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Sociedade Portuguesa de Ginecologia
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Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
EDIÇÃO COMEMORATIVA DO 40º ANIVERSÁRIO
DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE GINECOLOGIA
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ANOS
Patrocínio
Coimbra 2015
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Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Autores
INDICE
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prefácio 7
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Sociedade Portuguesa de Ginecologia. Modesta contribuição para a sua história 13
Edição
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Sociedade Portuguesa de Ginecologia. No início foi assim... 21
Contribuição para o estudo da história da ginecologia no porto 47
A ORIGEM DE UMA SOCIEDADE 59
Revisão
Maria Fernanda Águas
Design Gráfico
Eye’C Design Gráfico,Lda
4
2000 - 2005 Respeitar o legado recebido, pela afirmação do presente 69
SPG - Sociedade Portuguesa Ginecologia A perspectiva de uma presidência 75
UMA PACÍFICA BATALHA . troca de correspondência.. 81
Discurso do Presidente de Honra do XI Congresso Português de Ginecologia 87
Secção Portuguesa de Endoscopia Ginecológica 93
Edição
1º edição , maio 2015
Edição de Oferta
Secção Portuguesa de Colposcopia e Patologia Cervico-Vulvo-VaginaL 97
Ginecologia Oncológica 101
Do Grupo Cooperativo à Secção 101
Tiragem
2 000 exemplares
Distribuição
Secção Portuguesa de Uroginecologia 105
SPG - AS SUAS DIRECÇÕES 1975 - 2015 109
Congressos e Imagens da História 117
congressos 123
ISBN
Depósito Legal
Impressão
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Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
prefácio
O presente livro integra documentos com
os quais se pretende dar a conhecer ao
público interessado os acontecimentos
mais marcantes da história da Sociedade
Portuguesa de Ginecologia (SPG).
6
Fernanda Águas
Presidente da 13ª Direcção (2013-2015)
O conhecimento desses acontecimentos,
além de familiarizar o leitor com a linha de
orientação que presidiu à vida da SPG, pode
constituir motivo de inspiração ao traçar o
rumo que, no futuro, queremos dar à ação
dessa sociedade.
A altura da publicação deste livro não foi
escolhida ao acaso. Com efeito, ao celebrar
quatro décadas de existência, consideramos
útil ir às raízes da SPG e registar o legado
que os sócios fundadores nos transmitiram,
dando-o a conhecer às gerações atuais e
vindouras.
Para o registo dos eventos mais marcantes
dos 40 anos de história da SPG, servimonos da inestimável colaboração das pessoas
que vivenciaram e sentiram diretamente
o pulsar da vida dessa sociedade desde o
despontar da ideia da sua constituição à
concretização dessa ideia ao longo desses
anos.
Além disso, servimo-nos também do espólio
acumulado ao longo dos anos e que foi
organizado e preservado a partir do momento
em que a SPG adquiriu as instalações onde
funciona a sua sede em Coimbra, berço
dessa sociedade. Foi esse arquivo que nos
permitiu recolher documentos que merecem
ser reproduzidos na íntegra neste livro e
cuja leitura dispensará comentários.
Neste momento com 1354 sócios, a SPG já
teve 13 direções, organizou 13 Congressos
e 181 reuniões científicas.
Se remontarmos à época em que foi
criada, época essa em que as deslocações
nem sempre eram fáceis e em que as
comunicações pela Internet eram uma
miragem, há que enaltecer a coragem dos
fundadores da nossa sociedade em lançarse na aventura da constituição de uma
pessoa coletiva votada aos objetivos da
nossa sociedade.
Com efeito, de início, realizavam-se reuniões,
todos os segundos sábados de cada mês,
com exceção dos meses de férias, de norte a
sul do país, onde se trocavam experiências,
se discutiam casos clínicos e se atualizavam
conhecimentos.
Os Congressos eram eventos de grande
importância, do ponto de vista científico,
proporcionando contacto com o estado
de evolução dos conhecimentos científicos
em matéria de ginecologia, graças à
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participação nesses congressos de grandes
vultos da Ginecologia europeia e mundial.
A par da componente científica, os
congressos tinham uma componente
sociocultural, consistente na organização
de exposições, espetáculos de música e
canto e outros momentos de convívio e de
lazer. Devido a condicionantes de caráter
legislativo a dimensão sociocultural desses
congressos foi drasticamente reduzida.
8
Desde
cedo,
surgiram
publicações
destinadas a divulgar os temas tratados nas
reuniões científicas; entre essas publicações,
refira-se o Boletim da Sociedade Portuguesa
de Ginecologia que deu origem à Revista
de Ginecologia e Medicina da Reprodução
à qual sucedeu a atual Acta Obstétrica e
Ginecológica publicada pela Federação das
Sociedades Portuguesas de Obstetrícia e
Ginecologia.
Ao longo dos 40 anos da sua história, a
SPG esteve sempre atenta às necessidades
de desenvolvimento e de especialização da
Ginecologia, tentando responder a essas
necessidades através da criação de secções:
primeiro, a de Ginecologia Oncológica, a
de Colposcopia e Patologia Cérvico-VulvoVaginal e a de Endoscopia Ginecológica,
por último, a de Uroginecologia; mais
recentemente, foi criada a secção de
Menopausa, ainda em fase embrionária. A
mesma filosofia presidiu à criação de núcleos
de interesse, tais como o de Mastologia,
o de Medicina Sexual e por último o de
Ginecologia da Infância e da Adolescência.
A SPG, ao longo dos 40 anos da sua
existência, sempre procurou estar perto
daqueles que no seu dia a dia desenvolvem
as atividades e tomam as decisões em
matérias que contendem com a saúde
da mulher, apoiando-os através da
elaboração de documentos de Consenso
com orientações clínicas baseadas na
mais recente evidência publicada sobre as
referidas matérias.
9
Espero que a leitura deste livro contribua
para a manutenção e reforço do papel da
Sociedade Portuguesa de Ginecologia,
enquanto sociedade científica, na melhoria
do panorama da Saúde da Mulher em
Portugal.
Publicação dos estatutos da SPG no Diário do Governo III série, nº 149, de 1 de Julho de 1975
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Ofício para o Governo Civil de Coimbra, em Julho de 1975
Circular Nº1 de 30 de Setembro de 1975
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de Ginecologia
Modesta contribuição para a sua história
1. Os Primórdios da Sociedade
Portuguesa de Ginecologia (SPG)
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Henrique Miguel Resende Oliveira
Presidente da 1ª Comissão Coordenadora (1975-1978)
Presidente da 6ª Direcção (1991-1993)
Dado que o Professor Carlos de Oliveira
me deu a conhecer que tinha feito o relato
da vida embrionária e da gestação da
nossa Sociedade até ao seu nascimento,
culminado com o assento de baptismo que
viu a luz no dia 1 de Julho de 1975 no Diário
do Governo, vou simplificar o meu relato.
Com o patrocínio do Professor Ibérico
Nogueira muitos dos seus discípulos
dispersos pelos IPOFG (Coimbra, Lisboa
e Porto) e outros exercendo actividade
profissional nas maternidades e hospitais
distritais dispersos pelo país, o patrocinador
que era homem de passada firme e larga,
com a ajuda nomeadamente de Aurélio
Lopes Ferreira, Carlos de Oliveira, Albino
Aroso, Zulmira Alves, Mário Santos, Castro
Caldas e João Silva Carvalho realizou
em 1972 as “Jornadas Internacionais de
Ginecologia de Coimbra”.
Nestas Jornadas estiveram presentes
e como palestrantes vultos grandes da
Ginecologia europeia de que cito A. Netter,
A. Gorins, R. Cartier e Y. Salomon, todos
oriundos de Paris, onde muitos dos
colaboradores do Professor Ibérico Nogueira,
para além do próprio, tinham estreito
contacto, por terem estagiado nos
respectivos serviços.
Os contactos interpessoais e inter
institucionais foram-se estreitando e as
“2ª Jornadas Internacionais de Ginecologia
de Coimbra” sucederam de imediato em
1973 com muitos mais palestrantes quer
estrangeiros quer nacionais.
Deu-se assim corpo evidente à necessidade
de criar a Sociedade Portuguesa de
Ginecologia (SPG) vivendo a par da
Sociedade mais antiga a de Obstetrícia e
Ginecologia (SPOG).
Para além dos progressos, nas áreas
do Diagnóstico, da Terapêutica, da
Hormonologia,
da
Esterilidade,
das
Infecções do Aparelho Genital e da
Oncologia, a necessidade cada vez mais
premente
dum
diagnóstico
precoce
empolavam o incremento da Endoscopia,
do tratamento eficaz das infecções, e do
diagnóstico atempado e terapêutica das
neoplasias ginecológicas.
O
desenvolvimento
de
técnicas
conducentes a um diagnóstico atempado
era o escopo a atingir para a cura de
doenças que exigiam terapêuticas cirúrgicas
com exereses extensas e com alta
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morbilidade e mortalidade.
A criação na Faculdade de Medicina da
Universidade de Coimbra (FMUC) de
duas cátedras independentes apoiadas
clinicamente em dois Serviços autónomos,
um de Obstetrícia e outro de Ginecologia,
foi base para a existência da SPOG e da
SPG.
A SPG foi fundada por cerca de 76 membros
com a Comissão Coordenadora presidida
por Henrique Miguel Resende Oliveira,
Albino Aroso como Vice-Presidente, Aurélio
Lopes Ferreira, como Secretário Geral,
José Milheiro, como Tesoureiro, Carlos de
Oliveira, Antero Ferreira Torres e Joaquim
Pinto de Oliveira, como vogais e Agostinho
Almeida Santos presidindo ao Conselho
Consultivo.
14
A actividade deste Orgão, estendia-se
por cada três anos, que culminaria num
Congresso havendo reuniões científicas
mensais ao longo do ano.
2. O Primeiro Congresso da Sociedade
Portuguesa de Ginecologia
A SPG, começou a promover sessões
científicas cujo figurino era um palestrante
ou mais, mesas redondas e um período
para apresentação de comunicações pelos
especialistas mais novos e internos da
especialidade. No final do triénio realizavase um Congresso. Assim em 1978 realizouse o 1º Congresso, em Coimbra, que teve
como Presidente Honorário o meu Mestre
Raoul Palmer de Paris e como Presidente
eu próprio.
O Secretário Geral foi Carlos de Oliveira e
a Comissão Executiva era constituída por
Zulmira Alves, José D. Marta, Carlos S.
Marques e Domingos B. Duarte.
Da Comissão Científica, além de mim,
deram-lhe corpo, Aurélio L. Ferreira de
Coimbra, Castro Caldas, Kírio V. Gomes, E.
Catarino Tavares e José Girão de Lisboa, e
J. Silva Carvalho, Albino Aroso e A. Antunes
de Azevedo do Porto. Foram convidados
M. Aida Tavares (Lisboa) J. de Brux (Paris),
J. M. Carrera (Barcelona), A. Campos da
Paz (Rio de Janeiro), S. Dexeus (Barcelona),
A. Netter (Paris), J.P. Wolff (Paris), J. C.
Dexeus (Barcelona), J. C. Heuson (Bruxelas),
M. Hinselman (Basileia), R. Saccozzi (Milão)
e H.Serment (Marselha).
Contamos também com a presença de
delegações de língua oficial portuguesa,
nomeadamente do Brasil, Macau e
Moçambique. No Rio de Janeiro o
representante oficial deste Congresso foi o
Professor Ibérico Nogueira.
O Congresso decorreu nas instalações da
Universidade de Coimbra, nomeadamente
na Faculdade de Medicina e no anfiteatro da
Reitoria, entre 4 e 8 de Julho de 1978.
Do seu programa constou um curso de
Colposcopia, entre os dias 5 e 8, das 09H00
às 10H20, sendo os seus ministradores
F. Coupez (Paris), S. Dexeus (Barcelona) e
J. M. Carrera (Barcelona).
Nos dias 5 e 6, das 10H30 às 12H30,
realizaram-se
as
conferências
que
couberam por ordem cronológica a: J. C.
Heuson sobre “Receptores Celulares nas
afecções da mama” e a M. Hinselman sobre
“Termorradiografia nas lesões benignas da
mama”.
Da parte da tarde tiveram lugar as mesas
redondas moderadas nomeadamente por:
Campos da Paz, Jean de Brux, J. C. Heuson,
S. Dexeus, J. Reynier, A. Netter, H. Serment,
Carlos de Oliveira, J. P. Wolff, H. M. Oliveira,
S. Dexeus e M. A. Tavares.
No Congresso ocorreram 3 almoços-debate
e foram projectados 12 filmes.
Nos dias 7 e 8, das 10H30 às 12H30,
sucederam-se as comunicações livres em
número total de 78.
O programa social de natureza lúdica e
cultural adoçou o trabalho científico.
No dia 7 realizou-se a Assembleia Geral da
SPG e conjuntamente a da Sociedade de
Reprodução de Língua Portuguesa, esta
última tendo morte prematura.
É para mim imperioso destacar o trabalho
incansável e de alta proficiência do
Professor Carlos de Oliveira e do Dr. Aurélio
Lopes Ferreira a quem rendo protestos da
minha gratidão.
Recordando, em 1978 havia inscritos na
SPG 270 médicos. A SPG continuava a
crescer e revelava uma capacidade de
mobilização notável. Em 1990, quando de
novo assumi a Direcção da SPG éramos
já 816. O trabalho desenvolvido pelas
Direcções anteriores (entre 1978 e 1990)
tinha sido notável. As reuniões noutras
cidades, a publicação e matérias versadas
quer no Boletim quer posteriormente na
Revista da SPG e Medicina da Reprodução,
os dois triénios sucessivos de grande labor
e a implementação de Grupos Cooperativos
como os do “Cancro Ginecológico” e do
“Cancro da Mama” conduziram a um
aumento notável de sócios. Em 1984 o
número de sócios efectivos era já de 556
membros.
Este progresso continuou nos mandatos
seguintes até que em 1990 a Direcção
da SPG, constituída por mim como
Presidente, tendo como: Vice-Presidentes
Maria Teresa Osório (IPO-Porto), João Cortes
Vaz (IPO- Coimbra), José Menezes Sousa
(IPO-Lisboa), Secretário-Geral Daniel Pereira
da Silva (IPO-Coimbra), Tesoureiro Maria
Ondina Campos (CHC-Coimbra) e Vogais
Maria da Graça Mendonça (IPO-Lisboa),
Maria Fátima Moutinho (HGSA-Porto) e Luís
Almeida e Sousa (HUC-Coimbra).
Ao tomar posse, a SPG como já foi dito
anteriormente contava com 816 sócios
e carreava 103 reuniões científicas, 5
Congressos e várias participações em
reuniões internacionais.
3. O Sexto Congresso da Sociedade
Portuguesa de Ginecologia
Assim tivemos de organizar o 6º Congresso
Português de Ginecologia, que decorreu
nos Hospitais da Universidade de Coimbra,
entre 29 de Maio e 3 de Junho de 1993.
Este Congresso teve como Presidente de
Honra Albino Aroso e eu como Presidente.
A Comissão Científica era constituída por
Henrique Miguel Resende Oliveira, Carlos
de Oliveira, J. Silva Carvalho, Daniel Pereira
da Silva, J. Menezes e Sousa, J. Cortez Vaz,
M. Teresa Osório e M. Ondina Campos. O
Secretário - Geral foi Daniel Pereira da Silva
e a Tesoureira M. Ondina Campos.
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O programa social e cultural ficou a cargo
de M. Margarida Resende Oliveira e de
M. Fátima Paiva L. Silva.
A Conferência de Abertura “Premalignant
lesions of the vulva - a personal perspective”
foi proferida pelo Professor Paul Morrow
(Los Angeles) a que se seguiu a Recepção
de Boas Vindas, que decorreu no Convento
de Santa Clara e que contou com a actuação
do Coro Gregoriano de Lisboa, sob a
direcção de Maria Helena Pires de Matos e
a culminar nos Claustros do Convento um
Cocktail.
16
O Congresso prosseguiu com as Sessões
Plenárias e Conferências, que decorreram no
Auditório Principal dos HUC: A 31 de Maio,
as Sessões Plenárias “Carcinogénese I”,
presidida por Daniel Pereira da Silva (Coimbra)
e que contou com Sérgio Castedo (Porto),
Henrique Miguel Resende Oliveira (Coimbra)
e Maria Helena Saldanha (Coimbra) e
“Carcinogénese II”, presidida por Fernando
Regateiro (Coimbra) que recebeu a
contribuição de Albert Singer (Londres),
Salvador Massano Cardoso (Coimbra) e José
Rueff (Lisboa) e a Conferência “Endometrial
Ablation” de R. Labastida (Barcelona) que
foi presidida por Zulmira Alves (Coimbra); A
1 de Junho, a 1ª Sessão Plenária “Cirurgia
Per-Celioscópica I”, presidida por Pratas
Ferreira (Lisboa) acolheu as palestras de J.
Donnez (Bruxelas), R. Labastida (Barcelona)
e E. Barroco (Lisboa) e a 2ª ”Cirurgia PerCelioscópica II”, presidida por Albino Aroso
(Porto) e contou com a participação de J.
Donnez (Bruxelas), J. F. Magrina (Arizona) e
D. Dargent (Lyon), da parte da tarde com
a presidência de Fornelos (Lisboa) realizouse a Conferência “Menopausa – Terapêutica
Hormonal Substitutiva” proferida por Jean
Belaich (Paris) e a Sessão Plenária “Ovário
Não Tumoral”, presidida por Carlos de Oliveira
(Coimbra) e que contou com as intervenções
de Silva Carvalho (Porto), António Pereira
Coelho (Lisboa) e Agostinho Almeida
Santos (Coimbra); A 2 de Junho a 1ª Sessão
Plenária “Distrofias Vulvares/VIN”, presidida
por Martinez de Oliveira (Porto) e que teve
como palestrantes Kaufman (Houston) e
Peter Bôsze (Budapeste) e a 2ª Sessão
Plenária “Carcinoma da Vulva”, presidida
por Menezes e Sousa (Lisboa) e que teve a
participação de John H. Shepherd (Londres)
e de J. F. Magrina (Arizona), a finalizar a
manhã a Conferência “Vulva - Vulvites”
proferida por M. Teresa Osório e presidida
por Antero Torres (Porto), da parte da tarde
a Conferência “Adenocarcinoma de Células
Claras-Conservative Treatment of Cervical
and/or Vaginal Clear Cell Adenocarcinoma”
proferida por A. Gerbaulet (Villejuif) e
presidida por J. Cortes Vaz (Coimbra) e a 3
de Junho, último dia do Congresso, a Sessão
Plenária “CIN”, presidida por Albino Urbano
(Lisboa) e que teve a participação de Albert
Singer (Londres) e J. A. Usandizaga (Madrid)
e a culminar a Sessão Plenária “Cancro Inicial
do Colo”, presidida por M. Teresa Osório
(Porto) e que contou com Paul Morrow
(Los Angeles), John H. Shepherd (Londres),
D. Dargent (Lyon) e A. Gerbaulet (Villejuif).
gratidão ao Professor Carlos de Oliveira e
ao incansável secretário da SPG Dr. Daniel
Pereira da Silva.
As principais matérias versadas e mais
polémicas foram as seguintes: hormonas e
cancro da mama e do endométrio; o papel dos
oncogenes e dos genes oncosupressores;
os vírus em particular os HPV e o seu
papel no cancro do útero; o tratamento
quer da endometriose quer a realização
17
Para além do já enunciado houve a discussão
de 24 Posters, 120 Comunicações Livres e
7 Vídeos e a participação de 34 palestrantes
portugueses e 19 estrangeiros, registandose 500 inscritos, crescendo a SPG para
1028 sócios.
O êxito do Congresso deveu-se ao trabalho
de equipa responsável mas não posso
deixar de manifestar o meu muito apreço e
de histerectomias e linfadenectomias por
via laparoscópica; a cirurgia dos cancros
da vulva e da vagina e o tratamento do
carcinoma celular microinvasivo do colo do
útero.
A SPG e Medicina da Reprodução prosseguiu
o seu caminho revelando-se uma das mais
produtivas e de mais vastos contactos
internacionais, sendo útil na formação
dos jovens ginecologistas, crescendo e
frutificando para cumprir os seus objectivos.
