Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
BOULEVARD
DE INVERNO
JONAS MATHEUS SOUSA DA SILVA
BELÉM
2014
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
SILVA, Jonas Matheus Sousa da. Boulevard
de Inverno. Belém: Edição do autor, 2014.
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
Aos meus amados pais Jovêncio e Antônia,
irmãos Jorbia e Tiago, cunhado Ricardo, primeira
sobrinha Sophia, aos amigos, colegas amantes
da poesia e à Ordem Franciscana Capuchinha.
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
O AUTOR
Jonas Matheus Sousa da Silva, paraense, nascido em 27 de
março de 1989, em Capanema; filho de Jovêncio Oliveira da
Silva e Antônia do Carmo Sousa da Silva, irmão de Jorbia
Cecília e Jones Tiago. Cristão Católico, foi coroinha na
paróquia de Capanema - Nossa Sra. do Perpétuo
Socorro/Diocese de Castanhal - por cinco anos. Atualmente é
pós-noviço dos Frades Menores Capuchinhos da Província N.
Sra. do Carmo. Residiu, até hoje, nos estados do Pará,
Maranhão e Amapá, nas cidades: Capanema, Marabá,
Trizidela do Vale, São Luís, Belém e Macapá. Iniciou os
estudos escolares no Centro Educacional Moderno, concluiu o
Ensino Médio na Escola Estadual de Ensino Fundamental e
Médio Dom João VI. Possui graduação de Licenciatura Plena
em Filosofia pelo Instituto de Estudos Superiores do Maranhão
(2012). Defendeu a monografia filosófica: "O fenômeno do
corpo na ética do amor, de Karol Wojtyla" (2012), obtendo
aprovação máxima.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, pela Sua infinita misericórdia para
comigo ao me ter confiado o dom de compor poemas. Agradeço a
Santa Mãe de Deus pela sua proteção espiritual, ao seráfico pai
São Francisco e a São João Paulo II pelos seus testemunhos de
santidade que me marcam profundamente.
Muito obrigado ao amigo Antônio Jaspers Sodré,
livre pensador e autodidata do campo filosófico, radicado na
região bragantina do nosso Pará, pelo apoio constante que me
dispensa; sobretudo por ter muito gentilmente colaborado com
esta obra nos presenteando com alguns de seus poemas
românticos para a seção “POEMAS NUPCIAIS”.
Manifesto a minha gratidão aos confrades
capuchinhos pelo constante apoio, especialmente ao Frei Eldi e
ao Frei Nilton que me apoiaram na publicação deste; também
agradeço aos meus colegas frades, Wilton, Edonildo, Domingos,
Odinei, Claudson e Pablo.
Sou muito grato à Professora Maria Conceição de
Lima que, de modo muito dedicado realizou, as revisões
gramatical e estilística desta obra.
Agradeço aos meus pais, Jovêncio e Antônia, aos
meus irmãos, Jorbia e Tiago, também a minha sobrinha Sophia,
pelo calor e amor familiar. Estendo estes agradecimentos aos
meus avós, Otávio e Osmarina, aos tios e primos. Também
agradeço a madrinha espiritual Irmã Maria Elisabete, ocd, e ao
meu orientador espiritual, frei Pedro Antônio, pelas constantes
orações e orientação na caminhada cristã.
Destino os meus agradecimentos aos colegas poetas
e aos amigos que se envolvem com este gênero literário,
especialmente: Antônio Sodré, Paulo Vasconcelos, Stélio
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Vasconcelos, Profª. Terezinha Sousa (In memoriam), Deyvianne
Pinheiro, Anselmo Gomes, Luciane Moraes, Lucileide Silva, Silvia
Antônia, Diemerson Luis, Cristina Amóras, Prof. José Fernandes,
Camila Gomes, Glenda Kely, entre outros. Aos membros do Grupo
de Amigos das Vocações, e dos Grupos de Jovens: “Juventude
Anunciando” e “Anunciai”.
A todos vós, amigos e colaboradores, meu
agradecimento cordial!
Frei Jonas Matheus
BOULEVARD CASTILHO FRANÇA – BELÉM - BELLE ÉPOQUE
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“O que a arte seja, tem de apreender-se a partir da
obra. O que seja a obra, só o podemos experimentar a
partir da essência da arte” (HEIDEGGER, 1991, p.12.)
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“Ó CORAÇÃO DIVINO DE JESUS,
PROVIDENCIAI!”
“Estar sempre iluminado, / Com a luz do Amor, / Do
Sagrado Coração! / É o nosso maior bem! / Ele é a porta
pela qual vamos entrar, / Na Nova Jerusalém!”
(Jovêncio Olivera da Silva – Congresso do Apostolado da
Oração: X Estrofe)
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APRESENTAÇÃO
Eis que vos apresento este compêndio de
poemas, que denominei “Boulevard de inverno”. Por isso,
posso dar a conhecer o sentido que encontrei nesse título,
para que este rotule esta obra literária.
“Boulevard” é uma palavra francesa que
significa um largo caminho com canteiros de flores ou
árvores em seu meio, para servir de passeio aos
transeuntes e carros, uma senda planejada e urbanizada,
digamos assim, para tornar propício o ato de passear. Essa
palavra se tornou comum também em Belém, na
administração do senador Antônio Lemos sobre a capital
paraense, período da Belle Époque, quando a região
Amazônica obteve uma economia elevada no auge do ciclo
da borracha, entre os séculos XIX e XX, e o padrão cultural
era ditado pela cultura francesa.
As expressões senda, caminho, via e seus
sinônimos estão presentes na minha lavra poética contida
neste livro. Estas são reflexos do período em que estudei o
pensamento de Martin Heidegger, acerca da linguagem
poética como casa e via do ser, que é presença. Neste
sentido, a palavra “Boulevard” torna-se uma forma regional
para se referir a esta senda da linguagem poética.
Quanto a “Inverno”, sabe-se que é
caracterizado pelas chuvas. Estas que são tão constantes na
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região Amazônica. Refere-se, ainda, de certo, modo à
evaporação dos rios que torna o clima muito úmido e
quente nas regiões ribeirinhas. Em Belém, também, é típica
a cotidiana chuva da tarde. Muitos dos poemas foram
compostos no estado do Maranhão; porém, o oeste
maranhense também compõe a região Amazônica.
Deste modo, neste literário “Boulevard de
Inverno”, a luz do ser se apresenta na linguagem artística
com as facetas de religiosidade, harmonia da natureza,
amor esponsal, regionalismo, temas sociais, alteridade
pessoal e pensamento filosófico.
Então, caríssimo leitor, ponho em suas mãos o
convite para percorrer esta senda de vida, palavra e
essência.
Forte abraço e boa leitura!
Belém – PA, 13 de maio de 2014.
Frei Jonas Matheus.
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POEMAS RELIGIOSOS
“MINHA ALMA SUSPIRA E DESFALECE PELOS ÁTRIOS DO
SENHOR; MEU CORAÇÃO E MINHA CARNE EXULTAM PELO
DEUS VIVO” (Sl 84, 3)
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VOSSA PRESENÇA É VIVA
Vossa presença é viva,
E vossa ação, eficaz...
Atuando em nossas vidas,
Guia-nos à santa paz;
Que encontramos na escuta,
De Vosso Deus e Senhor;
Pois assumistes sã proposta,
Que nos deu o Salvador.
Escutastes Vosso filho,
E o seguistes, com amor;
Convivestes com os discípulos,
Mas sempre sois mãe do Senhor.
Sois feliz, santa mulher!
Sois templo vivo do amor,
Pois guardastes a Palavra,
Que em vosso ventre se encarnou.
Ó mulher, vós sois igreja,
Porque portais o Senhor;
Desde a sua encarnação,
Em vosso ventre acolhedor,
Também em vosso coração,
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Onde está sua doutrina,
Que modelou vossa alma,
Em discípula do Amor.
Estáveis ao pé da cruz,
Sentida com a dor do Filho,
Aceitando o desígnio
Do Pai nosso em nos salvar...
Contemplastes o mistério
Da Igreja de Jesus,
Que do Sacro Coração,
Derramou-se em graça e luz.
Junto a nós, estais presente,
Como mãe a interceder.
Ó Maria, sois exemplo.
Sois Igreja que contemplo!
São Luís – MA, 14 de junho de 2007.
DISCÍPULA EM QUEM O AMOR SE FEZ
Quando te chamou, o Pai
E acolheste o Seu Verbo,
O Espírito desceu
E o Amor se fez em Ti.
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Não te impões sobre o Teu Filho,
Reconheces nele o Cristo,
E, aceitando o Seu chamado,
Viveste o discipulado.
Quiseste, pôr- te a Seus pés,
Com atenção à sã doutrina,
Pois guardavas tais palavras,
Meditando-as com afeição.
Numa escuta oblativa,
És imersa, ó Maria,
Elevando-se o teu ser,
No Pai que santa te fez.
És primeira dos discípulos,
Pois os ama como mãe...
Dais carinho, teu amor,
Aos que amam o Senhor.
Segues a Ele, com amor,
Do Presépio até a cruz,
Participas da Sua dor,
Que a Sua Igreja gerou.
Ó mãe, discípula e missionária!
Onde estás, está a Palavra,
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Anuncias o Teu Filho:
O nosso Senhor reina vivo!
Em ti vejo o modelo,
Para quem deseja ouvi-Lo;
E vivendo em conversão,
Ser discípulo em missão.
São Luís – MA, 11 de setembro de 2007.
CORPUS CHRISTI
Com o coração e a razão,
O povo capanemense
Mescla a arte e a fé
Na presença de Jesus,
Que na santa hóstia reluz.
Marchando, seguem seus pés,
O Pão Vivo, resplendente,
Que abençoa e que conduz,
Seus corações e mentes.
A arte do nosso povo,
Em tapetes coloridos,
Sacralizam o caminho.
Para o coração, como ninho,
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Recebê-Lo com carinho;
Tomando o sangue, ex-vinho,
Tornando-nos, d’Ele, amigos,
De Cristo, um povo santo...
Capanema – PA, janeiro de 2008.
A PALAVRA DE DEUS
O Deus imenso revelou-se!
Na história da Salvação,
No Filho, pelo Espírito,
Vem o Pai ao nosso encontro.
Nossa condição o Filho assumiu,
Falando-nos em nossa linguagem
Inspirando-nos a ser justos,
Vivendo o amor-caridade.
Sua Palavra é eficaz,
Ilumina a humanidade:
Encarnou-se! É Jesus Cristo,
O Filho de Deus Salvador!
A Sua lei é vivaz!
É ágape em nosso meio.
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Chamando-nos à perfeição,
Que é viver a Sua paz!
Capanema – PA, janeiro de 2008.
FRANCISCO DE ASSIS
No subúrbio de Assis,
Em meio ao ítalo-inverno,
Há um homem pobrezinho
Construindo um templozinho.
Um varão muito feliz,
Com vestes modesto-luzentes,
Pondo pedras sobre pedras,
Fazendo sua alma reta.
É Francisco de Assis,
Querendo seguir a Jesus!
Transpassado de Amor,
Com imenso zelo e ardor.
Ele canta entre os bosques,
E, por vezes, silencia...
Ora muito e muito ama,
Ser fraterno é sua trama.
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Francisco vive o Evangelho!
E, nesta urdidura, não está sozinho.
Tem o Pai e seus irmãos,
Assim, todos dão-se as mãos!
Capanema – PA, janeiro de 2008.
CORAÇÃO DO REDENTOR
Jesus Cristo, ó meu Senhor!
Abri, vosso coração redentor!
Acolhei-me em vosso amor,
E fazei de mim, vosso irmão.
Que seja eu, para o mundo,
Vosso sinal de salvação,
Discípulo da Redenção,
Vivendo o vosso grande amor!
Que vossos braços acolham a Igreja,
Dando a reconciliação,
Acolhendo a vossa esposa,
Na alegria do perdão!
E que no “céu” habitemos,
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Vossa misericórdia vivendo,
Como vosso povo remido;
Em vosso seio, ó Deus vivo!
Capanema – PA, janeiro de 2008.
DESPERTAR PARA A FELICIDADE
Despertando com o halo do sol em minha face
Meus olhos ainda temiam se abrir.
Mas, de repente, num momento, num segundo,
Controlei o velho sono, fixando Sua luz.
