{INTEGRAÇÃO MASCULINO E FEMININO} Milene Mizuta 1 O relacionamento humano Esse conteúdo foi escrito por Milene Mizuta com base no Livro Homem e Mulher de Gudrun Burkhard, sua reprodução é proibida sem previa autorização. “A vida é a arte do encontro, mesmo havendo tanto desencontro pela vida” Vinícius de Moraes O drama de todo indivíduo é representado no “palco” chamado alma. Esse drama de desenvolvimento baseia-se no que chamamos de o “encontro humano”, o campo das relações é o campo do drama individual de todos nós. É a partir do relacionamento com outro que conseguimos desenvolver aquilo ao que viemos, Steiner cita de forma maravilhosa: Vejo vir ao meu encontro o ser humano, que em cada olhar, em cada movimento me revela: “Você atuou em mim; no entanto, não afetou com isso minha liberdade, mas ofereceu-me a possibilidade de eu mesmo dar a mim essa liberdade, no momento certo da vida. O que você fez me possibilita aparecer agora diante de você, estruturando a mim mesmo como um ser humano a partir de minha própria individualidade, que você deixou intocada por um recatado respeito.”1 O encontro com outro ser humano sempre nos traz a possibilidade de um aprendizado sobre nós mesmo. Não existe caminho de desenvolvimento que não passe pelo encontro com o outro. Encontramos no outro a possibilidade de reconhecimento das respostas que existem em nós, buscando aquilo que precisamos desenvolver. O encontro humano é hoje o grande desafio de desenvolvimento da humanidade, todos nós buscamos pela integração a um grupo social, a uma família, a um parceiro, a uma comunidade e mesmo assim cada vez mais nos mantemos distantes do contato humano, porque relacionar-se verdadeiramente dói. Dói quando envoltos ao emaranhado complexo das relações, temos que nos deparar com aspectos obscuros e ainda não desenvolvidos de nossa alma. Steiner diz que só nos tornamos verdadeiramente adultos a partir dos 35 anos, idade essa, em que o setênio da integração masculino e feminino arquetípicamente já foi concluído, o que nos torna indivíduos mais inteiros e preparados para entrada da vida adulta. Isso mostra que só é possível relacionar-se com o outro quando aprendo a me relacionar comigo, mas para aprender a me relacionar comigo, primeiro preciso relacionar-me com o outro, complexo não? 1 GA 308, palestra de 10/4/1924 à noite, pp. 73-74. 2 A separação do sexos Retornando a época Lemúrica que já estudamos no nosso primeiro módulo: “Na Lemúria vivia um povo, a leste da África, na região coberta hoje pelo oceano Índico. Desse povo as notícias que nos chegam vem através da tradição oral e dos relatos do Livro do Gênesis. Esse nosso ancestral vivia no que conhecemos hoje como Paraíso. O homem e a mulher viviam totalmente entregues as forças cósmicas que supriam todas as suas necessidades. Eram unos a essas forças. Mas estavam submetidos a uma única restrição, não poderiam comer o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Nós sabemos, por experiência própria que onde há regras logo se cria a possibilidade de quebrá-las, que onde se põe um obstáculo imediatamente vem o desejo de ultrapassá-lo.” Isso significa que Homem vivia em conformidade com todas a leis divinas, não precisando de nada mais para viver. Nossos corpos como já estudamos não tinham estruturas rígidas como as que conhecemos hoje, podemos comparar a um feto, onde o corpo todo esta estruturado, mas não possui a “rigidez” de uma criança recémnascida. A procriação “A criação de Adão – Michelangelo – Sec. XVI até então dava-se de forma assexuada com ainda hoje encontramos em organismos inferiores, como as amebas, onde uma parte desse organismo se libera gerando uma outra. A separação dos sexos na humanidade nos é conhecida exaustivamente pelo livro dos Gênesis, que cita que primeiro houve a criação de Adão e depois Eva de sua costela. Eva foi gerada a partir da costela que compõe o tórax, parte óssea que protege todos os nossos órgãos rítmicos: coração, pulmão, etc. “A criação de Eva – Michelangelo – Sec. XVI 3 O Homem que vivia em estado de sonho tinha tudo que era necessário para sua sobrevivência, mas para isso não deveria possuir a liberdade, que nos é concedida a partir do conhecimento, quando conhecemos algo isso nos dá a condição de escolher. "Ordenou Deus Jeová ao