UNIÃO DINÂMICA DE FACULDADE CATARATAS FACULDADE DINÂMICA DAS CATARATAS CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL Missão: “Formar Profissionais capacitados, socialmente responsáveis e aptos a promoverem as transformações futuras” VIABILIDADE DA AUTOCLAVAGEM PARA TRATAMENTO DOS RESÍDUOS DE SERVIÇO DE SAÚDE EM FOZ DO IGUAÇU - PR WENDY ALESSIS ROCHA DE GIMENEZ IBAÑEZ Foz do Iguaçu - PR 2010 I WENDY ALESSIS ROCHA DE GIMENEZ IBAÑEZ VIABILIDADE DA AUTOCLAVAGEM PARA TRATAMENTO DOS RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE EM FOZ DO IGUAÇU - PR Trabalho Final de Graduação apresentado à banca examinadora da Faculdade Dinâmica de Cataratas (UDC), como requisito para obtenção de grau de Engenheiro Ambiental. Profa. Orientadora: Ms. Paula Vergili Pérez Foz do Iguaçu – PR 2010 II TERMO DE APROVAÇÃO UNIÃO DINÂMICA DE FACULDADES CATARATAS VIABILIDADE DA AUTOCLAVAGEM PARA TRATAMENTO DOS RESÍDUOS DE SERVIÇO DE SAÚDE EM FOZ DO IGUAÇU - PR TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE BACHAREL EM ENGENHARIA AMBIENTAL Acadêmico(a): Wendy Alessis Rocha de Gimenez Ibañez Orientadora: MSc. Paula Vergili Pérez Nota Final Banca Examinadora: Eng° Civil José Augusto Carlessi Prof(°). MSc. Rodrigo Augusto Zembrzuski Pelíssari Foz do Iguaçu, 09 de Dezembro de 2010. III Ao meu Pai, Jorge A. Rocha de Gimenez e a minha Família, Janete Rita e Johanna S. Rocha de Gimenez, pela dedicação, paciência e carinho. IV AGRADECIMENTOS A Deus por estar presente em minha vida e me dar força e coragem, todos os dias. Aos meus pais Jorge A. Rocha de Gimenez e Janete Rita de Souza por me proporcionarem a oportunidade de estudar e por me incentivarem durante toda minha caminhada. A minha orientadora Paula Vergili Pérez pela enorme paciência em me orientar e depositar sua confiança na conclusão deste trabalho. Ao Engenheiro José Augusto Carlessi pela ajuda inigualável na elaboração deste trabalho. Ao Sr Esteban Fernandez da empresa Kuarahy S.A. de Ciudad del Este – Paraguai, pelas informações essenciais para a conclusão deste trabalho. A minha amiga Berenice Benitez Notto por me apoiar, incentivar e sempre estar ao meu lado, nos momentos de crise e desespero pelo TFG. As minhas amigas Maria Soledad Meaurio, Gloria Liz Meaurio, por me incentivarem e sempre me apoiarem ouvindo as mil idéias para o TFG. Aos meus amigos Alvaro Mari Junior, André Luis de Almeida e Alisson Rodriguez Alves por me apoiarem e incentivarem. Aos demais amigos “pokemons”, por sempre me apoiarem. A todos os meus colegas de faculdade pelos churrascos, pelos tererés e pelo companheirismo nesses cinco anos. E aos professores por me ensinarem e compartilharem comigo os seus conhecimentos. V “Mantengo el tema de mi investigación constantemente ante mí, y espero hasta que el primer resquicio abra gradualmente, poco a poco, transformándose en una clara y completa luz”. Isaac Newton VI IBAÑEZ, Wendy. Viabilidade da Autoclavagem para Tratamento dos Resíduos de Serviço de Saúde em Foz do Iguaçu - PR. Foz do Iguaçu, 2010. Trabalho Final de Graduação (Bacharelado em Engenharia Ambiental) - Faculdade Dinâmica de Cataratas. RESUMO A destinação adequada dos Resíduos Sólidos de Saúde (RSS) merece atenção quanto às metodologias adequadas para o seu tratamento que possibilitem benefícios e segurança para a comunidade e ao meio ambiente. Por tratar-se da gestão dos RSS que é empregada no município de Foz do Iguaçu – PR há a preocupação sobre o que poderia ser feito pela melhoria e diminuição de custos deste serviço. Uma possível metodologia é a autoclavagem, que consiste no tratamento dos resíduos com vapor saturado, onde estes são expostos a temperaturas entre 121ºC a 132ºC durante 15 a 30 minutos para a destruição das bactérias, que ocorre pela termocoagulação das proteínas citoplasmáticas (VIMIEIRO, 2007). Este trabalho visa analisar a viabilidade da implantação de uma autoclave no aterro sanitário do município Foz do Iguaçu - PR para tratamento dos RSS gerados e de responsabilidade da Prefeitura do município, através da Analise de Custo e Benefício (ACB). Os resultados da analise de viabilidade demonstraram a eficiência do processo de autoclavagem tanto ambiental quanto econômica. Palavras-Chave: Métodos – Desinfecção – Resíduos (Resíduos de Serviço de Saúde). VII IBAÑEZ, Wendy. Feasibility of Autoclave Waste Treatment Health Service in Foz do Iguaçu - Pr. Foz Do Iguaçu, 2010. Completion of course work (Bachelor of Environmental Engineering) - Faculdade Dinâmica de Cataratas. ABSTRACT Some human activities generate impacts that degrade the environment, negatively affecting the quality of life of society. Most of population is concentrated in urban areas causing the accumulation of waste. These waste should be treated appropriately. The proper disposal of Solid Waste Health (RSS) deserve attention so that it will contribute to reducing the risk of accidents and appropriate methodologies for its treatment, besides preserving the environment and enable security benefits. Because it is operating licensed landfill, but also the management of RSS that is employed by the municipality concerned, there is concern about what could be done by improving development and cost reduction, considering the current law and the interest the community involved. One possible method is sterilization, defined as waste treatment with saturated stearn, where they are exposed to temperatures of 121°C to 132°C for 15 – 30 minutes for the destruction of bacteria, which occurs by thermocoagulation of cytoplasmatic proteins (VIMIEIRO, 2007). This work aims to develop a feastibility analysis of implementing an autoclave at the landfill in the city of Foz do Iguaçu – PR for the treatment of RSS generated by the municipality through the cost and Benefit Analysis (CBA). The results of the feasibility analysis showed the efficiency of the autoclaving process both environmental and economic. Keywords: Waste – Autoclave – Treatment. VIII SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 01 2 REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................................. 03 2.1 IMPACTOS AMBIENTAIS URBANOS…......................................................... 03 2.2 RESIDUOS SÓLIDOS..................................................................................... 05 2.2.1 Resíduos de Serviços de Saúde................................................................. 08 2.2.2 Classificação dos RSS................................................................................ 10 2.2.3 Tratamento dos RSS.................................................................................... 15 2.3 AUTOCLAVAGEM........................................................................................... 19 2.3.1 Processo de esterilização........................................................................... 22 2.4 DESTINAÇÃO FINAL DOS RSS................................................................... 26 2.5 PRÁTICAS DE AUTOCLAVAGEM DOS RSS............................................... 30 3 MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................... 32 3.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO................................................. 32 3.1.1 Características da Cidade de Foz do Iguaçu - PR.................................... 32 3.1.2 Características do Aterro sanitário de Foz do Iguaçu.............................. 32 3.1.3 Características dos RSS de Foz do Iguaçu............................................... 35 3.2 METODOLOGIA DA PESQUISA............…..................................................... 36 3.3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS….................................................... 37 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................................... 39 4.1 LEGISLAÇÃO PERTINENTE.......................................................................... 39 4.2 QUANTIFICAÇÃO DOS RSSMs DE FOZ DO IGUAÇU.................................. 42 4.3 INTERESSE ECONÔMICO DA AUTOCLAVAGEM........................................ 46 4.4 ANÁLISE DE CUSTO/BENEFÍCIO DA INSTALAÇÃO DA AUTOCLAVAGEM................................................................................................. 49 4.5 ASPECTOS AMBIENTAIS ENVOLVIDOS...................................................... 52 4.6 VIABILIDADE DA PROPOSTA........................................................................ 54 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................ 56 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 57 APÊNDICE I........................................................................................................... 64 APÊNDICE II.......................................................................................................... 65 IX LISTA DE QUADROS Quadro 1: Tratamento para os RSS segundo o CONAMA e a ANVISA............... 16 Quadro 2: Características dos materiais utilizados para invólucros e sua adequação ao processo de esterilização............................................. 24 Quadro 3: Destinação final para os RSS segundo o CONAMA e a ANVISA........ 27 Quadro 4: Comparação entre vantagens e desvantagens entre a Autoclave e Incineração........................................................................................... 48 X LISTA DE FIGURAS Figura 1: Corte ilustrativo de um aterro sanitário................................................... 07 Figura 2: Vista satelital do Aterro Sanitário de Foz do Iguaçu – PR, Brasil........... 33 Figura 3: Drenos de Biogás e Percolados do Aterro Sanitário de Foz do Iguaçu – PR, Brasil............................................................................................. 34 Figura 4: Tratamento de efluentes líquidos da autoclavagem de RSS da empresa Kuaray S.A. em Ciudad del Este – Paraguai........................... 53 XI LISTA DE TABELAS Tabela 1: Eficácia da esterilização em autoclaves por indicadores químicos externo, interno e biológico................................................................ 25 Tabela 2: Descarte anual de Resíduos Sólidos Municipais no Aterro Sanitário de Foz do Iguaçu desde 1996........................................................... 35 Tabela 3: Demonstrativo do número de estabelecimentos de saúde de Foz do Iguaçu até março de 2010............................................................ 36 Demonstrativo da Coleta Anual de Resíduos de Serviço de Saúde Municipais de Foz do Iguaçu............................................................. 43 Demonstrativo Mensal de Resíduos de Serviço de Saúde Municipais de Foz do Iguaçu – PR em 2009..................................... 44 Tabela 4: Tabela 5: Tabela 6: Relação dos RSS coletados de Janeiro a Maio de 2010 em Ciudad del Este – Paraguai em quilogramas................................................. 45 Tabela 7: Comparação de Quantidade de Resíduos de Serviço de Saúde entre Foz do Iguaçu e Ciudad del Este – Paraguai em quilogramas....................................................................................... Tabela 8: Descrição dos itens do investimento inicial para instalação da Autoclave no Aterro Sanitário de Foz do Iguaçu – PR...................... 45 50 Tabela 9: Descrição do consumo de gasolina de uma viagem para tratamento e disposição final dos Resíduos de Serviço de Saúde (Ida e volta)........................................................................................ 50 Tabela 10: Valores Aproximados por Processo de Tratamento dos Resíduos de Serviço de Saúde......................................................................... Tabela 11: 51 Custos Mensais Aproximados para Tratamento dos Resíduos de Serviço de Saúde.............................................................................. 51 1 INTRODUÇÃO Algumas atividades humanas geram impactos que degradam o meio ambiente, afetando negativamente a qualidade de vida da sociedade. O desenvolvimento das cidades deve considerar o macrozoneamento, organizando estratégias que envolvam o planejamento urbano com economicidade e equidade trazendo benefícios a todos os cidadãos de forma sustentável. A maior parte da população concentra-se nas áreas urbanas gerando o acúmulo de resíduos. Estes resíduos devem ser tratados de forma adequada, nos Aterros Sanitários, pois além de provocarem a desvalorização dos imóveis em seu entorno há o risco de contaminação do lençol freático e o risco de acidentes como a explosão dos gases emanados pelo mesmo. Contudo, questões que envolvem sobre a destinação correta que é dado aos Resíduos de Serviços de Saúde (RSS), ou popularmente denominado “lixo hospitalar”, que é produzido por uma cidade, atrai a atenção por ser este considerado perigoso pela sua potencialidade de transmissão de patógenos. A destinação adequada dos RSS deve diminuir o risco de acidentes e favorecer o uso de metodologias adequadas para o seu tratamento que, além de preservar o meio ambiente possibilitem benefícios e segurança para a comunidade. A autoclavagem é uma das metodologias utilizadas para tratamento que consiste no tratamento térmico dos RSS sob pressão por meio do vapor d’água em temperaturas elevadas. Deste modo são destruídos os agentes patogênicos evitando a transmissão de doenças que poderiam ser transmitidas pelo manuseio inadequado deste tipo de resíduo. São várias as cidades que já tratam os seus RSS com o método da autoclavagem, tanto por empreendimentos próprios como no caso do Consórcio Intermunicipal de Saúde da cidade de Penápolis – SP, que atende outras cidades do Estado de São Pulo como: Avanhandava, Alto Alegre, Barbosa, Braúna, Glicério e Luiziânia, que juntas geravam 266 Kg/dia-1 de resíduos infectantes. Como também no Estado de Santa Catarina o Aterro Industrial e Sanitário é administrado pela empresa privada Santec que fornece serviços licenciados desde 2007 para tratamento por autoclavagem dos RSS na cidade de Içara – SC. Em Foz do Iguaçu – PR existem vários tipos de serviços de saúde totalizando 28 locais geradores de RSS entre Hospitais e Postos de Saúde. Estes 2 são tratados pela empresa D.Lanzarini e Cia Ltda que realiza a incineração e funciona desde 2008 sob licença ambiental cedida pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e opera no município de Medianeira – PR. Esta recebe uma média de 500 Kg de resíduos por dia segundo trabalho realizado por Manenti (2010). Por tratar-se da operação de um aterro sanitário licenciado, como também da gestão dos RSS que é empregada pelo município em questão, existe a preocupação sobre o que poderia ser feito pela melhoria do empreendimento e diminuição de custos, considerando a legislação vigente e o interesse da comunidade envolvida. Este trabalho visa elaborar uma análise de viabilidade da implantação de uma autoclave no aterro sanitário do município Foz do Iguaçu - PR para tratamento dos RSS gerados e de responsabilidade da Prefeitura do município, através da Analise de Custo e Benefício (ACB), por meio do levantamento do número de instituições geradoras de RSS no município e os custos para seu tratamento; com base em pesquisas na literatura especializada, nas leis e documentos governamentais nacionais e internacionais e informações técnicas disponibilizadas por empresas especializadas em autoclavagem. 