40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia 1 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia EDIÇÃO COMEMORATIVA DO 40º ANIVERSÁRIO DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE GINECOLOGIA 2 ANOS Patrocínio Coimbra 2015 3 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia Autores INDICE Ayabybyabsyb tyts yts y ;kjkdhjwdhjwd prefácio 7 Esradsastsdgyd,,Yusyd d sd;opsopdm Sociedade Portuguesa de Ginecologia. Modesta contribuição para a sua história 13 Edição Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia. No início foi assim... 21 Contribuição para o estudo da história da ginecologia no porto 47 A ORIGEM DE UMA SOCIEDADE 59 Revisão Maria Fernanda Águas Design Gráfico Eye’C Design Gráfico,Lda 4 2000 - 2005 Respeitar o legado recebido, pela afirmação do presente 69 SPG - Sociedade Portuguesa Ginecologia A perspectiva de uma presidência 75 UMA PACÍFICA BATALHA . troca de correspondência.. 81 Discurso do Presidente de Honra do XI Congresso Português de Ginecologia 87 Secção Portuguesa de Endoscopia Ginecológica 93 Edição 1º edição , maio 2015 Edição de Oferta Secção Portuguesa de Colposcopia e Patologia Cervico-Vulvo-VaginaL 97 Ginecologia Oncológica 101 Do Grupo Cooperativo à Secção 101 Tiragem 2 000 exemplares Distribuição Secção Portuguesa de Uroginecologia 105 SPG - AS SUAS DIRECÇÕES 1975 - 2015 109 Congressos e Imagens da História 117 congressos 123 ISBN Depósito Legal Impressão 5 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia prefácio O presente livro integra documentos com os quais se pretende dar a conhecer ao público interessado os acontecimentos mais marcantes da história da Sociedade Portuguesa de Ginecologia (SPG). 6 Fernanda Águas Presidente da 13ª Direcção (2013-2015) O conhecimento desses acontecimentos, além de familiarizar o leitor com a linha de orientação que presidiu à vida da SPG, pode constituir motivo de inspiração ao traçar o rumo que, no futuro, queremos dar à ação dessa sociedade. A altura da publicação deste livro não foi escolhida ao acaso. Com efeito, ao celebrar quatro décadas de existência, consideramos útil ir às raízes da SPG e registar o legado que os sócios fundadores nos transmitiram, dando-o a conhecer às gerações atuais e vindouras. Para o registo dos eventos mais marcantes dos 40 anos de história da SPG, servimonos da inestimável colaboração das pessoas que vivenciaram e sentiram diretamente o pulsar da vida dessa sociedade desde o despontar da ideia da sua constituição à concretização dessa ideia ao longo desses anos. Além disso, servimo-nos também do espólio acumulado ao longo dos anos e que foi organizado e preservado a partir do momento em que a SPG adquiriu as instalações onde funciona a sua sede em Coimbra, berço dessa sociedade. Foi esse arquivo que nos permitiu recolher documentos que merecem ser reproduzidos na íntegra neste livro e cuja leitura dispensará comentários. Neste momento com 1354 sócios, a SPG já teve 13 direções, organizou 13 Congressos e 181 reuniões científicas. Se remontarmos à época em que foi criada, época essa em que as deslocações nem sempre eram fáceis e em que as comunicações pela Internet eram uma miragem, há que enaltecer a coragem dos fundadores da nossa sociedade em lançarse na aventura da constituição de uma pessoa coletiva votada aos objetivos da nossa sociedade. Com efeito, de início, realizavam-se reuniões, todos os segundos sábados de cada mês, com exceção dos meses de férias, de norte a sul do país, onde se trocavam experiências, se discutiam casos clínicos e se atualizavam conhecimentos. Os Congressos eram eventos de grande importância, do ponto de vista científico, proporcionando contacto com o estado de evolução dos conhecimentos científicos em matéria de ginecologia, graças à 7 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia participação nesses congressos de grandes vultos da Ginecologia europeia e mundial. A par da componente científica, os congressos tinham uma componente sociocultural, consistente na organização de exposições, espetáculos de música e canto e outros momentos de convívio e de lazer. Devido a condicionantes de caráter legislativo a dimensão sociocultural desses congressos foi drasticamente reduzida. 8 Desde cedo, surgiram publicações destinadas a divulgar os temas tratados nas reuniões científicas; entre essas publicações, refira-se o Boletim da Sociedade Portuguesa de Ginecologia que deu origem à Revista de Ginecologia e Medicina da Reprodução à qual sucedeu a atual Acta Obstétrica e Ginecológica publicada pela Federação das Sociedades Portuguesas de Obstetrícia e Ginecologia. Ao longo dos 40 anos da sua história, a SPG esteve sempre atenta às necessidades de desenvolvimento e de especialização da Ginecologia, tentando responder a essas necessidades através da criação de secções: primeiro, a de Ginecologia Oncológica, a de Colposcopia e Patologia Cérvico-VulvoVaginal e a de Endoscopia Ginecológica, por último, a de Uroginecologia; mais recentemente, foi criada a secção de Menopausa, ainda em fase embrionária. A mesma filosofia presidiu à criação de núcleos de interesse, tais como o de Mastologia, o de Medicina Sexual e por último o de Ginecologia da Infância e da Adolescência. A SPG, ao longo dos 40 anos da sua existência, sempre procurou estar perto daqueles que no seu dia a dia desenvolvem as atividades e tomam as decisões em matérias que contendem com a saúde da mulher, apoiando-os através da elaboração de documentos de Consenso com orientações clínicas baseadas na mais recente evidência publicada sobre as referidas matérias. 9 Espero que a leitura deste livro contribua para a manutenção e reforço do papel da Sociedade Portuguesa de Ginecologia, enquanto sociedade científica, na melhoria do panorama da Saúde da Mulher em Portugal. Publicação dos estatutos da SPG no Diário do Governo III série, nº 149, de 1 de Julho de 1975 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia 10 11 Ofício para o Governo Civil de Coimbra, em Julho de 1975 Circular Nº1 de 30 de Setembro de 1975 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia Modesta contribuição para a sua história 1. Os Primórdios da Sociedade Portuguesa de Ginecologia (SPG) 12 Henrique Miguel Resende Oliveira Presidente da 1ª Comissão Coordenadora (1975-1978) Presidente da 6ª Direcção (1991-1993) Dado que o Professor Carlos de Oliveira me deu a conhecer que tinha feito o relato da vida embrionária e da gestação da nossa Sociedade até ao seu nascimento, culminado com o assento de baptismo que viu a luz no dia 1 de Julho de 1975 no Diário do Governo, vou simplificar o meu relato. Com o patrocínio do Professor Ibérico Nogueira muitos dos seus discípulos dispersos pelos IPOFG (Coimbra, Lisboa e Porto) e outros exercendo actividade profissional nas maternidades e hospitais distritais dispersos pelo país, o patrocinador que era homem de passada firme e larga, com a ajuda nomeadamente de Aurélio Lopes Ferreira, Carlos de Oliveira, Albino Aroso, Zulmira Alves, Mário Santos, Castro Caldas e João Silva Carvalho realizou em 1972 as “Jornadas Internacionais de Ginecologia de Coimbra”. Nestas Jornadas estiveram presentes e como palestrantes vultos grandes da Ginecologia europeia de que cito A. Netter, A. Gorins, R. Cartier e Y. Salomon, todos oriundos de Paris, onde muitos dos colaboradores do Professor Ibérico Nogueira, para além do próprio, tinham estreito contacto, por terem estagiado nos respectivos serviços. Os contactos interpessoais e inter institucionais foram-se estreitando e as “2ª Jornadas Internacionais de Ginecologia de Coimbra” sucederam de imediato em 1973 com muitos mais palestrantes quer estrangeiros quer nacionais. Deu-se assim corpo evidente à necessidade de criar a Sociedade Portuguesa de Ginecologia (SPG) vivendo a par da Sociedade mais antiga a de Obstetrícia e Ginecologia (SPOG). Para além dos progressos, nas áreas do Diagnóstico, da Terapêutica, da Hormonologia, da Esterilidade, das Infecções do Aparelho Genital e da Oncologia, a necessidade cada vez mais premente dum diagnóstico precoce empolavam o incremento da Endoscopia, do tratamento eficaz das infecções, e do diagnóstico atempado e terapêutica das neoplasias ginecológicas. O desenvolvimento de técnicas conducentes a um diagnóstico atempado era o escopo a atingir para a cura de doenças que exigiam terapêuticas cirúrgicas com exereses extensas e com alta 13 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia morbilidade e mortalidade. A criação na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC) de duas cátedras independentes apoiadas clinicamente em dois Serviços autónomos, um de Obstetrícia e outro de Ginecologia, foi base para a existência da SPOG e da SPG. A SPG foi fundada por cerca de 76 membros com a Comissão Coordenadora presidida por Henrique Miguel Resende Oliveira, Albino Aroso como Vice-Presidente, Aurélio Lopes Ferreira, como Secretário Geral, José Milheiro, como Tesoureiro, Carlos de Oliveira, Antero Ferreira Torres e Joaquim Pinto de Oliveira, como vogais e Agostinho Almeida Santos presidindo ao Conselho Consultivo. 14 A actividade deste Orgão, estendia-se por cada três anos, que culminaria num Congresso havendo reuniões científicas mensais ao longo do ano. 2. O Primeiro Congresso da Sociedade Portuguesa de Ginecologia A SPG, começou a promover sessões científicas cujo figurino era um palestrante ou mais, mesas redondas e um período para apresentação de comunicações pelos especialistas mais novos e internos da especialidade. No final do triénio realizavase um Congresso. Assim em 1978 realizouse o 1º Congresso, em Coimbra, que teve como Presidente Honorário o meu Mestre Raoul Palmer de Paris e como Presidente eu próprio. O Secretário Geral foi Carlos de Oliveira e a Comissão Executiva era constituída por Zulmira Alves, José D. Marta, Carlos S. Marques e Domingos B. Duarte. Da Comissão Científica, além de mim, deram-lhe corpo, Aurélio L. Ferreira de Coimbra, Castro Caldas, Kírio V. Gomes, E. Catarino Tavares e José Girão de Lisboa, e J. Silva Carvalho, Albino Aroso e A. Antunes de Azevedo do Porto. Foram convidados M. Aida Tavares (Lisboa) J. de Brux (Paris), J. M. Carrera (Barcelona), A. Campos da Paz (Rio de Janeiro), S. Dexeus (Barcelona), A. Netter (Paris), J.P. Wolff (Paris), J. C. Dexeus (Barcelona), J. C. Heuson (Bruxelas), M. Hinselman (Basileia), R. Saccozzi (Milão) e H.Serment (Marselha). Contamos também com a presença de delegações de língua oficial portuguesa, nomeadamente do Brasil, Macau e Moçambique. No Rio de Janeiro o representante oficial deste Congresso foi o Professor Ibérico Nogueira. O Congresso decorreu nas instalações da Universidade de Coimbra, nomeadamente na Faculdade de Medicina e no anfiteatro da Reitoria, entre 4 e 8 de Julho de 1978. Do seu programa constou um curso de Colposcopia, entre os dias 5 e 8, das 09H00 às 10H20, sendo os seus ministradores F. Coupez (Paris), S. Dexeus (Barcelona) e J. M. Carrera (Barcelona). Nos dias 5 e 6, das 10H30 às 12H30, realizaram-se as conferências que couberam por ordem cronológica a: J. C. Heuson sobre “Receptores Celulares nas afecções da mama” e a M. Hinselman sobre “Termorradiografia nas lesões benignas da mama”. Da parte da tarde tiveram lugar as mesas redondas moderadas nomeadamente por: Campos da Paz, Jean de Brux, J. C. Heuson, S. Dexeus, J. Reynier, A. Netter, H. Serment, Carlos de Oliveira, J. P. Wolff, H. M. Oliveira, S. Dexeus e M. A. Tavares. No Congresso ocorreram 3 almoços-debate e foram projectados 12 filmes. Nos dias 7 e 8, das 10H30 às 12H30, sucederam-se as comunicações livres em número total de 78. O programa social de natureza lúdica e cultural adoçou o trabalho científico. No dia 7 realizou-se a Assembleia Geral da SPG e conjuntamente a da Sociedade de Reprodução de Língua Portuguesa, esta última tendo morte prematura. É para mim imperioso destacar o trabalho incansável e de alta proficiência do Professor Carlos de Oliveira e do Dr. Aurélio Lopes Ferreira a quem rendo protestos da minha gratidão. Recordando, em 1978 havia inscritos na SPG 270 médicos. A SPG continuava a crescer e revelava uma capacidade de mobilização notável. Em 1990, quando de novo assumi a Direcção da SPG éramos já 816. O trabalho desenvolvido pelas Direcções anteriores (entre 1978 e 1990) tinha sido notável. As reuniões noutras cidades, a publicação e matérias versadas quer no Boletim quer posteriormente na Revista da SPG e Medicina da Reprodução, os dois triénios sucessivos de grande labor e a implementação de Grupos Cooperativos como os do “Cancro Ginecológico” e do “Cancro da Mama” conduziram a um aumento notável de sócios. Em 1984 o número de sócios efectivos era já de 556 membros. Este progresso continuou nos mandatos seguintes até que em 1990 a Direcção da SPG, constituída por mim como Presidente, tendo como: Vice-Presidentes Maria Teresa Osório (IPO-Porto), João Cortes Vaz (IPO- Coimbra), José Menezes Sousa (IPO-Lisboa), Secretário-Geral Daniel Pereira da Silva (IPO-Coimbra), Tesoureiro Maria Ondina Campos (CHC-Coimbra) e Vogais Maria da Graça Mendonça (IPO-Lisboa), Maria Fátima Moutinho (HGSA-Porto) e Luís Almeida e Sousa (HUC-Coimbra). Ao tomar posse, a SPG como já foi dito anteriormente contava com 816 sócios e carreava 103 reuniões científicas, 5 Congressos e várias participações em reuniões internacionais. 3. O Sexto Congresso da Sociedade Portuguesa de Ginecologia Assim tivemos de organizar o 6º Congresso Português de Ginecologia, que decorreu nos Hospitais da Universidade de Coimbra, entre 29 de Maio e 3 de Junho de 1993. Este Congresso teve como Presidente de Honra Albino Aroso e eu como Presidente. A Comissão Científica era constituída por Henrique Miguel Resende Oliveira, Carlos de Oliveira, J. Silva Carvalho, Daniel Pereira da Silva, J. Menezes e Sousa, J. Cortez Vaz, M. Teresa Osório e M. Ondina Campos. O Secretário - Geral foi Daniel Pereira da Silva e a Tesoureira M. Ondina Campos. 15 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia O programa social e cultural ficou a cargo de M. Margarida Resende Oliveira e de M. Fátima Paiva L. Silva. A Conferência de Abertura “Premalignant lesions of the vulva - a personal perspective” foi proferida pelo Professor Paul Morrow (Los Angeles) a que se seguiu a Recepção de Boas Vindas, que decorreu no Convento de Santa Clara e que contou com a actuação do Coro Gregoriano de Lisboa, sob a direcção de Maria Helena Pires de Matos e a culminar nos Claustros do Convento um Cocktail. 16 O Congresso prosseguiu com as Sessões Plenárias e Conferências, que decorreram no Auditório Principal dos HUC: A 31 de Maio, as Sessões Plenárias “Carcinogénese I”, presidida por Daniel Pereira da Silva (Coimbra) e que contou com Sérgio Castedo (Porto), Henrique Miguel Resende Oliveira (Coimbra) e Maria Helena Saldanha (Coimbra) e “Carcinogénese II”, presidida por Fernando Regateiro (Coimbra) que recebeu a contribuição de Albert Singer (Londres), Salvador Massano Cardoso (Coimbra) e José Rueff (Lisboa) e a Conferência “Endometrial Ablation” de R. Labastida (Barcelona) que foi presidida por Zulmira Alves (Coimbra); A 1 de Junho, a 1ª Sessão Plenária “Cirurgia Per-Celioscópica I”, presidida por Pratas Ferreira (Lisboa) acolheu as palestras de J. Donnez (Bruxelas), R. Labastida (Barcelona) e E. Barroco (Lisboa) e a 2ª ”Cirurgia PerCelioscópica II”, presidida por Albino Aroso (Porto) e contou com a participação de J. Donnez (Bruxelas), J. F. Magrina (Arizona) e D. Dargent (Lyon), da parte da tarde com a presidência de Fornelos (Lisboa) realizouse a Conferência “Menopausa – Terapêutica Hormonal Substitutiva” proferida por Jean Belaich (Paris) e a Sessão Plenária “Ovário Não Tumoral”, presidida por Carlos de Oliveira (Coimbra) e que contou com as intervenções de Silva Carvalho (Porto), António Pereira Coelho (Lisboa) e Agostinho Almeida Santos (Coimbra); A 2 de Junho a 1ª Sessão Plenária “Distrofias Vulvares/VIN”, presidida por Martinez de Oliveira (Porto) e que teve como palestrantes Kaufman (Houston) e Peter Bôsze (Budapeste) e a 2ª Sessão Plenária “Carcinoma da Vulva”, presidida por Menezes e Sousa (Lisboa) e que teve a participação de John H. Shepherd (Londres) e de J. F. Magrina (Arizona), a finalizar a manhã a Conferência “Vulva - Vulvites” proferida por M. Teresa Osório e presidida por Antero Torres (Porto), da parte da tarde a Conferência “Adenocarcinoma de Células Claras-Conservative Treatment of Cervical and/or Vaginal Clear Cell Adenocarcinoma” proferida por A. Gerbaulet (Villejuif) e presidida por J. Cortes Vaz (Coimbra) e a 3 de Junho, último dia do Congresso, a Sessão Plenária “CIN”, presidida por Albino Urbano (Lisboa) e que teve a participação de Albert Singer (Londres) e J. A. Usandizaga (Madrid) e a culminar a Sessão Plenária “Cancro Inicial do Colo”, presidida por M. Teresa Osório (Porto) e que contou com Paul Morrow (Los Angeles), John H. Shepherd (Londres), D. Dargent (Lyon) e A. Gerbaulet (Villejuif). gratidão ao Professor Carlos de Oliveira e ao incansável secretário da SPG Dr. Daniel Pereira da Silva. As principais matérias versadas e mais polémicas foram as seguintes: hormonas e cancro da mama e do endométrio; o papel dos oncogenes e dos genes oncosupressores; os vírus em particular os HPV e o seu papel no cancro do útero; o tratamento quer da endometriose quer a realização 17 Para além do já enunciado houve a discussão de 24 Posters, 120 Comunicações Livres e 7 Vídeos e a participação de 34 palestrantes portugueses e 19 estrangeiros, registandose 500 inscritos, crescendo a SPG para 1028 sócios. O êxito do Congresso deveu-se ao trabalho de equipa responsável mas não posso deixar de manifestar o meu muito apreço e de histerectomias e linfadenectomias por via laparoscópica; a cirurgia dos cancros da vulva e da vagina e o tratamento do carcinoma celular microinvasivo do colo do útero. A SPG e Medicina da Reprodução prosseguiu o seu caminho revelando-se uma das mais produtivas e de mais vastos contactos internacionais, sendo útil na formação dos jovens ginecologistas, crescendo e frutificando para cumprir os seus objectivos. Circular Nº2 de 14 de Outubro de 1975 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia 18 19 Lista dos 76 membros fundadores da Sociedade Portuguesa de Ginecologia, publicada no 1º Boletim da Sociedade - 1975 Fichas de Inscrição nº2 e nº3 dos membros fundadores da Sociedade Portuguesa de Ginecologia - 1975 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia No início foi assim... 