Lembrei-me das labutas da diária cruz,
Contemplando ali, o Cristo, em segundos,
Os que fizeram meu coração se abrir,
Estampando a esperança em minha face.
Olhando o meu Senhor, pelo ícone da cruz,
Ouço no silêncio que brota da fé,
E lembro-me do bem que Ele fez e anunciou:
Revelou-nos que Deus nos ama e é nosso Pai,
Fazendo-se, Ele, o caminho que nos garante a paz.
Em meio ao mundo, muitos O esqueceram, pois não
[silenciaram:
Sofrem angústias, ignoram que remédio são amor e fé:
A fé que nos faz ver que a vida vem da cruz.
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Acredito em Jesus de Nazaré, que esteve morto, mas
[ressuscitou!
E digo que Ele é Deus se sigo o Seu caminho que me dá
[felicidade:
A senda do Amor que partilhado se doa:
É o mistério que nos conduz para próximo de Deus.
Amando aos irmãos, amo a Deus,
Fazendo da oração a mais nobre das ações.
O ser humano, em sua vida, encontrará felicidade,
Se viver a realidade Daquele que o amou.
Quando o mundo despertar, conhecendo o Senhor Cristo,
As pessoas serão felizes, pois reinará o Amor,
Nova vida surgirá, mais singela que a flor,
Pois no mundo florirá a Páscoa do meu Senhor.
Capanema – PA, 2006.
RAINHA
Olhei o céu cinza-azul,
Também, um pássaro a voar.
Senti o vento tão frio,
Do inverno a chegar...
Do pássaro a vagar
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Nas nuvens, vi o brio,
Vi, também, o raio solar.
Senti como o chão a flutuar.
Ali, com as mãos, colhi bela rosa,
Do jardim do meu quintal
Bem antes da forte chuva,
Livrei-a de algum mal.
Mal ergui, no vendaval,
Meu pequeno guarda-chuva,
E caiu o chuvaral,
Mas, não maltratou a flor-rosa.
Embaixo do guarda-chuva,
Protegendo aquela flor,
Enfrentei toró e ventos
Até encontrar a Senhora,
Em seu templo de fervor:
Expressando sentimentos,
Consagrei-lhe a vida em flor,
Sem dor ou palavra turva.
Passado o feliz encontro
Ela vive no meu coração;
Inundando minhas ações,
Com perfumes de encanto...
A Virgem de Nazaré,
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Rainha de quem tem fé.
Capanema – PA, outubro de 2006.
IRMANDADE
Há o Deus desconhecido, inominável:
Ser supremo, todo o bem e muito mais que Amor,
Que se deu a conhecer em Jesus, nosso Senhor.
A Ele, agradeço com o coração abrasado de amor.
Obrigado, bom Senhor, por orientares minha história,
Na amizade que me deste a conhecer, cheia de luz:
Comum senda do fraterno amor que nos conduz,
E grava reciprocamente o ser d’Um n’outro, na memória.
São Luís – MA, 11 de setembro de 2011.
DA CULTURA DA MORTE À CULTURA DA VIDA
(I PARTE: Morte)
Das chaminés ou das máquinas,
Gases mortíferos sobem tornando plúmbeos os céus;
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Nas nuvens, que os ácidos sorvem,
Fazendo mortífero o ar.
Sinais da morte do amor,
No coração dos humanos,
Que se fazem desumanos;
Lançando sementes de dor,
Cultura da morte a se impor!
As fontes, os arroios, os regatos,
De água potável saudosos, padecem a poluição.
Da vida, a dissolução!
Do homem, destruição!
E a “nossa irmã, a mãe terra”,
Que já os seus giros erra,
Está, agrotóxicos bebendo,
O sangue de injustiçados, absorvendo.
(II PARTE: Vida)
Ó bendita Mãe de Deus e nossa mãe,
Intercede pela Igreja, que milita;
Para que derrube as estruturas niilistas,
Levando Cristo aos povos, como mestra e mãe;
Erguendo a Cidade de Deus, com teu amor maternal!
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Pois a vida é dom de Deus, nosso Criador!
E o ser humano tem a dignidade,
Que se dá no amor.
Defendendo a vida, na integridade,
Colocando-a em obra da Verdade!
É preciso gritar ao mundo
Que o fundamento da vida é Deus.
É necessário cuidar do outro,
Vivenciando a Palavra de Deus,
Para a parusia do Reino no mundo.
É belo cuidar da vida!
Zelar pelo devir do planeta!
Derrubar dos tronos os corruptos.
Para que a Imaculada seja a luzente estrela,
No advento do Senhor da vida.
São Luís - MA, 05 de dezembro de 2011.
TÚNICA
Nas águas batismais alvejada,
Ó alva veste que me revestes,
Simbolizas a pureza almejada
Que da graça de Deus me veste.
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Ó cândida veste e cor da hóstia,
Que eu seja mansa hóstia de Jesus,
Para que eu participe da Sua vitória,
Com o fogo do sangue e pela Cruz.
Sagrada túnica, “roupa dos anjos”,
Prenuncias a pureza dos Serafins,
Que eu participe do coro dos santos!
Singelo traje de luz divina,
Trazes-me o selo da ressurreição
Para que o Amor possua minha vida.
São Luís – MA, 27 de maio de 2012.
CÍNGULO
Ó Senhor, que eu seja tão livre, a ponto
De me abandonar à Vossa graça,
Cingindo os meus rins, sempre pronto,
Como fiel servo à Vossa espera.
Senhor, que eu viva a penitência,
Subjugando o eu-velho-homem
Pela operante oração e vigilância,
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E Vossa graça me fará um novo homem.
Que a minha vontade seja aberta,
Ao entranhado e fiducial compromisso,
Com a imutável porta aberta.
Dá-me a graça da austeridade,
No caminho da existência,
Que é a Vossa providencial vontade.
São Luís – MA, 30 de maio de 2012.
ESTOLA
Sinal direto do pontífice,
Dignamente pendente dos seus ombros:
Do “Outro Cristo”, sacerdotal jugo,
Para de santas pontes ser artífice.
Faixa pascal do ministério,
Fundado no sangue do Senhor,
No qual as chaves são penhor,
Do eterno e celestial mistério.
Dizendo o vínculo da paz,
Na Encarnação, Páscoa e Cruz:
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
Misericórdia e graça assaz.
Estola: símbolo de Cristo,
Da ponte eterna e redentora,
Que nos torna do Pai, “filhos no Filho”.
São Luís – MA, 30 de maio de 2012.
CASULA
Revestido da Vossa ternura,
E poder de serviço, ó Senhor,
Para proclamar Vosso amor,
Alcançando a Vossa estatura.
Nesta solene vestimenta,
Eu anuncie os teus mistérios
Vivendo o autêntico ministério,
Que a vida humana sacramenta.
Com a veste sacerdotal
De Cristo, pastor da Igreja,
Celebramos o preceito pascal.
Agindo “in persona Christi”,
Em obediência ao Senhor,
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Vivenciamos o dom do Amor.
São Luís – MA, 31 de maio de 2012.
CRUZ
Pendente do meu pescoço,
Aceito o jugo do Senhor,
Com voluntária servidão de amor,
A cruz me lembra do meu preço.
O crucifixo: trago-o no peito,
À frente do meu coração,
Orientando minha ação
Para a dignidade que vem de Cristo.
Ó cruz, porta para a vida,
Re-significada no sangue divino,
Que Deus me reservou, a mim dizes.
Cruz, que unes céu e terra:
Plenitude da divina encarnação,
Seja-me impulso à conversão!
São Luís – MA, 31 de maio de 2012.
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MITRA
Encimado pelo capacete da salvação,
Sinal da Revelação que redime o homem
Em torno de Cristo, o Sumo Pontífice.
Fiel ao mandato que Ele mesmo disse:
“Anunciai aos povos o meu Nome!”,
Celebrando o memorial da salvação.
Pastoreando o rebanho do mestre,
Ensinando-o à luz dos dois Testamentos,
O brilho do rosto de Moisés nos reveste.
São Luís – MA, 31 de maio de 2012.
PRECE À MÃE DE DEUS
Ó Mamãe, nossa mãe!
Quero, apenas, dizer neste dia,
Bem aconchegado em Vosso colo,
Que de amor, meu coração está ferido.
A minha súplica, logo Vos digo,
Que volteis vossos maternais olhos
Sobre os percalços de nossa vida.
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
Por isso, vosso auxílio, suplicamo-vos, ó mãe.
São Luís – MA, 10 de junho de 2012.
CAMINHO, VERDADE E VIDA
Senhor, que sou eu perante Vós?!
Vós, ó meu Deus, bem vedes minha miséria.
Usurpador sou eu, pretendendo o Vosso poder!
Eu não existo sem o Vosso Santo Sopro ter:
Sem o auxílio da Vossa graça, nada seria,
Mas na Vossa misericórdia, Vós constituís a mim...
Senhor, a Vossa “kenósis” revela Vossa grandeza:
Assumindo a condição humana: extrema humildade!
Na dor e cruz: a autenticidade do amor.
No Vosso imortal coração há, da chama viva, o ardor,
Que, na parusia eucarística, doais à cristandade
Para que, vivenciando a cruz, eleve-se a pessoa humana à
[Vossa beleza.
Senhor, que criais em nós a santa vida,
Vinde e moldai nossa vida conforme Jesus Cristo!
Acendei em nosso peito o fogo da caridade,
Moldando em nossa prática, sabedoria e lealdade.
Para, enfim, meu eu morra e viva só o Cristo:
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Cristo Jesus: “Caminho, Verdade e Vida”!
São Luís – MA, 17 de setembro de 2012.
PRECE DIANTE DA CRUZ
Contemplando, ó Jesus, a Vossa cruz,
Saboreio a “ambrósia” do Vosso amor.
Este mistério que se prova na dor,
Transfigurando minha alma na Vossa luz.
Banhado, ó Cristo, pela efusão do Vosso sangue,
O Divino Espírito acende a Vossa presença no meu nada.
O meu ser, na esperança aguarda,
A plenitude da ressurreição, que me tange.
Assim, rendo-Vos, ó Senhor, a gratidão,
Pelas mãos da Vossa Imaculada Mãe,
No amor do Espírito, a viva unção.
Obrigado, ó meu Deus, pela cura,
Ó diviníssimo médico, que de nós cuidais,
Elevando-nos à Vossa santa estatura!
Barra do Corda – MA, 29 de dezembro de 2012.
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PAIXÃO DE CRISTO
O sol segue escaldante,
Jasmins e rosas evolam perfumes.
Da sexta-feira santa, seguem-se os costumes,
Memorial de Cristo, com a cruz, caminhante.
Ao meio-dia, nuvens cobrem o sol,
Com a criação, mergulhando no silêncio.
Da alegria, percebe-se a ausência,
Pois está cravado à cruz o verdadeiro sol.
Verte, Ele, o Seu sangue, por amor a nós,
Batizando-nos na Infinita misericórdia,
Para que surja um povo redimido na concórdia.
Do alto da cruz, pende o Divino Cordeiro,
Amando-nos, entrega-nos o santo Amor.
Bradado o grito da vitória, amor e ardor.
Trizidela do Vale – MA, 29 de março de 2013.
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COM JESUS
Diante da presença de Jesus,
Vem e embala os meus cabelos,
Do litoral salino, o vento,
Enquanto me concentra a santa cruz.
Jesus no consagrado pão,
Dá-se oculto a contemplá-Lo...
Só vivo plenamente se amá-Lo,
Revestido da Sua bênção.
Sim! O Filho de Deus está aqui...
Sacramento Santíssimo do altar:
O próprio Onipotente aí está!
Por amor, ao deserto me conduz,
Dando-me a saborear Sua Palavra...
Assinando no meu peito a Sua lavra.
Salinópolis - PA, 29 de outubro de 2013
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SOBE AO MONTE
À Luciane Moraes
Sobe ao monte, cara amiga,
Iluminada por Cristo serás!
Ao cume, a pátria terás visto,
À luz da sabedoria Antiga e Nova.
Sob as regras de Teresa e João,
Sê dos Teus Três, nobre morada!
Em teu coração: tenda sagrada,
Sempre irradie o Vivo Pão!
Sobe ao cume da santidade!
E tua vida dispense a caridade,
Por Cristo, a fiel esponsalidade!
Vive, ó irmã, a pura alegria:
Do paraíso: presença e nostalgia,
Bebe, então, da fonte de água viva!
