A participação da sociedade civil européia, através das Organizações Não Governamentais (ONGs), nos rumos dos projetos educacionais da União Européia Aline Pecorari da Cruz121 Sumário: 1. Introdução – 2. A evolução histórica da União Européia – 3. O Parlamento Europeu – 4. As ONGs (Organizações Não-Governamentais) como forma de participação da Sociedade Civil – 5. A atuação das Organizações Não Governamentais (ONGs) na área da educação e o Parlamento Europeu – 6. Conclusão – 7. Referências Bibliográficas Resumo: A participação da sociedade civil, por intermédio de associações, não se revela como um fato inédito. Em 1835, Tocqueville já anunciava sua presença no continente norte-americano - a considerava como peça fundamental para viabilizar o regime democrático e a própria existência da civilização. Atualmente, a importância da análise quanto à atuação da sociedade civil se faz latente como forma, inclusive, de garantir a redemocratização. É nesse sentido que o presente estudo buscar verificar a participação da sociedade civil nos rumos da União Européia, através das Organizações Não-Governamentais (ONGs), como forma de conferir legitimidade, principalmente, às decisões do Parlamento Europeu. Palavras-chave: União Européia – Organizações Não-Governamentais – Parlamento Europeu – Programas Educacionais - Legitimidade Abstract: The participation of civil society, through associations, reveals itself as an unprecedented event. In 1835, Tocqueville had already announced its presence in the U.S. - regarded as the cornerstone for achieving the democratic regime and the very existence of civilization. Currently, the importance of analysis about the role of civil society as a latent causes, including ensuring the return to democracy. In that sense, this study sought to verify the participation of civil society in shaping the EU, through the Non-Governmental Organizations (NGOs) as a way to confer legitimacy, especially the decisions of the European Parliament. Keywords: European Union - Non-Governmental Organizations - European Parliament - Educational Programs – Legitimacy 121 Advogada e Mestranda em Direito da Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP). E-mail: [email protected]. 164 Introdução Detentora de um caráter único, a União Européia é composta por países que permanecem como nações soberanas e independentes. Não se assemelha, portanto, a uma federação, como os Estados Unidos da América, tampouco a uma organização e cooperação entre governos, conforme as Nações Unidas (ONU). Tendo como marco inicial a Comunidade Européia do Carvão e do Aço, a União Européia está dividida em três principais órgãos: o Conselho , a Comissão, e o Parlamento Europeu. Criado com o intuito de conferir um caráter democrático ao bloco econômico, o Parlamento Europeu é o único órgão composto por representantes eleitos diretamente pelos cidadãos europeus. Destarte, sua atuação merece ser analisada de forma mais criteriosa, quando questiona-se a legitimidade das decisões da União Européia, inclusive e principalmente quanto aos programas educacionais por ela financiados, a exemplo do ERASMUS. O desempenho da sociedade civil, através de associações não se revela como fato inédito, mas com certeza vem ganhando maior visibilidade e importância ao longo dos anos. Considerada por alguns autores, como Tocqueville, o mecanismo que pode viabilizar o regime democrático e garantir a própria existência da civilização, o presente estudo busca verificar como a participação das Organizações Não-Governamentais (ONGs) da União Européia pode conferir legitimidade aos atos dos órgãos, supramencionados, em especial o Parlamento Europeu. Fundamental, deste modo, conferir se o Parlamento Europeu possui uma relação íntima com a sociedade civil européia, através das Organizações Não-Governamentais (ONGs), correspondendo, na prática, o aparente perfeccionismo da teoria, especialmente quanto aos programas educacionais patrocinados pelo bloco europeu (inclusive, porque um fato depende do outro, ou seja: para que os programas educacionais possam refletir os anseios dos cidadãos europeus, é necessário que haja a participação da sociedade civil, através das Organizações Não-Governamentais (ONGs); e para que os cidadãos europeus possam fazer parte desse processo de integração, é necessário que o direito à educação lhes seja devidamente assegurado). A evolução histórica da União Européia Criada no século passado, a União Européia surge com o intuito de por termo às frequentes guerras sangrentas entre países vizinhos, que culminaram na Segunda Guerra Mundial. A partir de 1950, a Comunidade Européia do Carvão e do Aço começa a unir os países europeus econômica e politicamente, visando assegurar uma paz duradoura. Os seis países fundadores são: Alemanha, Bélgica, França, Itália, Luxemburgo e Países Baixos. Finalmente, após sete anos, em 1957, o Tratado de Roma institui a Comunidade Econômica Européia (CEE) ou “Mercado Comum”.122 1945 é para a Europa o ano zero. É o toque de finados de uma tendência que se acentuava desde a primeira guerra: o fim da hegemonia da Europa, o desmantelamento do velho sistema de relações internacionais, alicerçado no equilíbrio das grandes potências européias que, ao longo de séculos, disputaram a liderança continental do centro e do oeste. É o começo 122 A história da União Européia. Site oficial da União Européia. Disponível em: <http://europa.eu /abc/history/index_pt.htm>. Acesso em: 19 dez 2010. 