Camila Maia, ag Agência Estado Nando Reis, Zélia Duncan e Lan Lan dão depoimentos emocionados e emocionantes na cinebiografia Cássia Eller. A companheira de muitos anos, Maria Eugênia, ajuda a traçar o perfil íntimo de uma vida que foi intensa. A própria cantora chega a dizer que a música foi uma fuga da sua incapacidade de se relacionar socialmente com as pessoas. O filme é assinado pelo diretor Paulo Henrique Fontenelle, autor de Loki, sobre Arnaldo Antunes, outro documentário musical. Conforme ele, logo após Loki, ouvindo Cássia Eller cantar, pensou quão pouco sabia sobre a artista. A curiosidade o levou a pesquisar. Descobriu uma figura ‘incrível’, como diz: – A Cássia era aquela força no palco, mas era muito tímida. Essa dualidade começou a me fascinar. A primeira coisa que fiz foi mandar um email para a Eugênia falando na possibilidade de um filme. Ela demorou um mês para responder, já achava que não ia rolar. Disse que o Chicão (filho da Cássia) tinha gostado de Loki. E me deu carta branca. Disse apenas que não queria que eu endeusasse nem demonizasse a Cássia. Liberou para abordar tudo. As drogas, os casos fora da relação. Foi uma coisa muito forte. O diretor ainda trabalhava em Dossiê Jango, biografia que aborda a expulsão de João Goulart do cargo de presidente do Brasil após o golpe de Estado de 1964, quando iniciou a pesquisa iconográfica. Ambos os filmes demoraram quatro anos para ficar prontos. Cássia Eller é uma produção da Migdal, de Iafa Britz, com a GNT. O filme estreou na semana passada no Brasil. No cinema de Santa Maria, não há previsão de receber a biografia. Esgotada a fase do cinema, deve ir para o DVD e a TV. Muito material Foram muitas as possibilidades de abordagem imaginadas por Fontenelle antes de começar a filmar. Em mãos, 400 horas de material, entre arquivo e gravações próprias. Como reduzir tudo isso para menos de duas horas? – Tenho entrevistas muito boas com Milton Nascimento, Frejat e Luiz Melodia. Achei que serviria melhor ao material se contasse a história convencionalmente – afirma o diretor. Do começo em Brasília ao teatro com Oswaldo Montenegro, o filme mapeia a formação e o estouro da cantora. Mostra, claro, sua força no palco e a morte, em 2001, aos 38 anos. E prossegue com a briga na Justiça pela guarda do filho. Do samba ao rock pesado, Cássia tinha voz e temperamento para abarcar qualquer projeto musical. São muitas histórias e parcerias mostradas. Entre os muitos momentos intensos da cantora está aquele em que Maria Eugênia e Chicão recebem um prêmio póstumo atribuído à Cássia. E, depois, quando o filho fala, no fim, sobre essa mãe que mal conheceu, e foi descobrindo. Por fim, trata-se de um filme intenso, bem como a cantora. Vigor em vida e morte Filme “Cássia Eller” traça o perfil de uma vida intensa Dulce Helfer, bd na cinebiografia Trajetória da cantora, que morreu em santa maria segunda-feira 2 fevereiro 2015 Acervo Maria Eugênia