CONVÊNIOS CNPq/UFU & FAPEMIG/UFU Universidade Federal de Uberlândia Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação DIRETORIA DE PESQUISA COMISSÃO INSTITUCIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 2008 – UFU 30 anos AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE CARCAÇAS BOVINAS COM VISTAS À DETERMINAÇÃO DE PONTOS CRÍTICOS Paula Fernanda de Sousa Braga1 Universidade Federal de Uberlândia – Av. Pará, 1720, bloco 2T – Campus Umuarama. 38400-902 e-mail: [email protected] Marcos Dias Moreira 2 Laerte Pereira de Almeida 2 Tâmara Duarte Borges1 Resumo: O consumo mundial de carne cresce a cada dia, resultado da oferta satisfatória do produto de maneira geral. Países com grande significância nas exportações como o Brasil, por exemplo, mantêm controle rigoroso sobre sua produção para que as normas sejam cumpridas e o produto aceito de maneira confiável pelos países importadores e mercado interno. Durante o processamento da carne, pode-se encontrar uma gama de microorganismos que alteram as características necessárias para sua aceitação no mercado, tais como aspectos físicos, químicos e sensitivos. Nesta pesquisa experimental, foram verificados os pontos críticos de contaminação microbiológica no fluxograma de abate de bovinos de um matadouro-frigorífico do Triângulo Mineiro. Em cada carcaça foram colhidas três amostras em pontos distintos de sua metade esquerda: região do traseiro, paleta e ponta de agulha. A coleta ocorreu em dois setores do fluxograma de abate: esfola, evisceração e também saída da câmara frigorífica (ante câmara). As amostras foram coletadas através do uso de swabs devidamente identificados, sendo posteriormente encaminhados ao Laboratório de Controle de Qualidade e Segurança Alimentar da Universidade Federal de Uberlândia para a devida análise e avaliação dos resultados. Palavras-chave: Pontos críticos de contaminação, Carcaças, Análise Microbiológica. 1- Acadêmicos do curso de Medicina Veterinária 2- Orientadores 1. INTRODUÇÃO A indústria da carne brasileira ocupa lugar de destaque na produção de alimentos prontos para o consumo e semi-preparados. A manutenção da higiene nos produtos de origem animal deve ser rigorosa para evitar riscos à saúde do consumidor (MENDONÇA e GRANADA, 1999). Para isso, foram determinados padrões na criação e abate de animais destinados ao consumo humano. A partir desses princípios, obtêm-se seguramente produtos com a garantia de qualidade necessária. A qualidade de um produto pode ser definida como o conjunto de atributos que satisfaçam às necessidades do consumidor ou que até mesmo supere suas expectativas iniciais; esse conceito pode variar de acordo com o mercado a que o produto se destina (FELíCIO, 1996). Durante o processamento da carne, pode estar presente uma gama de microorganismos que alteram as características necessárias para sua aceitação no mercado, tais como aspectos físicos, químicos e sensitivos. Contaminação é definida como a presença de qualquer substância ou agente em quantidade que torna o produto inaceitável ou potencialmente perigoso ao consumidor. Os contaminantes incluem resíduos químicos alimentares (antibióticos, pesticidas, etc.) acumulados nos tecidos, excessos de aditivos, matérias estranhas (fragmentos de insetos, pêlos, areia, etc.), parasitas e microorganismos (SILVA, 1992). Apesar de existirem medidas obrigatórias para que haja um processamento higiênico-sanitário, estas iniciativas reduzem o índice de contaminação da carne durante o abate, somente no caso de serem bem aplicadas. Mudanças nas características organolépticas e intrínsecas dependem do número e da espécie dos contaminantes presentes. Alterações na composição química da carne, seu pH, sua disponibilidade de água, por exemplo, provocadas pela microflora bacteriana, resultam em perdas econômicas e acima de tudo, causam comprometimento à saúde do consumidor pela ingestão de produtos de baixa qualidade. Um manejo correto durante o abate de animais em matadouros-frigoríficos, reduz estes índices de contaminação a níveis aceitáveis e não nocivos aos seres humanos. A obtenção higiênica de carnes depende de dois fatores fundamentais: em primeiro lugar da sanidade do animal e em segundo, dos ambientes que o cerca até a obtenção do produto processado. O abate adequado no que se diz respeito ao seguimento de normas sanitárias exigidas por lei de um animal sadio, ou seja, aquele em normal equilíbrio fisiológico, produz carne salubre uma vez que