165 irremediável da dependência. (...) Que restava, por conseguinte, às médias potências européias para garantir não só a sua reconstrução e sobrevivência, mas também alguma capacidade credível para terem uma palavra a dizer sobre o futuro da Europa e o destino do mundo perante as congeminações geoestratégicas e geopolíticas dos dois gigantes que se acercavam a leste e a oeste?123 Enquanto a década de 60 é considerada um período de crescimento econômico, a década de 70 é marcada pelo aumento do número dos Estados-Membros, integrantes do referido bloco, para nove. O Parlamento Europeu aumenta sua influência na União Européia e, em 1979, os cidadãos passam, pela primeira vez, a eleger diretamente seus deputados.124 Durante a década de 80, a Europa e o mundo assistem à convulsão política com a queda do muro de Berlim, permitindo que a fronteira entre a Alemanha do Leste e a Alemanha Ocidental fosse aberta pela primeira vez em 28 anos. Com o desmoronamento do comunismo na Europa Central e Oriental na década de 90, assistese a um estreitamento das relações entre os europeus. Em 1993, é concluído o Mercado Único com as “quatro liberdades”, ou seja, livre circulação de: mercadorias, serviços, pessoas e capitais.125 A União Européia surge como resposta à insatisfação de expectativas e ao adiamento sucessivo de propostas de aprofundamento comunitário ao longo de duas décadas. O tratado que a consagrou, saído de um processo negocial atribulado e longo, assinado em Maastricht, em 7 de Fevereiro de 1992, com uma estrutura complexa, consumou o relançamento da integração assente em três pilares (Comunidade Européia, Política Externa e de Segurança, Justiça e Assuntos Internos), e configurou duas vertentes fundamentais: o início da união política e a realização de uma união econômica e monetária.126 A partir do ano 2000, a União Européia vive uma década de expansão127. Atualmente, o bloco europeu conta com 27 Estados-Membros128, que transferiram parte 123 SILVA, A. M. História da Unificação Européia - A Integração Comunitária (1945-2010). Editora: Imprensa da Universidade de Coimbra: Coimbra 2010, p. 17 e 18. 124 A história da União Européia. op. cit. 125 Ibid.. 126 SILVA, A. M. op. cit., p. 17. 127 A partir de 2000 – Uma década de expansão. Site oficial da União Européia. Disponível em: <http://europa.eu/abc/history/2000_today/index_pt.htm>. Acesso em: 09 jan 2011. 128 Áustria, Bélgica, Bulgária, Chipre, República Checa, Dinamarca, Estônia, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Países Baixos, Polônia, Portugal, Romênia, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Suécia,Reino Unido, como EstadosMembros; Croácia, Antiga República Jugoslávia da Macedônia, Turquia, Islândia, como países candidatos; e, finalmente, Albânia, Bósnia e Herzegovina, Kosovo, sob a égide das Nações Unidas, de acordo com a Resolução 1244 do Conselho de Segurança, Montenegro e Sérvia, como candidatos em potenciais 166 da sua soberania e competências legislativa para instituições em comum129: o Conselho, a Comissão e, finalmente, o Parlamento Europeu130. Enquanto o Conselho é composto por um ministro do governo nacional de cada um dos Estados-Membros131 e a Comissão é composta por comissários escolhidos pelo presidente da Comissão em conjunto com os governos dos Estados-Membros132, o Parlamento Europeu se diferencia, posto que seus membros são eleitos diretamente por cidadãos europeus133. Tendo em vista que o objetivo do presente estudo é analisar se a sociedade civil européia efetivamente participa dos rumos do respectivo bloco econômico, quanto à definição das diretrizes dos projetos educacionais, far-se-á necessário um estudo sobre o Parlamento Europeu. O Parlamento Europeu Em 1979, pela primeira vez, os deputados que compõem o Parlamento são eleitos diretamente pelos cidadãos europeus.134As eleições ocorrem de cinco em cinco anos e todos os cidadãos da União Européia têm direito a votar, bem como se apresentar na qualidade de candidatos, independentemente do local onde vivem. O Parlamento exprime – ou deveria exprimir- a vontade democrática dos, aproximadamente, 500 milhões de cidadãos da União Européia, representando seus interesses nas discussões com as outras instituições do bloco europeu.135 Eleito por um período de cinco anos por sufrágio universal direto, o Parlamento Europeu é a expressão democrática dos milhões de cidadãos europeus. O Parlamento é constituído por 626 deputados reunidos em grupos políticos transnacionais que representam as grandes tendências políticas existentes nos Estados-membros da União. A idéia de criação de uma Assembléia Comunitária como órgão auxiliar do processo europeu de integração vem do início dos anos 50, sendo concebido como um contrapeso à influência do Conselho Europeu e foi ganhando importância ao longo das etapas de construção da Europa. Inicialmente, formado por representantes dos diferentes parlamentos dos Estados-membros e com limitadas funções consultivas, o Parlamento ganhou gradualmente importância na estrutura organizacional da União Européia.136 129 Os países da União Européia. Site Oficial da União Européia. Disponível em: < http://europa.eu/about-eu/member-countries/index_pt.htm>. Acesso em: 14 nov 2010. 