DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA REVISÃO E REDAÇÃO SESSÃO: 047.4.53.O DATA: 22/03/10 TURNO: Vespertino TIPO DA SESSÃO: Ordinária - CD LOCAL: Plenário Principal - CD INÍCIO: 14h03min TÉRMINO: 18h27min DISCURSOS RETIRADOS PELO ORADOR PARA REVISÃO Hora Fase 17:09 CP Obs.: Orador PAES LANDIM CÂMARA DOS DEPUTADOS Ata da 047ª Sessão, em 22 de março de 2010 Presidência dos Srs. ................................................................... ................................................................... ................................................................... ................................................................... ................................................................... ................................................................... ................................................................... ................................................................... ................................................................... ................................................................... ................................................................... ÀS 14 HORAS E 3 MINUTOS COMPARECEM À CASA OS SRS.: Michel Temer Marco Maia Antônio Carlos Magalhães Neto Rafael Guerra Inocêncio Oliveira Odair Cunha Nelson Marquezelli Marcelo Ortiz Giovanni Queiroz Leandro Sampaio Manoel Junior CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 O SR. PRESIDENTE (Mauro Benevides) - Não havendo quorum regimental para abertura da sessão, nos termos do § 3° do art. 79 do Regimento Interno, aguardaremos até meia hora para que ele se complete. 3 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 I - ABERTURA DA SESSÃO O SR. PRESIDENTE (Mauro Benevides) - Declaro aberta a sessão. Sob a proteção de Deus e em nome do povo brasileiro iniciamos nossos trabalhos. Antes de proceder à leitura da ata, desejo comunicar aos presentes que esta sessão não será computada em termos de prazos previstos no Regimento Interno. Portanto, faço esse esclarecimento para que não se dê a esta sessão outra interpretação além desta que agora ressalvo, para conhecimento da Casa. O Sr. Secretário procederá à leitura da ata da sessão anterior. II - LEITURA DA ATA O SR. SEBASTIÃO BALA ROCHA, servindo como 2° Secretário, procede à leitura da ata da sessão antecedente, a qual é, sem observações, aprovada. O SR. PRESIDENTE (Mauro Benevides) - Passa-se à leitura do expediente. O SR. SEBASTIÃO BALA ROCHA, servindo como 1° Secretário, procede à leitura do seguinte III - EXPEDIENTE 4 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 O SR. PRESIDENTE (Mauro Benevides) - Finda a leitura do expediente, passa-se ao IV - PEQUENO EXPEDIENTE Passemos agora aos pronunciamento dados como lidos. Convido o nobre Deputado Sebastião Bala Rocha a assumir a direção dos trabalhos. O Sr. Mauro Benevides, § 2º do art. 18 do Regimento Interno, deixa a cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr. Sebastião Bala Rocha, § 2º do art. 18 do Regimento Interno. 5 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 O SR. MAURO BENEVIDES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem. O SR. PRESIDENTE (Sebastião Bala Rocha) - Concedo a palavra ao eminente Deputado, ex-Senador da República e ex-Presidente do Congresso Nacional, Mauro Benevides, do PMDB do Ceará. O SR. MAURO BENEVIDES (Bloco/PMDB-CE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, nobre Deputado Sebastião Bala Rocha, que também exerceu proficiente e brilhantemente o mandato de Senador da República, integrando, portanto, o Congresso Nacional, e agora o faz com o mesmo brilho na condição de Deputado Federal. Dirijo-me também ao nobre Líder Rodrigo Rollemberg, que há poucos instantes trocava ideias conosco a respeito da realidade político-institucional brasileira. Srs. Deputados, senhores telespectadores da TV Câmara, o Senado Federal, a requerimento do Senador Tasso Jereissati, realiza nesta quarta-feira sessão solene destinada a realçar os 40 anos de existência do Sistema Verdes Mares de Comunicação, cujos veículos — televisão, rádio e jornal — têm prestado inestimável contribuição ao desenvolvimento socioeconômico-cultural. As 4 décadas significaram um incessante esforço para corresponder à confiança dos nossos coestaduanos, dentro de diretrizes que tiveram a inspiração inicial do saudoso Edson Queiroz, sequenciado por D. Yolanda, os seus filhos e uma competente equipe de devotados colaboradores. Em todo esse lapso de tempo, o SVM divulgou fatos relevantes e encampou aspirações justas e legitimas da Unidade federada que represento nesta Casa. A refinaria, a siderúrgica, o Complexo Portuário do Pecém, além de outros prementes anseios da coletividade, continuam sendo objeto de enfoques 6 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 adequados, numa mobilização permanente do Governo, entidades e lideranças comunitárias em torno de problemas de tamanha magnitude. Por isso entendo que a homenagem do Congresso Nacional, por uma de suas Casas, valeu como estímulo a uma rede de comunicação social, cuja atuação direciona-se em favor de causas nobres de interesse do Ceará, do Nordeste e do País. Com o presente registro, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, associo-me ao relevo emprestado a um evento que tão de perto fala do nosso Estado e sua gente. É essa a homenagem que também desejo prestar, da tribuna da Câmara dos Deputados, ao Sistema Verdes Mares de Comunicação, que, em 40 anos de incessante atividade, tem prestado relevantes serviços ao povo do meu Estado. Muito obrigado, Sr. Presidente. Muito obrigado, Sras. e Srs. Deputados. O SR. PRESIDENTE (Sebastião Bala Rocha) - Muito obrigado, Deputado Mauro Benevides. 7 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 O SR. PRESIDENTE (Sebastião Bala Rocha) - Concedo a palavra ao grande Líder Rodrigo Rollemberg, do PSB do Distrito Federal, por 1 minuto. O SR. RODRIGO ROLLEMBERG (Bloco/PSB-DF. Sem revisão do orador.) Sr. Presidente, há 53 anos, no dia 16 de março de 1957, Lúcio Costa era declarado o vencedor no concurso organizado para definir o projeto urbanístico da nova Capital. Nunca é demais, Sras. e Srs. Parlamentares, reverenciar a memória desse brasileiro genial, que concebeu uma cidade estruturada em 4 escalas: a escala residencial ou quotidiana, de conotação mais individual ou familiar, que permite aos indivíduos e às famílias encontrar o abrigo adequado à construção não de meras habitações, mas de autênticos lares; a escala monumental, que infunde nos cidadãos a consciência de fazerem parte de um empenho civilizatório comum a todos; a escala gregária, intermédia entre a intimidade do lar e a grandiosidade dos amplos espaços monumentais, que permite a convivência pública e a cooperação entre os cidadãos; e, finalmente, a escala bucólica, voltada ao lazer em espaços naturais e à integração entre sociedade e natureza, numa postura de vanguarda, assumida em uma época que ainda não havia despertado para a preservação ambiental. Pelo rigor técnico e pela inventividade do projeto, aliados à sua vocação humanista, que viria a ser amplamente confirmada pelo verdadeiro amor que lhe devotam os que nela nasceram ou a escolheram como sua morada, Brasília é símbolo de primeira grandeza de uma modernidade de face humana. Esse é um atributo que se realça em virtude do contexto em que foi edificada, aquele em que o País era presidido por um de nossos mais notáveis governantes, o Presidente 8 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 Juscelino Kubitschek, notável impulsionador do desenvolvimento socioeconômico nacional. Evidentemente, Brasília, por ser Brasil, não poderia ficar imune aos graves problemas que afligem todos os brasileiros — nas áreas de saúde, educação, segurança, moradia, nutrição, transporte; não poderia também ficar imune às mazelas próprias do patrimonialismo e do clientelismo, que ainda degradam a vida política nacional e se expressam de maneira exemplar no atual escândalo revelado pela Operação Caixa de Pandora, em que vêm atuando de maneira irrepreensível a Polícia Federal, o Ministério Público, o Superior Tribunal de Justiça e o Supremo Tribunal Federal. Às vésperas de completar 50 anos, Brasília tem diante de si o desafio de resgatar toda a nobreza do projeto de Lúcio Costa e fortalecer as iniciativas que apontam para a superação das práticas oligárquicas e corruptas que debilitam o caráter republicano de nossas instituições. Embora parte da classe política local tenha sido flagrada em práticas criminosas, altamente lesivas ao interesse público, Brasília e as demais cidades do Distrito Federal contam com lideranças honradas, que trabalham diuturnamente para manter as instituições em sintonia com o interesse público e com uma sociedade civil honesta, educada, trabalhadora e politicamente vigilante. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, não tenho dúvida de que a Brasília que nos encanta e mobiliza, a Brasília que saberá ser mais uma vez uma poderosa referência de desenvolvimento — inclusivo, inovador, ambientalmente sustentável —, a Brasília de Lúcio Costa é a que prevalecerá. 9 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 Como brasiliense, quero registrar o enorme carinho, a enorme admiração que temos pelo grande urbanista, pelo grande humanista Lúcio Costa. Todas as vezes em que algum estrangeiro visita nossa cidade, faço questão de levá-lo a uma superquadra e mostrar-lhe que, diferentemente de todas as outras cidades que já tive oportunidade de visitar no mundo, Brasília é a única cidade em que, quando a pessoa desce de um apartamento, não se depara imediatamente com a rua, pois existem amplos gramados arborizados, o que permite uma qualidade de vida diferenciada para a população e fez com que a UNESCO, muito cedo, reconhecesse Brasília não apenas como patrimônio dos brasileiros, mas, pela sua singularidade, pela sua ousadia, como patrimônio cultural da humanidade. Parabéns a Lúcio Costa! Nós o reverenciaremos sempre. O SR. PRESIDENTE (Mauro Benevides) - A Presidência associa-se à homenagem prestada pelo nobre Deputado e Líder Rodrigo Rollemberg ao grande urbanista Lúcio Costa, cujos méritos incontáveis foram por S.Exa. agora realçados na tribuna, nesta proximidade de comemoração do cinquentenário de Brasília. Permito-me destacar neste momento que, modestamente, mas na condição de Senador da República, cheguei a presidir a Comissão do Distrito Federal antes de se alcançar a autonomia consagrada na Carta de 5 de outubro de 1988, da qual me honro haver sido o segundo signatário, antecedido apenas pelo grande brasileiro Ulysses Guimarães. Como Presidente da Comissão do Distrito Federal, nobre Líder Rodrigo Rollemberg, acho que prestei alguns serviços à Capital da República. Aqui, compartilhei da vida legislativa, então cumprida pelo Senado Federal. Relembro, com muita alegria, o instante em que entreguei simbolicamente ao menos jovem dos 10 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 Deputados Distritais a chave do Poder Legislativo de Brasília, já que os eleitos haviam chegado à obtenção do mandato graças ao exercício da soberania popular, o que antes não ocorria, porque nós, Senadores, representantes de outros Estados, além dos 3 de Brasília, compúnhamos um corpo que se interessava por Brasília, direcionava a vida legislativa, mas não tínhamos a legitimidade daqueles que são ungidos pelo voto popular na manifestação da urna. Associo-me à homenagem que o nobre Deputado Rodrigo Rollemberg presta a Lúcio Costa e, por natural extensão, a Brasília, prestes a completar 50 anos de existência e se destacando no cenário nacional pela competência dos que a dirigiram até hoje, sobretudo pelo empenho daqueles que vieram de outros Estados e se integraram ao espírito de Brasília, fazendo com que tivéssemos índices de qualidade de vida excepcionais e que são sempre proclamados como ideais para uma cidade do porte e da ponderabilidade demográfica da Capital da República. Homenageio o nobre Líder e associo-me, de pleno coração, à homenagem prestada a Lúcio Costa e, por extensão, a Brasília. Durante o discurso do Sr. Rodrigo Rollemberg, o Sr. Sebastião Bala Rocha, § 2º do art. 18 do Regimento Interno, deixa a cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr. Mauro Benevides, § 2º do art. 18 do Regimento Interno. 