3 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 IMPACTOS AMBIENTAIS URBANOS A cidade é um lugar que o homem adaptou para centro de convivência e trabalho, organizando nela o tempo e o espaço, transformando-a intensamente – e quase sempre de maneira desordenada – no seu próprio ambiente (COIMBRA, 1999). O Censo de 2000, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que mais de 80% dos brasileiros são considerados população urbana e se concentra vivendo nos centros urbanos, porém isso ocorreu com o passar do tempo. O crescimento populacional e a intensidade da industrialização são fatores que contribuem para o aumento da produção de resíduos sólidos. A população mundial está crescendo em ritmo acelerado e no Brasil, o quadro não é diferente (NOGUEIRA & ROCHA, 2001). A cultura de um povo ou comunidade caracteriza a forma de uso do ambiente, os costumes e os hábitos de consumo de produtos industrializados e da água. No ambiente urbano tais costumes e hábitos implicam na produção exacerbada de resíduos e a forma com que os mesmos são tratados ou dispostos no ambiente, gerando intensas agressões aos fragmentos do contexto urbano, além de afetar regiões não urbanas (MUCELIN & BELLINI, 2008). Do ponto de vista pratico, as municipalidades devem organizar-se tecnicamente, ter metodologias definidas para ações, sejam elas especificas sejam com outras áreas da administração pública, ou mesmo em consórcios intermunicipais. Devem também avançar na construção de seus sistemas locais de planejamento, de licenciamento, de controle e fiscalização e de conscientização ambiental, buscando mecanismos que levem à sustentabilidade de suas estruturas e à competência de suas instituições (FRANCO, 1999). Villaça (2005) afirma que o Plano Diretor é apresentado como um instrumento muito mais poderoso e abrangente que o Zoneamento. Este, mesmo que tendo objetivos de natureza social e econômica, só se refere ao controle do uso do solo e executa-se – no caso de São Paulo – através de leis auto-aplicáveis. O Plano Diretor, ao contrário, abrangeria todos os problemas fundamentais da cidade inclusive e principalmente os de transportes, saneamento, educação, saúde, 4 habitação, poluição do ar e das águas e até mesmo questões ligadas ao desenvolvimento econômico e social do município. A Constituição Federal Brasileira confere aos municípios a competência de organizar e prestar os serviços públicos de caráter urbano, aí incluídas as tarefas de limpeza pública e disposição final dos resíduos sólidos urbanos. Esta prestação de serviços pode ser realizada pela própria Prefeitura Municipal ou ser terceirizada. Neste último caso, a Prefeitura Municipal é responsável pelo pagamento às empresas prestadoras de serviços, com base no número de toneladas coletadas. O gerenciamento eficiente dos resíduos sólidos urbanos é ponto fundamental para que se estabeleça um uso mais racional e sustentável do solo e do meio ambiente (NOGUEIRA & ROCHA, 2001). Entende-se como impacto ambiental qualquer alteração produzida pelos homens e suas atividades, nas relações constitutivas do ambiente, que excedam a capacidade de absorção desse ambiente (MOREIRA,1997). De acordo com Coelho (2005), a complexidade dos processos de impacto ambiental urbano apresenta um duplo desafio. De um lado, articular uma interpretação coerente dos processos ecológicos (biofísico-químicos) e sociais à degradação do ambiente urbano e por outro lado a tendência à urbanização apresenta um desafio para técnicos, administradores e planejadores, a concentração urbana e das atividades a ela relacionada provoca uma ruptura do funcionamento do ambiente natural. Essas abordagens da problemática ambiental têm enfoques diferentes, por um lado a paralisação do crescimento populacional, por outro lado a paralisação do crescimento econômico, como também a correção de danos ambientais, a desocupação humana de alguns ecossistemas, além da redistribuição de poder e de recursos produtivos e a sustentabilidade ambiental e social. Mas, estas abordagens têm em comum o mesmo conceito de ambiente, ou seja, as relações dos homens com a natureza para preservação dos recursos naturais (MOREIRA,1997). O percolado produzido nos locais de depósitos dos resíduos sólidos urbanos é um dos fatores de maior limitação para a disposição de resíduos orgânicos sobre o solo, uma vez que sua migração, desde a superfície do terreno até o lençol freático, pode transportar uma série de compostos químicos e agentes biológicos, poluindo, conseqüentemente, os mananciais de águas superficiais ou subterrâneas (CARVALHO et. al., 2006). 5 Situações de poluição pela disposição inadequada de lixo provocam impactos ambientais negativos em diferentes ecossistemas da cidade como as margens e leito dos rios, margens de ruas e estradas, Fundos de Vale e lotes baldios (MUCELIN & BELLINI, 2008). Em um projeto de aterro sanitário, deve ser contemplada, necessariamente, a instalação de rede de drenagem para o percolado e para os gases gerados nas células de lixo. O percolado coletado deve ser tratado para que possa ser lançado em corpo hídrico receptor e os gases queimados ou aproveitados como fonte de energia para minimizar a contaminação atmosférica (CARVALHO et. al., 2006). O volume de recursos necessários ao gerenciamento dos resíduos sólidos é de grande proporção. Apesar disso é comum encontrar implantadas nas cidades brasileiras, soluções técnicas de custos elevados compostas sem muitas das informações fundamentais necessárias, o que levam a distorções e inadequações gritantes. Cidades que adquirem veículos compactadores cuja manutenção é inacessível e onde as ruas não permitem o tráfego dos mesmos; implantação de usinas de reciclagem e compostagem que se revelam onerosas operacionalmente e que não resolvem o problema da destinação final dos resíduos, terminando por serem fechados sistemas de termo-destruição que não cumpram as normas ambientas quanto aos efluentes (FERREIRA, 1995). 2.2 RESÍDUOS SÓLIDOS A Organização Mundial da Saúde (OMS) define saneamento como o controle de fatores que atuam sobre o meio ambiente e que exercem, ou podem exercer, efeitos prejudiciais ao bem-estar físico, mental ou social do homem (OMS, 2006 apud BRASIL, 2006). Para Heller et. al. (1997) saneamento corresponde à intervenção no meio físico no qual habita e convive o homem, visando criar condições de salubridade, protegendo sua saúde e sua vida. De acordo com Andreoli & Pinto (2001) algumas questões relacionadas aos resíduos de saneamento são contempladas na Agenda 21, na qual as alternativas de minimização da geração, bem como sua disposição segura e ambientalmente aceitável, devem ser buscadas e adotadas. 6 Atualmente, uma das maiores preocupações ambientais está relacionada aos resíduos sólidos gerados pela sociedade moderna e consumista. Com a intensificação do processo industrial, aliada ao crescimento da população e à consequente demanda por bens de consumo, o homem produz quantidades significativas e crescentes de resíduos sólidos, que são constituídos de uma mistura muito complexa e de natureza diversa, cujos principais constituintes são: material orgânico, papel, vidro, plástico e metais (CELERE et. al, 2007). A disposição final do lixo urbano é um dos mais graves problemas enfrentados pelo Poder Público municipal, responsável pelo destino de toneladas diárias de resíduos sólidos de toda espécie. Trata-se de uma atividade altamente impactante, pois os aterros sanitários, mesmo controlados, implicam a degradação ambiental de extensas áreas, sendo comuns os vazadouros clandestinos (ARAÚJO, 2005). Nos aterros sanitários, a degradação ambiental e os riscos para a saúde pública podem ser bastante minimizados, caso o empreendimento seja gerenciado com critérios técnicos e haja monitoramento das principais vias de contaminação do meio ambiente e das populações humanas (LIMA et al, 2004). Conforme Norma NBR 8419 da ABNT (1992), o aterro sanitário define-se pela técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos (RSU) no solo, sem causar danos à saúde pública e à sua segurança, minimizando os impactos ambientais; método este que utiliza princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos à menor área possível e reduzi-los ao menor volume permissível, cobrindo-os com uma camada de terra na conclusão de cada jornada de trabalho, ou a intervalos menores, se necessário, conforme podemos visualizar na Figura 1, na qual é possível verificar com maiores detalhes as estruturas de um Aterro Sanitário. 7 Figura 1: Corte ilustrativo de um aterro sanitário Fonte: Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (2001). Lima et al (2004) indicou como etapas necessárias para a elaboração do projeto de um Aterro Sanitário, a escolha de área ambientalmente adequada, o projeto de instalação com projetos de engenharia com preocupações ambientais, um gerenciamento com monitoramento eficiente e, por fim, o fechamento da área com monitoramento, recuperação ambiental e utilização restrita e compatível àquela definida pelas novas condições ambientais geradas, com a presença dos resíduos aterrados. A relação de custos para sistemas de destinação final de resíduos é, de forma geral, bastante favorável a aterros sanitários que, se projetados e operados corretamente, não interferem com o meio ambiente e seguramente são mais adequados às condições do Terceiro Mundo (FERREIRA, 1995). A destinação de resíduos sólidos urbanos em aterro sanitário é uma medida de saneamento básico importante no contexto de uma política ambiental e de saúde pública conseqüente. Isso pode ajudar na proteção da saúde da população e na preservação dos recursos naturais do solo e das águas. Entretanto, um aterro sanitário instalado em local inadequado, ou operado sem monitoramento e controle técnico, pode constituir apenas em uma fachada bonita para uma ação, ambientalmente, inconseqüente (LIMA et al, 2004). 8 2.2.1 Resíduos de Serviços de Saúde A questão da Limpeza Urbana é parte integrante do Sistema de Saneamento Básico. Neste sistema, destaca-se como prioridade o tratamento de água para atividades vitais básicas, e depois, a necessidade de afastar do ambiente mais próximo os resíduos gerados - esgotos e lixo. Essa preocupação reflete a ação dos governantes que acabam agindo principalmente na coleta de resíduos, enquanto muito pouco se faz a respeito do tratamento e do destino final corretos destes resíduos. Como consequência, a grande maioria dos municípios brasileiros não tratam, nem dão destino adequado a seus resíduos (BELEI, TAVARES & PAIVA, 2000). Com base na Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB, 2000 apud ELEUTÉRIO, HAMADA & PADIM, 2008), do IBGE, a maioria dos municípios brasileiros não utiliza um sistema apropriado para efetuar a coleta, o tratamento e a disposição final dos RSS. De um total de 5.207 municípios brasileiros pesquisados, somente 63% realizam a coleta dos RSS. (BRASIL, GRSS, 2006 apud ELEUTÉRIO, HAMADA & PADIM, 2008). O que é mais alarmante é que 3.466 municípios nem sequer dão um destino adequado aos resíduos infectantes. Os Resíduos de Serviços de Saúde (RSS) são materiais (culturas de laboratórios, gases, pele, curativo, seringas, agulhas, medicamentos e outros) gerados por prestadores de assistência médica, odontológica, laboratorial, farmacêutica e instituições de ensino e pesquisa médica relacionadas tanto à população humana quanta à veterinária. Este tipo de resíduo, apesar de representarem uma pequena parcela em relação ao peso total de resíduos gerados em uma comunidade, são fontes potenciais de propagação de doenças e apresentam um risco adicional aos trabalhadores dos serviços de saúde e a comunidade em geral, quando gerenciados de forma inadequada (SILVA & HOPPE, 2005). A disposição, coleta e tratamento dos RSS – o chamado lixo hospitalar – têm sido alvo de grande preocupação da sociedade moderna que, embora ainda não saiba completamente como tratar os 30 trilhões de quilos de lixo produzidos no planeta todos os anos, se indigna ao saber que materiais como seringas, agulhas, bisturis, curativos e bolsas de sangue contaminados, tecidos e partes anatômicas de corpos humanos, bem como remédios e drogas vencidos, dentre outros, todos 9 integrantes de uma grande lista de resíduos gerados nos estabelecimentos de saúde e órgãos congêneres, são depositados livremente em lixões, a céu aberto, onde ficam em contato direto com catadores, animais e insetos (BARBOSA, 2002). Para Ferreira (1995) os resíduos hospitalares são os resíduos produzidos em unidades de saúde, constituídos de lixo comum (papel, restos de jardim, restos de comida de refeitórios e cozinhas etc), resíduos infectantes ou de risco biológico (sangue, gaze, curativos, agulhas etc) e resíduos especiais (químicos, farmacêuticos e radioativos). No entanto para Garcia & Zanetti-Ramos (2004) os resíduos de serviços de saúde são geralmente considerados apenas aqueles provenientes de hospitais, clínicas médicas e outros grandes geradores. Entretanto, resíduos de natureza semelhante são produzidos por geradores bastante variados, incluindo farmácias, clínicas odontológicas e veterinárias, assistência domiciliar, necrotérios, instituições de cuidado para idosos, hemocentros, laboratórios clínicos e de pesquisa, instituições de ensino na área da saúde, entre outros A questão central que se coloca é sobre a periculosidade ou não dos resíduos hospitalares. Embora esta seja uma questão não-resolvida, os países desenvolvidos adotam uma política cautelosa e consideram tais resíduos como resíduos que exigem tratamento especial (perigosos, patogênicos, patológicos, entre outras denominações). A recomendação de incineração dos resíduos, ou de parte deles, é uma constante (FERREIRA, 1995). Outros países, como o Reino Unido, África do Sul, França e Bélgica, consideram a quase totalidade dos resíduos produzidos nos hospitais como resíduo hospitalar. Assim, por excesso de cautela, contabiliza uma média de 1,5 a 2,0 kg/leito/dia-1 (por pessoa) de RSS em sua rede hospitalar (BARBOSA, 2002). Da mesma forma que para os resíduos sólidos em geral, as propostas de gerenciamento para os resíduos hospitalares tem-se fundamentado em padrões do Primeiro Mundo (FERREIRA, 1995). Entretanto no Brasil, devido às condições precárias do sistema de gerenciamento de resíduos, não há estatísticas precisas a respeito do número de geradores, nem da quantidade de resíduos de serviços de saúde gerada diariamente (GARCIA & ZANETTI-RAMOS, 2004). Teixeira (2006) afirma que o município de Juiz de Fora – MG passou recentemente por uma mudança de postura em relação ao sistema de gestão de resíduos sólidos urbanos e, consequentemente, dos resíduos de serviços de saúde, 10 vivenciando todas as interfaces e dificuldades em administrar tal situação, ao licenciar e implantar o primeiro Aterro Sanitário do município de acordo com as diretrizes e normas estabelecidas. 