homem: De toda árvore do jardim podes comer livremente, mas da árvore do conhecimento do Bem e do Mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás"2. Então a serpente disse à mulher: “Certamente não morrereis, porque Deus sabe que no dia em que comerdes do fruto, abrirsevos-ao os olhos, e sereis como Deus, conhecendo o Bem e o Mal"3. E os homens sucumbiram a essa influência, com o resultado seguinte : "Foram abertos os olhos de ambos, e conhecendo que estavam nus, coseram folhas de figueira . . .4" Que imagem grandiosa para dizer que os sentidos físicos iam despertando e que os homens se tornavam conscientes de si, experimentando o sentimento de pudor! E assim nós Homens fomos expulsos do paraíso, e aquilo que era uno começou a se dividir, por isso sempre procuramos o outro, como forma de integração daquilo que um dia foi separado. 2 (Gênesis, 2, 16 e ss.) “A queda do paraíso – Michelangelo – Sec. XVI (Gên. 3, A e ss.) 4 (Gênesis 3, 7): 3 4 A queda do paraíso na biografia Na biografia de todos nós, ocorre a queda do paraíso, aquele momento em que nos diferenciamos sexualmente e percebemos que o mundo é feito de dois “seres” bem distintos e é também aquele momento em que saímos da proteção do ambiente familiar e vamos para a vida, e começamos a nos deparar com tribos e bandos, onde temos que encontrar nosso lugar, essa fase nos é conhecida como adolescência. A partir da pré-puberdade, a diferenciação sexual torna-se cada vez mais visível. A mulher amadurece mais rapidamente que o homem; a forma do seu corpo denota também as qualidades da alma feminina: mais redonda, mais cósmica, mais espiritual, menos ligada à terra. (A tonalidade de voz é mais alta, ossos mais leves, hemoglobina do sangue em porcentagem menor, útero e órgãos de reprodução retraídos para dentro do corpo.) O homem tem seu corpo mais anguloso, ossos pesados, mais terrestre, cérebro mais pesado, hemoglobina em porcentagem mais elevada (portanto quantidade de ferro maior), pensamento mais racional, voltado para a luta, defesa, para a ação. Órgãos sexuais mais baixos e expostos. Nossos órgãos sexuais têm os elementos masculino e feminino ao mesmo tempo, uma parte se desenvolve, outra regride, dando a diferenciação sexual. Também a animicamente, tanto o homem como a mulher tem dentro de si a parte feminina da alma (que Jung denomina de "anima") e a parte masculina ("animus"). De acordo com a intensidade do animus, o homem ou a mulher podem ser mais ou menos masculinos. Se predominar a anima, o homem ou a mulher podem ser mais ou menos femininos. Na fase dos 14 aos 21 anos começa a busca da complementação da alma cada Adão busca sua Eva, cada Eva o seu Adão - primeiro como complementação e, à medida que há o amadurecimento psicológico no decorrer dos três setênios seguintes (21 a 42), haverá a integração dessas partes dentro de cada um. Cada um de nós carrega dentro de ser humano ideal, que esta diretamente ligada a imagem que foi construída a partir de nossas vivências, uma mãe amorosa,um pai provedor, ou uma mãe agressiva e um pai alcoólatra, tudo isso ajuda a formar a imagem que carregaremos dentro de nós sobre o feminino e masculino. Nessa fase da vida entramos em contato com o arquétipo do homem e da mulher ideal: Vênus Marte 5 Marte Marte é um elemento universal, usado quando queremos expressar força, poder, luta agressividade. O elemento do planeta Marte é o ferro, no nosso organismo esse elemento é de suma importância já que sua carência no sangue, causa a anemia que nos deixa fraco e sem vontade, diante de uma infecção o ferro sérico (livre do plasma sanguíneo) é o agente mobilizado para a defesa do organismo, como um verdadeiro armamento bélico, quando temos deficiência dessa substância no organismo, diante de uma infecção sentimo-nos prostrados. O arquétipo do Marte, é determinado pela vontade. “Marte dá uma substância impulsiva, uma alma de sensação forte, vontade cheia e paixão.” (R. Steiner). A natureza volitiva vai da força cruel à força férrea na ação, à energia dirigida à meta e ao domínio de si mesmo. A vontade é uma força atuante que impregna o pensamento e o sentimento. Precisa de esforço e de tarefas como seu elemento de vida. Seu pensar é certeiro como uma lança, sua vontade é atuante e segura como a espada de aço e