11 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 O SR. PRESIDENTE (Mauro Benevides) - Concedo a palavra ao Deputado Sebastião Bala Rocha, ilustre representante do povo do Amapá, que tanto no Senado como na Câmara se tem revelado Parlamentar dos mais atuantes, sempre preocupado com seu Estado e com os interesses nacionais. O SR. SEBASTIÃO BALA ROCHA (PDT-AP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado, Deputado Mauro Benevides, eminente Deputado que preside esta sessão. É com pesar que venho lamentar a morte de 4 trabalhadores que construíam uma ponte sobre o Rio Vila Nova no Estado do Amapá, que hoje chora a morte desses operários. Essa ponte está sendo erguida numa área que até hoje se encontra isolada, dependendo do transporte feito pelas balsas para a ligação do Município de Santana ao Município de Mazagão. Mas, quando os trabalhadores colocavam a última viga para concluir a obra, ela desabou, e a vida desses 4 trabalhadores foi ceifada. Manifesto, portanto, minha solidariedade às suas famílias. Nem todos esses trabalhadores eram do Amapá. Alguns vieram de fora para construir essa importante obra, para prestar esse relevante serviço ao Amapá. Espero que esses que foram vitimados tenham encontrado a paz no plano espiritual, que suas famílias recebam o conforto que Deus sempre dá nessas ocasiões e que possamos continuar esperando, sobretudo o povo de Mazagão, que em breve essa obra seja definitivamente entregue. Venho falar desse assunto sobretudo porque a notícia também já foi veiculada em âmbito nacional por jornais, e até por televisões. Não houve qualquer comprometimento da estrutura da ponte, cuja construção já está, como eu disse, quase totalmente concluída. É uma ponte de aproximadamente 400 metros. 12 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 É lamentável que o acidente tenha feito vítimas fatais. Poderia simplesmente ter havido um desabamento sem perda de vidas, sem nenhuma morte de trabalhadores. Toda vez que morre um trabalhador numa obra, por mais importante e relevante que essa obra seja, só nos resta lamentar e solidarizar-nos com a família. Foi um desastre, um acidente infeliz, cujas causas cabe agora aos órgãos responsáveis pela perícia identificar, para que no futuro possa prosseguir sem problemas a construção da ponte. Eu não poderia começar os trabalhos de hoje sem prestar minha homenagem às vítimas do desabamento da ponte sobre o Rio Vila Nova. Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Mauro Benevides) - Desejo associar-me ao nobre Deputado Sebastião Bala Rocha na manifestação de pesar pela morte de 4 trabalhadores nessa obra importante para o Amapá. Eles realizavam ali sua tarefa e foram vitimados por esse acidente. Diante disso, compartilhamos do sentimento de condolências a que o nobre representante daquele Estado fez questão de dar expressão, para que o registro desse fato, por sua amplitude e sua abrangência, signifique também uma homenagem a todos os que vêm lutando infatigavelmente para a concretização daquele empreendimento no menor espaço de tempo. Em nome da Mesa, associo-me ao nobre colega nessa homenagem, e transmito à família dos 4 trabalhadores as nossas condolências, o nosso pesar, esperando que eles, que foram alcançados assim tão implacavelmente pela morte, obtenham do Estado e dos responsáveis pela obra o reconhecimento pelo esforço que despenderam em prol daquele importante empreendimento. 13 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 Portanto, esta é a homenagem que presto também, nesta manifestação, em nome da Mesa, aos 4 trabalhadores que no Amapá perderam suas vidas na realização de uma obra pública de larga envergadura para aquela Unidade Federada, tarefa à qual se entregaram com dedicação. 14 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 O SR. PRESIDENTE (Mauro Benevides) - Deputado Sebastião Bala Rocha, V.Exa. ainda dispõe de 5 minutos para falar no Pequeno Expediente. O SR. SEBASTIÃO BALA ROCHA (PDT-AP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sr. Deputado Evandro Milhomen, por várias vezes tenho me manifestado desta tribuna para dizer que o Brasil, no futuro próximo, será uma potência mundial com a exploração do pré-sal, criando, inclusive, situações de litígio entre os Estados e de divergência entre os Governadores. Eu, claro, defendo a Emenda Ibsen Pinheiro. Isso é apenas uma introdução para dizer que, já na próxima década, poderemos ser a quinta potência mundial, e um dos fatores importantes que contribuirão para isso será a exploração do pré-sal. Então, vendo o País com essa potencialidade toda e vislumbrando esse espaço econômico com a exploração do pré-sal, sendo o PDT o partido da educação, a começar por Brizola, que, no Rio Grande do Sul, construiu aproximadamente 6 mil escolas, depois Darcy Ribeiro e, posteriormente, Cristovam Buarque, atuando sempre na vanguarda de melhores dias para a educação brasileira, aproveitei esse espaço que será criado com a exploração do pré-sal, cuja distribuição de renda deverá acontecer para todo o Brasil, para também atuar na área da educação. Apresentei 2 projetos importantes na área da educação para favorecer o ingresso da juventude no ensino superior. O primeiro foi o Projeto nº 6.834 de 2010, que garante ao estudante ingressar direto na universidade assim que concluir o 2º ano do ensino médio, prestar o processo seletivo do vestibular e ser aprovado. Sr. Presidente, a imprensa toda estampou, na semana passada, que sobraram 7 mil vagas no ENEM, um programa bonito do Governo Federal que 15 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 garante o acesso da maior quantidade possível de jovens por um sistema unificado de vestibular. Sobraram 7 mil vagas! Isso é importante para a juventude brasileira que desperta hoje muito cedo para o ensino superior. Eu conheço alguns casos, lá do meu Amapá, de jovens que, com 16 anos, ao concluírem o 2º ano do ensino médio, prestaram vestibular em várias faculdades, passaram, mas não puderam ingressar na universidade. Ora, que melhor avaliação pode ter um jovem que está no 2º ano do ensino médio para ingressar no ensino superior que não seja o próprio vestibular? Que outro método de avaliação vai poder dizer que esse jovem não está preparado para ingressar no curso superior? Então, qual é a grande justificativa que há hoje para limitar o acesso do jovem ao ensino superior? É exatamente que nós não dispomos de vagas, que o Brasil não está preparado, não está organizado e não tem estrutura econômica, financeira e social para garantir o acesso desses jovens à universidade. Foi por isso que eu comecei falando exatamente do pré-sal, para mostrar que este Brasil vai ser um Brasil rico, vai ser um Brasil autossuficiente em petróleo, vai ser um exportador de petróleo nos próximos anos e vai arrecadar muito dinheiro. Esse recurso, arrecadado tem de ser distribuído entre todos os Estados e, além disso, tem de estar disponível a todas as camadas sociais da população. E nada melhor do que investir em educação. Então, é por isso que eu quero que as portas da universidade sejam abertas para os jovens quanto mais cedo possível. E o outro argumento é esse, do ENEM: 7 mil vagas disponíveis, que não foram preenchidas. Então, isso significa dizer que há espaço para o jovem ingressar na universidade brasileira e que o Brasil vai ter estrutura para garantir o ingresso desse jovem na universidade mais cedo. 16 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 Este é o projeto que eu estou denominando, de uma maneira muito espontânea, de Projeto dos Nerds, desses meninos que começam muito cedo e que são, muitos deles, superdotados, e muitas vezes ficam limitados a uma regra que os impede de, ao final do 2º ano, ingressar na universidade. O outro projeto, Sr. Presidente, um pouco nesse mesmo sentido, é o Projeto de Lei nº 6.843, de 2010. Hoje, o jovem de 16 anos, por exemplo, não pode prestar aquele exame de massa para concluir o ensino médio; só pode se tiver, no mínimo, 18 anos. Alguns tentam, chegam ao ensino médio, querem antecipar a conclusão do seu curso e isso não é possível porque existe uma exigência na LDB de que a pessoa só pode ter acesso ao exame de massa para o ensino médio com 18 anos. Então, eu estou propondo que essa faixa de idade também seja reduzida para 16 anos, e para 14 anos para o ensino fundamental. Então, o jovem de 14 anos que quiser concluir o ensino fundamental, prestar o exame de massa e for aprovado, automaticamente segue adiante. Se ele completar 16 anos e, nesse mesmo momento, desejar também concluir o ensino médio através do exame de massa, também passa a ter acesso. Eu considero inovadores esses projetos, importantes para que a juventude possa mais cedo ingressar na universidade. Nós somos um País que, aos poucos, vai-se tornando um país de idosos. Isso é importante e relevante. A vida média do povo brasileiro já ultrapassa os 72 anos de idade. Então, é importante cuidar dos mais idosos, mas é importante também, para que nós tenhamos um País cada vez mais equilibrado e com oportunidades para todos, que nós possamos garantir que esses jovens ingressem mais cedo na universidade. 17 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 Peço o apoio da Casa, peço o apoio das Lideranças, peço o apoio da Comissão de Educação, para que nós possamos aprovar esses 2 projetos que garantem ao jovem chegar mais cedo à universidade. Muito obrigado, Presidente. O SR. PRESIDENTE (Mauro Benevides) - A Presidência cumprimenta o Deputado Sebastião Bala Rocha, que pede o apoio da Casa para 2 importantes projetos: um, de interesse das universidades, portanto, franqueando uma sistemática compatível com a realidade brasileira, abre vagas nas universidades para que um contingente ainda maior de jovens tenha acesso a essas escolas superiores existentes no País. Ao mencionar a Universidade de Brasília, o nobre representante do Amapá se reporta, com muita justeza, à figura do inolvidável educador Darcy Ribeiro, de quem tive o privilégio de ser colega no Senado Federal. Ele ali pontificou não apenas como educador de méritos, mas sobretudo como homem de visão, criador dos CIEPs, no Rio de Janeiro, quando ali era Governador o Sr. Leonel Brizola. Por outro lado, um projeto também inovador, abrindo espaços para os alunos que desejam fazer o ensino médio com idade compatível com o aprendizado. Esses 2 projetos certamente serão apreciados na Comissão de Educação e na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania e viabilizarão, portanto, uma iniciativa do nobre representante do Amapá, que expôs com absoluta clareza, de maneira meridiana mesmo, uma realidade educacional. Cabe ao Congresso ajudar a solucionar. Haverá de fazê-lo, naturalmente, apreciando essas 2 iniciativas, que, neste primeiro instante, nós consideramos perfeitamente ajustáveis à realidade. Caberá às Comissões, tanto à Comissão Temática, como à Comissão de 18 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 Constituição e Justiça e de Cidadania, examinarem — cada uma, nas suas áreas e atribuições específicas — esses 2 projetos da lavra do Deputado Sebastião Bala Rocha. Portanto, cumprimento o representante do Amapá por sua iniciativa. 