OS ADORNOS PRÉ-HISTÓRICOS 1
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STAGGEMEIER, Caroline ; BISOGNIN, Edir Lucia ; LISBÔA, Maria da Graça
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Portela ; KREBS, Marloá Egress ; TABARELLI, Taiane Elesbão6; CANTARELLI,
Liana Garcia7.
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Trabalho do Grupo de Pesquisa do Curso de Design da UNIFRA
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RESUMO
A presente pesquisa foi desenvolvida com base em estudos realizados pela
pesquisadora Margarite W. Kertzs, cujas reflexões nos apontaram a necessidade de um
aprofundamento e atualização dos dados por ela apresentados. Com esse objetivo foi
desenvolvido o primeiro módulo da pesquisa, cujo tema versou sobre os adornos Préhistóricos. Para tanto a metodologia empregada foi a qualitativa, pois exigiu dos
pesquisadores uma busca profunda em bibliografia especializada e por ser escassa foi
necessário a busca em sites, dos principais museus do mundo. Os resultados aqui
apresentados apontam a riqueza de materiais, técnicas e estética do homem pré-historico.
Outrossim, os dados investigados nos mostra a necessidade da continuação da pesquisa,
que poderá subsidiar estudos dos que buscam conhecimentos sobre a historia da joalheria.
Palavras-chave: joia - pré-história – homem - cultura
1. INTRODUÇÃO
As primeiras manifestações do homem pré-histórico em relação ao seu enfeite
pessoal e sua primitiva indústria remetem às épocas superiores do Paleolítico, ou seja, da
pedra lascada, quando o homem habitava em grutas e cavernas para buscar abrigo, caçava
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com machados de pedra, a golpes em renas, mamutes e búfalos, e pintava o corpo com
cores.
À medida que aperfeiçoavam suas ferramentas de pedra, o homem das cavernas
utilizava também dentes de lobos e ursos, com os quais formava colares. Alguns destes
dentes eram coloridos e, em outros, gravava toscos desenhos geométricos. Podemos
observar certas diferenças nos desenhos, mas a composição se restringe às formas mais
simples. Para esse homem estes enfeites e recursos ornamentais significavam, valor como
troféu de caça, testemunho eloqüente de seu arrojo e valentia, proporcionando-lhe ao
mesmo tempo um destacado lugar na ordem social das cavernas.
O presente estudo mostra uma complexidade da vida do homem pré-histórico, e das
suas culturas, nos adornos, na construção de ferramentas, na pintura rupestre, nos vestígios
encontrados em vários locais em diferentes países.
2. A Época Paleolítica
O homem Pré-Histórico por falta de instrumentos afiados, recorre a principio aos
objetos de fácil manipulação, que a mesma natureza lhe oferece prodigamente: pequenos
crustáceos viventes ou fósseis, caracóis, vértebras de peixes e dentes de animais de caça
menor. Alguns apresentam buracos para colocar uma corda de fibra ou tendão e para
pendurar como colares. Os enfeites pendentes caracterizam o caçador primitivo e formam
parte do enxoval das sepulturas pré-históricas.O que podemos confirmar em Celoria (1970,
p.19) “tal como o homem de Neandherthal, o homem do paleolítico superior também
enterrava seus mortos. [...] As mulheres eram enterradas com seus colares e outros adornos
(enfeites de conchas, de dentes de animais, ou de um fóssil ocasional), juntamente com
suas crianças no peito”.
Nesse período o homem percebia a beleza nas coisas que o cercavam, espírito e
matéria se uniam numa relação mítico-mágica, onde o resultado ficava plasmado nos
objetos que fabricava.
Assim, é no espírito que o homem coloca seu estado de felicidade,
conquista, prazer e os produtos existem para satisfazê-lo. E, por meio da
beleza, o homem experimenta as realizações do espírito, pela emoção
prazerosa que esta lhe causa. A estética, pelas teorias cristalizadas pode se
definir também como o lugar em que os homens se encontram, superam-se,
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progridem e convivem, de modo que lhes possibilitem encontrar a felicidade
(BISOGNIN, LISBOA, 2006, p.880).
