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INTOXICAÇÃO POR VARFARINA EM LOBO-GUARÁ (Chrysocyon
brachyurus)
João Marcos da Silva Barbosa1; Fernanda Campos Hertel1; Francieila de
Almeida1; Rafaela Coutinho Altoé1; Luana da Rosa Celin¹; Alexandre de Oliveira
Tavela1,2.
1
Departamento de Medicina Veterinária – Facastelo – Castelo-ES
E-mail: [email protected]
2
Departamento de Veterinária – Universidade Federal de Santa Catarina
Os cumarínicos são produtos utilizados no controle de roedores, facilmente
obtidos e amplamente utilizados. São anticoagulantes que incluem a Varfarina,
Brodifacoum, Bromadiolona e Deifenacoum. O envenenamento pode ocorrer de
forma direta através da ingestão de iscas ou indiretamente por alimentos
contaminados. Animais silvestres mantidos em cativeiro, como o lobo-guará
(Chrysocyon brachyurus), canídeo onívoro de médio porte de hábitos
crepusculares, podem ser afetados por esses agentes, sobretudo ingerindo
roedores contaminados. Objetivou-se relatar a intoxicação por Varfarina em loboguará fêmea e adulta vítima de coagulopatia aguda. O animal estudado foi
resgatado ainda filhote de uma região de queimada em um fragmento de Mata
Atlântica do município de Viçosa-MG e mantido no Centro de Triagem de Animais
Silvestres da cidade por oito anos. Após esse período, veio a óbito, sendo
encontrada no recinto e prontamente necropsiada. Foi observado hemotórax,
sinais de hemorragia em diversos órgãos e fígado cirrótico. Na histopatologia
observou-se hemorragia difusa em baço e linfonodos, glomerulonefrite
hemorrágica; pneumonia intersticial, hepatização pulmonar e hemorragia
bronquioloalveolar; hepatite dissecante lobular com necrose de coagulação
difusa, áreas de regeneração e marcante colestase. O intervalo entre a ingestão
de cumarínicos e a manifestação dos sinais clínicos, bem como a severidade do
quadro, varia com a quantidade ingerida e absorvida e com o estoque corporal e a
bioatividade da vitamina K no animal. Nesse caso, parece ter ocorrido a morte
súbita após a ingestão acidental de um roedor contaminado pelo agente tóxico
Varfarina, que estava sendo utilizado no controle de pragas dentro de diversas
instalações vizinhas ao Centro. Além disso, o animal já apresentava problemas
hepáticos crônicos, que agravaram ainda mais seu quadro clínico. Sendo assim,
com base nos achados, conclui-se que o óbito se deu por choque hipovolêmico
(hemorrágico) como consequência da fibrose hepática na redução da produção
de proteínas e fatores de coagulação, associada a uma intoxicação aguda por
Varfarina. Os estudos sobre os agentes toxicantes que acometem os animais em
cativeiro, bem como as formas de disseminação podem ser determinantes na
prevenção de intoxicações acidentais e melhoria no manejo desses animais.
Palavras-chave: intoxicação, cumarínicos, lobo-guará.
APOIO: CAPES, CNPq
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