Circular Nº2
de 14 de Outubro de 1975
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Sociedade Portuguesa de Ginecologia
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Lista dos 76 membros fundadores da Sociedade
Portuguesa de Ginecologia, publicada no 1º Boletim
da Sociedade - 1975
Fichas de Inscrição nº2 e nº3 dos membros fundadores da Sociedade Portuguesa de Ginecologia - 1975
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Sociedade Portuguesa
de Ginecologia
No início foi assim...
1. Os precursores da Sociedade Portuguesa
de Ginecologia
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Carlos Freire de Oliveira
Presidente da 2ª Comissão Coordenadora (1979-1981)
Presidente da 3ª Comissão Coordenadora (1982-1984)
A 19 de Janeiro de 1954 foram aprovados
por despacho ministerial os Estatutos da
Sociedade Portuguesa de Obstetrícia e
Ginecologia (SPOG), a primeira sociedade
científica criada em Portugal no âmbito da
Obstetrícia e da Ginecologia e que foi extinta
em Janeiro de 2008, dando lugar à Federação
das Sociedades Portuguesas de Obstetrícia
e Ginecologia (FSPOG). Esta agrupou a
Sociedade Portuguesa da Ginecologia (SPG),
a Sociedade Portuguesa de Medicina da
Reprodução (SPMR), a Sociedade Portuguesa
da Menopausa (SPM), a Sociedade Portuguesa
de Obstetrícia e Medicina Materno Fetal
(SPOMMF) e mais tarde a Sociedade
Portuguesa da Contracepção (SPDC).
Entre 1954 e 1975 a atividade organizada,
no âmbito de uma sociedade científica, era da
exclusiva responsabilidade da SPOG. Assim,
tem toda a justificação citarmos a reunião
da SPOG, em conjunto com a Sociedade
Portuguesa de Pediatria, que decorreu em
Coimbra nos dias 4 e 5 de Julho de 1970
(Fig.1), de cujo programa destacamos uma
sessão dedicada ao “Endométrio” (moderada
21
Figura 1 - Programa da reunião conjunta da Sociedade
Portuguesa de Obstetrícia e Ginecologia com a Sociedade
Portuguesa de Pediatria, em Coimbra de 4 a 5 de Julho de 1970
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Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
pelo Professor Ibérico Nogueira), na qual participou
maioritariamente a “Escola de Ginecologia de
Coimbra” (Fig.2). Curiosamente o programa da
reunião incluía 6 temas, sendo cinco dedicados à
obstetrícia e neonatalogia e apenas um à ginecologia.
Até meados do século XVII era a parteira quem fazia
os partos e só em situações complicadas é que
era chamado o médico e/ou o cirurgião. O primeiro
fórceps, de Levret, surgiu no séc. XVIII e, a partir
de então, começou uma maior intervenção dos
médicos no trabalho do parto. Até finais do século
XIX, o ensino e a prática da Ginecologia exerciase de forma não autónoma no âmbito da Cirurgia.
Em Coimbra, em 1905, o Professor de Anatomia e
Cirurgia, Sousa Refóios, fundou a “Clínica da Mulher”
que dirigiu. Mais tarde a direção desta Clínica foi
entregue aos Professores Daniel de Matos, Álvaro
de Matos e Novais e Sousa.
22
Figura 2 - Sessão dedicada ao “Endométrio” moderada
pelo Professor Ibérico Nogueira.
Figura 3 - Professor Doutor Francisco Ibérico Nogueira
Em meados da década de 50 do séc. XX o Professor
Ibérico Nogueira assumiu o ensino e a direção do
Serviço de Ginecologia dos Hospitais da Universidade
de Coimbra (HUC) e o Professor Albertino de Barros
o ensino e a direção do Serviço de Obstetrícia
(Maternidade Dr. Daniel de Matos).
A partir dessa altura a Ginecologia atinge a sua
independência, graças à visão estratégica, iniciativa
e dinamismo do Professor Ibérico Nogueira (Fig.3),
sendo reconhecida, a nível nacional, a “Escola de
Ginecologia de Coimbra”. Foram então introduzidas
nos HUC, pela primeira vez, novas técnicas de
diagnóstico como a histerossalpingografia (meados
da década de 50), a colposcopia e a citologia
cervico-vaginal (teste de Papanicolaou) (meados
da década de 50), a celioscopia (final da década de
50) e a histeroscopia (1974). Entretanto, alguns
(poucos) colegas dos grandes hospitais de Lisboa
e Porto, conseguiram emancipar a Ginecologia da
Cirurgia e da Obstetrícia. Foram então criados os
Serviços de Ginecologia do Hospital de S. João
(1959), da Maternidade Júlio Dinis e do Hospital
de Sto. António, no Porto. Em Lisboa manteve-
se, no Hospital de Santa Maria um serviço
conjunto de Obstetrícia e Ginecologia, e
na década de 60 foram criados serviços
separados de Ginecologia e Obstetrícia na
Maternidade Dr. Alfredo da Costa e noutros
hospitais da capital.
No início da década de 70 o Professor
Ibérico Nogueira tinha ou tinha tido como
discípulos, no Serviço de Ginecologia dos
HUC, Henrique Miguel R. de Oliveira (diretor
do Serviço de Ginecologia dos HUC), João
Cortez Vaz (diretor do Serviço de Ginecologia
do Centro de Coimbra do IPO), Mário Santos
(diretor do Serviço de Ginecologia do Centro
de Lisboa do IPO), João Pimenta (diretor do
Serviço de Ginecologia do Hospital Distrital
de Évora), Aurélio Lopes Ferreira (diretor
do Serviço da Ginecologia da Maternidade
Bissaya-Barreto), Serafim Rita (Serviço
de Ginecologia da Maternidade BissayaBarreto), António Augusto Almeida (diretor
do Serviço de Ginecologia do Hospital
Distrital de Viseu), Toscano de Melo (Serviço
de Ginecologia da Maternidade BissayaBarreto), Agostinho Almeida Santos (diretor
do Departamento de Medicina MaternoFetal, Genética e Reprodução Humana dos
HUC), Raquel Monteiro (diretora do Serviço
de Ginecologia do Hospital das Caldas da
Rainha), Irene Francisco (diretora do Serviço
de Ginecologia do Hospital Distrital de
Leiria), Olinda Abreu (diretora do Serviço
de Ginecologia do Hospital Distrital de
Faro), Albino Urbano (diretor do Serviço
de Ginecologia do Centro de Coimbra do
IPOFG), Zulmira Alves (diretora do Serviço
de Ginecologia da Maternidade BissayaBarreto), José Dias Marta (Serviço de
Ginecologia dos HUC), David Rebelo (Serviço
de Ginecologia dos HUC), Carlos F. de Oliveira
(diretor do Serviço de Ginecologia dos HUC),
Isabel Araújo (Serviço de Ginecologia dos
HUC) e Francisco Corte-Real Gonçalves
(Serviço de Ginecologia dos HUC). Muitos
outros estagiaram temporariamente no
Serviço de Ginecologia dos HUC, sob a
direção do Professor Ibérico Nogueira, mas
sem qualquer vínculo contratual.
23
Figura 4 - Programa das “Jornadas Internacionais de Ginecologia
de Coimbra”, 24 a 26 de Março de 1972
A plêiade de discípulos, alguns dos
quais assumiram a direção de serviços
de
ginecologia
noutras
instituições
hospitalares, o prestígio de outros diretores
de serviço em grandes instituições
hospitalares, como Castro Caldas, João
Silva Carvalho e Albino Aroso, estimularam
o Professor Ibérico Nogueira, com o
patrocínio da Faculdade de Medicina de
Coimbra e do Centro Regional do I.P.O.F.G.
a organizar as “Jornadas Internacionais de
Ginecologia de Coimbra” (Fig.4), em Março
de 1972, que contaram com a participação
de diversos oradores estrangeiros como
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40 anos
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
R. Musset (Paris), A. Netter (Paris), A. Novo
(Santiago de Compostela), J. Aguilar (Santiago
de Compostela), R. Cartier (Paris), C.A. Joslin
(Cardiff), A. Gorins (Paris) e Y. Salomon (Paris).
Da participação portuguesa destaca-se:
Ibérico Nogueira (Coimbra), Henrique Miguel R.
Oliveira (Coimbra), Agostinho Almeida Santos
(Coimbra), Franklin Figueiredo (Coimbra), J.
Silva Carvalho (Porto), Mário Vilhena (Lisboa),
Maria Aida Tavares (Lisboa), J.G. Rocha Alves
(Coimbra), Hélia Botas (Lisboa), Aurélio Ferreira
(Coimbra), Almeida Ricardo (Lisboa), Albertino
Barros (Coimbra), Renato Trincão (Coimbra),
David Rebelo (Coimbra), M. Luz Faria (Lisboa),
M.J. Sousa Martins (Lisboa), Assis Fernandes
(Lisboa), Vicente Souto (Coimbra), Madalena
Dinis (Coimbra), Pratas Ferreira (Lisboa) e
Fernandes da Fonseca (Porto).
Castro Caldas (Lisboa), Albertino Barros
(Coimbra), F. Gentil Martins (Lisboa), Renato
Trincão (Coimbra), Henrique Miguel R. Oliveira
(Coimbra), Franklin Figueiredo (Coimbra),
M. Matos Beja (Coimbra), J. Silva Carvalho
(Porto) e Carlos F. de Oliveira (Coimbra).
Destaca-se ainda que nestas jornadas
houve um programa de comunicações
livres (Fig. 7) com 50 apresentações. As
12 sessões foram moderadas por: M.
Vilhena (Lisboa), Agostinho Almeida Santos
(Coimbra), Albino Aroso (Porto), Carlos F.
de Oliveira (Coimbra), J. Orcoyen Tormo
(Madrid), Dário Cruz (Coimbra), F. Gentil
Martins (Lisboa), J.G. Rocha Alves (Coimbra),
Henrique Miguel R. Oliveira (Coimbra),
David Rebelo (Coimbra), Mário Mendes
(Coimbra), A. Vieira dos Santos (Coimbra),
J. Luís Raposo (Coimbra), J. Cortez Vaz
(Coimbra), Jorge Fagulha (Coimbra), Aurélio
Ferreira (Coimbra), F. Pastor (Cádiz), Franklin
Figueiredo (Coimbra), F. Bonilla (Valência),
Madalena Dinis (Coimbra), Tibério Antunes
(Lisboa), Maria Aida Tavares (Lisboa), José
Girão (Lisboa) e Mário Santos (Lisboa).
24
Figura 5 - Programa das “Jornadas Internacionais de
Ginecologia de Coimbra” de 3 a 6 de Maio de 1973
O êxito científico destas primeira jornadas
levaram o Professor Ibérico Nogueira a
organizar, com os mesmos patrocinadores
institucionais, nos dias 3 a 6 de Maio de
1973, as (segundas) “Jornadas Internacionais
de Ginecologia de Coimbra” (Fig.5). Dos
conferencistas
estrangeiros
convidados
destacam-se: P. Denoix (Villejuif), M. Tubiana
(Villejuif), M. Wolff-Terroine (Villejuif), J.A.
Uzandizaga (Madrid), O. Kaser (Basileia), H.
Aguinaga (Rio de Janeiro), O. Machado (Rio de
Janeiro), J.P. Wollf (Villejuif), M. Prade (Villejuif),
D. Chassagne (Villejuif), G. Michel (Villejuif), P.G.
Limburg (Homburg-Saar) e J. Lacour (Villejuif).
Na fig. 6 apresentam-se as fotos destes
convidados. Quanto à participação portuguesa
contou com: Ibérico Nogueira (Coimbra), F.
Branco (Lisboa), L. Wandschneider (Lisboa),
Figura 6 - Convidados estrangeiros.
De cima para baixo e da esquerda para a direita:
PG Limburg, G Michel, O Kaser, JA Uzandizada,
P Denoix, H Aguinaga, D Chassagne, M Prade,
O Machado, JP Wolff, M Wolff-Terroine, J Lacour
e M Tubiana.
Figura 7 - Programa das Comunicações
Livres das Jornadas Internacionais de
Ginecologia de Coimbra, Maio de 1973
25
40 anos
40 anos
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Figura 10 – Programas das
“II Jornadas Internacionais de
Ginecologia do Hospital de
Santo António”, organizadas
pelo Serviço de Ginecologia do
Hospital de Santo António de
13 a 14 de Maio de 1977, e
das “III Jornadas Internacionais
de Ginecologia”, organizadas
pelo mesmo serviço, sob o
patrocínio da SPOG, de 16 a
18 de Março de 1978.
26
Figura 8 - Programa do “Curso de Actualização em Obstetrícia”
organizado pela Clínica Obstétrica da Faculdade de Medicina de
Coimbra, de 13 a 18 de Dezembro de 1976.
Figura 9 - Programa das “Jornadas Internacionais de Obstetrícia”
organizadas em Coimbra, de 22 a 24 de Maio de 1980.
A separação das duas especialidades,
Ginecologia e Obstetrícia, passou a ser
um facto consumado, inclusive a nível da
Ordem dos Médicos, onde existiram dois
Colégios distintos. As reuniões científicas
também passaram a ser ora no âmbito da
Obstetrícia (Figs. 8 e 9), ora no campo da
Ginecologia (Fig. 10), pese embora a SPOG
continuasse a realizar reuniões científicas
no âmbito das duas especialidades e a
participar nos Congressos Luso-Espanhol
de Obstetrícia e Ginecologia (Fig.11).
2. Os primeiros passos da SPG
A proliferação de reuniões científicas
no âmbito das duas especialidades e a
diferenciação cada vez maior da Ginecologia
levou a que um grupo de especialistas
se reunisse, na Sala de Sessões da
Maternidade Bissaya-Barreto, em Coimbra,
no primeiro semestre de 1975, para
aprovar a criação da Sociedade Portuguesa
de Ginecologia, cujos estatutos foram
publicados na III Série nº 149 do Diário
do Governo, no dia 1 de Julho de 1975 e
Figura 11
Programa do XI Congresso
Luso-Espanhol de Obstetrícia e Ginecologia,
organizado pela SPOG, que decorreu no Hospital
de S. João de 12 a 16 de Março de 1978.
27
28
40 anos
40 anos
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
divulgados no dia 8 de Julho de 1975 no “O
Primeiro de Janeiro”. A primeira Assembleia
Geral foi convocada por Aurélio Lopes
Ferreira e Carlos Freire de Oliveira para o
dia 18 de Outubro de 1975, na Maternidade
Bissaya-Barreto. Nessa Assembleia foram
considerados 76 membros fundadores, foi
determinada a quota a pagar e foi eleita
a primeira Comissão Coordenadora (esta
designação foi influenciada pelo momento
político que se vivia em Portugal e anos
mais tarde passou a chamar-se Direção).
Esta foi constituída por : Henrique Miguel
Resende Oliveira (presidente), Albino Aroso
Ramos (vice-presidente), José Milheiro
Fernandes (tesoureiro), Aurélio Lopes
Ferreira (secretário-geral), Carlos Freire
de Oliveira (vogal), Antero Ferreira Torres
(vogal) e Joaquim Pinto de Oliveira (vogal).
Na sequência, no dia 8 de Novembro de
1975, foi constituído o Conselho Consultivo,
presidido por Agostinho Almeida Santos, e
Figura 12 - Sobrescrito que tem
no verso impresso: “4ª edição
do clube de coleccionadores de
carimbos comemorativos (Secção
Filatélica da A.A.C.) Tiragem de 500
exemplares Nº 102 Preço 10$00)
foi aprovado o regulamento do Boletim da
SPG.
A primeira Comissão Coordenadora exerceu
funções durante 3 anos (1975/78) e,
embora tendo participado ativamente em
todas as atividades, nomeadamente como
redator do Boletim da SPG, gostaria apenas
de destacar que, neste primeiro triénio, se
realizaram 23 reuniões científicas mensais
ordinárias e uma reunião extraordinária,
para além do 1º Congresso Português de
Ginecologia, que decorreu em Coimbra
de 4 a 8 de Junho de 1978. O logótipo
do congresso representava o esquema
do útero, segundo um amuleto em
bronze da antiga Grécia. Foi da autoria do
Dr. Aurélio Ferreira e foi reproduzido num
carimbo comemorativo dos CTT, que foi
colocado na correspondência, em Coimbra,
no dia 4 de Junho de 1978 (Fig. 12).
No dia 7 de Junho de 1978, na sequência
do Congresso, reuniram, em Coimbra,
cerca de cem ginecologistas e obstetras,
de nacionalidade portuguesa, brasileira
e moçambicana, que por unanimidade
deliberaram criar a “Sociedade Internacional
de Língua Portuguesa de Ginecologia,
Obstetrícia e Medicina da Reprodução. Foi
eleita uma direção provisória: Campos da
Paz (presidente de Honra; Rio de Janeiro),
Augusto Camelo (presidente; Rio de
Janeiro), J. Silva Carvalho (vice-presidente;
Porto), Carlos Salvatore (vice-presidente;
S.Paulo), Barros Leal (vice-presidente;
Recife), Margarida Meneses (vice-presidente;
Maputo), F. Ibérico Nogueira (coordenador
internacional; Coimbra) e Carlos F. de Oliveira
(secretário geral; Coimbra). Esta sociedade
por motivos diversos, entre os quais o
afastamento geográfico (não existia internet
nem “skype”!) nunca teve qualquer atividade
científica.
Apesar do envolvimento, com entusiasmo,
de todos os membros da Comissão
Coordenadora o grande “motor” do arranque
da Sociedade foi o seu secretário-geral, Dr.
Aurélio Lopes Ferreira. A título de curiosidade
na fig.13 apresenta-se o “rascunho” de uma
lista de sócios com correções manuais feitas
pelo Dr. Aurélio Ferreira.
29
Figura 13 - Primeira página de um
“rascunho” da lista de sócios da
SPG onde foram feitas correções
manuscritas pelo Dr. Aurélio Ferreira.
40 anos
40 anos
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
3. A segunda e terceira Comissões
Coordenadoras da SPG
30
Destas reuniões destaca-se o Simposium
sobre Infeção e Dor em Ginecologia (Alvor)
(Fig.15) e o Simposium sobre Detecção e
Prevenção do Cancro Ginecológico (Póvoa
do Varzim) (Fig.16).
No dia 11 de Novembro de 1978 reuniu,
pelas 15 horas, na Sala de Sessões da
Maternidade Bissaya-Barreto , em Coimbra,
a Assembleia Geral ordinária da SPG com a
seguinte ordem de trabalhos: 1) Relatório
de atividade do triénio 1975 a 1978; 2)
Relatório de contas relativo ao triénio 1975
a 1978; 3) Apreciação de uma proposta da
Comissão Coordenadora para a criação de
membros titulares; 4) Apreciação de uma
proposta da Comissão Coordenadora para
a transformação do “Boletim da Sociedade
Portuguesa de Ginecologia” em revista
“Ginecologia e Medicina da Reprodução”; 5)
Eleição de 3 membros da sociedade para
o júri do “Prémio Squibb de Ginecologia”;
6) Ratificação pela assembleia geral dos
elementos indicados para esse mesmo júri
pelo Conselho Consultivo; 7) Eleição de
novos membros da sociedade; 8) Eleição da
Comissão Coordenadora para o triénio 1979
a 1981.
Na sequência do último ponto da ordem
de trabalhos foram eleitos para a segunda
Comissão Coordenadora da SPG: Carlos
Freire de Oliveira (presidente), Antero
Ferreira Torres (vice-presidente), Aurélio
Lopes Ferreira (secretário geral), Carlos
Sousa Marques (tesoureiro), José Meneses
e Sousa (vogal), José Martinez de Oliveira
(vogal) e João Alves Pimenta (vogal).
Das atividades desenvolvidas no segundo
triénio da SPG (Fig. 14) destacamos as que
merecem maior relevo.
Ocorreram
21
reuniões
científicas
distribuídas 6 em Coimbra, 6 em Lisboa,
5 no Porto e 1 em cada um dos seguintes
locais: Beja, Viseu, Alvor e Póvoa do Varzim.
A alteração ocorrida na publicação regular
da SPG, que deixou de ser “Boletim”
para se designar “Ginecologia e Medicina
da Reprodução” passou a dispor de um
Conselho Redatorial composto por Aurélio
Lopes Ferreira, redator principal, e 6
redatores adjuntos: Domingos Duarte,
Helena Martinho Pinto, Sidónio Matias,
Zulmira Alves, Manuel Meirinho e Isabel
Miranda. Também foi criado um Conselho
Administrativo constituído por: Carlos
Sousa Marques, Francisco Corte-Real
Gonçalves, Fausto Gentil, Amélia Roque,
Maria Gil Varela e Natália Amaral. Por outro
lado, o Conselho Científico foi constituído
pelos membros da Comissão Coordenadora
da SPG e pela Direção da Sociedade
Portuguesa de Medicina da Reprodução.
