa objeto de estudo. Mas o fato de abordarem-se aspectos relacionados ao comportamento humano e aspectos culturais, produtos das interações sociais no âmbito da empresa, configura- 65 se uma primeira etapa de estudos mais consistentes que não poderão ser desprezados. Empresários, administradores, executivos e gestores em geral preocupam-se excessivamente com os aspectos instrumentais e as formas mecanicistas de gerir que, muitas vezes, esquecem de perceber e analisar a organização como uma construção social. Conhecer a cultura de uma organização é saber interpretar o que está acontecendo atualmente na empresa, as representações, as percepções, as motivações ou desmotivações, as angústias, as frustrações dos trabalhadores no cotidiano organizacional. 66 REFERÊNCIAS BARBOSA, Lívia. Igualdade e meritocracia. A ética do desempenho nas sociedades modernas. Rio de Janeiro: FGV, 2001. BARBOSA, Lívia. Cultura e empresas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editores, 2002. BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa, PT: Edições 70, 2000. BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editores, 2001. CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia científica: para uso dos estudantes universitários. 3 ed. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1983. CHIZZOTTI, Antonio. Pesquisa em ciências humanas e sociais. 8 ed. São Paulo: Cortez, 2006. DESLAURIERS, Jean-Pierre; Kérisit, Michéle. O delineamento da pesquisa qualitativa. In: POUPART, Jean et.al. A pesquisa qualitativa. Enfoques epistemológicos e metodológicos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008. p. 127-153. FERREIRA, Maria C.; ASSMAR, Eveline, M. L. Cultura organizacional. In: SIQUEIRA, Mirlene M. Medidas do comportamento organizacional. Ferramentas de diagnóstico e gestão. Porto Alegre: Artmed, 2008. p. 125-138. FREITAS, Maria Ester de. Cultura organizacional: evolução e crítica. São Paulo: Thomson Learning, 2007. FRIEDBERG, Erhard. Organização. In.: BOUDON, sociologia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1995. Raymond. Tratado de GAULEJAC, Vincent de. Gestão como doença social. Aparecida, SP: Idéias e letras, 2007. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2002. GODOY, Arilda Schmidt. Gestão do fator humano: uma visão baseada nos stakeholders. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2008. GOLDENBERG, Mirian. A arte de pesquisar: como fazer pesquisa qualitativa em Ciências Sociais. 3 ed. Rio de Janeiro: Record, 1999. GROULX, Lionel-Henri. Contribuição da pesquisa qualitativa à pesquisa social. In: POUPART, Jean ET.al. A pesquisa qualitativa. Enfoques epistemológicos e metodológicos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008. p. 95-124. 67 MARRAS, Jean Pierre. Administração de recursos humanos: do operacional ao estratégico. 3 ed. São Paulo: Futura, 2000. MARTIN, Joanne; FROST, Martin. Jogos de guerra da cultura organizacional. In: CLEGG, Stewart R.; HARDY, Cyntia; NORD, Walter R. (Orgs.). Handbook de estudos organizacionais. Modelos de análises e novas questões em estudos organizacionais. São Paulo: Atlas, 2001, v. 2. p. 219-251. MINTZBERG, Henry; AHLSTRAND, Bruce; LAMPEL, Joseph. Safári de estratégias. Um roteiro pela selva de planejamento estratégico. Porto Alegre: Book,na, 2000. NOGUEIRA, Marco Aurélio. Um estado para a sociedade civil. Temas éticos e políticos da gestão democrática. São Paulo: Cortez, 2004. PEREIRA, Júlio Cesar R. Análise de dados Qualitativos: estratégias Metodológicas para as Ciências da Saúde, Humanas e Sociais. 3 ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2001. PIRES, Álvaro P. Sobre algumas questões epistemológicas de uma metodologia geral para as ciências sociais. In: POUPART, Jean et.al. A pesquisa qualitativa. Enfoques epistemológicos e metodológicos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008. p. 43-94. POUPART, Jean. A entrevista de tipo qualitativo: considerações epistemológicas, teóricas e metodológicas. In: POUPART, Jean et.al. A pesquisa qualitativa. Enfoques epistemológicos e metodológicos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008. p. 43-94. SAINSAULIEU, Renaud; KIRSCHNER, Ana Maria. Sociologia da empresa. Organização, poder, cultura e desenvolvimento no Brasil. Rio de Janeiro: DP&A, 2006. SCHEIN, Edgar H. Guia de sobrevivência da cultura corporativa. Rio de Janeiro: José Olympio, 2007. SROUR, Robert Henry. Poder, cultura e ética nas organizações. Rio de Janeiro: Campus, 1998. THIOLLENT, Michel. Metodologia da pesquisa-ação. 8 ed. São Paulo: Cortez, 1998. VASCONCELOS, Flávio Carvalho de; VASCONCELOS, Isabella Freitas Gouveia de Vasconcelos. Paradoxos Organizacionais: uma visão transformacional. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004. 68 APÊNDICES 69 LISTA DE APÊNDICES APÊNDICE A - Perguntas utilizadas nas entrevistas ........................................... 70 APÊNDICE B - Formulário ...................................................................................... 71 70 APÊNDICE A - Perguntas utilizadas nas entrevistas PERGUNTAS – ENTREVISTA 1- Quais os valores mais fortes dentro da organização em que você trabalha? 2- Esses valores são internalizados pelos empregados? 3- Os funcionários estão comprometidos com os resultados da empresa? 4- Há algo que pode ser feito para melhorar o rendimento da empresa? 5- Com o emprego do sistema Cooperate na empresa houve uma mudança no comprometimento dos funcionários? 71 APÊNDICE B - Formulário FORMULÁRIO Prezado (a) colaborador (a): Este formulário faz parte de meu trabalho de conclusão de curso. Sua participação é fundamental para que obtenha os dados necessários para a pesquisa que realizo. Suas respostas não serão identificadas para que você tenha liberdade para preencher os itens abaixo com isenção e sinceridade. Desde já, agradeço sua colaboração: Assinale nas colunas da direita uma opção para cada afirmação em relação a cultura da empresa: Legenda: CT = concordo totalmente; C = concordo; I = indiferente; D = discordo; DT = discordo totalmente. Afirmações Alternativas 1. O ambiente físico é agradável de trabalhar. CT C I D DT 2. Nós, funcionários temos as orientações necessárias para CT executar nossas atividades. C I D DT 3. A comunicação entre os funcionários é excelente. CT C I D DT 4. Todos os funcionários da organização se relacionam CT bem. C I D DT 5. Todos os funcionários caminham juntos para realizar o CT objetivo da empresa. C I D DT 6. Os funcionários conhecem claramente os valores da CT organização. C I D DT 7. Nós, funcionários, acreditamos e compartilhamos dos CT mesmos valores para o sucesso do grupo e da organização. C I D DT 8. Temos liberdade para opinar e participar das decisões CT que envolvem nosso trabalho. C I D DT