1. Os precursores da Sociedade Portuguesa de Ginecologia 20 Carlos Freire de Oliveira Presidente da 2ª Comissão Coordenadora (1979-1981) Presidente da 3ª Comissão Coordenadora (1982-1984) A 19 de Janeiro de 1954 foram aprovados por despacho ministerial os Estatutos da Sociedade Portuguesa de Obstetrícia e Ginecologia (SPOG), a primeira sociedade científica criada em Portugal no âmbito da Obstetrícia e da Ginecologia e que foi extinta em Janeiro de 2008, dando lugar à Federação das Sociedades Portuguesas de Obstetrícia e Ginecologia (FSPOG). Esta agrupou a Sociedade Portuguesa da Ginecologia (SPG), a Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução (SPMR), a Sociedade Portuguesa da Menopausa (SPM), a Sociedade Portuguesa de Obstetrícia e Medicina Materno Fetal (SPOMMF) e mais tarde a Sociedade Portuguesa da Contracepção (SPDC). Entre 1954 e 1975 a atividade organizada, no âmbito de uma sociedade científica, era da exclusiva responsabilidade da SPOG. Assim, tem toda a justificação citarmos a reunião da SPOG, em conjunto com a Sociedade Portuguesa de Pediatria, que decorreu em Coimbra nos dias 4 e 5 de Julho de 1970 (Fig.1), de cujo programa destacamos uma sessão dedicada ao “Endométrio” (moderada 21 Figura 1 - Programa da reunião conjunta da Sociedade Portuguesa de Obstetrícia e Ginecologia com a Sociedade Portuguesa de Pediatria, em Coimbra de 4 a 5 de Julho de 1970 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia pelo Professor Ibérico Nogueira), na qual participou maioritariamente a “Escola de Ginecologia de Coimbra” (Fig.2). Curiosamente o programa da reunião incluía 6 temas, sendo cinco dedicados à obstetrícia e neonatalogia e apenas um à ginecologia. Até meados do século XVII era a parteira quem fazia os partos e só em situações complicadas é que era chamado o médico e/ou o cirurgião. O primeiro fórceps, de Levret, surgiu no séc. XVIII e, a partir de então, começou uma maior intervenção dos médicos no trabalho do parto. Até finais do século XIX, o ensino e a prática da Ginecologia exerciase de forma não autónoma no âmbito da Cirurgia. Em Coimbra, em 1905, o Professor de Anatomia e Cirurgia, Sousa Refóios, fundou a “Clínica da Mulher” que dirigiu. Mais tarde a direção desta Clínica foi entregue aos Professores Daniel de Matos, Álvaro de Matos e Novais e Sousa. 22 Figura 2 - Sessão dedicada ao “Endométrio” moderada pelo Professor Ibérico Nogueira. Figura 3 - Professor Doutor Francisco Ibérico Nogueira Em meados da década de 50 do séc. XX o Professor Ibérico Nogueira assumiu o ensino e a direção do Serviço de Ginecologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC) e o Professor Albertino de Barros o ensino e a direção do Serviço de Obstetrícia (Maternidade Dr. Daniel de Matos). A partir dessa altura a Ginecologia atinge a sua independência, graças à visão estratégica, iniciativa e dinamismo do Professor Ibérico Nogueira (Fig.3), sendo reconhecida, a nível nacional, a “Escola de Ginecologia de Coimbra”. Foram então introduzidas nos HUC, pela primeira vez, novas técnicas de diagnóstico como a histerossalpingografia (meados da década de 50), a colposcopia e a citologia cervico-vaginal (teste de Papanicolaou) (meados da década de 50), a celioscopia (final da década de 50) e a histeroscopia (1974). Entretanto, alguns (poucos) colegas dos grandes hospitais de Lisboa e Porto, conseguiram emancipar a Ginecologia da Cirurgia e da Obstetrícia. Foram então criados os Serviços de Ginecologia do Hospital de S. João (1959), da Maternidade Júlio Dinis e do Hospital de Sto. António, no Porto. Em Lisboa manteve- se, no Hospital de Santa Maria um serviço conjunto de Obstetrícia e Ginecologia, e na década de 60 foram criados serviços separados de Ginecologia e Obstetrícia na Maternidade Dr. Alfredo da Costa e noutros hospitais da capital. No início da década de 70 o Professor Ibérico Nogueira tinha ou tinha tido como discípulos, no Serviço de Ginecologia dos HUC, Henrique Miguel R. de Oliveira (diretor do Serviço de Ginecologia dos HUC), João Cortez Vaz (diretor do Serviço de Ginecologia do Centro de Coimbra do IPO), Mário Santos (diretor do Serviço de Ginecologia do Centro de Lisboa do IPO), João Pimenta (diretor do Serviço de Ginecologia do Hospital Distrital de Évora), Aurélio Lopes Ferreira (diretor do Serviço da Ginecologia da Maternidade Bissaya-Barreto), Serafim Rita (Serviço de Ginecologia da Maternidade BissayaBarreto), António Augusto Almeida (diretor do Serviço de Ginecologia do Hospital Distrital de Viseu), Toscano de Melo (Serviço de Ginecologia da Maternidade BissayaBarreto), Agostinho Almeida Santos (diretor do Departamento de Medicina MaternoFetal, Genética e Reprodução Humana dos HUC), Raquel Monteiro (diretora do Serviço de Ginecologia do Hospital das Caldas da Rainha), Irene Francisco (diretora do Serviço de Ginecologia do Hospital Distrital de Leiria), Olinda Abreu (diretora do Serviço de Ginecologia do Hospital Distrital de Faro), Albino Urbano (diretor do Serviço de Ginecologia do Centro de Coimbra do IPOFG), Zulmira Alves (diretora do Serviço de Ginecologia da Maternidade BissayaBarreto), José Dias Marta (Serviço de Ginecologia dos HUC), David Rebelo (Serviço de Ginecologia dos HUC), Carlos F. de Oliveira (diretor do Serviço de Ginecologia dos HUC), Isabel Araújo (Serviço de Ginecologia dos HUC) e Francisco Corte-Real Gonçalves (Serviço de Ginecologia dos HUC). Muitos outros estagiaram temporariamente no Serviço de Ginecologia dos HUC, sob a direção do Professor Ibérico Nogueira, mas sem qualquer vínculo contratual. 23 Figura 4 - Programa das “Jornadas Internacionais de Ginecologia de Coimbra”, 24 a 26 de Março de 1972 A plêiade de discípulos, alguns dos quais assumiram a direção de serviços de ginecologia noutras instituições hospitalares, o prestígio de outros diretores de serviço em grandes instituições hospitalares, como Castro Caldas, João Silva Carvalho e Albino Aroso, estimularam o Professor Ibérico Nogueira, com o patrocínio da Faculdade de Medicina de Coimbra e do Centro Regional do I.P.O.F.G. a organizar as “Jornadas Internacionais de Ginecologia de Coimbra” (Fig.4), em Março de 1972, que contaram com a participação de diversos oradores estrangeiros como 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia R. Musset (Paris), A. Netter (Paris), A. Novo (Santiago de Compostela), J. Aguilar (Santiago de Compostela), R. Cartier (Paris), C.A. Joslin (Cardiff), A. Gorins (Paris) e Y. Salomon (Paris). Da participação portuguesa destaca-se: Ibérico Nogueira (Coimbra), Henrique Miguel R. Oliveira (Coimbra), Agostinho Almeida Santos (Coimbra), Franklin Figueiredo (Coimbra), J. Silva Carvalho (Porto), Mário Vilhena (Lisboa), Maria Aida Tavares (Lisboa), J.G. Rocha Alves (Coimbra), Hélia Botas (Lisboa), Aurélio Ferreira (Coimbra), Almeida Ricardo (Lisboa), Albertino Barros (Coimbra), Renato Trincão (Coimbra), David Rebelo (Coimbra), M. Luz Faria (Lisboa), M.J. Sousa Martins (Lisboa), Assis Fernandes (Lisboa), Vicente Souto (Coimbra), Madalena Dinis (Coimbra), Pratas Ferreira (Lisboa) e Fernandes da Fonseca (Porto). Castro Caldas (Lisboa), Albertino Barros (Coimbra), F. Gentil Martins (Lisboa), Renato Trincão (Coimbra), Henrique Miguel R. Oliveira (Coimbra), Franklin Figueiredo (Coimbra), M. Matos Beja (Coimbra), J. Silva Carvalho (Porto) e Carlos F. de Oliveira (Coimbra). Destaca-se ainda que nestas jornadas houve um programa de comunicações livres (Fig. 7) com 50 apresentações. As 12 sessões foram moderadas por: M. Vilhena (Lisboa), Agostinho Almeida Santos (Coimbra), Albino Aroso (Porto), Carlos F. de Oliveira (Coimbra), J. Orcoyen Tormo (Madrid), Dário Cruz (Coimbra), F. Gentil Martins (Lisboa), J.G. Rocha Alves (Coimbra), Henrique Miguel R. Oliveira (Coimbra), David Rebelo (Coimbra), Mário Mendes (Coimbra), A. Vieira dos Santos (Coimbra), J. Luís Raposo (Coimbra), J. Cortez Vaz (Coimbra), Jorge Fagulha (Coimbra), Aurélio Ferreira (Coimbra), F. Pastor (Cádiz), Franklin Figueiredo (Coimbra), F. Bonilla (Valência), Madalena Dinis (Coimbra), Tibério Antunes (Lisboa), Maria Aida Tavares (Lisboa), José Girão (Lisboa) e Mário Santos (Lisboa). 24 Figura 5 - Programa das “Jornadas Internacionais de Ginecologia de Coimbra” de 3 a 6 de Maio de 1973 O êxito científico destas primeira jornadas levaram o Professor Ibérico Nogueira a organizar, com os mesmos patrocinadores institucionais, nos dias 3 a 6 de Maio de 1973, as (segundas) “Jornadas Internacionais de Ginecologia de Coimbra” (Fig.5). Dos conferencistas estrangeiros convidados destacam-se: P. Denoix (Villejuif), M. Tubiana (Villejuif), M. Wolff-Terroine (Villejuif), J.A. Uzandizaga (Madrid), O. Kaser (Basileia), H. Aguinaga (Rio de Janeiro), O. Machado (Rio de Janeiro), J.P. Wollf (Villejuif), M. Prade (Villejuif), D. Chassagne (Villejuif), G. Michel (Villejuif), P.G. Limburg (Homburg-Saar) e J. Lacour (Villejuif). Na fig. 6 apresentam-se as fotos destes convidados. Quanto à participação portuguesa contou com: Ibérico Nogueira (Coimbra), F. Branco (Lisboa), L. Wandschneider (Lisboa), Figura 6 - Convidados estrangeiros. De cima para baixo e da esquerda para a direita: PG Limburg, G Michel, O Kaser, JA Uzandizada, P Denoix, H Aguinaga, D Chassagne, M Prade, O Machado, JP Wolff, M Wolff-Terroine, J Lacour e M Tubiana. Figura 7 - Programa das Comunicações Livres das Jornadas Internacionais de Ginecologia de Coimbra, Maio de 1973 25 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia Figura 10 – Programas das “II Jornadas Internacionais de Ginecologia do Hospital de Santo António”, organizadas pelo Serviço de Ginecologia do Hospital de Santo António de 13 a 14 de Maio de 1977, e das “III Jornadas Internacionais de Ginecologia”, organizadas pelo mesmo serviço, sob o patrocínio da SPOG, de 16 a 18 de Março de 1978. 26 Figura 8 - Programa do “Curso de Actualização em Obstetrícia” organizado pela Clínica Obstétrica da Faculdade de Medicina de Coimbra, de 13 a 18 de Dezembro de 1976. Figura 9 - Programa das “Jornadas Internacionais de Obstetrícia” organizadas em Coimbra, de 22 a 24 de Maio de 1980. A separação das duas especialidades, Ginecologia e Obstetrícia, passou a ser um facto consumado, inclusive a nível da Ordem dos Médicos, onde existiram dois Colégios distintos. As reuniões científicas também passaram a ser ora no âmbito da Obstetrícia (Figs. 8 e 9), ora no campo da Ginecologia (Fig. 10), pese embora a SPOG continuasse a realizar reuniões científicas no âmbito das duas especialidades e a participar nos Congressos Luso-Espanhol de Obstetrícia e Ginecologia (Fig.11). 2. Os primeiros passos da SPG A proliferação de reuniões científicas no âmbito das duas especialidades e a diferenciação cada vez maior da Ginecologia levou a que um grupo de especialistas se reunisse, na Sala de Sessões da Maternidade Bissaya-Barreto, em Coimbra, no primeiro semestre de 1975, para aprovar a criação da Sociedade Portuguesa de Ginecologia, cujos estatutos foram publicados na III Série nº 149 do Diário do Governo, no dia 1 de Julho de 1975 e Figura 11 Programa do XI Congresso Luso-Espanhol de Obstetrícia e Ginecologia, organizado pela SPOG, que decorreu no Hospital de S. João de 12 a 16 de Março de 1978. 27 28 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia divulgados no dia 8 de Julho de 1975 no “O Primeiro de Janeiro”. A primeira Assembleia Geral foi convocada por Aurélio Lopes Ferreira e Carlos Freire de Oliveira para o dia 18 de Outubro de 1975, na Maternidade Bissaya-Barreto. Nessa Assembleia foram considerados 76 membros fundadores, foi determinada a quota a pagar e foi eleita a primeira Comissão Coordenadora (esta designação foi influenciada pelo momento político que se vivia em Portugal e anos mais tarde passou a chamar-se Direção). Esta foi constituída por : Henrique Miguel Resende Oliveira (presidente), Albino Aroso Ramos (vice-presidente), José Milheiro Fernandes (tesoureiro), Aurélio Lopes Ferreira (secretário-geral), Carlos Freire de Oliveira (vogal), Antero Ferreira Torres (vogal) e Joaquim Pinto de Oliveira (vogal). Na sequência, no dia 8 de Novembro de 1975, foi constituído o Conselho Consultivo, presidido por Agostinho Almeida Santos, e Figura 12 - Sobrescrito que tem no verso impresso: “4ª edição do clube de coleccionadores de carimbos comemorativos (Secção Filatélica da A.A.C.) Tiragem de 500 exemplares Nº 102 Preço 10$00) foi aprovado o regulamento do Boletim da SPG. A primeira Comissão Coordenadora exerceu funções durante 3 anos (1975/78) e, embora tendo participado ativamente em todas as atividades, nomeadamente como redator do Boletim da SPG, gostaria apenas de destacar que, neste primeiro triénio, se realizaram 23 reuniões científicas mensais ordinárias e uma reunião extraordinária, para além do 1º Congresso Português de Ginecologia, que decorreu em Coimbra de 4 a 8 de Junho de 1978. O logótipo do congresso representava o esquema do útero, segundo um amuleto em bronze da antiga Grécia. Foi da autoria do Dr. Aurélio Ferreira e foi reproduzido num carimbo comemorativo dos CTT, que foi colocado na correspondência, em Coimbra, no dia 4 de Junho de 1978 (Fig. 12). No dia 7 de Junho de 1978, na sequência do Congresso, reuniram, em Coimbra, cerca de cem ginecologistas e obstetras, de nacionalidade portuguesa, brasileira e moçambicana, que por unanimidade deliberaram criar a “Sociedade Internacional de Língua Portuguesa de Ginecologia, Obstetrícia e Medicina da Reprodução. Foi eleita uma direção provisória: Campos da Paz (presidente de Honra; Rio de Janeiro), Augusto Camelo (presidente; Rio de Janeiro), J. Silva Carvalho (vice-presidente; Porto), Carlos Salvatore (vice-presidente; S.Paulo), Barros Leal (vice-presidente; Recife), Margarida Meneses (vice-presidente; Maputo), F. Ibérico Nogueira (coordenador internacional; Coimbra) e Carlos F. de Oliveira (secretário geral; Coimbra). Esta sociedade por motivos diversos, entre os quais o afastamento geográfico (não existia internet nem “skype”!) nunca teve qualquer atividade científica. Apesar do envolvimento, com entusiasmo, de todos os membros da Comissão Coordenadora o grande “motor” do arranque da Sociedade foi o seu secretário-geral, Dr. Aurélio Lopes Ferreira. A título de curiosidade na fig.13 apresenta-se o “rascunho” de uma lista de sócios com correções manuais feitas pelo Dr. Aurélio Ferreira. 29 Figura 13 - Primeira página de um “rascunho” da lista de sócios da SPG onde foram feitas correções manuscritas pelo Dr. Aurélio Ferreira. 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia 3. A segunda e terceira Comissões Coordenadoras da SPG 30 Destas reuniões destaca-se o Simposium sobre Infeção e Dor em Ginecologia (Alvor) (Fig.15) e o Simposium sobre Detecção e Prevenção do Cancro Ginecológico (Póvoa do Varzim) (Fig.16). No dia 11 de Novembro de 1978 reuniu, pelas 15 horas, na Sala de Sessões da Maternidade Bissaya-Barreto , em Coimbra, a Assembleia Geral ordinária da SPG com a seguinte ordem de trabalhos: 1) Relatório de atividade do triénio 1975 a 1978; 2) Relatório de contas relativo ao triénio 1975 a 1978; 3) Apreciação de uma proposta da Comissão Coordenadora para a criação de membros titulares; 4) Apreciação de uma proposta da Comissão Coordenadora para a transformação do “Boletim da Sociedade Portuguesa de Ginecologia” em revista “Ginecologia e Medicina da Reprodução”; 5) Eleição de 3 membros da sociedade para o júri do “Prémio Squibb de Ginecologia”; 6) Ratificação pela assembleia geral dos elementos indicados para esse mesmo júri pelo Conselho Consultivo; 7) Eleição de novos membros da sociedade; 8) Eleição da Comissão Coordenadora para o triénio 1979 a 1981. Na sequência do último ponto da ordem de trabalhos foram eleitos para a segunda Comissão Coordenadora da SPG: Carlos Freire de Oliveira (presidente), Antero Ferreira Torres (vice-presidente), Aurélio Lopes Ferreira (secretário geral), Carlos Sousa Marques (tesoureiro), José Meneses e Sousa (vogal), José Martinez de Oliveira (vogal) e João Alves Pimenta (vogal). Das atividades desenvolvidas no segundo triénio da SPG (Fig. 14) destacamos as que merecem maior relevo. Ocorreram 21 reuniões científicas distribuídas 6 em Coimbra, 6 em Lisboa, 5 no Porto e 1 em cada um dos seguintes locais: Beja, Viseu, Alvor e Póvoa do Varzim. A alteração ocorrida na publicação regular da SPG, que deixou de ser “Boletim” para se designar “Ginecologia e Medicina da Reprodução” passou a dispor de um Conselho Redatorial composto por Aurélio Lopes Ferreira, redator principal, e 6 redatores adjuntos: Domingos Duarte, Helena Martinho Pinto, Sidónio Matias, Zulmira Alves, Manuel Meirinho e Isabel Miranda. Também foi criado um Conselho Administrativo constituído por: Carlos Sousa Marques, Francisco Corte-Real Gonçalves, Fausto Gentil, Amélia Roque, Maria Gil Varela e Natália Amaral. Por outro lado, o Conselho Científico foi constituído pelos membros da Comissão Coordenadora da SPG e pela Direção da Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução. Saliente-se ainda que, no final do triénio, a SPG contava com 396 sócios, 125 do distrito de Lisboa, 92 do distrito de Coimbra, 90 do distrito do Porto e os restantes distribuídos pelo país, incluindo as Regiões Autónomas dos Açores e Madeira. 31 Figura 14 - Relatório de atividades e contas do triénio 1978 - 1981 Figura 15 - Programa científico do “Simposium sobre Infeção e Dor em Ginecologia” que decorreu na Praia do Alvor, de 14 a 15 de Novembro de 1980. Figura 16 - Programa do “Simposium sobre Detecção e Prevenção do Cancro Ginecológico. Hotel Vermar, Póvoa do Varzim, 13 a 14 de Novembro de 1981. 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia O Prémio Squibb de Ginecologia foi atribuído ao trabalho “O corpo amarelo humano - ação da gonadotrofina coriónica” da autoria de Agostinho Almeida Santos. Em 1979 a Comissão Coordenadora da SPG organizou um concurso para a escolha do logótipo da Sociedade. Concorreram 28 trabalhos. 