o seu sentimento se esconde atrás do escudo. Vivem em suas tarefas e lutam pelas suas metas. Gosta de ter liberdade de ação e põe isso em prática. Marte frutificou civilizações e uniram o interesse pelo trabalho. Enfurecem-se em caso de impedimento às próprias iniciativas. Os conflitos vêm da raiva, da agressão ou de um comportamento muito obstinado. Muitas vezes parecem gigantes entre anões e destroem, por excesso de força, o que eles próprios construíram. Na mitologia encontramos dois deuses gregos: Ares que é Deus da guerra, amante de Afrodite, que ajuda vencer as lutas, representado muitas vezes com um escudo e lança na mão. Hephaistos que é o Deus manco, esposo legítimo de Afrodite, que é o Deus Vulcano dos romanos, ou deus da forja que faz sob encomenda todos os utensílios dos deuses, intenso trabalhador. Ereto, cabeça levantada, peito inflado e ombros para trás. Lembra o temperamento colérico. Membros musculosos, aperto de mão firme é atento e pesquisador. Quando está com raiva, os seus olhos fulminantes ferem, o nariz se sobressai em luta. Lábios bem formados, vermelhos e vivos. O queixo é muitas vezes saliente, seus movimentos são impulsivos, chegando a ser grosseiros. Como forte lutador caminha com passos certos para a sua meta, empurrando os outros para o lado. É um trabalhador eficaz e um guerreiro sem medo – luta pela verdade e 6 pelo direito. Pioneiro em todos os campos da vida. Estão sempre atentos e acordados e têm presença de espírito. Sabem observar bem e provam tudo pelo pensamento prático, agudo e críticos. Os pensamentos são como se fossem marteladas em pregos. Percebem as tarefas sem se deter nos problemas – o que não tem importância fica para 2º plano. Pensar materialista, acordado, disposto assumir a tarefa, desde que se convença de sua necessidade. Nada lhe parece inalcançável. Como pesquisador, prova o existente e avança com pioneirismo.Na técnica vai fazendo descobertas novas. Pensar reformador ou revolucionário, abrindo caminhos. Sua memória é fraca e seu olhar é para o futuro. Esconde os sentimentos atrás da armadura e do escudo, pois é extremamente vulnerável e não tolera não ser percebido ou ser posto de lado. Não gosta de comunicar as suas vivências, elas ficam consigo mesmo, porém os golpes do destino lhe provocam profunda dor. É decidido e seu ditado é: “Um homem, uma palavra.” Ares 7 Vênus “Vênus é o elemento do amor cósmico”, R. Steiner Extrovertida, passiva ou estética. Ela está preenchida por simpatias e antipatias, julgando com facilidade. Tem um tipo de índole, que tem necessidade de um mundo externo estético, de uma ou outra maneira e o julga de acordo com esta sua necessidade inata. Entra em conflito com o mundo externo que não corresponde às suas idéias, o que gera julgamentos negativos (crítica) e antipatias, enquanto urna harmonia com o mundo externo é razão para um forte julgamento positivo. Procura ligação com as pessoas a quem julga positivamente e se fecha às que julga negativamente. O seu elemento de vida é o sentir. Acolhem o mundo como conteúdo de vivência e se entregam aos seus sentimentos. Dedicam-se às pessoas, à natureza e, em especial, à arte. Gostam de desenvolver sentimentos religiosos. Gostam de ser belos e espalham beleza a sua volta. Gostam de ser felizes e tornar os outros felizes. Sem simpatia e participação murcham como a flor sem água. Na mitologia aparece a Freira dos Germanos e Vênus-Afrodite dos gregos e romanos representados pela estátua da Vênus de Millôs, famosa pela sua graça e beleza. Uma Afrodite cósmica, desperta o sentido da beleza e aquece o sentimento para a beleza e amor divino. Uma Afrodite terrestre desperta alegria sensorial, sensualidade. Ela nasce do esperma de Uranos (céu), que cai do céu no oceano, e das águas e ondas do mar nasce das espumas, onde ela está sobre uma O Nascimento de Vênus– Boticelli – Sec.XV concha. A Deusa do ar e da luz. O amanhecer e a primavera são seus elementos. Ela se une a vários deuses: O seu marido terrestre é Hepheistos, Deus da forja e dos metais. O seu amante é Ares, Deus Marte, da guerra. O seu filho é Eros ou cupido Vênus desperta sensações e a faculdade do amor. A sua natureza é meiga e pacífica. No céu acompanha o sol em seu caminho. ( A faculdade do amor leva da esfera de Vênus à esfera