UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
Reitor: Alvares Toubes Prata
Pró-Reitora de Pós-Graduação: Profª. Drª. Maria Lúcia de Barros Camargo
CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
Diretora: Profª. Drª. Roselane Neckel
Vice-Diretor: Profº. Drº. Nazareno José dos Campos
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA
Coordenadora Geral: Profª. Drª. Eunice Sueli Nodari
Linha de Pesquisa Política, Escrita, Imagem e Memória
Laboratório de História e Arte – LABHARTE
Coordenadora do Labharte: Profª. Drª. Maria Bernardete Ramos Flores
EDITORES
Maria Bernardete Ramos Flores, Daniela Queiroz Campos, Joachin de Melo Azevedo
Neto, Carina Sartori
COMISSÃO ORGANIZADORA DO IV COLÓQUIO DE HISTÓRIA E ARTE
Maria Bernardete Ramos Flores, Daniela Queiroz Campos, Joachin de Melo Azevedo
Neto, Carina Sartori, Lucésia Pereira, Ricardo Machado, Arnaldo Haas Jr., Eduardo
Gomes da Silva, Lívia Lopes Neves, Sabrina Fernandes, Adriano Duarte, Alexandre
Busko Valim, Elizabeth Ghedin Kammers, Grégori Czizeweski.
INFORMÁTICA-LABHARTE
Daniel Dalla Zen
Poliana Silva Santana
Laboratório de História e Arte – LABHARTE
Universidade Federal de Santa Catarina
Centro de Filosofia e Ciências Humanas
Campus Universitário – Trindade
Florianópolis, SC – Cep: 88040-970
Fone: 048 3721-8212
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APRESENTAÇÃO:
HISTORIA E IMAGEM: PESQUISAS EM CURSO
Escrever sobre a imagem. Não sobre uma especificamente, mas sobre várias. Escrever
sobre imagens. As diversas leituras acerca da imagem levaram-nos a perceber, não só a
complexidade do tema, mas também as variadas modalidades de abordagem e de caminhos
metodológicos.
“A imagem sempre está fora de nossos olhos”1. No exato momento em que a
reconhecemos, ela desaparece. É inapreensível. A imagem de um casamento, de um batizado, a
imagem de uma mãe, enfim, a imagem de um referente. Entretanto a imagem não
necessariamente precisa ser a imagem de alguma coisa. Esta é uma de suas potências. Ela pode
estar ligada a um referente, mas ela não é simploriamente apenas o referente, apenas o retratado.
Ela é uma imagem. Uma imagem pode atrelar-se a um representado, a um acontecimento; mas,
se deste modo estiver, ela nega-o. A imagem pode recuperar o objeto, a pessoa ou o
acontecimento que já não é. Todavia, no exato momento em que o recupera, ela marca sua
ausência. Não constitui mera representação, também constitui apresentação tornando-se o
próprio acontecimento. A imagem apresenta. Essa constitui sua soberania.
Somos a civilização da imagem. Afirmativa que ouvimos tanto nas mídias quanto de
inúmeros estudiosos. Somos cercados por imagens, dos mais diversos tipos, dos mais diferentes
tempos, de uma infinidade de modos e de formas. Estas imagens chegam até nós através de
abundantes suportes: são páginas de livros, de revistas, outdoors. Essas imagens nos dizem
muito sobre as sociedades que, de alguma forma, as produziram ou conviveram com elas.
Mesmo com a conquista do alfabeto e da escrita, o homem não deixou de produzir imagens. E
se outrora a imagem não constava do repertório do historiador no tratamento metodológico de
seus temas, hoje são inúmeros os trabalhos historiográficos que vêem na imagem e seus
suportes um campo profícuo.
Assim, na atualidade para além de uma história da arte deparamo-nos com uma história
da imagem, uma história do objeto do ver. Uma história que atenta, sobretudo, para o visível.
No rol das disciplinas, convencionou-se tratar os estudos visuais, a partir da década de 1990,
como The visual Turn com suas metodologias para refletir e abordar a imagem, as percepções e
modos de olhar. O caminho percorrido pelos historiadores que abordam a imagem como objeto
de suas pesquisas envolve, contudo, determinação e esforço.
São exemplos desta determinação e esforço que queremos mostrar aqui. Os trabalhos
apresentam-se como resultante de uma proposta bastante simples, todavia assinalam extrema
1
SOUZA, Eudoro de. História e Mito. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 1981. p.3.
relevância. Trata-se de resultados de pesquisas para elaboração de teses e dissertações dos
alunos do Programa de Pós Graduação em História da Universidade Federal de Santa Catarina
que têm no seio de seus projetos de pesquisas questões relativas à imagem. Os textos aqui
organizados escrevem linhas, parágrafos e páginas sobre a imagem. Imagem que se mostra e
que vem sendo percebida por historiadores como meio, suporte, objeto e problema de pesquisa.
Os textos aqui reunidos visam não apenas promover diálogos entre diversas linhas
teóricas e metodológicas, como também diversos usos e concepções da imagem. Deste modo a
publicação resulta da sessão nomeada “História e Imagem: pesquisas em cursos”, do IV
Colóquio de História e Arte, de Florianópolis, promoção da Linha de Pesquisa “Política, escrita,
imagem e memória” do Programa de Pós Graduação em História da UFSC.
A sessão “História e Imagem: pesquisas em cursos” marca, não só um expressivo
número de pesquisadores dedicados a imagem, mas também suas inúmeras formas de
apresentação e problematização dentro da pesquisa histórica. A imagem aqui é tratada para além
de suas antigas amaras, de um rígido estatuto de arte. Ela transcende tais limites. A imagem aqui
discutida é a imagem dita artística, a imagem fotográfica, a imagem da ilustração, a imagem do
quadrinho, a imagem do cinema. O debate visa permear os aspectos de produção, circulação,
legitimação e interpretação do objeto imagético. Deste modo, esta publicação organiza-se em 4
eixos que podem se tomados como eixos temáticos ou eixos metodológicos: cidades, artes
gráficas, fotografia e cinema. Em suma, abordam a multiplicidade do objeto imagético.
Os escritos sobre imagens aqui reunidos tratam de imagens gravadas, pintadas,
esculpidas, desenhadas, fotografadas, filmadas, impressas. Imagens tão presentes e quase tão
antigas quanto a própria existência humana. Inscrições em rochas, máscaras fúnebres,
estatuárias de deuses, pinturas de reis e nobres, telas de grandes “fatos históricos”, fotografias,
filmes, retratos. Homens e mulheres de diversas temporalidades e suas relações com diferentes
tipos de imagens. Historiadores que diante do tempo também estão diante de imagens.
Laboratório de História e Arte – Labharte.
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