130 Instituições e outros órgãos da União Européia. Site oficial da União Européia. Disponível em: <http:// europa.eu/institutions/index_pt.htm>. Acesso em: 05 fev 2011. 131 Conselho da União Européia. Site oficial da União Européia. Disponível em: <http://europa.eu/ institutions/inst/council/index_pt.htm>. Acesso em 12 fev 2011. 132 Comissão Européia. Site oficial da União Européia. Disponível em: <http://europa.eu/institutions/ inst/comm/index_pt.htm>. Acesso em 12 de fev de 2011. 133 Parlamento Europeu. Site oficial da União Européia. Disponível em: <http://europa.eu/institutions/ inst/parliament/index_pt.htm>. Acesso em: 12 de fev. 2011. 134 Ibid. 135 Ibid. 136 LESSA. A. C. Construção da Europa: a última utopia das relações internacionais. Editora: Cia dos Livros: 2003, p. 138 167 Ao constatar que o Parlamento é um órgão diretamente eleito pelos cidadãos e que exerce, entre outras atribuições, atividades juntamente com o Conselho, pode-se concluir, imediatamente, que seu principal objetivo - e quiçá, a razão de sua existência seria conferir legitimidade às decisões da União Européia, inclusive quanto aos programas educacionais por ela financiados. O Parlamento Europeu, por exemplo, está apto a analisar petições apresentadas por cidadãos, bem como instituir comissões de inquérito, consentindo a atuação direta daqueles nas diretrizes da União Européia.137 Qualquer cidadão da União Européia ou residente num EstadoMembro pode, a título individual ou em associação com outras pessoas, apresentar uma petição ao Parlamento Europeu sobre assuntos que se enquadrem no âmbito das atividades da União Européia que o(s) afete(m) diretamente. Qualquer empresa, organização ou associação que tenha a sua sede social na União Européia pode também exercer este direito de petição garantido pelo Tratado. A petição pode ser apresentada sob a forma de uma queixa ou de um pedido e pode dizer respeito a questões de interesse privado ou público. A petição pode revestir a forma de um pedido individual, de uma queixa, de uma observação sobre a aplicação do direito comunitário ou de um apelo ao Parlamento Europeu para que este assuma uma posição sobre uma questão específica. Este tipo de petições proporciona ao Parlamento Europeu a oportunidade de chamar a atenção para qualquer violação dos direitos de um cidadão europeu por parte de um Estado Membro, das autoridades locais ou de uma Instituição.138 Os temas discutidos podem ser variados, desde que sejam da competência da União Européia, como por exemplo: emprego, assuntos sociais, defesa do consumidor, questões ambientais, etc.139 Ademais, o Parlamento contribui sempre para as cimeiras da União Européia (ou seja, as reuniões do Conselho Europeu). No início de cada cimeira, o Presidente do Parlamento é convidado a exprimir suas preocupações sobre assuntos importantes e questões que figuram na agenda do Conselho Europeu.140 Esta preparação é feita pelos deputados das Comissões Parlamentares especializadas nas diversas áreas de atividade da UE. As questões a debater são também discutidas nos grupos políticos. A própria sessão plenária. As sessões plenárias, para todos os deputados do PE, realizam-se normalmente em Estrasburgo (uma semana por mês) e ocasionalmente em Bruxelas (apenas dois dias). Nestas sessões, o Parlamento examina as propostas de legislação e vota as emendas que 137 Parlamento Europeu. op. cit.. O parlamento e os Cidadãos. Petições. Site oficial do Parlamento Europeu. Disponível em: <http:// www.europarl.europa.eu/parliament/public/staticDisplay.do;jsessionid=1342A37BEF26D3519AC121652 F7829A7.node2?language=PT&id=49> 139 Ibid. 140 Parlamento Europeu. op cit. 138 168 pretende introduzir antes de chegar a uma decisão sobre a totalidade do ato jurídico.141 As ONGs (Organizações Não-Governamentais) como forma de participação da Sociedade Civil Ainda que escrito em 1835, Tocqueville traz em sua obra, “A Democracia na América”142, considerações que se revelam indubitavelmente atuais. Entre tantas observações relevantes, Tocqueville estabelece uma relação entre a importância das associações e os rumos da democracia. (...) a revolução democrática operou-se no seio da própria sociedade, sem que se fizesse nas leis, nas idéias, nos hábitos, e nos costumes, a transformação que teria sido necessária para tornar útil aquela revolução. Por isso, possuímos a democracia, mas lhe falta aquilo que lhe deve atenuar os vícios e fazer ressaltar as vantagens naturais; e embora possamos ver os males que carreta, ignoramos os bens que ela pode dar143. Em seus ensinamentos, Tocqueville já afirmava que “Educar a democracia (...) é o primeiro dos deveres impostos hoje em dia àqueles que dirigem a sociedade. Precisamos de uma nova ciência política para um mundo inteiramente novo”.144 Com certeza, o “mundo inteiramente novo” analisado por Tocqueville, em 1835, em muito se difere da atual sociedade. E, ainda assim, suas considerações seguem extremamente atuais. O atual significado de Sociedade Civil não coincide com o exposto por Hegeil, nem mesmo por Marx, pois seu núcleo é formado de associações e organizações livres, não