Belém – PA, 09 de maio de 2014.
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POEMAS CRIATURAIS
“OS CÉUS CANTAM A GLÓRIA DE DEUS, E O FIRMAMENTO
PROCLAMA A OBRA DE SUAS MÃOS” (SL 19, 2)
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JANELA ABERTA... SOL A SE PÔR
Janela aberta!
Aberta lua...
Lua no céu.
Céu clari-ouro,
Azul de uma tarde
De ventos a passear...
Ventos do norte,
Arqueando palmeiras
Na areia do mar.
Sinto a maré generosa,
De grandes ondas gloriosas,
E o som de sua força vigorosa.
As gaivotas risonhas,
Bando de aves negras-brancas,
Vão riscando o meu céu...
Livres, em seus voos,
Cortando o imenso azul.
Vão ao encalço solar.
Seguem a luz. Ao ocidente:
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A grande estrela raiante,
Que à lua já dá lugar.
Vejo o sol a se pôr,
Iluminando o grato mar...
Olhando a noite chegar...
Cometas, estrelas, luar...
São Luís – MA, 21 de outubro de 2007.
FLORES DA HUMANIDADE
Hoje acordei
Bem disposto a reciclar!
Tomei as garrafas de “refri”...
Com tesoura, pus-me a cortar;
Confeccionando vários vasos,
Pra minha janela enfeitar.
Tomando a úmida terra;
Terra-húmus, solo humilde.
Fria vida em potência...
Preencho os novos vasos,
Com esse fértil solo;
Este que me traz esperança.
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
Cavando as fecundas terras,
Sepulto pequenas roseiras;
Que sobre o parapeito da janela,
Crescerão e florirão.
Colherão sereno e vento,
Sob luares e auroras.
Serão flores perfumadas,
Fecundas, sadias e belas;
Entre folhas e acúleos...
Bem perfeitas..., femininas.
Alvas, sanguíneas, douradas...
Serão símbolos de esperança.
Alimentá-las-ei nas manhãs,
Mostrar-lhes-ei o vigor solar,
E as farei ver o luar.
Sem boa água faltar,
Velarei por frágeis vidas:
Essas flores, tão queridas!
Flores não são minhas.
São de Deus!
Flores do cosmos!
Flores da humanidade!
São Luís - MA, 30 de outubro de 2007.
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
ACORDEI PARA VIVER
Acordei!
Eis mais um dia!
Abro a janela,
E vem a brisa...
No silêncio matutino.
Vem com os raios
Fios-dourados
Do sol nascente,
Em meio às árvores.
Escuto pássaros,
No seu cantar,
Pois cantam à luz,
Ao despertar.
Estrela d’alva,
Ainda está
No céu que vejo
Ao levantar.
Muito tempo
Eu já não tenho,
Pra dedicar-me
A tais fatos.
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
Pois, tempo corre,
E o mundo chama
Para o trabalho
Gerar capital.
Café apressado...
Trânsito apressado!
Conturbação...
Pra sobreviver...
Suar pra viver!
São Luís – MA, 04 de dezembro de 2007.
PÁSSAROS FRIZADOS
Às primas horas da aurora,
Sentindo um frio brisante,
Sentei-me no jardim dos frades,
Extasiei-me no estético silêncio
Singelamente, contemplando os periquitos...
Cinco avezinhas!
Belas, coloridas e empoleiradas,
Com plumas brancas-verdes-azuis.
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
“Fofinhos” ficam no frio matutino,
Ou “pra lá e para cá”, em seus poleiros.
Simples e pacíficos estes...
Achegam-se para se aquecer.
“Enamoram-se”, ou dormem,
Mal percebem entretidos,
O pequeno camundongo
A lhes roubar o alimento.
O vento frizante os entorpeceu,
E o silêncio pálido,
Este os frizou...
Marabá – PA, 30 de abril de 2008.
A ROSA-VINHO
Há um ano te plantei.
Eras tu apenas um broto,
Mas me trazias a esperança.
No verão, matei-te a sede,
No inverno por ti velei...
Tua beleza, eu esperei.
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
Foste crescendo e ficaste viçosa,
Assim, teus galhos então podei
Para não envelheceres.
Na primavera, terceiro dia,
Deste-me dois botões
E na alvorada, belas rosas
Rosas silvestres, da cor de vinho
Flores fecundas, cheias de polens.
Perfume singular e extasiante.
Teu doce vinho e ótimo perfume
A ti atraem, “magnetizando”
Aves do céu e abelhas, ao jardim.
Marabá – PA, 27 de julho de 2008
PEIXES DO CONVENTO
Ó, meus amigos,
Eu vos falo, sobre isso:
Quem é verdadeiramente faminto?!
No convento,
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
Verdadeiramente faminto,
Não é o frade que rouba a dispensa.
Verdadeiramente faminto,
É aquele que, na madrugada,
Desce veloz ao tanque de peixes.
E sem mais esperar,
Este pobre faminto
Apanha um, dois peixes...
E, no mais tenebroso silêncio noturno,
Com água na boca,
Devorá-os.
Assim, os indefesos peixinhos
São tão bons...
Ao paladar do fradezinho.
Ó, pobres peixes conventuais,
Quão terrível é
A vossa sina!
Marabá – PA, 05 de junho de 2008.
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
PASSEIO DE INVERNO
Num frio de dia de inverno,
Como é curioso! Passear no micro bosque
Que plantamos no quintal familiar,
Com a “asthesis” de matos orvalhados
E deixando os meus pés, molhados.
Assim, sigo a trilhar,
Na espiritual penumbra. Quem ouve
As gotículas da chuvinha de inverno?!
Lá, observo a frondosa mangueira,
Repleta de doces frutos suculentos.
Depois dos açaizeiros, há o cacaueiro,
Donde apanho dois frutos alaranjados.
Passeio entre as papoulas vermelhas
Onde reposam cinco pardais matreiros.
Mais à frente vejo um casal de patos sonolentos,
Entorpecidos pela fragrância da alva roseira.
Deste modo, faço o meu passeio matutino,
E recordo minha infância na casa familiar:
Do quintal e micro bosque até o lar,
Até que tenha vindo o bom calor solar.
Capanema – PA, 12 de janeiro de 2011.
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
MISTÉRIO
No raiar de um novo dia,
Da janela do quarto, contemplo
O despertar da natureza, sob a luz.
Natureza enriquecida, que reluz!
Não parece ter ocaso esta luz
Colorindo tudo, qual cauda de avestruz,
Na brisa matutina que foge ao tempo:
A esperança se refaz em mais um dia.
Ó, passaredo, cantai, voai!
Cortai o alto alvi-azul!
Fazei a festa no céu,
Ao passo que os galos cantam à luz!
Estes, fiéis à tradição que os conduz,
E os seus pintinhos não cantarão ao léo...
À luz astral de “tupã-açu”,
Dos pássaros, ladeado, pelo voo.
As árvores dançam num ritmo divino,
Que dá à vida um novo sentido:
O mistério se espalha no ar,
Porém, de maneira lúdica,
Deus bendiz suas criaturas.
Estão Seus anjos a Lhe louvar,
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
Na ordem que remonta ao princípio,
Na vontade divina, imergindo.
Capanema – PA, 2006
ANGÚSTIA TORRENCIAL
Gripado, em plena manhã,
No frio da chuva ludovicense,
Apenas contemplo velhos prédios
E não sinto a paisagem estranha,
Na friagem inocente,
Pois, resfriado, estava entediado!
Mal consegui ler Giordano Bruno,
Com náusea de existir naquele dia,
Com muco a me vedar narinas
E a saudade do amor de outubro:
Presença da amada com alegria,
E sua ternura a coroar-me a vida.
Foi quando apareceu entre plumas
Intumescidas, um pombo, ave solitária,
Ao lado de uma caixa-d’água:
Aquecido em suas penas escuras.
Sobrevivendo àquele frio diário,
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
Embaixo daquele “pau-d’água”.
São Luís – MA, 15 de abril de 2011.
FLOR LARANJADA
No silêncio tropical do anoitecer,
Brilha a lua não-fixada lá no céu.
E, na floresta chora um homem, pelo fel:
Amarga a dor de um amor que não teceu.
Na fria noite da floresta tenebrosa,
Suas lágrimas qual sementes caem no chão:
Derrama-se o coração do homenzarrão,
Que a floresta tornou pequenininho.
Já cantam as aves o raiar do novo dia,
Fazendo o tal homem fugir dessa paixão,
Varando, desprezado, outros rincões...
Das lágrimas brotaram, nessa terra,
Tanta planta, como a laranjeira em flor:
Herança do seu fel, de mal-de-amor.
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
Se perpetua nessa terra seu memorial de dor!
Capanema – PA, 2006.
JOGO DE POMBOS
Seis pombos no telhado
Agrupam-se ao tomar sol,
Remexem-se e batem asas
Banhados ao sol em brasa.
Observam inquietos:
Sentam no meio do jardim,
Na fonte de verde água,
Três pombos de plumas áureas.
E logo, alguns desses voam
Em curvas, cortando o ar,
Ou dançam a arrulhar.
Logo, um pombo corajoso,
Duma pomba aproximou-se.
Começaram então joguinhos...
O que lhes trará filhotes,
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
E, para nós, mais pombinhos.
São Luís – MA, 19 de abril de 2011.
VENTO, PRAIA E PARDAIS
Essa brisa com sabor de salitre,
Sinto-a como vento passando no meu quarto,
Ouvindo do vento passando, o uivo...
Vento de Salinópolis, vento que não é raro.
E na cumeeira desse quarto do segundo andar,
Alojam-se muitas pardocas com os seus ninhos.
Assim, os pardais os protegem, a cantar,
Ao passo que as mães esquentam os filhinhos.
Mirando, da janela, vejo o vermelho farol,
Que nas noites, risca esses céus com sua luz.
Sim, daqui olho o luzente fanal...
Salinópolis- PA, 16 de dezembro de 2012.
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
CASCATAS
Caem cascatas,
Fria energia!
Furiosas águas,
Que furam pedras ...
Modelam o sólido,
As vivas águas;
Pra nascer do solo,
Árvores frutíferas.
O sol clareia,
A luz perpassa,
Aquelas águas...
Que são tão puras,
Cheias e vivas
De criaturas...
Carolina - MA, 28 de agosto de 2013.
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POEMAS NUPCIAIS
Da lavra autoral de Antônio Jaspers Sodré
“ÉS JARDIM FECHADO, MINHA IRMÃ, NOIVA MINHA, ÉS
JARDIM FECHADO, UMA FONTE LACRADA. TEUS BROTOS
SÃO POMAR DE ROMÃS COM FRUTOS PRECIOSOS”
(Ct 4, 12-13)
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AMANDA:
28 poemas àquela que é digna de ser amada
1-CERTEZA
Teus longos cachos de sereia
Emanam da pura beleza
Que resplandece em teu semblante,
No teu castanho olhar brilhante,
Quando tu pões nossa mesa,
E nosso sangue arde nas veias.
Você é admirável, minha princesa,
Pela feminilidade expressa nos teus atos,
Luzindo os teus valores pessoais
Como os magnos brilhos astrais;
Na mocidade dos teus anos,
Que põe no meu coração, tua chama acesa.
Você, querida, me completa,
Se nosso amor acontece em Deus,
De quem vejo a presença nos olhos teus:
Presença viva, que me desperta.
Acordo e Ele me traz você,
Com iluminada e venerável beleza;
Também, Ele me dá tanta certeza,
Que, de fato, amo você.
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
2-TUA VOZ
Tua voz ecoa suavemente,
Por entre as paredes do meu coração;
Porque você é a grande lição
Que eu compreendo existencialmente.
É um som anímico,
Cheio de amor personalizante.
Fazendo o meu sangue ser vibrante,
E, assim, meu corpo é mais vívido.
Tuas palavras são o acontecimento da ternura,
Que me constituem um são amante,
Desde o teu ser cintilante,
De feminilidade, pura alvura.
Você habita no meu coração,
Bem para além das emoções,
Com tuas pessoais ações
Que compassam minhas vibrações.
Presente és tu em minha vida!
Do tempo, espero-te pra eternidade,
Pela divina bondade
Que Deus reflete em nossa lida.
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
3-NÓS
Envolto pelo frio do tempo,
Após a chuva que se foi,
Compreendo a necessidade da tua presença;
Pois nesse frio da tua ausência
A saudade no meu coração dói
Quando muito de ti me lembro.