Saliente-se ainda que, no final do triénio, a
SPG contava com 396 sócios, 125 do distrito
de Lisboa, 92 do distrito de Coimbra, 90 do
distrito do Porto e os restantes distribuídos
pelo país, incluindo as Regiões Autónomas
dos Açores e Madeira.
31
Figura 14 - Relatório de atividades
e contas do triénio 1978 - 1981
Figura 15 - Programa científico do “Simposium sobre Infeção e Dor em Ginecologia”
que decorreu na Praia do Alvor, de 14 a 15 de Novembro de 1980.
Figura 16 - Programa do “Simposium
sobre Detecção e Prevenção do Cancro
Ginecológico. Hotel Vermar, Póvoa do
Varzim, 13 a 14 de Novembro de 1981.
40 anos
40 anos
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
O Prémio Squibb de Ginecologia foi atribuído ao trabalho
“O corpo amarelo humano - ação da gonadotrofina
coriónica” da autoria de Agostinho Almeida Santos.
Em 1979 a Comissão Coordenadora da SPG organizou
um concurso para a escolha do logótipo da Sociedade.
Concorreram 28 trabalhos.
32
Na sequência de uma determinação da Ordem dos
Médicos, que extinguiu a especialidade de Ginecologia
como especialidade diferenciada e a fundiu com a
Obstetrícia numa especialidade única de ObstetríciaGinecologia, a Comissão Coordenadora da SPG
entendeu dever tomar uma atitude sobre esta
decisão, lesiva dos interesses da Ginecologia, como
especialidade autónoma, promovendo no dia 7 de
Junho de 1980, no Palácio de S. Marcos, com base
num parecer que entretanto elaborou (Fig.17), uma
reunião nacional Para esta reunião foram convidados,
além dos membros da Comissão Coordenadora
da SPG, o presidente da SPOG, o presidente da
SPMR, os diretores dos serviços de ginecologia dos
hospitais centrais, os membros do último Colégio da
Especialidade de Ginecologia da Ordem dos Médicos
e os membros do novo Colégio de Obstetrícia e
Ginecologia da Ordem dos Médicos. Após uma
longa análise e discussão, que durou todo um dia,
foi elaborado um extenso documento cujas três
conclusões mais importantes foram:
33
1) É necessário que além da especialidade conjunta de
Obstetrícia-Ginecologia, ora existente, e do respetivo
título de especialista, a Ordem dos Médicos reconheça
a especialidade e o título de especialista de Ginecologia;
2) É necessário que na carreira médica hospitalar
volte a ser criada a especialidade de Ginecologia,
independentemente de poder continuar, em
simultâneo, a especialidade conjunta de Obstetrícia Ginecologia;
3) É necessário que haja a nível dos hospitais centrais
e distritais serviços independentes de Ginecologia e de
Obstetrícia.
Figura 17 - Parecer da Comissão Coordenadora da SPG relativa à criação da especialidade conjunta Obstetrícia-Ginecologia,
apreciada e discutida em reunião de 7 de Junho de 1980.
34
40 anos
40 anos
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
De 14 a 18 de Junho de 1981 decorreu,
em Coimbra, o II Congresso Português
de Ginecologia que teve como tema
oficial o “Endométrio”, abordado em 19
conferências e 22 comunicações, com
um total de 324 congressistas. Como
atividades complementares houve 4
cursos pré-congresso, uma reunião do
grupo franco-luso-brasileiro de estudos
da reprodução e um “Simposium sobre
contracepção hormonal trisequencial”.
Estiveram presentes como convidados
no congresso: J. Bonte (Lovaina), J.
de Brux (Paris), Alípio Camelo (Rio
de Janeiro), L. Carenza (Roma), J.
Cohen (Paris), L. Delclos (Houston),
J.M. Dexeus (Barcelona), J. Fernandez
(Oviedo), R. Forleo (Roma), U. Gaspard
(Liége), J. Hustin (Liége), W. Jonat
(Bremen), A. Meisels (Quebeque), L.
Mignot (Paris), A. Netter (Paris), V.
Zaragoza Orta (Valência), R. Palmer
(Paris), L. Piana (Marselha), J.A. Pinotti
(Campinas), K. Seem (Kiel), W.A.A. van
Os (Haarlen) e J.P. Wolff (Paris). Foi
Presidente Honorário do Congresso o
Professor Ibérico Nogueira. Apresentase na figura 18 o Jornal do Congresso.
Mais uma vez o êxito desta atividade
científica foi alcançado.
No dia 19 de Dezembro de 1981
decorreu, na Sala de Sessões da
Maternidade
Bissaya-Barreto,
a
Assembleia Geral ordinária da SPG
para apresentação dos relatórios de
atividades e de contas referentes
ao triénio 1979 - 1981, eleição de
novos membros da SPG e eleição da
Comissão Coordenadora para o triénio
1982-1984. Foi então reeleita a direção
anterior para um novo mandato.
Neste terceiro triénio da SPG mantiveramse as reuniões científicas mensais no
segundo sábado de cada mês, com exceção
dos meses de férias de Julho, Agosto e
Setembro, bem como dos meses de Abril
e Outubro que, entretanto, foram cedidos
à Sociedade Portuguesa de Medicina da
Reprodução que, segundo escreveu o Dr.
Aurélio Ferreira no relatório do triénio, “... por
acordo entre ambas as sociedades e com a
finalidade de através desse entendimento,
não saturar o pequeno grupo que entre
nós se interessa realmente pelas duas
sociedades”.
Nos anos de 1982 a 1984 ocorreram
21 reuniões científicas, entre as quais
se destaca um “Simposium sobre
amenorreias”, uma reunião conjunta com
a Sociedade Portuguesa de Citologia, uma
reunião sobre cancro da mama (desde a
fundação da SPG que a patologia mamária
passou a fazer parte dos temas científicos
abordados) (Fig. 19) e um “Simposium sobre
Urologia Ginecológica” .
De 11 a 14 de Junho de 1984 aconteceu,
em Coimbra, o “III Congresso Português
de Ginecologia” tendo sido convidado
35
Figura 18 – II Congresso Português de
Ginecologia: Jornal do Congresso Nº 1
Figura 19 – 54ª Reunião da SPG sobre “Cancro
da Mama”, que decorreu no dia 12 de Março de
1983 no Centro Norte do I.P.O.F.G.. Na mesaredonda participaram: Carlos F. Oliveira (Coimbra),
J.G. Rocha Alves (Coimbra), Oliveira e Costa
(Lisboa), J. Falcato Pereira (Porto), J. Cardoso da
Silva (Porto) e J. Meneses e Sousa (Lisboa).
40 anos
40 anos
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
para Presidente Honorário o Professor
Albert Netter, de Paris. Dos convidados
estrangeiros que participaram destacamos:
J. Sampaio Goes (S.Paulo), I. Hesselius
(Uppsala), G. Vooijs (Nijmegen), R. Kingston
(Leeds), A. Onnis (Pádua), H. Pickel (Graz),
J. Gonzalez Melro (Barcelona), H. Bentzen
(Oslo), J. de Brux (Paris), A. Pfleiderer
(Friburgo), J.P. Wolff (Paris), F. di Re (Milão),
N. Einhorn (Estocolmo), D. Dargent (Lyon),
J.B. Vermorken (Amesterdão), A.P. Netter
(Paris), A. Herruzo (Granada), A. Gorins
(Paris), A. Netter (Paris), R. Legros (Paris),
J.P. Clauvel (Paris), C. Pelissier (Paris) e
R. Trevoux (Paris).
Dos documentos do congresso destacamos
o programa, o livro de resumos, o programa
da Sessão de Abertura, com um momento
de poesia declamada por Eunice Muñoz
e com o Quarteto Suggia, interpretando
peças de Mozart e Beethoven, e o
certificado de participação. Destaca-se
ainda um “Simposium sobre Terapêutica
Oral da Candidíase Vaginal” como se pode
ver na fig. 20.
Como participei na fundação, nos anos
70, do “Gynecological Cancer Cooperative
Group - GCCG” da “European Organization
for Reserach and Treatment of Cancer EORTC”, tive a oportunidade de organizar,
pela primeira vez em Portugal, algumas
reuniões desta entidade científica europeia.
A preceder o Congresso de Ginecologia
organizei, na Faculdade de Medicina de
Coimbra no dia 9 de Junho, uma reunião
do GCCG da EORTC cujo programa está
patente na fig. 21.
36
37
Figura 20 - “Simposium - A Terapêutica Oral da Candidíase Vaginal”, III Congresso Português de Ginecologia,
Coimbra 14 de Junho de 1984
Figura 21 - Reunião do “Gynecological Cancer Cooperative Group” da E.O.R.T.C., Coimbra 9 de Junho de 1984.
40 anos
40 anos
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Por curiosidade, incluímos ainda duas cartas,
que nos foram remetidas, por dois dos
participantes estrangeiros no III Congresso,
uma de Albert Netter (Fig.22) e outra de Jan
B. Vermorken (Fig.23).
Durante o terceiro triénio de atividade
da SPG, o presidente da Comissão
Coordenadora assumiu a iniciativa de criar,
com o patrocínio da sociedade, o “Grupo
Cooperativo de Cancro Ginecológico”, cuja
38
39
Figura 22 - Carta endereçada ao presidente da SPG pelo Professor Albert Netter aquando do III Congresso Português de Ginecologia.
Figura 23 - Carta dirigida a Carlos F. de Oliveira, pelo Dr. J.B. Vermorken, aquando da realização em Coimbra da
reunião do G.C.C.G. da E.O.R.T.C., a preceder o III Congresso Português de Ginecologia.
40 anos
40 anos
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
finalidade principal consistiu em reunir
um conjunto de serviços hospitalares que
tinham atividade assistencial no âmbito
do cancro ginecológico, de modo a tornar
possível o desenvolvimento de projetos de
investigação científica de âmbito nacional.
Na continuidade, foi criado o “Grupo
Cooperativo de Cancro da Mama” e ambos
deram lugar à “Associação Portuguesa
de Investigação Oncológica - APIO”, que
integrou outros grupos e desenvolveu
uma atividade de investigação científica de
relevo durante vários anos.
Em Dezembro de 1984 a SPG contava 556
membros efetivos e o incansável e grande
dinamizador da sociedade - Dr. Aurélio Lopes
Ferreira termina o “Relatório da Atividade e
Contas da SPG no Triénio de 1982 a 1984”
(Fig. 24) escrevendo
40
Aquando da criação da SPG em 1975 um
dos grandes “patrões” da ObstetríciaGinecologia em Portugal, no final da primeira
reunião científica felicitou-nos pela iniciativa
mas acrescentou:
“... Fizeram a primeira reunião, vão
fazer mais duas ou três e depois
fartam-se...”
Felizmente que este presságio não vingou
e a SPG já organizou mais de 180 reuniões
científicas e no XIII Congresso de Ginecologia
comemora o seu 40º aniversário.
41
“... Em Portugal, a ginecologia continua a
ser uma especialidade satélite de muitos
interesses que não são os da medicina,
nem os das doentes. Mas a Sociedade
Portuguesa
de
Ginecologia,
sempre
presente na defesa dos interesses da
ginecologia portuguesa, conseguiu chegar
aos 9 anos de vida. E vai continuar...”
Figura 24 - Relatório de Atividades e Contas da Sociedade
Portuguesa de Ginecologia no triénio de 1982 a 1984.
Circular nº 3, de 4 de Novembro de 1975, informando sobre o programa científico da 1ª reunião da SPG, no dia 8 de Novembro, na Maternidade BissayaBarreto, assim como convocando uma Assembleia Geral extraordinária para, entre outros temas, discutir e aprovar o regulamento do “Boletim da SPG”.
Solicita-se ainda aos sócios que indiquem um representante de cada serviço (de ginecologia) dos hospitais centrais e distritais para constituírem o
Conselho Consultivo.
40 anos
40 anos
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
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42
43
Regulamento publicado no nº 1 - Boletim da Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Normas para apresentação de trabalhos publicado no nº1 - Boletim da Sociedade Portuguesa de Ginecologia
40 anos
40 anos
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Contribuição para o estudo da
história da ginecologia no porto
* Comunicação apresentada na reunião comemorativa dos 20 anos da
fundação da Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Quando a Senhora Presidente da
Sociedade Portuguesa de Ginecologia teve
a amabilidade de me convidar a participar
nesta reunião com um estudo sobre a
História da Ginecologia no Porto tive, num
primeiro impulso, uma atitude de recusa
por me sentir incapaz de realizar uma
investigação histórica a cuja metodologia
não estava habituado.
44
João da Silva Carvalho
Presidente da 4ª Direcção (1985-1987)
Presidente da 5ª Direcção (1988-1990)
Mas a delicadeza do convite e os motivos
que o justificam deram-me ânimo para
me aventurar a tal tarefa. Hoje agradeçolhe a honra do convite, que me deu a
possibilidade de não ser mero espectador
mas interveniente activo na comemoração
da efeméride dos 20 anos da criação da
S.P.G. com o júbilo de quem a ajudou a
fundar.
É difícil ajuizar verdades históricas que têm
de ser rebuscadas em escritos contidos em
documentos mortos que não nos permitem
reconstituir os factos sempre com exactidão
e lógica nem a personalidade dos seus
autores.
Como escreve João Ameal, o verdadeiro
historiador quando narra os factos e nos
elucida sobre eles apõe-lhe sempre a sua
marca na interpretação das fontes de
informação e na explicação objectiva dos
acontecimentos sobre que se debruça, no
intuito de descobrir a verdade. Disso não
serei capaz por me faltar preparação para
estudos deste tipo.
Por isso serei apenas um narrador de factos
colhidos na leitura de muitas páginas e de
outros mais recentes em que tive o privilégio
de partilhar.
Desde a mais remota antiguidade que os
práticos da arte médica procuram estudar
as enfermidades das mulheres. O facto de
a Ginecologia ter sido uma especialidade
médica quase desconhecida, deve-se
à circunstância de os conhecimentos
anatómicos e fisiológicos dos órgãos
genitais femininos permanecerem errados
durante vários séculos, devido à falta de
elementos para o seu estudo.
A Prática da autópsia e da dissecação de
animais vivos eram actos proibidos ao
médico, quase sempre por motivos de
carácter religioso e os exames de órgãos
genitais executados por mulheres. Mas
quem se debruçar sobre a história do
conhecimento da Ginecologia surpreende-se
com a preocupação de estudar as doenças
das mulheres à mistura com os fenómenos
ligados à Obstetrícia.
Desde o antigo Egipto à Grécia, à escola
de Alexandria, antiga Roma se encontram
45
40 anos
40 anos
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
referências aos desvios uterinos, aos
prolapsos, às dismenorreias, aos fibromas
do útero, à esterilidade, aos transtornos
menstruais, etc..
Em Portugal, no início da sua fundação,
a Medicina como as outras ciências,
estudavam-se nos conventos, cujo remanso
no dizer de Maximiano Lemos, era o único
meio favorável para o seu desenvolvimento,
num período de lutas continuadas. Os
conhecimentos que os eclesiásticos
possuíam, uns aos outros os comunicavam,
sem que seja necessário explicar esta
transmissão pela existência de escolas
regulares.
46
Mas é no século XVI que surgem dois
grandes vultos da Medicina Portuguesa
que dedicam parte da sua vida aos estudos
das doenças das mulheres. São eles João
Rodrigo de Castelo Branco (Amato Lusitano)
e Rodrigo de Castro.
O movimento intelectual da Renascença
haveria de influenciar condições favoráveis
ao desenvolvimento da instrução médica no
nosso país.
Como afirma Maximiano Lemos “estudando
este movimento no campo das ciências
médicas, descobre-se como seus elementos
principais o renascimento da Medicina
hipocrática e o desenvolvimento dos
estudos anatómicos”.
João Rodrigues de Castelo Branco nasceu
em 1511 em Castelo Branco. Na sua obra,
as Centuria Medicinália, notável colecção
de observações de medicina e cirurgia,
incluem-se várias descrições de doenças
das mulheres: da procidência do útero e
sua cura, de alguns sintomas provenientes
da retenção menstrual, de uma mulher que
expelia fezes pela vulva, de uma rapariga
que passava a ser varão, etc..
A leitura destas observações, descritas com
uma minúcia impressionante, revelam a par
de grande sagacidade clínica, uma vastidão
de conhecimentos não só de matéria
médica, mas também de botânica, porque
frequentemente recorria a plantas nas suas
prescrições terapêuticas.
Mas foi o segundo, Rodrigo de Castro, que
nasceu em Lisboa em 1546, que dedicou
toda a sua vida ao estudo das enfermidades
das mulheres que além das moléstias
comuns, estavam sujeitas às do sexo e à
tirania da maternidade.
Foi por isso considerado por um seu biógrafo
o pai da Ginecologia Portuguesa, tendo
deixado uma obra que o imortalizou e que
se intitula de Universa Mulierum Medicina.
Quem se debruçar sobre o conteúdo dos
livros que a constituem facilmente se
apercebe da sua extraordinária capacidade
de observação e do seu rigoroso espírito
crítico.
Ainda que muito sumariamente apontarei
alguns dos conhecimentos que ele já
transmite. Expõe importantes noções de
anatomia do aparelho genital: útero e seus
nervos, ovários, hímen, suas relações com a
virgindade e estabelece as diferenças entre
o esqueleto do homem e da mulher.
Descreve os desvios do útero e os
prolapsos genitais, trata das menstruações
e inconvenientes da sua abundância
e da sua diminuição ou supressão, do
hermafroditismo, etc..
Escreve ainda sobre o coito e a concepção.
Começa por definir o que seja o coito e
expõe as causas que a ele convidam, os
seus fins, os seus efeitos quando moderado
e quando excessivo. Compara os sexos
opinando que a mulher não é inferior ao
homem, sob qualquer ponto de vista.
Se me detive um pouco sobre o conteúdo
do tratado das doenças das mulheres
de Rodrigo de Castro é porque esta obra
notável foi consultada por gerações
sucessivas de médicos que se dedicam
ao culto da especialidade, influenciando a
acção dos práticos do século seguinte.
E no Porto qual era a situação?
No séc. XVI os estudos cirúrgicos eram
então, entre nós, muito deficientes como
escreve Hernâni Monteiro no excelente
volume sobre Origens da Cirurgia Portuense.
Múltiplas são as citações a cursos de práticos
habilitados sobretudo em sangria, com
escassos conhecimentos anatómicos, que
exerciam a sua actividade em albergarias e
posteriormente no Hospital Roque Amador
e mais tarde ainda no Hospital de D. Lopo
construído com a herança do benemérito D.
Lopo de Almeida.
Ao Hospital de D. Lopo veio a suceder o
actual Hospital de Santo António, cuja
primeira pedra foi lançada em 1770 e a
cuja inauguração se procedeu com grande
solenidade em 1824, sendo benzido no dia
de Santo António.
Hernâni Monteiro faz primorosa descrição
do que foi ao longo dos anos o labor de
numerosos médicos cirurgiões que exerciam
a actividade neste Hospital bem como nos
Hospitais do Terço e do Carmo que mais
tarde se fundaram.
A aprendizagem fazia-se tanto em
hospitais civis como militares no Porto e
na província (Braga, Chaves, Guimarães)
por praticantes, que frequentavam um
número de anos variável de 2 a 4 a clínica
de um dos cirurgiões e se apresentavam a
exame perante o Cirurgião-Mor do Reino.
Se aprovados, recebiam uma carta que os
autorizava a exercer cirurgia.
No decorre dos séc. XVII e XVIII em que a
Anatomia, a Fisiologia, a Obstetrícia tinham
feito alguns progressos não há na literatura
médica desse período qualquer menção
especial à Ginecologia.
Aliás os próprios autores dos Tratados de
Medicina, também quase nem se ocupavam
da Obstetrícia que entre nós era relegada
para matronas ignorantes e raramente
fazia parte dos conhecimentos exigidos ao
médico.
Com a finalidade de modificar esta situação
e melhorar as condições da população,
foram criados por alvará de 25 de Junho de
1825, dois cursos de cirurgia, um em Lisboa
no Hospital de S. José e outro no Porto no
Hospital da Misericórdia. Nasciam assim as
Régias Escolas de Cirurgia de Lisboa e do
Porto.