No estudo das indústrias do Paleolítico Superior podemos distinguir três grandes
períodos de acordo com Giordani (1983, p.34), o “Aurinhacense, Solutrense e
Magdaleniense”. O lugar que deu motivo para esta denominação foi a estação da caverna
de La Magdaleine, em Dordoña, França, lugar onde se descobriu o maior número de
vestígios desta época. Os utensílios se aperfeiçoaram consideravelmente, não sendo mais
fabricados por meio de golpes, mas por pressão.
Uma grande quantidade de lâminas de sílex, buris, raspadores e cinzéis com bordas
afiadas nos mostram a perfeição e habilidade com que o homem de então já sabia trabalhar
com suas ferramentas. Como pode-se observar ainda hoje a utilização do buril como
ferramenta da ourivesaria, é muito utilizado na técnica artesanal. Notável é também a
técnica e o refinamento que se advertem nos enfeites. Uma vez terminada a caça do dia e
satisfeitas, imediatamente, depois de suas necessidades alimentícias, o caçador de renas
não careceu, sem dúvida, de alguns instantes de ócio e lazer que lhe permitiram orientar
seus pensamentos e inquietudes para uma atividade artística criadora.
Assim começou a gravar ou pintar as paredes da caverna, as imagens dos animais
que costumava caçar, assumindo características mágicas; igualmente embelezava seus
utensílios de marfim, de dentes de mamute, matéria apta para lavrar esculturas, e os de
ossos e chifres de renas, gravando sobre a superfície dos mesmos, com buris afiados,
figuras de animais e até motivos vegetais. As mesmas substâncias recortadas em pequenos
pedaços e lavradas lhe serviam sem dúvida de enfeites corporais. Certos objetos naturais o
fascinavam por sua raridade e as dificuldades que lhe opunham quando tratava de
consegui-los, e como não desejava privar-se deles, passou a imitá-los.
Enquanto isso estendia o homem da época Paleolítica o raio de suas incursões, e
ávido de todo material estranho, raro ou brilhante que podia obter, recolhia pedaços de
cristal de rocha, serpentina, jade, corais e outras pedras de cores vivas que podia utilizar
para fabricar seus enfeites ou amuletos. Mas “a grande novidade da cultura magdaleniense”
e um dos objetos mais apreciados, foi o âmbar, utilizado provavelmente em seu estado
natural, e que na era subsequente, a Neolítica, encontrará uma vasta difusão. Simples
pingentes de osso, marfim ou âmbar em forma similar à dos botões de hoje, eram já naquele
tempo enfeites que desfrutavam de geral favor, quando o Paleolítico estava terminando.
Gola,
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classifica os objetos de adorno da pré-história ”em objetos para dependurar”
ou pendentes “ (também denominados pingentes), atravessados por um
buraco, para a passagem de um fio; ou „objetos de adereços”, providos de
ranhuras para fixar um laço, todos eles com, no máximo, 7cm de
comprimento. A partir da observação de suas formas, tais objetos podem
ser agrupados em três categorias: a dos pendentes (ou pingentes); a dos
contornos recortados; e a das rodelas (GOLA, 2008 apud LEROIGOURHAN, 1971).
A autora esclarece que pendentes ou pingentes se constituem nos adereços mais
antigos encontrados. Comumente feitos de dentes de conchas, de ossos e de pedras. As
formas assumem aspectos de presas ou garras com decorações geométricas realizadas por
meio de incisões.