estatais e não econômicas que captam os ecos dos problemas sociais que ressoam na esfera privada e transmitem, a seguir, para a esfera pública (...) Assim, a Sociedade Civil serve para delinear estratégias de convivência com o próprio mercado, propondo programas democráticos que legitimem propostas de reforma gerencial no campo das políticas públicas.145 141 Ibid. Da democracia na América (1835) é um texto clássico de autoria de Alexis de Tocqueville sobre os Estados Unidos da América dos anos 30 do século XIX, as suas virtudes e defeitos. Alexis De Tocqueville e Gustave de Beaumont, ambos aristocratas franceses, foram enviados pelo governo francês em 1831 para estudar o sistema prisional americano. Chegaram a Nova Iorque em Maio desse ano e passaram nove meses em viagem pelos Estados Unidos, tomando notas não só acerca das prisões, mas sobre todos os aspectos da sociedade norte americana, incluindo sua economia e o seu sistema político, único no mundo. 143 TOCQUEVILLE, A. A Democracia na América. 2ª edição. Editora da Universidade de São Paulo, p. 14 e 15. 144 Ibid, p. 14 145 PIEDADE, M.P. A Sociedade Civil e os Novos Atores Globais no Desempenho do Direito de Informação e Participação. In: MIALHE, J. L. Ensaios de Direito Internacional – Fundamentos, Novos Atores e Integração Regional. Editora: Millennium. Campinas 2009, p. 105. 142 169 Os cidadãos, assim como no século XIX e XX, seguem independentes e frágeis, podendo e devendo se unir em prol de um objetivo comum. Tal direito deve ser transformado em um hábito, sob pena da própria civilização estar em perigo.146 Assim, o país mais democrático da terra verifica-se ser aquele onde os homens mais aperfeiçoam hoje em dia a arte de procurar em comum o objeto dos seus comuns desejos e aplicaram ao maior número de objetos essa ciência nova. (...) Nas sociedades aristocráticas os homens não têm necessidade de unir-se para agir, porque são fortemente mantidos juntos. (...) Nos povos democráticos, pelo contrário, todos os cidadãos são independentes e frágeis; (...) Se os homens que vivem nos países democráticos não tivessem nem o direito de se unir, com finalidades políticas, a sua independência correria grandes riscos, mas poderiam conservar por muito tempo suas riquezas e as suas luzes; ao passo que, senão adquirissem de maneira alguma o hábito de se associar na vida ordinária, a própria civilização estaria em perigo.147 Diante dessa constatação, as associações ganham destaque nos povos democráticos, tomando o lugar dos poderosos, que a igualdade de condições faz desaparecer148. É nesse sentido que as Organizações Não-Governamentais (ONGs) surgem como um caminho para a redemocratização nas últimas décadas, inclusive no que tange os rumos da União Européia.149 (...) a idéia de esfera pública passa a ser sinônimo de participação social, de modo amplo, irrestrito e direto, com função de controle na execução das políticas públicas (...) As metamorfoses da relação entre público e privado orientam no sentimento de fortalecimento institucional que teve e tem o reconhecimento da opinião pública, cuja necessidade de participação no processo decisório é evidente, visto que as ONGs instrumentalizam a ação da sociedade civil nestas duas esferas.150 Com supedâneo nessas constatações, o presente trabalho busca apontar a necessidade da participação da sociedade civil, conferindo legitimidade às decisões da União Européia, principalmente quanto aos programas educacionais financiados pelo referido bloco econômico. A atuação das Organizações Não Governamentais (ONGs) na área da educação e o Parlamento Europeu 146 TOCQUEVILLE, A. op. cit., p. 392 Ibid, p. 392 148 Ibid, p. 392 149 SOCZEK, D. ONGS e DEMOCRACIA. Metamorfose de um Paradigma em Construção. Editora: Juruá, 2007, p. 113. 150 Ibid, p. 114 e 115. 147 170 Após uma breve análise das atividades do Parlamentou Europeu, seguido de apontamentos sobre as Organizações Não-Governamentais (ONGs), é necessário verificar como a sociedade civil tem se posicionado diante da agenda da União Européia. Ainda que alguns cidadãos europeus desconheçam os ensinamentos de Tocqueville, a verdade é que a sociedade civil européia já se conscientizou de que o clichê “a união faz a força” procede. John Petersen151, por exemplo, membro da Association for Community Colleges 152 (ACC) , afirma que as Organizações Não Governamentais (ONGs) podem ser órgãos de grande influência, principalmente, com relação aos governos.153 NGO is not really a fixed and defined entity. They are temporary, sometimes more a project than really an organization, and they are usually short of resources, which means that they may exist per name, but in fact there is not much behind the logo. Sometimes only a few persons actually, but they can be very influential. Moreover, there is the NGOs that are organized with the same border lines as the states (i.e. national NGOs), and then there are umbrella organizations on top of them that try to affect the Brussels policy development.154 A influência das Organizações Não-Governamentais (ONGs) no cenário europeu, mais especificamente, na área da educação, é facilmente constatada. Cite-se, como exemplo, ramificações da Comissão Européia, como a Directorate-General for Education and Culture155 e a Commission Education/Affaires Culturelles.156 Destinados a auxiliar nas questões educacionais, esses órgãos estão aptos a fomentar distintos temas 151 Contato feito através do e-mail [email protected], com o Sr. John Petersen, da Association for Community Colleges (ACC). Seu contato foi descoberto através da tesoureira da Association For World Education, da Dinamarca, a Sra. Eva Rikke Schultz, no dia 06 de fev. 2011. 