A este propósito diz Hernâni Monteiro
“Certo, a criação da Régia Escola de Cirurgia
do Porto foi um golpe vibrado nos processos
sumários então em voga para passar cartas
e diplomas de habilitação a cirurgiões,
ministrantes de meia cirurgia, sangradores,
dentistas, algebristas, boticários, parteiras
e emplastradeiras, indivíduos pela maior
parte inexperientes que, não tendo seguido
nenhum curso oficial, se apresentavam
simplesmente ao exame, reduzido por
vezes a uma ilusória formalidade”.
47
40 anos
40 anos
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
O curso tinha duração de 5 anos e as
disciplinas que o constituíam assim
distribuídas: no 1º ano Anatomia e Fisiologia,
no 2º Matéria Médica, Farmácia e Higiene,
no 3º Patologia Externa, Terapêutica e
Clínica Cirúrgica, no 4º Medicina Operatória,
Arte Obstétrica e parte forense que lhe
compete e no 5º Patologia Interna e Clínica
Médica.
Os cursos eram exactamente iguais na
duração e nas matérias a ensinar. Todavia à
Escola de Lisboa foram atribuídos 7 lentes
proprietários e 4 substitutos e à do Porto 5
lentes proprietários e 2 substitutos.
48
A este propósito diz Maximiano Lemos “o
que prova mais que tudo a inferioridade
em que ficava o Porto em relação a Lisboa
era que o Serviço docente era apreciado
por diferentes padrões. Um catedrático
em Lisboa era cotado em 600,00 escudos
anuais e o do Porto tinha de contentarse com um terço menos e os outros
funcionários em proporção.
É assim uma evidência que já no reinado
do Senhor D. João VI as assimetrias entre
o Sul e o Norte eram manifestas, podendo
concluir-se que desde sempre os dinheiros
do Estado são distribuídos em Lisboa.
Não foi fácil a vida da escola nos primeiros
anos, pela falta de recursos, pela intolerância
resultante de utilizar instalações que não lhe
pertenciam e pelas lutas políticas da época,
tendo estado na eminência de fechar.
Neste período sobressaem grandes figuras
da Medicina Portuguesa como Vicente José
de Carvalho, Francisco Viterbo, Bernardo
Campião, etc..
Foi pela notabilíssima acção destes Mestres
que a Escola sobreviveu, mesmo a trabalhar
em condições de extrema dificuldade. Por
isso Maximiano Lemos os apelidou de
beneméritos do ensino.
Posteriormente com a reforma de Passos
Manuel em 1836, o número de professores
foi aumentando e a Obstetrícia deixou de ser
ensinada pelos professores de operações,
passando a ter um ensino autónomo.
Nesta época sobressai a figura de António
Bernardino de Almeida considerado o
verdadeiro génio cirúrgico. Este professor
ocupou a cátedra de Clínica Cirúrgica a partir
de 1838.
A sua acção no desenvolvimento da
cirurgia no Porto foi notável, tendo feito
os primeiros ensaios de esterilização e
cloroformização. A seu respeito dizia
Ferreira Braga que a escola se desvanece
em seu filho, não mais necessitando de
mendigar aos estranhos a ciência do bisturi.
No entanto, na bibliografia que pudemos
consultar, a sua actividade no âmbito da
cirurgia ginecológica não foi proeminente.
Apenas encontramos referência à resolução
cirúrgica de uma aderência acidental de
toda a vagina, consecutiva a um parto, à
restauração de uma fístula vesico-vaginal
que ficou melhorada e a amputações da
mama.
Algumas referências se encontram em
dissertações publicadas na Faculdade
versando temas em relação com as doenças
de mulheres como a de Manuel Maria da
Costa Leite sobre Pólipos útero-vaginais
(1839) e a de José Maria Aires de Gouveia
Osório sobre Prolapso do útero (1853).
Mas a cirurgia ginecológica haveria de
sofrer um grande impulso por acção de
um notável Professor de Clínica Médica,
António de Azevedo Maia, a partir de
1887. Impressionado pelas descobertas de
Pasteur e de Lister, procura orientar a sua
carreira para a ginecologia operatória para a
qual se sentia especialmente vocacionado e
modificar as condições em que se praticava
cirurgia no Porto com desconhecimento
quase completo das leis da cirurgia
asséptica.
Aproveitando uma viagem ao estrangeiro,
frequentou clínicas operatórias gerais e
ginecológicas em Paris e em Londres e
rapidamente mediu quanto o seu meio ficava
aquém dos adiantados centros cirúrgicos
da Europa. A carreira de Azevedo Maia
ficou então traçada: como professor, lançou
no meio portuense a cirurgia moderna, a
cirurgia abdominal, a Ginecologia operatória,
ou totalmente desconhecidas ou apenas
conhecidas de nome.
As primeiras intervenções de cirurgia
intraperitoneal praticadas no Porto pelo
Prof. Eduardo Pimenta - ovariotomias - em
1883 e 1887 não foram coroadas de êxito.
Foi em 7 de Janeiro de 1888 que o
Prof. Azevedo Maia praticou em sua casa
a primeira grande operação ginecológica
em presença de seis colegas e com todos
os cuidados de assepsia, sob anestesia
pelo clorofórmio. Tratou-se da extracção
de um volumoso tumor do ovário (sarcoma
fusocelular) com numerosas aderências ao
epiplon e ao intestino. A doente faleceu
14h depois.
Apesar deste insucesso, não afrouxou o
zelo do Prof. Azevedo Maia em criar no
Porto a Ginecologia Operatória, como
afirma Maximiano Lemos, realizando
as intervenções na sua enfermaria no
Hospital de Santo António.
É ainda este autor que nos informa que
Azevedo Maia pouco escreveu e que para
apreciar o seu papel como iniciador de
um ramo de cirurgia mal conhecido nesta
cidade, encontram-se elementos apreciáveis
nas numerosas dissertações de licenciatura
elaboradas pelos seus alunos. Para ilustrar
o que foi a notabilíssima actividade deste
professor, citaremos os títulos de algumas:
Endometria (1869), Breve estudo sobre
o prolapso uterino (1889), Considerações
gerais sobre a ablação dos anexos do útero
(1889), Considerações gerais sobre as
salpingites (1889), Um caso de salpingoovarite dupla supurada (1889), Tratamento
da endometrite pela raspagem seguida
de cauterização (1889), As inflamações
pélvicas, patologia e tratamento (1890),
Um caso de quisto do ovário com torção do
pedículo (1891), Gravidez ectópica (1891),
As salpingites (1897), Histerectomia vaginal
no tratamento das inflamações do útero e
anexos (1892), Contribuição para o estudo
da anatomia patológica das ovarites (1892),
O tratamento cirúrgico e médico dos
fibromiomas uterinos (1893), Um caso de
fístula uretro-vaginal (1897).
Todas estas dissertações foram elaboradas
com material recolhido nas suas intervenções
num ramo de actividade, a ginecologia,
que até então era quase desconhecida no
nosso meio. Tendo conseguido transpor
com notável destreza e coragem o receio
de abrir a cavidade abdominal, Azevedo
Maia notabilizou-se sobretudo pela prática
da histerectomia vaginal de que parece ter
sido o iniciador em Portugal em 1892, com
excelentes resultados.
49
40 anos
40 anos
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Reconhecendo a formidável perícia cirúrgica
de Azevedo Maia, o Prof. Morais Frias por
várias vezes me disse que o tinha visto
executar uma histerectomia vaginal em 14
minutos. Mas para se avaliar bem quanto a
ginecologia deve à acção desenvolvida por
este homem, valemo-nos dos escritos dos
seus alunos em dissertação de licenciatura
e que Maximiano Lemos reproduz.
Um deles afirma: “Este distintíssimo
professor impõe-se pelo seu talento e pelas
suas notáveis qualidade de ginecólogo à
nossa admiração e desperta em todo o curso
o desejo de se relacionar intimamente com
esse recente ramo da clínica, a Ginecologia”.
50
Um outro vai mais longe, reconhecendo
os méritos e o trabalho do professor e
escrevendo: “Graças, porém, ao aturado
trabalho e raro talento do Sr. Dr. António
de Azevedo Maia, em breve a Ginecologia
ocupará, também entre nós, o lugar que de
direito lhe compete no quadro dos estudos
médico-cirúrgicos.
Na realidade para que um aluno exprima
esta opinião, quase profética naquela altura,
é necessário que a forte personalidade
do Mestre e a excelência da sua acção o
tenham profundamente impressionado.
O Prof. Azevedo Maia jubilou-se em 1907
e a reforma do ensino Médico de 1911 que
havia de criar as Faculdades de Medicina
de Lisboa e do Porto, inclui pela primeira
vez a Ginecologia no grupo de disciplinas a
ministrar no ensino médico.
Criada a Cadeira de Ginecologia nela foi logo
provido o Prof. Teixeira Bastos que em 1918
transitou para a Clínica Cirúrgica. A partir
desta data o ensino foi confiado ao Prof.
Morais Frias na qualidade de encarregado
do curso em 1918-1919 e depois como
Professor livre.
A partir de 1924 passa a ser regida
cumulativamente com a Obstetrícia, cadeira
de que o Prof. Morais Frias tomou posse
como professor ordinário após concurso de
provas públicas.
Esta situação manteve-se até à jubilação
do Prof. Morais Frias, mestre com
quem tivemos a honra de colaborar na
última década da sua vida académica na
Maternidade Júlio Dinis.
Morais Frias foi um dos nomes mais
significativos e marcantes na Ginecologia
Portuguesa.
De porte aristocrático e distinto, impunhase à estima e simpatia dos que o tratavam
de perto, conseguindo facilmente cativar a
atenção e o respeito dos seus discípulos.
Aliando a uma memória assombrosa,
uma imaginação rica e brilhante, buscava
na palavra, que manejava com extrema
subtileza, a expressão mais viva dos seus
dotes naturais.
Mas Morais Frias era ao mesmo tempo
extremamente sensível e facilmente se
melindrava com quem ousasse contrariá-lo.
Por isso alguns dos seus discípulos o foram
progressivamente abandonando.
técnica. Em todos os actos cirúrgicos exigia
a mais rigorosa assepsia, o manejo suave
e delicado dos tecidos e órgãos e uma
hemostase perfeita.
Mas Morais Frias compreendeu que a
Ginecologia não podia limitar-se à cirurgia
de exérese radical e mutilante e que o
bisturi não era o talismã da terapêutica
das doenças da mulher. Ao acompanhar
os progressos da sua época no âmbito da
fisiologia dos órgãos genitais femininos e
da endocrinologia começa a adoptar uma
atitude conservadora sempre que isso
fosse possível. E assim combateu a prática
corrente de realizar ovariotomias para tratar
as dores pelvigenitais porque na maior
parte dos casos não só não se resolvia o
problema doloroso, mas se provocava nas
mulheres um quadro de carência hormonal
cujas consequências eram bem mais difíceis
de suportar.
Começou a recorrer à fisioterapia, à
vacinoterapia para o tratamento das
afecções
pelvi-genitais.
Utilizou
a
hemoterapia colaborando nas primeiras
transfusões de sangue que se realizaram
no Porto.
De formação eminentemente cirúrgica
conhecia e praticava todas as técnicas da
cirurgia ginecológica, mas praticava também
cirurgia geral.
Começou a utilizar os Raios X no
tratamento de afecções oncológicas,
mas sobretudo no diagnóstico. Sob a
sua orientação se realizaram as primeiras
histerossalpingografias, que serviram para a
elaboração da dissertação de doutoramento
do Dr. Óscar Ribeiro. Tratava-se de uma
técnica de exploração que permitia fazer
diagnósticos mais precisos e programar,
se necessário, a técnica operatória mais
adequada e mais conservadora.
Era um cirurgião exímio que sabia imprimir
nos seus colaboradores a marca da sua
Acompanhando também os progressos
da endocrinologia começou a executar
Morais Frias manteve a tradição da
Ginecologia operatória que recebeu de
Azevedo Maia.
no Serviço o implante subcutâneo de um
comprimido de estradiol para tratamento
dos fenómenos de carência hormonal nas
mulheres que tinham sofrido castração
cirúrgica.
Este tipo de terapêutica veio algum tempo
depois a ser abandonada pelas reacções
locais a que dava origem.
Tendo atingido o Prof. Morais Frias a
jubilação em 1953, a Faculdade pretendeu
confiar o ensino ao Professor Extraordinário
Dr. Alberto Saavedra que até então tinha
sido afastado para a regência de um curso
de parteiras cujo ensino ministrava no
Hospital de Santo António. Este recusou
e foi chamado o Professor agregado Dr.
Gonçalves de Azevedo, então Director
do Serviço de Ginecologia do Instituto
Maternal, a quem foi confiada a regência
da disciplina de Obstetrícia, tendo sido a
de Ginecologia entregue ao professor de
Patologia Cirúrgica. Em 1956 Gonçalves de
Azevedo ascendeu à cátedra de Obstetrícia,
após concurso de provas públicas e de novo
lhe foi confiada cumulativamente a regência
de Ginecologia. Gonçalves de Azevedo
mantém quanto à Ginecologia as mesmas
regras e a mesma orientação que tinha
recebido do seu Mestre.
Com a passagem dos Serviços da
Maternidade Júlio Dinis para o Hospital de S.
João, em 1958, a situação não se modificou,
visto que à melhoria das instalações
não houve correspondente melhoria das
condições de trabalho. Gonçalves de
Azevedo conquistava a consideração e
o respeito dos seus discípulos pela sua
integridade moral e mental pela singeleza
das suas atitudes e pela independência do
seu carácter nobilíssimo.
51
52
40 anos
40 anos
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
A sua figura austera ficará na memória
daqueles que se enobreceram com o seu
convívio.
Particularmente vocacionada para a
docência e a clínica de Obstetrícia, Gonçalves
de Azevedo teve a intuição superior de que
a Ginecologia tinha necessidade de avançar
e de entrar num caminho verdadeiramente
científico, acompanhar os progressos nos
diferentes campos de actividade que se lhe
abriam.
E, por proposta sua, o Conselho Escolar
da Faculdade em sessão de 31 de Julho
de 1961 encarregou-o 1º Assistente
da regência do curso de Ginecologia.
Posteriormente foi-lhe atribuída a Direcção
do Serviço, após provas de concurso para
Professor Extraordinário que iniciou em 25
de Maio de 1962. Tomou posse do lugar
de Director de Serviço em 7 de Agosto
do mesmo ano e então se inicia um longo
percurso de reestruturação do Serviço e de
ampliação do seu campo de acção, quase
ao mesmo tempo que no Hospital de Santo
António Mário Cardia, entusiasticamente
coadjuvado por Albino Aroso, consegue
que um serviço de Cirurgia lhe conceda
uma secção de 6 camas exclusivamente
destinada à Ginecologia.
Pela primeira vez o Serviço de Ginecologia
confiado à Faculdade de Medicina tem
um Director autónomo, com formação
ginecológica.
Anos mais tarde o Ministério da Educação
Nacional atribui à Faculdade de Medicina
do Porto mais 5 lugares de professor
catedrático, um dos quais por decisão
unânime do Conselho Escolar foi atribuído à
disciplina de Ginecologia.
Após concurso de provas públicas, o
então Professor Extraordinário passa a
ocupar a nova cátedra de Ginecologia. E
assim manteve a docência e a clínica de
Ginecologia em perfeito autonomia até à
sua jubilação em 1993.
Estes acontecimentos são já factos
históricos mas deles não me ocuparei por
ter sido neles interveniente. Impus-me por
isso, não falar da obra que desde então foi
feita na ginecologia portuense, porque seria
ousadia prenhe de dificuldades.
53
Falei-vos apenas dos que já partiram. Dos
que ainda vivem terão de se ocupar os seus
sucessores pois lhes compete realizar os
altos ideais da escola em que se formaram.
Regulamento concurso para logotipo da Sociedade Portuguesa de Ginecologia - 1979
40 anos
40 anos
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
54
55
Em 1979 a Comissão Coordenadora da SPG organizou um concurso para a escolha do logotipo da Sociedade.
Concorreram 28 trabalhos.
As Propostas apresentadas em 1979 para o logótipo da SPG. Foi vencedora a proposta nº2.
40 anos
40 anos
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
A ORIGEM DE UMA SOCIEDADE
Constitui para mim um enorme privilégio
e um grande desafio, poder homenagear,
no decorrer do Século XXI, os Colegas que
há quatro décadas, criaram a Sociedade
Portuguesa de Ginecologia e constitui ainda
uma obrigação, transmitir às gerações
vindouras como foi a nossa Sociedade
concebida, nasceu, atravessou a infância e
a adolescência e chegou à “Idade Adulta”.
56
Maria Teresa Osório
Presidente da 7ª Direcção (1994-1996)
Presidente da 8ª Direcção (1997-1999)
Poder orientar a “Qualidade de Assistência”
à Mulher Portuguesa foi o objetivo primário
dos seus Mentores.
A primeira metade do Século XX decorreu
com avanços extraordinários em Medicina,
desde a descoberta dos Raios X por
Roentgen, do rádio pelo Casal Curie, da
tripagem do Sistema ABO por Landsteiner
até à importância da Citologia exfoliativa
por Papanicolaou. Estas e outras pedras
basilares prepararam o caminho para o
crescimento sustentado e exponencial dos
conhecimentos e da tecnologia em Medicina,
muito patentes nas duas últimas décadas,
em que se chegou ao conhecimento da
sequência do Genoma Humano.
Estes factos impulsionaram a ideia de
individualizar a Ginecologia!
Numa época conturbada em que as
indefinições dominavam as organizações
médicas, não só pelos acontecimentos
políticos, mas por dificuldades de vária
índole no âmbito do intercâmbio científico,
um grupo de Ginecologistas de formação
superior, sentiu a necessidade de se
estruturar e dar corpo a uma Sociedade
Científica, que defendesse os “Problemas
da Mulher”, na Saúde e na Doença (Outubro
a Dezembro de 1974).
Assim nasceu a Sociedade Portuguesa de
Ginecologia.
--Como Sociedade Médica que era,
necessitava à partida, de uma dinâmica
que acompanhasse a mutação progressiva
e crescente de acontecimentos, que lhe
permitissem transmitir aos mais novos, o
entusiasmo e as limitações na evolução dos
conhecimentos e na prática da Ginecologia,
possibilitando a cada um, escolher o seu
próprio centro de interesse, sem nunca
perder a noção de uma visão conjunta da
especialidade.
--Qual a razão por que se criou a Sociedade
Portuguesa de Ginecologia?
-- A visão consignada nas palavras
do Dr. Aurélio Lopes Ferreira, na
primeira Assembleia Geral, de “pugnar
57
40 anos
40 anos
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
por uma Ginecologia mais evoluída,
mais diferenciada, realizada só por
Ginecologistas, concentrando a dispersão
até então verificada, do seu exercício
por Cirurgiões, Endocrinologistas, etc.,
conquistando assim sem qualquer favor, o
direito à individualidade de uma verdadeira
especialidade médico-cirúrgica, com temas
próprios, semiologia própria e pontos de
vista próprios. Seria uma especialidade que
assentasse anatomicamente no aparelho
genital feminino, mas que atuasse quase
sempre na base da Mulher, considerada
como um todo, sob a influência de um
desgaste constante, de estímulos externos,
que o quotidiano da vida moderna lhe
imprime e que se vai refletir na sua saúde.
58
--Em linhas muito gerais, esta foi a razão
de ser, da criação da nossa Sociedade:
permitir aos Ginecologistas Portugueses,
a possibilidade de conviver, com base num
tema comum; exercer, ensinar, divulgar e
investigar a Ginecologia.
--Cumprindo o ritual burocrático, a
Sociedade Portuguesa de Ginecologia,
adquiriu personalidade jurídica no dia 10 de
Julho de 1975, com depósito dos Estatutos
no Governo Civil de Coimbra.
--A partir de então a Sociedade Portuguesa
de Ginecologia, transformou-se numa
insofismável realidade.
--Cumpriu religiosamente ao longo dos anos,
o princípio de manter as suas Reuniões
Científicas programadas inicialmente com a
periodicidade de uma por mês, aos segundos
sábados dos meses de Novembro a Junho e
suspensas para férias nos meses de Julho,
Agosto e Setembro. A partir da 5ª Direção
(1998), sob a Presidência do Senhor Prof.