seus tecidos e cavidades não se comunicam diretamente com o meio externo e são praticamente estéreis, desde que não haja presença de contaminantes químicos, físicos ou biológicos na corrente sanguínea, medula óssea, nódulos linfáticos, tecidos musculares, cavidades torácica e abdominal, ou vísceras. Neste caso, ocorrendo alterações indesejáveis no produto final, conclui-se que estas provêm de impropriedades no ambiente ou de manipulação durante o processamento. Para que sejam evitados desperdícios, prejuízos e riscos à população, os pontos considerados mais vulneráveis no fluxograma de abate devem ser rigorosamente controlados para garantir que somente carnes e derivados de qualidade cheguem à mesa do consumidor. Os momentos de maior importância para obtenção de carnes higiênicas e salubres são representados através dos ambientes oferecidos pelos estabelecimentos onde são procedidos matanças de animais e o preparo das carcaças e vísceras, sendo estes os pontos cruciais do processo que garantem a qualidade do produto final. Porém, estes momentos prolongam-se através dos meios de transporte e armazenamento, incluindo os locais de venda da carne “in natura”. 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A qualidade de um alimento é o conjunto das características das diferentes unidades individuais de um produto que determina seu grau de aceitabilidade. Dentro desses atributos, alguns são observados pelo consumidor, tais como: sabor, odor, cor, textura. São geralmente as qualidades pelas quais o comprador julga se comprará ou não determinado alimento (MORETTO et al, 1986). Os animais antes do processo de matança devem ser inspecionados para determinar o grau de doenças infecciosas aparentes. Quando da entrada do animal contaminado para a sala de abate, este pode carrear patógenos e contaminar outros animais (BROCK et al, 1978). As principais causas de contaminação ante-morte são: transporte, contato direto entre animais, currais não adequados, solo, contaminação do ar que se deposita na superfície corporal, banho de aspersão inadequado. Este banho diminui a contaminação microbiana da superfície corporal, retirando também a sujeira grosseira que se acumula. Por ocasião do abate, a carne pode ser contaminada em contato com pêlos, pele, casco, conteúdo gastrointestinal, equipamentos e utensílios utilizados no abate, mãos e vestuários do pessoal envolvido no processo e água utilizada para a lavagem de carcaças (BACUS, 1986). Portanto, o grau de contaminação dos produtos de origem animal varia de acordo com as normas de higiene e limpeza adotadas nos abatedouros, bem como nos locais de venda (FUZINHARA et al, 1993). A principal e primeira fonte de contaminação da carne é a pele do animal e dos animais próximos a ele. Entre os microorganismos da fonte inclui-se a flora normal da pele (Staphylococcos, Micrococcos, Pseudomonas, Leveduras, bolores, coliformes) (ASDRUBALLI ET AL, 1969). Com exceção da superfície externa, o trato gastrintestinal e as vias respiratórias, tecido de animais saudáveis contêm poucos microorganismos, devido principalmente aos mecanismos de defesa do próprio animal, controlando a proliferação microbiana (LEITÃO, 1984). O nível e a incidência de diferentes bactérias na carne fresca variam muito, principalmente porque a microflora inicial da carne é afetada pelas condições prématança e pelas fontes de contaminação (LAWRIE, 1998). As normas de higiene devem prevalecer desde os currais até a expedição. Antes do início do trabalho diário, a sala de abate e todas as subseções deverão estar devidamente limpas, perdurando a higiene durante toda a jornada (MORETTO et al, 1986). O objetivo da limpeza e sanitização é controlar a atividade microbiana, preservar o frescor e a palatabilidade final, e garantir um produto livre de organismos patogênicos. A higienização das instalações deve seguir os seguintes conceitos: 1. Facilidade de limpeza de paredes e pisos; 2. Eliminação adequada de produtos de descarte; 3. Instalações adequadas para lavagem das mãos; 5. Vestiários com armários limpos e meios adequados para necessidades fisiológicas; 6. Controle de pragas; 7. Zona independente de armazenamento de materiais de limpeza e utensílios; 8. Limpeza regular e satisfatória de todo o equipamento e instalações (THORNTON, 1984). 