2.2.2 Classificação dos RSS Os estados e muitos dos municípios brasileiros possuem legislações próprias específicas sobre o gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde, estabelecendo normas para a classificação, segregação, armazenamento, coleta, transporte e disposição final desses resíduos. Contudo, as legislações em vigor não são claras e muitas vezes são conflitantes, o que provoca dúvidas e impossibilita a adoção de normas práticas eficazes para o gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde em todo o país (GARCIA & ZANETTI-RAMOS, 2004). Antes da norma específica de classificação de resíduos de serviços de saúde (NBR 12808/93) ser elaborada, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) já havia publicado a NBR 10004/87 sobre a classificação de resíduos sólidos. Devido às características de patogenicidade, segundo esta norma, os resíduos de serviços de saúde são classificados como Classe I – Perigoso (CUSSOIL, 2005). A Resolução CONAMA nº 5, de 5 de agosto de 1993, dispõe sobre o gerenciamento de resíduos sólidos gerados nos portos, aeroportos, terminais ferroviários e rodoviários e estabelecimentos prestadores de serviços de saúde e classifica os resíduos sólidos em: - GRUPO A: resíduos que apresentam risco potencial à saúde pública e ao meio ambiente devido a presença de agentes biológicos. Enquadram-se neste grupo, dentre outros: sangue e hemoderivados; animais usados em experimentação, bem como os materiais que tenham entrado em contato com os mesmos; excreções, secreções e líquidos orgânicos; meios de cultura; tecidos, órgãos, fetos e peças anatômicas; filtros de gases aspirados de área contaminada; resíduos advindos de área de isolamento; restos alimentares de unidade de isolamento; resíduos de laboratórios de análises clínicas; resíduos de unidades de atendimento ambulatorial; resíduos de sanitários de unidade de internação e de enfermaria e animais mortos a bordo dos meios de transporte, objeto desta Resolução. Neste grupo incluem-se, dentre outros, os objetos perfurantes ou cortantes, capazes de causar punctura ou 11 corte, tais como lâminas de barbear, bisturi, agulhas, escalpes, vidros quebrados, etc, provenientes de estabelecimentos prestadores de serviços de saúde. - GRUPO B: resíduos que apresentam risco potencial à saúde pública e ao meio ambiente devido às suas características químicas. Enquadram-se neste grupo, dentre outros: a) drogas quimioterápicas e produtos por elas contaminados; b) resíduos farmacêuticos (medicamentos vencidos, contaminados, interditados ou não-utilizados); e, c) demais produtos considerados perigosos, conforme classificação da NBR-10004 da ABNT (tóxicos, corrosivos, inflamáveis e reativos). - GRUPO C: rejeitos radioativos: enquadram-se neste grupo os materiais radioativos ou contaminados com radionuclídeos, provenientes de laboratórios de análises clínicas, serviços de medicina nuclear e radioterapia, segundo Resolução CNEN 6.05. - GRUPO D: resíduos comuns são todos os demais que não se enquadram nos grupos descritos anteriormente (CONAMA, 1993). A Norma Brasileira NBR-12809 sobre Manuseio de Resíduos de Serviços de Saúde estabelece a segregação dos resíduos infectantes (apud FERREIRA, 1995). A Resolução CONAMA n° 283, de 12 de Julho de 2001 (ANEXO 1), considerando a necessidade de aprimoramento, atualização e complementação dos procedimentos contidos na Resolução CONAMA nº 05, de 5 de agosto de 1993, relativos ao tratamento e destinação final dos resíduos dos serviços de saúde, com vistas a preservar a saúde pública e a qualidade do meio ambiente e dispõe sobre o tratamento e a destinação final dos resíduos dos serviços de saúde (CONAMA, 2001). Vários obstáculos foram então apresentados para que a lei não fosse cumprida: a regulação da matéria apenas através de resoluções, inexistência de empresas no município com tecnologia para incinerar o lixo de acordo com os padrões de qualidade ambiental, falta de recursos orçamentários, necessidade de licitação, burocracia na expedição de licenças, dentre outros (BARBOSA, 2002). Porém a Resolução CONAMA nº 358, de 29 de abril de 2005 revoga as disposições da Resolução n° 5/93, que tratam dos resíduos sólidos oriundos dos serviços de saúde, para os serviços abrangidos no art. 1° desta resolução, como também revoga a Resolução n° 283/01 e dispõe sobre o tratamento e a disposição 12 final dos resíduos dos serviços de saúde e dá outras providências, calssificando os resíduos da seguinte maneira: I - GRUPO A: Resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por suas características de maior virulência ou concentração, podem apresentar risco de infecção. - A1: 1. culturas e estoques de microrganismos; resíduos de fabricação de produtos biológicos, exceto os hemoderivados; descarte de vacinas de microrganismos vivos ou atenuados; meios de cultura e instrumentais utilizados para transferência, inoculação ou mistura de culturas; resíduos de laboratórios de manipulação genética; 2. resíduos resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais, com suspeita ou certeza de contaminação biológica por agentes classe de risco 4, microrganismos com relevância epidemiológica e risco de disseminação ou causador de doença emergente que se torne epidemiologicamente importante ou cujo mecanismo de transmissão seja desconhecido; 3. bolsas transfusionais contendo sangue ou hemocomponentes rejeitadas por contaminação ou por má conservação, ou com prazo de validade vencido, e aquelas oriundas de coleta incompleta; 4. sobras de amostras de laboratório contendo sangue ou líquidos corpóreos, recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, contendo sangue ou líquidos corpóreos na forma livre. - A2: Carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de animais submetidos a processos de experimentação com inoculação de microorganismos, bem como suas forrações, e os cadáveres de animais suspeitos de serem portadores de microrganismos de relevância epidemiológica e com risco de disseminação, que foram submetidos ou não a estudo anátomo-patológico ou confirmação diagnóstica. - A3: Peças anatômicas (membros) do ser humano; produto de fecundação sem sinais vitais, com peso menor que 500 gramas ou estatura menor que 25 cm ou idade estacional menor que 20 semanas, que não tenham valor científico ou legal e não tenha havido requisição pelo paciente ou familiares. - A4: 1. kits de linhas arteriais, endovenosas e dialisadores, quando descartados; 2. filtros de ar e gases aspirados de área contaminada; membrana fi ltrante de equipamento médico hospitalar e de pesquisa, entre outros similares; 13 3. sobras de amostras de laboratório e seus recipientes contendo fezes, urina e secreções, provenientes de pacientes que não contenham e nem sejam suspeitos de conter agentes Classe de Risco 4, e nem apresentem relevância epidemiológica e risco de disseminação, ou microrganismo causador de doença emergente que se torne epidemiologicamente importante ou cujo mecanismo de transmissão seja desconhecido ou com suspeita de contaminação com príons; 4. resíduos de tecido adiposo proveniente de lipoaspiração, lipoescultura ou outro procedimento de cirurgia plástica que gere este tipo de resíduo; 5. recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, que não contenha sangue ou líquidos corpóreos na forma livre; 6. peças anatômicas (órgãos e tecidos) e outros resíduos provenientes de procedimentos cirúrgicos ou de estudos anátomo-patológicos ou de confirmação diagnóstica; 7. carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de animais não submetidos a processos de experimentação com inoculação de microorganismos, bem como suas forrações; e 8. bolsas transfusionais vazias ou com volume residual pós-transfusão. - A5: Órgãos, tecidos, fluidos orgânicos, materiais perfurocortantes ou escarificantes e demais materiais resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais, com suspeita ou certeza de contaminação com príons. II - GRUPO B: Resíduos contendo substâncias químicas que podem apresentar risco à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade. a) produtos hormonais e produtos antimicrobianos; citostáticos; antineoplásicos; imunossupressores; digitálicos; imunomoduladores; anti-retrovirais, quando descartados por serviços de saúde, farmácias, drogarias e distribuidores de medicamentos ou apreendidos e os resíduos e insumos farmacêuticos dos medicamentos controlados pela Portaria MS 344/98 e suas atualizações; b) resíduos de saneantes, desinfetantes, desinfestantes; resíduos contendo metais pesados; reagentes para laboratório, inclusive os recipientes contaminados por estes; c) efluentes de processadores de imagem (reveladores e fixadores); d) efluentes dos equipamentos automatizados utilizados em análises clínicas; e 14 e) demais produtos considerados perigosos, conforme classificação da NBR10.004 da ABNT (tóxicos, corrosivos, inflamáveis e reativos). III - GRUPO C: Quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que contenham radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de eliminação especificados nas normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear-CNEN e para os quais a reutilização é imprópria ou não prevista. a) enquadram-se neste grupo quaisquer materiais resultantes de laboratórios de pesquisa e ensino na área de saúde, laboratórios de análises clínicas e serviços de medicina nuclear e radioterapia que contenham radionuclídeos em quantidade superior aos limites de eliminação. IV - GRUPO D: Resíduos que não apresentem risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares. a) papel de uso sanitário e fralda, absorventes higiênicos, peças descartáveis de vestuário, resto alimentar de paciente, material utilizado em anti-sepsia e hemostasia de venóclises, equipo de soro e outros similares não classificados como A1; b) sobras de alimentos e do preparo de alimentos; c) resto alimentar de refeitório; d) resíduos provenientes das áreas administrativas; e) resíduos de varrição, flores, podas e jardins; e f ) resíduos de gesso provenientes de assistência à saúde. V - GRUPO E: Materiais perfurocortantes ou escarificantes, tais como: lâminas de barbear, agulhas, escalpes, ampolas de vidro, brocas, limas endodônticas, pontas diamantadas, lâminas de bisturi, lancetas; tubos capilares; micropipetas; lâminas e lamínulas; espátulas; e todos os utensílios de vidro quebrados no laboratório (pipetas, tubos de coleta sanguínea e placas de Petri) e outros similares (CONAMA, 2005). No Brasil, o movimento para um gerenciamento diferenciado dos resíduos dos serviços de saúde vem ganhando força rapidamente e tem contado com a participação de importantes segmentos do sistema de controle ambiental – CETESB em São Paulo e FEEMA no Rio de Janeiro são dois exemplos – do setor de produção de equipamentos e de tecnologia, onde a presença de empresas estrangeiras é marcante, e de parcela da população, cujos receios dos riscos 15 potenciais destes resíduos derivam da associação de doenças e morte à instituição hospitalar transferida a seus resíduos (FERREIRA, 1999). No entanto, principalmente a partir da publicação das novas Resoluções da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA), em 2004 e 2005 respectivamente, que apresentam a proposta para o gerenciamento dos RSS formas de classificação dos resíduos e exigências de tratamento e destinação final das frações com características de periculosidade ou não, restam aos municípios promover a gestão dos resíduos de serviços de saúde de tal forma que atenda aos requisitos legais e imposições dos órgãos de controle ambiental, aos princípios de sustentabilidade ambiental e econômica e, ainda, satisfazendo a todos os atores sociais envolvidos (TEIXEIRA, 2006). 2.2.3 Tratamento dos RSS As cidades de São Paulo – SP e Rio de Janeiro – RJ são dois exemplos da adoção de usinas de reciclagem e compostagem para tratamento e destino do lixo urbano e a dúvida sobre a periculosidade dos resíduos hospitalares, levaram à implementação de sistemas diferenciados específicos para sua coleta, com elevação dos custos operacionais, e a utilização de outro destino para os mesmos (até o presente, em aterros). Já se discute, ainda que em âmbito limitado, a instalação de incineradores centrais para resíduos hospitalares (FERREIRA, 1995). Devido à dúvida sobre a periculosidade dos resíduos hospitalares, segundo Barbosa (2002), começaram então a ser discutidos e analisados em todo o Brasil os melhores métodos para o tratamento dos resíduos hospitalares, dentre os quais: - Térmicos: microondas, autoclave, incineração, plasma térmico; - Químicos: tratamento com cloro, derivados de cloro; - Radioativos: tratamento com ultravioleta, cobalto 60, infravermelho; - Mecânicos: disposição em valas sépticas. O Quadro 1 mostra as duas normas, tanto a CONAMA como a ANVISA, de modo a comparar as duas legislações quanto ao tratamento dos RSS, no que diz respeito aos RSS do Grupo A1 a Legislação da CONAMA não especifica diretrizes para tratamento prévio dos RSS da unidade geradora. 16 Quadro 1 – Tratamento para os RSS segundo o CONAMA e a ANVISA Classificação dos RSS Grupo A Grupo B Tratamento segundo a Resolução n° 358/2005 do CONAMA A1- Tratamento em equipamento que promova redução de carga microbiana compatível com nível III de inativação microbiana; A2- Tratamento com redução de carga microbiana compatível com nível III de inativação; A3- Tratamento térmico por incineração ou cremação, em equipamento devidamente licenciado para esse fim; A4- Sem tratamento prévio, ficando a critério dos órgãos ambientais estaduais e municipais a exigência do tratamento; A5Tratamento específico orientado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA. Devem ser submetidos a tratamento específico de acordo com suas características de periculosidade. Grupo C Devem obedecer às exigências definidas pela Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN. Grupo D Semelhante ao determinado para os resíduos sólidos domiciliares. Grupo E Tratamento específico de acordo com a contaminação química, biológica ou radiológica. Tratamento segundo a Resolução n° 306/2004 da ANVISA A1- Tratamento utilizando processo físico ou outros processos para a obtenção de redução ou eliminação da carga microbiana, em equipamento compatível com o Nível III de Inativação Microbiana, não podendo deixar a unidade geradora sem tratamento prévio; A2- Devem ser submetidos a tratamento antes da disposição final; A3Tratamento térmico por incineração ou cremação, em equipamento devidamente licenciado para esse fim; A4- Não necessitam de tratamento prévio; A5- Incineração. Devem ser submetidos a tratamento específico. Armazenamento, em condições adequadas, para o decaimento do elemento radioativo, conforme exigências definidas pela Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN. Semelhante ao determinado para os resíduos sólidos domiciliares. Dependendo da concentração e volume residual de contaminação por substâncias químicas perigosas, estes resíduos devem ser submetidos ao mesmo tratamento dado à substância contaminante. Fonte: TEIXEIRA (2006) De acordo com Costa (2004), que trata sobre a destinação final dos RSS em Crato – CE, este sugere que o tratamento pode ser realizado das seguintes maneiras: - Desinfecção: Processo que elimina grande parte dos microorganismos, exceto esporos; - Esterilização: Processo que destrói todas as formas de vida microbiana; - Redução de volume: consiste na compactação e incineração, a fim de reduzir o volume e otimizar o espaço de estocagem, minimizando gastos na coleta e no transporte; 17 - Neutralização: tornar um resíduo de maior periculosidade ou toxicidade em outro de menor risco, ex. incineração. Entretanto Vimieiro (2007), no que diz respeito ao processo de tratamento de resíduos radioativos, uma vez que estes oferecem riscos comprovados à saúde humana e ao meio ambiente, basicamente, os cuidados consistem na segregação do radionuclídeo de acordo com sua respectiva meia-vida e armazenamento em depósito especial (poço de decaimento), contendo informações como conteúdo, procedência e data. Deve-se evitar misturar resíduos contaminados com radionuclídeos diferentes e lixo inativo com lixo ativo. Após o decaimento da radioatividade dos resíduos contaminados, os mesmos são encaminhados como resíduo comum. O tratamento com utilização de microondas de baixa ou de alta freqüência é uma tecnologia relativamente recente de tratamento de resíduo de serviços de saúde e consiste na descontaminação dos resíduos com emissão de ondas de alta ou de baixa freqüência, a uma temperatura elevada (entre 95 e 105ºC). Os resíduos devem ser submetidos previamente a processo de trituração e umidificação. Para verificar as condições de funcionamento dessas unidades pode ser feito um teste, de forma a ser atingido o nível de inativação 3, de acordo com o definido pela EPA. Esse sistema de tratamento deve estar licenciado pelo órgão ambiental competente. Após processados, esses resíduos tratados devem ser encaminhados para aterro sanitário licenciado pelo órgão ambiental (BRASIL, 2006). Outro método de tratar os RSS se dá por meio de um processo denominado de “tocha de plasma” ou “plasma pirólise”, tecnologia esta que se associa às altas temperaturas geradas pelo plasma com pirólise dos resíduos. Por meio da tocha de plasma se produz eletricamente um campo de energia radiante de altíssima intensidade que aplicado sobre os resíduos produz a dissociação das ligações existentes nos compostos sólidos, líquidos ou gasosos, sejam eles perigosos ou não, orgânicos ou inorgânicos. Estes resíduos fundem-se e ficam inertes, gerando um produto vitrificado similar a um mineral de alta pureza. O volume de gases inicialmente gerado é mais baixo do que na combustão convencional e apresenta uma redução de volume extremamente elevada, podendo ser superior a 99% (LEN, 2007). A radiação ionizante corresponde a uma tecnologia avançada de esterilização que utiliza a radiação gama emitida pelo Cobalto 60 para promover a 18 morte dos microrganismos por radiólise. Trata-se de um processo efetivo, pois tem boa capacidade de absorção. Os resíduos químicos ou radioativos não são tratados, mas também não interferem no processo. Tem baixo consumo de energia e baixo custo de operação. Porém representa um alto investimento, requer mão-de-obra especializada e licenciamento especial na CNEN (TEIXEIRA, 2006). O laser compreende a fundição de resíduos a intervalos de temperatura entre 3.870ºC e 5.540ºC, com a eliminação completa dos organismos patogênicos do meio. É uma tecnologia ainda recente, aplicada ainda em poucas instalações (VIMIEIRO, 2007). O tratamento por desativação eletrotérmica promove a desinfecção dos resíduos pela exposição dos mesmos a um campo elétrico de alta potência, gerado por ondas eletromagnéticas de baixa freqüência, reduzindo o volume do lixo em 70%. Utilizado para o tratamento de resíduos do Grupo A - presença de 69 agentes biológicos, não se estende a sua aplicação para os resíduos do Grupo B características químicas e Grupo C - rejeitos radioativos. Esta tecnologia foi desenvolvida nos Estados Unidos em 1989 e opera a uma temperatura de 90 a 100°C, sendo que o material descaracterizado é disposto em aterro (LEN, 2007). A desinfecção química consiste na adição de produtos químicos (normalmente oxidantes fortes, como os compostos clorados, sais de amônio, aldeídos e os compostos fenólicos) ao resíduo, a fim de matar ou inativar microrganismos. É um processo de fácil operação, não necessitando do consumo de energia. Porém não é aplicável aos resíduos químicos ou radioativos; expõe os manipuladores aos riscos químicos dos produtos químicos utilizados, necessita de algum tempo e espaço para a atuação do produto e gera um efluente líquido que requer tratamento posterior (TEIXEIRA, 2006). O infravermelho, técnica recente, uma vez que vem sendo desenvolvida no Japão desde 1991, já possui naquele país alguns milhares de unidades instaladas. Esses incineradores dispõem de três câmaras de incineração dotadas de queimadores de óleo diesel ou querosene, onde é processada a combustão dos resíduos que apresentam menor densidade, maior densidade e vapores que escapam das câmaras primárias, respectivamente. Os incineradores desse tipo utilizam as emissões de ondas longas da faixa do infravermelho para promover a combustão dos resíduos ou dos fumos e gases (VIMIEIRO, 2007). 