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A boa doutora
Wafa Sultan, a psicóloga síria-americana que ganhou
notoriedade por criticar o Islã em Al Jazeera, não perde o
ânimo
por Yitzhak Benhorin
A dra. Wafa Sultan recentemente se tornou uma lenda. As suas entrevistas
com o Al-Jazeera, em que ela censurou o Islã e a forma que ele provoca
ignorância e alienação nos seus seguidores fizeram dela um fenômeno: uma
árabe instruída que exige que o mundo árabe reflita sobre estes fatos
desagradáveis.
Em uma entrevista recente, o único momento que eu vejo lágrimas
escorrendo nos olhos da Dra. Sultan é quando ela fala sobre a sua família em
um pequeno povoado no oeste da Síria, duas ou três horas do Norte de
Beirut. Nos olhos deles, ela é uma “ovelha negra” na família, que inclui sete
irmãos e três irmãs.
O seu irmão mais velho alega que ela recebeu um milhão de dólares dos
judeus para censurar o Islã. A sua mãe, de 74 anos, se recusa a falar com ela
no telefone.
“Eu sei que eu não estou os ofendendo,” ela disse. “Eles se sentem
envergonhados. Eu entendo isto.” A sua irmã em Catar, que se casou com
um palestino, a apoia mais. Elas se falam uma vez por semana. A dra. Sultan
contou quão difícil era não poder falar com os seus amigos na Síria, mas não
com a sua mãe e irmão.
Wafa perdeu o apoio da sua família, mas recebeu a
aprovação do mundo.
Wafa perdeu o apoio da sua família, mas recebeu a aprovação do mundo
com uma série de entrevistas, a mais famosa com o al-Jazeera, em que ela
atacou o Islã fanático e a alienação, o sofrimento e a luta conta o avanço que
ele impõe nos seus seguidores.
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Ela é uma mulher de baixa estatura, mas extremamente dotada de visão e
coragem. Calorosa e despretensiosa, ela continua ciente da importância da
sua mensagem: “Eu acho que em 300 anos o nome Wafa Sultan será
lembrado como alguém que ajudou o Islã a sair da Idade Média,” ela disse a
Ynet.
A sua própria saída da Idade Média teve início com o assassinato do seu
professor assistente na Faculdade de Medicina Halab em 1979. Os membros
da Irmandade Árabe assassinaram o oftalmologista, o professor Yusef al
Yusef porque ele era um alawi (como a família do presidente sírio Bashar
Assad), gritando „Alá Akbar‟, atirando para o ar e partindo em uma
motocicleta.
A dra. Sultan chamou isto do momento decisivo da sua vida. Ela começou a
questionar a sua vida e as suas convicções com o seu marido, que ela
conheceu nesta época. Ela parou de jejuar e rezar. O seu marido vagou de
embaixada a embaixada tentando obter um visto. Tardaram dez anos para
eles saírem da Síria.
Chegada aos Estados Unidos
Quando eles saíram da Síria, ele era um engenheiro agrícola e ela era uma
psiquiatra. Quando eles chegaram nos Estados Unidos em 1989 com dois
filhos (o terceiro nasceu nesta época) e 100 dólares, eles não falavam a
língua do país. Eles viveram por alguns meses com amigos e trabalharam em
qualquer emprego disponível.
Sultan contou que trabalhou como caixa, com jardinagem, fazendo tudo que
fosse necessário para sobreviver. Levaram anos para eles se recuperarem
financeiramente, quando o seu marido engenheiro abriu uma oficina. “É
melhor ser um mecânico nos Estados Unidos do que um engenheiro na
Síria,” ela afirmou.
A oficina não foi a única especulação americana da família Sultan. Após uma
semana que eles chegaram nos Estados Unidos, Sultan começou a escrever.
Ela escreveu artigos para jornais em árabe na área de Los Angeles. O seu
editor a deteve em um determinado momento e não quis publicar as suas
reflexões, ela contou.
Finalmente, algumas semanas antes de 11 de setembro, um amigo sugeriu
que ela lançasse o seu próprio site. Portanto, annaqed.com surgiu, ou seja, “a
crítica” em árabe, contém artigos em Árabe e em Inglês.
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Wafa recebeu várias chamadas telefônicas de advertências do CAIR
(Conselho sobre Relações Americanas-Islâmicas – Council on American
Islamic Relations). À princípio, ela conta, eles foram capazes de refreá-la até
certo ponto, mas após o dia 11 de setembro, ela sabia que ela não poderia
permanecer calada. “Hoje em dia em sou uma pessoa completamente
diferente. Deixe eles fazerem o que eles quiserem.”
A entrevista que chocou o mundo árabe
O site de Wafa foi lido no Oriente Médio inclusive. Foi assim que ela recebeu
a sua primeira aparição na al-Jazeera em julho de 2005. “Eles sabiam da
influência dos meus artigos e site… Eu acredito que eles não acharam que eu
seria capaz de defender os meus pontos de vista ao vivo na televisão.”