3. OBJETIVOS 3.1. Objetivo Geral Essa pesquisa teve por objetivo avaliar microbiologicamente carcaças bovinas, em pontos previamente selecionados (PCC), na sala de abate e câmaras frigoríficas, verificando-se os pontos críticos de contaminação microbiológica e detectando-se aqueles vulneráveis que representam perigo de contaminação desde a matança até o fim do processamento das carcaças. 3.2. Objetivos Específicos • Mapear os locais do Matadouro-Frigorifico • Coletar amostras para análise microbiológica • Caracterizar cada lócus da sala de abate e câmaras frigoríficas • Proceder a Análise microbiológica das amostras coletadas • Associar cada local do Matadouro com o resultado da análise microbiológica • Proceder as análises de pontos críticos • Caracterizar os locais considerados como pontos críticos e de maior vulnerabilidade para contaminação 4. METODOLOGIA 4.1. Metodologia de coleta A pesquisa foi realizada em um matadouro-frigorífico localizado no município de Uberlândia no Triângulo Mineiro, no período de agosto de 2007 a julho de 2008. Com base nos objetivos do estudo e critérios operacionais foram escolhidas aleatoriamente 80 carcaças bovinas para proceder a análise. Em cada carcaça foram colhidas três amostras em pontos distintos de sua metade esquerda: região do traseiro, paleta e ponta de agulha. A coleta foi feita em dois setores do fluxograma de abate: esfola, evisceração e também saída da câmara frigorífica (ante câmara). As amostras foram coletadas através do uso de swabs devidamente identificados, sendo a seguir encaminhados ao Laboratório de Controle de Qualidade e Segurança Alimentar da Universidade Federal de Uberlândia para a devida análise e avaliação dos resultados. As amostras foram obtidas de 80 carcaças bovinas, sendo que 40 amostras foram coletadas momentos antes da evisceração, que foi definido como Ponto A e 40 logo após este processo, denominado Ponto B. De cada grupo de 40 amostras, 20 foram para a pesquisa de Salmonella sp e as outras 20 para pesquisa de coliformes termotolerantes. A coleta das amostras foi efetuada passando –se o swab estéril em zigue-zaque numa área que abrangeu a região do traseiro, ponta de agulha e dianteiro. 4.2. Metodologia Analítica Em posse de 80 amostras no total, foram efetuadas culturas para estimar o número mais provável de coliformes totais e realizar pesquisa de Salmonella. De acordo com a Instrução Normativa n°62 de 26 de agosto de 2003, a prova confirmativa dos coliformes totais têm que ser feita por meio da inoculação dos tubos positivos para fermentação de lactose em caldo verde brilhante bile lactose 2% e posterior incubação a 36 ± 1°C. A presença de gás nos tubos de Durhan do caldo verde brilhante evidenciará a fermentação da lactose presente no meio. O caldo verde brilhante bile lactose 2% apresenta, em sua composição, bile bovina e um corante derivado do trifenilmetano (verde brilhante), responsável pela inibição dos microorganismos Gram positivos. Já a pesquisa de Salmonella, seguiu os seguintes passos: 1) Pré-enriquecimento: baseou-se na incubação, a 36 ± 1ºC por 16 a 20 horas, de 25 ± 0,2g ou ± 0,2mL da amostra, adicionada de 225mL do diluente específico. Este procedimento visa minimizar os efeitos do processamento industrial da carne. 2) Enriquecimento seletivo: utilizaram-se os meios que contêm substâncias de ação impediente do crescimento para a maioria dos microorganismos interferentes e na incubação em temperatura seletiva. O enriquecimento seletivo da Salmonella ocorreu nos meios líquidos seletivos, caldo Rappaport Vassiliadis e caldo selenito-cistina. Adicionalmente foi usado o caldo tetrationato. No caldo Rappaport Vassiliadis, a presença de verde malaguita e de cloreto de magnésio, associada à temperatura de 41± 0,5ºC por 24 a 30 horas, atuou como agentes seletivos da microbiota acompanhante, enquanto a presença de peptona de farinha de soja estimulou o crescimento de Salmonella. No caldo selenito-cistina, o agente inibidor selenito de sódio atuou inibindo os coliformes e enterococos. Esse meio foi incubado a 41 ± 0,5º C por 24 a 30horas. No caldo tetrationato, a seletividade foi conferida pelo tetrationato e pelo verde brilhante. 