152 The Association for Community Colleges (ACC) considers the formation of a European public sphere a precondition for a future vivid European democracy. Since 1999 ACC has been focused on the educational preconditions for the formation of a European public sphere. The inspiration to found ACC came from Højskolen Østersøen's so-called Minority Courses 1997 and 1998 and from the philosophy of Jürgen Habermas (1929- ). ACC is having a long break for the time being. To the best of our knowledge, the ACC’s main idea has been considered at highest level in the EU institutions. This was a first major goal of the ACC and its cause. The next steps are seriously challenging. States need to be involved either/or private money should finance the transnational democratization of Europe. Facing these possible paths, we felt it is time for a period of reflection. This is ACC ACC is a non-governmental, non-profit and non-partisan organization that works for the development of a European (transnational) public sphere. The main idea of ACC is that an ideal way to promote this objective would be through establishing European Community Colleges (europæiske højskoler). European Community Colleges should become a new, decentralized, common school type for Europeans that should preferably work under common law. Disponível em:< http://www.acc.eu.org/>. Acesso em: 08 de mar. 2011. 153 Contato realizado através do e-mail [email protected], com. John Petersen, da “Association for Community Colleges (ACC)”. op. cit. 154 Contato realizado através do e-mail [email protected], com. John Petersen, da “Association for Community Colleges (ACC)”. op. cit. 155 Directorate – General for Education and Culture. The Commission is divided into several departments and services. The departments are known as Directorates-General (DGs). On this page, each DG is classified according to the policy it deals with. The Commission services deal with more general administrative issues or have a specific mandate, for example fighting fraud or creating statistics. Disponível: < http://ec.europa.eu/dgs/education_culture/index_en.htm>. Acesso em: 20 de fev 2011. 156 European Comission. Education and Training. Disponível em: <http://ec.europa.eu/education /index_en.htm>. Acesso em: 04 mar 2011. 171 na área da educação, como o programa ERASMUS157. Inúmeras informações e, inclusive, opiniões de outros estudantes, que já participaram do programa, são facilmente acessadas nas páginas disponibilizadas pelo site oficial da União Européia, demonstrando, a priori, um interesse concreto em viabilizar esses dados para toda a comunidade européia – e para o mundo. The Commission is divided into several departments and services. The departments are known as Directorates-General (DGs). On this page, each DG is classified according to the policy it deals with. The Commission services deal with more general administrative issues or have a specific mandate, for example fighting fraud or creating statistics.158 Enquanto a Directorate-General for Education and Culture se comunica diretamente com a Comissão Européia, a Commission Education/Affaires Culturelles se comunica com o Parlamento Europeu. Entre as Organizações Não-Governamentais (ONGs) que se relacionam com o Parlamento Europeu, constata-se a presença de uma organização importantíssima: The European Civil Society Platform on Lifelong Learning (EUCIS – LLL).159 Ao reunir vinte redes européias ativas160, relacionadas à educação e formação, busca constituir uma voz do cidadão europeu nas questões relacionadas à aprendizagem ao longo da vida, propondo soluções concretas com base em seus conhecimentos, competências e experiências dos peritos e profissionais de suas redes. Um exemplo recente de sua atuação no cenário europeu é o Education and Training 2020 (ET 2020)161. Precedido pelo Education and Training 2010 (ET 2010), consiste em uma nova estratégia visando à cooperação européia no campo da educação. Com a finalidade de propor estratégias e objetivos idênticos entre os Estados-Membros, incluindo princípios para atingi-los, prevê um trabalho em conjunto de métodos em áreas prioritárias. Entre tantos pontos importantes, o Education and Training 2020 (ET 2020) traz como um de seus principais objetivos a discussão sobre o Lifelong Learning and Mobility, uma das características mais importante do programa ERASMUS, isto é, mobilidade e aprendizagem ao longo da vida. 157 The ERASMUS Programme – studying in Europe and more. ERASMUS is the EU's flagship education and training programme enabling 200 000 students to study and work abroad each year. In addition, it funds co-operation between higher education institutions across Europe. The programme not only supports students, but also professors and business staff who want to teach abroad, as well as helping university staff to receive training. -European Comission – Education & Training – Site oficial da União Européia. Disponível em: <http://ec.europa.eu/education/lifelong-learningprogramme/doc80_en.htm>. Acesso em: 25 mar 2011. 