Quando voltarei a te ver?!
Estando contigo num encontro pessoal.
Na tua luz que de mim afasta o mal,
Para, no teu olhar, a tua alma eu ler.
Saudades de ti, tenho a todo o momento,
Recordando a magnificência do teu sorriso,
Pedindo a ternura do nosso abraço
Naquele amoroso laço
Que nos envolve: a divina brisa.
De ternura, amor e alento.
Porém, espero em breve estar aí
Vivendo no teu efusivo fogo,
Dando-te solícito, o meu afago
Neste “nós”, que se faz assim.
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
4-MINHA AMADA
Você é muito meiga, menina!
Tanto, que teu belo sorriso...
Ah! O teu puro sorriso,
Este vem e me anima,
E carinhoso, acaricio teu rosto,
Sentindo o calor do teu rubor,
Que também diz o teu valor,
Este que me dá tanto gosto.
Tuas mãos são pombas preciosas:
Tesouros de paz e singeleza,
Pois tocam e curam, com delicadeza.
Assim, beijo essas joias mimosas.
Ver o profundo do teu brilhante olhar
Faz-me penetrar no teu misterioso ser,
Percebendo o brilho vivo que me faz ter
Um pacífico amor, da imensidão do mar.
Escutar o fogo de tuas palavras
É passear no jardim do paraíso,
Esboçando no meu rosto o sorriso
Já que sinto o perfume que emana de tua alma.
Dialogar contigo é mergulhar no ser,
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
Receber o teu amor é vivacidade receber.
Minha cara! Minha amada!
5-O TEU SORRISO
Por que tanto admiro teu sorriso?
Admiro-o, pois ele é como um mimo
Que o bom Deus dá a minha existência,
Com o perfume de tua essência.
Teu cândido sorriso é um espiritual beijo,
Que transmite o teu meigo jeito;
Um beijo divino no meu coração
Que me envolve em afetuosa oração.
A graça do teu sorriso
Oh! Quão encantador é isso!
Muito mais é esplêndida
Junto ao teu olhar de luz serena.
Ah! O resplendor do teu riso
Exprime teu pessoal brilho;
E o meu coração a te amar
Faz-se a ti como um lar.
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
6-RECORDAÇÃO
Lembrar de ti, na distância,
Faz emergir meu amor
Perante o teu valor,
Enchendo-me de esperança.
Recordar o teu jeito de ser,
Traz alegria ao meu coração
Que pulsa na tua canção,
Mesmo sem te merecer.
Pensar em ti é logo te sentir
Presente pelo amor no meu ser,
Pois a saudade de contigo viver
Pesa, profundo, perante o teu existir.
Você é dom, pessoa e canção,
É luz divina: cintilante poesia,
Bonita rosa que desabrocha com maestria,
Perfumando meu mundo com ternas mãos.
Penso em ti, em oração,
Agradecendo a tua pessoal existência;
Pois o Criador te mostrou a mim, na dura ausência;
E o meu amor frutificou na ação.
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
7-MENINA: MINHA ROSA
Hoje vi um casal de pombos no jardim,
E a saudade bateu, do nosso amor
Lembro-me de ti e sinto o ardor
Com o teu cheiro de jasmim.
O nosso amor está aceso em nosso ser
E os teus doces beijos, bem anseio,
Sentindo, no meu peito, os teus seios
Com a alegria de você nos braços ter.
Meu coração bate ansioso por estar
Com tua meiga presença,
Pois só quero é te amar.
Minha menina, você é a bela rosa,
A mais bonita flor do meu existir,
Singular flor, que se evola perfumosa.
8-AMAR É BOM
Quando eu te encontro
Estremeço de alegria;
Na superada ausência
Da tua feliz existência
Eu te chamo e tu vens.
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
Contigo quero dialogar,
Nesse evento amistoso,
Ouvir o teu canto saboroso,
Sentindo o teu peito ardoroso
Para no amor filosofar.
Bom é tomar firme, tuas mãos:
Suaves mãos de menina,
Apreciar tua candura tão linda!
Desvelando no teu ser a grande mina,
E em nosso chão: cheirosa floração.
Saudável é te dar meus ternos beijos,
Envolver-te com os meus abraços;
Estreitando mais e mais os nossos laços.
Declamar-te os poemas que para ti faço,
E receber teu amor nos teus beijos.
Entro em êxtase ao mirar-te nos olhos,
Penetrando luminosamente no teu ser;
Encontrando o Mistério que vive em você,
Envolto no amor de só a ti receber:
O segredo sagrado na luz dos teus olhos.
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
9-PASSEIO
Passear contigo na rua deserta
Sob a luz do luar,
Com o nosso amor a pulsar,
Faz nossa senda mais certa.
Sentir teu puro calor,
Tomando tua virgem mão,
Tocando o pulsar do teu coração
Imerge-nos num forte ardor.
Trocarmos profundos olhares
Aproximando nossas faces
Traz-nos o frio dos amorosos vales
E a ternura das tuas doces maçãs.
Quando, nestes olhares cruzados,
As maçãs de nossos rostos se tocam,
O desejo de beijar-te então transborda,
Nesse encontro de mútuos amores.
E encerrando o nosso caminho,
Juntos, contamos estrelas,
Buscando no Amor, entendê-las,
Para construirmos nelas nosso ninho.
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
10-ESPERANDO-TE I
Escutando os bem-te-vis a te chamar,
Do banco do jardim ouço os teus passos
Atritando em fértil terra teus pés tão raros;
E o meu coração fica ansioso a te esperar.
Tu chegas alegre, bela e cândida,
Saltando por entre as flores,
Estes ares exalam os nossos amores
E tua face logo aparece: paz esplêndida!
Tua voz é tão suave
Onde os teus versos viram canção
E palavras voam quais brandas aves.
E te esperando, vivo de amor,
Quando advéns na tua parusia:
Bela princesa inflama-me com o teu ardor.
11-ESPERANDO-TE II
Fico tão contente e é normal
Ao te reencontrar, minha menina,
Desde que a tua presença me anima,
Dando à minha alegria o aval.
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
Estar contigo me faz pessoa:
Faz-me genuíno ser humano.
No Amor, alma, coração que voa
Quando a tua canção no ar entoa.
Ah! Teus olhos vibrantes,
Melífluos vitrais na luz da alma,
Brilham muito mais que antes.
Tua voz e eu te amando,
No calor do nosso abraço
Assim fico te esperando.
12-ENCONTRANDO-TE
O teu suave perfume me inebria,
Acariciando o leão dentro do meu coração,
Este romântico leão que te canta em canções
Ó musa que os meus sentimentos ilumina!
Quando caminho ao teu lado,
Sobre os paralelepípedos destas vias históricas,
Vejo a vizinhança entre amor e memória.
Pois estar contigo é o meu agrado!
Você, ó menina, irradia o meu dia
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
Estando contigo, nossa canção bela soa,
Pois nosso interpessoal amor nos guia.
Nossos encontros, singulares,
Reavivam as nossas almas,
Nossos corpos, nossos lares.
13-PODER TE AMAR
O teu lindo e iluminado
Sorriso enche-me de satisfação.
Vendo a saúde de tuas róseas maçãs
E o teu belo olhar delicioso.
Desejo sempre estar contigo
Quero-te intensamente, mas,
Verdadeiramente, quero te amar assim,
Na tua presença fundida a mim.
Menina linda! Poder te amar
Faz-me ser mais pessoa e dá
Sabor à minha vida.
Poder te amar é te
Acolher, na liberdade de ser
O homem só de você.
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
14-ENTREGA
Quando miro a tua foto com pueril sorriso,
Vem à tona a lembrança de tua feminilidade
Que porta a tua amorosa sensualidade
A ponto deste “touro” te dar sua liberdade.
Menininha, tão meiga e linda!
A tua boca chama a minha para que te possua.
E fitando-te, minhas mãos tomam as tuas
E mesmo vacilando, quero-te, minha linda!
E ouço o meu coração compassado com o teu
Sentindo nosso sangue a ferver dentro de nós,
E o teu corpo se dando para o meu.
Assim, meu ser recebe satisfeito o teu
Ser tão formoso em teu corpo de mulher
Que o teu ser também fica sendo meu.
15-TUA ROSA: NOSSA FLOR
A tua rosa, intacta rosa,
Que eu a despetale
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
Acariciando delicada flor
Singular flor que me dás com amor:
Faça eu, evolar o perfume dessas pétalas,
Da tua roseira: tua e minha rosa.
Logo sabemos que é preciso cultivar a flor,
Fertilizando-a com a entrega no Amor,
A fim de que nasça o fruto de máximo valor.
16-ENCONTRO
Minha menina –mulher,
Protagonista dos meus saudosos sonhos
Vindo singela, revestida de encantos,
Ornada como a justa Rainha Ester.
Teu corpo, fadado à fugacidade do tempo,
Deixa transparecer em teu sorriso e olhar
A sabedoria de tua alma, imensurável como o mar.
Como é casto, receber-te num abraço,
Desvelando tua beleza latente, em ato;
Personalizando-te quando me entrego no Amor.
Assim, em teus áureos cabelos perfumados,
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
Nossos seres se tornam alados,
Em nosso encontro que a humanidade prolongou.
17-MENINA
Viajo na essência do teu perfume,
Exalado do inocente-apaixonado sorriso
Que brota do teu jovial espírito,
Expresso em teu belo rosto nestes brilhantes olhos que me
[alcançam.
Sim, a tua alma voo alça,
Até se unir ao meu espírito,
Que responde em minha face, em sorriso;
Inebriando-me em tua beleza e teu perfume.
Na minha memória se eterniza
Tua imagem, ó virgem desabrochante,
Pois o carinho oriundo dos teus olhos
Grafou com fogo teu nome em meu coração.
Portanto, meus intimidados olhos apreendem tua ação,
Projetando meu espírito em teu ser, além dos olhos
Como sigilo, no teu coração, marcante,
Pois só assim que a paixão ameniza.
Menina, esposa dos sonhos,
Se contigo estou, nos teus sonhos,
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
Singelamente suporto tua lembrança,
Ó Menina.
18-UMA NOITE
Lembro uma daquelas noites:
Inesquecíveis noites!
Contigo, naquela pracinha linda,
Encimados pela lua com as estrelas
Aquela amizade bonita,
Emoldurada por tuas louras guedelhas.
Foi bom te encontrar
E contigo dialogar,
Naquela noite de dezembro,
Sentir tua presença intimativa
Expressa em tua face alva e rubra,
Que dá uma saudade que cativa.
Sim, a tua voz era suave melodia,
Nela se atualiza a alegria...
Num puro abraço tão sincero,
Que move ao diálogo amistoso.
E mesmo separados no espaço,
Nem este nos afasta do ser, nem o tempo.
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
19-ILUMINAÇÃO
Inumeráveis tardes,
Percorri as sendas da reserva
E subi o íngreme monte,
Para dali contemplar o pôr do sol
Vendo com angústia o arrebol,
Com tristeza que prenuncia a morte
Do Amor sofrendo sem reserva,
Numa certa tarde sobre a relva.
Meu ser, iluminado em tal luz,
Que irradia sobre o ser da amada:
Virgem pura, amada e iluminada,
Amada como esposa, amiga e irmã,
Imerso nela, sou Dele o irmão.
Na alegria dela, saio do meu nada.
Ela é minha mãe e mestra amada,
Que acende em meu peito uma alvorada.
Entristeço-me se firo o seu coração,
Com a emanação de fogo do temperamento,
Mas recebo novamente a paz, no seu perdão,
E no valoroso abraço, que experimento.
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
Sinto o paraíso ao fitar seus ternos olhos,
Cintilantes no seu casto e belo rosto,
Donde irradia seu puro ser, no olhar,
Sentindo o seu afago no meu rosto.
20-AUSÊNCIA
Como sei que mais te amo,
Ainda que distante de você.
Quando a chama do peito te chama,
Com terna saudade a arder.
Desejo novamente te encontrar!
Viver o Eu-Tu, em tua presença.
Totalmente contigo, quero estar,
Aquecendo a frieza da ausência.
21AMADA ESPOSA
Quando o céu noturno estiver vermelho
E as estrelas se esconderem atrás da lua,
Saberei logo que é sinal de chuva,
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
E o frio me fará te aguardar ansioso.