32 Na sequência de uma determinação da Ordem dos Médicos, que extinguiu a especialidade de Ginecologia como especialidade diferenciada e a fundiu com a Obstetrícia numa especialidade única de ObstetríciaGinecologia, a Comissão Coordenadora da SPG entendeu dever tomar uma atitude sobre esta decisão, lesiva dos interesses da Ginecologia, como especialidade autónoma, promovendo no dia 7 de Junho de 1980, no Palácio de S. Marcos, com base num parecer que entretanto elaborou (Fig.17), uma reunião nacional Para esta reunião foram convidados, além dos membros da Comissão Coordenadora da SPG, o presidente da SPOG, o presidente da SPMR, os diretores dos serviços de ginecologia dos hospitais centrais, os membros do último Colégio da Especialidade de Ginecologia da Ordem dos Médicos e os membros do novo Colégio de Obstetrícia e Ginecologia da Ordem dos Médicos. Após uma longa análise e discussão, que durou todo um dia, foi elaborado um extenso documento cujas três conclusões mais importantes foram: 33 1) É necessário que além da especialidade conjunta de Obstetrícia-Ginecologia, ora existente, e do respetivo título de especialista, a Ordem dos Médicos reconheça a especialidade e o título de especialista de Ginecologia; 2) É necessário que na carreira médica hospitalar volte a ser criada a especialidade de Ginecologia, independentemente de poder continuar, em simultâneo, a especialidade conjunta de Obstetrícia Ginecologia; 3) É necessário que haja a nível dos hospitais centrais e distritais serviços independentes de Ginecologia e de Obstetrícia. Figura 17 - Parecer da Comissão Coordenadora da SPG relativa à criação da especialidade conjunta Obstetrícia-Ginecologia, apreciada e discutida em reunião de 7 de Junho de 1980. 34 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia De 14 a 18 de Junho de 1981 decorreu, em Coimbra, o II Congresso Português de Ginecologia que teve como tema oficial o “Endométrio”, abordado em 19 conferências e 22 comunicações, com um total de 324 congressistas. Como atividades complementares houve 4 cursos pré-congresso, uma reunião do grupo franco-luso-brasileiro de estudos da reprodução e um “Simposium sobre contracepção hormonal trisequencial”. Estiveram presentes como convidados no congresso: J. Bonte (Lovaina), J. de Brux (Paris), Alípio Camelo (Rio de Janeiro), L. Carenza (Roma), J. Cohen (Paris), L. Delclos (Houston), J.M. Dexeus (Barcelona), J. Fernandez (Oviedo), R. Forleo (Roma), U. Gaspard (Liége), J. Hustin (Liége), W. Jonat (Bremen), A. Meisels (Quebeque), L. Mignot (Paris), A. Netter (Paris), V. Zaragoza Orta (Valência), R. Palmer (Paris), L. Piana (Marselha), J.A. Pinotti (Campinas), K. Seem (Kiel), W.A.A. van Os (Haarlen) e J.P. Wolff (Paris). Foi Presidente Honorário do Congresso o Professor Ibérico Nogueira. Apresentase na figura 18 o Jornal do Congresso. Mais uma vez o êxito desta atividade científica foi alcançado. No dia 19 de Dezembro de 1981 decorreu, na Sala de Sessões da Maternidade Bissaya-Barreto, a Assembleia Geral ordinária da SPG para apresentação dos relatórios de atividades e de contas referentes ao triénio 1979 - 1981, eleição de novos membros da SPG e eleição da Comissão Coordenadora para o triénio 1982-1984. Foi então reeleita a direção anterior para um novo mandato. Neste terceiro triénio da SPG mantiveramse as reuniões científicas mensais no segundo sábado de cada mês, com exceção dos meses de férias de Julho, Agosto e Setembro, bem como dos meses de Abril e Outubro que, entretanto, foram cedidos à Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução que, segundo escreveu o Dr. Aurélio Ferreira no relatório do triénio, “... por acordo entre ambas as sociedades e com a finalidade de através desse entendimento, não saturar o pequeno grupo que entre nós se interessa realmente pelas duas sociedades”. Nos anos de 1982 a 1984 ocorreram 21 reuniões científicas, entre as quais se destaca um “Simposium sobre amenorreias”, uma reunião conjunta com a Sociedade Portuguesa de Citologia, uma reunião sobre cancro da mama (desde a fundação da SPG que a patologia mamária passou a fazer parte dos temas científicos abordados) (Fig. 19) e um “Simposium sobre Urologia Ginecológica” . De 11 a 14 de Junho de 1984 aconteceu, em Coimbra, o “III Congresso Português de Ginecologia” tendo sido convidado 35 Figura 18 – II Congresso Português de Ginecologia: Jornal do Congresso Nº 1 Figura 19 – 54ª Reunião da SPG sobre “Cancro da Mama”, que decorreu no dia 12 de Março de 1983 no Centro Norte do I.P.O.F.G.. Na mesaredonda participaram: Carlos F. Oliveira (Coimbra), J.G. Rocha Alves (Coimbra), Oliveira e Costa (Lisboa), J. Falcato Pereira (Porto), J. Cardoso da Silva (Porto) e J. Meneses e Sousa (Lisboa). 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia para Presidente Honorário o Professor Albert Netter, de Paris. Dos convidados estrangeiros que participaram destacamos: J. Sampaio Goes (S.Paulo), I. Hesselius (Uppsala), G. Vooijs (Nijmegen), R. Kingston (Leeds), A. Onnis (Pádua), H. Pickel (Graz), J. Gonzalez Melro (Barcelona), H. Bentzen (Oslo), J. de Brux (Paris), A. Pfleiderer (Friburgo), J.P. Wolff (Paris), F. di Re (Milão), N. Einhorn (Estocolmo), D. Dargent (Lyon), J.B. Vermorken (Amesterdão), A.P. Netter (Paris), A. Herruzo (Granada), A. Gorins (Paris), A. Netter (Paris), R. Legros (Paris), J.P. Clauvel (Paris), C. Pelissier (Paris) e R. Trevoux (Paris). Dos documentos do congresso destacamos o programa, o livro de resumos, o programa da Sessão de Abertura, com um momento de poesia declamada por Eunice Muñoz e com o Quarteto Suggia, interpretando peças de Mozart e Beethoven, e o certificado de participação. Destaca-se ainda um “Simposium sobre Terapêutica Oral da Candidíase Vaginal” como se pode ver na fig. 20. Como participei na fundação, nos anos 70, do “Gynecological Cancer Cooperative Group - GCCG” da “European Organization for Reserach and Treatment of Cancer EORTC”, tive a oportunidade de organizar, pela primeira vez em Portugal, algumas reuniões desta entidade científica europeia. A preceder o Congresso de Ginecologia organizei, na Faculdade de Medicina de Coimbra no dia 9 de Junho, uma reunião do GCCG da EORTC cujo programa está patente na fig. 21. 36 37 Figura 20 - “Simposium - A Terapêutica Oral da Candidíase Vaginal”, III Congresso Português de Ginecologia, Coimbra 14 de Junho de 1984 Figura 21 - Reunião do “Gynecological Cancer Cooperative Group” da E.O.R.T.C., Coimbra 9 de Junho de 1984. 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia Por curiosidade, incluímos ainda duas cartas, que nos foram remetidas, por dois dos participantes estrangeiros no III Congresso, uma de Albert Netter (Fig.22) e outra de Jan B. Vermorken (Fig.23). Durante o terceiro triénio de atividade da SPG, o presidente da Comissão Coordenadora assumiu a iniciativa de criar, com o patrocínio da sociedade, o “Grupo Cooperativo de Cancro Ginecológico”, cuja 38 39 Figura 22 - Carta endereçada ao presidente da SPG pelo Professor Albert Netter aquando do III Congresso Português de Ginecologia. Figura 23 - Carta dirigida a Carlos F. de Oliveira, pelo Dr. J.B. Vermorken, aquando da realização em Coimbra da reunião do G.C.C.G. da E.O.R.T.C., a preceder o III Congresso Português de Ginecologia. 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia finalidade principal consistiu em reunir um conjunto de serviços hospitalares que tinham atividade assistencial no âmbito do cancro ginecológico, de modo a tornar possível o desenvolvimento de projetos de investigação científica de âmbito nacional. Na continuidade, foi criado o “Grupo Cooperativo de Cancro da Mama” e ambos deram lugar à “Associação Portuguesa de Investigação Oncológica - APIO”, que integrou outros grupos e desenvolveu uma atividade de investigação científica de relevo durante vários anos. Em Dezembro de 1984 a SPG contava 556 membros efetivos e o incansável e grande dinamizador da sociedade - Dr. Aurélio Lopes Ferreira termina o “Relatório da Atividade e Contas da SPG no Triénio de 1982 a 1984” (Fig. 24) escrevendo 40 Aquando da criação da SPG em 1975 um dos grandes “patrões” da ObstetríciaGinecologia em Portugal, no final da primeira reunião científica felicitou-nos pela iniciativa mas acrescentou: “... Fizeram a primeira reunião, vão fazer mais duas ou três e depois fartam-se...” Felizmente que este presságio não vingou e a SPG já organizou mais de 180 reuniões científicas e no XIII Congresso de Ginecologia comemora o seu 40º aniversário. 41 “... Em Portugal, a ginecologia continua a ser uma especialidade satélite de muitos interesses que não são os da medicina, nem os das doentes. Mas a Sociedade Portuguesa de Ginecologia, sempre presente na defesa dos interesses da ginecologia portuguesa, conseguiu chegar aos 9 anos de vida. E vai continuar...” Figura 24 - Relatório de Atividades e Contas da Sociedade Portuguesa de Ginecologia no triénio de 1982 a 1984. Circular nº 3, de 4 de Novembro de 1975, informando sobre o programa científico da 1ª reunião da SPG, no dia 8 de Novembro, na Maternidade BissayaBarreto, assim como convocando uma Assembleia Geral extraordinária para, entre outros temas, discutir e aprovar o regulamento do “Boletim da SPG”. Solicita-se ainda aos sócios que indiquem um representante de cada serviço (de ginecologia) dos hospitais centrais e distritais para constituírem o Conselho Consultivo. 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia 42 43 Regulamento publicado no nº 1 - Boletim da Sociedade Portuguesa de Ginecologia Normas para apresentação de trabalhos publicado no nº1 - Boletim da Sociedade Portuguesa de Ginecologia 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia Contribuição para o estudo da história da ginecologia no porto * Comunicação apresentada na reunião comemorativa dos 20 anos da fundação da Sociedade Portuguesa de Ginecologia Quando a Senhora Presidente da Sociedade Portuguesa de Ginecologia teve a amabilidade de me convidar a participar nesta reunião com um estudo sobre a História da Ginecologia no Porto tive, num primeiro impulso, uma atitude de recusa por me sentir incapaz de realizar uma investigação histórica a cuja metodologia não estava habituado. 44 João da Silva Carvalho Presidente da 4ª Direcção (1985-1987) Presidente da 5ª Direcção (1988-1990) Mas a delicadeza do convite e os motivos que o justificam deram-me ânimo para me aventurar a tal tarefa. Hoje agradeçolhe a honra do convite, que me deu a possibilidade de não ser mero espectador mas interveniente activo na comemoração da efeméride dos 20 anos da criação da S.P.G. com o júbilo de quem a ajudou a fundar. É difícil ajuizar verdades históricas que têm de ser rebuscadas em escritos contidos em documentos mortos que não nos permitem reconstituir os factos sempre com exactidão e lógica nem a personalidade dos seus autores. Como escreve João Ameal, o verdadeiro historiador quando narra os factos e nos elucida sobre eles apõe-lhe sempre a sua marca na interpretação das fontes de informação e na explicação objectiva dos acontecimentos sobre que se debruça, no intuito de descobrir a verdade. Disso não serei capaz por me faltar preparação para estudos deste tipo. Por isso serei apenas um narrador de factos colhidos na leitura de muitas páginas e de outros mais recentes em que tive o privilégio de partilhar. Desde a mais remota antiguidade que os práticos da arte médica procuram estudar as enfermidades das mulheres. O facto de a Ginecologia ter sido uma especialidade médica quase desconhecida, deve-se à circunstância de os conhecimentos anatómicos e fisiológicos dos órgãos genitais femininos permanecerem errados durante vários séculos, devido à falta de elementos para o seu estudo. A Prática da autópsia e da dissecação de animais vivos eram actos proibidos ao médico, quase sempre por motivos de carácter religioso e os exames de órgãos genitais executados por mulheres. Mas quem se debruçar sobre a história do conhecimento da Ginecologia surpreende-se com a preocupação de estudar as doenças das mulheres à mistura com os fenómenos ligados à Obstetrícia. Desde o antigo Egipto à Grécia, à escola de Alexandria, antiga Roma se encontram 45 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia referências aos desvios uterinos, aos prolapsos, às dismenorreias, aos fibromas do útero, à esterilidade, aos transtornos menstruais, etc.. Em Portugal, no início da sua fundação, a Medicina como as outras ciências, estudavam-se nos conventos, cujo remanso no dizer de Maximiano Lemos, era o único meio favorável para o seu desenvolvimento, num período de lutas continuadas. Os conhecimentos que os eclesiásticos possuíam, uns aos outros os comunicavam, sem que seja necessário explicar esta transmissão pela existência de escolas regulares. 46 Mas é no século XVI que surgem dois grandes vultos da Medicina Portuguesa que dedicam parte da sua vida aos estudos das doenças das mulheres. São eles João Rodrigo de Castelo Branco (Amato Lusitano) e Rodrigo de Castro. O movimento intelectual da Renascença haveria de influenciar condições favoráveis ao desenvolvimento da instrução médica no nosso país. Como afirma Maximiano Lemos “estudando este movimento no campo das ciências médicas, descobre-se como seus elementos principais o renascimento da Medicina hipocrática e o desenvolvimento dos estudos anatómicos”. João Rodrigues de Castelo Branco nasceu em 1511 em Castelo Branco. Na sua obra, as Centuria Medicinália, notável colecção de observações de medicina e cirurgia, incluem-se várias descrições de doenças das mulheres: da procidência do útero e sua cura, de alguns sintomas provenientes da retenção menstrual, de uma mulher que expelia fezes pela vulva, de uma rapariga que passava a ser varão, etc.. A leitura destas observações, descritas com uma minúcia impressionante, revelam a par de grande sagacidade clínica, uma vastidão de conhecimentos não só de matéria médica, mas também de botânica, porque frequentemente recorria a plantas nas suas prescrições terapêuticas. Mas foi o segundo, Rodrigo de Castro, que nasceu em Lisboa em 1546, que dedicou toda a sua vida ao estudo das enfermidades das mulheres que além das moléstias comuns, estavam sujeitas às do sexo e à tirania da maternidade. Foi por isso considerado por um seu biógrafo o pai da Ginecologia Portuguesa, tendo deixado uma obra que o imortalizou e que se intitula de Universa Mulierum Medicina. Quem se debruçar sobre o conteúdo dos livros que a constituem facilmente se apercebe da sua extraordinária capacidade de observação e do seu rigoroso espírito crítico. Ainda que muito sumariamente apontarei alguns dos conhecimentos que ele já transmite. Expõe importantes noções de anatomia do aparelho genital: útero e seus nervos, ovários, hímen, suas relações com a virgindade e estabelece as diferenças entre o esqueleto do homem e da mulher. Descreve os desvios do útero e os prolapsos genitais, trata das menstruações e inconvenientes da sua abundância e da sua diminuição ou supressão, do hermafroditismo, etc.. Escreve ainda sobre o coito e a concepção. Começa por definir o que seja o coito e expõe as causas que a ele convidam, os seus fins, os seus efeitos quando moderado e quando excessivo. Compara os sexos opinando que a mulher não é inferior ao homem, sob qualquer ponto de vista. Se me detive um pouco sobre o conteúdo do tratado das doenças das mulheres de Rodrigo de Castro é porque esta obra notável foi consultada por gerações sucessivas de médicos que se dedicam ao culto da especialidade, influenciando a acção dos práticos do século seguinte. E no Porto qual era a situação? No séc. XVI os estudos cirúrgicos eram então, entre nós, muito deficientes como escreve Hernâni Monteiro no excelente volume sobre Origens da Cirurgia Portuense. Múltiplas são as citações a cursos de práticos habilitados sobretudo em sangria, com escassos conhecimentos anatómicos, que exerciam a sua actividade em albergarias e posteriormente no Hospital Roque Amador e mais tarde ainda no Hospital de D. Lopo construído com a herança do benemérito D. Lopo de Almeida. Ao Hospital de D. Lopo veio a suceder o actual Hospital de Santo António, cuja primeira pedra foi lançada em 1770 e a cuja inauguração se procedeu com grande solenidade em 1824, sendo benzido no dia de Santo António. Hernâni Monteiro faz primorosa descrição do que foi ao longo dos anos o labor de numerosos médicos cirurgiões que exerciam a actividade neste Hospital bem como nos Hospitais do Terço e do Carmo que mais tarde se fundaram. A aprendizagem fazia-se tanto em hospitais civis como militares no Porto e na província (Braga, Chaves, Guimarães) por praticantes, que frequentavam um número de anos variável de 2 a 4 a clínica de um dos cirurgiões e se apresentavam a exame perante o Cirurgião-Mor do Reino. Se aprovados, recebiam uma carta que os autorizava a exercer cirurgia. No decorre dos séc. XVII e XVIII em que a Anatomia, a Fisiologia, a Obstetrícia tinham feito alguns progressos não há na literatura médica desse período qualquer menção especial à Ginecologia. Aliás os próprios autores dos Tratados de Medicina, também quase nem se ocupavam da Obstetrícia que entre nós era relegada para matronas ignorantes e raramente fazia parte dos conhecimentos exigidos ao médico. Com a finalidade de modificar esta situação e melhorar as condições da população, foram criados por alvará de 25 de Junho de 1825, dois cursos de cirurgia, um em Lisboa no Hospital de S. José e outro no Porto no Hospital da Misericórdia. Nasciam assim as Régias Escolas de Cirurgia de Lisboa e do Porto. A este propósito diz Hernâni Monteiro “Certo, a criação da Régia Escola de Cirurgia do Porto foi um golpe vibrado nos processos sumários então em voga para passar cartas e diplomas de habilitação a cirurgiões, ministrantes de meia cirurgia, sangradores, dentistas, algebristas, boticários, parteiras e emplastradeiras, indivíduos pela maior parte inexperientes que, não tendo seguido nenhum curso oficial, se apresentavam simplesmente ao exame, reduzido por vezes a uma ilusória formalidade”. 47 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia O curso tinha duração de 5 anos e as disciplinas que o constituíam assim distribuídas: no 1º ano Anatomia e Fisiologia, no 2º Matéria Médica, Farmácia e Higiene, no 3º Patologia Externa, Terapêutica e Clínica Cirúrgica, no 4º Medicina Operatória, Arte Obstétrica e parte forense que lhe compete e no 5º Patologia Interna e Clínica Médica. Os cursos eram exactamente iguais na duração e nas matérias a ensinar. Todavia à Escola de Lisboa foram atribuídos 7 lentes proprietários e 4 substitutos e à do Porto 5 lentes proprietários e 2 substitutos. 