158 European Commission. About the European Commission. Site oficial da União Européia. Disponível em: <http://ec.europa.eu/about/ds_en.htm>. Acesso em: 08 mar 2011. 159 The European Civil Society Platform on Lifelong Learning. Site oficial The European Civil Society Platform on Lifelong Learning (EUCIS – LL). Disponível em: <http://www.eucis-lll.eu/>. Acesso em: 03 mar de 2011. 160 The European Civil Society Platform on Lifelong Learning (EUCIS-LLL) gathers European networks that are working in education or training. In 2011, the platform gathers 23 full members, 1 associate member and 1 partner. Para informações mais específicas, verificar no site: <http://www.eucislll.eu/pages/about-us/members>. Acesso em: 02 de agosto. de 2011. 161 Summaries of EU legislation. Education, training, youth, Sport. Education and training: general framework. Education and Training 2020 (ET 2020). Site official da união Européia. Disponível em: <http://europa.eu/legislation_summaries/education_training_youth/general_framework/ef0016_en.h>Ace sso em: 26 mar 2011. 172 The European Civil Society Platform on Lifelong Learning (EUCIS – LL) tem acompanhado a implementação do Education and Training 2020 (ET 2020), participando dos grupos de coordenação (ETCG2020), que reúnem os EstadosMembros representantes, visando supervisionar a sua execução, comprovando, desta forma, que a intervenção da sociedade civil é possível e, principalmente, real.162 EUCIS agrees with the need to put lifelong learning at the core of the European agenda in a worldwide perspective and wishes that Member states implement concretely the recommendations of the ET2020. However, if “the primary goal of European cooperation should be to support the further development of education and training systems…” it also wishes to outline that education and training systems should also be aimed at the quality of life of European citizens.163 A participação ativa do The European Civil Society Platform on Lifelong Learning (EUCIS – LL) no cenário educacional europeu é inquestionável. Nesse sentido, verifica-se a existência de uma plataforma164, feita em janeiro de 2011, em Bruxelas (Bélgica), através da qual a referida organização se manifesta sobre os futuros projetos na área de educação, que serão desenvolvidos pela União Européia, como o Education and Training 2020 (ET 2020), anteriormente mencionado. Na plataforma, supramencionada, The European Civil Society Platform on Lifelong Learning (EUCIS – LL) faz alusão a outro documento: Communication from the Commission to the European Parliament, the Council, the European Economic and Social Committee, the Committee of regions and the National Parliaments165. Feito em 19 de outubro de 2010, o comunicado da Comissão Européia trata do orçamento do bloco europeu e da busca em investir os recursos disponíveis de maneira inteligente. É nessa oportunidade que The European Civil Society Platform on Lifelong Learning (EUCIS – LL) entende ser imprescindível sua colaboração. Ademais, almejando colaborar com os órgãos da União Européia e com o intuito de representar as aspirações dos cidadãos europeus em assuntos de cunho educacional, The European Civil Society Platform on Lifelong Learning (EUCIS – LL) participa de inúmeros dos eventos166. One of EUCIS-LLL aims is to participate in the construction of a Europe that is more democratic, social and civic. It is willing 162 Common position of 27 Stakeholders on the future programmes for education, training and youth, April 2011. Site oficial The European Civil Society Platform on Lifelong Learning (EUCIS – LL). Disponível em: <http://www.eucis-lll.eu/pages/education-training.html>. Acesso em: 03 abril 2011. 163 Ibid. 164 Plate forme européenne de la société civile pour l’éducation tout au long de la vie European Civil Society Platform on Lifelong Learning - EUCIS-LLL. Site oficial The European Civil Society Platform on Lifelong Learning (EUCIS – LL).Disponível em: <http://www.eucis-lll.eu/pdf/ positions/EUCISLLL_Future-Programmes-LLL.pdf>. Acesso em: 28 mar 2011. 165 COMMUNICATION FROM THE COMMISSION TO THE EUROPEAN PARLIAMENT, THE COUNCIL, THE EUROPEAN ECONOMIC AND SOCIAL COMMITTEE, THE COMMITTEE OF THE REGIONS AND THE NATIONAL PARLIAMENTS - Brussels, 19.10.2010 - COM(2010) 700 final – Disponível em: < http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=COM:2010:0700:FIN:EN:PDF >. Acesso em: 21 mar 2011. 166 Participation in civil Dialogue. Site oficial The European Civil Society Platform on Lifelong Learning (EUCIS – LL). Disponível em: <http://www.eucis-lll.eu/pages/civil-dialogue.html>. Acesso em: 26 de mar 2011. 