Folha de S. Paulo – 02/08/2007 Peemedebista desconhece setor elétrico Secretário da Cultura de Sérgio Cabral, Luiz Paulo Conde já trabalhou com Cesar Maia e Rosinha Matheus DA SUCURSAL DO RIO Às vésperas de completar 73 anos no dia 6, o secretário estadual da Cultura do Rio, Luiz Paulo Conde (PMDB), assume a presidência de Furnas, área com a qual nunca teve ligação. Conde substituirá José Pedro Rodrigues, engenheiro elétrico que preside Furnas desde 2003. Ontem, após deixar o Planalto, Conde disse que Lula procurava um "gestor" e confirmou ter aceitado o convite. Derrotado na eleição para a Prefeitura do Rio em 2004, Conde foi vice-governador e secretário de Meio Ambiente no governo de Rosinha Matheus. A política partidária, a que aderiu nos anos 90 pelas mãos do hoje desafeto Cesar Maia, parece ter fascinado o arquiteto a ponto de tê-lo deixado mais pobre, segundo suas declarações de renda: de R$ 686 mil em 1996, quando concorreu pela primeira vez a cargo eletivo, disse ao TRE ter R$ 349 mil em 2004. Como os R$ 686 mil corrigidos seriam R$ 1,5 milhão em 2004, viu seus recursos serem reduzidos a um quarto do que tinha ao entrar na política. Começou como secretário de Urbanismo, e comandou o bem-sucedido projeto Favela-Bairro. O êxito o projetou e foi escolhido por Cesar Maia para sucedê-lo. Antes desconhecido, mas com apoio de Maia, elegeu-se em 1996 com um perfil "técnico", batendo Sérgio Cabral. Governou de 1997 a 2000 dando prioridade a questões urbanísticas, orgulhando-se do modelo "síndico". Deu continuidade aos programas Favela-Bairro e Rio-Cidade e concluiu as obras da Linha Amarela. Rompeu com Maia em 1999 -depois que este perdeu a eleição para governador para Anthony Garotinho, em 1998. Em 2000, liderou a campanha e venceu no primeiro turno, mas foi ultrapassado na reta final por Cesar Maia após gafes em debates: "Eu minto menos". Sem cargo eletivo, Conde uniu-se ao grupo de Garotinho: foi seu secretário de Articulação e vicegovernador de Rosinha em 2002. Tentou a prefeitura em 2004 pelo PMDB, mas ficou em terceiro lugar -atrás de Cesar Maia (PFL) e Marcelo Crivella (PL). Afastou-se do casal Garotinho, com quem mantinha relações cordiais, mas desconfiadas (Rosinha nem lhe confiou o governo por nove meses em 2006, quando poderia ter se candidatado a outro posto). Conde se reaproximou de Sérgio Cabral, que o chamou para a Secretaria da Cultura. Ontem, o convite a Conde repercutiu mal no setor. Em Furnas, o clima era de "apreensão" pelo fato de ele não ser ligado à área. "Fico preocupado que a nomeação tenha obedecido um critério político. Até onde eu sei, [Conde] não tem experiência em cargo executivo de grande empresa nem no setor energético", disse Claudio Sales, presidente do Instituto Acende, que representa investidores privados em energia do país.