19 O tratamento térmico por incineração é um processo de tratamento de resíduos sólidos que se define como a reação química em que os materiais orgânicos combustíveis são gaseificados, num período de tempo prefixado. A incineração dos resíduos é um processo físico-químico de oxidação a temperaturas elevadas que resulta na transformação de materiais com redução de volume dos resíduos, diminuição significativa de matéria orgânica, em especial de organismos patogênicos. A concepção de incineração em dois estágios segue os seguintes princípios: temperatura, tempo de resistência e turbulência. No primeiro estágio, os resíduos na câmara de incineração de resíduos são submetidos a temperatura mínima de 800ºC, resultando na formação de gases que são processados na câmara de combustão. No segundo estágio, as temperaturas chegam a 1000ºC1200ºC (BRASIL, 2006). No aquecimento a seco um forno comum, tipo caseiro, pode ser usado para a esterilização a seco. Temperaturas entre 165ºC e 170ºC, por um período de duas horas, ou pouco mais, eliminam do meio esporos vivos. Se a esterilização for realizada com materiais para uso posterior, somente artigos secos não danificáveis por cozimento, entre outros, podem ser submetidos ao processo (VIMIEIRO, 2007). Na esterilização a vapor o resíduo proveniente dos estabelecimentos de saúde é transformado em confetes desinfetados. A tecnologia de esterilização a vapor trata os resíduos combinando o sistema de trituração, vapor e pressão, atingindo a temperatura de aproximadamente 145°C durante 20 minutos, a uma pressão de 1,5bar/cm². Certos equipamentos trabalham a 121°C em ciclo de 60 minutos, a uma pressão de 1bar/cm². Equipamentos compactos são eventualmente utilizados nos estabelecimentos geradores. Observa-se que os equipamentos que não possuem o módulo de trituração apresentam a possibilidade que a desinfecção ocorra superficialmente. O risco apresentado nesta tecnologia está, como nos tratamentos anteriores, quando não ocorre a segregação dos diferentes grupos de resíduos. Aplica-se para os resíduos do Grupo A, não se estendendo a sua aplicação para os resíduos do Grupo B e Grupo C (LEN, 2007). Um primeiro passo será ampliar os conhecimentos sobre os resíduos em geral e os hospitalares em particular, para então desenvolver, com mais segurança, uma proposta de gerenciamento adequada à nossa realidade (FERREIRA, 1995). 20 2.3 AUTOCLAVAGEM A esterilização é um processo de eliminação completa de micróbios que emprega métodos físicos, tais como forno Pasteur, estufa e autoclave, e químicos, como óxido de etileno, glutaraldeído e formaldeído. Normalmente são utilizadas embalagens para acondicionar os materiais durante a esterilização para evitar contaminação posterior (ANDRADE, s/d). O uso do vapor como agente esterilizante é uma prática comum mesmo antes dos primeiros estudos de microbiologia comprovarem a sua eficácia. Os registros mais antigos do uso do vapor para a conservação de alimentos foram feitos no século XVI mas foi, a partir do século XIX, que tal técnica difundiu-se para a esterilização de artigos, materiais, alimentos etc. (LUQUETA, 2008). Segundo Mallmann (1996), são muito utilizadas autoclaves para a produção de blocos de concreto, tijolos/blocos e sílico calcários. As condições são determinadas na prática por considerações econômicas, como por exemplo a quantidade de combustível consumido, a utilização plena (sem tempo ocioso) das autoclaves e picos de produção. A autoclavagem é o tratamento dos resíduos com vapor saturado, onde estes são expostos a temperaturas de 121ºC a 132ºC durante 15 a 30 minutos para a destruição das bactérias, que ocorre pela termocoagulação das proteínas citoplasmáticas. Este método é largamente utilizado nos serviços de saúde, com o objetivo de esterilizar vidrarias, instrumentos cirúrgicos, meios de cultura, roupas, alimentos, dentre outros. Entretanto sua utilização, para os RSS, ocorre apenas nos últimos anos, especialmente nos países onde a gestão dos resíduos sólidos é avançada. No Brasil esta técnica é utilizada, principalmente para os resíduos biológicos (VIMIEIRO, 2007). Para Guerreiro (2007) a autoclavagem é utilizada para resíduos sólidos do Grupo A, como os resíduos biológicos (cultura, inóculos e outros); sangue e hemoderivados; cirúrgico, anátomo patológico e exsudado, com exceção de peças anatômicas de maior volume; resíduos perfuro cortantes; e resíduos decorrentes da assistência ao paciente como secreções, excreções e outros. Devem ser excluídos os resíduos da Classe A.5 animal contaminado; embora o sistema possa ser 21 eficiente para pequenas partes de animais, o volume e a massa de animais inteiros podem impedir a correta esterelização. O uso da autoclave confere muita eficiência ao processo de esterilização, realizado através da desnaturação protéica. No entanto, requer também bastante preparo de quem o manuseia. Os cuidados têm início com a limpeza e secagem do material a ser esterilizado. Ele deve ser acondicionado em pacotes, tambores, caixas metálicas com furos e vidros com tampão de algodão ou papel. Devem ser acomodados adequadamente, sem compactação (ANDRADE, s/d). Para Orofino (1996), as vantagens e desvantagem deste método são as seguintes: - Vantagens: - ser um sistema limpo, que não produz resíduos tóxicos ou contaminantes; - pode ser realizada no próprio gerador; - os resíduos depois de esterilizados, são considerados resíduos comuns; - fácil instalação; - os hospitais estão familiarizados com a operação destas unidades; - quando bem operado, apresenta bom grau de segurança na esterilização. - Desvantagens: - baixa eficácia para resíduos de maior densidade como os anátomo-patológicos (materiais cirúrgicos), animais contaminados e resíduos líquidos; - os sacos plásticos utilizados para acondicionar os resíduos, dificultam a penetração do vapor, mesmo quando abertos. Por isto, o sistema exige embalagens especiais que permitam a passagem do vapor e não sofram alterações; - não reduz peso nem volume, nem altera a aparência dos resíduos; - exige pessoal altamente qualificado e treinado. Os esterilizadores de vapor são equipamentos muito utilizados em processos industriais e no processamento de artigos médicos-hospitalares e apresentam, de um modo geral, uma determinada gama de ciclos para atendimento aos diferentes processos de esterilização. Dentre os ciclos mais comuns para esterilizadores a vapor por vácuo, o ciclo de vácuo pulsante para materiais sólidos porosos ou não é o mais difundido. A forma de funcionamento do esterilizador para a obtenção do artigo estéril é relativamente simples em termos conceituais, mas 22 demanda um bom sistema de controle e excelente instrumentação (LUQUETA, 2008). Para Novak (2007), a autoclavagem é composta basicamente das seguintes operações: - Pre-vácuo: Criam-se condições de pressões negativas de forma que, na fase seguinte, o vapor entre mais facilmente em contacto com os materiais a serem esterilizados. - Admissão de vapor: Introdução de vapor na autoclave, seguido do aumento gradual da pressão, de forma a criar condições para o contacto entre a água superaquecida e os materiais, e para facilitar sua penetração nos invólucros, dando acesso a todas as superfícies. - Esterilização: Manutenção de temperaturas e pressões elevadas durante determinado período de tempo, ou seja, até se concluir o processo. De acordo com a carga, o especialista define o tempo e a temperatura de cada ciclo. - Exaustão lenta: Libertação gradual do vapor que passa por um filtro com poros finos o suficiente para evitar a passagem de qualquer microrganismo para o exterior da autoclave, e permitir a diminuição gradual da pressão até que seja atingida uma atmosfera. - Arrefecimento da carga: Arrefecimento da carga até uma temperatura que permita a retirada dos materiais da autoclave. - Descarte do condensado: A utilização do vapor na autoclavagem dá origem à formação de um efluente que deverá ser descarregado numa estação de tratamento e liberado como um efluente doméstico. 2.3.1 Processo de esterilização Para Guerreiro (2007), o processo se inicia com pulsos de pré-vácuo e pressão, para retirada do ar existente na câmara. Este ar retirado passa por um filtro sanitário 0,1 micron retendo as bactérias presentes. Após este pré-tratamento o vapor é injetado na câmara para permitir a esterilização propriamente dita. O processo termina com a secagem da carga permitindo assim a retirada da mesma sem respingos. Deste modo, inicia-se o ciclo de esterilização: 23 - Fase de acondicionamento / Pré-vácuo: esta primeira fase constitui-se de um pulso de vácuo para retirada do ar da câmara. Este pulso de vácuo é realizado pelo acionamento da bomba de vácuo. - Cam Up: Eliminado o excesso de ar na câmara inicia-se a fase de cam up onde é realizado o aumento da temperatura da câmara e sua homogeneização na temperatura escolhida para o ciclo. Esta fase se realiza através da injeção de vapor saturado na câmara do equipamento. - Exposição: No ciclo para lixo, está prevista uma fase de exposição de 15 minutos à 150 ºC. O processo foi validado para uma exposição de 10 minutos, 30% menor que o tempo de exposição, tendo sido o ciclo estudado sido capaz de reduzir a população de indicador biológico em 6,5 à 7 ciclos log. O indicador utilizado foi o bacilus stearotermóphilus, o mais resistente à ação do vapor. - Exaustão / Secagem: Na fase final é feita novamente um pulso de vácuo com o objetivo de eliminar o vapor e o condensado das paredes da câmara. Os fluídos retirados da câmara estarão estéreis e deverão ser encaminhados para a caixa de coleta e daí para o esgoto. O protocolo do processo de esterilização em autoclave, bem como sua eficácia, encontram-se bem estabelecidos na literatura. A autoclave é um dos meios mais comuns e seguros para a realização da esterilização de materiais visando prevenção de infecções (NETO, KERN & SANTOS, 2004). A secagem será efetiva em função do tipo de carga e do tempo de exposição. Todos os fluidos usados durante o processo têm seu fluxo em sistema fechado, evitando-se assim a contaminação ambiental. Os resíduos ainda podem passar por uma descaracterização por meio de compactação ou trituração. Após a carga da autoclave (GUERREIRO, 2007). As principais causas de insucesso na esterilização em autoclave são: - uso de carga maior que 80% da capacidade da autoclave; - volume de água em excesso, provocando umidade nas embalagens, ou escassez de água, que causa danos (queima) nas embalagens; - abertura das autoclaves antes da eliminação da pressão, favorecendo a condensação de vapor d’água umedecendo as embalagens; - despressurização da autoclave pelo acionamento da válvula de escape, favorecendo a condensação de vapor; 24 - rompimento das embalagens durante o acondicionamento ou retirada da autoclave pelo incorreto manuseio do mesmo; - queda da energia durante o ciclo de esterilização; - falta de limpeza e manutenção do aparelho; - não realização quinzenal de testes biológicos de monitoração com Bacillus Stearothermophylus para verificar a efetividade da esterilização; - embalagens inadequadas para a esterilização em autoclave (NETO, KERN & SANTOS, 2004). Andrade (s/d) recomenda o uso de invólucros de tecido de algodão cru, duplo, com trama têxtil adequada; papel grau cirúrgico, papel kraft com pH 5-8 e filme de poliamida entre 50 e 100 micras de espessura, conforme observa-se no Quadro 2. Quadro 2 - Características dos materiais utilizados para invólucros e sua adequação ao processo de esterilização Material Campo de algodão cru, duplo Papel kraft Papel alumínio Poliamida Papel grau cirúrgico Caixa de alumínio ou inox fechada Caixa de alumínio ou inox perfurada e envolvida com papel ou tecido Vidro tampado com bucha de algodão hidrófilo Fonte: Andrade (s/d). Autoclave Sim Sim Não Sim Sim Não Sim Sim Embora a atenção com o controle de infecção tenha se intensificado sobremaneira após o aparecimento da Síndrome da Imunodeficiência Humana Adquirida (AIDS), torna-se evidente que os profissionais da área de saúde devem conhecer detalhadamente as normas de biossegurança e tê-las como prática cotidiana, sem colocar em risco tanto sua saúde quanto a de seus pacientes (CORRÊA, CASTILHO & PEREIRA, 2009) De acordo com Guerreiro (2007), a sistemática utilizada para monitoração do processo é semelhante às utilizadas no controle da esterilização hospitalar. Indicadores químicos e biológicos foram desenvolvidos especificamente para a temperatura utilizada. Os indicadores químicos externos são monitores de processo que acusam apenas que os parâmetros de esterilização (tempo, temperatura, pressão, vapor) foram obedecidos mas não respondem pela qualidade da esterilização. Os 25 indicadores biológicos verificam a eficiência dos esterilizadores e somente eles podem detectar a morte dos esporos microscópicos dentro do esterilizador e isso explica o porquê da importância do controle de carga, processo pelo qual cada carga é monitorada e liberada com base no indicador biológico. Se todos os esporos morreram dentro do indicador biológico, pode-se ter a segurança de que outros microrganismos infecciosos também morreram dentro do esterilizador e, uma vez detectada a morte dos esporos microscópicos, o indicador biológico produz informações mais valiosas do que qualquer outra monitoração do processo de esterilização (CORRÊA, CASTILHO & PEREIRA, 2009). Além disso, para que seja realizada uma esterilização de maneira correta é preciso estar atento aos seguintes procedimentos (ANDRADE, s/d): - a disposição dos materiais não pode prejudicar a circulação do vapor; - convém manter espaço para circulação do vapor em toda superfície dos pacotes; - as dobras dos pacotes de tecido ou papel devem ser colocadas para baixo, a fim de facilitar a penetração do vapor; - evite encostar pacotes na superfície lateral ou posterior do parelho; - os objetos côncavos precisam ser dispostos com a boca virada para baixo, preferencialmente; - os pacotes precisam estar bem vedados, mas não pode apertar o conteúdo; - não pode haver nem furos e remendos nestes pacotes. Deste modo, na pesquisa desenvolvida por Corrêa, Castilho & Pereira em 2009, titulada “Indicadores químicos e biológicos da eficácia de esterilização por autoclave ou estufa”, que avaliou a eficácia da esterilização de autoclaves e estufas em clínicas odontológicas usando indicadores químicos e biológicos, podemos observar na Tabela 1, onde o maior número de insucesso na esterilização, se somados os indicadores químicos interno e biológico (8,3) evidenciam que a autoclave também pode ser considerada um ótimo método de esterilização. Tabela 1 – Eficácia da esterilização em autoclaves por indicadores químicos externo, interno e biológico. IQE * IQI * IB * n % N % n % Sucesso (+) 37 100 35 94,5 36 97,2 Insucesso (-) 0 0 02 5,5 01 2,8 TOTAL 37 100 37 100 37 100 * IQE – Indicador químico externo; IQI – Indicador químico interno; *IB – Indicador biológico Fonte: CORRÊA, CASTILHO & PEREIRA (2009). 