João Silva Carvalho, passaram a realizar-
se quatro reuniões por ano, na mesma, ao
segundo sábado dos meses de Janeiro,
Março, Junho (Simpósio ou Congresso)
e Novembro, mantendo-se os meses de
Maio e Outubro dedicados à Sociedade
Portuguesa de Medicina da Reprodução. A
realização dos Congressos ficou marcada
desde início para um ritmo trianual, com
participação internacional e com uma
atualização de conhecimentos aliciante,
o que levou ao crescimento em flecha do
número de sócios.
--Com esta orientação, definida na primeira
Assembleia Geral, pelo Dr Aurélio Lopes
Ferreira e de que anexaremos uns extratos
(no fim desta publicação), que foi inserida
nos primeiros estatutos, ficou de igual
modo eleita a primeira Direção, o tempo de
mandato, a sua composição; a periodicidade
das reuniões e a rotatividade pelo País, a
criação de um Boletim Informativo, que mais
tarde daria origem à Revista, a definição
dos Sócios fundadores e as condições de
admissão de novos Sócios.
--Sucederam-se
13
Direções,
cuja
composição também será revelada nesta
brochura e treze Congressos (13º o atual).
--Salientaremos o que demais importante
aconteceu em cada uma delas:
--1ªDireção (1975-1978) - Presidente: Prof.
Henrique Miguel Resende de Oliveira
I Congresso - Coimbra - Junho de 1978
--2ª Direção, sob a Presidência do Prof.
Carlos de Oliveira - (1979-1981).
--Neste mandato foi constituída a Sociedade
Portuguesa de Medicina da Reprodução.
O Boletim da SPG, passou a Revista de
Ginecologia e Medicina da Reprodução,
tendo como redator principal o Dr. Aurélio
Lopes Ferreira.
II Congresso: Coimbra - Junho de 1981.
3ª direção, de igual modo sob a Presidência
do Prof. Carlos de Oliveira (1982-1984).
Com o patrocínio da SPG, foi criado O
Grupo Cooperativo de Cancro Ginecológico,
que se dedicava ao tratamento do Cancro
Ginecológico. Na mesma sequência foi
criado o Grupo Cooperativo do Cancro da
Mama. Ambos deram lugar à criação da
Associação Portuguesa de Investigação
Oncológica (APIO), que mais tarde veio a
integrar outros Grupos Cooperativos.
--A preceder a realização do III Congresso,
o Prof. Carlos de Oliveira organizou pela
primeira vez em Portugal, uma Reunião do
Gynecological Cancer Cooperative Group
(GCCG) e as 1ªs Jornadas Luso Francesas
de Ginecologia.(Junho de 1984)
--4ª Direção (1985-1987) a Sociedade saiu
de Coimbra para o Porto, sob a Presidência
do Senhor Prof. João da Silva Carvalho. E
pela primeira vez a Sociedade passou a
integrar uma Mulher no seu elenco. Neste
mandato passaram a existir três VicePresidentes.
IV Congresso - Porto (Hospital de S. João:
Junho de 1987).
--A 5ª Direção (1988-1990) mantem- se no
Porto, com a mesma composição e sob a
presidência do Prof. João Silva Carvalho.
Neste mandato as reuniões passam a ser
quatro por ano, tendo-se atingido os 700
sócios.
V Congresso realizou-se no Hotel Solverde
em Junho de 1990. Neste Congresso, teve
lugar o I Simpósio de Ginecologia Oncológica
sob o Patrocínio da European Society for
Gynaecological Oncology).
--Na 6ª Direção (1991-1993), sob a
Presidência o Sr. Prof. Henrique Miguel de
Oliveira, a Sociedade volta a Coimbra. Neste
mandato foi alterado o logotipo da SPG e
a orgânica da Revista. Foram criados dois
Grupos de Estudo: “Do Climatério” e das
“Doenças de Transmissão Sexual”.
VI Congresso realizou-se em Coimbra, de
29 de Maio a 3 de Junho de 1993.
--7ª Direção. (1994-1996), Novamente no
Porto e pela primeira vez sob a Direção
de uma Mulher: Maria Teresa Osório.
Neste mandato procede-se à revisão dos
Estatutos, que passarão a contar com 19
Artigos, definindo no Artigo 8º, Corpos
Gerentes: Direção, mantêm-se os mesmos
elementos. Assembleia Geral: Presidente
e dois Secretários; e Conselho Fiscal:
Presidente e dois Vogais.
VII Congresso: Granja - Hotel Solverde:
Junho de 1996
--8ª Direção: Mantem-se no Porto com
a mesma Presidência de Maria Teresa
Osório. Neste mandato, na continuidade
da revisão dos Estatutos, foram criadas
as três primeiras Secções e elaborados os
Estatutos que as passavam a reger. Assim
surgiram:
--Secção de Ginecologia Oncológica Presidente: Prof. Carlos Freire de Oliveira.
--Secção de Colposcopia e Patologia do
59
40 anos
40 anos
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Trato Genital Inferior - Presidente: Dr. Daniel
P. da Silva
--Secção de Endoscopia Ginecológica:Presidente: Prof. João Luis Silva Carvalho.
--Neste mandato realizaram-se as 1ªs
Jornadas Internacionais de Endoscopia
Ginecológica.
Em Abril de 1998, realizou-se no Hotel
Solverde, a 1ª Reunião de Consenso
Nacional para o Tratamento e Follow-up do
Cancro Ginecológico.
A 10,11 e 12 de Junho de 1998, teve
lugar no Centro Hospitalar de S. Januário MACAU a 123ª Reunião Científica da SPG.
60
VIII Congresso - Hotel Solverde - Granja,
(Junho de 1999)
--9ª Direção, regressa a Coimbra sob a
Presidência do Dr. Daniel Pereira da Silva
(2000-2002)
--II Reunião de Consenso Nacional para o
Diagnóstico, Tratamento e Follow-up do
Cancro Ginecológico - IPO - Porto (Junho de
2000).
--Reunião de Consenso sobre Hemorragias
uterinas anormais - Estoril (Fevereiro de
2001).
--Em 2004, foi criada a Secção de
UROGINECOLOGIA, que teve como primeira
Presidente. Drª Teresa Mascarenhas.
Reunião de Consenso Nacional sobre
Tratamento, Follow-up dos Cancros do Colo
do útero, Endométrio e Ovário - Granja Hotel Solverde. (Julho de 2003).
--Reunião Nacional de Consenso sobre
Contracepção - Évora (Setembro de 2003).
--Reunião de Consenso Nacional para o
Tratamento do Cancro do Endométrio e
Sarcoma Uterino. Coimbra (Junho de 2004).
--Reunião de Consenso sobre MENOPAUSA,
em colaboração com a Sociedade
Portuguesa de Menopausa. Granja - Hotel
Solverde (Março de 2004).
X Congresso Português de Ginecologia Centro de Congressos do Estoril (Junho de
2005).
--Criação da Federação das Sociedades
Portuguesas de Obstetrícia e Ginecologia
(29 de Dezembro de 2005)
--11ª Direção - Cova da Beira- Covilhã, sob a
Presidência do Prof. J. Martinez de Oliveira
- (2006-2009).
--V Reunião de Consenso Nacional sobre
“Vacina Contra o HPV”. Coimbra (Fevereiro
de 2007).
--Consenso sobre Infeções Sexualmente
Transmissíveis (Endocervicites e DIP) Guimarães (Maio de 2006).
IX Congresso - Centro Cultural e de
Congressos - Aveiro - Junho de 2002.
XI Congresso Português de Ginecologia
- Centro de Congressos de Aveiro ( 30 de
Maio a 3 de Junho de 2009).
--10ª Direção: - mantem-se em Coimbra,
sob a Presidência do Dr. Daniel Pereira Silva.
(2003-2005).
--12ª Direção - Cova da Beira - Covilhã,
sob a Presidência do Prof J. Martinez de
Oliveira. Nesta Direcção, a Equipa anterior
sofreu alterações.
--Simpósio sobre Infeção por HPV e
Neoplasia intraepitelial do colo, vulva e
vagina.(Março de 2010).
--Consenso sobre Cancro
Coimbra (Outubro de 2010).
Ginecológico.
--II Consenso sobre Contracepção Estoril
(Fevereiro de 2011)
--Consenso sobre Cancro Ginecológico
Coimbra (Novembro de 2012).
XII Congresso Nacional de Ginecologia
(Junho de 2012) - Vilamoura - Algarve.
13ª DIRECÇÃO - a ACTUAL
PRESIDENTE: Dra. Maria Fernanda Águas.
--Decorridos 40 anos, que queremos
festejar com a dignidade que sempre nos
orientou, é chegado o momento de refletir
e fazer uma análise crítica do que foi feito,
do que poderia ter sido possível e de um
modo muito especial, tirar ilações, para a
mensagem que pretendemos transmitir
no futuro. Na realidade não basta audácia,
perícia e perfeição para a concretização das
suas realizações, mas também, vontade e
senso para que a ousadia dos progressos
da tecnologia, não venha a ferir a dignidade
do espaço que a Mulher ocupa hoje na
Sociedade Moderna.
A PRIMEIRA ASSEMBLEIA GERAL
Como complemento do texto anterior, creio
ser interessante registar alguns factos
ligados à “ PRIMEIRA ASSEMBLEIA GERAL”
e que identificam muito bem a Personalidade
carismática do Senhor Dr. Aurélio Lopes
Ferreira, o seu determinismo e a vontade
férrea de lutar pelos seus ideais.
No dia 18 de Outubro de 1975, realizouse na Maternidade Bissaya Barreto, em
Coimbra, a primeira Assembleia Geral da
Sociedade Portuguesa de Ginecologia.
O Presidente da Mesa dirigiu uma saudação
a todos os presentes e passou a palavra
ao Dr. Aurélio Lopes Ferreira , de cujo texto
destaco algumas passagens:
“As minhas primeiras palavras são para os
Colegas presentes, palavras de regozijo
por terem vindo em tão grande número,
reafirmando-nos que estamos no caminho
certo e que não estamos sós na intensão de
pugnar por uma ginecologia mais evoluída e
mais diferenciada. A partir deste momento,
a ideia de um pequeno grupo inicial, passa
a ser o propósito de muitos, aglutinados no
desejo comum de conseguir uma ginecologia
hoje melhor que ontem, amanhã melhor que
hoje.
Entre nós, a ginecologia é, ainda hoje,
uma especialidade multifacetada, com
colorações diferentes, obstétrica, cirúrgica,
oncológica, endocrinológica dermatológica,
a conforme a origem das doentes. No
entanto conquistou já sem qualquer
favor o direito à individualidade de uma
autêntica especialidade médico - cirúrgica,
com temas próprios, semiologia própria e
pontos de vista próprios. É a especialidade
das
infeções,
dos
tumores,
das
malformações, das dores, dos corrimentos,
das hemorragias, da
esterilidade, da
contraceção,do
Planeamento
Familiar,
da sexologia, da endocrinologia e da
61
40 anos
40 anos
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
psicossomática. Cremos não exagerar ao
afirmarmos que a Ginecologia sofreu nos
últimos anos uma explosão de motivos de
interesse, que a coloca aos nossos olhos,
como uma das mais aliciantes matérias de
estudo e de exercício clínico diário.
Foi neste quadro de apaixonado interesse
pela especialidade, que surgiu em alguns de
nós, a ideia de nos reunirmos periodicamente,
para discutirmos os nossos casos, para nos
atualizarmos e convivermos.
62
A franca e leal camaradagem, que existia e
continua a existir entre os ginecologistas
dos três hospitais de Coimbra (HUC; IPO e
CHC), constituía um ambiente propício, daí a
ideia de criar um núcleo, que inicialmente se
chamaria “CLUBE DOS GINECOLOGISTAS
DE COIMBRA”. A concretização da
ideia foi difícil por vários motivos, mas o
interesse mantinha-se. Tais dificuldades e o
consequente atraso tornaram-se benéficos.
Vários contactos com colegas de outras
Instituições (Hospital de Santo António do
Porto e IPO de Lisboa), encontraram grande
recetividade e entusiasmo. A ideia inicial
do “Clube de Ginecologistas” de Coimbra,
foi perdendo força, tornando-se cada vez
mais aliciante abranger outras Instituições
do País. Foi então que surgiu no espírito
de alguns a ideia de criar uma Sociedade
Portuguesa de Ginecologia. Esta é em
linhas muito gerais a razão de ser da criação
da nossa Sociedade.
Lançadas as bases de uma Sociedade
Portuguesa de Ginecologia, o resto
foi apenas percorrer todos os passos
necessários para a sua concretização,
aproveitando as facilidades concedidas pelo
Decreto - Lei nº 594, de 7 de Novembro
de 1974, que institui o direito de livre
associação, como uma garantia básica da
realização pessoal, na vida em Sociedade.
Para estabelecer um elo de ligação entre
todos os Centros do País, foi proposta
a criação de um Conselho Consultivo,
presidido por Agostinho Almeida Santos
- órgão orientador da Sociedade, de que
fariam parte um representante de cada
Serviço de Ginecologia dos Hospitais
Centrais e Regionais.
Finalmente como terceiro ponto, salienta-se
a necessidade de criar um Boletim periódico,
onde seriam publicados todos os trabalhos
apresentados nas Reuniões. Foi igualmente
aprovado o Regulamento do Boletim, cuja
orientação foi entregue ao Prof. Carlos de
Oliveira.
O interesse destas informações, consiste em
realçar e vincar os sacrifícios que se fizeram
para impor esta Sociedade, que no dizer de
alguns. Não passaria da terceira ou quarta
Reunião
Científica…………………….
mas que festeja neste momento 40
anos, com 180 Reuniões Científicas e XIII
Congressos, sempre com o mais elevado
nível científico e participativo.
A terminar a sua intervenção, o Dr. Aurélio
Lopes Ferreira, afirma: ”A Sociedade
Portuguesa de Ginecologia, aqui fica para
cumprir uma missão que desejamos todos
que seja útil e proveitosa para todos
os Ginecologistas, como profissionais e
intelectuais de uma especialidade médica e
para a Sociedade Civil.“
A Sociedade Portuguesa de Ginecologia
será o que nós ginecologistas formos e o
que nós quisermos que ela seja!”
Prof. Carlos Freire de Oliveira, que merecem
todo o nosso reconhecimento, gratidão e
carinho).
Os grandes obreiros e impulsionador do
arranque desta Sociedade foram o seu
Secretário Geral durante as três primeiras
DIrecções: Dr. Aurélio Lopes e o Presidente
das segunda e terceiras Direções,
A Génese de uma Sociedade Científica e
o seu sucesso devem-se sem dúvida às
convicções visionárias e operacionais dos
seus FUNDADORES.
63
40 anos
40 anos
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
PRIMEIRA ASSEMBLEIA GERAL
da Sociedade Portuguesa de Ginecologia
18 de Outubro de 1976
64
“Procurámos levar a informação
da nova Sociedade a todos
os que sabíamos poder estar
interessados na ginecologia,
quer através da Imprensa ou
da Rádio, quer directamente,
guiando-nos pelas listas dos
médicos titulados pela Ordem,
pelo Guia Sanitário de Portugal,
pelas Listas Telefónicas e até
mesmo por uma lista cedida por
um Laboratório de Produtos
Farmacêuticos.”
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40 anos
40 anos
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
2000 - 2005
Respeitar o legado recebido,
pela afirmação do presente
A Sociedade Portuguesa de Ginecologia -SPG
- foi determinante para o desenvolvimento
da ginecologia no nosso país nos últimos
40 anos.
66
Daniel Pereira da Silva
Presidente da 9ª Direcção (2000-2002)
Presidente da 10ª Direcção (2003-2005)
Foi a visão, capacidade e empenho de
um grupo de ilustres ginecologistas que
fundaram a SPG e constituíram as diversas
equipas diretivas, que permitiu motivar e
galvanizar os ginecologistas portuguesas
ao longo dos anos, num processo de
atualização e desenvolvimento nunca
acabados.
Acompanhámos este processo desde o
início, nos primórdios de 1975.
Quando em 2000 tivemos o privilégio de
sermos eleitos para a direção da SPG, para
um mandato de 3 anos, renovado em 2003
por igual período, conhecíamos o percurso
da sociedade e o contexto em que nos
encontrávamos.
Recebemos um legado fantástico, o que nos
motivava para avançarmos na afirmação
e desenvolvimento da especialidade, ou
melhor do exercício da especialidade, o
que era, naturalmente, muito motivador.
Integrámos uma equipa muito coesa e
motivada.
Foi com grande honra e prazer que
exercemos as nossas funções - Honra,
porque para nós (toda a equipa) era um
privilégio estar à frente de uma Sociedade
Científica muito dinâmica e prestigiada;
Prazer, porque o fazíamos com muita
satisfação, escudados no reconhecimento e
apoio da maioria dos sócios.
Na primeira reunião da direção que
realizámos em 29/01/2000 definimos as
nossas linhas de atuação:
Dar expressão às áreas da especialidade
com maior especificidade e diferenciação –
Patologia Cervico-vulvovaginal, Ginecologia
Oncológica e Endoscopia (Secções já
criadas) e Uroginecologia (Secção a criar).
Renovar a realização das reuniões científicas
tornando-as mais participadas e interativas.
Criar prémios e bolsas de modo a fomentar
a investigação e o intercâmbio internacional.
Aumentar a implantação da SPG junto dos
ginecologistas da área de Lisboa e Vale do
Tejo.
Melhorar a comunicação entre os sócios,
informar mais através do correio, criar o Site
e iniciar a comunicação pela Internet.
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40 anos
40 anos
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Profissionalizar a contabilidade e a cobrança
de quotas.
Levar a SPG ao público em geral, intervindo
nos media e promovendo estudos de
avaliação do grau de conhecimento das
mulheres acerca de temas de saúde.
Estreitar relações e harmonizar interesses
com a Sociedade Portuguesa de Obstetrícia
e Ginecologia.
Nos 6 anos dos dois mandatos procurámos
cumprir o programa que havia sido traçado.
68
A área da formação teve um excelente
dinamismo e nível científico. A Secção
de Uroginecologia foi criada e com ela
estabeleceu-se o calendário de reuniões
da SPG a realizar de forma regular e
programada, nos seguintes moldes –
Reunião no 1º ou 2º fim de semana de
Junho - Simpósio generalista da SPG ou
Congresso de 3 em 3 anos; Reuniões
no 2º fim de semana de Janeiro, Março e
Novembro a organizar rotativamente pelas
4 Secções. Incrementaram-se modelos
organizativos mais dinâmicos (workshops,
sistema de televoters e outros). Mas foi,
sem dúvida, o aumento do número de
reuniões de consenso que teve maior
impacto. Atualizaram-se os consensos
sobre ginecologia oncológica e elaboraramse novos consensos que motivaram
muitas reuniões e deram origem a várias
publicações: Hemorragias uterinas anormais
10/2/2000, Contraceção 20/09/2003;
Menopausa
29/03/2004;
Patologia
Cervico-Vulvovaginal 7/11/2004; Infeções
Sexualmente Transmissíveis: Endocervicites
e DIPs 18/03/2005 e Desempenho em
Ginecologia 20/11/05. Naturalmente que
os 2 congressos realizados - o IX congresso
em Aveiro e o X no Estoril - foram
momentos de grande exaltação e afirmação
da ginecologia nacional, pelo número de
médicos que mobilizou, bem patentes
com a elevada presença no congresso
e apresentação de comunicações livres,
posters, vídeos ou temas em plenário. O
congresso deu voz às escolas de ginecologia
do país e foi a oportunidade de receber
entre nós ginecologistas internacionais de
referência, oriundos da Alemanha, Austrália,
Bélgica, Espanha, França, Holanda, Suécia,
UK e USA.
Os estatutos foram atualizados, passando
os corpos sociais a serem eleitos em
Junho, com a tomada de posse prevista
para Janeiro seguinte de modo a facilitar a
transmissão de dossiers e a programação.
A contabilidade foi atualizada face à
legislação vigente e a cobrança de quotas
foi profissionalizada.
Todos os anos foi entregue o Prémio
Nacional de Ginecologia e bolsas para
estágios fora do país.
O site da SPG foi criado em 2001, passando
a ser o meio privilegiado de comunicação
entre os sócios. Editamos o livro Quem
é quem na ginecologia portuguesa que
continha todos os dados de identificação e
contacto dos sócios.