48 A este propósito diz Maximiano Lemos “o que prova mais que tudo a inferioridade em que ficava o Porto em relação a Lisboa era que o Serviço docente era apreciado por diferentes padrões. Um catedrático em Lisboa era cotado em 600,00 escudos anuais e o do Porto tinha de contentarse com um terço menos e os outros funcionários em proporção. É assim uma evidência que já no reinado do Senhor D. João VI as assimetrias entre o Sul e o Norte eram manifestas, podendo concluir-se que desde sempre os dinheiros do Estado são distribuídos em Lisboa. Não foi fácil a vida da escola nos primeiros anos, pela falta de recursos, pela intolerância resultante de utilizar instalações que não lhe pertenciam e pelas lutas políticas da época, tendo estado na eminência de fechar. Neste período sobressaem grandes figuras da Medicina Portuguesa como Vicente José de Carvalho, Francisco Viterbo, Bernardo Campião, etc.. Foi pela notabilíssima acção destes Mestres que a Escola sobreviveu, mesmo a trabalhar em condições de extrema dificuldade. Por isso Maximiano Lemos os apelidou de beneméritos do ensino. Posteriormente com a reforma de Passos Manuel em 1836, o número de professores foi aumentando e a Obstetrícia deixou de ser ensinada pelos professores de operações, passando a ter um ensino autónomo. Nesta época sobressai a figura de António Bernardino de Almeida considerado o verdadeiro génio cirúrgico. Este professor ocupou a cátedra de Clínica Cirúrgica a partir de 1838. A sua acção no desenvolvimento da cirurgia no Porto foi notável, tendo feito os primeiros ensaios de esterilização e cloroformização. A seu respeito dizia Ferreira Braga que a escola se desvanece em seu filho, não mais necessitando de mendigar aos estranhos a ciência do bisturi. No entanto, na bibliografia que pudemos consultar, a sua actividade no âmbito da cirurgia ginecológica não foi proeminente. Apenas encontramos referência à resolução cirúrgica de uma aderência acidental de toda a vagina, consecutiva a um parto, à restauração de uma fístula vesico-vaginal que ficou melhorada e a amputações da mama. Algumas referências se encontram em dissertações publicadas na Faculdade versando temas em relação com as doenças de mulheres como a de Manuel Maria da Costa Leite sobre Pólipos útero-vaginais (1839) e a de José Maria Aires de Gouveia Osório sobre Prolapso do útero (1853). Mas a cirurgia ginecológica haveria de sofrer um grande impulso por acção de um notável Professor de Clínica Médica, António de Azevedo Maia, a partir de 1887. Impressionado pelas descobertas de Pasteur e de Lister, procura orientar a sua carreira para a ginecologia operatória para a qual se sentia especialmente vocacionado e modificar as condições em que se praticava cirurgia no Porto com desconhecimento quase completo das leis da cirurgia asséptica. Aproveitando uma viagem ao estrangeiro, frequentou clínicas operatórias gerais e ginecológicas em Paris e em Londres e rapidamente mediu quanto o seu meio ficava aquém dos adiantados centros cirúrgicos da Europa. A carreira de Azevedo Maia ficou então traçada: como professor, lançou no meio portuense a cirurgia moderna, a cirurgia abdominal, a Ginecologia operatória, ou totalmente desconhecidas ou apenas conhecidas de nome. As primeiras intervenções de cirurgia intraperitoneal praticadas no Porto pelo Prof. Eduardo Pimenta - ovariotomias - em 1883 e 1887 não foram coroadas de êxito. Foi em 7 de Janeiro de 1888 que o Prof. Azevedo Maia praticou em sua casa a primeira grande operação ginecológica em presença de seis colegas e com todos os cuidados de assepsia, sob anestesia pelo clorofórmio. Tratou-se da extracção de um volumoso tumor do ovário (sarcoma fusocelular) com numerosas aderências ao epiplon e ao intestino. A doente faleceu 14h depois. Apesar deste insucesso, não afrouxou o zelo do Prof. Azevedo Maia em criar no Porto a Ginecologia Operatória, como afirma Maximiano Lemos, realizando as intervenções na sua enfermaria no Hospital de Santo António. É ainda este autor que nos informa que Azevedo Maia pouco escreveu e que para apreciar o seu papel como iniciador de um ramo de cirurgia mal conhecido nesta cidade, encontram-se elementos apreciáveis nas numerosas dissertações de licenciatura elaboradas pelos seus alunos. Para ilustrar o que foi a notabilíssima actividade deste professor, citaremos os títulos de algumas: Endometria (1869), Breve estudo sobre o prolapso uterino (1889), Considerações gerais sobre a ablação dos anexos do útero (1889), Considerações gerais sobre as salpingites (1889), Um caso de salpingoovarite dupla supurada (1889), Tratamento da endometrite pela raspagem seguida de cauterização (1889), As inflamações pélvicas, patologia e tratamento (1890), Um caso de quisto do ovário com torção do pedículo (1891), Gravidez ectópica (1891), As salpingites (1897), Histerectomia vaginal no tratamento das inflamações do útero e anexos (1892), Contribuição para o estudo da anatomia patológica das ovarites (1892), O tratamento cirúrgico e médico dos fibromiomas uterinos (1893), Um caso de fístula uretro-vaginal (1897). Todas estas dissertações foram elaboradas com material recolhido nas suas intervenções num ramo de actividade, a ginecologia, que até então era quase desconhecida no nosso meio. Tendo conseguido transpor com notável destreza e coragem o receio de abrir a cavidade abdominal, Azevedo Maia notabilizou-se sobretudo pela prática da histerectomia vaginal de que parece ter sido o iniciador em Portugal em 1892, com excelentes resultados. 49 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia Reconhecendo a formidável perícia cirúrgica de Azevedo Maia, o Prof. Morais Frias por várias vezes me disse que o tinha visto executar uma histerectomia vaginal em 14 minutos. Mas para se avaliar bem quanto a ginecologia deve à acção desenvolvida por este homem, valemo-nos dos escritos dos seus alunos em dissertação de licenciatura e que Maximiano Lemos reproduz. Um deles afirma: “Este distintíssimo professor impõe-se pelo seu talento e pelas suas notáveis qualidade de ginecólogo à nossa admiração e desperta em todo o curso o desejo de se relacionar intimamente com esse recente ramo da clínica, a Ginecologia”. 50 Um outro vai mais longe, reconhecendo os méritos e o trabalho do professor e escrevendo: “Graças, porém, ao aturado trabalho e raro talento do Sr. Dr. António de Azevedo Maia, em breve a Ginecologia ocupará, também entre nós, o lugar que de direito lhe compete no quadro dos estudos médico-cirúrgicos. Na realidade para que um aluno exprima esta opinião, quase profética naquela altura, é necessário que a forte personalidade do Mestre e a excelência da sua acção o tenham profundamente impressionado. O Prof. Azevedo Maia jubilou-se em 1907 e a reforma do ensino Médico de 1911 que havia de criar as Faculdades de Medicina de Lisboa e do Porto, inclui pela primeira vez a Ginecologia no grupo de disciplinas a ministrar no ensino médico. Criada a Cadeira de Ginecologia nela foi logo provido o Prof. Teixeira Bastos que em 1918 transitou para a Clínica Cirúrgica. A partir desta data o ensino foi confiado ao Prof. Morais Frias na qualidade de encarregado do curso em 1918-1919 e depois como Professor livre. A partir de 1924 passa a ser regida cumulativamente com a Obstetrícia, cadeira de que o Prof. Morais Frias tomou posse como professor ordinário após concurso de provas públicas. Esta situação manteve-se até à jubilação do Prof. Morais Frias, mestre com quem tivemos a honra de colaborar na última década da sua vida académica na Maternidade Júlio Dinis. Morais Frias foi um dos nomes mais significativos e marcantes na Ginecologia Portuguesa. De porte aristocrático e distinto, impunhase à estima e simpatia dos que o tratavam de perto, conseguindo facilmente cativar a atenção e o respeito dos seus discípulos. Aliando a uma memória assombrosa, uma imaginação rica e brilhante, buscava na palavra, que manejava com extrema subtileza, a expressão mais viva dos seus dotes naturais. Mas Morais Frias era ao mesmo tempo extremamente sensível e facilmente se melindrava com quem ousasse contrariá-lo. Por isso alguns dos seus discípulos o foram progressivamente abandonando. técnica. Em todos os actos cirúrgicos exigia a mais rigorosa assepsia, o manejo suave e delicado dos tecidos e órgãos e uma hemostase perfeita. Mas Morais Frias compreendeu que a Ginecologia não podia limitar-se à cirurgia de exérese radical e mutilante e que o bisturi não era o talismã da terapêutica das doenças da mulher. Ao acompanhar os progressos da sua época no âmbito da fisiologia dos órgãos genitais femininos e da endocrinologia começa a adoptar uma atitude conservadora sempre que isso fosse possível. E assim combateu a prática corrente de realizar ovariotomias para tratar as dores pelvigenitais porque na maior parte dos casos não só não se resolvia o problema doloroso, mas se provocava nas mulheres um quadro de carência hormonal cujas consequências eram bem mais difíceis de suportar. Começou a recorrer à fisioterapia, à vacinoterapia para o tratamento das afecções pelvi-genitais. Utilizou a hemoterapia colaborando nas primeiras transfusões de sangue que se realizaram no Porto. De formação eminentemente cirúrgica conhecia e praticava todas as técnicas da cirurgia ginecológica, mas praticava também cirurgia geral. Começou a utilizar os Raios X no tratamento de afecções oncológicas, mas sobretudo no diagnóstico. Sob a sua orientação se realizaram as primeiras histerossalpingografias, que serviram para a elaboração da dissertação de doutoramento do Dr. Óscar Ribeiro. Tratava-se de uma técnica de exploração que permitia fazer diagnósticos mais precisos e programar, se necessário, a técnica operatória mais adequada e mais conservadora. Era um cirurgião exímio que sabia imprimir nos seus colaboradores a marca da sua Acompanhando também os progressos da endocrinologia começou a executar Morais Frias manteve a tradição da Ginecologia operatória que recebeu de Azevedo Maia. no Serviço o implante subcutâneo de um comprimido de estradiol para tratamento dos fenómenos de carência hormonal nas mulheres que tinham sofrido castração cirúrgica. Este tipo de terapêutica veio algum tempo depois a ser abandonada pelas reacções locais a que dava origem. Tendo atingido o Prof. Morais Frias a jubilação em 1953, a Faculdade pretendeu confiar o ensino ao Professor Extraordinário Dr. Alberto Saavedra que até então tinha sido afastado para a regência de um curso de parteiras cujo ensino ministrava no Hospital de Santo António. Este recusou e foi chamado o Professor agregado Dr. Gonçalves de Azevedo, então Director do Serviço de Ginecologia do Instituto Maternal, a quem foi confiada a regência da disciplina de Obstetrícia, tendo sido a de Ginecologia entregue ao professor de Patologia Cirúrgica. Em 1956 Gonçalves de Azevedo ascendeu à cátedra de Obstetrícia, após concurso de provas públicas e de novo lhe foi confiada cumulativamente a regência de Ginecologia. Gonçalves de Azevedo mantém quanto à Ginecologia as mesmas regras e a mesma orientação que tinha recebido do seu Mestre. Com a passagem dos Serviços da Maternidade Júlio Dinis para o Hospital de S. João, em 1958, a situação não se modificou, visto que à melhoria das instalações não houve correspondente melhoria das condições de trabalho. Gonçalves de Azevedo conquistava a consideração e o respeito dos seus discípulos pela sua integridade moral e mental pela singeleza das suas atitudes e pela independência do seu carácter nobilíssimo. 51 52 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia A sua figura austera ficará na memória daqueles que se enobreceram com o seu convívio. Particularmente vocacionada para a docência e a clínica de Obstetrícia, Gonçalves de Azevedo teve a intuição superior de que a Ginecologia tinha necessidade de avançar e de entrar num caminho verdadeiramente científico, acompanhar os progressos nos diferentes campos de actividade que se lhe abriam. E, por proposta sua, o Conselho Escolar da Faculdade em sessão de 31 de Julho de 1961 encarregou-o 1º Assistente da regência do curso de Ginecologia. Posteriormente foi-lhe atribuída a Direcção do Serviço, após provas de concurso para Professor Extraordinário que iniciou em 25 de Maio de 1962. Tomou posse do lugar de Director de Serviço em 7 de Agosto do mesmo ano e então se inicia um longo percurso de reestruturação do Serviço e de ampliação do seu campo de acção, quase ao mesmo tempo que no Hospital de Santo António Mário Cardia, entusiasticamente coadjuvado por Albino Aroso, consegue que um serviço de Cirurgia lhe conceda uma secção de 6 camas exclusivamente destinada à Ginecologia. Pela primeira vez o Serviço de Ginecologia confiado à Faculdade de Medicina tem um Director autónomo, com formação ginecológica. Anos mais tarde o Ministério da Educação Nacional atribui à Faculdade de Medicina do Porto mais 5 lugares de professor catedrático, um dos quais por decisão unânime do Conselho Escolar foi atribuído à disciplina de Ginecologia. Após concurso de provas públicas, o então Professor Extraordinário passa a ocupar a nova cátedra de Ginecologia. E assim manteve a docência e a clínica de Ginecologia em perfeito autonomia até à sua jubilação em 1993. Estes acontecimentos são já factos históricos mas deles não me ocuparei por ter sido neles interveniente. Impus-me por isso, não falar da obra que desde então foi feita na ginecologia portuense, porque seria ousadia prenhe de dificuldades. 53 Falei-vos apenas dos que já partiram. Dos que ainda vivem terão de se ocupar os seus sucessores pois lhes compete realizar os altos ideais da escola em que se formaram. Regulamento concurso para logotipo da Sociedade Portuguesa de Ginecologia - 1979 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia 54 55 Em 1979 a Comissão Coordenadora da SPG organizou um concurso para a escolha do logotipo da Sociedade. Concorreram 28 trabalhos. As Propostas apresentadas em 1979 para o logótipo da SPG. Foi vencedora a proposta nº2. 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia A ORIGEM DE UMA SOCIEDADE Constitui para mim um enorme privilégio e um grande desafio, poder homenagear, no decorrer do Século XXI, os Colegas que há quatro décadas, criaram a Sociedade Portuguesa de Ginecologia e constitui ainda uma obrigação, transmitir às gerações vindouras como foi a nossa Sociedade concebida, nasceu, atravessou a infância e a adolescência e chegou à “Idade Adulta”. 56 Maria Teresa Osório Presidente da 7ª Direcção (1994-1996) Presidente da 8ª Direcção (1997-1999) Poder orientar a “Qualidade de Assistência” à Mulher Portuguesa foi o objetivo primário dos seus Mentores. A primeira metade do Século XX decorreu com avanços extraordinários em Medicina, desde a descoberta dos Raios X por Roentgen, do rádio pelo Casal Curie, da tripagem do Sistema ABO por Landsteiner até à importância da Citologia exfoliativa por Papanicolaou. Estas e outras pedras basilares prepararam o caminho para o crescimento sustentado e exponencial dos conhecimentos e da tecnologia em Medicina, muito patentes nas duas últimas décadas, em que se chegou ao conhecimento da sequência do Genoma Humano. Estes factos impulsionaram a ideia de individualizar a Ginecologia! Numa época conturbada em que as indefinições dominavam as organizações médicas, não só pelos acontecimentos políticos, mas por dificuldades de vária índole no âmbito do intercâmbio científico, um grupo de Ginecologistas de formação superior, sentiu a necessidade de se estruturar e dar corpo a uma Sociedade Científica, que defendesse os “Problemas da Mulher”, na Saúde e na Doença (Outubro a Dezembro de 1974). Assim nasceu a Sociedade Portuguesa de Ginecologia. --Como Sociedade Médica que era, necessitava à partida, de uma dinâmica que acompanhasse a mutação progressiva e crescente de acontecimentos, que lhe permitissem transmitir aos mais novos, o entusiasmo e as limitações na evolução dos conhecimentos e na prática da Ginecologia, possibilitando a cada um, escolher o seu próprio centro de interesse, sem nunca perder a noção de uma visão conjunta da especialidade. --Qual a razão por que se criou a Sociedade Portuguesa de Ginecologia? -- A visão consignada nas palavras do Dr. Aurélio Lopes Ferreira, na primeira Assembleia Geral, de “pugnar 57 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia por uma Ginecologia mais evoluída, mais diferenciada, realizada só por Ginecologistas, concentrando a dispersão até então verificada, do seu exercício por Cirurgiões, Endocrinologistas, etc., conquistando assim sem qualquer favor, o direito à individualidade de uma verdadeira especialidade médico-cirúrgica, com temas próprios, semiologia própria e pontos de vista próprios. Seria uma especialidade que assentasse anatomicamente no aparelho genital feminino, mas que atuasse quase sempre na base da Mulher, considerada como um todo, sob a influência de um desgaste constante, de estímulos externos, que o quotidiano da vida moderna lhe imprime e que se vai refletir na sua saúde. 58 --Em linhas muito gerais, esta foi a razão de ser, da criação da nossa Sociedade: permitir aos Ginecologistas Portugueses, a possibilidade de conviver, com base num tema comum; exercer, ensinar, divulgar e investigar a Ginecologia. --Cumprindo o ritual burocrático, a Sociedade Portuguesa de Ginecologia, adquiriu personalidade jurídica no dia 10 de Julho de 1975, com depósito dos Estatutos no Governo Civil de Coimbra. --A partir de então a Sociedade Portuguesa de Ginecologia, transformou-se numa insofismável realidade. --Cumpriu religiosamente ao longo dos anos, o princípio de manter as suas Reuniões Científicas programadas inicialmente com a periodicidade de uma por mês, aos segundos sábados dos meses de Novembro a Junho e suspensas para férias nos meses de Julho, Agosto e Setembro. A partir da 5ª Direção (1998), sob a Presidência do Senhor Prof. João Silva Carvalho, passaram a realizar- se quatro reuniões por ano, na mesma, ao segundo sábado dos meses de Janeiro, Março, Junho (Simpósio ou Congresso) e Novembro, mantendo-se os meses de Maio e Outubro dedicados à Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução. A realização dos Congressos ficou marcada desde início para um ritmo trianual, com participação internacional e com uma atualização de conhecimentos aliciante, o que levou ao crescimento em flecha do número de sócios. --Com esta orientação, definida na primeira Assembleia Geral, pelo Dr Aurélio Lopes Ferreira e de que anexaremos uns extratos (no fim desta publicação), que foi inserida nos primeiros estatutos, ficou de igual modo eleita a primeira Direção, o tempo de mandato, a sua composição; a periodicidade das reuniões e a rotatividade pelo País, a criação de um Boletim Informativo, que mais tarde daria origem à Revista, a definição dos Sócios fundadores e as condições de admissão de novos Sócios. --Sucederam-se 13 Direções, cuja composição também será revelada nesta brochura e treze Congressos (13º o atual). --Salientaremos o que demais importante aconteceu em cada uma delas: --1ªDireção (1975-1978) - Presidente: Prof. Henrique Miguel Resende de Oliveira I Congresso - Coimbra - Junho de 1978 --2ª Direção, sob a Presidência do Prof. Carlos de Oliveira - (1979-1981). --Neste mandato foi constituída a Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução. O Boletim da SPG, passou a Revista de Ginecologia e Medicina da Reprodução, tendo como redator principal o Dr. Aurélio Lopes Ferreira. II Congresso: Coimbra - Junho de 1981. 