19 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 O SR. PRESIDENTE (Mauro Benevides) - Convido o Deputado Sebastião Bala Rocha para neste momento assumir a direção dos trabalhos desta sessão. O Sr. Mauro Benevides, § 2º do art. 18 do Regimento Interno, deixa a cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr. Sebastião Bala Rocha, § 2º do art. 18 do Regimento Interno. 20 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 O SR. PRESIDENTE (Sebastião Bala Rocha) - Passa-se ao V - GRANDE EXPEDIENTE 21 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 O SR. PRESIDENTE (Sebastião Bala Rocha) - O primeiro orador inscrito é o Deputado Evandro Milhomen. Antes de ouvi-lo, porém, vamos conceder por 1 minuto a palavra ao Deputado Mauro Benevides. O SR. MAURO BENEVIDES (Bloco/PMDB-CE. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, na última sexta-feira, no Município de Quixadá, em pleno sertão central do Ceará, o Governador Cid Ferreira Gomes reuniu lideranças políticas e comunitárias daquela faixa geográfica com o objetivo de autorizar obras estruturantes e promover a entrega de implementos agrícolas a várias Prefeituras, numa demonstração positiva do reconhecido dinamismo de que se tem revestido a sua proficiente gestão. O Deputado Estadual Osmar Baquit, juntamente com alguns colegas do Poder Legislativo, inclusive o próprio Presidente Domingos Aguiar Filho, incumbiu-se de recepcionar as delegações das comunas adjacentes, bem assim os Deputados Federais Eunício Oliveira e José Guimarães, além de mim próprio, que cheguei acompanhado dos Prefeitos de Mombaça, Wilame Alencar, e de Barreira, Antonio Peixoto, ambos contemplados em suas justas postulações formuladas ao Chefe do Poder Executivo Estadual. Na área de segurança pública, Cid anunciou ali o início de atividades do programa Ronda do Quarteirão, um dos mais importantes projetos levados a cabo a partir do segundo ano do presente período governamental. Os Secretários Ivo Gomes, Mauro Filho, Camilo Santana e João Ananias também se fizeram presentes ao magno evento, ao fim do qual a comitiva se deslocou para Tianguá e Juazeiro do Norte, sequenciando a febricitante 22 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 comemoração do Dia de São José, felizmente sob chuva copiosa, em quase todas as cidades de nossa Unidade Federada. Por entender a relevância das diretrizes implementadas pelo atual Governador, entendi de registrar tais acontecimentos neste plenário, identificando assim a fecunda porfia cumprida por quem há sabido corresponder à confiança dos nossos coestaduanos. Até o término de seu mandato, novas iniciativas serão certamente postas em prática em favor do bem-estar de todos os segmentos populacionais. Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Sebastião Bala Rocha) - Deputado Mauro Benevides, a Mesa congratula-se com V.Exa., que demonstra cada vez mais o compromisso e o orgulho que tem em representar tão bem o seu Estado nesta Casa. O povo do Ceará certamente se sente honrado em tê-lo como representante, e a Nação brasileira é testemunha das ações que V.Exa. desenvolve nesta Casa em favor do Brasil, especialmente da sua gente, do povo do Ceará, aliás, de onde também tenho origem, haja vista que meus avós são do Ceará. Por isso, eu não poderia deixar de cumprimentá-lo e parabenizá-lo pelo pronunciamento. 23 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 O SR. PRESIDENTE (Sebastião Bala Rocha) - É com satisfação e alegria que convido a usar da palavra o meu colega do Amapá e companheiro de luta, Deputado Evandro Milhomen. S.Exa. dispõe de 25 minutos. O SR. EVANDRO MILHOMEN (Bloco/PCdoB-AP. Sem revisão do orador.) Sr. Presidente Sebastião Bala Rocha, Sras. e Srs. Deputados, boa tarde. Uso a tribuna para, neste ano pouco atípico para nós aqui da Câmara, porque é ano de eleição, fazer uma análise e avaliação dos trabalhos que realizamos não só como Parlamentar do Amapá, mas também do Brasil, porque nesta Casa aprovamos projetos que fazem mudanças na vida das pessoas deste País. Neste ano a agenda de votações na Casa será um pouco apertada. Projetos que tratam de temas importantes precisam ser votados, como o da jornada de trabalho de 40 horas; a PEC dos Delegados, a PEC nº 300, de 2008; o projeto que legaliza definitivamente a concessão de táxi — os taxistas precisam da garantia de uma lei específica que lhes dê conforto como proprietários. E já aprovamos projetos importantes, como o que trata do pré-sal, para distribuir a todo o País essa riqueza da União. Isso tudo nos faz ainda mais prestar contas do nosso mandato, da nossa atuação nesta Casa, Deputado Mauro Benevides, porque dessa forma a população se sentirá confortável, por tudo aquilo que nós viemos fazer e representar no Congresso Nacional. Quero iniciar dizendo, Deputado Sebastião Bala Rocha, que o nosso mandato, individualmente e com a bancada do Amapá, da qual V.Exa. participa, com muito presteza, tem feito muito pelo Estado. Temos levado ao Amapá a contribuição necessária para que possa desenvolver-se. O conjunto dos Parlamentares, cada um 24 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 na sua área, tem atuado para melhorar ainda mais os benefícios que chegam às nossas comunidades. O Sr. Mauro Benevides - V.Exa. me permite, nobre Deputado Evandro Milhomen? O SR. EVANDRO MILHOMEN - Pois não, Deputado Mauro Benevides. O Sr. Mauro Benevides - No momento em que inicia o seu discurso como representante do Amapá, V.Exa. vai me permitir fazer um breve recuo histórico para dizer à opinião pública brasileira, sobretudo ao povo do Amapá, que, na transição garantida pela Constituição de 5 de outubro de 1988, quando o Território do Amapá se transformou em Unidade federada, eu tive o privilégio de visitar o Estado do Amapá para cumprimentar os eleitos na ocasião, os 3 Senadores, que seriam meus colegas logo depois no Senado Federal, Senadores José Sarney, Henrique Almeida e Jonas Pinheiro, além dos Deputados Federais que assumiriam em 1º de fevereiro o mandato de Deputado Federal. No instante em que V.Exa. inicia o seu discurso, já com a representatividade popular assegurada, porque o Amapá deixou de ser Território para ser Estado, sinto-me no dever de cumprir um imperativo de natureza sentimental. Vivenciei aquela fase de empolgação do pleito que se realizara havia poucos dias: nós estávamos ali vendo os novos representantes, ungidos pelo voto do povo, transformando-se, portanto, legitimamente em representantes do Amapá no Congresso Nacional. Cumprimento V.Exa. e homenageio o Amapá. Nesse lapso de tempo, desde aquele ano de 1990 até hoje, o Amapá cresceu exatamente porque tem nesta Casa representantes como V.Exa., o Deputado Sebastião Bala Rocha e aqueles outros que compõem os 8 Parlamentares do Amapá — os 3 Senadores lá estão, um deles presidindo o Congresso Nacional. Então, saúdo, na pessoa de 25 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 V.Exa. e do Presidente Sebastião Bala Rocha, o próprio Estado do Amapá, que, nesse espaço de tempo, deu demonstrações positivas e soberbas da competência da sua gente nesse processo seletivo, que é o voto do povo na manifestação da urna. Cumprimentos a V.Exa. O SR. EVANDRO MILHOMEN - Incorporo o aparte de V.Exa. ao meu discurso, agradecendo-o, eminente Deputado Mauro Benevides, V.Exa. que foi Presidente do Congresso Nacional no momento em que o Amapá se transformava em Estado. Naturalmente, V.Exa. colaborou muito para que isso pudesse acontecer com a eficiência que se viu. Muito obrigado. Quero dizer ao povo do Amapá que o nosso trabalho tem uma abrangência enorme em várias atividades, em áreas econômicas, educacionais e culturais. Na área da aquicultura e pesca, Sr. Presidente, disponibilizamos vários recursos para atender principalmente aos pescadores artesanais. Conseguimos colocar à disposição do Estado do Amapá fábricas de gelo para atender aos pescadores artesanais dos Municípios de Tartarugalzinho, Amapá, Oiapoque, Laranjal do Jari, Vitória do Jari, Mazagão e Pracuúba — o processo de licitação está sendo concluído agora e será entregue até o mês de junho deste ano. Temos recursos destinados à compra de caminhões frigoríficos, que serão entregues à Agência de Pesca do Amapá, para atender, necessariamente, aos pescadores artesanais, que precisam dessa logística para o transporte do pescado para as feiras e mercados de pescado. Alocamos recursos para a construção de tanques comunitários de criação de peixes, projeto que será desenvolvido pela Agência de Pesca do Amapá, para os Municípios de Santana, Pedra Branca do Amapari, Serra do Navio, Ferreira Gomes 26 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 e Porto Grande. Isso significa que teremos uma grande produção de pescado. Segundo o levantamento feito pela PESCAP, teremos, no período de 12 meses, em torno de 30 toneladas de peixes produzidos nesses tanques. Também destinamos recursos à área da cultura no nosso Estado. Só nesse período de 3 anos, destinamos quase 6 milhões de reais para projetos culturais que ainda estão, inclusive, em execução. Entre eles, o Projeto Teia Cultural, que está agora sendo executado pela Secretaria de Estado de Cultura e atenderá em torno de 500 artistas amapaenses, no período de 6 meses de execução, além de oficinas de teatro, dança, música, palestras e exposições; o Projeto Jornada Cultural, que promove eventos culturais nas escolas e em espaços públicos; o projeto que dá visibilidade à nossa capoeira, a Grande Berimbalada no Meio do Mundo, executado no final do ano passado; o Ciclo do Marabaixo, a nossa maior manifestação artístico-cultural, relacionada à população negra do nosso Estado. E temos outros projetos culturais, que serão desenvolvidos até o final deste ano. Os recursos destinados ao Governo do Estado do Amapá, de 2007 a 2009, foram em torno de 16,4 milhões de reais para a área da cultura, aquicultura e pesca, esporte, educação, segurança pública, infraestrutura, ciência e tecnologia, saúde e ação social. O Município de Mazagão recebeu, por nosso intermédio, recursos em torno de 1 milhão e 200 mil reais. O Município de Santana recebeu perto de 4 milhões e 500 mil reais, recursos destinados, principalmente, à infraestrutura, construção de passarelas e pavimentação nos bairros periféricos de Santana. Também destinamos recursos ao saneamento básico para controle e agravos. Existe ali o gravíssimo problema do 27 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 Canal do Paraíso, que precisa ser resolvido. Os recursos já estão destinados por nós, para que o Prefeito possa realizar a obra. O Município de Pedra Branca do Amapari recebeu recursos para a compra de patrulhas mecanizadas e de um ônibus escolar para a Escola Família Agrícola, escola que atende aos filhos dos agricultores, que voltam com o conhecimento para atender às necessidades de suas famílias. O Município de Porto Grande recebeu nossa atenção na construção de uma quadra poliesportiva e recursos em torno de 500 mil reais para os agricultores da Colônia do Matapi, para a compra de patrulhas mecanizadas. Ao Município de Calçoene demos um atendimento especial para a construção de postos de saúde. Destinamos em torno de 500 mil reais. O Município de Serra do Navio foi o maior potencial de minério da região, principalmente do Amapá, e hoje busca sobreviver através dos próprios recursos naturais. Lá, nós colocamos recursos para a construção de feira municipal e quadra poliesportiva. O Município de Cutias do Araguari recebeu recursos para a compra de fábricas de gelo para os pescadores artesanais. O Município de Vitória do Jari recebeu em torno de 800 mil reais, para construção de passarelas e de uma praça poliesportiva. O Município de Macapá recebeu cerca de 8 milhões de reais, sendo uma parte para reforma e modernização do Glicério Marques, que é o estádio mais antigo do nosso Estado e um dos mais antigos deste País. Também recebeu recursos para a cultura, no Projeto Arte Cidade, trabalho de promoção da qualificação profissional de mulheres. Recebeu recurso para igualdade racial, na capacitação de gestores. 