3)Isolamento e seleção: foi baseado na seleção de colônias de Salmonella em, pelo menos, em dois meios sólidos: o ágar verde brilhante, vermelho de fenol, lactose e sacarose (BPLS) obrigatoriamente e outro ágar de maior impediência escolhido pelo laboratório. No ágar verde brilhante, a novobiocina adicionada visou principalmente a inibição de Proteus sp. Esse meio apresentou em sua composição bile bovina e um corante derivado do trifenilmetano (verde brilhante), responsável pela inibição de microorganismos Gram positivos. No ágar MLCD, a concentração de íons magnésio promove o crescimento de Salmonella. Na presença de verde brilhante a flora acompanhante foi inibida. Esse ágar não utiliza a fermentação da lactose como sistema de identificação, o que possibilitou a detecção de cepas de comportamento atípico no BPLS. A produção de H2S é evidenciada pelo enegrecimento da colônia. Cepas de Salmonella H2S negativo, como S. sendai, S. berta, S. pullorum e S. seftenberg, poderão produzir colônias azuis. É um meio que, associado ao caldo de enriquecimento Rappaport Vassiliadis, tem sua seletividade substancialmente aumentada. A Salmonella typhi e a S. paratyphi não crescem nesse meio devido à presença de verde brilhante. 4) Identificação bioquímica: foi baseado na evidenciação das propriedades fisiológicas e metabólicas das culturas suspeitas: por meio de verificação da presença de citocromo oxidade; detecção de pirrolidonil peptidase (PY-Rase); produção de urease; fermentação da glicose, sacarose e lactose no meio TSI; detecção de beta galactose; descarboxilação da lisina; produção de H2S; motilidade e produção de indol. 5)Prova de soroaglutinação: foi baseado na reação antígeno-anticorpo, com conseqüente aglutinação do antígeno frente ao anti-soro para Salmonella polivalente “O”. 4.3. Análise estatística Para os cálculos estatísticos dos dados foi feita a análise de variância no delineamento inteiramente casualizado. Quando ocorreu diferença entre as etapas, as médias foram comparadas por meio do Teste de Tukey, considerando um nível de significância de 5%. 5.RESULTADOS 5.1. Coliformes Termotolerantes Para a pesquisa de coliformes, os resultados foram obtidos de acordo com o Procedimento para Contagem de Colônias da Instrução Normativa No 62 (MAPA, 2003). Tabela 1. Contagem de colônias de coliformes em carcaças de bovinos abatidos em matadouro-frigorífico do Triângulo Mineiro nos pontos A e B, no período de novembro 2007 a abril de 2008. (NMP/g). Ponto A Ponto B Coliformes Totais Coliformes Fecais Coliformes Totais Coliformes Fecais Amostras Amostras Amostras Amostras 1 30 1 30 1 930 1 36 2 30 2 30 2 74 2 30 3 30 3 30 3 30 3 30 4 30 4 30 4 30 4 30 5 30 5 30 5 36 5 36 6 74 6 380 6 2400 6 430 7 30 7 30 7 92 7 92 8 30 8 30 8 230 8 92 9 230 9 30 9 430 9 110 10 230 10 210 10 4600 10 210 11 30 11 30 11 30 11 30 12 30 12 30 12 92 12 92 13 30 13 30 13 11000 13 110 14 230 14 350 14 430 14 380 15 30 15 94 15 11000 15 110 16 36 16 36 16 2400 16 36 17 36 17 430 17 11000 17 430 18 230 18 140 18 930 18 230 19 750 19 140 19 1500 19 230 20 230 20 30 20 2400 20 36 Gráfico 1 - Contagem de colônias de coliformes totais em carcaças de bovinos abatidos nos pontos A e B em matadouro-frigorífico do Triângulo Mineiro. 3000 2500 2000 1500 1000 500 0 Ponto A Ponto B Gráfico 2. Contagem de colônias de coliformes fecais em carcaças de bovinos abatidos os pontos A e B em matadouro frigorífico do Triângulo Mineiro. 140 120 100 80 60 40 20 0 Ponto A Ponto B Comparando os resultados obtidos antes e após o processo de evisceração nos pontos A e B, quanto à numeração de coliformes totais e fecais, constatou-se que o primeiro apresentou presença de UFC (Unidades Formadoras de Colônia), porém as amostras tiveram significância estatística do seu NMP (Número Mais Provável) no Ponto B, ou seja, foram encontradas diferenças reais da presença de microorganismos de origem não fecal. Na análise de coliformes fecais, apesar de também haver presença nos Pontos A e B, estatisticamente foi concluída uma insignificância na comparação entre os pontos. Embora a Resolução RDC no12 (ANVISA, 2001), não estabeleça padrão de identidade e qualidade para presença de coliformes termotolerantes para carne in natura, os valores encontrados para os microorganismos em questão podem representar riscos à saúde dos consumidores. 