3ª direção, de igual modo sob a Presidência do Prof. Carlos de Oliveira (1982-1984). Com o patrocínio da SPG, foi criado O Grupo Cooperativo de Cancro Ginecológico, que se dedicava ao tratamento do Cancro Ginecológico. Na mesma sequência foi criado o Grupo Cooperativo do Cancro da Mama. Ambos deram lugar à criação da Associação Portuguesa de Investigação Oncológica (APIO), que mais tarde veio a integrar outros Grupos Cooperativos. --A preceder a realização do III Congresso, o Prof. Carlos de Oliveira organizou pela primeira vez em Portugal, uma Reunião do Gynecological Cancer Cooperative Group (GCCG) e as 1ªs Jornadas Luso Francesas de Ginecologia.(Junho de 1984) --4ª Direção (1985-1987) a Sociedade saiu de Coimbra para o Porto, sob a Presidência do Senhor Prof. João da Silva Carvalho. E pela primeira vez a Sociedade passou a integrar uma Mulher no seu elenco. Neste mandato passaram a existir três VicePresidentes. IV Congresso - Porto (Hospital de S. João: Junho de 1987). --A 5ª Direção (1988-1990) mantem- se no Porto, com a mesma composição e sob a presidência do Prof. João Silva Carvalho. Neste mandato as reuniões passam a ser quatro por ano, tendo-se atingido os 700 sócios. V Congresso realizou-se no Hotel Solverde em Junho de 1990. Neste Congresso, teve lugar o I Simpósio de Ginecologia Oncológica sob o Patrocínio da European Society for Gynaecological Oncology). --Na 6ª Direção (1991-1993), sob a Presidência o Sr. Prof. Henrique Miguel de Oliveira, a Sociedade volta a Coimbra. Neste mandato foi alterado o logotipo da SPG e a orgânica da Revista. Foram criados dois Grupos de Estudo: “Do Climatério” e das “Doenças de Transmissão Sexual”. VI Congresso realizou-se em Coimbra, de 29 de Maio a 3 de Junho de 1993. --7ª Direção. (1994-1996), Novamente no Porto e pela primeira vez sob a Direção de uma Mulher: Maria Teresa Osório. Neste mandato procede-se à revisão dos Estatutos, que passarão a contar com 19 Artigos, definindo no Artigo 8º, Corpos Gerentes: Direção, mantêm-se os mesmos elementos. Assembleia Geral: Presidente e dois Secretários; e Conselho Fiscal: Presidente e dois Vogais. VII Congresso: Granja - Hotel Solverde: Junho de 1996 --8ª Direção: Mantem-se no Porto com a mesma Presidência de Maria Teresa Osório. Neste mandato, na continuidade da revisão dos Estatutos, foram criadas as três primeiras Secções e elaborados os Estatutos que as passavam a reger. Assim surgiram: --Secção de Ginecologia Oncológica Presidente: Prof. Carlos Freire de Oliveira. --Secção de Colposcopia e Patologia do 59 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia Trato Genital Inferior - Presidente: Dr. Daniel P. da Silva --Secção de Endoscopia Ginecológica:Presidente: Prof. João Luis Silva Carvalho. --Neste mandato realizaram-se as 1ªs Jornadas Internacionais de Endoscopia Ginecológica. Em Abril de 1998, realizou-se no Hotel Solverde, a 1ª Reunião de Consenso Nacional para o Tratamento e Follow-up do Cancro Ginecológico. A 10,11 e 12 de Junho de 1998, teve lugar no Centro Hospitalar de S. Januário MACAU a 123ª Reunião Científica da SPG. 60 VIII Congresso - Hotel Solverde - Granja, (Junho de 1999) --9ª Direção, regressa a Coimbra sob a Presidência do Dr. Daniel Pereira da Silva (2000-2002) --II Reunião de Consenso Nacional para o Diagnóstico, Tratamento e Follow-up do Cancro Ginecológico - IPO - Porto (Junho de 2000). --Reunião de Consenso sobre Hemorragias uterinas anormais - Estoril (Fevereiro de 2001). --Em 2004, foi criada a Secção de UROGINECOLOGIA, que teve como primeira Presidente. Drª Teresa Mascarenhas. Reunião de Consenso Nacional sobre Tratamento, Follow-up dos Cancros do Colo do útero, Endométrio e Ovário - Granja Hotel Solverde. (Julho de 2003). --Reunião Nacional de Consenso sobre Contracepção - Évora (Setembro de 2003). --Reunião de Consenso Nacional para o Tratamento do Cancro do Endométrio e Sarcoma Uterino. Coimbra (Junho de 2004). --Reunião de Consenso sobre MENOPAUSA, em colaboração com a Sociedade Portuguesa de Menopausa. Granja - Hotel Solverde (Março de 2004). X Congresso Português de Ginecologia Centro de Congressos do Estoril (Junho de 2005). --Criação da Federação das Sociedades Portuguesas de Obstetrícia e Ginecologia (29 de Dezembro de 2005) --11ª Direção - Cova da Beira- Covilhã, sob a Presidência do Prof. J. Martinez de Oliveira - (2006-2009). --V Reunião de Consenso Nacional sobre “Vacina Contra o HPV”. Coimbra (Fevereiro de 2007). --Consenso sobre Infeções Sexualmente Transmissíveis (Endocervicites e DIP) Guimarães (Maio de 2006). IX Congresso - Centro Cultural e de Congressos - Aveiro - Junho de 2002. XI Congresso Português de Ginecologia - Centro de Congressos de Aveiro ( 30 de Maio a 3 de Junho de 2009). --10ª Direção: - mantem-se em Coimbra, sob a Presidência do Dr. Daniel Pereira Silva. (2003-2005). --12ª Direção - Cova da Beira - Covilhã, sob a Presidência do Prof J. Martinez de Oliveira. Nesta Direcção, a Equipa anterior sofreu alterações. --Simpósio sobre Infeção por HPV e Neoplasia intraepitelial do colo, vulva e vagina.(Março de 2010). --Consenso sobre Cancro Coimbra (Outubro de 2010). Ginecológico. --II Consenso sobre Contracepção Estoril (Fevereiro de 2011) --Consenso sobre Cancro Ginecológico Coimbra (Novembro de 2012). XII Congresso Nacional de Ginecologia (Junho de 2012) - Vilamoura - Algarve. 13ª DIRECÇÃO - a ACTUAL PRESIDENTE: Dra. Maria Fernanda Águas. --Decorridos 40 anos, que queremos festejar com a dignidade que sempre nos orientou, é chegado o momento de refletir e fazer uma análise crítica do que foi feito, do que poderia ter sido possível e de um modo muito especial, tirar ilações, para a mensagem que pretendemos transmitir no futuro. Na realidade não basta audácia, perícia e perfeição para a concretização das suas realizações, mas também, vontade e senso para que a ousadia dos progressos da tecnologia, não venha a ferir a dignidade do espaço que a Mulher ocupa hoje na Sociedade Moderna. A PRIMEIRA ASSEMBLEIA GERAL Como complemento do texto anterior, creio ser interessante registar alguns factos ligados à “ PRIMEIRA ASSEMBLEIA GERAL” e que identificam muito bem a Personalidade carismática do Senhor Dr. Aurélio Lopes Ferreira, o seu determinismo e a vontade férrea de lutar pelos seus ideais. No dia 18 de Outubro de 1975, realizouse na Maternidade Bissaya Barreto, em Coimbra, a primeira Assembleia Geral da Sociedade Portuguesa de Ginecologia. O Presidente da Mesa dirigiu uma saudação a todos os presentes e passou a palavra ao Dr. Aurélio Lopes Ferreira , de cujo texto destaco algumas passagens: “As minhas primeiras palavras são para os Colegas presentes, palavras de regozijo por terem vindo em tão grande número, reafirmando-nos que estamos no caminho certo e que não estamos sós na intensão de pugnar por uma ginecologia mais evoluída e mais diferenciada. A partir deste momento, a ideia de um pequeno grupo inicial, passa a ser o propósito de muitos, aglutinados no desejo comum de conseguir uma ginecologia hoje melhor que ontem, amanhã melhor que hoje. Entre nós, a ginecologia é, ainda hoje, uma especialidade multifacetada, com colorações diferentes, obstétrica, cirúrgica, oncológica, endocrinológica dermatológica, a conforme a origem das doentes. No entanto conquistou já sem qualquer favor o direito à individualidade de uma autêntica especialidade médico - cirúrgica, com temas próprios, semiologia própria e pontos de vista próprios. É a especialidade das infeções, dos tumores, das malformações, das dores, dos corrimentos, das hemorragias, da esterilidade, da contraceção,do Planeamento Familiar, da sexologia, da endocrinologia e da 61 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia psicossomática. Cremos não exagerar ao afirmarmos que a Ginecologia sofreu nos últimos anos uma explosão de motivos de interesse, que a coloca aos nossos olhos, como uma das mais aliciantes matérias de estudo e de exercício clínico diário. Foi neste quadro de apaixonado interesse pela especialidade, que surgiu em alguns de nós, a ideia de nos reunirmos periodicamente, para discutirmos os nossos casos, para nos atualizarmos e convivermos. 62 A franca e leal camaradagem, que existia e continua a existir entre os ginecologistas dos três hospitais de Coimbra (HUC; IPO e CHC), constituía um ambiente propício, daí a ideia de criar um núcleo, que inicialmente se chamaria “CLUBE DOS GINECOLOGISTAS DE COIMBRA”. A concretização da ideia foi difícil por vários motivos, mas o interesse mantinha-se. Tais dificuldades e o consequente atraso tornaram-se benéficos. Vários contactos com colegas de outras Instituições (Hospital de Santo António do Porto e IPO de Lisboa), encontraram grande recetividade e entusiasmo. A ideia inicial do “Clube de Ginecologistas” de Coimbra, foi perdendo força, tornando-se cada vez mais aliciante abranger outras Instituições do País. Foi então que surgiu no espírito de alguns a ideia de criar uma Sociedade Portuguesa de Ginecologia. Esta é em linhas muito gerais a razão de ser da criação da nossa Sociedade. Lançadas as bases de uma Sociedade Portuguesa de Ginecologia, o resto foi apenas percorrer todos os passos necessários para a sua concretização, aproveitando as facilidades concedidas pelo Decreto - Lei nº 594, de 7 de Novembro de 1974, que institui o direito de livre associação, como uma garantia básica da realização pessoal, na vida em Sociedade. Para estabelecer um elo de ligação entre todos os Centros do País, foi proposta a criação de um Conselho Consultivo, presidido por Agostinho Almeida Santos - órgão orientador da Sociedade, de que fariam parte um representante de cada Serviço de Ginecologia dos Hospitais Centrais e Regionais. Finalmente como terceiro ponto, salienta-se a necessidade de criar um Boletim periódico, onde seriam publicados todos os trabalhos apresentados nas Reuniões. Foi igualmente aprovado o Regulamento do Boletim, cuja orientação foi entregue ao Prof. Carlos de Oliveira. O interesse destas informações, consiste em realçar e vincar os sacrifícios que se fizeram para impor esta Sociedade, que no dizer de alguns. Não passaria da terceira ou quarta Reunião Científica……………………. mas que festeja neste momento 40 anos, com 180 Reuniões Científicas e XIII Congressos, sempre com o mais elevado nível científico e participativo. A terminar a sua intervenção, o Dr. Aurélio Lopes Ferreira, afirma: ”A Sociedade Portuguesa de Ginecologia, aqui fica para cumprir uma missão que desejamos todos que seja útil e proveitosa para todos os Ginecologistas, como profissionais e intelectuais de uma especialidade médica e para a Sociedade Civil.“ A Sociedade Portuguesa de Ginecologia será o que nós ginecologistas formos e o que nós quisermos que ela seja!” Prof. Carlos Freire de Oliveira, que merecem todo o nosso reconhecimento, gratidão e carinho). Os grandes obreiros e impulsionador do arranque desta Sociedade foram o seu Secretário Geral durante as três primeiras DIrecções: Dr. Aurélio Lopes e o Presidente das segunda e terceiras Direções, A Génese de uma Sociedade Científica e o seu sucesso devem-se sem dúvida às convicções visionárias e operacionais dos seus FUNDADORES. 63 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia PRIMEIRA ASSEMBLEIA GERAL da Sociedade Portuguesa de Ginecologia 18 de Outubro de 1976 64 “Procurámos levar a informação da nova Sociedade a todos os que sabíamos poder estar interessados na ginecologia, quer através da Imprensa ou da Rádio, quer directamente, guiando-nos pelas listas dos médicos titulados pela Ordem, pelo Guia Sanitário de Portugal, pelas Listas Telefónicas e até mesmo por uma lista cedida por um Laboratório de Produtos Farmacêuticos.” 65 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia 2000 - 2005 Respeitar o legado recebido, pela afirmação do presente A Sociedade Portuguesa de Ginecologia -SPG - foi determinante para o desenvolvimento da ginecologia no nosso país nos últimos 40 anos. 66 Daniel Pereira da Silva Presidente da 9ª Direcção (2000-2002) Presidente da 10ª Direcção (2003-2005) Foi a visão, capacidade e empenho de um grupo de ilustres ginecologistas que fundaram a SPG e constituíram as diversas equipas diretivas, que permitiu motivar e galvanizar os ginecologistas portuguesas ao longo dos anos, num processo de atualização e desenvolvimento nunca acabados. Acompanhámos este processo desde o início, nos primórdios de 1975. Quando em 2000 tivemos o privilégio de sermos eleitos para a direção da SPG, para um mandato de 3 anos, renovado em 2003 por igual período, conhecíamos o percurso da sociedade e o contexto em que nos encontrávamos. Recebemos um legado fantástico, o que nos motivava para avançarmos na afirmação e desenvolvimento da especialidade, ou melhor do exercício da especialidade, o que era, naturalmente, muito motivador. Integrámos uma equipa muito coesa e motivada. Foi com grande honra e prazer que exercemos as nossas funções - Honra, porque para nós (toda a equipa) era um privilégio estar à frente de uma Sociedade Científica muito dinâmica e prestigiada; Prazer, porque o fazíamos com muita satisfação, escudados no reconhecimento e apoio da maioria dos sócios. Na primeira reunião da direção que realizámos em 29/01/2000 definimos as nossas linhas de atuação: Dar expressão às áreas da especialidade com maior especificidade e diferenciação – Patologia Cervico-vulvovaginal, Ginecologia Oncológica e Endoscopia (Secções já criadas) e Uroginecologia (Secção a criar). Renovar a realização das reuniões científicas tornando-as mais participadas e interativas. Criar prémios e bolsas de modo a fomentar a investigação e o intercâmbio internacional. Aumentar a implantação da SPG junto dos ginecologistas da área de Lisboa e Vale do Tejo. Melhorar a comunicação entre os sócios, informar mais através do correio, criar o Site e iniciar a comunicação pela Internet. 67 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia Profissionalizar a contabilidade e a cobrança de quotas. Levar a SPG ao público em geral, intervindo nos media e promovendo estudos de avaliação do grau de conhecimento das mulheres acerca de temas de saúde. Estreitar relações e harmonizar interesses com a Sociedade Portuguesa de Obstetrícia e Ginecologia. Nos 6 anos dos dois mandatos procurámos cumprir o programa que havia sido traçado. 68 A área da formação teve um excelente dinamismo e nível científico. A Secção de Uroginecologia foi criada e com ela estabeleceu-se o calendário de reuniões da SPG a realizar de forma regular e programada, nos seguintes moldes – Reunião no 1º ou 2º fim de semana de Junho - Simpósio generalista da SPG ou Congresso de 3 em 3 anos; Reuniões no 2º fim de semana de Janeiro, Março e Novembro a organizar rotativamente pelas 4 Secções. Incrementaram-se modelos organizativos mais dinâmicos (workshops, sistema de televoters e outros). Mas foi, sem dúvida, o aumento do número de reuniões de consenso que teve maior impacto. Atualizaram-se os consensos sobre ginecologia oncológica e elaboraramse novos consensos que motivaram muitas reuniões e deram origem a várias publicações: Hemorragias uterinas anormais 10/2/2000, Contraceção 20/09/2003; Menopausa 29/03/2004; Patologia Cervico-Vulvovaginal 7/11/2004; Infeções Sexualmente Transmissíveis: Endocervicites e DIPs 18/03/2005 e Desempenho em Ginecologia 20/11/05. Naturalmente que os 2 congressos realizados - o IX congresso em Aveiro e o X no Estoril - foram momentos de grande exaltação e afirmação da ginecologia nacional, pelo número de médicos que mobilizou, bem patentes com a elevada presença no congresso e apresentação de comunicações livres, posters, vídeos ou temas em plenário. O congresso deu voz às escolas de ginecologia do país e foi a oportunidade de receber entre nós ginecologistas internacionais de referência, oriundos da Alemanha, Austrália, Bélgica, Espanha, França, Holanda, Suécia, UK e USA. Os estatutos foram atualizados, passando os corpos sociais a serem eleitos em Junho, com a tomada de posse prevista para Janeiro seguinte de modo a facilitar a transmissão de dossiers e a programação. A contabilidade foi atualizada face à legislação vigente e a cobrança de quotas foi profissionalizada. Todos os anos foi entregue o Prémio Nacional de Ginecologia e bolsas para estágios fora do país. O site da SPG foi criado em 2001, passando a ser o meio privilegiado de comunicação entre os sócios. Editamos o livro Quem é quem na ginecologia portuguesa que continha todos os dados de identificação e contacto dos sócios. A comunicação para o público em geral foi incrementada, intervindo através de vários meios de comunicação com entrevistas e artigos sobres os mais diversos tópicos, com o objetivo de informar, mas também sensibilizar os poderes públicos para a importância de ouvir os representantes da sociedades científicas, nomeadamente da SPG. Lançamos alguns inquéritos de rua e estudos, de modo a avaliar o conhecimento da população sobre alguns temas e com base nos seus resultados mobilizar os media para lhes dar eco. Duas iniciativas tiveram mais sucesso: inquérito sobre menopausa e estudo sobre as práticas contracetivas da mulher em Portugal. Em 2000 encetámos conversações com a Sociedade Portuguesa de Obstetrícia e Ginecologia com o objetivo de clarificar posições, ultrapassar divergências e melhorar o relacionamento com a SPG. Em 22 de Abril de 2001 teve lugar em Évora a primeira reunião formal entre as direções da SPOG, SPG e da Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução (SPMR), que decorreu com grande espírito de abertura e com a determinação de definir as linhas mestras de colaboração institucional. Nessa reunião foi assinado um protocolo no qual se definia que as áreas de dedicação estratégica das sociedades presentes eram as seguintes: SPOG - área da Obstetrícia e Medicina Fetal, SPG - área da ginecologia e SPRM área da medicina da reprodução. Estavam lançadas as bases para a reorganização institucional das sociedades científicas da área da nossa especialidade. O caminho não foi isento de vicissitudes, mas a ideia de criar um organismo coordenador das sociedades científicas da área da saúde da mulher foi fazendo o seu caminho, até que a SPOG, em assembleia geral de 09/06/2005, aprovou a evolução para federação, graças ao empenho e clarividência do Prof. Carlos Santos Jorge, então seu presidente. Criava-se assim o espaço necessário ao aparecimento da Sociedade Portuguesa de Obstetrícia e Medicina Materno-fetal (entretanto criada). A SPG votou em assembleia geral de 19/11/2005 a adesão à federação. Os estatutos da federação foram registados em escritura pública celebrada em 28/12/2005 e mais tarde reformulados para a designação atual de FSPOG Federação das Sociedades Portuguesas de Obstetrícia e Ginecologia. Estava consumada toda a organização das sociedades científicas da área da saúde da mulher como hoje conhecemos, onde é patente o diálogo e espírito de colaboração, antes impensáveis. 