28 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 Temos a Ação Social, que recebeu apoio para á Casa Abrigo, que atende crianças e adolescentes em situação de risco social. Ao Município de Oiapoque destinamos recursos para a construção de Feira em Vila Vitória, e colocamos 500 mil reais também para a revitalização da sua Praça Central. O Município de Ferreira Gomes recebeu recursos para a compra de fábrica de gelo, e colocamos mais recursos para o calçamento da cidade — 500 mil, e mais 300 mil reais para a qualificação de mulheres e jovens. O Município de Laranjal do Jari recebeu recurso para a construção de 2 escolas, uma em torno de 800 mil reais e a outra aproximadamente 1 milhão de reais. E o Município de Tartarugalzinho recebeu quase 1,5 milhão de reais para quadra poliesportiva, fábrica de gelo e revitalização de praça poliesportiva. Então, esses são alguns dos resultados desse mandato, Sr. Presidente. O Sr. Alberto Fraga - Deputado, V.Exa. me permite um aparte? O SR. EVANDRO MILHOMEN - Deputado Alberto Fraga, com todo prazer. O Sr. Alberto Fraga - Deputado Milhomen percebe-se no discurso de V.Exa. um compromisso muito grande com o seu Estado. Queria aproveitar para dizer que faltou colocar no discurso o empenho que V.Exa., junto com o Presidente Sebastião Bala Rocha, sempre tiveram em proteger e lutar por aumentos salariais para a Polícia Militar do Amapá, Rondônia, enfim, dos ex-Territórios. Quero dizer também que este ano está vindo para esta Casa uma mensagem que versa sobre aumento salarial da Polícia militar, do Corpo de Bombeiros e da Polícia Civil do Distrito Federal. Queria, de público — e já havia falado com V.Exa., com o Deputado Bala Rocha —, solicitar que nos reunamos e façamos essa discussão em conjunto com o 29 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 Distrito Federal, pois neste momento vamos ter de mexer em soldos. E aí cabe realmente o aumento salarial para os ex-Territórios. V.Exa. sempre esteve à frente de qualquer movimento aqui para conceder reajustes salariais aos profissionais de segurança pública. Por isso, de público, quero agradecer a V.Exa. e dizer à população do seu Estado — que V.Exa. sempre os defendeu, porque, às vezes, falta um pouco de reconhecimento, principalmente pelos militares — e ao seu povo que aqui, nesta Casa, sempre encontramos em V.Exa. um grande defensor dessas causas. Parabéns pelo pronunciamento. O SR. EVANDRO MILHOMEN - Obrigado, Deputado Alberto Fraga, pelo aparte. V.Exa. Honra-me muito a sua contribuição com esse discurso, naturalmente por ser verdadeiro com aquilo que temos conversado com relação à questão dos policiais. V.Exa., que aqui é reconhecido como um dos maiores, se não o maior defensor da Polícia Militar deste País, já nos havia convocado para, junto com o Deputado Sebastião Bala Rocha, reunir e discutir exatamente essas questões dos salários dos policiais militares dos ex-Territórios. O nobre Deputado sabe que é uma luta antiga dos nossos policiais do Estado do Amapá. Que possamos definitivamente ter um caminho para aqueles policiais que estão indo para a reserva, que estão ficando sem nenhum alento e sem saber para onde caminhar. V.Exa. tem sido um grande parceiro dessa luta e naturalmente vai-nos ajudar muito nessa grande batalha: colocar esses policiais no lugar que merecem. Mais uma vez, muito obrigado a V.Exa. pelo aparte. O Sr. Alberto Fraga - Obrigado. O SR. EVANDRO MILHOMEN - Sr. Presidente, Deputado Sebastião Bala Rocha, V.Exa. tem sido também um grande parceiro da bancada nessa luta. 30 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 Continuaremos a buscar todos os entendimentos necessários para que o Amapá, diante de tudo o que já conquistou neste ano e nos anos anteriores, principalmente com o aparelhamento da bancada, com o apoio que ela tem dado ao Governador Waldez Góes, que tem sido incansável na busca dos recursos, na busca do apoio que o Estado precisa, assim como o Senador Gilvam Borges, que é o nosso grande coordenador de bancada, pois a conduz com harmonia, com integração e com respeito, enfim, para que o nosso Estado possa ter do Governo Lula, grande apoio de recursos financeiros. O Amapá nunca havia recebido durante a sua história. Isso naturalmente significa que teremos definitivamente, Deputado Sebastião Bala Rocha, de continuar trabalhando com essa bancada harmoniosa, com essa bancada valorosa, que é a do Amapá. Em 2010 destinamos os seguintes recursos para o nosso Estado: Ministério da Defesa, 1,4 milhão reais; Ministério da Cultura, 2,5 milhões de reais; Ministério do Esporte, 2,9 milhões de reais; Ministério da Educação, 1 milhão de reais; Ministério da Justiça, 1 milhão de reais; Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, 1,25 milhão de reais; Ministério do Desenvolvimento Agrário, 900 mil reais; Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, 250 mil reais; Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, 300 mil reais; Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, 750 mil reais. Temos também uma emenda nossa destinada a dar continuidade à construção da avenida que liga a Zona Norte e a Zona Sul de Macapá. Já há disponibilizados pelo Ministério 5 milhões de reais. Colocamos agora mais 6 milhões de reais. Isso naturalmente fará uma grande diferença nessa imensa produção de obras que o Governo do Estado tem implementado junto com o Governo Federal e a bancada. 31 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 O Sr. Sebastião Bala Rocha - V.Exa. me concede um aparte, Deputado Evandro Milhomen? O SR. EVANDRO MILHOMEN - Pois não, Deputado Sebastião Bala Rocha. O Sr. Sebastião Bala Rocha - Deputado Evandro Milhomen, para mim é uma grande alegria estar aqui para aparteá-lo nessa tarde. Por isso, fiz questão de sair da Presidência dos trabalhos para poder homenagear V.Exa. e testemunhar, como amapaense que atua ao seu lado em defesa de grandes causas do Amapá, o seu compromisso, a sua luta, o seu empenho, sobretudo na defesa de uma sociedade mais justa para o Amapá. V.Exa. atua exatamente naqueles setores que mais precisam desenvolver-se para que seja alcançado um mínimo de equilíbrio econômico e social. V.Exa. atua junto aos afrodescendentes, povo historicamente tão massacrado, tão discriminado, vítima de preconceitos que infelizmente até hoje ainda prevalecem. V.Exa. luta ao lado dos pescadores, uma categoria tão importante para o nosso País, mas que ainda precisa de muitos e muitos esforços de todos nós para ter condições adequadas de exercer sua profissão e alcançar uma melhor condição de vida com suas famílias. V.Exa. luta na área da cultura. V.Exa. é um baluarte na cultura do Amapá, dando oportunidade para que a nossa cultura possa ser difundida no Brasil inteiro, prestigiando a todo momento os nossos artistas, aquele povo que faz a cultura de base, o nosso Marabaixo, etc. Deputado Evandro Milhomen, parabéns a V.Exa. Sinto orgulho de tê-lo como representante do Amapá. Para mim é um grande prazer atuar na Câmara ao seu lado, pela experiência que V.Exa. tem, pelo coleguismo que V.Exa. estabeleceu dentro da nossa bancada e pelo apoio que V.Exa. dá ao Governo, aos Prefeitos, a todos aqueles que querem 32 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 trabalhar pelo bem do Amapá. Parabéns a V.Exa.! Conte sempre com Sebastião Bala Rocha ao seu lado. O SR. EVANDRO MILHOMEN - Obrigado, Deputado Sebastião Bala Rocha, que foi um Senador atuante e é um Deputado atuante do Amapá. Tenho feito comentários muito positivos sobre a atuação de V.Exa., que busca todas as frentes. V.Exa. tem ajudado muito na relação do Brasil com a Guiana Francesa, no conflito estabelecido naquele País. V.Exa., assim como o Deputado Estadual Paulo José, Presidente da Comissão de Relações Exteriores na Assembleia, tem buscado a harmonia, uma solução para esse conflito, que tem atingido brasileiros naquela região. Tenho acompanhado V.Exa. — a seu convite — ao Ministério de Relações Exteriores. Participaremos de outras audiências para tentar solucionar esse problema, considerado gravíssimo para nós, do Amapá. Continuaremos a defender, sim, Deputado Sebastião Bala Rocha, essas pessoas e principalmente os que precisam mais de nós, dos agentes públicos. O Estado do Amapá, cuja população de afrodescendentes é de 75%, não tem políticas públicas claras, definidas. Precisamos defini-las e fazer com que a população negra do Estado seja bem atendida, receba atendimento correto que estabeleça pelo menos a igualdade nos direitos de cidadania. Temos trabalhado para que os nossos produtores culturais gerem emprego, renda, enfim, produzam com qualidade — como têm feito — música, dança, teatro, circo, tudo aquilo que tem aflorado no Amapá, recebendo recursos por isso, o que, de alguma forma, elevará sua autoestima. 33 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 São muitos os pescadores artesanais do Oiapoque a Vitória do Jari. Estão registrados no Ministério da Pesca quase 10 mil pescadores artesanais do Amapá, que precisam, sim, desse atendimento. V.Exa., Deputado Sebastião Bala Rocha, é um grande colaborador da pesca. Tenho acompanhado V.Exa. e visto quanto tem ajudado as colônias de pesca do Amapá. E isso, o sentimento de que estão sendo amparados por nós, significa muito para eles, que não têm nada. Queremos continuar a trabalhar em prol dos pescadores. Queremos fazer com que o esporte continue a estabelecer essa relação harmoniosa da sociedade com a juventude. Que ela gaste energia positiva, através do esporte, para ressocializar-se, para promover entre os jovens educação e formação social. Então, queremos continuar trabalhando nessas áreas, expandindo, naturalmente, o nosso potencial político, para que novas pessoas no Estado do Amapá possam ser beneficiadas. O que eu expressei hoje aqui foi, naturalmente, em nome da bancada do Amapá, que, unida, nesses últimos 3 anos, destinou recursos da ordem de mais de 600 milhões de reais para o Estado do Amapá, na busca constante de construir um Estado melhor, um Estado sustentável, que respeite a natureza e o ser humano. O Estado tem como marco inicial de sua história a Fortaleza de Macapá, maior fortificação da América Latina; tem a única capital banhada pela Rio Amazonas, na sua margem esquerda; tem o Marco Zero do Equador, o meio do mundo, onde o equinócio acontece em março e em setembro. Macapá é uma cidade bonita, cuja 34 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 maior qualidade é seu povo receptivo, que se torna amigo dos visitantes em pouco tempo. Queremos continuar trabalhando pelo Amapá para que o nosso povo mais sofrido possa ter seus direitos respeitados, e, naturalmente, esses direitos têm que ser estabelecidos pelo Poder Público. Agradeço a todos que acreditam em nosso trabalho. Só assim nós — eu, V.Exa., Deputado Sebastião Bala Rocha, e toda a bancada do Amapá, o Senador Gilvam Borges e o Governador Waldez Góes — estabelecemos uma relação direta com a população para que ela possa, naturalmente, melhorar sua qualidade de vida e restabelecer sua cidadania. Isso é tudo o que queremos para o nosso grande Estado. Muito obrigado às Sras. Deputadas e aos Srs. Deputados. Que Deus nos abençoe para que tenhamos um ano muito bom de trabalho e resultados positivos para o Amapá e o Brasil! Muito obrigado a todos. O SR. PRESIDENTE (Sebastião Bala Rocha) - Muito obrigado, Deputado Evandro Milhomen. Mais uma vez, em nome da Mesa, parabenizo V.Exa. pelo excelente trabalho que faz nesta Casa e pelo brilhante pronunciamento. V.Exa., como todos nós do Amapá sabemos, é um dos grandes articuladores de recursos e de ações positivas na área de desenvolvimento econômico e social, em defesa de nossa gente do Amapá. Então, mais uma vez, parabéns a V.Exa. pelo pronunciamento. 