Em meu coração escuto os teus passos,
No teu advento, convocando-te da tua ausência,
Pois sou feliz com tua presença,
Quando juntos caminhamos lado-a-lado.
Querida noiva, tua face gloriosa,
E o candor do teu terno abraço,
Preenchem os meus olhos com tua glória...
Amada esposa, em teu pessoal valor,
No existencial diálogo que perfaz tua história,
Sou mais pessoa na dignidade do Amor.
22-NOSSA CANÇÃO
Você, minha princesa,
Que faz a minha chama acesa,
No calor da tua ternura,
Em teu corpo e formosura.
Irmã, amiga, esposa amada,
Mulher de inteligência alada.
Ao teu semblante angelical
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
Prendem-me teus beijos,
Ao teu corpo em que te vejo
Por nosso amor tão divinal.
Em tuas cheirosas madeixas cacheadas,
Fazendo a nossa união, bela e sagrada.
Com o meu coração,
Escuto o pulsar do teu coração:
Fazendo do amor esta ação,
Escrevendo esta canção.
23-A ROSA AMADA
Quero te oferecer muitas rosas,
Perfumadas rosas sem espinhos,
Para te dizer que és uma bela rosa:
Humana rosa no meu caminho.
O teu perfume é um bálsamo,
Pois teu serviço alivia as dores.
Também digo que te amo,
Na sapiência dos sabores.
Estas mãos que cuidam de belas flores,
Mesmo terrenas, perfumam-se de amor,
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
Com o puro odor destas flores.
Ó, amada rosa, única “Amanda”,
Dedico-te o poema, palavra que encanta,
O fogo do sangue na dignidade de ser amada.
24-SENDAS DE AMOR
Eu tanto queria te dizer: amo-te!
Portanto com inebriados olhos, a ti chamo,
E não te faças de arrogada, minha querida.
Vem a mim e serás o grande amor da minha vida!
E assim, firme, tomo-te em minhas mãos,
Sussurrando em teu ouvido esta canção;
Quando teus lábios úmidos vêm os meus encontrar,
E meus braços acorrem em te abraçar.
A chama viva logo se acende em nosso ser,
Quanto ao meu, anela por viver;
Com o meu morrer, fazer-te mais viver.
Querida, minha luz, quero te dar plena vida,
Mas sem o Vivo Amor, não levo em paz esta sina,
Para na eternidade, encontrarem-se as nossas vias.
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25-ENCONTRO
Passeando no alvorecer praiano,
Encontrava-me só com Deus e a physis;
Então, meu coração almejava a amada,
Minha companheira, alegria da alma.
Da solidão na beleza, grita a hybris,
Pela presença da amada me ajudando.
- Ó amada, como te quero junto a mim!
Pois sozinho, não alcanço o meu fim...
Não me deixes, na solidão, assim!
Logo, ela chega: a minha rosa,
Vem elegante, mulher que chega com a aurora.
Sorrindo em sua feminina pureza,
E, correndo, ela vem e dá o ar de sua beleza...
Em nosso abraço, parte da solidão se vai embora,
Aí há o amor: essência maravilhosa!
-Ó meu amado, corri com os raios da luz.
Para os teus braços, o vivo amor me conduz...
Não mais sozinhos, pois a unidade reluz!
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26-MINHA CANÇÃO
Ouço pássaros cantando,
Em meio às frondes de árvores...
E os jasmineiros exalando
Cheiro, os seus perfumes...
Imerso neste natural silêncio,
Escuto o compasso do meu coração...
Da matinal brisa, sinto o alento,
E da harmonia universal, ouço a canção.
E neste estar a sós em meio ao mundo,
Encontro o silêncio, de Deus oriundo,
Que, na consciência, fala, profundo.
E o meu humano coração,
Batendo, vivencia a recordação,
Da pessoa amada: minha canção.
27-LINDA AMIZADE
Ó linda menina,
Mal eu lembro o dia
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Em que primeiro te vi;
Mas, sei agora,
Não me esquecerei do jeito
Terno que em tua presença vi.
No teu risonho olhar,
Por teu puro carinho,
Na tua beleza e olor,
Sinto-me encantado,
Vou ficando ao teu lado,
Pra ouvir o teu recado!
De te escutar, muito gosto;
Mas andando ao teu lado,
Enlaçados nossos braços,
Segurando em tua mão,
Conhecendo-te aos poucos,
Acolho-te no meu coração.
Para não te magoar,
Dou-te a minha proteção
Junto com minha estima;
Mas por nobre decisão,
Portando-se como um irmão
Aprecio teus bons modos,
E tua sede do saber.
Desejo-te muito sucesso
E alegria de viver!
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Almejo tua constante amizade.
Alegria no meu ser!
28-AMADA
Ó amada, quantas saudades de ti!
Por que não te encontro neste aquém?!
Ó boa donzela, ver-te me faz bem.
Como fazer, pra encontrar-te aqui?
Ó companheira, tão singela e feminina,
Admiro-me da tua extroversão e cultura...
Poética letra, cheia de vida...
Teu sorriso e teu olhar portam candura.
Ó amada, sob a sombra de Deus!
Dá-me a graça dos sorrisos teus,
E a tua companhia: valor meu!
Ó admirada e esplêndida amada,
Da tua presença, faça-me a graça!
Nesta via, minha arte te abraça.
Bragança-PA
Antônio Jaspers Sodré
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POEMAS REGIONALISTAS
“O ESPÍRITO DO SENHOR ENCHE O UNIVERSO”
(Sb 1, 7)
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BARQUINHO DE PAPEL
Ainda há pouco, quando fiz
Um barquinho de papel,
Recordei-me da minha infância,
Na qual esse já estava.
Tempo bom, o infantil,
No qual cursava o “Jardim”;
Com os colegas brincava...
Quantas cantigas de roda!
Massinhas a modelar,
E desenhos a pintar;
A criatividade aguçando...
Para no mundo, inventar.
Das folhas de velhos jornais,
Ensinou-nos, a professora,
A fazer muitos barquinhos,
Como tantos aviõezinhos.
E os recreios se passavam,
Entre lanches e brincadeiras...
Aviõezinhos cruzavam os ares,
E barquinhos, as poucas poças.
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
Era curiosidade....
E prazer de estarmos juntos,
O bom método pedagógico,
Faz-nos querer aprender.
O meu barco de papel,
Foi-se nas poças ou no lixo,
É, mesmo assim, um bom símbolo,
De tempo que valeu à pena.
O meu símbolo da infância:
O barquinho de papel...
São Luís, 05 de outubro de 2007.
VOU A BELÉM!
A Belém, já vou de novo,
Ao Círio de Nazaré...
Novamente vou aos pés,
Da santa que traz meu Senhor...
_ Por que Belém?
_ Por que ver aquela Senhora?
_ É cultura com fé,
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O sofrer naquela corda?
Bem convicto, eu digo,
Dou razão à minha fé!
A resposta que eu dou,
É pra saborear o viver...
_ Todos, homens e mulheres
São Católicos (= Universais),
Afetivos-racionais,
Buscando o amor, com fé.
_ Nasci para a comunhão,
Então já vou a Belém,
Aonde muitos vão também,
No uno laço da fé...
Ver a imagem é buscar,
Da grande mãe, recordar;
Mãe de Cristo, mãe dos homens,
Seu belo exemplo nos dá.
O povo paraense,
Bem sabe viver sua fé;
Pois nela está sua cultura,
Que assim faz-se permanente.
As pessoas, que insólitas,
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
Atrelam-se na santa corda
Unindo-se à cruz de Cristo,
Comunicam a Sua glória.
A Belém, vou mais um ano,
Unir-me ao mundo da fé;
Encher-me vou, só de bem,
Cantar à Virgem de Nazaré.
São Luís – MA, 10 de outubro de 2007.
AGRADEÇO-VOS, NOS LENÇÓIS
Ó céus azuis...
Trazes os ventos,
Portando em si
A fina areia branca
Que formam dunas:
Alvos lençóis...
Pequenos, grandes, em movimento,
Com própria vegetação.
O forte sol,
Luzente e quente,
Reflete a luz nas brancas dunas.
E as lagoas, grandes e rasas,
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
Com águas frias, brincam com os ventos,
Fazendo ondas: seus movimentos.
Sopros dos ventos, nas águas claras;
Fazem massagens, são terapêuticas.
Agradeço-vos, ó Senhor!
Do meio de Vossas maravilhas,
Sinto vossa imensa graça...
Tamanha harmonia na Criação.
É bom estar aqui,
Na extasiante contemplação,
Tocado por vosso amor,
Nas obras de vossas mãos.
Barreirinhas – MA, 16 de novembro de 2007.
ESCALADA 1
Curto grupo de amigos
Num velho carro a correr,
Por uma estrada barrenta,
Em tempo de chuva violenta.
1
Poema dedicado aos Freis Ribamar Gomes e Basílio, filhos de
Pedreiras.
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Nos interiores de Trizidela,
À margem da estrada há
Grandioso monte de pedras;
Que as escalando, subimos nelas.
Uma subida difícil;
Em rochas não aplainadas;
Com suor descendo no rosto,
E palmas das mãos, calejadas.
Chegando ao topo do monte
Recompensa é a vista;
Por tal desafio superado,
Vê-se o panorama da conquista.
Pedreiras - MA, 28 de dezembro de 2007
CAPANEMA
Ó querida terra:
Capanema,
Salve, ó terra em que nasci!
A cultura do teu povo,
Laboroso, religioso...
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Deste-me, como lar.
Teu progresso seja imenso!
Teus filhos sejam felizes,
Construindo tua história!
Que a fé seja o teu lume,
E, teu legado, ó cidade,
Nos caminhos da memória!
Que o saber e o trabalho,
Inerentes ao teu povo,
Sejam-te brilho e glória!
Capanema – PA, janeiro de 2008.
EM MARABÁ
Às margens do Tocantins,
Confluindo com o Itacaíunas;
Chego à cidade partida em três,
Cortada pela Transamazônica.
Em Marabá, estou,
“Filha de Gonçalves Dias”...
Desde os dias de outrora,
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Marcam-te os rios, nos castanhais.
Ó Marabá, a ti auspicio:
Que o teu povo viva em paz!
Marabá – PA, 21 de maio de 2008.
MISSÃO URBANA
João, o seminarista,
Aos sábados faz “pastoral”.
Confiam-lhe, os seus reitores,
Uma área de invasão.
Um povo miscigenado,
Habita no novo bairro
De Marabá, que só aumenta...
Exige-lhe paciência.
Assolado por calor e sol,
Com o terço em sua mão,
Visita as várias casas,
Falando do Cristo e Sua Igreja.
Vai o jovem missionário,
Falar às pessoas inconstantes,
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Na sua missão urbana,
“Carregando a sua cruz”...
Muitos lá há...
Não querem saber de Jesus,
Só querem da caridade,
O bom assistencialismo.
Poucos ainda têm fé,
Estes se sentem Igreja...
E assim, o valente João,
Por lá formou, com o povo...
A primeira comunidade.
Marabá – PA, 21 de maio de 2008.
PRAIA DO ATALAIA
Recostado no muro de uma mansão,
Contemplo, tocado pelo sopro do vento,
A maré vazante dando espaço à fina areia,
Em Salinópolis, na Praia do Atalaia.
Ondas, muitas se formam,
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Quebrando-se espumosas, na areia,
E deixando o sal na beira.
Ataláia de águas salgadas,
Fazendo arder a pele, nos raios solares...
Praia gravada em minha memória.
Salinópolis – PA, 18 de fevereiro de 2010.
SANTUÁRIO DE NAZARÉ
Era tarde...
Assim, no calor, sou molhado pela chuva
Enquanto caminho na Avenida Nazaré...
Subo ligeiro ao átrio do santuário,
Sacudo meu molhado hábito,
Entrando na Basílica de Nazaré,
Que da porta me pareceu turva;
Vi a arte!
Abriram-se meus olhos;
Doloridos pela imensidão da glória-beleza,
Só podia me ater a cada parte essas finezas:
As cores da fé feriam-me os olhos.
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Transcendia-me razão-emoção em fé,
Rezei, então, à Virgem de Nazaré.
Belém – PA, 19 de fevereiro de 2010.
A RUIVINHA PENSANTE
Numa noite quente, num sábado,
Vi-te em São Luís,
Num ônibus agitado...