26 Também complementam o sistema de tratamento em autoclaves os Containers para carga da câmara; gerador de vapor (no caso de não haver Caldeira própria) à gás para as autoclaves de grande porte e elétrico para as de pequeno porte; elevador de Containers (apenas nas de grande porte. A elevação é manual nas autoclaves pequenas); e o triturador (GUERREIRO, 2007). 2.4 DESTINAÇÃO FINAL DOS RSS Em se tratando da disposição final do lixo, esta pode ser feita em aterros sanitários ou visar a reciclagem. Esta ultima exige uma seleção prévia do material, a fim de aproveitar os resíduos dos quais ainda se pode obter algum benefício, como é o caso do vidro, do papel e de alguns metais (COSTA, 2004). Para a destinação final de resíduos existem métodos de disposição no solo recomendáveis sanitária e tecnicamente. Os principais métodos utilizados atualmente são descritos a seguir: - Aterro Sanitário: segundo a NBR 8.419/1992, aterro sanitário é “a técnica de disposição final de resíduos sólidos urbanos no solo, sem causar danos à saúde pública e à sua segurança, minimizando os impactos ambientais, método este que utiliza princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos à menor área possível e reduzi-los ao menor volume permissível, cobrindo-os com uma camada de terra na conclusão de cada jornada de trabalho, ou a intervalos menores, se necessário“; - Aterro Industrial: é o método de disposição de resíduos no solo mais apropriado para os resíduos químicos perigosos. É construído segundo padrões rígidos de engenharia, de forma a não causar danos ao meio ambiente, à saúde pública e à sua segurança. - Vala Séptica: é o método de destinação final específico para o aterramento da fração infectante dos RSS. Consiste em valas escavadas em local isolado no aterro, revestidas por material impermeável (normalmente mantas sintéticas) que recebem os resíduos de saúde e logo após uma cobertura de solo. Devem ser executadas em locais onde o nível freático seja mais profundo. Nas valas sépticas os resíduos dispostos não são compactados, diminuindo, assim, sua vida útil em comparação a de um aterro sanitário (TEIXEIRA, 2006). 27 Os resíduos sólidos mal tratados, ou nem tratados, podem abrigar agentes portadores de doenças, tornam-se poluentes do ar e da água e apresenta sérios riscos à segurança, tanto para o público em geral como para os profissionais encarregados da coleta de lixo e seu processamento (COSTA, 2004). De acordo como o Quadro 3, observa-se uma comparação quanto à destinação final dos RSS segundo a CONAMA e a ANVISA, as duas legislações vigentes: Quadro 3 – Destinação final para os RSS segundo o CONAMA e a ANVISA Classificação dos RSS Grupo A Destinação Final segundo a Resolução nº 358/2005 do CONAMA A1- Após tratamento, em aterro sanitário licenciado ou local devidamente licenciado para disposição final de RSS; A2- Aterro sanitário licenciado ou local devidamente licenciado, sepultamento em cemitério de animais; A3- Sepultamento em cemitério, desde que haja autorização do órgão competente do Município, do Estado ou do Distrito Federal; A4- Local devidamente licenciado para a disposição final de RSS; A5- - Tratamento específico orientado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA. Devem ser submetidos à disposição final específica de acordo com suas características de periculosidade. Devem obedecer as exigências Grupo C definidas pela Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN. Devem ser encaminhados para Grupo D aterro sanitário de resíduos sólidos urbanos. Grupo E Local devidamente licenciado para disposição final de RSS. Fonte: TEIXEIRA, 2006. Grupo B Destinação Final segundo a Resolução RDC nº 306/2004 da ANVISA A1- Havendo descaracterização física das estruturas, podem ser acondicionados como resíduos do grupo D; A2- Após tratamento, encaminhado para aterro sanitário licenciado ou local devidamente licenciado para disposição final de RSS, ou sepultamento em cemitério de animais; A3- Sepultamento em cemitério, desde que haja autorização do órgão competente do Município, do Estado ou do Distrito Federal; A4- Local devidamente licenciado para disposição final de RSS; A5- Devem sempre ser encaminhados a sistema de incineração, de acordo com o definido na RDC ANVISA nº 305/2002. Devem ser submetidos a disposição final específica. Devem obedecer as exigências definidas pela Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN. Encaminhados para aterro sanitário de resíduos sólidos urbanos. Local devidamente licenciado para disposição final de RSS. O tratamento destes resíduos junto à fonte geradora seria condição de segurança quanto aos riscos potenciais apresentados pelos mesmos, além de atender ao princípio de responsabilidade do gerador. O manejo adequado, no sentido de evitar que se transformem em fonte de contaminação faz parte das precauções a serem tomadas (COSTA, 2004). 28 Porém, para os municípios ou consorcio de municípios com população urbana até 30.000 habitantes que não disponham de aterro sanitário licenciado a Resolução n° 358/2005 do CONAMA admite, de forma excepcional e tecnicamente motivada e com a devida aprovação do órgão de meio ambiente, a disposição final dos RSS em solo (CUSSOIL, 2005). De acordo com o ANEXO II da resolução 358 de 2005 do CONAMA, os critérios mínimos para disposição final de resíduos de serviços de saúde exclusivamente são: - Quanto à seleção de área: - não possuir restrições quanto ao zoneamento ambiental (afastamento de Unidades de Conservação ou áreas correlatas); - respeitar as distâncias mínimas estabelecidas pelos órgãos ambientais competentes de ecossistemas frágeis, recursos hídricos superficiais e subterrâneos. - Quanto à segurança e sinalização: - sistema de controle de acesso de veículos, pessoas não autorizadas e animais, sob vigilância contínua; e - sinalização de advertência com informes educativos quanto aos perigos envolvidos. - Quanto aos aspectos técnicos: - sistemas de drenagem de águas pluviais; - coleta e disposição adequada dos percolados; - coleta de gases; - impermeabilização da base e taludes; e - monitoramento ambiental. - Quanto ao processo de disposição final de resíduos de serviços de saúde: - disposição dos resíduos diretamente sobre o fundo do local; - acomodação dos resíduos sem compactação direta; - cobertura diária com solo, admitindo-se disposição em camadas; - cobertura final; e - plano de encerramento (CONAMA, 2005). A incineração tem muitos aspectos negativos e tudo se complica quando se trata dos resíduos hospitalares. É um lixo composto de muito plástico clorado e, quando queimado, gera resíduos cancerígenos como dioxinas e furanos, além de 29 produzir grande quantidade de cinzas, que contém material pesado extremamente poluente, quando espalhados na natureza (COSTA,2004). No estado de Minas Gerais, foi publicado pelo Conselho Estadual de Política Ambiental (COPAM) em 12 de abril de 2006, a Deliberação Normativa nº 97/2006 que “Estabelece diretrizes para a disposição final adequada dos resíduos dos estabelecimentos dos serviços de saúde no Estado de Minas Gerais e dá outras providências”. Essa Deliberação Normativa determinou prazos para os municípios mineiros se adequarem à Resolução CONAMA nº 358/2005, sendo 31 de dezembro de 2006 para os municípios com população superior a 50.000 (cinqüenta mil) habitantes, conforme dados do último censo do IBGE, e 04 de maio de 2007 para os demais municípios. Para os efeitos desta Deliberação Normativa, a disposição final de resíduos de serviço de saúde, observado o disposto na Resolução CONAMA nº 358/2005, considera-se adequada quando feita em aterros sanitários licenciados no Estado de Minas Gerais (TEIXEIRA, 2006). Contudo, a partir da adoção do método de aterramento de RSS em valas sépticas, ocorrido em 1989, o Departamento de Limpeza Pública do município de Curitiba passou a desenvolver um rígido controle e aferição da quantidade de resíduos infectantes produzidos nesse e em alguns outros municípios da região metropolitana de Curitiba (Campina Grande do Sul, Colombo, Fazenda Rio Grande, Pinhais e São José dos Pinhais), destinados às valas sépticas. Durante o período compreendido entre janeiro de 1989 e dezembro de 2001, cerca de 48.420,90 toneladas de resíduos infectantes foram depositadas nas valas sépticas, bem como as escórias e cinzas provenientes do material incinerado. Diante desse fato, novas questões se apresentam à discussão quanto à capacidade real dessas empresas de Curitiba em adotarem medidas ambientalmente responsáveis, diante da responsabilidade legal de gerenciar todas as fases das dez toneladas de resíduos infectantes produzidos diariamente na capital paranaense, na atualidade. (SPINA, 2005). Em uma pesquisa publicada por Nóbrega et. al. em 2001, entitulada “Um Levantamento Sobre o Gerenciamento dos Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde Provenientes de Hospitais e Centros de Saúde do Município de João Pessoa/Pb”, foi constatado que quanto ao tratamento de resíduos biológicos, 46,88% dos estabelecimentos não possuem nenhum tipo de tratamento, 21,88% não informou, apenas 12,5% incineram no próprio centro de saúde, 3,12% sepultam em valas 30 sépticas, 12,5% não possuem resíduos biológicos e 3,12% lançam na rede de esgoto ou fossa. O quê demonstra que nenhum centro de saúde trata os resíduos biológicos, tendo em vista que afirmaram que o incineram, apenas queimam (que é perigoso) pois em nenhum posto de saúde existe incinerador. A taxa média brasileira de geração de RSS equivale a 2,63 Kg/leito/dia, sendo que cerca de 15-20 % deste total representam resíduos classificados no Grupo A (infectantes-biológicos). Entretanto, o manejo inadequado dos resíduos, pode promover a contaminação de toda a massa dos resíduos (MONTREAL, 1993 apud SILVA e HOPPE 2005). A única forma de se dar destino final adequado aos resíduos sólidos é através de aterros, sejam eles sanitários ou controlados. Todos os demais processos ditos como de destinação final (usinas de reciclagem e de incineração) são, na realidade, processos de tratamento ou beneficiamento do lixo, e não prescindem de um aterro para a disposição de seus rejeitos (COSTA, 2004). 2.5 PRÁTICAS DE AUTOCLAVAGEM DOS RSS Como primeiro exemplo tem-se o caso do Consórcio Intermunicipal de Saúde da cidade de Penápolis – SP que atende outras cidades do Estado de São Paulo como: Avanhandava, Alto Alegre, Barbosa, Braúna, Glicério e Luiziânia, que juntas geravam 266 kg/dia de resíduos infectantes. Com a implantação do processo de tratamento dos RSS através do sistema de autoclavagem, o município de Penápolis – SP tem efetuado adequadamente a destinação final deste resíduos, minimizando os risco para saúde pública da população, riscos biológicos e os riscos ambientais. Este sistema é pioneiro na administração pública municipal por ser o 1º sistema de tratamento de RSS devidamente licenciado e operado por órgão público. (SANTOS, 2005). Como também no Estado de Santa Catarina o Aterro Industrial e Sanitário administrada pela empresa privada Santec fornece serviços licenciados desde 2007 para tratamento por autoclavagem dos RSS na cidade de Içara – SC (SANTEC, Online). Os RSS coletados pela empresa Tucano são esterilizados em processo de Autoclavagem no Aterro Sanitário de Anchieta – SC na Unidade 2. Um recurso moderno e eficiente, que garante o máximo desempenho e a mínima interferência 31 com o meio ambiente (evita a emissão de gases prejudiciais ao meio ambiente e a saúde pública). Todo controle de carga e descarga acontece através de embalagens especiais, em recinto específico, onde apenas funcionários equipados da empresa têm acesso. O monitoramento ambiental é realizado por exames laboratoriais dos efluentes líquidos e testes biológicos, que detectam a presença de esporos de Bacillus Stearothermophilus (bactéria resistente a altas temperaturas). Após o processo os resíduos não apresentam nenhum risco de contaminação à população e ao meio ambiente, por isso são depositados no aterro sanitário da empresa, como lixo comum (TUCANO, Online). As obras do aterro sanitário da cidade de Ariquemes - RO entram no início de 2010 na sua segunda etapa de implantação, que abrangerá a construção de quatro barracões: Administrativo; Refeitório e Sanitários; De Triagem, para os catadores e para Tratamento de Resíduos de Saúde. Para o aterro sanitário iniciar suas atividades será necessário implantar a coleta seletiva na cidade, que já está sendo planejada através da execução do Plano Regional de Gestão dos Resíduos Sólidos, abrangendo além de Ariquemes, outros 13 municípios, que fazem parte do Consórcio Intermunicipal de Saneamento. A Prefeitura já está adquirindo R$ 1 milhão em equipamentos através de um convênio com o Programa Calha Norte: trator compactador especial para aterros sanitários; autoclave, para tratamento dos RSS; balança rodoviária, para pesagem dos caminhões de lixo ao entrar no aterro; caminhão vasculante e veículo de pequeno porte para a administração (DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO, PREFEITURA MUNICIPAL DE ARIQUEMES, 2009). No Estado de Rio de Janeiro já foi apresentado o EIA do novo Centro de Tratamento de Resíduos (CTR) da capital fluminense que será implantado em no município de Seropédica – RJ. Baixada Fluminense. O gerenciamento será feito pela empresa Júlio Simões, que será a responsável pelo transporte e pela deposição dos resíduos. A previsão é que o início da implantação se dê no primeiro semestre de 2010, começando a operar de fato um ano depois (REDAÇÃO SRZD, 2009). 32 3 3.1 MATERIAL E MÉTODOS CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO 3.1.1 Características da Cidade de Foz do Iguaçu O município de Foz do Iguaçu localiza-se no extremo oeste do Paraná. Faz divisa com o Paraguai e a Argentina, distando aproximadamente 637 km da capital do estado, Curitiba. Seu território possui 610,21 km 2, e é subdividido em 12 regiões, sendo 11 regiões dentro do perímetro urbano e uma região rural, com pequena parte no perímetro urbano (PMFI, 2010). 