Não estando familiarizada com a al-Jazeera ou com o programa que ela seria
entrevistada, ela não percebeu que a sua aparição seria como parte de um
debate. Ela foi perguntada se há um relacionamento entre o Islã e o terror e,
em seguida, foi atacada verbalmente. Apesar de ter sido “atacada de
emboscada”, ela conseguiu vencer o debate e foi convidada para uma
segunda entrevista, com um comentarista mais experiente.
A segunda entrevista ficou muito popular na internet. Desde a sua transmissão
em al-Jazeera, há seções que foram traduzidas pelo MEMRI (Instituto de
Pesquisa do Oriente Médio – Middle East Media Research Institute) e
distribuída por vários usuários da internet. Milhões de surfistas no Oriente
Médio e no mundo afora viram a entrevista que ocorreu no dia 21 de
Fevereiro de 2006.
Dr. Sultan debateu o professor egípcio de estudos islâmicos, o dr. Ibrahim AlKhouli, que não conseguia rebatê-la, perguntando a ela repetidamente: “então
você é uma herética?” e afirmando que não há nexo em debater com alguém
que insulta o profeta Maomé e o Corão.
Wafa Sultan disse que ela recebeu ameaças de morte e estima que alguém
tentará assassiná-la, mas ela não se assusta. “Eles não foram capazes de
calar a minha boca na primeira vez. Em fevereiro, eu os derrubei novamente.
Eles nunca mais me convidarão,” ela sorri.
Semanas após a entrevista, um dos apresentadores do programa publicou
um artigo argumentando que ela foi paga para criticar o Islã. Ela respondeu a
ele em uma carta: “A sua entrevista me apresentou aos americanos e à
comunidade internacional. Mesmo o meu vizinho não sabia quem eu era até
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que você nos apresentou e agora você me culpa de ter sido comprada pelos
americanos?”
Penetrando no mundo islâmico
Desde então, ela foi banida pela mídia árabe. No entanto, ela conseguiu
penetrar nas ramificações do mundo muçulmano e árabe. Muitas pessoas
entram no seu site e a enviam e-mails, tanto positivos, quanto ameaçadores.
Na sua opinião, qualquer mensagem positiva é um bom sinal.
Ela acredita que a sua missão – “romper as paredes da prisão do mundo
islâmico” – é difícil, mas ela conseguiu fazer uma rachadura. Agora será mais
fácil para que outras pessoas a sucedam, ela diz.
Wafa contou sobre um e-mail de um mulá marroquino que disse que ele
encadernou o seu artigo da internet e contou para o seu filho de 17 anos que
este era o seu novo Corão. Ela recebe e-mails do Líbano, Jordão, Síria,
Iraque, Egito e inclusive da Arábia Saudita. Ela recebe e-mails de mulheres
muçulmanas a incentivando. Infelizmente, elas sempre usam pseudônimos,
pois elas têm medo.
"32 anos da minha vida foram roubados de mim pelo Islã
radical. Deixe eles fazerem o que eles quiserem."
No início desta semana, ela recebeu um e-mail de uma estudante síria de 23
anos, que escreveu que o governo bloqueou o seu site, mas não os seus emails, e pediu que ela o enviasse por e-mail. “Eu sei que eu possuo uma
grande influência no mundo árabe,” ela diz orgulhosamente.
Quando foi lembrada que o produtor Theo Van Gogh foi assassinado em
Amsterdam por motivos similares, ela respondeu: “Eu vivi com temor por 32
anos. 32 anos da minha vida foram roubados de mim pelo Islã radical. Deixe
eles fazerem o que eles quiserem. Eu acho que eles serão bem-sucedidos
um dia. Isto não é uma grande coisa.”
Possível viagem para Israel
A dra. Sultan conta que quando ela morava na Síria, ela foi ensinada a odiar
Israel, a pensar que os israelenses eram desumanos, um tipo de criatura
diferente. Quando ela estava na Califórnia com o seu marido, ela descobriu
que um vendedor de sapatos era um judeu israelense. Histérica, ela saiu
correndo da loja descalça.
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Quando o seu marido lhe perguntou o que havia acontecido com ela, ela
respondeu que o homem era o seu inimigo e que ela o odiava. Era a primeira
vez que ela havia encontrado um judeu israelense cara a cara. “Aos poucos,
eu descobri quão errados e estúpidos nós éramos. Vocês são seres humanos
não menos do que nós,” ela afirmou.
A dra. Sultan tem expectativas de visitar Israel em breve. Na segunda-feira,
ela tem um encontro no consulado israelense em Los Angeles para levar
adiante o assunto. É desnecessário mencionar que isto somente aumentará o
ódio por ela das ramificações radicais do Islã pelo mundo afora.
Mas ela esclareceu: “Eu estou orgulhosa de mim mesma. Esta é a minha
missão na vida. Nada me deterá.”
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Wafa perdeu o apoio da sua família, mas recebeu a aprovação do