35 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 Durante o discurso do Sr. Evandro Milhomen, assumem sucessivamente a Presidência os Srs. Alberto Fraga e Sebastião Bala Rocha, § 2º do art. 18 do Regimento Interno. 36 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 O SR. PRESIDENTE (Sebastião Bala Rocha) - Concedo a palavra ao nobre Deputado Alberto Fraga, para uma Comunicação de Liderança, pelo DEM. S.Exa. disporá de 6 minutos. Aproveito e agradeço a este grande Líder do Distrito Federal a informação que trouxe ao Plenário, durante o discurso do Deputado Evandro Milhomen, sobre projeto que o Executivo vai enviar a esta Casa que trata sobretudo da remuneração, de melhorias salariais aos policiais militares do Distrito Federal, extensivo aos ex-Territórios. S.Exa. pode contar comigo. O SR. ALBERTO FRAGA (DEM-DF. Como Líder. Sem revisão do orador.) Sr. Presidente, Deputado Sebastião Bala Rocha, muito obrigado. Aproveito a oportunidade para fazer um comentário. Primeiro, quero enaltecer o Poder Judiciário pela agilidade que está tendo em relação às várias causas que julga no País. Mas não poderia parar por aí. A celeridade no combate à corrupção precisaria ser uma constante. Só não consigo entender o seguinte: por que tudo no Distrito Federal com relação a essa crise tem uma rapidez incrível, mas com referência ao mensalão e aos escândalos envolvendo o PT, o Partido dos Trabalhadores, a celeridade da Justiça desaparece? A revista Veja, por 3 semanas seguidas, mostra um escândalo monstruoso. A divulgação, pela imprensa desse escândalo que mostra que foi sacado dos cooperados da BANCOOP quase 100 milhões de reais não tem tido ressonância. Realmente, não temos visto essa rapidez, ou esse rigor, que a Justiça Federal está tendo com referência a esse caso de Brasília. 37 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 Nessa mesma revista, lemos outra denúncia envolvendo uma grande figura do PT, o Sr. José Pimentel. E também não percebemos nenhuma ação da Justiça para fazer com que ele e outras pessoas paguem pelo crime que cometeram. Não vou entrar no mérito dessa questão do Distrito Federal, até mesmo porque tudo o que tinha que se fazer, acho que já foi feito. Mas há algumas coisas que precisam ser levadas a público, a exemplo do caso do Governador cassado, José Roberto Arruda. Ainda esta semana ele reclamou que sequer a luz é apagada para que ele possa dormir — isso para mim é tortura psicológica! —, assim como também não há acesso a qualquer tipo comunicação, seja de rádio, seja de televisão. Já perguntei ao Ministro da Justiça que regime prisional é esse a que o Governador cassado está sujeito. Isso realmente terá continuidade? Há muito bandido perigoso andando solto por este País, há muita gente que deveria estar na cadeia e não está. O Ministro que negou habeas corpus para o Governador cassado soltou os assassinos de um casal, se não me engano, lá em São Paulo. Então, são 2 pesos e 2 medidas? Não posso me calar. No Poder Judiciário não pode haver 2 pesos e 2 medidas. Se querem realmente mostrar rigor na aplicação da lei, façam isso em todo o País, façam isso com relação aos escândalos do PT, com relação à questão do mensalão. A coisa está tão devagar, que os crimes dos 40 mensaleiros já prescreveram, em alguns casos. No caso de Brasília, o Governador foi cassado — portanto, o objeto deixou de existir —, mas o Procurador continua a dizer que se o Governador for solto, ainda há como ele interferir nas investigações. Ora, quero discordar disso! O Judiciário brasileiro precisa melhorar muito. Eu o parabenizo por ter assumido essa postura, 38 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 mas que não fique restrita ao Distrito Federal, não. Senão, vamos ter a nítida compreensão de que isso é coisa encomendada pelo Palácio do Planalto. Essa intervenção de que estão falando é de uma bobagem que não tem tamanho. Os órgãos estão funcionando normalmente, as obras que tanto a população de Brasília quer estão em andamento, não há nenhuma obra parada. Pelo que sei, o art. 34 da Constituição brasileira prevê os casos de intervenção em um Estado. Mais uma vez repito para a população brasileira: existem 129 pedidos de intervenção federal nos Estados brasileiros, e o de Brasília é o 130º. Por que o de Brasília tem de ser votado na frente de todos os outros? Isso mostra claramente que, em um ano eleitoral, há interesse de alguém que, evidentemente, não tem um palanque aqui no Distrito Federal. Quero dizer que nós, além da bancada federal de Brasília e de toda a cadeia produtiva do Distrito Federal, não aceitaremos a intervenção. Ou se buscam melhores argumentos, ou se para de falar nessa bobagem. Sr. Procurador da República, onde estava o senhor durante o mensalão do PT? Estava escondido atrás de uma mesa? Ou isso é porque foi indicado por Lula? Portanto, vamos parar com esse discurso, para ficarmos no mesmo tom. Muito obrigado. Durante o discurso do Sr. Alberto Fraga, o Sr. Sebastião Bala Rocha, § 2º do art. 18 do Regimento Interno, deixa a cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr. Evandro Milhomen, § 2º do art. 18 do Regimento Interno. 39 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 O SR. PRESIDENTE (Evandro Milhomen) - Em continuidade do Grande Expediente, concedo a palavra ao Deputado Sebastião Bala Rocha, do PDT do Amapá, que disporá de 25 minutos na tribuna. O SR. SEBASTIÃO BALA ROCHA (PDT-AP. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado, Deputado Evandro Milhomen. Mais uma vez manifesto minha alegria por participar desta sessão sob a Presidência de V.Exa. Solidarizo-me com o Deputado Alberto Fraga por suas palavras. Eu também sou contra a intervenção, por achar que ela não faz sentido. O Distrito Federal tem de encontrar seus caminhos, buscar suas alternativas. Se estamos tão perto das eleições, por que fazer a intervenção agora? Eu sou radicalmente contra a intervenção. Espero que a Câmara Legislativa do Distrito Federal tenha lucidez para eleger indiretamente um Governador, como aconteceu em Tocantins, que acabou de realizar uma eleição indireta. O Presidente daquela Assembleia foi eleito para essa tarefa, e o Estado vive em normalidade institucional. Portanto, não há por que dar tratamento diferenciado para o Distrito Federal. Eu concordo plenamente com o Deputado Alberto Fraga. Eu acho até que a Casa toda deve apoiar a tese da não intervenção no Governo do Distrito Federal. O Governador Arruda está respondendo por aquilo que a Justiça acha que ele tem de responder, e agora vivemos novos caminhos. A Câmara Legislativa do Distrito Federal precisa ter maturidade e responsabilidade para trabalhar bem e eleger um Governador que garanta a estabilidade institucional durante a transição. Deputado Alberto Fraga, sou solidário a V.Exa. também nessa luta, que é muito importante para nós do Amapá e dos outros ex-Territórios, por melhoras 40 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 salariais para os militares do Corpo de Bombeiros e para os policiais civis e militares dos ex-Territórios. Sr. Presidente Deputado Evandro Milhomen, venho à tribuna para debater um assunto que V.Exa. comentou em seu pronunciamento; antes, porém, quero saudar os estudantes presentes nas galerias desta Câmara dos Deputados. É muito importante que os jovens comecem a entender desde cedo o funcionamento do Congresso Nacional, prestigiando o trabalho daqueles que buscam sempre a melhora das condições do povo brasileiro. Sejam bem-vindos à Câmara dos Deputados. Deputado Evandro Milhomen, V.Exa. mencionou um episódio ocorrido no último dia 9, no Rio Oiapoque, que estou denominando de “batalha dos canoeiros”, um incidente inusitado, espontâneo. Não havia nenhuma liderança política ou comunitária na beira do Rio Oiapoque incentivando os canoeiros, ou catraieiros, como costumamos chamar os tripulantes das pequenas embarcações com motor de popa, a navegarem rumo à embarcação que trazia brasileiros presos e na qual estavam vários policiais da Guiana Francesa. Aquele foi um gesto de muita coragem. Como eu tenho dito, a população do Oiapoque mostrou que está desesperada diante da atual situação socioeconômica e dos conflitos que se registram na belíssima fronteira do Amapá com a Guiana Francesa. Lamentavelmente houve aquele episódio, que graças a Deus não resultou numa tragédia. Poderia ter havido um naufrágio, alguém poderia ter perdido a vida com o choque das embarcações ou o disparo da arma de um gendarme — que até ocorreu, mas em direção à água. Houve um controle emocional muito grande por 41 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 parte dos policias franceses, isso tem de ser registrado, e isso pode ter evitado um desfecho trágico. Quando eu falo nesse assunto, Deputado Evandro Milhomen, volto 115 anos no passado, ao tempo em que era a França que buscava no Brasil o ouro brasileiro, eram os franceses que invadiam as nossas fronteiras. O Senador José Sarney, em um belo livro intitulado Saraminda, narra muito bem os episódios daquela fase, quando os franceses atravessavam o Rio Oiapoque rumo sobretudo à região de Calçoene, ao atual Garimpo do Lourenço, para vir buscar o ouro brasileiro. Eles reivindicavam as terras que ficavam acima do Rio Araguari, onde hoje está instalada a cidade de Ferreira Gomes. Para os franceses, o limite do Brasil com a França era o Rio Araguari, e não o Rio Oiapoque. Depois de vários conflitos, houve o episódio em função do qual praticamente se definiu a posse ou o domínio das terras. Foi quando o Capitão Lunier foi morto pelo herói do Amapá Francisco Xavier da Veiga Cabral, que ficou conhecido como Cabralzinho. Isso ocorreu em 1º de maio de 1895, portanto há 115 anos. E 5 anos depois, em 1º de dezembro de 1900, veio o laudo suíço. Graças à interferência do Barão do Rio Branco, o grande diplomata brasileiro, houve na Suíça a decisão de que a fronteira entre Brasil e França era o Rio Oiapoque, como queriam os brasileiros, e não o Rio Araguari, como desejavam os franceses. A partir de então houve a pacificação. Agora vejo que a história basicamente se repete, mas ao contrário. São os brasileiros que atravessam a fronteira do Rio Oiapoque para buscar ouro nos garimpos franceses. Lamentavelmente, vivemos naquela fronteira do Amapá com a Guiana Francesa um clima de conflagração, de conflito. Acredito, Deputado Evandro Milhomen, que a única fronteira brasileira atualmente em situação de conflito é a do 42 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 Amapá com a Guiana Francesa, que, como costumo dizer, não é apenas a fronteira do Amapá com a Guiana Francesa, mas do Brasil com a França, e mais, do MERCOSUL com a União Europeia. Quando vejo que o MERCOSUL definitivamente busca alguma forma de associação, de parceria mais forte com a União