Os objetos classificados como contornos recortados pertencem ao período
Magdaleniense (10.000 a.C). Normalmente medem 5 cm de comprimento e se reportam a
cabeças de animais tais como o cabrito montes, o bisão e o cavalo. As incisões neles
recortados assinalam olhos, boca e nariz. A terceira categoria “rodelas”, ainda de acordo
com Gola (2008), consiste em pequenos discos com orifício central e com incisões de
animais como cabrito, o cervo e a vaca. Esses objetos ornamentais foram cuidadosamente
entalhados, bem como o surgimento de colares executados com pequenos crustáceos,
fósseis, caracóis, vértebras de peixes, dentes de animais e sementes, amarrados em
cordões de fibra vegetal.
Se ao lado das conchas perfuradas, se encontram pedras de formas
curiosas, bocados de minerais, amostras de cristal de rocha, pode-se
pensar que os homens recolhiam estes objetos porque os consideravam
belos e lhes atribuíam propriedades mágicas. Na maior parte das vezes,
esta dupla preocupação encontra-se nos povos atuais, que fazem coleções
do mesmo gênero (GOURHAM, 1983, p.64).
Desta forma se explica como a caverna de um caçador da época quaternária,
descoberta em Goyat, Bélgica, dava a impressão de “um museu paleontológico”. Em Celoria
(1970), surgiu na França, no Paleolítico Superior a mais rica, a mais variada cultura européia desse
período. Mais conhecida por seus arpões com fibras duplas de farpas curvas, além de grande
variedade de utensílios de pedra, muitos dos quais revelam grande habilidade na produção de um
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vasto sistema de buris, de pontas em espiga e de pequenos perfuradores, bem como de alguns
instrumentos diminutos, precursores do Período Mesolítico.
As novas condições de vida do Mesolítico favoreceram a formação de grupos
humanos mais amplos, vinculados às zonas onde era possível a colheita e sujeitos as
migrações de estações que esse sistema de vida comportava. Nessa troca de saberes e
vivências os adornos se tornaram comuns em todos os grupos étnicos e o sistema de
comunicação e a cultura se intercambiaram. Nesse sentido, os adornos e a arte foram
sendo aperfeiçoados, tanto estética quanto tecnicamente.
3. A Época Neolítica
O desenvolvimento iniciado no período anterior, o Paleolítico, evoluiu para o final das
épocas glaciais pela chegada de grupos mais evoluídos e de culturas avançadas,
encontrando-se adiante o caçador magdaleniense em condições de vida muito diferentes
das existentes de seus antepassados. Também o clima deixou de ser tão rigoroso depois
que os gelos da última idade glacial se retiraram e a terra foi adquirindo pouco a pouco o
aspecto que oferece na atualidade.
Grandes acontecimentos e inventos proveitosos caracterizam a nova época. O
primeiro descobrimento foi o emprego de novos materiais duros, vulcânicos, que podiam
polimentar-se cuidadosamente, e que foi seguido pela aprendizagem de uma nova técnica
para fabricar com estas pedras, armas e utensílios. Por isso que a esta idade se chama
Neolítica ou da nova pedra.
Giordani (1983, p. 39) enfatiza que:
A arte, em seu sentido mais amplo, nada mais é do que a habilidade
técnica. Os homens não puderam fazer utensílios para si sem exercer uma
arte. Mas esta arte não se limitou por muito tempo útil; ela procurou bem
depressa, talvez logo em seguida, o agradável; procurou uma certa beleza,
uma elegância, em seu trabalho. A arte fazia parte integrante do ofício.
O segundo acontecimento foi o conhecimento do processo do cultivo de cereais,
como o trigo, cevada e centeio, ao que o homem foi levado pela mesma natureza, e a
domesticação de numerosos animais, como o cachorro, que acompanhou o homem na caça
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e cuidou de sua moradia. Claro está que a mudança geral do ambiente explica os
progressos culturais.
Os caçadores e pescadores dos tempos pós-glaciários evoluíram para uma tribo
sedentária que habitava moradias estáveis agrupadas em colônias ou em povoados
levantados sobre plataformas de troncos de árvores sobre as águas ou palafitas.
Dedicavam-se com preferência à agricultura e a criação de gado, e inventaram a arte da
cerâmica. Utilizaram ainda a pedra na fabricação de suas ferramentas e armas, mas em
lugar de dar-lhes forma a golpes, passaram a poli-las.
