CARNAVAL
O Estado do Maranhão - São Luís, 9 de março de 2011 - quarta-feira
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Fotos/Biné Morais
Mateus Silva, de apenas 2 anos, mostrou muita disposição
Raylan Silva, de 4 anos, deu show no bloco Originais do Ritmo
Ana Clara, Maria Clara (coreiras) e Thailiane (fada) caíram na folia
Crianças vestem a fantasia e
marcam presença no Carnaval
O grande número de foliões mirins, acompanhados de familiares, foi um dos destaques da Segunda-Feira de
Carnaval no circuito Deodoro-Madre Deus; na Praça da Saudade, o Bicho Terra garantiu a alegria da multidão
Diego Torres
Da equipe de O Estado
Q
uem escolheu o
centro
de São Luís para pular o Carnaval na Segunda-feira
Gorda se surpreendeu ao
ver tantas crianças no circuito. Eram fantasias de desenho
animado, fada madrinha, ritmistas de blocos tradicionais e o tradicional fofão.
A animação e disposição dos
pequenos eram de deixar muitos
adultos boquiabertos. “É mais fácil eu cansar e pedir para ir embora do que ele reclamar de alguma coisa”, disse Helena Regina da
Silva, tia de Raylan Silva, de 4
anos. Em seu segundo ano presente nas ruas do centro da cidade, Raylan dava um show de simpatia por onde passava com sua
fantasia de ritmista do bloco tra-
dicional “Originais do Ritmo”. “É
a segunda noite dele e pelo jeito
vai sentir falta da festa”, disse Helena.
Também no mesmo bloco,
mas com a metade da idade de
Raylan, John Schneider mostrava desenvoltura com a percussão e cheio de estilo dava sua
contribuição à banda do “Originais do Ritmo”. Sob o
olhar atento dos familiares e
amigos, John não se intimidava
com a quantidade de pessoas
que se parava para vê-lo tocando e continuava até o restante
do grupo parar.
Vestida a caráter para a festa,
Stefanie Gonçalves, de 3 anos, era
só animação para as noites de
Carnaval. A mãe, Ludmila Mendes, diz que já é quase uma obrigação levar a filha fantasiada pelo menos duas noites de folia.
Disposição - Com uma chupeta
como acessório da fantasia de
presidiário, Mateus Silva, de 2
anos, não parava quieto um só
instante e quando os blocos tra-
dicionais seguiam para a Madre
Deus pela Rua do Passeio, seu pai,
Sílvio Salles, tinha que redobrar a
atenção. “Esse é o segundo Carnaval que ele brinca e com o passar dos anos a disposição só aumenta. Enquanto houver música tocando, ele está brincando”,
disse Salles.
Um pouco mais adiante, as irmãs Ana Clara e Maria Clara e a
amiga Thaliane Jaqueline chamavam a atenção de quem passava
pelo palco armado entre a Rua do
Passeio e a Rua das Cotovias. Roberto Martins, pai das irmãs, disse que o pedido das crianças foi
de que fossem confeccionadas
roupas de dançarinas de tambor
de crioula, as famosas coureiras.
“O problema é na hora de ir embora, porque elas querem ser
sempre as últimas a deixar o circuito”, contou Roberto.
Mas a festa não foi só das
crianças. Um dos mais antigos
moradores do Centro de São
Luís e espectador do Carnaval
desde as suas primeiras manifestações no local, o aposentado
Wilson Portela, de 94 anos, segundo informou sua filha Lúcia
Portela, pediu para ver a festa
momesca este ano. “Ficamos
preocupadas apenas num primeiro instante, mas depois decidimos vir acompanhando-o e
atendendo seu pedido”, disse a
filha do aposentado.
“Aos poucos, o Carnaval em
São Luís está voltando a ser o que
era antes. Se continuar assim, o
próximo ano vai ser ainda melhor”, disse. A afirmação do comerciante Roberto Siqueira é de
quem já brincou muito Carnaval
no centro de São Luís e espera
um resgate da tradição maranhense. O comerciante pensa
que ainda não seja possível comparar o Carnaval deste ano com
o que ele chama de auge do Carnaval ludovicense, até o início
dos anos 2000. “Ao longo dos
anos, todos temos notado que
houve um certo esvaziamento da
capital no período carnavalesco,
mas nos dois últimos anos têm
sido crescente o número de foliões”, observou.