Europeia, e a UE acena favoravelmente, meu coração enche-se de esperança de que desse acordo entre o MERCOSUL e a UE possam resultar também ações de interesse do povo do Amapá. Eu presido o Grupo Parlamentar Brasil-União Europeia, que nasceu exatamente da aspiração de a nossa fronteira com a Guiana Francesa tornar-se, como eu disse, fronteira com a União Europeia, e que tem procurado também ser um interlocutor junto à UE em assuntos de várias naturezas, tais como migração, agricultura, essa questão do Amapá e outras. No último final de semana, nós do Grupo Parlamentar estivemos reunidos no SESC/Pantanal com vários embaixadores, entre eles o Embaixador da União Europeia no Brasil, João Pacheco. Apresentei a eles um vídeo desse episódio ocorrido no Amapá e pedi o apoio total da União Europeia à busca da pacificação. E é importante mostrar para o Brasil e para as autoridades brasileiras e francesas que nós temos feito esse empenho, Deputado Evandro Milhomen. V.Exa. tem-nos acompanhado, tem sido também um grande articulador das soluções para esse conflito. Aliás, não só V.Exa., mas todos os membros do Grupo, os Deputados Federais Dalva Figueiredo, Lucenira Pimentel, Janete Capiberibe, Fátima Pelaes, Antonio Feijão e Jurandil Juarez, e o Senador Geovani Borges, todos estamos unidos na busca de soluções para o conflito naquela região, conflagrado por causa 43 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 da questão do ouro, é verdade. Os brasileiros sobem o Rio Oiapoque em direção ao garimpo e os franceses reagem. A França, após o Presidente Nicolas Sarkozy assumir, estabeleceu uma grande ação de combate ao garimpo. Isso tem gerado conflitos que envolvem inclusive o Exército brasileiro, que está praticamente sob fogo cruzado, e tem de fiscalizar cada item que sobe o Rio Oiapoque, cada caixa, cada sacola, cada mala. Qualquer coisa que suba na direção do Rio Oiapoque é fiscalizada pelo Exército brasileiro. Isso tem deixado a população numa situação de desespero e insatisfação muito grandes, como eu disse. No alto da cachoeira do Rio Oiapoque há 2 comunidades brasileiras, Vila Brasil e Ilha Bela, onde residem cidadãos brasileiros que de certa maneira estão com seu direito de ir e vir restringido por causa de algumas normas estabelecidas pela Justiça Federal, que, no julgamento de liminar para a garantia desse direito, decidiu que ele estava garantido, mas com certas limitações. Nós dividimos a análise do conflito do Oiapoque em 3 itens. O primeiro diz respeito ao confronto entre princípios, de um lado os direitos humanos, do outro a defesa nacional. Ocorre que muitas vezes temos notícias de maus-tratos sofridos por brasileiros na Guiana Francesa. Ora, entendemos que a França deva proteger sua riqueza, temos plena compreensão disso, e respeitamos essa posição, e também a adoção de mecanismos e leis nesse sentido, mas é importante deixar claro, como deixei inclusive em reuniões com o Prefeito da Guiana Francesa, Daniel Ferey, que a França é a pátria mãe dos direitos humanos. Assim sendo, não nos parecem cabíveis essas denúncias de maus-tratos e violação dos direitos humanos dos brasileiros. 44 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 A França foi o palco da revolução que consagrou os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade. É quanto a essa tradição que estamos sempre questionando, e não quanto aos garimpos clandestinos. Não temos poder nem argumento nenhum para defendê-los, nem para defender a atuação dos brasileiros nesses locais, mas em qualquer circunstância nós defendemos que os direitos humanos sejam respeitados. Temos de estar prontos para denunciar qualquer violação dos direitos humanos dos brasileiros, e exigir que seja reparada, que a França se paute — como sempre faz em outros episódios, em âmbito nacional e internacional — pelo respeito aos direitos humanos dos brasileiros. E isso serve também para o lado brasileiro. Temos de denunciar as condições em que brasileiros, inclusive mulheres e crianças, estão atravessando a fronteira, Deputado Evandro Milhomen, na direção de Vila Brasil, pelo meio da mata, num terreno acidentado e cheio de pedregulhos. Ocorre ali uma espécie de trabalho escravo. Os brasileiros estão submetidos a uma situação de opressão total. Para atravessar de um lado para o outro têm de passar por pedras e pela cachoeira. Só se atravessa ou pelo lado francês ou pelo lado brasileiro. Pelo lado francês é melhor, mas não se pode passar por ali, porque a França não permite. Então, tem-se de passar pelo lado brasileiro. Estamos reivindicando ao Coronel Alan, do 34º BIS, sediado no Amapá, e em Brasília ao Exército, melhores condições de acesso para a comunidade brasileira que precisa deslocar-se para Vila Brasil e Ilha Bela. O Deputado Estadual Paulo José, Presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa do Estado da Assembleia Legislativa do Amapá, que sempre está conosco em Brasília tratando desse assunto, e esteve aqui na semana 45 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 passada, e vai voltar nesta semana, Deputado Evandro Milhomen, passou a pé nessa passagem que chamam de varadouro, ou passadouro. Deixa-se a canoa de um lado, caminha-se por aproximadamente 120 metros e chega-se ao outro lado, onde outra embarcação espera para seguir Rio Oiapoque acima. Nessas ocasiões as pessoas carregam fardos de 50, 60, 80, 100 quilos. Isso é desumano! Por isso, tivemos uma audiência na Secretaria Nacional de Direitos Humanos para dar conhecimento desse fato, e nesta semana estaremos na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. Presidente Lula, Ministra Dilma Rousseff, Ministro Celso Amorim, Ministro Nelson Jobim, precisamos garantir o direito dos brasileiros de subirem em direção às nossas vilas ao norte de Cleverlândia, onde está instalado o quartel do Exército. Precisamos garantir que possam fazer essa travessia em condições saudáveis, humanas, e não em condições subumanas como as que estão enfrentando. Deputado Evandro Milhomen, V.Exa. tem o aparte. O Sr. Evandro Milhomen - Deputado Sebastião Bala Rocha, tenho acompanhado a luta de V.Exa. e do Deputado Paulo José pela solução a esse conflito, nessa relação do Brasil com a França, na fronteira do Oiapoque com a Guiana Francesa. Quantas viagens V.Exa. tem feito àquela região, exatamente para diminuir o sofrimento da população brasileira que vive ali, na fronteira? V.Exa. tem comentado com muita clareza, e às vezes com preocupação, que o governo francês precisa cuidar mais dessa fronteira, precisa entender melhor essa relação, que é histórica, que é cultural. Antes mesmo de a França apropriar-se daquela região, ali já havia trânsito de pessoas de um lado para o outro do Rio Oiapoque. E de fato o que a França faz com relação à Guiana Francesa é preocupante. A França não busca 46 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 investir na região do Oiapoque, como faz em outros Estados deste País, em Estados que não têm qualquer relação com o seu território, como é o caso da Guiana Francesa. É preciso que a França olhe essa fronteira como parceira, pois aquela é a entrada do Brasil para a Europa também. Mas que olhe de lá para cá, que invista ali também, porque o grande problema que temos com a Guiana Francesa é exatamente o econômico, o de geração de emprego para as pessoas que vão do Brasil para lá. E, pelas informações que V.Exa. me passou da última vez, 90% das pessoas que estão fazendo esse trânsito para a Guiana, que vivem esse conflito com a Guiana, não são do Estado do Amapá, são de outros Estados deste País! Não são amapaenses! Mas o Amapá está lutando exatamente para que isso possa ser resolvido. Naturalmente, é preciso que o Governo francês faça investimentos, como os que faz em outros Estados brasileiros, lá na região do Oiapoque — que é uma região preservada, onde fica o Parque Tumucumaque —, para que possamos evitar que aquela população garimpe na fronteira, criando esse conflito com a Guiana Francesa, às vezes atravessando para o outro lado sem visto. Aliás, eu não entendo que se possa entrar na França sem visto mas para entrar na Guiana Francesa, que é bem ali ao lado, atravessando o Rio Oiapoque, é preciso ter visto. Precisamos resolver isso. E a França tem de fazer um esforço de lá para cá, maior do que o que tem feito. E o Governo brasileiro também, apesar de já termos avançado bastante. E parabenizo a Embaixadora Maria Edileuza, que tem sido uma grande amiga do Amapá, e que, como Embaixadora deste País, tem feito muito, mas o Governo francês precisa fazer ainda mais. V.Exa. tem sido esse agente, esse adido do Amapá na relação com a Guiana, na relação do Brasil com a França, e 47 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 naturalmente merece toda a nossa atenção, todo o respeito, pelo que tem feito por nosso País. O SR. SEBASTIÃO BALA ROCHA - Muito obrigado, Deputado Evandro Milhomen. O aparte de V.Exa. enriquece meu pronunciamento, e fico feliz ao ver que V.Exa. também está batalhando, junto conosco, para encontrar soluções para esse conflito que se estabeleceu no Oiapoque. V.Exa. tem razão quando fala da nossa diplomacia. A Embaixadora Maria Edileuza para nós é um símbolo, um paradigma, uma referência nacional no Amapá, na qualidade de cidadã amapaense, inclusive pelo esforço que tem feito para garantir soluções equilibradas para essa crise que se instala na fronteira do Oiapoque com a Guiana Francesa. Vou falar mais da nossa diplomacia daqui a pouco. Antes, quero concluir este assunto da defesa. Conversamos com o Coronel Alan, do 34º BIS, no Amapá, com o Coronel Chalela e com o Tenente-Coronel Souto Maior, do Exército de Brasília, e também com o General Modesto, do Ministério da Defesa, sobre a necessidade de garantir o livre trânsito brasileiro. Já que não há o livre trânsito que V.Exa. tão bem reivindica para o lado francês, que haja pelo menos do lado brasileiro. Vamos deixar nosso povo passar livremente e em condições humanas, pelo menos do lado brasileiro. Mas hoje nem isso está sendo possível. Na área da diplomacia, então, precisamos com urgência, Deputado Evandro Milhomen, avançar nos entendimentos no sentido de que possamos ter no Amapá uma repartição do Itamaraty, como há em vários outros Estados fronteiriços brasileiros que não têm situações de conflagração mas abrigam repartições do 48 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 Itamaraty. Por que no Amapá não temos repartição do Itamaraty? Por que não temos um consulado, uma representação do consulado brasileiro em Saint-Georges, para que os franceses que queiram entrar no Brasil possam obter o visto facilmente? E que haja também representação do consulado francês no Oiapoque, para que os brasileiros que queiram visitar a Guiana Francesa também possam ter sua situação regularizada mais facilmente. Já está sendo construída uma ponte sobre o Rio Oiapoque, cuja inauguração está prevista para o dia 5 de novembro. Acredito, pelo que vi lá, que o cronograma será cumprido. Como é que os Presidentes Lula e Sarkozy vão encontrar as comunidades de Saint-Georges, do lado francês, na Guiana Francesa, e as comunidades de Oiapoque, se hoje há um descontentamento praticamente generalizado no Oiapoque e em Saint-Georges? Como é que estes 2 Presidentes vão chegar ao Oiapoque para inaugurar essa ponte, para festejar a construção dessa ponte, sem saber como a população vai recebê-los? Preocupo-me com isso. Quero que o Presidente Lula esteja lá, com a sua equipe de Ministros, com o Governador do Amapá, acompanhado da bancada, e eu também quero estar presente, mas quero vê-lo ser aplaudido, e não receber vaias, ofensas