solar) Tende às formas arredondadas, cabeça pequena, cabelos ondulados, testa estreita, olhos brilhantes, alegres e nariz perfilado. Sua boca geralmente sorri, os ombros são estreitos, os seios bem desenvolvidos nas mulheres, cintura estreita e bacia mais larga, acentuando a forma feminina. Os braços são arredondados, de poucos músculos e mãos não criadas para o trabalho. A postura é relaxada, o andar gracioso, a fala é suave e a sua conduta é de ter muito tato com os outros. Romana 8 Corpo bem estruturado, levemente encurvado, rosto oval, redondo. Freqüentemente bonito e muitas vezes feio. Seu pensar é cheio de sentimentos e imagens coloridas. Acolhem a verdade somente de uma forma: critica ou artística. Só os pensamentos que desperta sentimentos é que são acolhidos. Não é de a sua natureza fazer contas e resolver problemas. O mundo se apresenta através de lentes cor de rosa. E um pensar cheio de sentimentos repletos de sonhos e paixões. Sua tendência é poética e não científica. Houve uma época da humanidade que foi denominada a época de cobre (também a criança passa por essa fase em seu desenvolvimento), onde a consciência em relação ao mundo exterior se apresenta por imagens. Hoje, a consciência em imagens está soterrada pela consciência vigil. Os venusianos vivem num mundo de sentimentos e sonham colorido. São mais determinados pelo sistema neuro-vegetativo do que pelo seu cérebro e são sensíveis ao mundo elementar. Estas características se manifestam às vezes como telepatia, sonhos diurnos, visões, sensações e até alucinações. O sentimento está sempre em movimento. Floresce em cada flor e jubila-se com cada passarinho. Beleza, música e canto são os seus elementos. “Sentimentos variam como as ondas do mar. Seu compartilhar traz alegria e tristeza. Entrega e amor são os elementos de vida”. Vivem na exaltação de sentimentos, como numa febre anímica. O mundo das expectativas e dos desejos preenche com paixão sua alma, o que é sucedido pela desilusão, podendo chegar até a histeria. Depois disso, estão esgotados. De natureza agradável, que espalham uma atmosfera alegre e sempre têm uma palavra compreensiva para todos. Evitam brigas, desarmonia e contradições. Têm senso de beleza, o que os faz embelezar o ambiente. A sua compaixão os leva a ser mão aberta e ter uma atuação delicada. Trabalham com dedicação, sem pedir recompensa. O sentimento de significar alguma coisa para alguém e ser amado, leva a sacrifício bem como a executar coisas desagradáveis com paciência. Nem dinheiro, nem qualquer outra coisa as mantêm num lugar frio. Por outro lado, são capazes de seguir uma pessoa amada até na pobreza. O venusiano em excesso está sob a natureza emocional das paixões, se entrega demasiadamente ao prazer. Torna-se animal. Após a excitação vem o desleixo ou nojo; muitas vezes torna-se sujo ou adoece com moléstias venéreas. Sua atitude muitas vezes é grandiosa e dócil. a 9 Lidar com esse tipo é especialmente difícil. Há um campo pelo qual ele se interessa que diz respeito aos segredos anímicos dos outros, ou seja, o mundo do amor e do ódio. Conversas com estas pessoas podem ser conseguidas através deste tema aquilo que depende de amor e ódio das outras pessoas. 10 O Homem e a Mulher Com o conhecimento dos arquétipos, podemos entender como isso é na vida real, como essas diferenças se apresentam no dia a dia em cada um de nós, cada homem deve ter em si um Marte e cada mulher deve ter em si uma Vênus, a essência de cada um de nós esta justamente nesses arquétipos. Mas não só em nós mora esses arquétipos mas também em nossas relações, sejam elas eróticas ou não. Todo relacionamento deve ter em vários momentos forças de Marte e Vênus, que abordaremos mais adiante. As diferenças entre o Homem e a Mulher chegam inclusive no âmbito biológico. Homem Esqueleto mais pesado, contendo, portanto mais cálcio, que é o elemento de ligação com a terra Musculatura mais forte, mas desenvolvida, forma de um triângulo com a base voltada para cima. Tórax e membros mais desenvolvidos Na adolescência, a voz do homem engrossa, descendo uma oitava (a voz grossa é sinal de encarnação mais profunda no corpo) Cérebro mais pesado, mais voltado para o pensamento racional-lógico. (Parte esquerda do cérebro mais desenvolvida) Órgãos genitais externos