3.1.2 Características do Aterro sanitário de Foz do Iguaçu O aterro sanitário de Foz do Iguaçu está localizado na região norte da cidade, no bairro Jardim Califórnia, distando aproximadamente 14 km do centro da cidade. Pertence a Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu, atualmente sua operação é em regime de concessão. A utilização do local para dispor os RSU iniciou-se em 1996, sendo o lixo depositado de maneira inadequada devido à falta de um projeto de adequação quantos as normas e leis. Em 1998, foi implantado um sistema precário de captação de gases, que eram livremente soltos na atmosfera, e de percolados, que eram encaminhados a uma lagoa sem qualquer tipo de tratamento. Em 2001, o aterro passou a ser operado pelo Grupo Queiroz Galvão, ocasião em que, com recursos do governo do estado do Paraná, foi readequado para atender aos requisitos exigidos pela legislação federal e estadual para seu pleno funcionamento como aterro sanitário (PMFI, 2010). A partir de então, o aterro em células passou a apresentar: impermeabilização de base por compactação de três camadas de argila, adensamento do lixo disposto nas células, cobertura diária do lixo, drenos verticais para gases (chaminés) com flares, drenos verticais e horizontais para captação e condução dos percolados para um conjunto de três lagoas de tratamento (anaeróbio, facultativo e polimento, sequencialmente) após o tratamento é feita a recirculação do 33 chorume tratado para o corpo do aterro, impermeabilizadas com manta de PEAD, sistema de drenagem de águas pluviais, poços de monitoramento, cobertura de grama nos taludes inferiores (PMFI, 2010). Com uma área total de 389737,44 m2, as instalações do aterro (ver Figura 2) contemplam, além das células principais: aterro de resíduos inertes (resíduos de construção/demolição), área para a compostagem de poda de árvores e corte de grama misturados aos rejeitos de frutas e verduras provenientes do CEASA (Centro de Abastecimento de Foz do Iguaçu) e da fiscalização aduaneira, depósito de vidros, galpão para separação prensagem e enfardamento de resíduos recicláveis, um Centro de Educação Ambiental, uma balança rodoviária, uma bomba de combustível para abastecimento dos veículos, escritório, cerca de proteção e cortina verde plantada em todo o seu entorno (ALEXANDRE, 2006 apud LUCAS, 2009). Figura 2: Vista satelital do Aterro Sanitário de Foz do Iguaçu – PR, Brasil. Fonte: Google Earth (2010) O aterro de resíduos domiciliares possui uma área total de 184751,79 m2, sendo composto por 3 células principais, com as seguintes características: - Célula 1: área da base igual a 58387,15 m² e volume útil de 645735,52 m 3, é composta por 5 camadas, sendo a primeira de 3 m de altura e as demais de 5 m altura, estando hoje em operação na 5ª camada, com 1/5 desta já concluída, possui 18 poços de biogás com altura média de 15 m; 34 - Célula 2: área da base igual a 61584,01 m² e volume útil de 715816,52 m3, será composta, após seu término, por 6 camadas, sendo a primeira de 3 m de altura e as demais de 5 m altura, tendo a 1ª camada concluída, possui 21 poços de biogás com altura média de 5,5 m e recebe o chorume, após seu tratamento nas lagoas, que é recirculado no corpo do aterro; - Célula 3: área da base igual a 64780,63 m² e volume útil de 871735,30 m3, será composta por 6 camadas de 5 m de altura, atualmente é jazida de material de cobertura, reservada para expansão (PMFI, 2010). A rede de drenos de chorume é constituída por galerias de pedra de mão (agregado graúdo com granulometria variável e maior que 7,6 cm) envoltas por bidim (geotêxtil 100% de poliéster que permite livre passagem do fluído, com retenção de sólidos), com conformação de “espinha de peixe”, que leva o chorume drenado para o conjunto de lagoas de tratamento por simples diferença de cotas (LUCAS, 2009). Os drenos de biogás, formados por uma coluna de tubos de concreto armado perfurados e envoltos por uma camada de pedras fixada à coluna de tubos através de uma tela metálica, estão interligados à rede de drenos de chorume. O sistema de coleta de biogás é constituído por drenos passivos demonstrados na Figura 3, sendo a pressão gerada no interior da massa de lixo a promotora da exaustão do biogás através dos drenos (LUCAS, 2009). Figura 3: Drenos de Biogás e Percolados do Aterro Sanitário de Foz do Iguaçu – PR, Brasil. 35 O aterro de resíduos domiciliares, que recebeu em 2008 aproximadamente 5538 toneladas de resíduos de procedência residencial e comercial por mês, tem atualmente vida útil prevista até 2017 (LUCAS, 2009). Praticamente todos os resíduos sólidos municipais (RSMs) depositados no aterro sanitário de Foz do Iguaçu são provenientes do município de Foz do Iguaçu, que tem uma população de aproximadamente 309.000 pessoas. Atualmente, aproximadamente 66.000 toneladas métricas de RSMs são depositadas por ano como é possível observar na Tabela 2. Tabela 2 – Descarte Anual de Resíduos Sólidos Municipais no Aterro Sanitário de Foz do Iguaçu desde 1996. Ano Massa de Resíduos (tons) Ano Massa de Resíduos (tons) 1992 N/D 2009 66.357 1993 N/D 2010 67.684 1994 N/D 2011 69.037 1995 N/D 2012 70.418 1996 48.000 2013 71.827 1997 48.960 2014 72.545 1998 49.939 2015 73.270 1999 50.938 2016 74.003 2000 52.000 2017 74.743 2001 59.554 2018 75.810 2002 58.761 2019 76.892 2003 56.842 2020 77.989 2004 58.970 2021 79.103 2005 62.014 2022 80.232 2006 66.509 2023 81.377 2007 64.684 2024 82.538 2008 65.700 2025 Fonte: Adaptado de M2M International Group, LLC, & Daniel B. Jones (2009) 3.1.3 Características dos RSS de Foz do Iguaçu O Aterro sanitário em estudo não recebe os RSS gerados pelo município de Foz do Iguaçu, pois este não dispõe de um sistema de tratamento adequado para este tipo de resíduo. Porém pela falta de um controle mais rigoroso nos pontos de produção o aterro recebe de modo misturado os RSS entre os RSU coletados. De acordo com a secretaria Municipal da Fazenda, são 164 os empreendimentos que geram RSS no município de Foz do Iguaçu – PR no ano de 2009, o maior numero corresponde a clinicas odontológicas como pode-se observar na Tabela 3. 36 Tabela 3 – Demonstrativo do número de estabelecimentos de saúde de Foz do Iguaçu até Março de 2010. Profissionais da Saúde 2009 Clínicas Médicas 27 Clínicas Odontológicas 32 Clínicas de Fisioterapia 28 Clínicas Mistas 10 Clínicas de Nutrição 07 Clínicas Psicologia 18 Clínicas Veterinárias 02 Farmácias 31 Laboratórios 09 Total 164 Fonte: Adaptado de Secretaria Municipal da Fazenda da Prefeitura de Foz do Iguaçu. Atualizado até o mês de março de 2010 São várias as cidades que já tratam os seus RSS com o método da autoclavagem. Como Penápolis – SP, Içara – SC e Ariquemes – RO, tanto por empreendimentos próprios como por empresas terceirizadas. Cada situação é dada de acordo com a disponibilidade dos recursos públicos como também das especificações técnicas e legais que habilitam a implantação deste sistema de tratamento dos RSS nas cidades 3.2 METODOLOGIA DA PESQUISA A pesquisa qualitativa adotada permite compreender que as ciências sociais têm sua especificidade, o que pressupõe uma metodologia própria (GOLDEMBERG, 2002), por meio de dados que descrevam detalhadamente alguma situação visando compreender seus aspectos. Este tipo de pesquisa supõe o contato direto do pesquisador com o ambiente e a situação que está sendo investigada, através do trabalho intensivo de campo e levantamento dos aspectos gerais, neste caso referente aos RSS como: coleta, transporte, tratamento e destinação final dos RSS gerados nos Postos e Unidades de Saúde de responsabilidade da Prefeitura do Município de Foz do Iguaçu. A técnica utilizada neste trabalho será a análise de custo/benefício (ACB) de acordo com Macedo, Lunga & Almeida (2007) que consiste em avaliar e verificar se um empreendimento é viável ou não. Neste caso, sobre a implantação da autoclavagem como método de tratamento dos RSS gerados e de responsabilidade 37 da Prefeitura do município de Foz do Iguaçu e sua disposição final no Aterro Sanitário da cidade. 3.3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Através da coleta de informações com funcionários do Departamento de Serviços Urbanos da Prefeitura de Foz do Iguaçu foi possível avaliar o interesse econômico quanto à diminuição de custos referentes ao tratamento e disposição final dos RSS gerados pelos Postos e Unidades de Saúde de responsabilidade da Prefeitura deste município. Foi realizada uma visita no Aterro Sanitário de Foz do Iguaçu, no dia 04 de setembro de 2010, com a finalidade de observar as dependências do mesmo para melhor analise do seu funcionamento e verificação da disponibilidade física para a escolha do local da instalação da autoclave no Aterro Sanitário. As consultas realizadas à dois funcionários do IAP de Foz do Iguaçu possibilitaram um esclarecimento das normas e legislação vigente a fim de verificar a viabilidade legal da instalação de uma autoclave no aterro sanitário do município. Foi realizada consulta com funcionário da empresa GAAP – Gerenciadora de Resíduos Hospitalares Ltda. localizada no Bairro Vila Portes do Município de Foz do Iguaçu - PR e conveniada com a empresa SERVIOESTE Soluções Ambientais Ltda. localizada em Chapecó - SC contratada para a coleta, transporte, armazenamento temporário, tratamento e disposição final dos RSS gerados pelos Postos e Unidades de saúde de responsabilidade da Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu com a finalidade de obter dados sobre a logística e os procedimentos realizados pelas empresas, assim também quanto a situação legal em que a empresa se encontra. Também foi realizada consulta com funcionário do Departamento de Tesouraria da empresa KUARAHY S.A. localizada no Km 5 da Ruta Internacional (Rodovia) no Bairro San José em Ciudad del Este – Paraguai com o objetivo de obter dados quanto aos aspectos financeiros e econômicos do empreendimento como preço do tratamento de RSS por autoclavagem ofertado no mercado local e despesas da empresa como salários de funcionários, água e energia elétrica, além da situação legal do empreendimento quanto a legislação local. 38 Após a consulta, foi realizou-se uma visita na planta de tratamento dos RSS da empresa Kurahy S.A. no dia 08 de setembro de 2010, localizada no Km 12 da Ruta Internacional (Rodovia) no Bairro Monday em Ciudad del Este – Paraguai de modo a observar as dependências da planta com a finalidade de obter uma exemplificação prática deste tipo de empreendimento. A visita foi guiada por dois funcionários cujas funções são: encarregados da manipulação do equipamento e realização do tratamento dos RSS. A partir dos dados e informações fornecidas pela empresa KUARAHY S.A. foi requerido ao fabricante MAZDEN S.R.L. localizada em Buenos Aires – Argentina, provedor da autoclave utilizada pela empresa Kuarahy S.A., um orçamento para obtenção do valor aproximado do investimento necessário para o empreendimento. As análises de viabilidade baseiam-se principalmente nos dados quanto ao custo atual de coleta, transporte, tratamento e disposição final dos RSS gerados nos Postos e Unidades de Saúde de responsabilidade da Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu – PR, como também da possibilidade legal da implantação de uma autoclave nas dependências do Aterro Sanitário localizado na cidade. Devido à diversidade das características qualitativas e metodológicas das informações coletadas e também para melhorar a organização e a visualização dos dados obtidos que serão abordados na analise dos resultados e discussão, as informações coletadas foram organizadas nos seguintes aspectos: - Legislação Pertinente à implantação da autoclavagem em Aterros Sanitários; - Quantificação dos Resíduos de Serviço de Saúde Municipais de Foz do Iguaçu ou RSSMs; - Interesse econômico da implantação da autoclavagem no Aterro Sanitário em Foz do Iguaçu; - Analise de Custo/Benefício (ACB) da autoclavagem; - Aspectos ambientais envolvidos no empreendimento. 39 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO A relevância da instalação da autoclavagem como técnica de tratamento de RSS foi proporcionada pela analise do tratamento e disposição final dos RSS de outros municípios, viabilizando o estudo das ocorrências verificadas e assim proporcionar as informações e os materiais necessários para a elaboração de uma proposta coerente e viável. 4.1 LEGISLAÇÃO PERTINENTE Segundo Nogueira e Rocha (2001) a Constituição Federal Brasileira confere aos municípios a competência de organizar e prestar os serviços públicos de caráter urbano, como a limpeza pública e a disposição final dos resíduos sólidos urbanos. As prefeituras devem organizar-se viabilizando a praticidade das técnicas e metodologias escolhidas para as ações de planejamento, licenciamento, de controle e fiscalização e conscientização ambiental que levem à sustentabilidade de acordo com Franco (1999). Para que isso seja possível existem normas e diretrizes que determinam o modo como devem ser realizados esses serviços. De acordo com a legislação atual a resolução CONAMA n° 358 de 29 de abril de 2005 dispõe sobre o tratamento e disposição final dos RSS gerados em um município, algumas das indicações mais importantes dentre os artigos desta resolução foram destacados a seguir: - Art. 7° Os resíduos de serviços de saúde devem ser acondicionados atendendo às exigências legais referentes ao meio ambiente, à saúde e à limpeza urbana, e às normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), ou, na sua ausência, às normas e critérios internacionalmente aceitos. - Art. 8° Os veículos utilizados para coleta e transporte externo dos resíduos de serviços de saúde devem atender às exigências legais e às normas da ABNT. - Art. 9° As estações para transferência de resíduos de serviços de saúde devem estar licenciadas pelo órgão ambiental competente. - Parágrafo único. As características originais de acondicionamento devem ser mantidas, não se permitindo abertura, rompimento ou transferência do conteúdo de uma embalagem para outra. 40 - Art. 10° Os sistemas de tratamento e disposição final de resíduos de serviços de saúde devem estar licenciados pelo órgão ambiental competente para fins de funcionamento e submetidos a monitoramento de acordo com parâmetros e periodicidade definidos no licenciamento ambiental. - Parágrafo único. São permitidas soluções consorciadas para os fins previstos neste artigo. - Art. 11° Os efluentes líquidos provenientes dos estabelecimentos prestadores de serviços de saúde, para serem lançados na rede pública de esgoto ou em corpo receptor, devem atender às diretrizes estabelecidas pelos órgãos ambientais, gestores de recursos hídricos e de saneamento competentes. - Art. 13° Os resíduos não caracterizados no Anexo I desta Resolução devem estar contemplados no PGRSS, e seu gerenciamento deve seguir as orientações especificas de acordo com a legislação vigente ou conforme a orientação do órgão ambiental competente. - Art. 14° É obrigatória a segregação dos resíduos na fonte e no momento da geração, de acordo com suas características, para fins de redução do volume dos resíduos a serem tratados e dispostos, garantindo a proteção da saúde e do meio ambiente. No âmbito da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), existem algumas normas relativas ao controle dos RSS, que podem ser observadas, a seguir (Brasil, 2001): - NBR 10.004, de setembro de 1987 – Classificação de Resíduos Sólidos quanto aos riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública; - NBR 12.807, de janeiro de 1993 – Terminologia dos Resíduos de Serviços de Saúde; - NBR 12.809, de fevereiro de 1993 – Procedimento de Manuseio dos Resíduos de Serviços de Saúde; - NBR 12.810, de janeiro de 1993 – Procedimento de Coleta de Resíduos de Serviços de Saúde; - NBR 7.500, de março de 2000, errata em outubro de 2000 – Símbolos de Risco e Manuseio para o Transporte e Armazenagem de Materiais; - NBR 9.191, de julho de 2000 – Especificação de sacos plásticos para acondicionamento de lixo; 41 - NBR 9.190, de dezembro de 1985 – Classificação de sacos plásticos para acondicionamento de lixo. O Instituto Ambiental do Paraná (IAP), no exercício de sua competência de controle ambiental, expede os seguintes atos administrativos para cada tipo de licença e exige documentos técnicos compatíveis com o tipo de atividade, o potencial e significância dos impactos gerados. Deste modo, a seguir está listada a relação dos documentos requeridos para o licenciamento ambiental: - Licença Prévia: 1. Requerimento Licenciamento Ambiental (RLA), duas vias (uma das vias será protocolada e outra devolvida ao requerente); 2. Cadastro do empreendimento, no caso dos RSS o Cadastro de Empreendimentos Comerciais e de Serviços (CCS); 3. Matrícula atualizada do imóvel (90 dias), contrato de locação ou uso fruto quando necessário, seguido dos documentos pessoais dos proprietários (Quando imóvel rural deve ser apresentada fotocópia do INCRA ou ITR); 4. Se pessoa jurídica apresentar fotocópia de CNPJ, CPF, RG dos proprietários e seus conjugues e ato constitutivo. Se pessoa física, apenas CPF, RG dos proprietários e seus conjugues. 