da população, o que pode acontecer, dada a maneira como está sendo conduzida essa questão na fronteira do Amapá. Precisamos de providências mais sólidas na área da diplomacia. A ponte, por si só, não resolverá o problema diplomático. Pode-se dizer: “Ah, nós estamos construindo a ponte!” Ocorre que a ponte não vai servir para os pobres, Deputado Evandro Milhomen, não vai servir para os pescadores, para os moradores nativos do Oiapoque ou de São Jorge, porque os trabalhadores dali não têm visto, não têm 49 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 passaporte, Deputado Paes Landim. A ponte vai servir para Bala Rocha, que tem passaporte diplomático, ou para o Deputado Evandro Milhomen, ou para um empresário, ou para o comerciante que consiga o visto para atravessar. Para o povo pobre de Oiapoque a ponte não vai servir. Ela vai servir para os interesses franceses também, porque, em vez de virem 3 navios com mercadorias da França para o Porto de Caiena, virá só 1 para o Porto de Santana, que é maior, tem 12 metros de calado. O de Caiena só tem 3 metros. E vai-se atravessar pela estrada, com a ponte, porque é mais barato. A ponte vai servir para isso. A ponte é importante. Eu defendo, eu quero que ela seja construída, e estou defendendo isso desde o começo. Mas é preciso deixar claro que ela não vai servir para o povo do Oiapoque. Vai servir para Macapá, para Caiena, mas não para São Jorge nem para o Oiapoque. Pode até dificultar, porque o desemprego vai aumentar. Os 120 catraieiros que hoje transportam passageiros de Oiapoque para São Jorge pelo Rio Oiapoque vão ficar desempregados, e não existe nenhuma política de qualificação para eles. V.Exa. falou muito bem, Deputado Evandro Milhomen, sobre a questão econômica, e vou concluir meus comentários sobre esse assunto, mas antes quero registrar que fomos recebidos, V.Exa., o Senador Geovani e nossos outros colegas Deputados, pela Embaixadora Maria Edileuza, e estivemos também com o Embaixador Oto Maia. A agenda foi articulada pela Deputada Dalva Figueiredo, e estamos avançando nas conversas, nos entendimentos. Há um acordo assinado entre Brasil e França, e sou o Relator, na Comissão de Relações Exteriores, da Mensagem nº 668, de 2009, que submete à Casa esse acordo, mas não há 50 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 condições de aprová-lo agora, porque ainda não houve diálogo entre o Governo brasileiro e o povo do Oiapoque sobre essa questão. E na área da economia, como disse muito bem V.Exa., eu, o Deputado Paulo José e o Prefeito Agnaldo Rocha estivemos em Lyon, na França, participando de um evento chamado Encontro de Cooperação Descentralizada Brasil/França. Para a nossa surpresa, São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Espírito Santo, Ceará, Amazonas e outros Estados e cidades brasileiras têm convênio de cooperação com a França, recebem recursos para o desenvolvimento regional, ambiental e econômico, e também para a economia do conhecimento. Existem vários tipos de acordo de cooperação e de parcerias entre França e Estados e Municípios brasileiros, e não há sequer um com o Amapá ou com o Oiapoque, não há 1 centavo do Governo francês investido no Oiapoque até hoje. Se não atentarmos para isso, se a diplomacia brasileira, se o Governo brasileiro não compreenderem que é preciso substituir a economia do ouro por uma outra economia, vamos continuar tendo problemas, vamos continuar tendo conflitos. E que Deus nos livre de termos no futuro próximo tragédias como a que aconteceu no Suriname. Embora nada tenha ver com a nossa realidade, aconteceu uma tragédia lá, e não estamos livres de ter uma tragédia no Amapá. Deixo aqui este alerta ao Presidente Lula, ao Ministro Celso Amorim, ao Ministro da Defesa Nelson Jobim, a todos os Ministros com que temos conversado, ao Comandante Enzo, do Exército, e é importante fazer este alerta, pois se não cuidarem das causas desse conflito, desse problema, nós vamos ter um acirramento ainda maior dos ânimos lá no Oiapoque. 51 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 Costumo dizer, Sr. Presidente, que a situação é tal como se eu, como médico, estivesse diante de um paciente com uma dor abdominal e começasse a tratar de sua vesícula, quando na verdade ele tem apendicite. O que vai acontecer com esse paciente? Seu quadro vai agravar-se e ele vai morrer, porque não adianta tratar da vesícula se ele tem apendicite. E eu já vi casos como esse acontecerem no dia a dia. Às vezes dá-se ao doente um remédio contra uma doença, mas ele está com outra. E o que acontece? O agravamento de seu quadro. E ele acaba morrendo. Essa é a situação do Oiapoque. Os acordos estão dando-se somente entre França e Brasil, entre Paris e Brasília, entre Presidente Lula e Presidente Sarkozy, ou entre Macapá e Guiana Francesa, com a sua capital, Caiena. Ninguém está descendo para conversar com o povo do Oiapoque e de Saint-Georges. E o povo de Saint-Georges está muito, mas muito revoltado. Lá se costuma dizer, Sr. Presidente, que quando se comemoram 20 anos da queda do muro de Berlim construíram outro muro ali, entre o Oiapoque e Saint-Georges, onde as famílias são irmãs. Lá muitos brasileiros são casados com francesas, Deputados, muitos franceses são casados com brasileiras. E agora, se um empresário brasileiro, se um comerciante brasileiro, se qualquer civil, se mesmo V.Exa., Deputado Edio Lopes, for ao Oiapoque, no Amapá, não levar seu passaporte e atravessar para a Guiana Francesa, será preso, como já aconteceu como um Deputado Estadual nosso lá do Amapá. E isso não pode acontecer. Eu estou dizendo que hoje temos ali uma pequena Faixa de Gaza fluvial. Quem passar da linha imaginária que estabelece o limite entre o Oiapoque e a Guiana Francesa será preso. 52 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 Não deveria ser assim. Se há problemas com garimpeiros, isso deve ser tratado separadamente. Vamos tratar a questão do garimpeiro com responsabilidade, de maneira civilizada, sem violar direitos humanos. Há outras pessoas que nada têm a ver com a questão do garimpo, que precisam ir e vir, entrar e sair do Oiapoque e da Guiana Francesa sem sofrer mal algum. Apresentei um projeto que cria uma zona de livre comércio no Oiapoque, no Estado do Amapá, para que possamos pensar em alternativas econômicas para o Município. Temos reivindicado uma linha de transmissão entre Calçoene e o Oiapoque. Fizeram um terminal pesqueiro em Santana; por que a França e o Brasil não podem unir-se e fazer um terminal pesqueiro no Oiapoque? Acho que essa é uma grande bandeira de luta que V.Exa. pode abraçar. Já estou abraçando a bandeira do livre comércio, e defendo também a criação de um terminal pesqueiro e o linhão de transmissão entre Calçoene e o Oiapoque. Em parceria com o Deputado Paulo José, apresentei uma emenda para a construção, no Oiapoque, da Universidade do Amapá, mostrando que estamos agindo na prática. Mas é preciso que o Governo brasileiro se entenda com a França, e que se coloque dinheiro francês no Amapá, não só em São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Espírito Santo, Amazonas. Não se pode abandonar o Oiapoque. Convivemos com esses problemas, herdamos esses problemas, administramos esses problemas, e não estamos usufruindo coisa alguma dessa cooperação transfronteiriça entre Brasil e França. Antes de concluir meu pronunciamento, concedo o aparte ao Deputado Mauro Benevides. 53 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 O Sr. Mauro Benevides - Deputado Sebastião Bala Rocha, serei breve, porque está prestes a esgotar-se o tempo de V.Exa. O Presidente Evandro Milhomen tem sido benevolente, até pela relevância do tema que V.Exa. aborda. Há poucos instantes, quando eu estava no exercício da Presidência, V.Exa. pediu nosso apoio para 2 projetos; agora V.Exa. vem com outro debate, mostrando o desdobramento da sua ação parlamentar. Isso merece nosso aplauso e nossa admiração. Se V.Exa. pontificou na outra Casa do Congresso com atuação destacada e proficiente, aqui na Câmara V.Exa. sequencia o trabalho que principiou no Senado Federal, Casa a que pertenceu, assim como eu, em 1991 e 1992 chegando a chefiar o Legislativo brasileiro. Cumprimento V.Exa. e faço votos de que a Câmara se mostre receptiva às suas iniciativas, sobretudo aos 2 projetos que anunciou na sessão de hoje, projetos esses que tratam do ensino médio e do ensino universitário. Essas 2 importantes proposições consagram a atuação de V.Exa. em áreas nevrálgicas, para estimular o acesso à universidade e garantir aos jovens o acesso ao ensino médio. Cumprimento V.Exa. por mais esse brilhante discurso na tarde de hoje. O SR. SEBASTIÃO BALA ROCHA - Obrigado, Deputado Mauro Benevides. Encerro meu pronunciamento agradecendo a V.Exa. as palavras. São esses os projetos que apresento em defesa da juventude, no momento em que a Comissão Especial, da qual faço parte, está concluindo a votação do Estatuto da Juventude. De fato, é uma grande satisfação poder contribuir para o debate no Congresso com um projeto que permite que o jovem, ao concluir o segundo ano do ensino médio, ingresse na universidade, se aprovado no vestibular, e com um 54 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 projeto que reduz a idade para a “prova de massa” para 16 anos para o ensino médio e 14 anos para o ensino fundamental. Muito obrigado. Um abraço a todos e a todas. O SR. PRESIDENTE (Evandro Milhomen) - Obrigado, Deputado Sebastião Bala Rocha, pelo brilhante discurso e pela relevância do tema que V.Exa. traz a esta Casa. Durante o discurso do Sr. Sebastião Bala Rocha, assumem sucessivamente a Presidência os Srs. Paes Landim e Evandro Milhomen, § 2º do art. 18 do Regimento Interno. 55 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 O SR. PRESIDENTE (Evandro Milhomen) - Concedo a palavra ao Deputado Edio Lopes, para uma Comunicação de Liderança, pelo Bloco Parlamentar PMDB/PTC, pelo tempo de 10 minutos. O SR. EDIO LOPES (Bloco/PMDB-RR. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Deputado Evandro Milhomen, Sras. e Srs. Deputados, ao iniciar nossa fala, queremos nos somar ao Deputado Sebastião Bala Rocha, do Amapá, que ainda há pouco trouxe à tribuna desta Casa assunto de relevância não só para o Estado do Amapá, mas também para todos os Estados da Amazônia que fazem fronteira com outros países. Em Roraima também não é diferente. Para quem atravessa a cidade fronteiriça também é necessário apresentar o passaporte. Para adentrar a Venezuela com um veículo, hoje, Deputado Sebastião Bala Rocha, é preciso vencer um emaranhado de exigências burocráticas do país venezuelano. Nós, que somos da Amazônia e que temos a obrigação de defender os interesses de 25 milhões de brasileiros que lá vivem e trabalham, temos a obrigação de começar a exigir da Câmara dos Deputados e do Governo brasileiro medidas que possibilitem aos cidadãos e cidadãs que moram nos Estados limítrofes da Amazônia gozar do mesmo tratamento dispensados a outros brasileiros que moram na fronteira com outros países, de forma significativa os países do Cone Sul. Lamentavelmente, Deputado Sebastião Bala Rocha, continuamos sendo brasileiros de segunda categoria dentro do nosso País. O Brasil tem sido padrasto daqueles que vivem, desbravam e mantém a presença do País naquelas longínquas fronteiras do território nacional. Exigimos tratamento melhor, a exemplo dos demais brasileiros. 