Herdeiros do Aldemir ‘trocam
de sexo’ para cair na folia
Homens vestidos de mulher
e mulheres vestidas de homem.
Por mais comum que possa parecer, a brincadeira de trocar o
sexo durante uma semana de
festa tem um significado especial
para o grupo Herdeiros do Aldemir.
O homenageado em questão
foi um dos primeiros maranhenses a adotar o estilo “travesti” no
Carnaval e justamente em uma
época mais intransigente no país:
os anos 70. O que hoje é visto
com naturalidade nas ruas de
qualquer cidade que tenha uma
folia de Momo precisou de um
desbravador em São Luís, e foi aí
que surgiu o Aldemir.
O grupo é formado por cerca
de 60 pessoas e o interessado
em entrar não basta querer. “Ou
ele é familiar e, portanto, um legítimo ‘herdeiro’, ou é convidado
por um integrante”, frisa um dos
diretores do bloco Frederico Moreira, que de peruca não lembra
o advogado que é durante a semana de trabalho.
Vestido como a personalidade Jacqueline, da novela da Rede Globo Ti-ti-ti, o cantor e compositor Alberto Trabulsi é um dos
organizadores e cantores do grupo durante o percurso feito entre a Praça Deodoro e a Madre
Deus. Trabulsi revela que todos
os anos as roupas e personagens
a serem “homenageados” são decididos em votação com a participação de todos os integrantes.
“Depois do Ano-Novo, nós reunimos o grupo para fazer a votação de quem serão os personagens. A votação acontece durante os sábados e, como não poderia deixar de ser, com muita alegria”, completa.
Bicho Terra agitou foliões
e fãs na Praça da Saudade
Grupo da Madre Deus sacudiu a multidão
e foi um dos pontos altos da festa de Momo
na noite de Segunda-Feira de Carnaval
Bastou o grupo madredivino
subir ao palco da Praça da Saudade, em frente ao cemitério do
Gavião, para os foliões pularem
ao som dos maiores sucessos do
Carnaval maranhense. A apresentação do Bicho Terra emocionou e fez muita gente pular
na Segunda-feira de Carnaval.
“Esse é o Carnaval de São
Luís: o Bicho Terra”. A afirmação
da cantora Alcione, três noites
anteriores em sua apresentação
na Avenida Litorânea, soou como um chamado para os mi-
lhares de foliões que assistiram
ao show de um dos grupos maranhenses que mais representam a cultura popular do Maranhão com fidelidade.
A Praça da Saudade ficou pequena para quem queria dançar ao som de sucessos como
“Gostosa” e “Batendo lata”. Enquanto no palco o diretor artístico da Companhia Barrica, José Pereira Godão, convocava o
público e brincava que a música seguinte seria a última, na
platéia o desejo era de que o
grupo tocasse até o nascer do
sol. “Eu só saio de casa para ver
o Bicho Terra. Onde eles estivere m eu estarei”, disse a estudante Carolina Antunes que,
acompanhada por três outras
amigas, procurava o informativo com as datas e locais de
apresentação do “Bicho”. “É a
melhor parte do Carnaval”, resumiu a estudante.
Antes de encerrar a apresentação, o grupo chamou a platéia
para hoje ir até a cidade de Rosário, onde acontece mais uma
edição do “Micarroça”. “Vai ser
o trem do Bicho e quem quiser
dançar e curtir mais conosco é
só ir até o micarroça”, convidou
Godão.
Multidão lotou a Praça da Saudade e fez a festa ao som dos grandes sucessos do Bicho Terra
Travestidos, foliões e folionas do Herdeiros do Aldemir fizeram a festa com descontração no circuito
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Crianças vestem a fantasia e marcam presença no