A comunicação para o público em geral foi
incrementada, intervindo através de vários
meios de comunicação com entrevistas e
artigos sobres os mais diversos tópicos,
com o objetivo de informar, mas também
sensibilizar os poderes públicos para a
importância de ouvir os representantes da
sociedades científicas, nomeadamente da
SPG. Lançamos alguns inquéritos de rua e
estudos, de modo a avaliar o conhecimento
da população sobre alguns temas e com
base nos seus resultados mobilizar os media
para lhes dar eco. Duas iniciativas tiveram
mais sucesso: inquérito sobre menopausa e
estudo sobre as práticas contracetivas da
mulher em Portugal.
Em 2000 encetámos conversações com
a Sociedade Portuguesa de Obstetrícia
e Ginecologia com o objetivo de clarificar
posições, ultrapassar divergências e
melhorar o relacionamento com a SPG. Em
22 de Abril de 2001 teve lugar em Évora
a primeira reunião formal entre as direções
da SPOG, SPG e da Sociedade Portuguesa
de Medicina da Reprodução (SPMR), que
decorreu com grande espírito de abertura
e com a determinação de definir as linhas
mestras de colaboração institucional.
Nessa reunião foi assinado um protocolo no
qual se definia que as áreas de dedicação
estratégica das sociedades presentes eram
as seguintes: SPOG - área da Obstetrícia e
Medicina Fetal, SPG - área da ginecologia e
SPRM área da medicina da reprodução.
Estavam lançadas as bases para a
reorganização institucional das sociedades
científicas da área da nossa especialidade.
O caminho não foi isento de vicissitudes,
mas a ideia de criar um organismo
coordenador das sociedades científicas da
área da saúde da mulher foi fazendo o seu
caminho, até que a SPOG, em assembleia
geral de 09/06/2005, aprovou a evolução
para federação, graças ao empenho e
clarividência do Prof. Carlos Santos Jorge,
então seu presidente. Criava-se assim o
espaço necessário ao aparecimento da
Sociedade Portuguesa de Obstetrícia e
Medicina Materno-fetal (entretanto criada).
A SPG votou em assembleia geral de
19/11/2005 a adesão à federação. Os
estatutos da federação foram registados
em escritura pública celebrada em
28/12/2005 e mais tarde reformulados
para a designação atual de FSPOG Federação das Sociedades Portuguesas de
Obstetrícia e Ginecologia.
Estava consumada toda a organização das
sociedades científicas da área da saúde
da mulher como hoje conhecemos, onde é
patente o diálogo e espírito de colaboração,
antes impensáveis.
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40 anos
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Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
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40 anos
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SPG - Sociedade Portuguesa
Ginecologia
A perspectiva de uma presidência
72
José Martinez de Oliveira
Presidente da 11ª Direcção (2006-2009)
Presidente da 12ª Direcção (2010-2012)
“Recordar é viver” é uma expressão
corrente que pretende expressar a
sensação de repetição dum percurso,
experiência ou momento, a qual mais
propriamente seria tradutível por “Recordar
é reviver”. Assumindo o princípio que, em
termos simples, afirma que os episódios
relembrados ocupam uma posição de
maior acessibilidade na nossa memória, a
vivência a que correspondem não é, porém,
percebida da mesma forma. Na verdade o
rememorar ou relatar um acontecimento
acaba por envolve-lo em roupagens e
comentários, que se lhe juntam pelo
adicionar o conhecimento das repercussões
que teve, ou não, das diferentes
consequências se houvera possibilidade
de modificar o seu percurso, tudo fazendo
sentido na riqueza parapsicológica duma
excursão extracorporal ou mais tecnológica
duma visualização em gravação de som e
imagem, eu é exemplo acabado da nossa
inteligência emocional. Uma e outra formas
comungam do facto de que quem vê é
simultaneamente objecto da observação,
contexto onde se inserem as autobiografias,
exercício dificílimo e que na dependência
da personalidade e do estado do humor
do seu autor incorre no risco de adulterar
por excesso ou por defeito o relato que é o
seu tema, deformando em variável medida
a realidade dos factos. A distorção vai
depender ainda da perspectiva em que a
descrição é feita, pois não há uma verdade
em cada tema, mas verdades, muitas vezes
todas elas lógicas, plausíveis e reais e
tantas vezes com sentidos opostos.
Assim, analisar o que foi o percurso da
SPG sob a minha presidência em dois
períodos consecutivos coloca-me desde
logo a questão das opções. E como aprecio
a isenção, que sempre busco, abordarei a
descrição sob sete vertentes, número que
resulta duma espontânea estruturação e
não assume qualquer significado esotérico.
1. Pecularidades
Não foi experiência única o ter tido a
possibilidade de exercer presidência mais
longa do que o previsto, por motivos
meramente conjunturais. Não me parecendo,
com sinceridade, ser algo particularmente
relevante, descrevo-o por ter sido algo de
excepcional e que se deveu ao alargamento
do período de três para quatro anos do
exercício dos corpos directivos, quando a
criação da FSPOG implicou a necessidade
de ajustar calendários, evitar conflitos de
iniciativas e, obrigando a postergar em
um ano o Congresso da SPG, que é em si
mesmo episódio terminal duma gestão.
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40 anos
40 anos
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Recordo, direi, com alguma agradável
envolvência humorística, a desconfiança
com que a proposta foi acolhida na
Assembleia Geral em que ficou decidida,
por estar secamente expressa na “Ordem
de Trabalhos” da sua convocatória, e antes
de ser divulgada a sua justificação. Houve,
certamente, receio de perenização do
poder…
2. Maleabiidade da estrutura directiva
74
A preocupação de promover uma
significativa participação na organização
das actividades da SPG, que se pretendeu
o mais partilhado e interactivo possível,
mantendo a já assumida autonomia das
diferentes Secções, foi introduzida a criação
dos Núcleos, ou Grupos de Dinamização,
estruturas bem definidas e nomeadas pela
direcção, sob proposta da presidência,
de quem dependem, as quais se vieram a
mostrar particularmente úteis e activas,
permitindo incluir no executivo mais sócios,
pese embora na sua maioria tenham falhado
a sua função de pontes de interacção com as
outras Sociedades, por pouca receptividade
destas.
Com esta iniciativa ficou então ampliada
a estrutura de intervenção, sem acarretar
vínculos nem complexas implicações legais,
evidenciando uma vez mais que medidas
simples permitem muitas vezes dinâmicas
de elevada eficiência.
3. A Sede
Foi na Assembleia Geral de Março de 2009
que ficou formalizada a decisão de aquisição
duma fracção num imóvel em Coimbra,
para albergar a sede da SPG. Não teve o
projecto origem nos corpos gerentes de
então, já que o seu estudo se iniciou e foi
evoluindo nos precedentes, desencadeado
que foi pelo entusiasmo da Drª Maria Teresa
Osório. Mas foi com muita satisfação e a
alegria duma obrigação cumprida que
as instalações, que acolhem também a
FSPOG, foram adquiridas e disponibilizadas,
para o que muito contribuiu o envolvimento
pessoal da nossa então tesoureira,
Drª Fernanda Águas.
4. Reconhecimento, Emoção, Calor
Humano
Os Congressos são encontros com um
carisma especial, onde alguns actos formais
decorrem em ambiente de certa solenidade.
Dois Colegas, reconhecidos por todos e
por cada um de nós, foram agraciados nas
sessões de homenagem de cada um dos
dois congressos havidos.
Pouco haverá que acrescentar ao já afirmado
sobre a personalidade, disponibilidade,
empenho, dedicação, espírito de servir,
humildade, e postura de amizade e
companheirismo dos Dr.s Aurélio Lopes
Ferreira e José de Bessa Meneses e Sousa.
Ao relembrar a intensidade do que foram
estes momentos não consigo ocultar um
sentimento de emoção.
5. Perfil dos encontros
Ao tentar identificar o que de melhor e
de pior foi feito, tenho de referir com
particular agrado que todas as reuniões
me satisfizeram totalmente sob o ponto de
vista científico. Esta homogeneidade, que é
motivo de orgulho para todos os envolvidos,
dificulta porém a individualização descritiva.
Buscarei, por isso, outras perspectivas de
abordagem.
Assim, tendo em conta a convivialidade e a
originalidade salientarei “O osso e a carne”,
encontro que em Sesimbra juntou uma
série de especialistas de outras áreas da
medicina e não só, permitindo dentro e fora
do auditório diálogos interessantíssimos
sobre temas os mais diversos e culminando
com uma sessão de exercício físico,
colectivo, em meu entender dos melhores
(a dança), onde nos demos ao cuidado de
medir o gasto energético numa putativa
ideação de acção preventiva e terapêutica
do excesso ponderal. Inovador, educativo,
mas sobretudo muito divertido e inédito,
julgo!
Em sentido oposto, procurando episódios
negativos,
pela
enorme
dificuldade
de
estruturação,
deficiente
aporte
multidisciplinar e pela intensíssima carga
emocional que me acarretou, a reunião
em Viana do Castelo, que desde então
faz parte do pequeno grupo das minhas
experiências
traumáticas.
Constitui,
aliás, exemplo marcante de situações
complexas e mutáveis, cuja convergência
acarreta um desfecho desagradável. É,
para mim, o estereótipo da incapacidade
de estabelecer um projecto que considerei
(e teimo em considerar) relevante e que
lhe estava subjacente: o da Medicina
da Adolescência. Dinâmicas diferentes,
interesses não convergentes, envolvimento
de associações com complexa organização
interna, mostraram que esse caminho
iria ser penoso ou, como se mostrou,
impossível. Vingou o alheamento, apesar
do esforço investido, também ao tentar
de novo a sua estruturação, num encontro
de trabalho interessantíssimo mas que se
mostrou improfícuo. No Castelo de Viana
tivemos uma excelente série de exposições
científicas por parte de todos os preletores
para um pequeno número de presentes.
E esta vacuidade não foi o resultado dum
erro ou duma estratégia falhada, mas
fenómeno pontual, de um acidente, duma
omissão comunicativa, num curto período
em que súbitas inflexões do trajecto de
parceiros que eram fundamentais para o
evento, não deram tempo a implementar
estratégias alternativas. É o que, na lista
das minhas definições, chamo de sofacone
(somatório de factores convergentes
negativos), fenómeno no qual, de repente,
um conjunto ou sequência de inesperados
acontecimentos nos colocam em elevado
risco de rotura, de incumprimento, com
repercussões prejudiciais, por vezes graves
não raramente acontece. Não foi o caso,
mas esteve próximo de o ser.
6. Apoios e Patrocínios
Ainda que pontualmente assumam os
patrocinadores postura ou propostas
menos correctas, esta foi e tem sido na
vivência da SPG a excepção. Devemos dizêlo com orgulho pois esta atitude de parceria
e de isenção tem sido e é fulcral para o
êxito que tem tido a nossa Sociedade.
Com a grande maioria das empresas com
que interagimos, e seus colaboradores, se
estabeleceram laços de muita amizade,
mesmo institucional (se é que tal existe),
75
40 anos
40 anos
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
mas seguramente pessoal. Por isso tenho
lamentado, como o expressei já em variadas
ocasiões, que tenha perdido o contacto
com profissionais que foram nossos
interlocutores e companheiros de trabalho,
que desapareceram do nosso horizonte,
muitas vezes de modo definitivo e que,
ainda que sem a envolvência profissional,
seria muito bom poder rever e com eles
conviver. Algumas poucas excepções
constituem para mim motivo de particular
satisfação.
7. Irregularidades
76
Acontecimento indesejável, na actual
terminologia, foi a que considero como
iniciativa impensável a atitude irresponsável
da Apifarma, quando da sua declaração de
interdição de apoio da indústria que tutela
a eventos realizados no Marinotel. Tratase dum documento estranhíssimo que
demonizou aquela empresa e estrutura
hoteleira e que por ditada a um mês do
evento contratado, implicou uma mudança
da logística dos vários patrocinadores,
deixando à SPG o ónus de arcar com
despesas
adicionais
resultantes
de
insatisfação de quantitativos acordados,
acarretando avultados prejuízos. Foi acto
único, nunca visto, nem antes nem depois,
particularmente atípico por ter alvo único
e anunciado, ainda mais notável quando
tal anomalia proveio de uma chamada
Comissão de Ética. Mal denominada?
E ao recordar o Congresso de Vilamoura, um
outro episódio, relacionado, se me ocorre.
Aconselhado (sempre dei ouvidos a opiniões
sinceras e ponderadas) a não incluir na sessão
de abertura nenhum tipo de actividade
lúdica, que pudesse ser interpretado como
factor de descaracterização dum evento
científico (a tal transparência, que por o
ser continuo a não ver…), propús-me, qual
comandante de barco momentaneamente
à deriva, fazer uma exposição que intitulei
A Ginecologia e a Medicina: Outrora e Hoje,
que, para além de me ter dado o prazer de
receber agradáveis comentários, tenho de
confessar muita diversão me proporcionou
ao prepará-la.
Ao encerrar esta visão panorâmica dum
percurso quero expressar a minha muita
gratidão a TODOS os elementos que
permitiram levar avante tudo quanto foi
feito, particularmente aos Corpos Sociais
que cumpriram com muita qualidade o
que lhes foi solicitado e manifestaram
continuadamente uma postura crítica
meritória, de acordo ou discordância, como
se espera dum conjunto plural.
77
Que me perdoem todos quantos mereciam
ter o seu nome expresso neste texto, o que
gostaria de fazer não fora o espartilho que
a escassez de espaço para tal me impõe.
E não poderia omitir o meu reconhecimento
aos muitos patrocinadores e empresas que
connosco colaboraram, aos sócios para
quem a maior parte do trabalho é dedicado,
e esperando que o contributo de todas as
acções tenha tido a desejada repercussão
nos cuidados de saúde prestados aos
nossos cidadãos e em especial à Mulher
Portuguesa.
Circular Nº65 de 30 de Dezembro de 1980, por ocasião do falecimento do 1º Ministro Dr. Francisco Sá Carneiro
40 anos
40 anos
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
UMA PACÍFICA BATALHA
troca de correspondência..
De: Jose Martinez de Oliveira
Para: aurelio.ferreira@....
Data: 06/14/2008 00:22
Assunto: Convite e Pedido de Amigo
Dr. Aurélio Lopes Ferreira
Meu amigo
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Troca de correspondência entre
José Martinez de Oliveira
e Aurélio Lopes Ferreira
por ocasião do XI Congresso Português de Ginecologia
Ao olharmos para trás na identificação dos que pioneiros e persistentes nos definiram o
correcto caminho a percorrer apenas um não tinha tido acesso à situação de privilégio que
mereceria.
Assim, e ainda que conhecendo a sua aversão a sessões de homenagem e congéneres,
confirmamos não nos sentirmos bem sem o fazer. Por isso, a Direcção da SPG decidiu elegêlo como Presidente de Honra do próximo Congresso Português de Ginecologia a realizar em
Aveiro de 31 de Maio a 2 de Junho de 2009.
Não é nossa nem muito menos minha intenção obrigá-lo a nada ou impôr-lhe algo que
pretenda evitar mas logicamente que nos satisfaria imenso a sua presença. Poupá-lo-emos
a situações de excessiva emotividade ou ceremoniais pomposos mas é generalizada a
necessidade que sentimos de lhe expressar a nossa gratidão pelo que fez pela especialidade
e pela forma amistosa como sempre incentivou os mais novos à sua boa evolução.
De todo o modo, está fora de questão que nos possa levar a mal por este gesto que, em
caso algum, deverá pôr em causa a profunda amizade que a totalidade de nós lhe devota.
Na expectativa de que possa estar connosco em Aveiro, peço que aceite as nossas mais
sinceras e cordiais saudações.
José Martinez de Oliveira 1º como amigo e admirador 2º Presidente da SPG
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40 anos
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Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
De:
Aurélio Lopes Ferreira
Para:
jmo@...
Data:
07/09/2008 22:21
Assunto: Próximo Congresso
80
De:
“Jose Martinez de Oliveira”
Para:
“Aurélio Lopes Ferreira” <aurelio.ferreira@...
Data:
07/10/2008 10:02
Assunto: Re: Próximo Congresso
Meu caro Dr. Martinez
Caríssimo amigo
Antes do mais, as minhas desculpas por só hoje responder à sua tão amável mensagem
electronica, mas a verdade é que sou um pexote nestas andanças internéticas e só hoje,
com mais de 20 dias de atraso é que fui ver se tinha algum correio para mim. (A minha
ideia de correio continua a ser a do carteiro que toca à campaínha… Aliás, penso muito
seriamente, que já só cheguei a estas modernices com 50 ou 60 anos de atraso).
Conhecendo-o como julgo que acho, sabendo das suas convicções e posturas, e estando
seguro que com todas as limitações que teve e acha que tem quero dizer-lhe que foi para
nós uma figura paradigmática.
A sua mensagem foi como um autêntico tsunami na rotina pacata dos meus dias de senhor
de idade. Por um lado, foi com muita satisfação que a minha vaidadesinha humana tomou
conhecimento do vosso projecto, onde, no entanto, não vejo qualquer mérito da minha parte,
mas apenas a evidência da amizade e estima que todos vocês me têm sempre dispensado.
Levar-vos a mal por este gesto? Nem pensar. Por outro lado, o arranque já tão distante
da Sociedade, foi tão só uma expressão do meu ponto de vista, que continuo a perfilhar, de
que ginecologia é uma coisa e obstetrícia é outra.
Por outro lado, além de não reconhecer qualquer mérito especial da minha parte,para essa
distinção que me querem atribuir, continuo a considerar-me apenas um operário, um pobre
diabo que se entrega sempre por inteiro em tudo em que se empenha e, como você próprio
afirma, com grande aversão a sessões de homenagem, que sei não merecer. Recordome que há já vários anos, o Dr. Daniel, que muito estimo, tentou convencer-me a igual
homenagem, convite êsse a que a minha modestia e o reconhecimento da minha pouca
valia, não me permitiram corresponder.
Está a custar-me imenso decidir entre o reconhecimento da minha pouca valia para tal
distinção e responder-lhes com ingratidão ao vosso convite tão gentil e tão Amigo. Dê-me
alguns dias para pensar, na certeza de que decida o que decidir, nunca esquecerei a vossa
amizade de tantos anos. Um abraço do
Aurélio
Digo foi porque embora para o mesmo grupo continue a sê-lo mas não sei se estaria de
acordo com os padrões correntes nós que éramos os jovens de então somos agora os mais
velhos e com sensação por vezes de “fora do tempo”.
Entendo e entendi que lhe seria até bem difícil aceitar agora o que recusou há anos, e que
isso lhe poderia causar conflitos no seu íntimo.
Por isso, MEU AMIGO, aceite que a decisão mesmo que o mérito não existisse (o que todos
nós discordamos) poderia ser baseada no sentimento de AMIZADE e AJUDA manifesta pela
sempre presente DISPONIBILIDADE. Veja pois que temos bons motivos (dos antigos) para
lhe manifestarmos o nosso apreço.
Para lhe poupar aquelas dificuldades, já que AMIGO NÄO CHATEIA AMIGO, evito-lhe a tarefa
da aceitação, que tomámos a liberdade de ultrapassar. Assim a única decisão que terá de
tomar é se vai ou não estar presente na cerimónia !
Mas se fôra necessário outra qualquer razão, para falarmos sobre isso visitá-lo-ei quando
fôr a Coimbra, e esta será seguramente uma mais-valia do convite.
Receba um forte abraço deste seu amigo perene
e apenas temporário Presidente da SPG
José Martinez de Oliveira
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40 anos
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Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
De:
Aurélio Lopes Ferreira <aurelio.ferreira@...
Para:
jmo@...
Data:
07/13/2008 21:33
De:
“Jose Martinez de Oliveira”
Para:
“Aurélio Lopes Ferreira”
Data:
07/19/2008 12:14
Assunto: Re: Congresso de 2009
Assunto: Congresso de 2009
Meu Caro Amigo
A amizade tem destas coisas: enrigece-nos as convicções e amolece-nos as emoções.
Meu caro Dr. Martinez
Espero visitá-lo no primeiro sábado de Setembro, dia 6.
Rendo-me.
Entretanto receba o nosso forte abraço, meu e de todos os demais responsáveis pela SPG
José Martinez de Oliveira
82
Alguém me convenceu que não tenho o direito de sobrepor as minhas convicções a uma
Amizade de tantos anos, que tenho por todos vós.
Por isso, é muito reconhecido, que aceito o vosso convite, ao qual procurarei corresponder
da melhor maneira.