5. Sumula de pedido de licença prévia (Diário Oficial do Estado e Jornal de Circulação Regional); 6. Anuência uso ocupação do solo fornecido pela prefeitura; 7. Taxa; retirada pela internet no site www.iap.gov.br; 8. Mapa de localização da área. - Licença de Instalação: 1. Idem item 1 da Licença Prévia: RLA - 2 vias; 2. Idem item 2 da Licença Prévia: CCS; 3. Xérox da Licença Prévia, devendo-se atender as condicionantes da licença prévia, respeitando as normas da ABNT e acompanhando de anotação ou registro de responsabilidade técnica (ART); 4. Matrícula atualizada do imóvel (90 dias); 5. Sumula de recebimento da licença prévia (Diário Oficial do Estado e Jornal de Circulação Regional); 6. Sumula de pedido de licença de Instalação (Diário Oficial do Estado e Jornal de Circulação Regional); 42 7. Taxa; retirada pela internet no site www.iap.gov.br; - Licença de Operação: 1. Idem item 1 da Licença Prévia e de Instalação: RLA - 2 vias; 2. Idem item 2 da Licença Prévia e de Instalação: CCS; 3. Xérox da Licença de Instalação, devendo-se atender as condicionantes da licença prévia, respeitando as normas da ABNT e acompanhando de anotação ou registro de responsabilidade técnica (ART); 4. Matrícula atualizada do imóvel (90 dias); 5. Sumula de recebimento da licença de Instalação (Diário Oficial do Estado e Jornal de Circulação Regional); 6. Sumula de pedido de licença de Operação (Diário Oficial do Estado e Jornal de Circulação Regional); 7. Taxa; retirada pela internet no site www.iap.gov.br. Como mencionado anteriormente, este trabalho propõe realizar uma analise da viabilidade econômica e ambiental para implantar o método da autoclavagem dos RSS da cidade de modo a diminuir riscos e custos a uma escala industrial criando mais opções para a comunidade no tratamento dos seus RSS gerados de acordo com a demanda e quantificação como podemos observar no próximo item. 4.2 QUANTIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS DE SERVIÇO DE SAÚDE MUNICIPAIS DE FOZ DO IGUAÇU De acordo com os dados fornecidos pelo Departamento de Serviços Urbanos da Prefeitura de Foz do Iguaçu e pela empresa SERVIOESTE, a prefeitura é responsável pelo tratamento dos RSS de 45 Instituições de saúde. Na Tabela 4 observam-se as instituições que contribuíram com mais de 5% do valor total de 34 toneladas de RSS coletados no período de 2009 (No Anexo 01 deste trabalho poderão ser verificadas as demais instituições de saúde referentes aos 5% do total desta tabela): 43 Tabela 4 – Demonstrativo da Coleta Anual de RSSMs de Foz do Iguaçu. Postos/unidades de saúde Centro de Especialidades Médicas – PAM 24 h Posto de Atendimento Municipal 24 h (PAM) Morumbi I Quantidade (kg) 21.402,0 3.035,0 Poliambulatório Porto Meira 849,0 Unidade Básica de Saúde Família Morumbi III 559,0 Núcleo de Saúde Vila “C” 532,0 Núcleo de Saúde Profilurb I 531,0 Núcleo de Saúde AKLP 501,0 Unidade Básica de Saúde Profilurb II 500,0 Centro de Controle e Zoonose – CCZ 477,0 Unidade Básica de Saúde Vila Yolanda 474,0 Núcleo de Saúde São João 411,0 Unidade Básica de Saúde Jardim São Paulo II – Nova 384,0 Unidade Básica de Saúde Família Porto Belo 381,0 Unidade Básica de Saúde C. Iguaçu 355,0 Unidade Básica de Saúde Portal da Foz 353,0 Unidade Básica de Saúde Vila “C” Nova 351,0 Unidade Básica de Saúde Família Três Lagoas 349,0 Corpo de Bombeiros Vila “A” 343,0 Unidade Básica de Saúde Família Porto Meira 341,0 Unidade Básica de Saúde Jardim São Paulo 329,0 Unidade Básica de Saúde Família Cidade Nova Unidade Básica de Saúde Jardim América Outros (menos que 5% do total) 317,0 296,0 1.582,0 Total (Período de 17 de Janeiro de 2009 a 16 de Fevereiro de 2010)* 34.652,0 * Atualizado dia 10 de março de 2010. Fonte: Departamento de Planejamento Urbano – Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu – PR. A coleta dos RSSMs é realizada pela empresa em três etapas. Na primeira, 3 (três) furgões, identificados dentro dos parâmetros da norma ABNT correspondentes e devidamente licenciados, passam nas instituições de saúde coletando os RSSMs a cada dois dias, exceto aos sábados, domingos e feriados, nestes dias os RSSMs ficam alojados em local próprio em cada instituição de saúde a espera da coleta. Na segunda etapa, após a coleta nos Postos e hospitais os RSSMs são encaminhados a estação de armazenamento temporário de Foz do Iguaçu – PR, onde serão acumulados os RSSMs pelo período de uma semana a espera do caminhão furgão. Finalmente na terceira etapa, os RSSMs armazenados são repassados ao caminhão furgão coletor para finalmente serem encaminhados até a planta de tratamento em Chapecó – SC concluindo assim a Fase de coleta e transporte dos RSS. 44 Na tabela 5 observa-se de modo mais detalhado a relação mensal da quantidade de RSSMs coletados no período de 2009. De acordo com esta tabela é possível observar uma variação de 2.295 kg no mês de Fevereiro como menor quantidade podendo chegar a picos de 3.380 kg no mês de novembro, resultando numa média de 2.887,66 kg de RSSMs coletados no município. Tabela 5 – Demonstrativo Mensal de RSSMs de Foz do Iguaçu – PR em 2009. Mês Quantidade (kg) Janeiro 2.689,0 Fevereiro 2.295,0 Março 2.599,0 Abril 2.465,0 Maio 3.008,0 Junho 3.176,0 Julho 3.165,0 Agosto 3.279,0 Setembro 3.063,0 Outubro 2.855,0 Novembro 3.380,0 Dezembro 2.678,0 Total* 34.652,0 * Atualizado dia 10 de março de 2010. Fonte: Departamento de Planejamento Urbano – Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu – PR. Devido a disponibilidade de um exemplo prático quanto a gestão dos RSS através da empresa KUARAHY S.A. de Ciudad del Este – Paraguai (CDE), também estão disponíveis a relação dos RSS coletados de modo a contribuir para um melhor esclarecimento sobre a quantidade de RSS coletados no período de Janeiro a Maio de 2010 na cidade vizinha como observa-se na Tabela 6 a seguir (as instituições que contribuíram com menos de 5% do total da tabela 5 estão disponíveis no anexo 02 deste trabalho): 45 Tabela 6 – Relação dos RSS coletados de Janeiro a Maio de 2010 em CDE em quilogramas. Cliente Fundación Tesãi - Area 2 Instituto de Previsión Social (IPS) Materno Infantil Los Angeles Centro Médico Internacional S.R.L. Some S.R.L. Samedic S.A. Sanatório Manuel Riveros Sanatório Clinic Center S.R.L. Isidro Ramón Morel - S.P.U. Clínica San Agustín Centro de Emergencias del Este Outros (menos que 5% do Total) Quantidade 12160,00 8395,00 7377,00 2870,00 1972,00 1658,00 1610,00 780,00 595,00 393,00 361,00 1977,85 Total 40148,85 Fonte: Adaptado de Departamento de Tesouraria Kuarahy S.A. (2010). A quantidade de RSS coletados em Ciudad del Este em apenas cinco meses no mesmo período que em Foz do Iguaçu – PR demonstrados na Tabela 5 é superior a quantidade anual de RSSMs coletados em Foz do Iguaçu como é possível verificar resumidamente na Tabela 7. Tabela 7 – Comparação de Quantidade de RSS entre Foz do Iguaçu e Ciudad del Este, em quilogramas. Meses RSSMs Foz do Iguaçu RSS Ciudad del Este Janeiro 2.689,00 7.632,40 Fevereiro Março 2.295,00 2.599,00 7.134,60 8.339,75 Abril 2.465,00 8.571,60 Maio 3.008,00 8.470,50 Total 13.056,00 40.148,85 Para analisar esta tabela considera-se que os dados da cidade de Foz de Iguaçu são referentes apenas aos RSSMs ao contrário dos dados de Ciudad del Este que correspondem a coleta dos RSS de grande parte das Instituições de saúde, incluindo farmácias e laboratórios da cidade é não apenas os de responsabilidade da prefeitura, como postos ou unidades de saúde; outro ponto é a diferença populacional entre ambas as cidades, como também a diferença da legislação, já que no Paraguai é proibida a incineração dos RSM como também dos RSS, diminuindo as opções para o tratamento dos resíduos no país vizinho. 46 Porém a Tabela 7 serve para visualizar que a implantação da autoclavagem como tratamento de RSS é uma proposta aplicável, mas que deve ser analisada de acordo com as necessidades de cada município, como também da existência de mercado para tal empreendimento, já que de acordo com Eleutério, Hamada e Padim em 2008, cabe aos gestores dos RSS analisarem as necessidades exigidas pela instituição de saúde a qual representam e então decidirem por esta ou aquela tecnologia. Dito isso, deve-se levar em conta um ponto falho na autoclavagem, que diz respeito à quantidade de resíduos acondicionados nos sacos plásticos, que servirão de invólucro ao material infectado, já que quanto maior o volume e a massa dos resíduos, maior será a probabilidade de sobrevida desses microorganismos, pois os materiais dispostos no centro do saco plástico estão mais isolados do calor aplicado no processo. 4.3 INTERESSE ECONÔMICO DA AUTOCLAVAGEM Neste trabalho dividiram-se os RSS do município de Foz do Iguaçu em duas classes: os RSS de responsabilidade da prefeitura (RSSMs); e os RSS de responsabilidade das empresas do setor privado do município, como farmácias, laboratórios, clinicas odontológicas, já que o que interessa é a gestão dos RSSMs realizados pela Prefeitura deste município. Os RSSMs de Foz do Iguaçu – PR. são tratados pelo método do cooprocessamento e dispostos para destinação final no aterro industrial da cidade de Chapecó – SC pela empresa SERVIOESTE, a qual emite o certificado de Destinação Final. Esta empresa foi contratada através de licitação pública e podendo a cada ano realizar a renovação do contrato enquanto continuar oferecendo vantagens econômicas e ambientais para a prefeitura (DSU, 2010). Para os RSS do setor privado, atualmente, o incinerador instalado em Medianeira – PR é o único do estado que possui Licenciamento Ambiental para coleta, tratamento (através de incineração) e disposição final de resíduos. Segundo Manenti, (2010) a empresa responsável pelo incinerador em Medianeira encaminha as cinzas para a empresa Essencis em Curitiba – PR a qual emite o Certificado de Destinação Final. 47 De acordo com o trabalho “Níveis de Monóxido de Carbono como Parâmetro da Viabilidade Ambiental do Incinerador de Resíduos dos Serviços de Saúde” elaborado por Manenti com o objetivo de analisar a viabilidade ambiental do processo de incineração do equipamento instalado na cidade de Medianeira – PR, tendo em vista a emissão de monóxido de carbono como parâmetro ambiental, realizado em 2010, o tratamento e a destinação final correta dos RSS estão relacionados de forma direta com a prevenção da poluição, e a possibilidade de utilização de um sistema de tratamento dos RSS na região oeste do Paraná sendo de grande importância ambiental já que o incinerador mais próximo está localizado na cidade de Chapecó em Santa Catarina, e o aterro para resíduos especiais (para o caso de não ocorrer o tratamento prévio) em Curitiba – PR. Considerando as distâncias dos atuais métodos de tratamento e disposição final adotados no município de Foz do Iguaçu – PR, os RSS percorrem 58 quilômetros até Medianeira para serem tratados somando mais 585 quilômetros até Curitiba para serem aterrados e 450 quilômetros até Chapecó para serem tratados e aterrados. Isto representa um total de 2.186 quilômetros rodados somente para levar os RSS para tratamento e disposição final. Do ponto de vista gerencial, a autoclave demanda menor esforço para ser administrada uma vez que sua operacionalização pode ser realizada por pessoal com mediana capacitação técnica, em virtude da necessidade de haver um funcionário encarregado de alimentar a autoclave com o material infectado, sendo que este mesmo funcionário pode realizar a retirada do material já tratado, dispondoo em uma área externa para posterior envio para a disposição final (ELEUTÉRIO, HAMADA & PADIM, 2008). O incinerador por sua vez, com uma maior complexidade operacional, deverá contar com um número maior de pessoas para sua operacionalização, pois de acordo com Teixeira (2006) os incineradores devem ser operados de maneira a atender os padrões que satisfaçam às exigências para a proteção do meio ambiente, o que pode representar um alto consumo de combustível para os incineradores de menor porte, alto custo de implantação, operação e manutenção, principalmente se comparado a um aterro sanitário bem operado, além do risco significativo se for mal operado. Os investimentos necessários para a construção de um incinerador e de toda sua estrutura operacional são altos em comparação com os valores a serem 48 investidos na montagem de uma central de tratamento pelo método de autoclavagem que demanda um montante de recursos bem menor, em razão dos valores para a aquisição dos equipamentos de autoclave são inferiores aos utilizados em um incinerador. Além disto, toda a operação de um incinerador deverá contar com um funcionário com alta capacitação técnica, que na maioria dos casos trata-se de um engenheiro especializado em incineração, podendo ainda haver a necessidade de titulação em segurança do trabalho por tratar-se de serviço de alta periculosidade (ELEUTÉRIO, HAMADA & PADIM, 2008). Encontram-se disponíveis no mercado autoclaves de diferentes tamanhos que podem ser selecionadas de acordo com a quantidade de resíduos gerados por um estabelecimento ou grupo de estabelecimentos. As temperaturas de tratamento variam de 100ºC a 160ºC e a duração do tratamento de 20 a 120 minutos. As capacidades são muito variadas, desde a pequena instalação de 20 litros até o contêiner de 800 kg (Brasil, 2001). Para compreensão das diferenças entre o método da autoclavagem e o método da Incineração, o Quadro 4 apresenta a comparação das características destes dois processos de tratamento de RSS. Quadro 4 – Comparação entre vantagens e desvantagens entre a Autoclave e Incineração. Processo Autoclave Incineração Redução Volume Baixa Alta Eficiência Desinfecção Alta Alta (**) Impacto Ambiental Baixa Baixa Capacitação Pessoal Média(*) Alta Capacidade Tratamento Médio-baixa Sem limites Custo Investimento Média Baixa Custo Operação Média Alta (*) Não se considera a capacitação necessária para manejar equipamentos de produção de vapor. (**) Com incineradores de tecnologia avançada. Fonte: Guía de Capacitación – Gestión y Manejo de Desechos Sólidos Hospitalarios, 1996 apud Brasil, 2001. Ainda sob a ótica do gerenciamento de custos, estes diferem em muito quando considerado o preço por quilograma de material tratado. Enquanto o tratamento pela tecnologia de autoclavagem tem um preço médio de R$ 2,00 (SANTOS, 2005 apud ELEUTÉRIO, HAMADA e PADIM, 2008) por quilograma de resíduo desinfetado, o tratamento realizado pelo método de incineração tem como preço médio R$ 2,50. 49 Com a implantação da autoclavagem como técnica de tratamento dos RSSMs de Foz do Iguaçu a prefeitura abre possibilidade de novos empregos para a população, gerando renda para o município na contratação desses novos funcionários. Além disso, as empresas do setor privado que tratam os seus RSS em outros municípios poderão fazê-lo de modo mais econômico e simples na própria cidade, diminuindo riscos e custos e novamente gerando receita para o município. Os benefícios podem se estender para toda a região oeste do estado, tanto para as prefeituras próximas da região como as empresas e hospitais tanto públicos como privadas da própria cidade. Além de diminuir os riscos e impactos gerados no transporte até o município de Medianeira – PR para tratamento e logo em seguida até a cidade de Curitiba – PR para a destinação final em Aterro Sanitário, no caso do setor privado e do transporte até o município de Chapecó – SC para tratamento e destinação final em Aterro Sanitário dos RSSMs de Foz do Iguaçu. 4.4 ANÁLISE DE CUSTO/BENEFÍCIO DA INSTALAÇÃO DA AUTOCLAVAGEM. De acordo com Macedo (2006), (apud MACEDO, LUNGA & ALMEIDA, 2007) a aplicação de qualquer técnica não se constitui em uma estimativa precisa de valor, mas apenas um parâmetro para auxiliar no processo de tomada de decisão para qualquer investimento empresarial ou governamental em particular na aquisição de uma nova tecnologia, deste modo verifica-se a viabilidade do empreendimento considerando as restrições, aplicações e resultados que podem ser encontrados na utilização do método escolhido. Segundo Macedo, Lunga & Almeida (2007) a ACB mostra o quanto o valor presente das entradas representa do valor presente das saídas de caixa. Para tanto, este indicador é descrito como na Equação 1: Equação 1: Representação da Viabilidade do Custo/Benefício onde, B/C = Diferença entre benefício e custo; ∑ VPrE = Somatória dos valores presentes das entradas de caixa; e ∑ VPrS = Somatória dos valores presentes das saídas de caixa. Um projeto é considerado viável quando apresenta B/C superior a um, pois isso representa geração de riqueza. Além da riqueza gerada pelo projeto, outro 50 aspecto importante no momento de sua análise é o tempo que o mesmo demora para recuperar o capital investido (MACEDO, LUNGA e ALMEIDA, 2007). De acordo com as informações fornecidas pelo provedor da autoclave utilizada em Ciudad del Este em orçamento via e-mail, como também dos gastos e custos fornecidos pela empresa Kuarahy S.A. em visita à empresa, na Tabela 8 estão dispostos os valores de custo de implantação de uma autoclave. Os valores foram calculados em reais (Câmbio do dia 12 de Outubro de 2010) Tabela 8 – Descrição dos itens do investimento inicial para instalação da Autoclave. Ítem Autoclave Carro Estante Interno Quantidade 1 2 79.980,00 1.420,00 145.963,00 5.183,00 4 1 1 800,00 6.200,00 8.600,00 5.840,00 11.315,00 15.695,00 Carro estante Externo Porta Dupla para Área Estéril Gerador de Vapor Elétrico Incorporado Valor Sub-Total (R$) Total parcial* *Cotação do câmbio em Reais do dia 24/10/2010. Fonte: Adaptado de MAZDEN, 2010. 