ao organismo, mais perto da terra, o pênis é denominado “membro” (como os do movimento) O espermatozóide é um ponto pequeno com uma longa cauda e pouquíssima substância Milhares de espermatozóides são produzidos (força propulsora para sair) O espermatozóide é extremamente ágil, e milhões deles vão ao encontro do óvulo para fecundá-lo A penetração e a fecundação ocorrem mediante atividade Mulher Esqueleto mais leve, por isso nas tabelas de peso, tendo a mulher e o homem a mesma altura, a mulher deverá pesar menos. Mais tecido adiposo, menos músculos (exceto as esportistas). Bacia e cintura pélvica mais desenvolvidas. A forma do tórax é a de um triângulo com a base voltada para baixo. A voz se mantém em tonalidade mais alta Cérebro mais leve, mais voltado para o pensamento intuitivo e prático. (Parte cerebral direita mais desenvolvida) Orgãos genitais recolhidos na interioridade do corpo, e sem movimento O óvulo é redondo e contém mais massa, substância ou matéria (mater=mãe).É grande em relação à cabeça do espermatozóide. Um só óvulo amadurece a cada mês (economia) O óvulo não é dotado de movimento. É levado ao útero pelos movimentos realizados pelas trompas A fecundação é feita seletivamente. O óvulo escolhe o espermatozóide que deverá fecundá-lo. Há receptividade e não passividade. Também na fisiologia íntima existem diferenças entre o homem e a mulher, o homem possui um quantidade maior hemácias no sangue e dentro das hemácias encontramos a hemoglobina que é a proteína portadora do ferro, ou seja, o homem tem mais ferro no organismo, para elucidar a explicação, vamos pegar como exemplo uma pessoa que esta anêmica, quando isso acontece, falta a vontade de atuar, a pessoa se sente fraca. Falta ferro que é o elemento de Marte o símbolo do masculino, entretanto para administrador dosagens de ferro para um paciente anêmico, é necessário que junto a isso seja receitado o cobre, porque é esse elemento que faz um receptáculo para que o ferro seja absorvido pelo organismo, e a mulher tem uma quantidade maior de cobre no sangue, ou seja, homens possuem fisiologicamente maior propensão a atuação, e mulheres ao acolhimento. 11 O ferro quando queimado produz luz, o cobre quando queimado produz calor. Completando o quadro interior Homem Quantidade maior de ferro no sangue Luz Luta, defesa Força Falar Mulher Quantidade maior de cobre no sangue Calor Beleza, amor Ambientação Receptividade, sensibilidade Escutar Na vida embrionária também é possível observar o jogo dessas duas forças. O sistema genito-urinário, é o único sistema que depois se diferencia, enquanto no homem certas partes se desenvolvem, suas equivalentes no sexo feminino se atrofiam. Por sua natureza biológica já conseguimos entender que o homem é mais voltado para pensar e o agir e a mulher para o sentir. A expressão artística nos mostra isso, o homem sempre foi representado por episódios de luta e embate e mulher sempre pela beleza, com um filho no braço ou com instrumentos musicais. Os contos de fadas também ilustram esse papel masculino, do lutador, do “mocinho”, daquele que salva a donzela, e a mulher sempre representada como a frágil princesa, a musa inspiradora, aquela por quem o príncipe é capaz de todas as façanhas. Esse arquétipo que foi muito usado no “amor cortês”, que foi um conceito europeu medieval de atitudes, mitos e etiqueta para enaltecer o amor, e que gerou vários gêneros de literatura medieval, incluindo o romance. Ele surgiu nas cortes ducais e principescas das regiões onde hoje se situa a França meridional, em fins do século XI. Em sua essência, o amor cortês era uma experiência contraditória entre o desejo erótico e a realização espiritual, "um amor ao mesmo tempo ilícito e moralmente elevado, passional e auto-disciplinado, humilhante e exaltante, humano e transcendente" No decorrer da história da humanidade esse arquétipo foi se perdendo, a revolução industrial, o feminismo, foram formatando novas formas de relacionamento onde no momento atual encontramos em muitos casos a inversão de papeis, que refere-se justamente a esse imagem mais essencial que cada um de nós carrega sobre o feminino e o masculino. “Marte e Vênus – Boticelli – Sec. XV 12 “Madonna – Rafael – Sec. XV” “Marte – Velasquez – Sec. XVI” “Hermes –Praxiteles– Greco-romana” “Afrodite e Pan – Desconhecido – Grego-Romana” 13 Animus e Anima Podemos falar também sobre essas forças dos arquétipos dentro de nós, que foram denominadas por Jung como: Anima e o Animus, o arquétipo da anima (termo em latim para alma),constitui o lado feminino no homem, e o arquétipo do animus(termo em latim para mente ou espírito), constitui o lado masculino na psique da mulher. Ambos os sexos possuem aspectos do sexo oposto, não só biologicamente, através dos hormônios e genes, como também, psicologicamente através de sentimentos e atitudes. Sendo a persona a face externa da psique, a face interna, a formar o equilíbrio são os arquétipos da anima e animus. O homem traz consigo, como herança, a imagem de mulher. Não a imagem de uma ou de outra mulher especificamente, mas sim uma imagem arquetípica, ou seja, formada ao longo da existência humana e sedimentada através das experiências masculinas com o sexo oposto. Cada mulher, por sua vez, desenvolveu seu arquétipo de animus através das experiências com o homem durante toda a evolução da humanidade, ou seja, todo homem tem dentro de si uma Anima e toda mulher tem dentro de si um Animus, aquilo que na fase lemúrica era unido fisicamente encontramos no homem moderno uma parte como expressão física, e a outra como algo que temos que buscar o equilíbrio, desenvolver e integrar, para tornarmo-nos novamente unos no decorre da biografia, mas antes que isso aconteça, na época da adolescência quando desperta pela primeira vez a imagem da Eva e do Adão dentro do indivíduo até aproximadamente 28 anos, como não somos “inteiros” buscamos no outro aquilo que em nós ainda não existe, e aí começa o duro caminho do relacionar-se. Três fenômenos ocorrem relacionamentos de pessoas que ainda não estão integradas, e por muitas vezes levando-os inclusive para o fim: O espelhamento: O outro é para mim como que um espelho, encontro comigo mesmo na alma do outro. “Não consigo mais viver sem ele”, é um exemplo claro de espelhamento, sem a individualidade do outro não consigo me reconhecer. “O espelho – Toulouse Lautrec – Sec. XVII” 14 A projeção: A imagem ideal feminina ou masculina que mora dentro de nós é projetada no parceiro, que sendo de carne e osso, jamais consegue corresponder à imagem ideal. “A mulher e suas crianças –Renoir – Sec. XIX” A transposição: Uma imagem condicionada de pai, mãe, amante, amor platônico, ideal, que nunca foi confrontado com a realidade, que nunca foi efetivamente vivido, que permanece como imagem ideal positiva que se transforma em um verdadeiro fantasma no relacionamento (Dona Flor e seus dois maridos), gerando uma expectativa sobre o parceiro além da possibilidade humana. “As três graças – Boticelli – Sec. XV” 15 A integração do Animus e da Anima A partir dos 28 anos começa na biografia a necessidade interna da integração, a mulher começa a sentir necessidade de integrar seu animus, que significa, ter o pensar mais assertivo, força na ação, trazer para o mundo seus desejos, e homem começa ter necessidade de expressar mais os seus sentimentos, tem vontade de ficar mais com a parceira e tem vontade de compartilhar. Agora é a fase da individuação da alma, onde eu começo a percorrer o caminho para tornar-me um individuo inteiro capaz de compartilhar com o outro. Agora começamos a lutar com antigas normas, “homem não chora”, “você não pode depender de seu marido”, etc. Quais as características positivas da anima? O calor nos sentimentos A capacidade de amar Atribuir significados mais profundos e humanos Compadece-se com o sentimento alheio Cuidar Ouvir Criatividade Beleza Leveza Senso estético Religação com o espiritual “Vênus – Escultura de Terracota” Quais as animus? características positivas Força de iniciativa Força de ação Falar Pensamento claro Raciocínio lógico Concentração Cumprimento de metas, aspiração Lutar Empreender o novo Força do discernimento “Perfil de um guerreiro – Da Vinci – Sec. XV” do 16 Se o homem integra sua Anima ele desenvolve: Desenvolve a capacidade de sentir o que se passa no outro ser humano Desenvolve a retidão de caráter A ponderação no julgamento A sensibilidade em lidar com o outro O senso de Justiça A polidez A gentileza Liberta o sentir A criatividade A capacidade de ouvir A integração com a família A