Ó ruivinha linda,
Vinhas com tua tribo juvenil,
E que atenção suscitavas te expressando,
Até de forma crítica
Contra, do Maranhão, a política.
Assim, contente, contemplei tua face angelical,
De líder aquela jovem tribo pensante.
Nisto uma luz refletindo em teu sorriso natural,
Ressaltou a ternura feminina de teu castanho olhar
De quem conhece o mundo com felicidade.
Ah, ruivinha singular!
A singeleza deste fugaz encontro é eterna,
E etérea é a tua imagem a fluir neste tempo...
Ó ruivinha inteligente!
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
Ó menina pensante!
São Luís – MA, 28 de agosto de 2010.
PEIXEIRO
Na manhã chuvosa
Ludovicense, em sexta-feira:
Manhã de março,
No centro-histórico de São Luís...
Salto do ônibus,
E logo sigo para a Faculdade,
Filosofando no extraordinário
Matutino clima frio.
Mas, repentinamente,
Numa via, um ciclista aparece;
Mais que bem cedo, vindo da orla,
E vendendo peixes.
Esse gritava, de vez em quando,
Perante as casas,
Pra que as donas [ quiçá os donos!],
Comprem-lhe os peixes:
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
- Pe-e-xe! Pe-e-xe!
Olha o pe-e-xe!
Compre o peixe-e-e!”
E, foi-se o peixeiro...
São Luís – MA, 11 de março de 2011.
ANGICAL
Como é bom, sentar-se na varanda
Da simples casa de barro.
Ladeada por frondosas árvores,
E por feliz jardim natural.
Naquele ambiente rural,
Escutando pássaros canoros,
Na chuva e cheiro de mato,
Em manhã de semana santa.
Também vi, de um senhor, o rebanho
De carneiros a correr pelo quintal.
Corria ameaçando a plantação,
Pois havia escapado ao curral.
Logo, o pastor preocupado com tal mal,
Põe seu chapéu e, também, seus pés em ação,
E assim tange seus bichos em Angical,
Encaminhando para o aprisco aquele bando.
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
Da capela, bate o sino, o missionário,
Chamando para o culto, os fiéis,
Que acorrem para louvar Cristo-rei,
Em dia de lava-pés, bem no horário.
E o capuchinho, logo prega sobre a cruz,
Que pesou bem sobre o ombro de Jesus,
E do mistério da paixão, que o conduz,
Para que todos vejam, da ressurreição, a luz.
Na capela, ouvem-se hinos de louvor,
Da comunidade sobem preces de amor.
Assim, a estrada que perpassa Angical,
Torna-se via do reino celestial.
Igarapé – Grande – MA, 22 de abril de 2011.
PRINCESINHA
Musa das praias ludovicences,
Que alegra, em presença
Num semblante de princesa
E formoso corpo feminino,
Nos teus braços há um menino:
No teu colo, chama acesa,
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
Destacando tez morena,
No teu corpo a reluzir.
Teu diálogo é brisa do mar,
Torna-se agradabilíssimo.
E, contigo vêm as estrelas do luar:
Universo formosíssimo!
Deixas-me nostalgia de ti,
Com saudades e com dor,
Do teu belo olhar de amor
Que mais enternecem em ti.
São Luís – MA, 03 de maio de 2011.
PEDRA CAÍDA
Descendo as serras de Carolina,
Em meio à natural mata,
Nas pontes e escadas, rumo ao vale.
De silêncio abissal
E ar umedecido pelas águas,
Caídas dos paredões;
Fugindo de humanos padrões,
Perpassa a gélida e limpa água
Que afugenta todo o mal,
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
Nas ricas horas de uma tarde
Quando as águas caídas cantam
Na caverna de Pedra Caída.
Carolina – MA, 25 de junho de 2011.
SANTUÁRIO
No cavernoso santuário de Carolina,
Fiquei extasiado, com a sinestesia:
Beleza natural que a minha visão lia,
Sentindo na pele a água fria
E o odor de mata que a água tangia,
Chegando, também seus gostos pelas narinas,
Ao som da cascata que a tudo invadia,
Na beleza inominável em Pedra Caída...
E meu coração a lembrar de minha família,
Dobrando-se em temor a Deus, que ali cria.
Carolina – MA, 25 de junho de 2011.
TEU NOME
Ó irmã,
Teu nome me recorda
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
A luz da tarde,
Que perpassa
Por entre as frondes
Das oliveiras de Sião e
Logo encontra
Os olhos do profeta,
Que a Lei medita,
À sombra
Daquelas árvores.
São Luís – MA, 03 de julho de 2011.
NOSTALGIA
Agradeço todos os dias, cordialmente,
À Providência do Pai, que me permitiu,
Encontrar a luz dos teus serenos olhos,
Em teu ser fraterno e meigo,
Adornado por parreiras cacheadas:
Como velos difusos e balsâmicos
Que o vento acaricia com sua destra,
Ao passo que na tua amizade me envolvo
Atuando na confiança que me invadiu,
E alegrando-te com a presença, calidamente.
A tua ternura feminina faz-me cativar,
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
E pensar na presença do candor
Também presente contigo,
Como uma fogueira na noturna praia do mar:
Fogo, brisa, luar e estrelas...
Refletidos na manifestação da tua espera,
Pela amizade pessoal no dom do amor
Elevando o meu ser a amigo,
Nas alegrias, angústias ou dor,
Que da existência podemos compartilhar.
O teu ser recorda ao meu coração, a Luz:
Mística luz, carregada do mais terno amor.
Luz de Deus manifesta em teu bendito topônimo,
Que pulsa no meu ser com teu sangue e calor,
Com a angústia e mistério, que a existência conduz.
No teu corpo carinhoso e gracioso,
Encontro teu espírito nos atos e diálogos pessoais:
Em teu pensar, grafado em inteligência,
Na lucidez de seres sensacional,
Auxiliando-me a ser um pastor amoroso.
São Luís – MA, 02 de agosto de 2011.
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
UMA PHYLARMÔNICA EM BUSCA DE AMIGOS
Ouve-se o clamor
D’ uma Phylarmônica.
Está em busca
De amigo-amor.
Traz a harmonia,
Com o tom social.
Tornando-se sinal
De comum simpatia...
A pura melodia
Move corações;
Em sons e canções,
Guiando emoções.
Phylarmônica à
Busca de amigos,
Fluindo os rios
Da música na vida...
- Venham, amigos!
Convida a música,
- Vocês nos enriquecem,
Em nossos atos!
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
- Venham até nós,
Fazer harmonia!
- Com vossa simpatia,
Alegria se cria!
Escuta-se o amor:
Som da Phylarmônica,
A banda harmôniosa,
Da música ardorosa.
Capanema – PA, 15 de fevereiro de 2014.
NOITE NAS DOCAS
Pr’uma noite em Belém,
Nada mal é ir às Docas,
Onde outrora eram malocas
Hoje é porto e muito além...
Na Estação das Docas, com os amigos,
Encontrar-se e alegrar-se...
Com os gelados da ‘cairu’, deliciar-se,
À voz e violão: canto e som para encantar-se.
Descontraindo-se ao som do carimbó,
Sorvendo os regionais sabores sem dó...
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
No aconchego do encontro nas Docas,
Perante o vai e vem das dondocas...
Belém – PA, 14 de março de 2014
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
POEMAS SOCIAIS
“SE TU TE PRIVARES PARA O FAMINTO, E SE TU SACIARES
O OPRIMIDO, TUA LUZ BRILHARÁ NAS TREVAS, A
ESCURIDÃO SERÁ PARA TI COMO A CLARIDADE DO MEIODIA”
(Is 58, 10)
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
PURO MARKETING
Mesmo no plainar do avião sobre as nuvens,
E no tic-tac do tempo passageiro,
Há homens que se tornaram alheios
Pois não mais olham a verdade e o bem.
Homens-alheios que não sabem de onde vêm.
-“Conhecer-se?!”. Dizem: - “É mito de budistas!
Exterior é só o que olham os realistas:
Retrógados que se abandonam ao ser!”
_ “Evolução ocidental?!”. -“Papo furado!
É puro marketing de mercado e propaganda,
Que da vida os sérios bens rouba e esbanja,
E te faz viver qual marionete, alienado!”
Quem falou que tal demência é liberdade,
Pois a moda que nos dão é escravidão?!
Foi o açougue-mercado-da-ilusão,
Ao empurrar suas bugigangas para todos.
Este quer nos roubar nossa idade de vigor,
Além de ocultar nosso valor,
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
Em sua era que enriquece os States,
Arrancando nossos “melhores leites”.
No entanto, se enxergamos com a verdade,
E com a razão que nos torna singulares,
Alcançaremos a força pra lutar,
Rumo à vitória da verdadeira liberdade.
Capanema – PA, 2006.
COMO PODE?
Como pode um governo corrupto,
Vir nos bater, piorando nossa vida?
Esse lobo se disfarçou de cordeiro;
Demos-lhe o reino, enganados,
Esperando ver a luz de bons dias,
Porém, sujou-se e vendeu-se ao erro.
Trabalhamos, suando muito pra viver;
Sustemos nossos filhos, educamos,
Construímos os futuros cidadãos,
Transmitimo-lhes o saber que acarretamos...
E o tal “bom lago” se tornou poluição,
Atrevendo-se querer nos afogar.
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
Lutamos, e com razão!
Escravos?! Não o somos! Não!
Exigimos nossos direitos,
E o fim da enganação!
Não sujes mais a política!
Não mates o são cidadão!
São Luís, 28 de julho de 2007.
FAMÍLIA
Do amor de um casal,
Com razão e coração;
De sua mútua doação,
Travam enlace matrimonial.
Homem e mulher,
Casal amante!
Nada mais é como antes,
Como um só, vão viver!
E com a bênção do Senhor,
Amáveis filhos terão,
Com prazer, trabalharão,
Educando-os com amor.
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
Esta família será,
Nova célula social...
Em cada amor esponsal,
A humanidade revigora a moral.
Capanema – PA, janeiro de 2008.
ESCOLA
Caderno e caneta, em mãos;
Vai o aluno à escola,
Com sede de aprendizado,
Para se tornar um bom homem;
Não sendo o mesmo de ontem,
Por pouco saber amparado;
Preparando-se para as escolhas,
Que terá em suas mãos.
Salve, ó casa do saber,
Que prepara os cidadãos;
Salve, os que te frequentam,
E trazem progresso à nação!
Dos que fazem a tua ação,
E os corações, de zelo, esquentam,
Desenvolvem os seus dons,
Dando ao mundo, as ações.
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
Salve, ó escola!
Da educação, vitória...
Capanema, janeiro de 2008.
O CATADOR DE CARVÕES
Menino pobre,
Necessitado...
À sua família
Dá a sua ajuda.
Desde cedo, não estuda,
Mas trabalha em carvoaria.
Sua alva pele?! Está manchada!
Pela tisna do carvão.
Trabalha sem proteção,
Pois seus patrões não a dão.
Sua, cansa, sente dor,
Sob o sol quente. Que horror!
Mal ele sabe falar.
Escola?! Nunca ele viu.
Apenas, sua pobre família,
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
E os colegas da carvoaria.
Pobre criança!
Vítima da sociedade
Má, omissa e corrupta.
Criança-animal-de-carga!
Haverá alguma esperança,
Para o infante catador de carvões?
Sim!
Acredito haver!
No amor da sua pobre família...
Nas brincadeiras dos intervalos.
Sim! Na sua ingenuidade,
Ele se pensa feliz.
Marabá – PA, 14 de agosto de 2008.
TERREMOTO E DESTINO
As placas se atritam
Sob o chão do Haiti;
Então a morte ceifa vidas,
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
Em arquiteturas destruídas
Onde corpos são matéria aí,
Sobreviventes sofrem, gritam ali.
Grande caos em Porto Príncipe
(De mortes e lutas pra não padecer)
As mídias projetam ao mundo.
A condição de vida imunda
Fez a solidariedade das nações aparecer
Aliviando as vítimas que lutam pra não perecer.
Se vemos muitos, guiados por seus instintos,
Em contraste, também se vê solidariedade:
Um professor, numa praça, leva cultura e saber,
A muita criança: e não sabe o destino que vai ter.
São Luís - MA, 28 de janeiro de 2010.
REFLETINDO FOME
Pessoas morrem de fome...