69 70 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia 71 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia SPG - Sociedade Portuguesa Ginecologia A perspectiva de uma presidência 72 José Martinez de Oliveira Presidente da 11ª Direcção (2006-2009) Presidente da 12ª Direcção (2010-2012) “Recordar é viver” é uma expressão corrente que pretende expressar a sensação de repetição dum percurso, experiência ou momento, a qual mais propriamente seria tradutível por “Recordar é reviver”. Assumindo o princípio que, em termos simples, afirma que os episódios relembrados ocupam uma posição de maior acessibilidade na nossa memória, a vivência a que correspondem não é, porém, percebida da mesma forma. Na verdade o rememorar ou relatar um acontecimento acaba por envolve-lo em roupagens e comentários, que se lhe juntam pelo adicionar o conhecimento das repercussões que teve, ou não, das diferentes consequências se houvera possibilidade de modificar o seu percurso, tudo fazendo sentido na riqueza parapsicológica duma excursão extracorporal ou mais tecnológica duma visualização em gravação de som e imagem, eu é exemplo acabado da nossa inteligência emocional. Uma e outra formas comungam do facto de que quem vê é simultaneamente objecto da observação, contexto onde se inserem as autobiografias, exercício dificílimo e que na dependência da personalidade e do estado do humor do seu autor incorre no risco de adulterar por excesso ou por defeito o relato que é o seu tema, deformando em variável medida a realidade dos factos. A distorção vai depender ainda da perspectiva em que a descrição é feita, pois não há uma verdade em cada tema, mas verdades, muitas vezes todas elas lógicas, plausíveis e reais e tantas vezes com sentidos opostos. Assim, analisar o que foi o percurso da SPG sob a minha presidência em dois períodos consecutivos coloca-me desde logo a questão das opções. E como aprecio a isenção, que sempre busco, abordarei a descrição sob sete vertentes, número que resulta duma espontânea estruturação e não assume qualquer significado esotérico. 1. Pecularidades Não foi experiência única o ter tido a possibilidade de exercer presidência mais longa do que o previsto, por motivos meramente conjunturais. Não me parecendo, com sinceridade, ser algo particularmente relevante, descrevo-o por ter sido algo de excepcional e que se deveu ao alargamento do período de três para quatro anos do exercício dos corpos directivos, quando a criação da FSPOG implicou a necessidade de ajustar calendários, evitar conflitos de iniciativas e, obrigando a postergar em um ano o Congresso da SPG, que é em si mesmo episódio terminal duma gestão. 73 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia Recordo, direi, com alguma agradável envolvência humorística, a desconfiança com que a proposta foi acolhida na Assembleia Geral em que ficou decidida, por estar secamente expressa na “Ordem de Trabalhos” da sua convocatória, e antes de ser divulgada a sua justificação. Houve, certamente, receio de perenização do poder… 2. Maleabiidade da estrutura directiva 74 A preocupação de promover uma significativa participação na organização das actividades da SPG, que se pretendeu o mais partilhado e interactivo possível, mantendo a já assumida autonomia das diferentes Secções, foi introduzida a criação dos Núcleos, ou Grupos de Dinamização, estruturas bem definidas e nomeadas pela direcção, sob proposta da presidência, de quem dependem, as quais se vieram a mostrar particularmente úteis e activas, permitindo incluir no executivo mais sócios, pese embora na sua maioria tenham falhado a sua função de pontes de interacção com as outras Sociedades, por pouca receptividade destas. Com esta iniciativa ficou então ampliada a estrutura de intervenção, sem acarretar vínculos nem complexas implicações legais, evidenciando uma vez mais que medidas simples permitem muitas vezes dinâmicas de elevada eficiência. 3. A Sede Foi na Assembleia Geral de Março de 2009 que ficou formalizada a decisão de aquisição duma fracção num imóvel em Coimbra, para albergar a sede da SPG. Não teve o projecto origem nos corpos gerentes de então, já que o seu estudo se iniciou e foi evoluindo nos precedentes, desencadeado que foi pelo entusiasmo da Drª Maria Teresa Osório. Mas foi com muita satisfação e a alegria duma obrigação cumprida que as instalações, que acolhem também a FSPOG, foram adquiridas e disponibilizadas, para o que muito contribuiu o envolvimento pessoal da nossa então tesoureira, Drª Fernanda Águas. 4. Reconhecimento, Emoção, Calor Humano Os Congressos são encontros com um carisma especial, onde alguns actos formais decorrem em ambiente de certa solenidade. Dois Colegas, reconhecidos por todos e por cada um de nós, foram agraciados nas sessões de homenagem de cada um dos dois congressos havidos. Pouco haverá que acrescentar ao já afirmado sobre a personalidade, disponibilidade, empenho, dedicação, espírito de servir, humildade, e postura de amizade e companheirismo dos Dr.s Aurélio Lopes Ferreira e José de Bessa Meneses e Sousa. Ao relembrar a intensidade do que foram estes momentos não consigo ocultar um sentimento de emoção. 5. Perfil dos encontros Ao tentar identificar o que de melhor e de pior foi feito, tenho de referir com particular agrado que todas as reuniões me satisfizeram totalmente sob o ponto de vista científico. Esta homogeneidade, que é motivo de orgulho para todos os envolvidos, dificulta porém a individualização descritiva. Buscarei, por isso, outras perspectivas de abordagem. Assim, tendo em conta a convivialidade e a originalidade salientarei “O osso e a carne”, encontro que em Sesimbra juntou uma série de especialistas de outras áreas da medicina e não só, permitindo dentro e fora do auditório diálogos interessantíssimos sobre temas os mais diversos e culminando com uma sessão de exercício físico, colectivo, em meu entender dos melhores (a dança), onde nos demos ao cuidado de medir o gasto energético numa putativa ideação de acção preventiva e terapêutica do excesso ponderal. Inovador, educativo, mas sobretudo muito divertido e inédito, julgo! Em sentido oposto, procurando episódios negativos, pela enorme dificuldade de estruturação, deficiente aporte multidisciplinar e pela intensíssima carga emocional que me acarretou, a reunião em Viana do Castelo, que desde então faz parte do pequeno grupo das minhas experiências traumáticas. Constitui, aliás, exemplo marcante de situações complexas e mutáveis, cuja convergência acarreta um desfecho desagradável. É, para mim, o estereótipo da incapacidade de estabelecer um projecto que considerei (e teimo em considerar) relevante e que lhe estava subjacente: o da Medicina da Adolescência. Dinâmicas diferentes, interesses não convergentes, envolvimento de associações com complexa organização interna, mostraram que esse caminho iria ser penoso ou, como se mostrou, impossível. Vingou o alheamento, apesar do esforço investido, também ao tentar de novo a sua estruturação, num encontro de trabalho interessantíssimo mas que se mostrou improfícuo. No Castelo de Viana tivemos uma excelente série de exposições científicas por parte de todos os preletores para um pequeno número de presentes. E esta vacuidade não foi o resultado dum erro ou duma estratégia falhada, mas fenómeno pontual, de um acidente, duma omissão comunicativa, num curto período em que súbitas inflexões do trajecto de parceiros que eram fundamentais para o evento, não deram tempo a implementar estratégias alternativas. É o que, na lista das minhas definições, chamo de sofacone (somatório de factores convergentes negativos), fenómeno no qual, de repente, um conjunto ou sequência de inesperados acontecimentos nos colocam em elevado risco de rotura, de incumprimento, com repercussões prejudiciais, por vezes graves não raramente acontece. Não foi o caso, mas esteve próximo de o ser. 6. Apoios e Patrocínios Ainda que pontualmente assumam os patrocinadores postura ou propostas menos correctas, esta foi e tem sido na vivência da SPG a excepção. Devemos dizêlo com orgulho pois esta atitude de parceria e de isenção tem sido e é fulcral para o êxito que tem tido a nossa Sociedade. Com a grande maioria das empresas com que interagimos, e seus colaboradores, se estabeleceram laços de muita amizade, mesmo institucional (se é que tal existe), 75 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia mas seguramente pessoal. Por isso tenho lamentado, como o expressei já em variadas ocasiões, que tenha perdido o contacto com profissionais que foram nossos interlocutores e companheiros de trabalho, que desapareceram do nosso horizonte, muitas vezes de modo definitivo e que, ainda que sem a envolvência profissional, seria muito bom poder rever e com eles conviver. Algumas poucas excepções constituem para mim motivo de particular satisfação. 7. Irregularidades 76 Acontecimento indesejável, na actual terminologia, foi a que considero como iniciativa impensável a atitude irresponsável da Apifarma, quando da sua declaração de interdição de apoio da indústria que tutela a eventos realizados no Marinotel. Tratase dum documento estranhíssimo que demonizou aquela empresa e estrutura hoteleira e que por ditada a um mês do evento contratado, implicou uma mudança da logística dos vários patrocinadores, deixando à SPG o ónus de arcar com despesas adicionais resultantes de insatisfação de quantitativos acordados, acarretando avultados prejuízos. Foi acto único, nunca visto, nem antes nem depois, particularmente atípico por ter alvo único e anunciado, ainda mais notável quando tal anomalia proveio de uma chamada Comissão de Ética. Mal denominada? E ao recordar o Congresso de Vilamoura, um outro episódio, relacionado, se me ocorre. Aconselhado (sempre dei ouvidos a opiniões sinceras e ponderadas) a não incluir na sessão de abertura nenhum tipo de actividade lúdica, que pudesse ser interpretado como factor de descaracterização dum evento científico (a tal transparência, que por o ser continuo a não ver…), propús-me, qual comandante de barco momentaneamente à deriva, fazer uma exposição que intitulei A Ginecologia e a Medicina: Outrora e Hoje, que, para além de me ter dado o prazer de receber agradáveis comentários, tenho de confessar muita diversão me proporcionou ao prepará-la. Ao encerrar esta visão panorâmica dum percurso quero expressar a minha muita gratidão a TODOS os elementos que permitiram levar avante tudo quanto foi feito, particularmente aos Corpos Sociais que cumpriram com muita qualidade o que lhes foi solicitado e manifestaram continuadamente uma postura crítica meritória, de acordo ou discordância, como se espera dum conjunto plural. 77 Que me perdoem todos quantos mereciam ter o seu nome expresso neste texto, o que gostaria de fazer não fora o espartilho que a escassez de espaço para tal me impõe. E não poderia omitir o meu reconhecimento aos muitos patrocinadores e empresas que connosco colaboraram, aos sócios para quem a maior parte do trabalho é dedicado, e esperando que o contributo de todas as acções tenha tido a desejada repercussão nos cuidados de saúde prestados aos nossos cidadãos e em especial à Mulher Portuguesa. Circular Nº65 de 30 de Dezembro de 1980, por ocasião do falecimento do 1º Ministro Dr. Francisco Sá Carneiro 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia UMA PACÍFICA BATALHA troca de correspondência.. De: Jose Martinez de Oliveira Para: aurelio.ferreira@.... Data: 06/14/2008 00:22 Assunto: Convite e Pedido de Amigo Dr. Aurélio Lopes Ferreira Meu amigo 78 Troca de correspondência entre José Martinez de Oliveira e Aurélio Lopes Ferreira por ocasião do XI Congresso Português de Ginecologia Ao olharmos para trás na identificação dos que pioneiros e persistentes nos definiram o correcto caminho a percorrer apenas um não tinha tido acesso à situação de privilégio que mereceria. Assim, e ainda que conhecendo a sua aversão a sessões de homenagem e congéneres, confirmamos não nos sentirmos bem sem o fazer. Por isso, a Direcção da SPG decidiu elegêlo como Presidente de Honra do próximo Congresso Português de Ginecologia a realizar em Aveiro de 31 de Maio a 2 de Junho de 2009. Não é nossa nem muito menos minha intenção obrigá-lo a nada ou impôr-lhe algo que pretenda evitar mas logicamente que nos satisfaria imenso a sua presença. Poupá-lo-emos a situações de excessiva emotividade ou ceremoniais pomposos mas é generalizada a necessidade que sentimos de lhe expressar a nossa gratidão pelo que fez pela especialidade e pela forma amistosa como sempre incentivou os mais novos à sua boa evolução. De todo o modo, está fora de questão que nos possa levar a mal por este gesto que, em caso algum, deverá pôr em causa a profunda amizade que a totalidade de nós lhe devota. Na expectativa de que possa estar connosco em Aveiro, peço que aceite as nossas mais sinceras e cordiais saudações. José Martinez de Oliveira 1º como amigo e admirador 2º Presidente da SPG 79 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia De: Aurélio Lopes Ferreira Para: jmo@... Data: 07/09/2008 22:21 Assunto: Próximo Congresso 80 De: “Jose Martinez de Oliveira” Para: “Aurélio Lopes Ferreira” <aurelio.ferreira@... Data: 07/10/2008 10:02 Assunto: Re: Próximo Congresso Meu caro Dr. Martinez Caríssimo amigo Antes do mais, as minhas desculpas por só hoje responder à sua tão amável mensagem electronica, mas a verdade é que sou um pexote nestas andanças internéticas e só hoje, com mais de 20 dias de atraso é que fui ver se tinha algum correio para mim. (A minha ideia de correio continua a ser a do carteiro que toca à campaínha… Aliás, penso muito seriamente, que já só cheguei a estas modernices com 50 ou 60 anos de atraso). Conhecendo-o como julgo que acho, sabendo das suas convicções e posturas, e estando seguro que com todas as limitações que teve e acha que tem quero dizer-lhe que foi para nós uma figura paradigmática. A sua mensagem foi como um autêntico tsunami na rotina pacata dos meus dias de senhor de idade. Por um lado, foi com muita satisfação que a minha vaidadesinha humana tomou conhecimento do vosso projecto, onde, no entanto, não vejo qualquer mérito da minha parte, mas apenas a evidência da amizade e estima que todos vocês me têm sempre dispensado. Levar-vos a mal por este gesto? Nem pensar. Por outro lado, o arranque já tão distante da Sociedade, foi tão só uma expressão do meu ponto de vista, que continuo a perfilhar, de que ginecologia é uma coisa e obstetrícia é outra. Por outro lado, além de não reconhecer qualquer mérito especial da minha parte,para essa distinção que me querem atribuir, continuo a considerar-me apenas um operário, um pobre diabo que se entrega sempre por inteiro em tudo em que se empenha e, como você próprio afirma, com grande aversão a sessões de homenagem, que sei não merecer. Recordome que há já vários anos, o Dr. Daniel, que muito estimo, tentou convencer-me a igual homenagem, convite êsse a que a minha modestia e o reconhecimento da minha pouca valia, não me permitiram corresponder. Está a custar-me imenso decidir entre o reconhecimento da minha pouca valia para tal distinção e responder-lhes com ingratidão ao vosso convite tão gentil e tão Amigo. Dê-me alguns dias para pensar, na certeza de que decida o que decidir, nunca esquecerei a vossa amizade de tantos anos. Um abraço do Aurélio Digo foi porque embora para o mesmo grupo continue a sê-lo mas não sei se estaria de acordo com os padrões correntes nós que éramos os jovens de então somos agora os mais velhos e com sensação por vezes de “fora do tempo”. Entendo e entendi que lhe seria até bem difícil aceitar agora o que recusou há anos, e que isso lhe poderia causar conflitos no seu íntimo. Por isso, MEU AMIGO, aceite que a decisão mesmo que o mérito não existisse (o que todos nós discordamos) poderia ser baseada no sentimento de AMIZADE e AJUDA manifesta pela sempre presente DISPONIBILIDADE. Veja pois que temos bons motivos (dos antigos) para lhe manifestarmos o nosso apreço. Para lhe poupar aquelas dificuldades, já que AMIGO NÄO CHATEIA AMIGO, evito-lhe a tarefa da aceitação, que tomámos a liberdade de ultrapassar. Assim a única decisão que terá de tomar é se vai ou não estar presente na cerimónia ! Mas se fôra necessário outra qualquer razão, para falarmos sobre isso visitá-lo-ei quando fôr a Coimbra, e esta será seguramente uma mais-valia do convite. Receba um forte abraço deste seu amigo perene e apenas temporário Presidente da SPG José Martinez de Oliveira 81 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia De: Aurélio Lopes Ferreira <aurelio.ferreira@... Para: jmo@... Data: 07/13/2008 21:33 De: “Jose Martinez de Oliveira” Para: “Aurélio Lopes Ferreira” Data: 07/19/2008 12:14 Assunto: Re: Congresso de 2009 Assunto: Congresso de 2009 Meu Caro Amigo A amizade tem destas coisas: enrigece-nos as convicções e amolece-nos as emoções. Meu caro Dr. Martinez Espero visitá-lo no primeiro sábado de Setembro, dia 