capacidade de liderança Encontra um sentido para a vida Respeito e devoção pela mulher O interesse pela ecologia “Davi – Michelangelo – Sec. XV” Se o homem não integra sua anima ele se torna Excessivamente agressivo Vingativo “Embruxado” Emotividade inferior, fala-se de uma alma endurecida Excessivamente “palhaço”, não leva nada a sério Não respeita a mulher Torna-se um mal caráter Não consegue ponderar as coisas Torna-se grosseiro Não é criativo Não tem modos, vira uma “mulher bem vulgar.” Torna-se materialista, não consegue ver o lado espiritual das coisas Pode tornar-se um alcoólatra ou adicto em drogas como cocaína Torna-se machista, acha que a mulher merecer ser punida. Torna-se fraco e sem vontade, dependente da mulher Unilateral, com uma bitolação no pensamento Não consegue se comprometer com nada na vida Não sustenta promessa “Bacchus – Michelangelo – Sec. XV” 17 Se a mulher intega seu animus ela desenvolve: Capacidade de concentração Capacidade de agir Pensamento claro Equalizar a simpatia e a antipatia Não se deixar subvalorizar Tornar-se mulher em não mãe Torna-se forte mas não “machona” Raciocínio lógico Objetivar sentimentos e não se deixar levar por ele Compreender o Homem de maneira mais abrangente Ter metas e aspirações e conseguir trazê-las para terra A capacidade de controlar a fala e não ser fofoqueira A capacidade de manter-se neutra e não criar conflitos Capacidade acolher e cuidar do outro Compreensão mais ampla de seu papel e a doação para família A força do discernimento diferenciando o real da fantasia “A mulher – Elin Danielson – Sec. XIX” Se a mulher não integra o animus ela se torna Vulgar “Machona”, disputa tudo com o homem Fria e dura Perde a sensibilidade Tem sempre o sentimento de ser injustiçada porque se compara ao homem Tem opiniões pré fixadas Mãe autoritária Excessivamente regrada, transforma a casa em um quartel general Excessivamente dependente do marido e dos filhos Muito fantasiosa chegando ao histerismo Medo de tudo e de todos Busca constante proteção Quer disputar o tempo inteiro Excessivamente julgadora Aproxima-se sempre de homens mais frágeis para poder ser a “comandante” da situação. “Judith – Klimt – Sec. XVII” 18 As relações Não vou enfocar aqui o aspecto erótico, e sim a questão de como nos relacionamos no dia a dia e o que isso tem haver com a integração. Nos relacionamentos atuais, homem e mulher, filho e mãe, empregado e empregador, chefe ou subordinado, encontramos as “sombras” que surgem da falta de consonância dessas duas forças: Marte e Vênus ou Homem e Mulher. Diante da discussão de um tema, da aparição de um problema, normalmente entramos em áreas de conflito, a integração dessas forças por nós é o que permite relações harmoniosas. Isso no dia a dia significa: Marte Capacidade de falar e expressar a questão de forma clara sem emitir opiniões pessoais Expressar o que aquilo incomoda verdadeiramente, sem se esconder atrás de mentiras Falar de forma clara, trazendo fatos como exemplos Organizar para que não vire um caos Trazer o problema sem querer encontrar culpados Deixar que o outro se expresse Vênus Ouvir atentamente e com interesse, acolhendo aquilo que o outro fala Levar em consideração o sentimento alheio Não se deixar levar pela emoção, não tratar as coisas pelo lado pessoal Respeitar a vez de todos Ter criatividade para lidar com a situação Ter paciência para esperar sua vez de falar Quando algo tem que ser expressado, devemos fazer uso dessas duas forças para que algo novo possa ser construído Vênus Amor Amor Marte Verdade Verdade Constroi Falso Duro Destrói 19 Como Cultivar a Anima e o Animus Como cultivar a Anima • Exercitar a parceria nas relações, se dispor a trabalhar em equipe. • Se colocar a serviço do outro • Cuidar dos filhos ou de crianças • Praticar atividade artística • Buscar o espiritual • Cultivar a fantasia ativa, (experimente escrever para sua anima.) • Cultivar a religiosidade • Procurar o encontro com seu Eu • Cuidar da casa • Fazer trabalhos manuais • Fazer atividades lúdicas (brincar) • Cantar ou dançar • Fazer atividades que exijam paciência. Como cultivar o Animus • Exercitar a parceria nas relações, se aproximar verdadeiramente das pessoas. • Promover a organização da casa, do trabalho, da agenda. • Buscar a realização