São humanos imolados
Nos altares da corrupção cultural,
Erguidos pelo egoísmo
Dos humanos corações;
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
Abertos ao pensamento do mal:
Dignidade inferior a animal...
Atribuem opulentos, em ações,
Idolatrando o deus-egocentrismo
Humanas pessoas fracas, pra essa relação cultual,
Pela injustiça social, estigmatizados,
Lesados em direitos, padecendo a dor, sem nomes.
A fome, necessidade vital,
Bate nos pobres, com dor-moral-estomacal.
Fere os excluídos o sistema capital.
Se a humanidade se enchesse de caridade,
Construiria, desde já, do céu, a cidade;
Dando a todos os entes humanos, a dignidade.
Quando a escondida fome de Deus for saciada
Nos corações das culturas,
Das sociedades
Apagar-se-ão injustiças,
Desigualdades...
A realidade será toda agraciada.
São Luís – MA, 12 de fevereiro de 2010.
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
AMIGA DE MINHAS MANHÃS
Quando em preciosas manhãs
Encontram-se nossos olhares,
O ônibus das sete perde rotineira feiura.
Quando encontro do colóquio a ternura,
Há ondas de afetivos mares
Á espera de dialogar contigo amanhã.
Outrossim, quando vens ao meu lado,
Existindo a abertura da palavra na conversa
Filosofamos em torno a amizade que atrai
Até que o espaço-tempo nos trai
E os deveres sociais nos apartam da palestra bela,
Esperando o fluir doutro momento deste brilho raro.
Enquanto relembro na memória,
Percebo a alegria que me deste,
Esperando-te para mais diálogo, em breve.
Também contigo vivo,
Na pessoal relação
Do amor, o dom,
No qual existo.
São Luís – MA, 25 de novembro de 2010.
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
PASSAGEM
Em nossa cultura de hiper-consumo,
Somos tentados a menosprezar
A alteridade das pessoas:
Não as vendo como tu’s,
E as reduzindo a meros isso’s;
Pois, apenas as queremos,
Conforme nos sejam úteis.
Ver os outros como pessoas,
Faz-se grande desafio.
É voltar-se contra o Utilitarismo,
Promovendo sadio Personalismo.
Não é fácil converter-se,
Pois somos “seres-no-mundo”,
Construindo-nos na linguagem.
Aquilo que lemos do mundo,
Penetra em nossa mentalidade.
É necessária a migração,
Do individual ao relacional,
Para que se sobreviva
Como humano-pessoal.
São Luís – MA, 02 de março de 2011.
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
MEU SAXOFONE MUDO 2
Ester fora a razão da minha vida...
Enlaçou-nos o amor pela música!
Éramos nós dois, simbiose única.
O nosso amor foi qual chama viva...
Contemplávamos, nos domingos, a aurora,
E, ela, com afinada voz, a vida cantava...
E no meu saxofone, a melodia eu lhe dava,
Quando a áurea luz solar o mundo adornava.
Os anos se passaram! Felizes fomos no Amor!
Na harmonia da sua terna voz e minha música,
Os primórdios semanais, davam-nos o ardor...
Mas, o tempo veio e a apartou do mundo...
Ester calou pro tempo a bela voz. Triste fiquei!
Ela se foi! Deixou-me, com o meu saxofone mudo...
Belém - PA, 20 de janeiro de 2014.
2
O título deste poema foi dado pelo Fr. Jamilson Dias , OFMcap
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
POEMAS BIOGRÁFICOS
“UMA BOCA AGRADÁVEL MULTIPLICA OS AMIGOS, UMA
LÍNGUA AFÁVEL MULTIPLICA A AFABILIDADE”
(Eclo 6, 5)
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
DO TRONO PONTIFÍCIO
Aquele que veio de longe,
Na trilha do Redentor:
O jovem cardeal polaco
Devoto da Mãe de Deus.
Vindo do Leste sofrido
À cidade eternal,
Tornou-se João Paulo II.
Marcou nossos corações!
Abraçou o homem-no-mundo
Como pai e bom pastor,
Proclamando a Palavra
Que traz a Paz o Amor.
Servo dos servos de Deus
Congregou muitas nações,
Através da cruz de Cristo,
Mostrando o valor da vida.
No caminho do Seu mestre
Foi fiel até o fim.
Transubstanciou seu sofrimento
Na mais pura alegria...
Confrontando-se com o sorriso
Dos fiéis agradecidos,
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
Fez em nosso fiel coração
O seu trono pontifício.
Capanema – PA, 08 de abril de 2005.
UM PADRE: O SANTO PADRE
Lá vem um padre!
Polaco e alvo;
O santo padre.
É João Paulo,
Sumo pontífice
E bom pastor.
Peregrinando
Por todo o mundo,
Trazendo paz e amor.
Com reverência,
Oscula os solos
Das nações aonde vem.
Veio ao Brasil,
E abençoou-nos
Com sua cruz.
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
Mãos paternas
Traz, erguidas:
O nosso João de Deus.
Com muito amor
E ardor abraçou
O Redentor.
Anuncia o evangelho,
O pastor angélico
Da comunhão.
Fez seu trabalho,
Realizando
Sua missão.
Já vai o Padre,
Feliz, alegre,
Para o seu Deus.
Está sorrindo,
Transparecendo
A luz do céu.
Capanema – PA, 08 de abril de 2005.
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
FLORAÇÃO MINISTERIAL
Ah! Num certo alvorecer de outubro
Os raios solares dão cores à natureza.
Admirei a bela floração de um ipê,
Uma beleza que dá gosto ver;
Destacando do mistério da vida, a grandeza,
Das flores alvas-rubras, que riqueza!
Recordei o dom que é a vida de Frei Ângelo,
Ele é sacerdote de Jesus,
Capuchinho, na trilha do pai seráfico.
Frei Falomi, chamado ao amor agápico,
Contemplando água e sangue na santa cruz,
Entre o povo e Deus quis ser elo.
Mais à frente, além das flores que estão,
Dos frutos, aladas sementes voarão;
Assim, do ministério deste nosso irmão,
Tais sementes em terra boa crescerão.
São Luís – MA, 20 de outubro de 2010
VOCAÇÃO CAPUCHINHA
Decidiu ser capuchinho
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
Por amor a Jesus Cristo,
A exemplo do ilustre
E humilde São Francisco.
Deixou sua boa família
No empreendimento vocacional;
Fazendo parte, dia após dia,
Da sóbria vida conventual.
Dos valores franciscanos,
Marcou seu nome a humildade;
Bem como assim, a esperança e a caridade.
Mais uma vez o Senhor me chamou,
Professo simples, Ele me inquietou;
Para a missão no Brasil me enviou.
São Luís – MA, 20 de outubro de 2010
FREI ÂNGELO, FORMADOR
Generosos anos de sua vida
O vigoroso frade Ângelo doou;
Na Igreja, em Carolina,
Beneficiando o povo do Senhor.
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
Do bispo Marcelino, irmão e amigo,
Naquela messe de Deus,
Frei Humilde deu solícito auxílio
Com caridade aos seus.
Referência de franciscano e sacerdote,
Do seminário local foi reitor,
Conduzindo muitos jovens,
A discernirem suas vocações com amor.
Também, na então Vice-província,
Foi por anos, formador,
Na etapa de filosofia/teologia,
Guardando de ser capuchinho, o valor.
São Luís – MA, 20 de outubro de 2010
OUSADA AMIGA
Cabelos ondulados,
Negros cabelos
Luxuoso véu
Emoldurando-lhe a alva face juvenil.
Seus olhos fixavam meu olhar viril,
Arrancando-me à relação do eu.
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
Menina angelical,
Sua amizade marcou-me, de modo astral.
Sim! Uma garota ousada me viu,
Apesar de alguma timidez,
Ali, autêntico elo se fez:
Fechado coração se abriu.
Agora, tenho-a por amiga,
Uma estimada irmã,
Feliz, ousada, cristã.
São Luís – MA, 21 de outubro de 2010.
AMIGA
À Luciane Moraes
Sabe amiga?! Você me é
Um caro enigma,
Desdobrando-se nos véus
Do carinho; da amizade,
Do amor.
Querida amiga! Tu me és
Um dom: preciosíssima!
Graça de Deus, bem feminina,
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
Pessoa humana,
Irmã singular.
Graciosa amiga! Tua alma me é
Pura e pueril.
Perante um mundo, sujo-frio-fechado,
Um mundo sem nenhum encanto.
Aí te faço o meu canto!
Humana amiga! Quero-te bem,
Com amor sincero,
Na paz fraternal, de seres sempre,
Em teu mistério:
Sagrada amiga!
São Luís – MA, 11 de março de 2011.
GRATIDÃO
Nas rotas da vida,
No Pará e Maranhão,
Conheci um capuchinho
Que aqui veio em missão.
Fazendo da vida, doação,
Auxiliando os pobres,
Com caridade e pregação,
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
Na nostalgia de sua nação.
Figura extraordinária
De uma fraternidade apurada,
Felicitando suas amizades
Por seu largo coração,
E seriedade na ação.
Em oração e apostolicidade,
No economato da Província
Soube bem deixar sua marca.
Agradecemos, hoje, ao Senhor,
A presença deste confrade
Um grande dom de bondade,
Gerado no vocacional ardor.
Gratos, também, somos todos a tal frei italiano,
Franciscano tão humano,
Gratos lhe somos ainda, por sua obra tão alta
Gratos a ti, Frei Luís Rota.
São Luís - MA, 08 de maio de 2011.
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
OS JOELHOS DO MEU PAI
Ao meu querido pai, Jovêncio Oliveira
Os joelhos do meu pai
Portam calos escuros,
De tanto orar ao Pai,
Escalando da fé, os muros.
São joelhos eloquentes.
Expressam mística e sacrifício,
Que o apoiam na fornalha ardente:
O Coração de Jesus Cristo.
São Luís – MA, 25 de julho de 2011.
MÃE
Para Antônia do Carmo, querida mamãe;
Mulher extraordinária,
Quem me deu vida
Trazendo-me em seu ventre
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
Enquanto me fazia ente.
Ó Sagrada mamãe,
De tão ternas mãos
E puro coração
Lindo como a canção.
Grandiosa mulher,
Que tanto amas até
O amor em ti ser.
Virtuosa senhora,
Com alegria ou chorosa,
Pessoal flor, tão mimosa!
São Luís, maio de 2012.
FREI ALBERTO
Ó santo médico e missionário
Que se doou em Grajaú
Curando corpo e espírito
Restituindo o dom da saúde!
Ó destemido capuchinho
E desbravador de rincões
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
Com a luz da fé no caminho
Sanando humanos corações
O médico do corpo e da alma,
Alberto vive por quem ama:
Deus que a servir o chama!
Unido à irmã, santa Gianna,
Intercede por quem anda
Na trilha que Cristo nos manda!
Trizidela do Vale - MA, 15 de junho de 2013.
FREI DANIEL
De Samarate, missionário,
Capuchinho, ao Brasil vieste;
A tua Itália deixando,
Por este norte serviste.
Frei Daniel, trabalhaste,
No Pará, com tanto amor;
E, no Prata, te doaste
À missão com maior fervor.
Olha, benigno, os que sofrem;
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
Para que, conhecendo teu exemplo,
Também da dor, façam templo.
Recebe, com desejo, esta prece!
Ó servo de Deus, tão fiel,
Pra que alcancemos o céu.
Trizidela do Vale - MA, 15 de junho de 2013.
FREI ELIAS BALELLI
Frade de vigor profético
Configurado a Jesus
Na caridade e na cruz
Da fé és herói ascético.
Na juventude viste o mal
O mundano combate bélico
Mas nos sofridos viste o Cristo
E do amor cruzaste o vau
Elias, filho de Francisco
Fazendo-se dom, és invicto
Ó sacerdote do Altíssimo!
Ó servo de Nosso Senhor,
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
A eucaristia é o teu amor
E o desvalido foi teu penhor.
Trizidela do Vale - MA, 15 de junho de 2013.
FREI JOÃO PEDRO
Ó intrépido missionário
Que vergando o santo hábito
E o carisma do pai Francisco,
Chegaste aos nossos torrões,
Conduziste a nova missão
Propagando a catequização
Dos nortistas desta nação
Com frades cortando o sertão!
Frei João Pedro valoroso
É o fundador vigoroso
Das missionárias capuchinhas.