No Museu de Pré-história de
Valencia encontra-se objetos de diferentes tamanhos, com perfurações para serem
suspensos como enfeites. Depois da pintura corporal, é o colar de dentes de animais ou de
conchas perfuradas e às vezes coloridas, suspensas em diversas partes do corpo, e que se
constitui no adorno mais conhecido do homem pré-histórico. Os habitantes das palafitas
sabiam afiar e tecer o linho obtendo assim uma tela para a confecção de seus vestidos. Em
tudo se notava um progresso muito sensível.
Em Giordani, encontra-se que:
a técnica empregada referia-se as matérias primas usadas: a pedra, a argila
(crua ou cozida), o osso, o marfim, o chifre de rena e até mesmo o azeviche
e o âmbar, etc. O carvão e o bióxido de manganês forneciam a cor negra; o
vermelho (muito usado) e outras cores eram fornecidas pelo ocre
largamente explorado. Os principais instrumentos que possibilitavam aos
artistas a execução de seus trabalhos eram: o buril de pedra (que permitia a
gravura e a escultura), o pincel feito de pluma de pássaro ou de pêlos, osso
oco (através do qual eram sopradas as matérias corantes) e finalmente os
próprios dedos dos artistas (GIORDANI. 1983, p.40).
Nos enfeites pessoais se manifestaram novas tendências, preferindo no momento os
materiais mais custosos e as formas mais ricas e complexas, entre elas anéis e braceletes
finamente trabalhados.
O material que se utilizava para as jóias de enfeite diferia de região em região, de
acordo com as existências naturais e os progressos de intercâmbio. Giordani (1983, p.41)
referindo-se ao uso das gemas é enfático ao afirmar: “ao procurar, em camadas do subsolo,
o sílex, o homem pré-histórico fazia prospecção; ao determinar a posição do mesmo,
adquiria conhecimentos de geologia; e ao explorá-lo em galerias subterrâneas, praticava a
arte de minas.”
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A principio predominaram as substâncias mais macias, e junto com os ossos, coques
e a lignita, se lavrava a ardósia, esteatita, alabastro e outros minerais semelhantes. Mas ao
lado destes, apareciam já certos enfeites confeccionados em materiais mais resistentes,
como, por exemplo, o quartzo, ametista, jadeíta, e, além disso, uma pedra similar à turquesa
em sua composição química e que os arqueólogos franceses chamam callaïs, difundida
sobretudo, nas costas do Atlântico, e o âmbar. Por sua grande raridade apreciava-se o
coral, vidro, o ouro e o cobre; este último apareceu, ainda que em forma isolada, na etapa
mais recente do Neolítico.
Ainda em Giordani (1983, p.43) encontra-se:
O uso do cobre não substitui o emprego do sílex. Ambos continuam como
matéria prima para a fabricação de inúmeros utensílios. Nota-se até um
aperfeiçoamento na indústria da pedra polida. Somente na propagação do
uso do bronze é que paulatinamente o sílex será posto de lado e isso
apenas nas regiões em que se difundiu o emprego do metal.
Por outro lado, em Kertzs (1947) os estudos arqueológicos mostram que em um
amplo raio em torno aos lugares em cujo subsolo haviam descoberto enfeites feitos de
certas matérias, em particular de âmbar, jadeita e obsidiana, não se conheceram a
existência de jazidas originais de onde aqueles puderam extraí-las. Minuciosas
investigações petrográficas e mineralógicas confirmaram o fato, indicando ao mesmo tempo
em que os materiais em questão deviam ter sido trazidos de regiões remotas. Isto nos leva a
pensar que nos remotos dias do Neolítico existiam entre os diferentes povos, um
intercâmbio animado das matérias primas que lhes apresentava o solo, ou dos produtos que
manufaturavam com aquelas.