6. Rendo-me. Entretanto receba o nosso forte abraço, meu e de todos os demais responsáveis pela SPG José Martinez de Oliveira 82 Alguém me convenceu que não tenho o direito de sobrepor as minhas convicções a uma Amizade de tantos anos, que tenho por todos vós. Por isso, é muito reconhecido, que aceito o vosso convite, ao qual procurarei corresponder da melhor maneira. Um abraço do Aurélio 83 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia Discurso do Presidente de Honra do XI Congresso Português de Ginecologia 84 Aurélio Lopes Ferreira Secretário Geral das primeiras três Comissões Coordenadoras (1975-1984) Presidente de Honra do XI Congresso Português de Ginecologia Recuando, por um subtil clique de memória, aos quase pré-históricos tempos do nascimento da Sociedade Portuguesa de Ginecologia, não encontro um único acto da minha parte que justifique a homenagem que agora me é prestada e que sempre procurei evitar. Sinceramente, se alguma coisa fiz nesta cruzada que constituiu o nascimento e a vida da nossa Sociedade, foi ter conseguido criar um magnífico clima de amizade, situação essa, que a meu ver estará subjacente a esta homenagem. Tantos e tantos amigos que agora vejo à minha volta! Só lamento, com profunda mágoa, não poder ver muitos outros que, pela inexorável lei da vida, foram ficando irremediavelmente pelo caminho. Esta Sociedade nasceu de um desejo de afirmação da ginecologia portuguesa, como especialidade médico-cirúrgica, de cariz marcadamente científico. A ginecologia era nesse tempo, entre nós, uma especialidade muito incipiente. A dismenorreia tinha de ser suportada pela jovem com paliativos e desconforto. A THS estava reduzida a um medicamento injectável que tinha um desmame automático, pois a doente ia-se descuidando da injecção mensal e a situação ia-se resolvendo, pelo tempo fora, com paciência e resignação. A contracepção era pouco mais que uma miragem. Não havia ainda ecografia, a endoscopia dava entre nós os primeiros passos e a cirurgia era tão rudimentar que em muitas situações era apenas um meio de causar fístulas vesicovaginais. Havia quem praticasse ainda a histerectomia sub-total, porque era tecnicamente mais acessível e pela crendice de que a ablação do útero penalizava sexualmente a mulher. Havia apenas um citostático, muito utilizado embora sem grandes resultados, no cancro do ovário. E, falta quase imperdoável, a ginecologia ignorava por completo a senologia, então praticada exclusivamente pela cirurgia geral. Com o aparecimento da Sociedade Portuguesa de Ginecologia, em 1975, nos primeiros tempos com reuniões científicas mensais, a ginecologia foi surgindo com uma valorização que é hoje incontestada. Foi deixando gradualmente de ser entre nós, a especialidade dos corrimentos e das comichões, para começar a ser mais reconhecida e a ganhar um lugar mais científico na medicina portuguesa. Deram- 85 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia se os primeiros passos no estudo e na investigação, embora limitada entre nós apenas ao ensaio clínico. Os Congressos Portugueses de Ginecologia, de 3 em 3 anos e o aparecimento de uma revista trimestral, o “Boletim da Sociedade Portuguesa de Ginecologia” depois substituído pela “Ginecologia e Medicina da Reprodução” ajudaram a consolidar esse progresso. 86 Cumpre-me assim dirigir a todos uma palavra de saudação e de regozijo pelo facto de termos chegado até aqui, mostrando a nossa Sociedade a mesma vitalidade dos primeiros dias. Há hoje, como que um reconhecimento generalizado de que valeu a pena. Parafraseando o Presidente Obama, é com muito orgulho que hoje podemos afirmar: Nós conseguimos. A ginecologia tem hoje uma relação algo indefinida com a obstetrícia. Sendo ambas descendentes da cirurgia, nos primórdios de uma medicina mais científica, estas 2 especialidades foram caminhando por trilhos diferentes, uma e outra vez, por caminhos paralelos, mas sempre distintos. Actualmente, as Faculdades de Medicina têm cadeiras distintas, os hospitais acima de uma certa dimensão têm serviços hospitalares diferentes e autónomos, a obstetrícia aproximando-se muito naturalmente da medicina neonatal e a ginecologia desdobrando-se em valências cada vez mais diferenciadas como a esterilidade, o climatério, a uroginecologia, a endoscopia, a ginecologia oncológica e a firme conquista da clínica mamária. Hoje, porém, é politicamente correcto considerar a ginecologia e a obstetrícia como uma especialidade única, num casamento a meu ver cada vez mais forçado, obrigando essa especialidade conjunta a ser estudada e praticada pelos mesmos especialistas. E, no entanto, os novos internos, que são obrigados a passar pelas duas especialidades, vêm depois, na prática clínica, a exercer correctamente apenas uma delas, com uns rudimentos da outra. Muitos dos médicos já formados anteriormente são especialistas de uma dessas especialidades por dedicação, estudo e avaliação profissional e da outra por decreto-lei. E há assim hoje ginecologistasobstetras que nunca fizerem um parto; e outros que, praticando a obstetricia com muita qualidade, não dominam devidamente a ginecologia, nomeadamente a nível das novas valências, da endoscopia e da cirurgia oncológica. Verifica-se, paradoxalmente, que à medida que cada uma destas especialidades vai enriquecendo com mais conhecimentos, mais profundidade e mais valências altamente diferenciadas, maior é a tendencia para as juntar. Confesso que não consigo entender para onde se caminha. Hoje, penso que a minha dificuldade de compreender a situação se deve apenas à minha incapacidade e à minha impreparação para o efeito. Não é, por isso, meu propósito discutir aqui o problema, até porque sinto que esta questão não é pacífica. E tenho de confessar que não está nos meus horizontes entrar na discussão de problema tão complexo e tão polémico, que poderá levar muito tempo a resolver, de acordo com a evolução científica e a paixão dos intervenientes. E eu, nesta minha juventude prolongada, já só posso pensar no curto prazo. Permitam-me que depois de um discurso tão chato e tão descolorido, faça uma previsão muito aligeirada deste problema, baseada na observação atenta da evolução do pequeno mundo que me rodeia, tão contrária ao reconhecimento da evolução da ciência e da tecnologia. E assim, prevejo uma desvalorização cada vez maior do ginecologista e do obstetra; prevejo que a ginecologia, na sua vertente cirúrgica passará a ser feita apenas em ambulatório, por um administrador hospitalar, com recurso a uma máquina de calcular, recuando o ginecologista aos corrimentos e às comichões; quanto à obstetrícia, prevejo um futuro ainda menos interventivo: um casal que pretenda um filho, poderá escolhê-lo por um catálogo de ADN-simplex, num quartel de bombeiros, pagando evidentemente a respectiva taxa moderadora. E as maternidades, então devolutas, poderão passar a ser ocupadas por uma qualquer Entidade Reguladora, que, mesmo nada sabendo da arte e da ciência da medicina, que, mesmo nada sabendo do que é um doente no contexto sempre presente de sofrimento, angústia e frustração, se proponha resolver mais sabiamente os delicados problemas da saúde da mulher. Quase a terminar este momento privilegiado de protagonismo que me proporcionaram, sinto que devo ainda manifestar publicamente a minha profunda gratidão por aqueles que mais contribuíram para a minha cultura ginecológica e para o relativo sucesso da minha carreira profissional: o Professor Ibérico Nogueira, o Professor Henrique Miguel Resende Oliveira, o Dr. João Cortez Vaz e o Professor Mário Mendes, todos eles figuras de grande relevo na medicina portuguesa. Dirão alguns, porventura mais irreverentes, que com tantos profes andei sempre muito mal acompanhado. Eu, realisticamente, direi apenas que me sinto um privilegiado com as oportunidades que a vida me proporcionou. Em todo o meu tempo de estudante de ginecologia, que ainda sou, tive assim oportunidade de ter sempre bons Mestres, benefício este a que depois procurei corresponder contribuindo para a formação de largas dezenas de Internos de ginecologia, uns ainda em Coimbra e muitos outros espalhados por esse país fora, que muito têm honrado e prestigiado a Escola que os preparou. Depois de 50 anos a servir a ginecologia, com dedicação e por vezes, com sacrifício, mas sempre com uma sensação reconfortante, gostaria de me dirigir especialmente aos mais novos: Dediquem a vossa vida profissional ao serviço da ginecologia, cultivando-a com o rigor e a devoção que ela merece. Só assim será possível assumir uma postura que vos dê autoridade para contrariar aquilo de que nos acusam tantos e cada vez mais profanos da medicina, desde governantes a administrativos e afins, que descarregam para cima do médico a frustração de nem sempre conseguirem uma solução brilhante 87 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia para as suas ambições e problemas, muitas e muitas vezes agravados pelos seus próprios erros e desilusões. A terminar, faço questão de voltar a agradecer muito penhorado, esta grande prova de simpatia e carinho, que agora sinto à minha volta e que muito me honra. Como um simples servidor da ginecologia, que sempre fui, não é todos os dias que se é assim acarinhado pela elite da ginecologia portuguesa. Muito e muito obrigado a todos os que decidiram, e tanto insistiram, nesta manifestação de inesquecível prova de amizade e de consideração pessoal e profissional. Muito obrigado. 88 89 Entrevista com Dr. Aurélio Ferreira em 1976 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia 90 91 Termo de Abertura do Livro de Actas (página anterior) 1ª página do livro de Actas 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia Secção Portuguesa de Endoscopia Ginecológica Na comemoração dos 40 anos da Sociedade Portuguesa de Ginecologia, solicita-me a Srª Presidente, Drª Fernanda Águas, a elaboração de um breve texto de memórias sobre a criação e os primeiros anos da Secção Portuguesa de Endoscopia Ginecológica. 92 João Luis Silva Carvalho Presidente da Secção Portuguesa de Endoscopia Ginecológica (1998 - 2002) Tive o privilégio de ser Secretário-Geral da SPG sob a Presidência de duas das mais ilustres personalidades da Ginecologia Portuguesa: a Drª Teresa Osório, que protagonizou importantes transformações marcando indelevelmente a história da nossa Sociedade e o meu muito querido amigo Daniel Pereira da Silva que a engrandeceu e enriqueceu de uma forma que, no início, julgávamos impensável. Chegamos a ser uma das maiores, senão a maior, Sociedade Científica da Europa na área de Ginecologia e culminamos o mandato com um congresso realizado no Estoril que contou com cerca de 1.000 participantes e o apoio de 46 empresas da área médica. À transformação e crescimento da Sociedade associou-se o desenvolvimento de Secções. Criadas no mandato de 1997 a 1999, foi necessário alterar os estatutos da SPG (A.G. de 30 de Novembro de 1996) e elaborar regulamentos idealizados para conceder autonomia científica mas a impedir formas de organização e acções que possibilitassem divergências ou desvinculamento da Sociedade mãe. De facto, o alargar do âmbito da ciência Ginecológica e o desenvolvimento de áreas singulares, tornavam cada vez mais difícil responder, em reuniões de carácter geral, com acuidade e de forma actualizada a interesses específicos de muitos associados. Admitidas as inscrições (obrigatoriamente sócios da SPG) para as 3 áreas diferenciadas, realizou-se um processo electivo para as respectivas Direcções (Presidente, Secretário-Geral e Tesoureiro). O sortilégio das circunstâncias proporcionoume a prerrogativa de ser um dos fundadores, o sócio nº 1, e primeiro Presidente da Secção Portuguesa de Endoscopia Ginecológica (SPEG). Integraram também a Direcção no primeiro mandato, o distinto cirurgião António Alves, na qualidade de SecretárioGeral, e a colega Teresa Pinto Correia que criteriosamente desempenhou as funções de Tesoureira. 93 94 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia Acreditávamos que o crescente desenvolvimento da Histeroscopia e da Laparoscopia justificavam a criação de uma forte plataforma empenhada na discussão, reflexão e troca de conhecimentos, na área da Cirurgia Ginecológica e dos seus mais recentes desenvolvimentos. À actualização e intercâmbio científico, profundo e validado, seguir-se-ia a difusão do conhecimento, que procuraríamos fazer chegar aos diversos níveis da nossa comunidade profissional, para que a todos chegasse informação com interesse e importante para a prática clínica. Porque pensavamos, que os velozes progressos tecnológicos que se verificavam nas técncias endoscópicas, nos levariam a desembocar, no futuro, numa realidade em que quase todos os tipos de cirurgia ginecológica seriam realizados por procedimentos minimamente invasivos. Tinhamos a sorte de estar a viver na crista de uma onda que se iniciava, mas que ganhava força e mais corpo todos os dias, com conquistas de procedimentos mais avançados como a histerectomia e a colposuspensão laparoscópicas. No capítulo da Histeroscopia, era fascinante conseguir diagnosticar e tratar no interior de um órgão fundamental, visualmente inacessível, e eliminar patologias até então dificil e insuficentemente resolvidas, como as sinéquias, os pólipos ou os miomas submucosos. Realizamos diversos cursos em vários pontos do país, em importante colaboração com hospitais como o IPO do Porto, os Hospitais da Universidade de Coimbra, Santarém, Braga e Viseu. Nesses cursos, com discussão de temas e demonstrações “ao vivo” de histeroscopias diagnósticas e cirúrgicas, contamos não só com a participação de peritos nacionais como o António Alves ou o Alberto Fradique entre outros, mas de forma muito importante com a liderança cirúrgica e activíssima participação do cirurgião holandês Sjoerd de Block. A este conhecimento pessoal do António Alves se deve muito na aprendizagem e difusão da histeroscopia cirúrgica, em particular ressetoscópica, em Portugual. No que respeita à Laparoscopia, em que indiscutívelmente o pioneirismo pertence aos cirurgiões da área da reprodução, verificava-se a “intromissão” de oncologistas e uroginecologistas, que adoptavam este novo tipo de cirurgia para tratamento de neoplasias ginecológicas e reparação do pavimento pélvico, em detrimento das grandes laparotomias e da abordagem por via vaginal. O desenvolvimento verificava-se “a turbo” quando iniciamos o 2º mandato (20002002) em que as funções de SecretárioGeral foram desempenhadas pelo imparável e inesgotável Alberto Fradique e as de Tesoureiro pelo colega Carlos Guerra dos HUC. Para além das diversas reuniões efectuadas com enorme participação e entusiasmo como os cursos Pré-Congressos da SPG, os realizados em Vila Real e no Funchal, ou as Ias Jornadas Internacionais de Endoscopia Ginecológica com a presença da Direcção da ESGE (Chris Sutton; Ray Garry; Jacques Desquesne) o ponto alto do mandato foi a concretização, em Lisboa, do Congresso Europeu de Endoscopia Ginecológica (ESGE). De facto, por inerência de funções, tive o privilégio de integrar o General Board da ESGE e de, com a imprescindível colaboração e fantástico trabalho do Fradique, conseguir trazer para Portugal o Congresso Europeu de 2001 de que fui Presidente. Escrevi no 1º folheto de anúncio e divulgação do Congresso, para além de justos encómios à cidade de Lisboa: “The development of endoscopy during the last years has presented the Gynecologists with new powerful tools in diagnostic and therapeutics. Diagnostic endoscopy is progressively moving out of the operating room into the office and this evolution will have a great repercussion in Gynecological care; Endoscopic surgery is in the front line of surgical technology as many endoscopic techniques are well established procedures for almost all pelvic surgery.” E mais adiante “……Our aim is to spread the knowledge in this expanding area, including in the program some topics of highly differentiated surgery and others for the Gynecologists that want to begin practicing endoscopy: Endoscopy for everyone!” Posteriormente, no Livro de Proceedings do Congresso em co-autoria com M. Bruhat, R. Campo, A. Fradique, J. Dequesne e A. Setúbal, aduzi: “ The scientific articles in this book written by important scientists and clinicians around the world endeavouring to cover the most important aspects of Gynaecological Endoscopy. As the aim of the ESGE and of the Editors is to spread the knowledge in this expanding area, we have combined topics of highly differentiated surgery and basic ones for the less experienced Gynaecologist; “Endoscopy for everyone”. ..… “A further step is the broad diffusion of the knowledge and conclusions drawn to all the levels of our professional community. Also here we believe that the ESGE as the European representative of the gynaecological surgeons must take its responsibilities.” A terminar este breve apelo à memória e porque “os homens e os povos que não respeitam a memória morrem de frio”, não posso deixar de evocar a importante contribuição de Chris Sutton e Jacques Dequesne para a realização do “Congresso de Lisboa” e, num patamar superior, de Maurice Bruhat, grande mestre infelizmente já falecido. Mas acima de todos, por muitos anos e em permanência, o mais importante inspirador, “supporter” e motor, foi o actual Presidente da ESGE Rudi Campo. À sua amizade, dedicação e muito trabalho, deve a SPEG participações internacionais, a concretização do Congresso Europeu em Portugal e a realização de diversos eventos científicos nacionais. Para ele, como para todos os sócios da SPEG, um “abraço endoscópico” nesta hora de aniversário. 95 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia Secção Portuguesa de Colposcopia e Patologia Cervico-Vulvo-VaginaL A Secção Portuguesa de Colposcopia e Patologia Cérvico-Vulvo-Vaginal (SPCPCV) é uma das Secções que formam a Sociedade Portuguesa de Ginecologia (SPG), tendo sido constituída em 1998. 