Ó servo fiel que bebeste,
O evangelho que viveste,
Na santa fonte franciscana!
Trizidela do Vale - MA, 15 de junho de 2013.
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
JULIANA
Juliana foi minha aluna,
que de estudar tanto gostava...
inteligente tal qual sua altura,
Literatura ela amava.
Menina delgada determinada,
Uma simpatia de pessoa!
De voz delicada e afinada,
tem uma determinação que ressoa!
Juliana! Juliana...
Juliana: gente boa!!!
A aluna Juliana,
Juliana que ressoa!!!
Pedreiras - MA, 25 de janeiro de 2014.
AMIGA GLENDA
Ó querida amiga,
Simpática “Glenda”;
Para o Zé, entendas,
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
És razão de sua vida.
O Zé, teu nome,
Lembra-me sempre,
Pois saudades, sente.
Andas, onde?!
Também tenho eu,
Uma boa saudade
Da nossa amizade:
Você, Zé e eu...
Ó amiga Glenda,
Estudiosa e benquista,
As tuas conquistas
Façam que o Zé aprenda...
Belém – PA, 19 de fevereiro de 2014.
LUANE
Nesta data, ó menina,
Agradeço a Deus...
Pois teu ser ilumina,
Os amigos teus.
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
Ó querida Luane,
Que você seja sábia,
E tua vida encante...
O que ela ame.
Ó Mocinha bonita,
Estuda pra vida:
Sem temer a lida!
Que Deus te proteja,
E onde tu estejas
A esperança floresça!
Belém – PA, 19 de fevereiro de 2014.
A DEUS LOUVADO
Frei Daniel é conformado
Ao sacrifício de Jesus, que
Em sua carne resplandece...
A Deus louvado!
Pela obediência é guiado
Do conventinho ao leprosário.
A dor moral tem por salário!
A Deus louvado!
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
Pelo Crucificado é beijado,
Também, deixa o conventinho, osculado...
A Deus louvado!
No Tucunduba adentrado,
Porta, Daniel, o lume sagrado...
A Deus louvado!
E sua fé na cruz invicta o faz
Pastor dos irmãos leprosos
Das suas sinas pesarosos...
E a salvação lá adentrou!
A Deus louvado!
A Deus louvado!
Belém-PA, 09 de abril de 2014.
NA TRILHA DE JESUS CRISTO
Na trilha de Jesus Cristo,
Um italiano jovem se fez capuchinho,
Bem como seu irmão, Tranquilino,
Vivendo a Regra de São Francisco.
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
Configurado ao Senhor,
Pelo sacerdotal ministério,
Pôs-se a servir ao Evangelho,
Com o dom do missionário ardor.
Almejando, de coração, a Missão,
O trabalhador pelas vocações,
Frei Pedro Antônio aqui chegou.
Psicólogo de razão e organização,
Com forte têmpera em sua ação,
Fez de sua vida uma oblação.
Belém – PA, 13 de maio de 2014.
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
POEMAS FILOSÓFICOS
“A SABEDORIA ELEVA SEUS FILHOS E CUIDA DOS QUE A
PROCURAM” (Eclo 4, 11)
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
VIDA E MORTE
Há quem viva e queira morrer;
E quem esteja morrendo e queira viver.
Pessoas há que trabalham em favor da morte,
Outras laboram, pondo a vida como “norte”...
Em favor da vida, está quem partilha,
Promovendo a morte está quem retira.
Muitos lutam pela vida,
Doando-se por suas famílias.
Não poucos, promovem a morte,
Só buscando a sua sorte.
Ainda há quem morra em paz,
“voando” para uma vida plena.
Existe, porém, quem se fez mal;
Merecendo por lucro a tristeza abissal.
Capanema – PA, janeiro de 2008.
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
AMOR E ÓDIO
O amor supera a dor,
Partilhando a felicidade;
Doando-se, em seu candor,
Dispersa toda a maldade.
O ódio estraga a vida,
Amargurando o coração...
Tristeza é a recompensa tida,
Por quem não deu o perdão.
O amor liberta, plenifica,
Torna a pessoa mais feliz...
O ódio age lhe escravizando,
E sua própria sorte o maldiz.
Capanema, janeiro de 2008.
BEM E MAL
O homem, com todo seu ser,
Por natureza, quer o bem...
Precisa buscar para [o] ter,
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
Nas atitudes que dele provêm.
Mas quando o homem se perde,
Nesta busca vivencial;
O desespero a verte,
Numa tristeza fatal.
Escravizado na maldade,
Perdendo sua liberdade;
Este ser expulsa o amor,
Seguindo, do vício à dor.
Necessita, porém, liberdade,
Com o amor e a verdade.
Capanema, janeiro de 2008
PENSAMENTOS
Pensamentos vão e vêm;
Na lucidez da razão...
Por vezes, como bravo cão,
Noutras, como plácida paisagem.
Uns podem sugerir o bem,
Outros, só planejam o mal;
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
Só com vigilância racional,
É possível “vê-los” bem.
Necessário é conhecê-los,
Discernindo, os vários fins.
Elegendo os bons e mantê-los,
Humanizar-nos ao vivê-los.
Capanema, janeiro de 2008.
FELICIDADE
Em busca da felicidade,
Andam os homens, nesta vida.
Tudo fazem a procurando,
Alegrar-se-ão encontrando...
E, seguem por essa via,
Quando vivem a caridade...
Capanema – PA, janeiro de 2008.
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
SABER VIVER NOSSA HISTÓRIA
Encontro-me, hoje, com saudades de você,
Contemplando árvores e casas
No frio de uma chuva de inverno.
Aqui, não desejo o inferno,
Da ausência de tuas protetoras asas;
Quero saber, das cisões de nossa história, o por quê.
Assim, mergulho no mundo das ideias,
Este plasma das essências, em busca da verdade,
Verdade nossa, de todo homem, nossa resposta.
É aqui que julgo as tuas propostas
Que dão à tua paixão um ar de liberdade;
Esta, que a mim, os tons do teu olhar, ofuscam.
E com juízo te respondo: O amor é caridade!
A “caritas” é a verdade do nosso ser,
É ela a via que imortaliza nosso viver.
E dá à nossa história o bom caráter do saber.
São Luís - MA, 25 de janeiro de 2010.
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
FILOSOFIA JÔNICA
Em natureza, ou na Physis,
Procuraram o princípio
Que une tudo o que existe...
Como grande causa disso tudo,
Na Jônia, tais filósofos e estudo;
Em Mileto, Tales na água insiste,
Anaximandro investiga o Apeiron,
E Anaximenes, o ar em sua dinamis.
São Luís – MA, 09 de julho de 2010
ESCOLA ELEÁTICA
Unindo Ser e pensamento,
Parmênides toca a metafísica
Supondo o Ser como Princípio
Arché estático:
Razão, princípio...
“O Ser é
E é necessário
Que ele seja;
O Não-ser não é,
E, é necessário que não seja”
São Luís, 20 de julho de 2010.
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
EU, AGOSTINHO E O TEMPO
Foi muito boa
A supra-existêncial experiência,
De aprender o agostiniano conceito
Da presencialidade do tempo.
Lia, do santo, as Confissões,
Num metafísico ócio filosófico,
Ao som da correnteza em Ferreira Gomes,
Naqueles refrescantes ares sem nomes.
Ah! Só há presente!
No presente, a atenção,
Do pretérito, a lembrança,
E pro futuro, a esperança.
O presente, não-ausente,
Que assente à esperança,
E no Amor, o Tudo alcança,
Pela fiducial esperança.
Ah! Esta experiência não é Cronos,
Mas essencialmente, no fenômeno,
É “Noumeno”, é Kairós!
São Luís – MA, 25 de setembro de 2010.
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
HERÁCLITO
De Éfeso, o calor do fogo convida,
Do sophos Heráclito, à filosofia:
Buscando o princípio da natureza,
Na mutabilidade, instabilidade...
Dinâmica!
Pois num rio, duas vezes não se entra,
Já que este e o banhista mudaram e mudam.
Os contrários vão e vêm, como em danças,
Antônimos, contrários,
A Physis fundamentam!
São Luís – MA, 30 de outubro de 2010.
PITÁGORAS
Na metafísica numérica mergulhado,
Pitágoras vê os arquétipos geométricos.
E na harmonia estelar fixado,
Transmite que o número é o princípio.
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
Pitágoras de Samos que vê os números celestes:
Sábio que deu nome aos filósofos!
São Luís – MA, 30 de 0utubro de 2010.
SOFISTAS
Aparência, técnica, oratória...
Vazias palavras relativas,
Politicagem e demagogia.
Protágoras e suas antilogias,
Górgias com sua retórica niilista,
Seguido de Pródico com sinonímia.
“Medida de tudo é o homem!”
Relativas “verdades” sem nomes!
São Luís – MA, 25 de novembro de 2010.
SOFIA (= Sabedoria)
Nesta noite de Ano Novo
Extasio-me no jardim,
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
Vendo as constelações
Que pontilham o nosso céu.
Porém sinto o desejo do mel
Que provém das tuas ações,
Perfumadas de jasmim,
Na luz dos teus belos olhos.
Ó amada Sofia,
Angustio-me em tua ausência
Na saudade de ti, desejada
Consolo-me com tuas estrelas...
Oh! E quão belas são elas!
Assim, minha presença te aguarda,
Nos teus adjetivos e essência
Aqui te aguardo. Sê bem vinda!
São Luís – MA, 01 de janeiro de 2011.
O FILÓSOFO
Colocando-se no caminho da ex-sistência,
O perplexo amigo da sabedoria reflete
Perante as novidades fenomênicas
Dadas na fluidez da realidade,
Em busca do fundamento a essência.
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
Faz-se racional, amante do saber,
Na busca da memória-verdade, procura
Que conhecida, pautará o seu agir
Numas, ética e política, sobre a realidade,
E na estética e transcendência do viver.
O filósofo: ser humano a caminho,
Assume a sua autêntica presença
Ao resguardar sua tarefa em seu estilo.
Ser filósofo é ter peso sobre o mundo;
Pois já que é livre, tem missão de libertar,
Propiciando a alteridade dos "pessoais mundos".
São Luís – MA, 08 de agosto de 2011.
ETERNA VOZ
Inteligindo o livro da existência,
Como uma singela pessoa,
Lavrado no tempo, foi o amor;
Fraterno amor, que brota da ternura,
Anunciando, da chama viva, o perene calor,
Brotado na eterna voz que ressoa
Encaminhando-nos na via da essência.
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Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
Ordem que vige nas entranhas da presença,
Legitimando a cruz plantada na vida;
Saindo adiante à luz da sabedoria, na
Verdade do dasein que cultiva sua rosa
Subindo rumo às alturas formosas,
Irradiantes de esplendor da parusia,
Imperando sobre a angústia perdida
Pelo amor, sentido pleno da vivência.
São Luís – MA, 07 de junho de 2012.
156
Jonas Matheus Sousa da Silva - BOULEVARD DE INVERNO - 2014
REFERÊNCIAS
ANDRADE, Paulo de Tarso. Belém e suas histórias:
de Veneza paraense a Belle époque. 2. Ed. Belém: Ed.
Do autor, 2004.
BÍBLIA de Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2002.
HEIDEGGER, Martin. A origem da obra de arte.
Lisboa: Ed. 70, 1991.
_______. Carta sobre o humanismo: carta a Jean
Beaufret (Paris). 5.ed. Lisboa: Gimarães Ed., 1998.
SILVA, Jovêncio Oliveira da. Congresso do Apostolado da
Oração..Disponível.em:<http://www.webartigos.com/arti
gos/congresso-do-apostolado-da-oracao/83226/>. Acesso
em: 25 abr. 2014.
157
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158
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SUMÁRIO





O AUTOR, p.4
AGRADECIMENTOS,p.5.
APRESENTAÇÃO, p.9.
POEMAS RELIGIOSOS, p.11.
POEMAS CRIATURAIS, p.37.

POEMAS NUPCIAIS: Da lavra autoral de Antônio
Jaspers Sodré, p.55.





POEMAS REGIONALISTAS, p.83.
POEMAS SOCIAIS, p.107.
POEMAS BIOGRÁFICOS, p.121.
POEMAS FILOSOFICOS, p.143.
REFERÊNCIAS, p. 157.
159
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São João Paulo II nos braços da Mãe de Deus
#e-mail do autor: [email protected]
160
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