Em particular, com referência ao comércio do âmbar, é factível, graças às
descobertas feitas nas sepulturas, seguir passo a passo os caminhos por onde se levava a
cobiçada substância através dos continentes. O âmbar, esta resina cristalizada das
coníferas da época terciária, se encontra em quantidades apreciáveis unicamente no litoral
do Báltico e nas costas ocidentais da Suécia. Primeiro apareceram às pérolas de âmbar nas
tumbas das orlas vizinhas, até a Inglaterra; mais tarde ao longo das vias de comunicação
naturais que formam os grandes rios em direção ao sul: pelo Vístula, Elba, Danubio, logo o
Reno e o Ródano.
As formas dos adornos conhecidas no Paleolítico, como por exemplo, o pendente ou
pingente, se somam agora com certos elementos novos, entre outros o anel e o bracelete.
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Este
último
ornato,
no
entanto,
se
encontrava
na
Europa
neolítica
somente
esporadicamente; em compensação, nas tumbas egípcias pertencentes à mesma época
cultural, os finos braceletes de obsidiana, cuja espessura alcança apenas a cinco
milímetros, era uma jóia de relativa frequência. Os progressos na vestimenta determinaram
a criação dos primeiros alfinetes e prendedores feitos de chifres de veado.
As numerosas contas perfuradas serviam preferentemente para colares; algumas
contas em forma de discos chatos, e outras, redondas, cilíndricas e cônicas, tanto simples
como duplas.
Não obstante, a abundância das descobertas nas sepulturas chamadas
dólmens, e o fato de não conhecermos a distribuição das diferentes jóias entre os dois
sexos, nem tampouco de que maneira teriam sido levadas, porque muitos dos acessórios de
substâncias mais perecíveis, como as plumas, plantas, etc., desapareceram pela ação do
tempo.
Imensamente variado é o repertório dos fetiches em forma de pingentes. Os dentes
de toda classe de mamíferos eram perfurados e reunidos em couraças inteiras. Contava-se
então com uma nova jóia: o machado em miniatura perfurada para a corda de suspensão e
prolixamente polimentada, de Jade ou nefrite, diorito e calcários duros que possuem cores
mais vivas. O culto do machado, cujo valor simbólico não tenha conseguido estabelecer com
certeza, ocupa, nos tempos pré-históricos, um lugar destacado.
Uma nota específica tem os adornos encontrados em alguns grandes túmulos
neolíticos, no noroeste da França, nos Altos Pirineus e nas grutas sepulcrais de Portugal,
consiste em colares de contas e brincos bem trabalhados de um material translúcido de cor
verde pálido. Na França estas contas estão associadas muitas vezes a outras de ouro,
enquanto que Portugal não conhece o ouro nesta época primitiva.
Atribuía-se a muitas destas jóias forças mágicas, vinculando-as, portanto, com a
idéia de talismã. Este conceito supersticioso, que desempenhou um papel particular até
muito avançado o século XVII de nossa era, sobrevive até hoje em certas regiões européias.
Por exemplo, o aldeão alverne ou bretão, conforme Déchelette, não se separa por nada de
seu colar talismã, um simples colar de âmbar e pedrinhas polidas que em sua família se
transmite por herança de geração a geração, sem que possa precisar quem foi nem quando
viveu seu primeiro proprietário.
Para melhor compreensão faz-se necessário apresentar uma periodização da Idade
dos Metais. Esse período inicia em torno de 6500 a.C. e vai até o surgimento da escrita e
marca o avanço nas técnicas de produção de artefatos, quando passou a usar moldes de
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pedra ou barro para colocar o cobre derretido produzindo armas e ferramentas, bem como o
martelo para moldar os objetos depois de frios.
Giordani (1983, p. 43) esclarece que o homem ao descobrir o fogo dá inicio, por meio
do calor, a técnica de fundição do cobre. “A constatação da influência do calor, sobre o
metal, a relativa facilidade com que este adquiria variadas formas abriram novas
perspectivas para a técnica industrial.”