96 José Maria Moutinho Presidente da Secção Portuguesa de Colposcopia e Patologia Cervico-Vulvo-Vaginal (2000 - 2009) Tem como objectivo promover o conhecimento e a investigação do tracto genital inferior da mulher, mediante o uso da Colposcopia e de todas aquelas técnicas, que como a epidemiologia, citologia e patologia, investigação básica ou cirúrgica podem ser úteis para conhecer as causas, prevenção, diagnóstico e tratamento das doenças que afectam a vulva, vagina e colo do útero. Para conseguir os seus objectivos a SPCPCV fomenta e promove seminários, publicações, cursos de formação, simpósios e colabora com a SPG e a FSPOG na organização dos seus congressos. Os membros da SPCPCV, são todos membros da SPG com interesse especial nas patologias do tracto genital inferior da mulher. A SPCPCV é membro da International Federation of Cervical Pathology and Colposcopy (IFCPC) e membro fundador da European Federation of Colposcopy (EFC), constituída num célebre Congresso Europeu de Colposcopia, realizado em Dublin em 1999, onde a novíssima associação portuguesa (SPCPCV) foi representada pela sua primeira direcção eleita: Presidente Dr. Daniel Pereira da Silva; Secretário-GeralDr. Luís Pardal; Tesoureiro- Dr. José Maria Moutinho. A prática sistemática da Colposcopia nos nossos hospitais deu-se apenas nas décadas de 70 e 80, do século passado. Esta prática era realizada por ginecologistas especialmente interessados nesta área do conhecimento, mas que dispunham apenas de uma parte pouco significativa do seu trabalho dedicado a esta patologia. As interpretações e as condutas clinicas eram muito individualizadas, e a maioria dos conhecimentos eram obtidos pela leitura de textos de colposcopia: - “Tratado y Atlas de Colposcopia” por Carrera, Dexeus e Coupez1973; “Cervical Pathology and Colposcopy” E.Bughard, E.Holter, J.A.Jordan - 1975; bem como estágios curtos realizados sobretudo em Paris (F.Coupez) e em Barcelona (S.Dexeus). As consequências práticas do trabalho desenvolvido, desde 1998, pelas diferentes direcções da SPCPCV, contribuiu para a existência nos Serviços de Ginecologia dos principais hospitais portugueses, 97 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia de verdadeiras unidades funcionais de colposcopia, dotadas de equipamento, estrutura física e humana especialmente vocacionadas para o diagnóstico e tratamento da patologia do tracto genital inferior, conduzidos por protocolos elaborados pela SPCPCV. A Secção Portuguesa de Colposcopia e Patologia Cérvico-Vulvo-Vaginal (SPCPCV), actualmente dirigida pelo Prof. Doutor José Alberto Moutinho tem como principal tarefa: 98 - Manter o actual nível das unidades existentes, contribuindo para a formação contínua e estabelecendo critérios de qualidade. A dinâmica e o trabalho desenvolvido pela SPCPCV vão no sentido de colocar as unidades de colposcopia portugueses dentro do melhor nível de excelência, que se faz nesta área do conhecimento. 99 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia Ginecologia Oncológica Do Grupo Cooperativo à Secção A ginecologia oncológica teve sempre uma expressão significativa no historial da Sociedade Portuguesa de Ginecologia (SPG). Um dos sinais que apontam nesse sentido, reside no facto de que muitos dos elementos de maior destaque das sucessivas direções estavam ligados a essa área da especialidade. 100 Daniel Pereira da Silva Presidente da Secção Portuguesa de Ginecologia Oncológica (2006-2012) A ginecologia oncológica assumiu progressivamente foros de disciplina, quando se emancipou da cirurgia geral com a criação de um currícula específico e a definição da metodologia própria. Tal facto teve expressão no espaço europeu com a criação em 1983 da ESGO - European Society of Gynaecological Oncology. No âmbito da SPG, o primeiro sinal que consubstanciou a necessidade da criação de um espaço próprio nessa área foi o aparecimento do Grupo Cooperativo de Ginecologia Oncológica em 1984, que contou com a colaboração dos mais diversos serviços e unidades que se dedicavam a essa patologia, no seio do qual se discutiram protocolos de diagnóstico, tratamento e seguimento, promoveram diversos estudos, bem como registos de patologias mais raras. Essa dinâmica nacional deveu-se sobretudo ao espírito empreendedor e de liderança de personalidades nacionais notáveis como a Drª Maria Teresa Osório e o Prof. Doutor Carlos Freire de Oliveira. Em 1991, perante a impossibilidade de criar a subespecialidade de ginecologia oncológica, nasceu o Ciclo de Estudos Especiais em Ginecologia Oncológica, que encerrava um programa de formação teórico e prático de dois anos. Facto determinante para a formação de mais especialistas preferencialmente dedicados a essa área. Por volta de 1995 chegaram à SPG indicações de que devíamos desenvolver no país uma sociedade científica na área da ginecologia oncológica. Para evitar divisões e dispersão de recursos, a Drª Maria Teresa Osório sentiu a oportunidade do apelo e decidiu criar em 1996 , no seio da SPG, a SPGO - Secção Portuguesa de Ginecologia Oncológica. De 26 de Abril a 2 de Maio de 1997 realizouse em Coimbra o 10th International Meeting of Gynaecological Oncology , sob a liderança do Prof. Carlos de Oliveira, então presidente da SPGO. Foi um congresso marcante na história da ESGO, pela excelência do programa científico. A SPGO passou a organizar reuniões e simpósios regulares, em rotatividade com 101 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia iniciativas das outras secções. Participou nos congressos da SPG, onde foi responsável por diversas sessões. Organizou e reviu regularmente os Consensos sobre Cancro Ginecológico. Trouxe até nós especialistas de referência mundial nesta área da 102 especialidade. Motivou a apresentação e discussão da experiência nacional, contribuindo assim para o desenvolvimento desta disciplina ao nosso país, que veio a ser reconhecida com subespecialidade pela Ordem dos Médicos, em 2013. 103 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia Secção Portuguesa de Uroginecologia 104 Teresa Mascarenhas Presidente da Secção Portuguesa de Uroginecologia (2004 - 2009) A Secção Portuguesa de Uroginecologia (SPUG), criada em 2001, é uma das Secções que integram a Sociedade Portuguesa de Ginecologia (SPG), tendo como missão: Andrade Moniz. Atualmente, a SPUG é dirigida pela Drª Liana Negrão. --Criar um grupo de interesse em uroginecologia e problemas afins, constituído por médicos ginecologistas sócios da SPG; Para conseguir os seus objetivos, a SPUG fomenta e promove seminários, publicações, cursos de formação, simpósios, bem como outras iniciativas de âmbito formativo e colabora com a SPG, com a Federação das Sociedades Portuguesas de Obstetricia e Ginecologia (FSPOG) e com a Associação Portuguesa de NeuroUrologia e Uroginecologia (APNUG). Essa colaboração concretiza-se em diversas vertentes, nomeadamente a organização de congressos a nível nacional. A nível internacional, realça-se, neste contexto, a realização do 36º Annual Meeting da IUGA, que teve lugar em Lisboa no ano de 2011 e que foi considerado um enorme sucesso. --Promover a difusão e o ensino de técnicas de diagnóstico, tratamento das disfunções do pavimento pélvico da mulher e, em particular, a prevenção da incontinência urinária feminina e do prolapso genital; --Incentivar o conhecimento e investigação técnica e científica nesta área da especialidade, nomeadamente pela realização de protocolos e iniciativas comuns com instituições científicas nacionais e estrangeiras, no âmbito da Uroginecologia; --Promover contactos entre os membros da Secção e grupos nacionais e internacionais com interesses afins. A primeira Direcção eleita era composta pelos seguintes elementos:Presidente Professora Doutora Teresa Mascarenhas; SecretáriaGeral Drª Liana Negrão; Tesoureiro Dr Luís Os membros da Direcão da SPUG têm assegurado uma presença ativa e relevante em vários órgãos de gestão, comités científicos, de educação e investigação e desenvolvimento de diversas Sociedades de Uroginecologia, tais como: International Urogynecological Association (IUGA), European Urogynecological Association (EUGA), International Pelvic Floor Dysfunction Society (IPFDS) e Sociedad Ibero American de Neuro-Urologia (SINUG); a 105 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia nível nacional, na Associação Portuguesa de Neuro-Urologia e Uroginecologia (APNUG). A SPUG é, aliás, uma sociedade afiliada da IUGA e EUGA. A dinâmica e o trabalho desenvolvido pelas Direcções da SPUG têm contribuído para a disseminação de práticas de excelência 106 da Uroginecologia, validadas pela IUGA, EUGA e ICS, em hospitais portugueses e para a criação nos Serviços de Ginecologia, de Unidades Funcionais de Uroginecologia, dotadas de equipamento, estruturas e recursos físicos e humanos especialmente vocacionadas para o diagnóstico e tratamento das disfunções do pavimento pélvico da mulher. SPG - AS SUAS DIRECÇÕES 1975 - 2015 SPG SOCIEDADE PORTUGUESA DE GINECOLOGIA 107 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia 1ª Direcção (1975 - 1978) Presidente: Henrique Miguel Resende de Oliveira (Coimbra) Vice-Presidente:Albino Aroso (Porto) Secretário-Geral: Aurélio Lopes Ferreira (Coimbra) Tesoureiro: José Milheiro Fernandes (Lisboa) Vogais:Carlos Freire de Oliveira (Coimbra) Antero Ferreira Torres (Porto) Joaquim Pinto de Oliveira (Guimarães) 2ª Direcção (1979 - 1981) Presidente: Carlos Freire de Oliveira (Coimbra) Vice-Presidente: Antero Ferreira Torres (Porto) Secretário-Geral: Aurélio Lopes Ferreira (Coimbra) Tesoureiro: Carlos de Sousa Marques (Coimbra) Vogais: José Bessa Meneses e Sousa (Lisboa) José Martinez de Oliveira (Porto) João Alves Pimenta (Évora) 108 3ª Direcção (1982 - 1984) Presidente: Carlos Freire de Oliveira (Coimbra) Vice-Presidente: Antero Ferreira Torres (Porto) Secretário-Geral: Aurélio Lopes Ferreira (Coimbra) Tesoureiro: Carlos de Sousa Marques (Coimbra) Vogais: José Bessa Meneses e Sousa (Lisboa) José Martinez de Oliveira (Porto) João Alves Pimenta (Évora) 4ª Direcção (1985 - 1987) Presidente: João da Silva Carvalho (Porto) Secretário-Geral: Maria Teresa Osório (Porto) Tesoureiro: João Luís Silva Carvalho (Porto) Vice-Presidentes:Antero Ferreira Torres (Porto) Aurélio Lopes Ferreira (Coimbra) José Bessa Meneses e Sousa (Lisboa) Vogais:António Augusto Almeida (Viseu) Domingos Jardim da Pena (Braga) Carlos Calhaz Jorge (Lisboa) 5ª Direcção (1988 - 1990) Presidente: João da Silva Carvalho (Porto) Secretário-Geral: Maria Teresa Osório (Porto) Tesoureiro: Rui Manuel Mendes Ribeiro Fael (Porto) Vice-Presidentes:Antero Ferreira Torres (Porto) João Cortez Vaz (Coimbra) José Bessa Meneses e Sousa (Lisboa) Vogais:Domingos Jardim da Pena (Braga) Daniel Pereira da Silva (Coimbra) Carlos Calhaz Jorge (Lisboa) 6ª Direcção (1991 - 1993) Presidente: Henrique Miguel Resende de Oliveira (Coimbra) Secretário-Geral: Daniel Pereira da Silva (Coimbra) Tesoureiro: Maria Ondina Campos (Coimbra) Vice-Presidentes: Maria Teresa Osório (Porto) João Cortez Vaz (Coimbra) José Bessa Meneses e Sousa (Lisboa) Vogais Maria de Fátima P. C. Moutinho (Porto) Luís Almeida e Sousa (Coimbra) Maria da Graça Mendonça (Lisboa) 7ª Direcção (1994 - 1996) Presidente: Maria Teresa Osório (Porto) Secretário-Geral: João Luís Silva Carvalho (Porto) Tesoureiro: Maria da Conceição Domingues (Porto) Vice-Presidente: José Martinez de Oliveira (Porto) José Bessa Meneses e Sousa (Lisboa) Daniel Pereira da Silva (Coimbra) Vogais: Maria de Fátima P. C. Moutinho (Porto) Maria Ondina Campos (Coimbra) Maria da Graça Mendonça (Lisboa) 8ª Direcção e outros orgãos directivos (1997 - 1999) Presidente: Maria Teresa Osório (Porto) Secretário-Geral: João Luís Silva Carvalho (Porto) Tesoureiro: Maria da Conceição Domingues (Porto) 109 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia Vice-Presidente: José Bessa Meneses e Sousa (Lisboa) Daniel Pereira da Silva (Coimbra) José Martinez de Oliveira (Porto) Vogais: Maria da Graça Mendonça (Lisboa) Maria Ondina Campos (Coimbra) Maria de Fátima P. C. Moutinho (Porto) Secção Portuguesa de Ginecologia Oncológica Presidente: Carlos de Oliveira (Coimbra) Secretário: Maria Teresa Osório (Porto) Tesoureiro: Ana Francisca Jorge (Lisboa) Secção Portuguesa de Colposcopia e Patologia Cérvico-Vulvo-Vaginal Presidente:Daniel Pereira da Silva (Coimbra) Secretário:Luis Pardal (Lisboa) Tesoureiro: José Cardoso Moutinho ( Porto) 110 Secção Portuguesa de Endoscopia Ginecológica Presidente: João Luis Silva Carvalho (Porto) Secretário:António Alves (Porto) Tesoureiro: Maria Teresa Pinto Correia (Santarém): 9ª Direcção e outros orgãos directivos (2000 - 2002) Presidente: Daniel Pereira da Silva (Coimbra) Vice Presidentes: José Martinez de Oliveira (Porto) Isabel Torgal (Coimbra) Maria da Conceição Telhado (Lisboa) Secretário Geral: João Luís Silva Carvalho (Porto) Tesoureiro: Maria Ondina Campos (Coimbra) Vogais: Francisco Nogueira Martins (Viseu) José Cardoso Moutinho (Porto) Maria de Fátima Romão (Lisboa) Secção Portuguesa de Ginecologia Oncológica Presidente: Maria Teresa Osório (Porto) Secretário:Ana Francisca Jorge (Lisboa) Tesoureiro: Almerinda Petiz (Porto) Secção Portuguesa de Colposcopia e Patologia do Tracto Genital Inferior Presidente: José Maria Cardoso Moutinho (Porto) Secretário: Maria Cândida Lopes Pinto Lima (Porto) Tesoureiro: José Alberto Moutinho (Coimbra Secção Portuguesa de Endoscopia Ginecológica Presidente: João Luís Silva Carvalho (Porto) Secretário:Alberto Fradique (Lisboa) Tesoureiro: Carlos Guerra (Coimbra) Secção Portuguesa de Uroginecologia Presidente: Maria Teresa Mascarenhas (Porto) Secretário:Liana Negrão (Coimbra) Tesoureiro: Luis Moniz (Lisboa) 10ª Direcção e outros orgãos directivos (2003 - 2005) Presidente:Daniel Pereira da Silva (Coimbra) Vice Presidentes: Maria Isabel Torgal Dias da Costa (Coimbra) José Martinez de Oliveira (Porto) Conceição Telhado (Lisboa) Secretário Geral: João Luís Silva Carvalho (Porto) Tesoureiro: Maria Ondina Campos (Coimbra) Vogais: Francisco Nogueira Martins (Viseu) José Cardoso Moutinho (Porto) Maria de Fátima Romão (Lisboa) Secção Portuguesa de Ginecologia Oncológica Presidente: Maria Teresa Osório (Porto) Secretário:Almerinda Petiz (Porto) Tesoureiro:Ana Francisca Jorge (Lisboa) Secção Portuguesa de Colposcopia e Patologia do Tracto Genital Inferior Presidente: José Maria Cardoso Moutinho (Porto) Secretário: Maria Cândida Lopes Pinto Lima (Porto) Tesoureiro: José Alberto Moutinho (Coimbra 111 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia Secção Portuguesa de Endoscopia Ginecológica Presidente:Alberto Fradique (Lisboa) Secretário:António Alves (Porto) Tesoureiro:Carlos Guerra (Coimbra) Secção Portuguesa de Uroginecologia Presidente: Maria Teresa Mascarenhas (Porto) Secretário:Liana Negrão (Coimbra) Tesoureiro:Luis Moniz (Lisboa) 112 11ª Direcção e outros orgãos directivos (2006 - 2009) Presidente: José Martinez de Oliveira (Covilhã) Secretário Geral: Fernando Mota (Coimbra) Tesoureira: Fernanda Aguas (Coimbra) Vice-Presidentes:António Pereira Coelho (Lisboa) Serafim Guimarães (Porto) José Antóno Sotero Gomes (Funchal) Vogais: Arlindo Ferreira (Braga) Elsa Abraúl (Coimbra) Teresa Paula Gomes (Lisboa) Secção Portuguesa de Colposcopia e Patologia do Tracto Genital Inferior Presidente: José Maria Cardoso Moutinho (Porto) Secretário: José Alberto Moutinho (Covilhã) Tesoureiro: João Saraiva (Lisboa) Secção Portuguesa de Endoscopia Ginecológica Presidente:Alberto Fradique (Lisboa) Secretário Geral: Fátima Faustino (Lisboa) Tesoureiro: Francisco Nogueira Martins (Viseu) Secção de Portuguesa de Oncologia Ginecológica Presidente:Daniel Pereira da Silva (Coimbra) Secretário Geral:Ana Francisca M. Jorge (Lisboa) Tesoureiro: Margarida Barros (Coimbra) Secção Portuguesa de Uroginecologia Presidente:Teresa Mascarenhas (Porto) Secretário:Liana Negrão (Coimbra) Tesoureiro:Luis Moniz (Lisboa) 12ª Direcção e outros orgãos directivos (2010 - 2012) Presidente: José Martinez de Oliveira (Covilhã) Secretário Geral: Fernando Mota (Coimbra) Tesoureira: Fernanda Águas (Coimbra) Vice-Presidentes: Maria Teresa Mascarenhas (Porto) José Sotero Gomes (Funchal) Alberto Fradique (Lisboa) Vogais:Teresa Oliveira (Porto) Cristina Frutuoso (Coimbra) Teresa Paula (Lisboa) 113 Secção Portuguesa de Colposcopia e Patologia do Tracto Genital Inferior Presidente: José Alberto Fonseca Moutinho (Covilhã) Secretário: João Saraiva (Lisboa) Tesoureiro:Teresa Maria Rebelo Ferreira (Coimbra) Secção Portuguesa de Endoscopia Ginecológica Presidente: Maria de Fátima Faustino (Lisboa) Secretário: Margarida Martinho (Porto) Tesoureiro:Luis Ferreira Vicente (Lisboa) Secção Portuguesa de Ginecologia Oncológica Presidente: Daniel Pereira da Silva (Coimbra) Secretário: Ana Francisca Machado (Lisboa) Tesoureiro: Margarida Barros (Coimbra) Secção Portuguesa de Uroginecologia Presidente:Liana Maria Matoso Miranda Negrão (Coimbra) Secretário: Amália Maria Eusébio Martins (Lisboa) Tesoureiro: José Manuel Damasceno e Costa (Viseu) 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia 13ª Direcção e outros orgãos directivos (2013 - 2015) Presidente: Fernanda Águas (Coimbra) Secretário Geral:Carlos Marques (Lisboa) Tesoureira: Margarida Barros (Coimbra) Vice-Presidentes:Teresa Mascarenhas (Porto) Alberto Fradique (Lisboa) Isabel Torgal (Coimbra) Vogais:Cristina Frutuoso (Coimbra) Eunice Capela (Faro) Pedro Vieira Baptista (Porto) Congressos e Imagens da História Secção Portuguesa de Colposcopia e Patologia do Tracto Genital Inferior Presidente: José Alberto Moutinho (Covilhã) Secretária: Virgínia Monteiro (Lisboa) Tesoureiro:Teresa Rebelo (Coimbra) 114 Secção Portuguesa de Endoscopia Ginecológica Presidente : Maria de Fátima Faustino (Lisboa) Secretário : Margarida Martinho (Porto) Tesoureira :Dr. Luís Ferreira Vicente (Viseu) Secção Portuguesa de Ginecologia Oncológica Presidente: Fernando Mota (Coimbra) Secretária:Ana Francisca Machado Jorge (Lisboa) Tesoureira:Drª Almerinda Petiz (Porto) Secção Portuguesa de Uroginecologia Presidente:Liana Negrão (Coimbra) Secretária:Amália Martins (Lisboa ) Tesoureiro: José Damasceno e Costa (Viseu) 115 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia congressos 116 117 I e II Congresso Português de Ginecologia: Programa provisório, Programa, Exposição de Homenagem à Mulher, Certificado de participação e Boletim de Inscrição 118 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia 119 120 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia 121 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia FOTOS DA HISTÓRIA 122 123 124 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia 125 40 anos 40 anos Sociedade Portuguesa de Ginecologia Sociedade Portuguesa de Ginecologia Presidentes da Sociedade Portuguesa de Ginecologia 126 127 Corpos Sociais da 13ª Direcção