173 to work with other networks and platforms in order to contribute to the implementation of democratic mechanisms for a genuine civil dialogue167. O The European Civil Society Platform on Lifelong Learning (EUCIS – LL) organiza, ainda, audiências públicas168, nas quais são abordados diversos assuntos, como o acesso aos programas educacionais patrocinados pela União Européia, como o Lifelong Learning.169 Ademais, é possível constatar, outrossim, a existência de dois grupos respeitáveis, que se comunicam com o Parlamento, além da Comissão e do Conselho, ou seja: grupo da sociedade civil170 e grupo de ligação com Comité Économique et Social Européen (CESE).171 De extrema relevância, o Comité Économique et Social Européen (CESE) comprova que a parceria entre União Européia e sociedade civil é possível. Com natureza de órgão consultivo, o mesmo é composto pelos representantes dos empregadores, sindicatos, agricultores, consumidores e outros grupos de interesses que, no seu conjunto, formam a denominada sociedade civil organizada. O Comité Économique et Social Européen (CESE) apresenta o seu ponto de vista e defende seus interesses na discussão das políticas com a Comissão, o Conselho e o Parlamento Europeu. Por conseguinte, tem um papel chave no processo de tomada de decisão da União Européia. De acordo com John Petersen, o Comité Économique et Social Européen (CESE) tem um estatuto consultivo no processo decisório da União Européia, o qual tem o direito de ser ouvido. É nele que está hospedando o grupo de ligação com as Organizações Não-Governamentais (ONGs); e é através de reuniões periódicas, que os representantes das plataformas conhecem a equipe do mesmo.172 O grupo da sociedade civil, por sua vez, é composto por Organizações NãoGovernamentais (ONGs) européias, que representam a voz de milhões de associações do bloco europeu, as quais buscam formar uma ligação entre os anseios nacionais com o panorama internacional. Sua iniciativa mais recente ocorreu em julho de 2010, ao enviar uma carta para o presidente da Comissão Européia, José Manuel Barroso, pedindo que a 167 Ibid. Presentation. Site oficial The European Civil Society Platform on Lifelong Learning (EUCIS – LL). Disponível em: <http://www.eucis-lll.eu/pages/public-hearings.html>. Acesso em: 31 mar 2011. 169 European Comission Education & Training. Lifelong Learning Programme. Lifelong Learning Programme overview. The Lifelong Learning Programme: education and training opportunities for all. Site official da União Européia. Disponível em: <http://ec.europa.eu/education/lifelong-learningprogramme/doc78_en.htm>.Acesso em: 29 mar de 2011. 170 The EU Civil Society Contact Group brings together eight large rights and value based NGO sectors culture, environment, education, development, human rights, public health, social and women. The ETUC, representing European union workers is an observer to the group. The members of these sectoral platforms are European NGO networks. They bring together the voices of hundreds of thousands of associations across the Union, linking the national with the European level, representing a large range of organized interests. Jointly we aim to represent the views and interests of rights and value based civil society organizations across the European Union on major issues, which affect us across our sectors of activity. Our objective is to encourage and promote a transparent and structured civil dialogue that is accessible, properly facilitated, inclusive, fair and respectful of the autonomy of NGOs Disponível em: <http://www.act4europe.org/code/en/civi.asp?Page=4>. Acesso em: 29 mar. de 2011. 171 Engagé dans la construction européenne, le CESE contribue au renforcement de la légitimité démocratique et de l'efficacité de l'Union européenne (UE) en permettant aux organisations de la société civile des États membres d'exprimer leur avis au niveau européen. Disponível em: <http://www.eesc.europa.eu/?i=portal.fr.about-the-committee>. Acesso em: 27 mar. de 2011. 172 Contato realizado através do e-mail [email protected]. op. cit. 168 174 agenda da União Européia seja, principalmente, sobre o cidadão europeu. Para tanto, de acordo com os apelos do referido grupo, a União Européia deve desenvolver seus projetos, porém sem ofuscar o bem-estar das pessoas que vivem na Europa.173 E, finalmente, por último, verifica-se a existência das inúmeras organizações da sociedade civil, que derivam das entidades, supramencionadas, como uma rede de colaboradoras, com objetivos em comum, como a Association for Community Colleges (ACC), por exemplo, da qual John Petersen faz parte. Empenhadas na árdua tarefa de serem ouvidas pelos órgãos que conduzem os rumos da União Européia, especialmente na área da educação, as organizações, supramencionadas, não medem esforços. Verdadeiramente dedicadas, confrontam assuntos de suma importância, sempre conscientes de seu papel; para tanto, contam com a colaboração de inúmeras pessoas provenientes de vários setores da educação, que se prontificam a falar. Por intermédio desse diálogo é possível que professores, diretores e gestores de universidades, bem como pais dos alunos, descubram problemas e anseios em comum. A próxima audiência pública está marcada para julho de 2011.174 Uma audiência pública que merece destaque, por exemplo, foi realizada em 22 de setembro de 2009, a qual questionou se programas educacionais, como o Lifelong Lerarning, são a chave para tornar a cidadania européia efetivamente ativa, uma vez que o conceito de cidadania pode ser variável. Isto é, alguns acreditam que ser cidadão é exercer seus direitos políticos, enquanto outros entendem que os europeus buscam sentir que são verdadeiramente ouvidos e que suas aspirações são