Culturas de alto e baixo contexto: as diferenças As culturas podem distinguir-se umas das outras em várias áreas. O antropologista Americano Hall dividiu as culturas em dois tipos: alto contexto e baixo contexto. Nas primeiras, as pessoas comunicam indirecta e implicitamente, Muitas coisas ficam por dizer e uma série de informação é tida como certa. Pelo contrário, nas segundas, as pessoas comunicam directa e explicitamente. Se tiver uma melhor compreensão destas diferenças, é mais fácil compreender alguém com um contexto cultural diferente, identificar diferenças e aproximá-las. As culturas de alto-contexto podem ser encontradas na Ásia, Europa do Sul, Médio Oriente, América Latina, África e países situados em torno do mar mediterrâneo. Neste grupo de culturas uma palavra é suficiente para compreender o outro. Quando coloca uma questão a alguém de uma cultura de alto contexto, não terá uma resposta clara. Deve procurar o significado latente. Assim, “sim” pode significar “sim”, mas também sim e não. As culturas de baixo-contexto podem ser encontradas no Noroeste da Europa América do Norte, Austrália e Nova Zelândia. Tudo é expresso da forma mais explícita possível, para evitar erros e interpretação. Pode ser adicionada informação contextual, caso seja importante atender a ela. É esta a razão para a existência de planificações, minutos, contratos, etc. Diferenças Alto contexto Comunicação: - Comunicação indireta/implicita - Preferência pela comunicação oral Racional: - Ênfase na forma - Repostas socialmente desejáveis - As palavras escrita não são importantes - Os acordos verbais são vinculativos - Muita comunicação não-verbal Perceção do tempo Policrónica Baixo contexto Comunicação: - Comunicação directa/explicita - Preferência pela comunicação escrita Relacionada com o conteúdo: - Ênfase no conteúdo - Respostas honetas - As palavras escrita são importantes - Os acordos verbais não são vinculativos - Pouca comunicação não-verbal Perceção do tempo Monocrónica Exemplo prático: Numa empresa, quatro mulheres partilham uma sala. Um delas pertence a uma cultura de alto contexto. Enquanto trabalham, ela utiliza o telemóvel para enviar mensagens escritas a amigos e familiares. As outras três mulheres estão focadas no trabalho, e sentem-se cada vez mais incomodadas com a situação. Elas consideram a atitude da colega para com o trabalho ineficaz, mas ela não compreende o problema. Devemos estar sempre disponíveis para a família e amigos, correto? Como podemos explicar isto? A colega irritante não está consciente do problema nesta situação porque numa cultura de alto contexto, trabalho e vida privada não são indissociáveis. Os assuntos privados são frequentemente mais importantes do que os de trabalho. As outras mulheres sentem-se incomodadas pois é habitual em culturas de baixo contexto fazer a distinção entre vida privada e trabalho. Comunicação implícita e explícita: Uma pessoa de uma cultura de alto contexto pede-lhe que descreva a sua casa. Responde que vive numa casa germinada, com três andares e um pequeno jardim no lado sul. A outra pessoa não consegue assimilar esta informação pois está a faltar o contexto. Ela interroga-se sobre a sua localização. Estará situada na rua de uma cidade movimentada ou nos arredores da cidade? etc. Se essa pessoa descrevesse a sua casa, iria apresentar factos, além de aspectos como a sua história, atmosfera, ambiente, etc. Você iria questionar-se sobre o porquê desta informação contextual estar a ser dada, pois esperava apenas uma descrição da casa. Naturalmente que as coisas nem sempre são tão lineares. As pessoas de culturas de alto contexto que viveram durante um longo período num país de cultura de baixo contexto poderão também comunicar explicitamente. Não é sempre verdade que uma pessoa de uma cultura de baixo contexto comunique sempre explicitamente. Poderá também aprender a lidar com a diferença quando fornece feedback. Segue-se um exemplo: Está a tentar falar com um estagiário de uma cultura de alto contexto. Faz isso de forma directa, dizendo exactamente as coisas como são. Está particularmente aborrecido por o estudante chegar sucessivamente atrasado. O estagiário sente-se atacado e apresenta uma série de argumentos para explicar porque chega atrasado em vez de ajustar o seu comportamento. Você tem pensado sobre este problema e potencial solução. Irá sentar-se com o estagiário, explicar porque se sente tão aborrecido e explicar-lhe a diferença na gestão de tempo. Ao explicar e mostrar compreensão, consegue que o estudante altere o seu comportamento e retome ao caminho correto. E quanto à percepção do tempo? Imagine que tem um compromisso com alguém, mas a pessoa está meia hora atrasada e não parece importar-se. Isso não lhe agrada, pois considera que um compromisso é um compromisso. Isto significa que tem uma percepção do tempo monocrónica, enquanto a outra pessoa vê o tempo de forma policrónica. A primeira é típica de culturas de baixo contexto e significa que as coisas são feitas uma de cada vez, o foco colocado é directo, não incomoda os outros e o tempo é bem gerido. A percepção policrónica do tempo é típica de culturas de alto contexto, e significa que são feitas várias coisas ao mesmo tempo, as interrupções são aceitáveis e o tempo não necessita de gestão. As culturas monocrómicas entendem este tipo de perceção caótica e indelicada. De forma a desenvolver um entendimento intercultural, é importante conhecer a pessoas da outra cultura, a sua percepção de tempo, de forma a construir confiança mútua e optimizar os compromissos. Forma de pensar: As diferenças na percepção do tempo monocrónica e policrónica reflectem, ainda, formas diferentes de pensar. Uma pessoa que pense informalmente pensa com uma percepção de tempo policrónica, enquanto uma pessoa que pensa formalmente, pensa com uma percepção de tempo monorónica. Todas as culturas têm formas de pensar diferentes. No então, nas culturas de baixo contexto, é frequente chegar na hora marcada e trabalhar de acordo com horários. As pessoas com um pensamento informal têm de se adaptar em conformidade. Nas culturas de alto contexto, isto tem mais a ver com a relação e menos com a eficiência. Isto exige da pessoa com um pensamento formal um ajuste ainda maior. Referências Nunez, C., Nunez, R. en Popma, L. (2010). Interculturele communicatie: van ontkenning tot wederzijdse integratie, Assen: Van Gorcum. Claes, Marie-Therese (2007). Culturele waarden en communicatie in internationaal perspectief, Bussum: Uitgeverij Coutinho.