profissional • • • • • • • • Buscar o espiritual Estudar ciência, matemática, filosofia, história. Cultivar a fantasia ativa ( experimente escrever para seu animus) Procurar o encontro com seu Eu Trabalhar com a terra Estudar de forma sistemática Trabalhar com atividades que exijam prazo Iniciar um projeto pessoal por menor que seja 20 Instruções para o trabalho nos pequenos grupos Escolha um coordenador para o tempo; Divida o tempo na mesma medida para todos os participantes do grupo; A pessoa que iniciará os relatos deve colocar o seu trabalho no centro do grupo, os demais participantes observam em silêncio; A pessoa que esta fazendo o seu relato, deve ser avisada com 15 e 5 minutos de antecedência sobre o término do seu tempo; A ordem de início dos relatos deve variar de um dia para outro; Enquanto uma pessoa relata, o grupo ouve atentamente, não sendo permitido interrupções, somente em caso de perguntas de esclarecimento. Após o término do relato, o grupo deve ficar em silêncio, não julgar, não podar, não falar frases do tipo : “Sabe o que eu acho?..” “Posso te dar um conselho...” Após o término serão permitidas perguntas de ESCLARECIMENTO, sobre algo que você não tenha entendido; Se a pessoa que relatou o fato não se sentir confortável, não é obrigatório responder a pergunta feita a ele; A pessoa que esta relatando deve respeitar o tempo destinado a ele, lembrando que os outros também querem ser ouvidos, cada minuto que eu falo a mais, alguém vai falar a menos. Todos os integrantes devem ter o mesmo tempo de relato, mesmo que o colega solicite um tempo maior a ele; Todos os integrantes devem manter-se na sala durante o relato do colega; Em absoluto serão permitidos, laptops, celulares, etc; Após o final do relato todos os outros participantes devem silenciar junto ao colega e escolher uma frase, uma poesia ou um gesto para oferecer a ele; Lembrem-se alguém esta compartilhando com você o que ele tem de mais valioso, respeite e receba como um presente; Perguntas Norteadoras para o trabalho em pequeno grupo - Sábado Faça uma reflexão sobre os relacionamentos que teve até o momento e responda: O que eles tem em comum com os relacionamentos de seus pais? Algumas das normas que recebeu nos primeiros setênios te acompanham ainda hoje? “ Você tem que ser forte”, “ A mamãe ou papai te protegem”, “ Você tem que ser independente” Qual era a imagem de sua mãe no coração de seu pai? Qual a imagem do seu pai no coração de sua mãe? Elas estão presentes ainda na sua biografia? Diante de um potencial parceiro, como me sinto? Como me vejo? Como me apresento no mundo como mulher ou homem? Ouvindo as palestras, gosto dos arquétipos que dizem respeito ao meu sexo? Como gostaria de ser como mulher ou como homem? Quais qualidades tem em comum homens/mulheres que admirei ou admiro? Existe alguma crença que tenho que derrubar? Qual? Perguntas Norteadoras para o trabalho em pequeno grupo - Domingo O que eu gostaria de mudar no meu caminho para a integração? Dentro do processo de amadurecimento do masculino e feminino onde eu me encontro? O que eu descobri sobre minha Dama/Cavalheiro? O que eles precisam ou pedem para se harmonizar? Que pequena ação é possível fazer para melhorar minhas relações? 21 O Homem e a Mulher O homem é a mais elevada das criaturas; A mulher é o mais sublime dos ideais. O homem é o cérebro; A mulher é o coração. O cérebro fabrica a luz; O coração, o AMOR. A luz fecunda, o amor ressuscita. O homem é forte pela razão; A mulher é invencível pelas lágrimas. A razão convence, as lágrimas comovem. O homem é capaz de todos os heroísmos; A mulher, de todos os martírios. O heroísmo enobrece, o martírio sublima. O homem é um código; A mulher é um evangelho. O código corrige; o evangelho aperfeiçoa. O homem é um templo; a mulher é o sacrário. Ante o templo nos descobrimos; Ante o sacrário nos ajoelhamos. O homem pensa; a mulher sonha. Pensar é ter , no crânio, uma larva; Sonhar é ter , na fronte, uma auréola. O homem é um oceano; a mulher é um lago. O oceano tem a pérola que adorna; O lago, a poesia que deslumbra. O homem é a águia que voa; A mulher é o rouxinol que canta. Voar é dominar o espaço; Cantar é conquistar a alma. Enfim, o homem está colocado onde termina a terra; A mulher, onde começa o céu. Victor Hugo