Um abraço do
Aurélio
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Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Discurso
do Presidente de Honra
do XI Congresso Português
de Ginecologia
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Aurélio Lopes Ferreira
Secretário Geral das primeiras três Comissões
Coordenadoras (1975-1984)
Presidente de Honra do XI Congresso Português
de Ginecologia
Recuando, por um subtil clique de memória,
aos quase pré-históricos tempos do
nascimento da Sociedade Portuguesa de
Ginecologia, não encontro um único acto da
minha parte que justifique a homenagem
que agora me é prestada e que sempre
procurei evitar. Sinceramente, se alguma
coisa fiz nesta cruzada que constituiu o
nascimento e a vida da nossa Sociedade,
foi ter conseguido criar um magnífico clima
de amizade, situação essa, que a meu ver
estará subjacente a esta homenagem.
Tantos e tantos amigos que agora vejo à
minha volta! Só lamento, com profunda
mágoa, não poder ver muitos outros que,
pela inexorável lei da vida, foram ficando
irremediavelmente pelo caminho.
Esta Sociedade nasceu de um desejo de
afirmação da ginecologia portuguesa, como
especialidade médico-cirúrgica, de cariz
marcadamente científico.
A ginecologia era nesse tempo, entre nós,
uma especialidade muito incipiente. A
dismenorreia tinha de ser suportada pela
jovem com paliativos e desconforto. A THS
estava reduzida a um medicamento injectável
que tinha um desmame automático, pois
a doente ia-se descuidando da injecção
mensal e a situação ia-se resolvendo, pelo
tempo fora, com paciência e resignação.
A contracepção era pouco mais que uma
miragem. Não havia ainda ecografia, a
endoscopia dava entre nós os primeiros
passos e a cirurgia era tão rudimentar que
em muitas situações era apenas um meio
de causar fístulas vesicovaginais. Havia
quem praticasse ainda a histerectomia
sub-total, porque era tecnicamente mais
acessível e pela crendice de que a ablação
do útero penalizava sexualmente a mulher.
Havia apenas um citostático, muito utilizado
embora sem grandes resultados, no cancro
do ovário. E, falta quase imperdoável,
a ginecologia ignorava por completo a
senologia, então praticada exclusivamente
pela cirurgia geral.
Com o aparecimento da Sociedade
Portuguesa de Ginecologia, em 1975, nos
primeiros tempos com reuniões científicas
mensais, a ginecologia foi surgindo com
uma valorização que é hoje incontestada.
Foi deixando gradualmente de ser entre
nós, a especialidade dos corrimentos e
das comichões, para começar a ser mais
reconhecida e a ganhar um lugar mais
científico na medicina portuguesa. Deram-
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40 anos
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Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
se os primeiros passos no estudo e na
investigação, embora limitada entre nós
apenas ao ensaio clínico. Os Congressos
Portugueses de Ginecologia, de 3 em 3 anos
e o aparecimento de uma revista trimestral,
o “Boletim da Sociedade Portuguesa
de Ginecologia” depois substituído pela
“Ginecologia e Medicina da Reprodução”
ajudaram a consolidar esse progresso.
86
Cumpre-me assim dirigir a todos uma
palavra de saudação e de regozijo pelo facto
de termos chegado até aqui, mostrando a
nossa Sociedade a mesma vitalidade dos
primeiros dias. Há hoje, como que um
reconhecimento generalizado de que valeu
a pena. Parafraseando o Presidente Obama,
é com muito orgulho que hoje podemos
afirmar: Nós conseguimos.
A ginecologia tem hoje uma relação algo
indefinida com a obstetrícia. Sendo ambas
descendentes da cirurgia, nos primórdios
de uma medicina mais científica, estas
2 especialidades foram caminhando por
trilhos diferentes, uma e outra vez, por
caminhos paralelos, mas sempre distintos.
Actualmente, as Faculdades de Medicina
têm cadeiras distintas, os hospitais acima
de uma certa dimensão têm serviços
hospitalares diferentes e autónomos,
a
obstetrícia
aproximando-se
muito
naturalmente da medicina neonatal e a
ginecologia desdobrando-se em valências
cada vez mais diferenciadas como a
esterilidade, o climatério, a uroginecologia,
a endoscopia, a ginecologia oncológica e a
firme conquista da clínica mamária.
Hoje, porém, é politicamente correcto
considerar a ginecologia e a obstetrícia
como uma especialidade única, num
casamento a meu ver cada vez mais
forçado, obrigando essa especialidade
conjunta a ser estudada e praticada pelos
mesmos especialistas. E, no entanto, os
novos internos, que são obrigados a passar
pelas duas especialidades, vêm depois,
na prática clínica, a exercer correctamente
apenas uma delas, com uns rudimentos da
outra. Muitos dos médicos já formados
anteriormente são especialistas de uma
dessas especialidades por dedicação,
estudo e avaliação profissional e da outra por
decreto-lei. E há assim hoje ginecologistasobstetras que nunca fizerem um parto; e
outros que, praticando a obstetricia com
muita qualidade, não dominam devidamente
a ginecologia, nomeadamente a nível das
novas valências, da endoscopia e da cirurgia
oncológica.
Verifica-se, paradoxalmente, que à medida
que cada uma destas especialidades vai
enriquecendo com mais conhecimentos,
mais profundidade e mais valências
altamente diferenciadas, maior é a
tendencia para as juntar.
Confesso que não consigo entender para
onde se caminha. Hoje, penso que a minha
dificuldade de compreender a situação se
deve apenas à minha incapacidade e à minha
impreparação para o efeito. Não é, por isso,
meu propósito discutir aqui o problema,
até porque sinto que esta questão não é
pacífica. E tenho de confessar que não está
nos meus horizontes entrar na discussão
de problema tão complexo e tão polémico,
que poderá levar muito tempo a resolver, de
acordo com a evolução científica e a paixão
dos intervenientes. E eu, nesta minha
juventude prolongada, já só posso pensar
no curto prazo.
Permitam-me que depois de um discurso
tão chato e tão descolorido, faça uma
previsão muito aligeirada deste problema,
baseada na observação atenta da
evolução do pequeno mundo que me
rodeia, tão contrária ao reconhecimento
da evolução da ciência e da tecnologia. E
assim, prevejo uma desvalorização cada
vez maior do ginecologista e do obstetra;
prevejo que a ginecologia, na sua vertente
cirúrgica passará a ser feita apenas
em ambulatório, por um administrador
hospitalar, com recurso a uma máquina
de calcular, recuando o ginecologista aos
corrimentos e às comichões; quanto à
obstetrícia, prevejo um futuro ainda menos
interventivo: um casal que pretenda um
filho, poderá escolhê-lo por um catálogo de
ADN-simplex, num quartel de bombeiros,
pagando evidentemente a respectiva taxa
moderadora. E as maternidades, então
devolutas, poderão passar a ser ocupadas
por uma qualquer Entidade Reguladora,
que, mesmo nada sabendo da arte e da
ciência da medicina, que, mesmo nada
sabendo do que é um doente no contexto
sempre presente de sofrimento, angústia
e frustração, se proponha resolver mais
sabiamente os delicados problemas da
saúde da mulher.
Quase
a
terminar
este
momento
privilegiado de protagonismo que me
proporcionaram, sinto que devo ainda
manifestar publicamente a minha profunda
gratidão por aqueles que mais contribuíram
para a minha cultura ginecológica e para
o relativo sucesso da minha carreira
profissional: o Professor Ibérico Nogueira,
o Professor Henrique Miguel Resende
Oliveira, o Dr. João Cortez Vaz e o Professor
Mário Mendes, todos eles figuras de grande
relevo na medicina portuguesa. Dirão
alguns, porventura mais irreverentes, que
com tantos profes andei sempre muito mal
acompanhado. Eu, realisticamente, direi
apenas que me sinto um privilegiado com as
oportunidades que a vida me proporcionou.
Em todo o meu tempo de estudante
de ginecologia, que ainda sou, tive
assim oportunidade de ter sempre bons
Mestres, benefício este a que depois
procurei corresponder contribuindo para a
formação de largas dezenas de Internos de
ginecologia, uns ainda em Coimbra e muitos
outros espalhados por esse país fora, que
muito têm honrado e prestigiado a Escola
que os preparou.
Depois de 50 anos a servir a ginecologia, com
dedicação e por vezes, com sacrifício, mas
sempre com uma sensação reconfortante,
gostaria de me dirigir especialmente aos mais
novos: Dediquem a vossa vida profissional
ao serviço da ginecologia, cultivando-a com
o rigor e a devoção que ela merece. Só
assim será possível assumir uma postura
que vos dê autoridade para contrariar aquilo
de que nos acusam tantos e cada vez mais
profanos da medicina, desde governantes
a administrativos e afins, que descarregam
para cima do médico a frustração de nem
sempre conseguirem uma solução brilhante
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40 anos
40 anos
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
para as suas ambições e problemas, muitas
e muitas vezes agravados pelos seus
próprios erros e desilusões.
A terminar, faço questão de voltar a
agradecer muito penhorado, esta grande
prova de simpatia e carinho, que agora
sinto à minha volta e que muito me honra.
Como um simples servidor da ginecologia,
que sempre fui, não é todos os dias que se
é assim acarinhado pela elite da ginecologia
portuguesa.
Muito e muito obrigado a todos os que
decidiram, e tanto insistiram, nesta
manifestação de inesquecível prova de
amizade e de consideração pessoal e
profissional.
Muito obrigado.
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Entrevista com Dr. Aurélio Ferreira em 1976
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Termo de Abertura do Livro de Actas
(página anterior) 1ª página do livro de Actas
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Sociedade Portuguesa de Ginecologia
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Secção Portuguesa
de Endoscopia Ginecológica
Na comemoração dos 40 anos da
Sociedade Portuguesa de Ginecologia,
solicita-me a Srª Presidente, Drª Fernanda
Águas, a elaboração de um breve texto de
memórias sobre a criação e os primeiros
anos da Secção Portuguesa de Endoscopia
Ginecológica.
92
João Luis Silva Carvalho
Presidente da Secção Portuguesa
de Endoscopia Ginecológica (1998 - 2002)
Tive o privilégio de ser Secretário-Geral da
SPG sob a Presidência de duas das mais
ilustres personalidades da Ginecologia
Portuguesa: a Drª Teresa Osório, que
protagonizou importantes transformações
marcando indelevelmente a história da nossa
Sociedade e o meu muito querido amigo
Daniel Pereira da Silva que a engrandeceu
e enriqueceu de uma forma que, no início,
julgávamos impensável. Chegamos a ser
uma das maiores, senão a maior, Sociedade
Científica da Europa na área de Ginecologia
e culminamos o mandato com um congresso
realizado no Estoril que contou com cerca
de 1.000 participantes e o apoio de 46
empresas da área médica.
À transformação e crescimento da
Sociedade associou-se o desenvolvimento
de Secções. Criadas no mandato de 1997
a 1999, foi necessário alterar os estatutos
da SPG (A.G. de 30 de Novembro de
1996) e elaborar regulamentos idealizados
para
conceder
autonomia
científica
mas a impedir formas de organização e
acções que possibilitassem divergências
ou desvinculamento da Sociedade mãe.
De facto, o alargar do âmbito da ciência
Ginecológica e o desenvolvimento de áreas
singulares, tornavam cada vez mais difícil
responder, em reuniões de carácter geral,
com acuidade e de forma actualizada a
interesses específicos de muitos associados.
Admitidas as inscrições (obrigatoriamente
sócios da SPG) para as 3 áreas diferenciadas,
realizou-se um processo electivo para
as respectivas Direcções (Presidente,
Secretário-Geral e Tesoureiro).
O sortilégio das circunstâncias proporcionoume a prerrogativa de ser um dos fundadores,
o sócio nº 1, e primeiro Presidente da Secção
Portuguesa de Endoscopia Ginecológica
(SPEG). Integraram também a Direcção
no primeiro mandato, o distinto cirurgião
António Alves, na qualidade de SecretárioGeral, e a colega Teresa Pinto Correia que
criteriosamente desempenhou as funções
de Tesoureira.
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40 anos
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Acreditávamos
que
o
crescente
desenvolvimento da Histeroscopia e da
Laparoscopia justificavam a criação de uma
forte plataforma empenhada na discussão,
reflexão e troca de conhecimentos, na área
da Cirurgia Ginecológica e dos seus mais
recentes desenvolvimentos. À actualização
e intercâmbio científico, profundo e validado,
seguir-se-ia a difusão do conhecimento, que
procuraríamos fazer chegar aos diversos
níveis da nossa comunidade profissional,
para que a todos chegasse informação
com interesse e importante para a prática
clínica. Porque pensavamos, que os
velozes progressos tecnológicos que se
verificavam nas técncias endoscópicas, nos
levariam a desembocar, no futuro, numa
realidade em que quase todos os tipos de
cirurgia ginecológica seriam realizados por
procedimentos minimamente invasivos.
Tinhamos a sorte de estar a viver na
crista de uma onda que se iniciava, mas
que ganhava força e mais corpo todos os
dias, com conquistas de procedimentos
mais avançados como a histerectomia e a
colposuspensão laparoscópicas.
No capítulo da Histeroscopia, era fascinante
conseguir diagnosticar e tratar no interior
de um órgão fundamental, visualmente
inacessível, e eliminar patologias até
então dificil e insuficentemente resolvidas,
como as sinéquias, os pólipos ou os
miomas submucosos. Realizamos diversos
cursos em vários pontos do país, em
importante colaboração com hospitais
como o IPO do Porto, os Hospitais da
Universidade de Coimbra, Santarém, Braga
e Viseu. Nesses cursos, com discussão
de temas e demonstrações “ao vivo” de
histeroscopias diagnósticas e cirúrgicas,
contamos não só com a participação de
peritos nacionais como o António Alves ou
o Alberto Fradique entre outros, mas de
forma muito importante com a liderança
cirúrgica e activíssima participação do
cirurgião holandês Sjoerd de Block. A este
conhecimento pessoal do António Alves
se deve muito na aprendizagem e difusão
da histeroscopia cirúrgica, em particular
ressetoscópica, em Portugual.
No que respeita à Laparoscopia, em que
indiscutívelmente o pioneirismo pertence
aos cirurgiões da área da reprodução,
verificava-se a “intromissão” de oncologistas
e uroginecologistas, que adoptavam este
novo tipo de cirurgia para tratamento de
neoplasias ginecológicas e reparação do
pavimento pélvico, em detrimento das
grandes laparotomias e da abordagem por
via vaginal.
O desenvolvimento verificava-se “a turbo”
quando iniciamos o 2º mandato (20002002) em que as funções de SecretárioGeral foram desempenhadas pelo imparável
e inesgotável Alberto Fradique e as de
Tesoureiro pelo colega Carlos Guerra dos
HUC. Para além das diversas reuniões
efectuadas com enorme participação e
entusiasmo como os cursos Pré-Congressos
da SPG, os realizados em Vila Real e no
Funchal, ou as Ias Jornadas Internacionais
de Endoscopia Ginecológica com a presença
da Direcção da ESGE (Chris Sutton; Ray
Garry; Jacques Desquesne) o ponto alto do
mandato foi a concretização, em Lisboa,
do Congresso Europeu de Endoscopia
Ginecológica (ESGE). De facto, por inerência
de funções, tive o privilégio de integrar
o General Board da ESGE e de, com a
imprescindível colaboração e fantástico
trabalho do Fradique, conseguir trazer para
Portugal o Congresso Europeu de 2001 de
que fui Presidente.
Escrevi no 1º folheto de anúncio e
divulgação do Congresso, para além de
justos encómios à cidade de Lisboa: “The
development of endoscopy during the last
years has presented the Gynecologists
with new powerful tools in diagnostic and
therapeutics.
Diagnostic endoscopy is progressively
moving out of the operating room into
the office and this evolution will have a
great repercussion in Gynecological care;
Endoscopic surgery is in the front line of
surgical technology as many endoscopic
techniques are well established procedures
for almost all pelvic surgery.” E mais adiante
“……Our aim is to spread the knowledge in
this expanding area, including in the program
some topics of highly differentiated surgery
and others for the Gynecologists that want
to begin practicing endoscopy: Endoscopy
for everyone!”
Posteriormente, no Livro de Proceedings
do Congresso em co-autoria com M. Bruhat,
R. Campo, A. Fradique, J. Dequesne e A.
Setúbal, aduzi:
“ The scientific articles in this book written
by important scientists and clinicians
around the world endeavouring to cover the
most important aspects of Gynaecological
Endoscopy. As the aim of the ESGE and of
the Editors is to spread the knowledge in this
expanding area, we have combined topics
of highly differentiated surgery and basic
ones for the less experienced Gynaecologist;
“Endoscopy for everyone”. ..… “A further
step is the broad diffusion of the knowledge
and conclusions drawn to all the levels of our
professional community. Also here we believe
that the ESGE as the European representative
of the gynaecological surgeons must take its
responsibilities.”
A terminar este breve apelo à memória e
porque “os homens e os povos que não
respeitam a memória morrem de frio”,
não posso deixar de evocar a importante
contribuição de Chris Sutton e Jacques
Dequesne para a realização do “Congresso
de Lisboa” e, num patamar superior, de
Maurice Bruhat, grande mestre infelizmente
já falecido. Mas acima de todos, por muitos
anos e em permanência, o mais importante
inspirador, “supporter” e motor, foi o actual
Presidente da ESGE Rudi Campo. À sua
amizade, dedicação e muito trabalho, deve
a SPEG participações internacionais, a
concretização do Congresso Europeu em
Portugal e a realização de diversos eventos
científicos nacionais. Para ele, como para
todos os sócios da SPEG, um “abraço
endoscópico” nesta hora de aniversário.
95
40 anos
40 anos
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Secção Portuguesa de
Colposcopia e Patologia
Cervico-Vulvo-VaginaL
A Secção Portuguesa de Colposcopia e
Patologia Cérvico-Vulvo-Vaginal (SPCPCV) é
uma das Secções que formam a Sociedade
Portuguesa de Ginecologia (SPG), tendo
sido constituída em 1998.
96
José Maria Moutinho
Presidente da Secção Portuguesa de Colposcopia
e Patologia Cervico-Vulvo-Vaginal (2000 - 2009)
Tem
como
objectivo
promover
o
conhecimento e a investigação do tracto
genital inferior da mulher, mediante o uso
da Colposcopia e de todas aquelas técnicas,
que como a epidemiologia, citologia e
patologia, investigação básica ou cirúrgica
podem ser úteis para conhecer as causas,
prevenção, diagnóstico e tratamento das
doenças que afectam a vulva, vagina e colo
do útero.
Para conseguir os seus objectivos a SPCPCV
fomenta e promove seminários, publicações,
cursos de formação, simpósios e colabora
com a SPG e a FSPOG na organização dos
seus congressos.
Os membros da SPCPCV, são todos
membros da SPG com interesse especial
nas patologias do tracto genital inferior da
mulher.
A SPCPCV é membro da International
Federation of Cervical Pathology and
Colposcopy (IFCPC) e membro fundador da
European Federation of Colposcopy (EFC),
constituída num célebre Congresso Europeu
de Colposcopia, realizado em Dublin
em 1999, onde a novíssima associação
portuguesa (SPCPCV) foi representada pela
sua primeira direcção eleita: Presidente Dr. Daniel Pereira da Silva; Secretário-GeralDr. Luís Pardal; Tesoureiro- Dr. José Maria
Moutinho.
A prática sistemática da Colposcopia
nos nossos hospitais deu-se apenas nas
décadas de 70 e 80, do século passado.
Esta prática era realizada por ginecologistas
especialmente interessados nesta área do
conhecimento, mas que dispunham apenas
de uma parte pouco significativa do seu
trabalho dedicado a esta patologia. As
interpretações e as condutas clinicas eram
muito individualizadas, e a maioria dos
conhecimentos eram obtidos pela leitura de
textos de colposcopia: - “Tratado y Atlas de
Colposcopia” por Carrera, Dexeus e Coupez1973; “Cervical Pathology and Colposcopy”
E.Bughard, E.Holter, J.A.Jordan - 1975;
bem como estágios curtos realizados
sobretudo em Paris (F.Coupez) e em
Barcelona (S.Dexeus).
As consequências práticas do trabalho
desenvolvido, desde 1998, pelas diferentes
direcções da SPCPCV, contribuiu para a
existência nos Serviços de Ginecologia
dos principais hospitais portugueses,
97
40 anos
40 anos
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
de verdadeiras unidades funcionais de
colposcopia, dotadas de equipamento,
estrutura física e humana especialmente
vocacionadas para o diagnóstico e
tratamento da patologia do tracto genital
inferior,
conduzidos
por
protocolos
elaborados pela SPCPCV.