atendidas, garantindo-lhes a sensação que são parte de um projeto comum.175 Tal questão surgiu nas eleições de 2009, quando foi registrada uma participação popular abaixo das expectativas: apenas 43.1% da população compareceu às urnas. Em face da constatação numérica, ora citada, The European Civil Society Platform on Lifelong Learning (EUCIS – LL) passou a questionar se a sociedade civil européia está verdadeiramente satisfeita com os rumos do bloco europeu e, principalmente, com os representantes, por ela eleitos, os quais compõem o Parlamento Europeu. Conclusão Ainda para quem vive em outro continente e, inclusive, não é cidadão europeu, o acesso às informações da União Européia e seus respectivos órgãos por intermédio de seu site oficial não se faz, necessariamente, difícil. Com um pouco de esforço é possível entrar em contato com muitas das pessoas que participam dessas instituições e, 173 EU should regulate smartly for citizens: CSCG letter to President Barroso - The Civil Society Contact Group has written to President José Manuel Barroso calling for a Smart Regulation agenda that regulates smartly primarily for citizens. In order to maintain the confidence of the European population, to achieve Europe’s objectives and to meet the Treaty’s obligations, decision-making should have Europeans’ public interest at its centre. We strongly believe that although a healthy business environment is important to reach the EU Treaty objectives, it should not become an objective in itself and overshadow the well-being of people living in Europe, as vested economic interests may stand in the way of achieving health, social and environmental objectives of the EU. The Civil Society Contact Group considers that the Better Regulation Agenda to improving legislation put too much emphasis on conditions to improve competitiveness in economic sectors without due attention to the public interest, and we argue that several ways can be used to shift the Smart Regulation Agenda. Disponível em:< http://www.act4europe.org/code/en/actions.asp?id_events=154>. Acesso em: 24 mar de 2011. 174 Presentation. Site oficial The European Civil Society Platform on Lifelong Learning (EUCIS – LL). op. cit. 175 Plate forme européenne de la société civile pour léducation tout au long de la vie European Civil Society Platform on Lifelong Learning. op. cit. 175 dificilmente, não se obtém uma resposta. Mérito da tecnologia, que aproximou as pessoas ao redor do mundo ou, quiçá, mérito da própria União Européia, que decidiu abrir suas portas para além das fronteiras do continente, o fato é que qualquer pessoa pode descobrir muitas informações sobre leis, documentos, audiências públicas e programas em qualquer área de atuação (inclusive sobre educação). As Organizações Não-Governamentais (ONGs) caminham no mesmo sentido. Igualmente aliadas da tecnologia, possuem ferramentas diversificadas na internet, para que se possa explorar o máximo de informações desejadas, divulgando audiências públicas e convocado todos os cidadãos europeus a participar do processo de redemocratização, conforme supramencionado. Empenhadas em fiscalizar, controlar e auxiliar esses órgãos da União Européia – inclusive, o Parlamento Europeu - as Organizações Não-Governamentais (ONGs), dedicadas à área da educação, se comprometem com seus objetivos e estão ininterruptamente ativas no seu propósito. A exemplo da União Européia, que se agrupou para atingir objetivos em comum de maneira eficaz, a sociedade civil do bloco europeu não restou inerte. Ciente de sua missão, responsabilidade e, principalmente, de sua força quando unida, agrupou alunos, pais, professores e pesquisadores, com a finalidade de promover o diálogo entre os mesmos – e entre as instituições do respectivo bloco. Fácil, portanto, é identificar que a sociedade civil na Europa está empenhada em viver sua cidadania da forma plena. Porém, ainda fica a dúvida se os representantes desses cidadãos - em especial, o Parlamentou Europeu - estão ouvindo com atenção os apelos de seus eleitores. As eleições de 2009 registram uma participação popular extremamente baixa: 43.1% da população. Questiona-se, portanto, se a população européia sente que seu voto tem o poder de mudar os rumos da União Européia. Parece razoável que nos programas educacionais patrocinados pela União Européia exista uma participação ativa da sociedade civil, de forma que as próprias instituições do bloco europeu promovam esse intercâmbio de informações; afinal, se o objetivo dos programas educacionais, como o ERASMUS, é promover o cidadão europeu ao longo da vida, definitivamente, seus anseios devem ser atendidos. Esse diálogo é essencial como forma de conferir legitimidade às decisões das instituições da União Européia e garantir que os programas educacionais reflitam as aspirações da comunidade. A sociedade civil européia já compreendeu sua importância e seu poder, quando devidamente organizada; talvez seja este o momento do Parlamento Europeu fazer o mesmo. Referências A história da União Européia. Site oficial da União Européia. Disponível em: <http://europa.eu /abc/history/index_pt.htm>. Acesso em: 19 dez 2010. A partir de 2000 – Uma década de expansão. Site oficial da União Européia. 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