O mesmo autor ainda enfatiza que, a ordem de sucessão do tempo, em relação aos
diversos tipos de metais, pode estabelecer uma cronologia relativa que não pode ser
aplicada a todos os povos.
Pode-se entender a Idade dos Metais como o período que se caracterizou pelo uso
de instrumentos metálicos. Assim sendo a Idade da Pedra foi seguida pela dos metais que
abrange as Idades do Cobre, do Bronze (Bronze Antigo, Bronze Médio e Bronze Final) e do
Ferro.
Ao generalizar-se a técnica da metalurgia aumentou a lista dos materiais, somandose ao bronze e ouro que se torna cada vez mais abundante, a prata, proveniente sobretudo,
das ricas minas espanholas, que em remotos dias da Idade do Bronze já davam um
rendimento bastante considerável. Apenas conhecidos os distintos metais, encontraram
também uma “acolhida entusiasta” os procedimentos técnicos de seu trabalho,
fundamentalmente novos, em especial a fundição e o repuxado
A pesquisa nos mostra que o afã de adornar-se chegou ao exagero. As mulheres se
cobriam com escamas de metal e a toda classe de adereços, acrescentavam penduricalhos
de correntinhas, guizos e amuletos a fim de produzir ruído
com o tilintar que
acompanhavam os movimentos.
4. Conclusão
Os estudos realizados na presente pesquisa nos mostram a importância dos adornos
na construção histórica da trajetória humana desde os tempos Pré-históricos. Os objetos
encontrados por arqueólogos, pesquisadores, antropólogos durante os anos que seguiram a
Pré-História revelam o gosto, o primor artístico, as técnicas e o avanço na descoberta e o
uso dos materiais que foram encontrados na natureza.
As superstições das épocas pré-históricas se referem não somente à forma, mas ao
material usado na fabricação dos adornos, destacando-se o coral e o âmbar aos que se
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atribui as mesmas qualidades benéficas e tanta importância como a forma do amuleto,
duplicando assim seu valor.
As decorações com que se cobriam as superfícies das jóias e objetos de arte são
numerosas e constituem testemunho eloquente do longo processo evolutivo que seguiram;
mas o gosto artístico é de uma surpreendente uniformidade. Os mais frequentes foram os
desenhos retílineos, combinando em cruzes, rombos ou linhas em zig-zag e outros motivos
formados por linhas curvas como círculos concêntricos e espirais. São formas básicas de
todo regime decorativo estritamente geométrico, característico da arte européia pré-histórica
da pura abstração. É possível que alguns desenhos reflitam uma vaga alusão ao culto solar.
E podemos observar
na contemporaneidade, o referido material
continua
despertando a curiosidade e o encanto dos designers, projetando joias com infinitos
formatos aliados a uma estética que remete aos tempos pré-históricos.
Referências Bibliográficas
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Melhoramentos. Edusp, 1970.
CODINA, Carles. A ourivesaria. Coleção Artes e Ofícios. Trad. Marisa Costa. Lisboa: Editorial
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BISOGNIN, Edir Lúcia; LISBOA, Maria da Graça. Disciplinarium Ciência. 2006, p.88.
GIORDANI, Mário Curtis. História da Antiguidade Oriental. 6. ed. Petrópolis: Editora Vozes, 1983.
GOLA, Eliana. A Jóia: história e design. São Paulo: SENAC Editora, 2008.
GOURHAN, André Leroi. Os caçadores da Pré-história. Vl. 22. Lisboa, Portugal: Ed. 70, 1983.
KERTESZ, Margarite W. Historia universal de la joyas atraves del arte y la cultura. Buenos Aires:
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MUSEU
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PREHISTÒRIA
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Acervo
virtual.
Disponível
<http://www.museuprehistoriavalencia.es/home.html>. Acesso em: 03.mai.2010.
SUBIRACHS, Josep Maria. História geral da arte. Madrid: Ediciones Del Prado, 1996.
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em:
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