A Secção Portuguesa de Colposcopia e
Patologia Cérvico-Vulvo-Vaginal (SPCPCV),
actualmente dirigida pelo Prof. Doutor José
Alberto Moutinho tem como principal tarefa:
98
- Manter o actual nível das unidades
existentes, contribuindo para a formação
contínua e estabelecendo critérios de
qualidade.
A dinâmica e o trabalho desenvolvido
pela SPCPCV vão no sentido de colocar
as unidades de colposcopia portugueses
dentro do melhor nível de excelência, que
se faz nesta área do conhecimento.
99
40 anos
40 anos
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Ginecologia Oncológica
Do Grupo Cooperativo à Secção
A ginecologia oncológica teve sempre
uma expressão significativa no historial
da Sociedade Portuguesa de Ginecologia
(SPG). Um dos sinais que apontam nesse
sentido, reside no facto de que muitos
dos elementos de maior destaque das
sucessivas direções estavam ligados a essa
área da especialidade.
100
Daniel Pereira da Silva
Presidente da Secção Portuguesa
de Ginecologia Oncológica (2006-2012)
A
ginecologia
oncológica
assumiu
progressivamente foros de disciplina,
quando se emancipou da cirurgia geral com
a criação de um currícula específico e a
definição da metodologia própria. Tal facto
teve expressão no espaço europeu com
a criação em 1983 da ESGO - European
Society of Gynaecological Oncology.
No âmbito da SPG, o primeiro sinal que
consubstanciou a necessidade da criação
de um espaço próprio nessa área foi o
aparecimento do Grupo Cooperativo de
Ginecologia Oncológica em 1984, que
contou com a colaboração dos mais diversos
serviços e unidades que se dedicavam a
essa patologia, no seio do qual se discutiram
protocolos de diagnóstico, tratamento e
seguimento, promoveram diversos estudos,
bem como registos de patologias mais raras.
Essa dinâmica nacional deveu-se sobretudo
ao espírito empreendedor e de liderança de
personalidades nacionais notáveis como a
Drª Maria Teresa Osório e o Prof. Doutor
Carlos Freire de Oliveira.
Em 1991, perante a impossibilidade de
criar a subespecialidade de ginecologia
oncológica, nasceu o Ciclo de Estudos
Especiais em Ginecologia Oncológica, que
encerrava um programa de formação teórico
e prático de dois anos. Facto determinante
para a formação de mais especialistas
preferencialmente dedicados a essa área.
Por volta de 1995 chegaram à SPG
indicações de que devíamos desenvolver
no país uma sociedade científica na área da
ginecologia oncológica.
Para evitar divisões e dispersão de
recursos, a Drª Maria Teresa Osório sentiu
a oportunidade do apelo e decidiu criar em
1996 , no seio da SPG, a SPGO - Secção
Portuguesa de Ginecologia Oncológica.
De 26 de Abril a 2 de Maio de 1997 realizouse em Coimbra o 10th International Meeting
of Gynaecological Oncology , sob a liderança
do Prof. Carlos de Oliveira, então presidente
da SPGO. Foi um congresso marcante
na história da ESGO, pela excelência do
programa científico.
A SPGO passou a organizar reuniões e
simpósios regulares, em rotatividade com
101
40 anos
40 anos
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
iniciativas das outras secções. Participou nos
congressos da SPG, onde foi responsável
por diversas sessões. Organizou e reviu
regularmente os Consensos sobre Cancro
Ginecológico. Trouxe até nós especialistas
de referência mundial nesta área da
102
especialidade. Motivou a apresentação
e discussão da experiência nacional,
contribuindo assim para o desenvolvimento
desta disciplina ao nosso país, que veio a
ser reconhecida com subespecialidade pela
Ordem dos Médicos, em 2013.
103
40 anos
40 anos
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Secção Portuguesa
de Uroginecologia
104
Teresa Mascarenhas
Presidente da Secção Portuguesa
de Uroginecologia (2004 - 2009)
A Secção Portuguesa de Uroginecologia
(SPUG), criada em 2001, é uma das Secções
que integram a Sociedade Portuguesa de
Ginecologia (SPG), tendo como missão:
Andrade Moniz. Atualmente, a SPUG é
dirigida pela Drª Liana Negrão.
--Criar um grupo de interesse em
uroginecologia
e
problemas
afins,
constituído por médicos ginecologistas
sócios da SPG;
Para conseguir os seus objetivos, a
SPUG fomenta e promove seminários,
publicações, cursos de formação, simpósios,
bem como outras iniciativas de âmbito
formativo e colabora com a SPG, com a
Federação das Sociedades Portuguesas
de Obstetricia e Ginecologia (FSPOG) e
com a Associação Portuguesa de NeuroUrologia e Uroginecologia (APNUG). Essa
colaboração concretiza-se em diversas
vertentes, nomeadamente a organização
de congressos a nível nacional. A nível
internacional, realça-se, neste contexto, a
realização do 36º Annual Meeting da IUGA,
que teve lugar em Lisboa no ano de 2011
e que foi considerado um enorme sucesso.
--Promover a difusão e o ensino de técnicas
de diagnóstico, tratamento das disfunções
do pavimento pélvico da mulher e, em
particular, a prevenção da incontinência
urinária feminina e do prolapso genital;
--Incentivar o conhecimento e investigação
técnica e científica nesta área da
especialidade,
nomeadamente
pela
realização de protocolos e iniciativas
comuns com instituições científicas
nacionais e estrangeiras, no âmbito da
Uroginecologia;
--Promover contactos entre os membros da
Secção e grupos nacionais e internacionais
com interesses afins.
A primeira Direcção eleita era composta pelos
seguintes elementos:Presidente Professora
Doutora Teresa Mascarenhas; SecretáriaGeral Drª Liana Negrão; Tesoureiro Dr Luís
Os membros da Direcão da SPUG têm
assegurado uma presença ativa e relevante
em vários órgãos de gestão, comités
científicos, de educação e investigação e
desenvolvimento de diversas Sociedades
de Uroginecologia, tais como: International
Urogynecological
Association
(IUGA),
European Urogynecological Association
(EUGA),
International
Pelvic
Floor
Dysfunction Society (IPFDS) e Sociedad
Ibero American de Neuro-Urologia (SINUG); a
105
40 anos
40 anos
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
nível nacional, na Associação Portuguesa de
Neuro-Urologia e Uroginecologia (APNUG).
A SPUG é, aliás, uma sociedade afiliada da
IUGA e EUGA.
A dinâmica e o trabalho desenvolvido pelas
Direcções da SPUG têm contribuído para
a disseminação de práticas de excelência
106
da Uroginecologia, validadas pela IUGA,
EUGA e ICS, em hospitais portugueses e
para a criação nos Serviços de Ginecologia,
de Unidades Funcionais de Uroginecologia,
dotadas de equipamento, estruturas e
recursos físicos e humanos especialmente
vocacionadas para o diagnóstico e
tratamento das disfunções do pavimento
pélvico da mulher.
SPG - AS SUAS DIRECÇÕES
1975 - 2015
SPG
SOCIEDADE
PORTUGUESA DE
GINECOLOGIA
107
40 anos
40 anos
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
1ª Direcção (1975 - 1978)
Presidente: Henrique Miguel Resende de Oliveira (Coimbra)
Vice-Presidente:Albino Aroso (Porto)
Secretário-Geral: Aurélio Lopes Ferreira (Coimbra)
Tesoureiro: José Milheiro Fernandes (Lisboa)
Vogais:Carlos Freire de Oliveira (Coimbra)
Antero Ferreira Torres (Porto)
Joaquim Pinto de Oliveira (Guimarães)
2ª Direcção (1979 - 1981)
Presidente: Carlos Freire de Oliveira (Coimbra)
Vice-Presidente: Antero Ferreira Torres (Porto)
Secretário-Geral: Aurélio Lopes Ferreira (Coimbra)
Tesoureiro: Carlos de Sousa Marques (Coimbra)
Vogais:
José Bessa Meneses e Sousa (Lisboa)
José Martinez de Oliveira (Porto)
João Alves Pimenta (Évora)
108
3ª Direcção (1982 - 1984)
Presidente: Carlos Freire de Oliveira (Coimbra)
Vice-Presidente: Antero Ferreira Torres (Porto)
Secretário-Geral: Aurélio Lopes Ferreira (Coimbra)
Tesoureiro: Carlos de Sousa Marques (Coimbra)
Vogais:
José Bessa Meneses e Sousa (Lisboa)
José Martinez de Oliveira (Porto)
João Alves Pimenta (Évora)
4ª Direcção (1985 - 1987)
Presidente: João da Silva Carvalho (Porto)
Secretário-Geral: Maria Teresa Osório (Porto)
Tesoureiro: João Luís Silva Carvalho (Porto)
Vice-Presidentes:Antero Ferreira Torres (Porto)
Aurélio Lopes Ferreira (Coimbra)
José Bessa Meneses e Sousa (Lisboa)
Vogais:António Augusto Almeida (Viseu)
Domingos Jardim da Pena (Braga)
Carlos Calhaz Jorge (Lisboa)
5ª Direcção (1988 - 1990)
Presidente:
João da Silva Carvalho (Porto)
Secretário-Geral: Maria Teresa Osório (Porto)
Tesoureiro: Rui Manuel Mendes Ribeiro Fael (Porto)
Vice-Presidentes:Antero Ferreira Torres (Porto)
João Cortez Vaz (Coimbra)
José Bessa Meneses e Sousa (Lisboa)
Vogais:Domingos Jardim da Pena (Braga)
Daniel Pereira da Silva (Coimbra)
Carlos Calhaz Jorge (Lisboa)
6ª Direcção (1991 - 1993)
Presidente: Henrique Miguel Resende de Oliveira (Coimbra)
Secretário-Geral: Daniel Pereira da Silva (Coimbra)
Tesoureiro: Maria Ondina Campos (Coimbra)
Vice-Presidentes: Maria Teresa Osório (Porto)
João Cortez Vaz (Coimbra)
José Bessa Meneses e Sousa (Lisboa)
Vogais
Maria de Fátima P. C. Moutinho (Porto)
Luís Almeida e Sousa (Coimbra)
Maria da Graça Mendonça (Lisboa)
7ª Direcção (1994 - 1996)
Presidente:
Maria Teresa Osório (Porto)
Secretário-Geral: João Luís Silva Carvalho (Porto)
Tesoureiro: Maria da Conceição Domingues (Porto)
Vice-Presidente: José Martinez de Oliveira (Porto)
José Bessa Meneses e Sousa (Lisboa)
Daniel Pereira da Silva (Coimbra)
Vogais:
Maria de Fátima P. C. Moutinho (Porto)
Maria Ondina Campos (Coimbra)
Maria da Graça Mendonça (Lisboa)
8ª Direcção e outros orgãos directivos (1997 - 1999)
Presidente: Maria Teresa Osório (Porto)
Secretário-Geral: João Luís Silva Carvalho (Porto)
Tesoureiro:
Maria da Conceição Domingues (Porto)
109
40 anos
40 anos
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Vice-Presidente: José Bessa Meneses e Sousa (Lisboa)
Daniel Pereira da Silva (Coimbra)
José Martinez de Oliveira (Porto)
Vogais:
Maria da Graça Mendonça (Lisboa)
Maria Ondina Campos (Coimbra)
Maria de Fátima P. C. Moutinho (Porto)
Secção Portuguesa de Ginecologia Oncológica
Presidente: Carlos de Oliveira (Coimbra)
Secretário: Maria Teresa Osório (Porto)
Tesoureiro: Ana Francisca Jorge (Lisboa)
Secção Portuguesa de Colposcopia e Patologia Cérvico-Vulvo-Vaginal
Presidente:Daniel Pereira da Silva (Coimbra)
Secretário:Luis Pardal (Lisboa)
Tesoureiro:
José Cardoso Moutinho ( Porto)
110
Secção Portuguesa de Endoscopia Ginecológica
Presidente:
João Luis Silva Carvalho (Porto)
Secretário:António Alves (Porto)
Tesoureiro:
Maria Teresa Pinto Correia (Santarém):
9ª Direcção e outros orgãos directivos (2000 - 2002)
Presidente: Daniel Pereira da Silva (Coimbra)
Vice Presidentes: José Martinez de Oliveira (Porto)
Isabel Torgal (Coimbra)
Maria da Conceição Telhado (Lisboa)
Secretário Geral: João Luís Silva Carvalho (Porto)
Tesoureiro:
Maria Ondina Campos (Coimbra)
Vogais:
Francisco Nogueira Martins (Viseu)
José Cardoso Moutinho (Porto)
Maria de Fátima Romão (Lisboa)
Secção Portuguesa de Ginecologia Oncológica
Presidente: Maria Teresa Osório (Porto)
Secretário:Ana Francisca Jorge (Lisboa)
Tesoureiro: Almerinda Petiz (Porto)
Secção Portuguesa de Colposcopia e Patologia do Tracto Genital Inferior
Presidente:
José Maria Cardoso Moutinho (Porto)
Secretário:
Maria Cândida Lopes Pinto Lima (Porto)
Tesoureiro:
José Alberto Moutinho (Coimbra
Secção Portuguesa de Endoscopia Ginecológica
Presidente: João Luís Silva Carvalho (Porto)
Secretário:Alberto Fradique (Lisboa)
Tesoureiro: Carlos Guerra (Coimbra)
Secção Portuguesa de Uroginecologia
Presidente: Maria Teresa Mascarenhas (Porto)
Secretário:Liana Negrão (Coimbra)
Tesoureiro: Luis Moniz (Lisboa)
10ª Direcção e outros orgãos directivos (2003 - 2005)
Presidente:Daniel Pereira da Silva (Coimbra)
Vice Presidentes: Maria Isabel Torgal Dias da Costa (Coimbra)
José Martinez de Oliveira (Porto)
Conceição Telhado (Lisboa)
Secretário Geral: João Luís Silva Carvalho (Porto)
Tesoureiro:
Maria Ondina Campos (Coimbra)
Vogais:
Francisco Nogueira Martins (Viseu)
José Cardoso Moutinho (Porto)
Maria de Fátima Romão (Lisboa)
Secção Portuguesa de Ginecologia Oncológica
Presidente:
Maria Teresa Osório (Porto)
Secretário:Almerinda Petiz (Porto)
Tesoureiro:Ana Francisca Jorge (Lisboa)
Secção Portuguesa de Colposcopia e Patologia do Tracto Genital Inferior
Presidente:
José Maria Cardoso Moutinho (Porto)
Secretário:
Maria Cândida Lopes Pinto Lima (Porto)
Tesoureiro:
José Alberto Moutinho (Coimbra
111
40 anos
40 anos
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Secção Portuguesa de Endoscopia Ginecológica
Presidente:Alberto Fradique (Lisboa)
Secretário:António Alves (Porto)
Tesoureiro:Carlos Guerra (Coimbra)
Secção Portuguesa de Uroginecologia
Presidente:
Maria Teresa Mascarenhas (Porto)
Secretário:Liana Negrão (Coimbra)
Tesoureiro:Luis Moniz (Lisboa)
112
11ª Direcção e outros orgãos directivos (2006 - 2009)
Presidente:
José Martinez de Oliveira (Covilhã)
Secretário Geral: Fernando Mota (Coimbra)
Tesoureira:
Fernanda Aguas (Coimbra)
Vice-Presidentes:António Pereira Coelho (Lisboa)
Serafim Guimarães (Porto)
José Antóno Sotero Gomes (Funchal)
Vogais: Arlindo Ferreira (Braga)
Elsa Abraúl (Coimbra)
Teresa Paula Gomes (Lisboa)
Secção Portuguesa de Colposcopia e Patologia do Tracto Genital Inferior
Presidente:
José Maria Cardoso Moutinho (Porto)
Secretário:
José Alberto Moutinho (Covilhã)
Tesoureiro: João Saraiva (Lisboa)
Secção Portuguesa de Endoscopia Ginecológica
Presidente:Alberto Fradique (Lisboa)
Secretário Geral: Fátima Faustino (Lisboa)
Tesoureiro:
Francisco Nogueira Martins (Viseu)
Secção de Portuguesa de Oncologia Ginecológica
Presidente:Daniel Pereira da Silva (Coimbra)
Secretário Geral:Ana Francisca M. Jorge (Lisboa)
Tesoureiro:
Margarida Barros (Coimbra)
Secção Portuguesa de Uroginecologia
Presidente:Teresa Mascarenhas (Porto)
Secretário:Liana Negrão (Coimbra)
Tesoureiro:Luis Moniz (Lisboa)
12ª Direcção e outros orgãos directivos (2010 - 2012)
Presidente:
José Martinez de Oliveira (Covilhã)
Secretário Geral: Fernando Mota (Coimbra)
Tesoureira:
Fernanda Águas (Coimbra)
Vice-Presidentes: Maria Teresa Mascarenhas (Porto)
José Sotero Gomes (Funchal)
Alberto Fradique (Lisboa)
Vogais:Teresa Oliveira (Porto)
Cristina Frutuoso (Coimbra)
Teresa Paula (Lisboa)
113
Secção Portuguesa de Colposcopia e Patologia do Tracto Genital Inferior
Presidente:
José Alberto Fonseca Moutinho (Covilhã)
Secretário:
João Saraiva (Lisboa)
Tesoureiro:Teresa Maria Rebelo Ferreira (Coimbra)
Secção Portuguesa de Endoscopia Ginecológica
Presidente:
Maria de Fátima Faustino (Lisboa)
Secretário:
Margarida Martinho (Porto)
Tesoureiro:Luis Ferreira Vicente (Lisboa)
Secção Portuguesa de Ginecologia Oncológica
Presidente: Daniel Pereira da Silva (Coimbra)
Secretário: Ana Francisca Machado (Lisboa)
Tesoureiro: Margarida Barros (Coimbra)
Secção Portuguesa de Uroginecologia
Presidente:Liana Maria Matoso Miranda Negrão (Coimbra)
Secretário: Amália Maria Eusébio Martins (Lisboa)
Tesoureiro: José Manuel Damasceno e Costa (Viseu)
40 anos
40 anos
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
13ª Direcção e outros orgãos directivos (2013 - 2015)
Presidente:
Fernanda Águas (Coimbra)
Secretário Geral:Carlos Marques (Lisboa)
Tesoureira:
Margarida Barros (Coimbra)
Vice-Presidentes:Teresa Mascarenhas (Porto)
Alberto Fradique (Lisboa)
Isabel Torgal (Coimbra)
Vogais:Cristina Frutuoso (Coimbra)
Eunice Capela (Faro)
Pedro Vieira Baptista (Porto)
Congressos
e
Imagens da História
Secção Portuguesa de Colposcopia e Patologia do Tracto Genital Inferior
Presidente:
José Alberto Moutinho (Covilhã)
Secretária:
Virgínia Monteiro (Lisboa)
Tesoureiro:Teresa Rebelo (Coimbra)
114
Secção Portuguesa de Endoscopia Ginecológica
Presidente :
Maria de Fátima Faustino (Lisboa)
Secretário :
Margarida Martinho (Porto)
Tesoureira :Dr. Luís Ferreira Vicente (Viseu)
Secção Portuguesa de Ginecologia Oncológica
Presidente: Fernando Mota (Coimbra)
Secretária:Ana Francisca Machado Jorge (Lisboa)
Tesoureira:Drª Almerinda Petiz (Porto)
Secção Portuguesa de Uroginecologia
Presidente:Liana Negrão (Coimbra)
Secretária:Amália Martins (Lisboa )
Tesoureiro:
José Damasceno e Costa (Viseu)
115
40 anos
40 anos
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
congressos
116
117
I e II Congresso Português de Ginecologia: Programa provisório,
Programa, Exposição de Homenagem à Mulher, Certificado de
participação e Boletim de Inscrição
118
40 anos
40 anos
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
119
120
40 anos
40 anos
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
121
40 anos
40 anos
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
FOTOS DA HISTÓRIA
122
123
124
40 anos
40 anos
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
125
40 anos
40 anos
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Sociedade Portuguesa de Ginecologia
Presidentes da Sociedade Portuguesa de Ginecologia
126
127
Corpos Sociais da 13ª Direcção
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Livro 40º Aniversário 2015 - Sociedade Portuguesa De Ginecologia