183.996,00 O total parcial corresponde a um investimento muito alto, porém o retorno deste investimento pode ser dado com o tempo, através da disposição do serviço de tratamento dos RSS que são gerados pelas instituições privadas do município. Na Tabela 9 mostram-se os gastos com gasolina referentes às viagens tanto para a cidade de Medianeira – PR como para a cidade de Chapecó – SC, no qual os preços dos combustíveis são uma média calculada pela Agencia Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para cada Estado. Tabela 9 – Descrição do consumo de gasolina de uma viagem para tratamento e disposição final dos Resíduos de Serviço de Saúde (Ida e volta). Estado Preço médio Destinação Final Foz do Iguaçu - Medianeira Consumo (litros) Custo R$ 28 73,192 Medianeira - Curitiba 293 765,902 Curitiba - Medianeira 59 154,226 Medianeira - Foz do Iguaçu 28 73,192 Foz do Iguaçu - Chapecó 225 580,95 Chapecó - Foz do Iguaçu *Dados disponíveis em ANP Online. 45 116,19 Paraná Santa Catarina 2,614* 2,582* Sub-total R$ 1066,512 697,14 De acordo com a Tabela 9, quando os RSS são tratados em Medianeira – PR mensalmente correspondem a um custo aproximado de 2.776 R$ em combustíveis, e quando tratados em Chapecó – SC equivalem aproximadamente a 51 4.266 R$. Os atuais métodos de tratamento possuem elevados custos de combustíveis para o transporte dos RSS para tratamento e disposição final. Com a implantação da Autoclavagem no Aterro Sanitário do município de Foz do Iguaçu – PR, os valores de combustíveis são consideravelmente menores já que tanto o tratamento dos RSS como sua disposição Final poderiam ser feitos no próprio município, diminuindo custos do transporte dos RSS e, consequentemente, os custos do seu tratamento. Além dos custos com combustível, também temos outros custos, como água, energia elétrica, salários e manutenção da planta de tratamento. Na Tabela 10 estão disponíveis os valores do custo de água por processo de tratamento como também, de energia elétrica. Os valores foram calculados com os dados disponíveis nos sites da Companhia de Saneamento do Paraná (SANEPAR) e da Companhia Paranaense de Energia (COPEL). Tabela 10 – Valores Aproximados por Processo de Tratamento dos Resíduos de Serviço de Saúde. Demais custos Quantidade necessária por processo Custo R$ Sub-total R$ Água 1000 l 29,40 + 3,31/m³ (3,23/m³) 155,18 Energia Elétrica 328,25 KW 0,4285 (inclui impostos) 140,65 Total parcial 295,83 Através dos dados da tabela anterior foi possível fazer o dimensionamento mensal dos principais custos de manutenção da planta de tratamento de RSS. Na Tabela 11 estão disponíveis os valores aproximados do custo mensal das principais despesas como água, energia elétrica, e salários. Tabela 11 – Custos Mensais Aproximados para Tratamento dos RSS. Item Valor Unitário Custo Mensal R$ Água 155,18 7448,64 Energia Elétrica 140,65 675,12 510 2695,03 10818,79 4 funcionários Total Os custos mensais estão em torno de 10.819,79 R$ aproximadamente. Com o valor de 2,00 R$ por quilo de RSSMs tratados, em base aos 34.658 quilos de RSSMs gerados no ano de 2009 demonstrados na Tabela 5, tem-se 69.304 R$ de 52 ingressos, porém os custos anuais são no valor de 129.825,48 R$ aproximadamente, restando ainda uma dívida de 60.521,48 R$ aproximadamente. Deste modo retomamos a Equação 1, e substituindo os valores, tem-se: Equação 2: B/C = Diferença entre benefício e custo; B/C é < que 1. Neste caso o projeto não é considerado viável pelo período de um ano por apresentar B/C inferior a um, pois isso não representa geração de riqueza de acordo com Macedo, Lunga e Almeida (2007). Isso sem mencionar nos custos do Investimento inicial, já que a inflação e impostos baseados no rendimento ou lucros líquidos não são considerados nesta análise econômica. 4.5 ASPECTOS AMBIENTAIS ENVOLVIDOS Os RSS se tornam a cada dia um desafio maior para os gestores municipais de instituições de assistência à saúde. Seu volume crescente, seu poder de infecção, como sua toxicidade, exigem um tratamento adequado que reduza os riscos provocados por inúmeros materiais que constituem esses resíduos. No caso do incinerador existe a necessidade de um acompanhamento diário, das emissões gasosas geradas pela queima dos resíduos tratados, da disposição final da cinza resultante da incineração e do lodo gerado pela lavagem dos gases, pois de acordo com Manenti (2010), na incineração deve-se manter um cuidadoso controle de emissões gasosas na atmosfera, regulando as duas câmaras de combustão conforme a necessidade de ar/combustível, gerando uma queima adequada. No sistema de autoclavagem segundo Eleutério, Hamada e Padim (2008), não existe emissão de gases, contudo o resíduo tratado por não ter seu volume reduzido, ou ainda, com uma inexpressiva redução, representará um problema sério quando da sua disposição final, vindo a contribuir com o já expressivo volume gerado pelo lixo doméstico que superlota os aterros municipais. Além disto, mesmo desinfetado, este resíduo poderá gerar o chorume, pois sua constituição não foi alterada, somente sua patogenicidade. A discussão mais importante sobre os processos, contudo, refere-se à segurança e garantia de destruição efetiva dos organismos patogênicos (MANENTI, 2010). 53 E neste tópico a tecnologia de incineração tem comprovadamente melhor desempenho que a autoclavagem. Pois, por melhor que sejam os equipamentos utilizados no sistema de autoclave, estes não alteram as propriedades dos resíduos, proporcionando chances para que microorganismos patogênicos sobrevivam ao processo se os resíduos não forem devidamente condicionados e o equipamento não for bem operado (ELEUTÉRIO, HAMADA & PADIM, 2008). O principal tipo de influência no meio ambiente causado pela incineração provem da combustão que libera diversos poluentes (FERREIRA, 1995). No caso da autoclavagem esse risco não existe, pois o tipo de efluente proveniente do processo de esterilização é liquido. Este efluente liquido deve ser tratado dentro dos padrões estabelecidos pela legislação brasileira. Na Figura 4 observa-se o tratamento dos efluentes liquidos provenientes do processo de esterilização por autoclavagem realizado na planta de tratamento de RSS de Ciudad del Este pela empresa Kuarahy S.A. Figura 4: Tratamento de efluentes líquidos da autoclavagem de RSS da empresa Kuarahy S.A. em Ciudad del Este - Paraguai. Outro aspecto relevante é a quantidade de CO2 que são lançados à atmosfera no transporte dos RSSMs e RSS. De acordo com a calculadora de emissão de CO2 fornecida pelo Instituto Brasileiro de Defesa da Natureza. (IBDN) em seu site, e de acordo com os valores aproximados da Tabela 9 quanto à quantidade de gasolina necessária para o transporte dos RSS, são emitidos 54 aproximadamente 1,593 toneladas de CO2 na atmosfera equivalente aos 1.228 quilômetros percorridos para o transporte dos RSS para seu tratamento e disposição final. Em vista destes valores, a utilização da autoclavagem como método de tratamento destes resíduos no Aterro Sanitário do próprio município de Foz do Iguaçu – PR dispensa o transporte dos resíduos até outras cidades para seu tratamento e disposição final eliminando um dos impactos ambientais causados pela atual logística das instituições de saúde publicas e privadas, como também pelo método de tratamento. Um ponto muito importante também e o custo de energia elétrica necessária para a utilização deste método, demonstrado na Tabela 11; considerando que o aterro sanitário possui uma possível fonte de energia elétrica própria, hoje não explorada por falta de recursos econômicos da prefeitura do município de Foz do Iguaçu – PR, o biogás proveniente do metano gerado pelo processo de decomposição dos resíduos do Aterro Sanitário é considerado uma fonte de energia sustentável. De acordo com o Relatório de Avaliação Preliminar elaborado pela MGM International Group, LLC, & Daniel B. Jones, elaborado em 2009, um recurso notável do Aterro Sanitario de Foz do Iguaçu – PR é a alta qualidade do sistema de drenos de biogás. O uso do biogás poderia melhorar a viabilidade econômica, além de desenvolver a técnica de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) para obtenção de créditos de carbono. Para Lucas (2009), a conversão do biogás em energia elétrica é bastante interessante, pois possibilitaria economia no consumo de eletricidade a curto prazo e investimentos em equipamentos e instalações a médio prazo, sendo a autoclave uma opção para a utilização desta fonte renovável de energia. 4.6 VIABILIDADE DA PROPOSTA As tecnologias para o tratamento estão a disposição, cada uma delas com sua característica em particular, faltando no entanto um planejamento eficaz que venha a contribuir para a escolha de qual forma de tratamento é melhor e se enquadra dentro da gestão organizacional. 55 A utilização de autoclaves para tratamento de RSS é uma metodologia que pode ser utilizada em conjunto com as diretrizes e normas vigentes em lei, pois estas estão disponíveis para serem aplicadas de acordo com a necessidade de cada caso através das resoluções da CONAMA e ANVISA, como também das normas e diretrizes da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Os dados referentes à quantificação dos RSS pelas instituições públicas de saúde do município de Foz do Iguaçu – PR demonstraram que o volume dos RSS gerados não é alto comparado ao volume de RSS gerados por Ciudad del Este – Paraguai, cidade de apenas 300 mil habitantes, da qual suas instituições de saúde raramente possuem um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos. A geração de renda e de novos postos de trabalho são uma das principais vantagens econômicas na implementação da autoclavagem, além da diminuição dos custos para o tratamento dos RSS pelo barateamento dos custos referentes a logística do transporte dos resíduos para outras cidades devido a carência de metodologias adequadas para tratamento dos resíduos no próprio município. Porém, a viabilidade econômica não é favorável, pois os custos para a implantação da autoclave são elevados, como também os custos para implantação de uma usina de biogás para reaproveitamento da energia elétrica produzida pela mesma. De acordo com o Departamento de Serviços Urbanos da Prefeitura do Município de Foz do Iguaçu – PR as despesas para o tratamento e a disposição final dos RSSMs atualmente custam à prefeitura uma média de 10.781 R$ mensais, valor muito baixo quando comparado aos custos da implantação da autoclavagem no Aterro Sanitário, seja com o reaproveitamento ou não do Biogás através da instalação da Usina. De acordo com as informações coletadas a viabilidade da implantação da autoclavagem é positiva no que diz respeito aos impactos ao meio ambiente, pois os impactos apresentados anteriormente demonstraram ser significativamente menor quando comparados ao método da incineração. Portanto, havendo a disponibilidade da obtenção de um financiamento, seja este pela totalidade dos custos de implantação da autoclave como também da usina de biogás ou de uma porcentagem desse valor, esta técnica habilita a geração de novos postos de trabalho, como também a diminuição dos impactos ao meio ambiente e mais uma opção local para o tratamento e disposição final dos RSS gerados na região, sendo esta uma proposta pertinente para mais estudos. 56 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A análise ambiental revela que o método da autoclavagem como tratamento dos RSS no município de Foz do Iguaçu – PR é de grande viabilidade ambiental, tendo em vista que esta técnica de tratamento não gera emissões gasosas ao meio ambiente e seus efluentes líquidos são tratados pelo Sistema de Tratamento de Esgoto Sanitário, além da significativa diminuição do risco de acidentes pelo transporte de RSS até a planta de tratamento de RSS, seja em Medianeira – PR ou Chapecó – SC. Deste modo reduzem-se significativamente os impactos ao meio ambiente, facilitando a disposição final em aterro sanitário, diminuindo custos com transporte, gerando emprego e divisas para o município. Porém a análise de custo e benefício demonstrou que a viabilidade econômica não é positiva devido ao alto custo do investimento para a instalação de uma usina de reaproveitamento do Biogás que poderia ser utilizado como fonte de energia da operação da autoclavagem no tratamento dos RSS do município, de modo a diminuir os custos de energia elétrica do tratamento dos RSS por autoclavagem. 57 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. – ABNT. NBR-8419 – Apresentação de projetos de aterros sanitários de resíduos urbanos. Rio de Janeiro, 1992. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 12808 – Resíduos de serviços de saúde: classificação. Rio de Janeiro.1993 ARAUJO, L. A. de. 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Lancaster 146,0 Unidade Básica de Saúde Família Sol de Maio Unidade Básica de Saúde Jardim Jupira – EC 134,0 125,0 Unidade Básica de Saúde Família Vila Carimã Unidade Básica de Saúde Vila Adriana 121,0 106,0 Unidade Básica de Saúde P. Presidente Serviço de Verificação de Óbitos – SVO 80,0 70,0 CAIC – Morumbi Unidade Ext. João Costa Viana Zoológico Municipal Bairro Guaraní AAVD – Casa Apoio Centro de Nutrição Infantil ACDD – Jd. Santa Rosa 69,0 33,0 28,0 20,0 15,0 13,0 APAE – Jardim Itamaraty CEPRESBEM – Jardim Esmeralda Hospital Internacional – UMS Guarda Mirim – Centro Corpo de Bombeiros Vila Maracanã Clinica Tarquirio Santos – Vila Yolanda 2,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 CAPS – AD 0,0 TOTAL* 1582,0 * Atualizado dia 10 de março de 2010. Fonte: Departamento de Planejamento Urbano – Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu – PR. 64 APÊNDICE II Tabela B – Demonstrativo das Instituições que contribuíram com 5% da Tabela 6. CLIENTE Sanatório Sagrada Família S.A. Laboratório CEBID C.O.E. Centro Médico del Este Clínica del Parque - Parque Group S.R.L. Laboratório Municipal Farmácia DigRobert Clínica La Merced Laboratório L.E.B. A.E.F.A.P. A&J Hermanos QUANTIDADE (Kg) 280,50 209,00 203,00 197,00 129,00 119,00 87,00 79,00 79,00 77,00 72,00 Clínica Santa Lucia Clínica Samaritano Laboratório MEDILAB Sanatório Santa Fé S.R.L. Facultad Uninorte AsisFarma 47,50 42,50 42,50 36,00 32,00 31,00 Farmácia Don Pedro Laboratório Santa Clara 23,70 21,00 Maxi Farma Farmacenter 20,00 20,00 Farmácia Denisse Farmácia Roma S.R.L. 17,00 9,50 Clínica Odontológica DentLife Consultório Odontológico Lilian Farmácia Acaray II Farmácia Santa Rosa Laboratório Del Este Consultório Odontológico 7,00 6,60 6,50 6,00 5,55 5,50 Farma Total Farmaácia Alemana Farmácia Santa Tereza Farmácia San Jorge Farmácia Big Farmácia Maya 5,50 5,00 4,60 4,00 4,00 4,00 Farmácia Fénix Orto Dent Clínica Santa Tereza Farmácia Kow Farmácia Yohany 4,00 4,00 3,00 3,00 2,50 65 Centro Odontológico Farmácia Romel I y II Laboratório Control Lab 2,50 2,00 2,00 Farmácia Orquídeas Consultório Rossana E. Farmácia San José Sphin Pharma Farmácia Bru Farma Farmácia Virgen de Lujan 2,00 2,00 2,00 1,60 1,50 1,10 Farmácia La Fórmula Farmácia Farma Centro Consultório Odontológico Odontoart Farmácia Bri Car Farmácia Adonai Farmácia Ñasaindy 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 0,70 Farmácia Sur Consejo Local de Salud Policlinica Paí Coronel Emodialisis - Maria Gloria Orué Clínica Veterinaria San Francisco Farmácia Gama 0,50 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 Clínica Veterinaria La Cuevita de las Mascotas Laboratório Biodiagnóstico Laboratório Biomedic Farmácia Divino Niño Jesús Farmácia Lider Farmácia Brahian Farmácia Total 7 Cosultório Odontológio Biodonto Clínica Odontológica Ideal Farmácia Principal I y II Odonto Integral Clínica Maria Auxiliadora Farmácia Central Rey Farma Farma Plus 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 TOTAL Fonte: Adaptado de Departamento de Tesouraria Kuarahy S.A. (2010). 1977,85