5.2 – Salmonella sp Tabela 2. Resultados das análises das amostras nos Pontos A e B para pesquisa de Salmonella SP. Amostra Ponto A Amostra Ponto B 1 Ausente 1 Ausente 2 Ausente 2 Ausente 3 Ausente 3 Ausente 4 Ausente 4 Ausente 5 Ausente 5 Ausente 6 Ausente 6 Ausente 7 Ausente 7 Ausente 8 Ausente 8 Ausente 9 Ausente 9 Ausente 10 Ausente 10 Ausente 11 Ausente 11 Ausente 12 Ausente 12 Ausente 13 Ausente 13 Ausente 14 Ausente 14 Ausente 15 Ausente 15 Ausente 16 Ausente 16 Ausente 17 Ausente 17 Ausente 18 Ausente 18 Ausente 19 Ausente 19 Ausente 20 Ausente 20 Ausente A ausência de Salmonella sp em 100% das amostras sugere que os animais abatidos passaram por descanso adequado, baixos níveis de estresse durante o transporte e período antemortem, e não sofreram contaminação direta na evisceração por conteúdo intestinal. A Portaria no 46 de 10 de fevereiro de 1998 do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) regulamenta o sistema de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) baseado em um Manual Genérico de Procedimentos no qual o objetivo é fornecer diretrizes básicas para a implementação de um plano de controle nas indústrias de processamento de produtos de origem animal que estão sob regime do Serviço de Inspeção Federal. Os sistemas tradicionais de Inspeção e Controle da Qualidade, face às necessidades de melhorarem seu desempenho quanto à eficiência, eficácia e relevância social na atividade de assegurar a qualidade dos alimentos, dentro de um sistema de gerenciamento da qualidade do processo industrial, passarão a utilizar como meio auxiliar este Sistema, que pela sua concepção e filosofia, além de assegurar os objetivos propostos, torna mais eficaz o Serviço de Inspeção Federal. Cabe destacar que o APPCC não é um Sistema de Inspeção. O fundamento básico deste sistema pode ser aplicado a todas as indústrias para que os produtos finais sejam elaborados sem perigos à Saúde Pública; tenham padrões uniformes de identidade e qualidade; atendam às legislações nacionais e internacionais sob os aspectos sanitários de qualidade e de integridade econômica; sejam elaborados sem perdas de matérias-primas; sejam mais competitivos nos mercados nacional e internacional. Em posse dos resultados obtidos na pesquisa, a esfola e a evisceração representariam Pontos Críticos dentro do fluxograma de abate, pois são processos que representam alto potencial de contaminação das carcaças e exigem um maior controle sobre eles. Porém, não se torna uma obrigatoriedade a aplicação deste sistema para que os índices de contaminação sejam reduzidos. A utilização eficiente de Boas Práticas de Fabricação (BPF) regulamentada na Portaria no 368 de 4 de setembro de 1997 também do MAPA, poderiam fazer com que estes índices de contaminação fossem reduzidos. Algumas ações baseadas nesta Portaria a serem tomadas seriam: a utilização efetiva de duas facas para realização dos processos de esfola e evisceração, aumento nos cuidados com a esterilização dos utensílios e com a higiene dos manipuladores. Algumas providências em relação à contaminação do ar e do ambiente da sala de abate também seriam indispensáveis para a eficiência da redução da contaminação. 6. CONCLUSÃO • Na avaliação microbiológica das carcaças, constatou-se a presença de coliformes termotolerantes antes e após a evisceração. • No ponto B, o NMP de coliformes totais teve aumento significativo em relação ao Ponto A. • Para coliformes fecais, apesar de haver diferenças entre os Pontos A e B nos NMP, estatisticamente não apresentaram significância. • Todos os resultados da pesquisa de Salmonella sp nos Pontos A e B foram ausentes. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASDRUBALLI, M. & STRADELLI, A. 1969, “Los mataderos (construcción, gestión, aspectos sanitários)”. Editorial Acribia. Zaragoza (Espanha). BACUS, J.; 1986, “Utilization of Microorganisms in Meat Processing – A Hand Book of Meat Operations”, New York, ed. John Wiler & Sons, 275p. BRASIL – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Instrução Normativa nº62 de 26 de agosto de 2003. 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During the processing of meat, you can find a range of microorganisms that alter the characteristics necessary for their acceptance in the market, such as physical, chemical and sensitive. In this experimental research, were verified critical points of microbiological contamination in the flow of slaughter of cattle to a slaughter house-refrigerator of Triângulo Mineiro. In each carcass was collected samples at three different points of the half left: the region back, shoulder and tip of needle. The collection occurred in two sectors of the flow of slaughter: skinning, gutting and also out of refrigeration room (to camera). The samples were collected through the use of swabs properly identified and subsequently sent to the Laboratory for Quality Control and Food Security, Federal University of Uberlândia for the proper analysis and evaluation of results. Key-words: carcass, microbiological contamination, quality control, food security