56 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 Sr. Presidente, quero falar sobre a energia elétrica no Brasil, em particular no Estado de Roraima. Nos últimos 7 anos, o consumidor brasileiro conseguiu sair de uma tarifa energética de aproximadamente 60 dólares o megawatt para a inaceitável, absurda, tarifa de até 480 dólares o megawatt. As tarifas de energia elétrica praticadas no Brasil são inaceitáveis. Os Estados Unidos, cuja matriz energética é baseada nas usinas nucleares e é tida como uma das mais caras dos sistemas energéticos, praticam uma taxa de energia na casa dos 100 dólares o megawatt. O Canadá, um país cujo sistema energético é muito semelhante ao brasileiro, baseado quase só nas hidrelétricas, tal qual o Brasil, pratica uma tarifa de energia elétrica na casa de 67 dólares o megawatt. Aqui no Brasil, chegamos ao absurdo de 480 dólares o megawatt e hoje estamos a aproximadamente 200 dólares o megawatt, quase 3 vezes a tarifa de energia que se pratica no Canadá e 2 vezes o que se pratica nos Estados Unidos. Em Roraima, Sr. Presidente, até novembro do ano passado, nós pagávamos a tarifa de energia mais cara do Brasil. Pagávamos, exatamente, 480 reais por megawatt de energia. Esta Casa, numa hora sábia, num momento feliz, criou a Comissão Parlamentar de Inquérito que investigou as tarifas de energia elétrica no Brasil, em especial, o promíscuo relacionamento da ANEEL com o sistema de distribuição de energia no Brasil. E o resultado desse trabalho, Sr. Presidente, foi que, de forma milagrosa, a Boa Vista Energia, distribuidora de energia no meu Estado, que praticou no mês de outubro uma tarifa de 480 reais por megawatt, de repente, no mês de novembro, reduziu para 330 reais, uma redução de quase 30%, Sr. Presidente. Numa economia estabilizada, é de se desconfiar o tanto de gordura que 57 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 havia na tarifa de energia fornecida ao povo de Roraima ao longo dos últimos anos. Cobrando uma tarifa de quase 500 reais por megawatt, de repente — não se sabe a engenharia que se praticou — reduziu para 330. Isso comprova que a CPI atingiu a ferida do sistema de distribuição de energia elétrica no Brasil. Veja bem, Sr. Presidente, as imensas disparidades que existem. No Amapá, Estado do meu querido Deputado Sebastião Bala Rocha, que ainda há pouco ocupou esta tribuna, a companhia distribuidora de energia pratica uma tarifa de 197 reais por megawatt. Ali também o sistema é baseado nas termelétricas e nas hidrelétricas. No Estado de São Paulo, a empresa distribuidora de energia, Caiuá, pratica uma tarifa de 266 reais. Roraima — aqui está o grande ponto da discussão — não gera energia, não tem o passivo ambiental dos Estados que têm suas hidrelétricas. Roraima recebe energia gerada pela Venezuela. E pasme, Sr. Presidente, cada megawatt de energia gerado na Venezuela chega a Boa Vista por módicos 52 reais o quilowatt de energia. Da subestação até a residência do cidadão boa-vistense, passou de 52 reais para 480 reais. Hoje, está na casa dos 330 reais. Portanto, Sr. Presidente, o trabalho dessa CPI foi exemplar, pena que esta Casa, não se sabe por que, não permitiu sua prorrogação. O trabalho feito pela CPI comprovou que há um relacionamento, no mínimo, promíscuo entre a ANEEL e as distribuidoras de energia elétrica no Brasil. Aprovamos na CPI requerimento para que o Tribunal de Contas da União proceda a uma auditoria na empresa de distribuição de energia do meu Estado, apresentando o quanto a Boa Vista Energia cobrou a mais, extorquiu, surrupiou do consumidor roraimense ao longo dos últimos 7 anos. Ao término desse trabalho do TCU, iremos, 58 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 se preciso, aos tribunais exigir que a Boa Vista Energia devolva cada centavo que cobrou do empobrecido consumidor roraimense nesse período, sob os beneplácitos, sob o olhar passivo, até cúmplice, da Agência Nacional de Energia Elétrica do meu País. O comportamento da ANEEL não é muito diferente do da ANATEL nem do da ANA. É preciso que esta Casa comece a prestar atenção e a exigir um melhor comportamento dessas agências, que, originariamente, foram criadas para defender os interesses do País e, ainda mais, os interesses do consumidor brasileiro. O que verificamos na CPI das Tarifas de Energia Elétricas foi a comprovação de um relacionamento indecente, promíscuo, um balcão de negócios entre a ANEEL, empresa que tinha a obrigação de defender o País e o consumidor, e as empresas que geram e distribuem energia. Sr. Presidente, não podemos aceitar que, por exemplo, a AES São Paulo, uma empresa de distribuição de energia em São Paulo, no ano passado, tenha lucrado exatos 109% do seu capital. Mais que dobrou seu capital em um ano, por receber energia e distribui-la ao consumidor, surrupiando-o. Para a ANEEL é como se tudo estivesse na mais absoluta perfeição. Não podemos mais aceitar isso. O Brasil precisa passar a limpo os sistemas de distribuição e de tarifas de energia elétrica. Esse é um sistema diferente. Se eu não pagar a conta do meu telefone no final do mês, a empresa corta o serviço, mas vou continuar vivendo sem ele; Já sem energia não é possível. O consumidor está permanentemente sob coação. É essa a consideração que faço nesta tarde. Espero que esta Casa comece a se ocupar de questões verdadeiramente importantes para o cidadão brasileiro. 59 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 O SR. PRESIDENTE (Mauro Benevides) - A Presidência cumprimenta o nobre Deputado Edio Lopes pelo abalizado pronunciamento que faz a respeito da cobrança da tarifa de energia elétrica no Estado de Roraima. Evidentemente, seu discurso terá que repercutir na área governamental competente para a adoção das providências cabíveis. A cobrança dos megawatts, como foi estabelecido, é inteiramente insuportável para os consumidores daquele Estado do norte do País, como diz S.Exa.. Evidentemente, se já se realizou aqui uma Comissão Parlamentar de Inquérito, se no Tribunal de Contas da União já se acha um pedido de fiscalização desse órgão que atua em Roraima, é preciso que conheçamos de fato a extensão e a gravidade dessa acusação veemente, segura e abalizada que o nobre Deputado Edio Lopes acaba de fazer da tribuna da Câmara dos Deputados. Acredito que os representantes da bancada do Governo nesta Casa haverão de levar ao Poder Executivo a reclamação absolutamente procedente, a julgar pelos números de cobrança de megawatt avaliados e expostos pelo Deputado Edio Lopes no discurso que agora proferiu pela Liderança do PMDB. A Presidência cumprimenta o nobre Deputado e formula votos para que se corrija essa distorção agora apresentada pelo ilustre representante daquela Unidade federada do nosso País. Durante o discurso do Sr. Edio Lopes, o Sr. Evandro Milhomen, § 2º do art. 18 do Regimento Interno, deixa a cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr. Mauro Benevides, § 2º do art. 18 do Regimento Interno. 60 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 O SR. PRESIDENTE (Mauro Benevides) - Concedo a palavra ao nobre Sr. Deputado Paes Landim, ilustre representante do PTB do Piauí e um dos mais atuantes nesta Casa, que, com seu brilho habitual, certamente abordará tema de palpitância inquestionável para conhecimento dos Srs. Deputados e da opinião pública. O SR. PAES LANDIM (PTB-PI.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, solicitei a palavra no Grande Expediente de hoje para falar sobre o Estado do Gurgueia, cuja criação é tão sonhada pelos piauienses do sul. Antes, porém, não poderia deixar de registrar a decisão do jovem Governador do meu Estado, Wellington Dias, que anunciou sua desistência de um mandato certo no Senado da República para permanecer no Governo — o Piauí, com certeza, iria consagrá-lo nas urnas de outubro —, a fim de melhor conduzir o processo político daquele Estado, em particular a campanha da Dra. Dilma Rousseff à Presidência da República. Inicio minhas palavras com o belo editorial do Portal Pé de Figueira, da minha cidade, São João do Piauí, sob o título A história julgará Wellington, escrito por seu editor, Abel Paes Landim. Ele inicia citando Max Weber, em seu livro A política como vocação. O grande cientista e pensador alemão, que também foi Parlamentar na Alemanha, escreveu palavras que se aplicam perfeitamente à personalidade de Wellington Dias. Diz o texto: “Essa é a qualidade psicológica fundamental do político: sua habilidade para permitir que os fatos ajam sobre si, mantendo a calma interior do espírito, sabendo 61 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 manter o sentido de distância ante os homens e as coisas. (...) A política é feita com a cabeça e não com as demais partes do corpo ou da alma. Entretanto, para evitar que se transforme num frívolo jogo intelectual e para que se torne uma autêntica atividade humana, a devoção política só pode nascer e alimentar-se da paixão (por uma causa).(...) A força de uma personalidade política pressupõe, em primeiro lugar, a paixão, a responsabilidade e o sentido de proporção.” Iniciou o editorial com essas palavras de Max Weber. E continua: “Paixão, responsabilidade e sentido de proporção. Com essas palavras Max Weber vaticina as principais virtudes de um político em seu ‘A política como vocação’. (...) O Governador Wellington Dias surpreendeu ao anunciar sua permanência no cargo até o fim de seu mandato, abdicando de uma candidatura ao Senado com grandes perspectivas de sagrar-se vitoriosa. (...) Wellington foi coerente com seu próprio discurso, quando afirmara que permaneceria no Governo caso não houvesse unidade entre os partidos que compõem a atual base aliada. Segundo ele, tal unidade visa, sobretudo, a dar prosseguimento a uma política de desenvolvimento iniciada em sua gestão, a que não quer que sofra solução de continuidade. Ao sacrificar-se, Wellington mostra-se 62 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 um devoto apaixonado por essa causa, mostrando-se um voraz defensor antes de um projeto de governo do que de um projeto de poder. A prudência demonstrada pelo Governador tem algo de modesto e instrumental; ela se põe a serviço de fins e só se ocupa com a escolha dos meios. Virtude temporal, sempre, e temporizadora, às vezes. É que a prudência leva em conta o futuro. Virtude presente, mas previsora ou antecipadora. Prudentia, observava Cícero, vem de providere, que significa tanto ‘prever’ como ‘prover’.” São várias considerações, Sr. Presidente, de tal maneira significativas, que vou pedir, de logo, a transcrição, nos Anais desta Casa, do editorial do portal Pé de Figueira, de autoria de Abel Paes Landim. Sr. Presidente, o Governador Wellington Dias sobretudo mostrou, nos seus quase 8 anos de poder, ser um republicano por excelência. Todas as virtudes republicanas nele se encontram. Conversando com João Marcelo Claudino, estudioso das instituições inglesas, ele me dizia que a monarquia inglesa foi criada para limitar a ambição dos homens. Na sociedade democrática inglesa, de tal maneira institucionalizada, os homens pensam, sobretudo, mais no país do que em si próprios. São republicanos, apesar do regime. 63 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 Wellington Dias vem de uma família modesta. Conheci seus pais, ambos vivos: D. Terezinha, uma senhora lutadora, corajosa, líder política; e Joaquim Félix, um símbolo da prudência, da humildade e da modéstia. Não me esqueço de que, ainda garoto, conheci Joaquim Félix usando alparcatas. Eu sequer sei se, algum dia, ele teve um carro. O filho, Governador, não mudou o seu perfil. Quanto aos seus avós, o materno, mais político, astucioso, no bom sentido da palavra, Raimundo José Dias, conhecido por Mundeiro, um bom fazendeiro, grande amigo de meu pai, era do antigo povoado Costa, onde hoje fica a cidade que tem o nome do meu pai, Paes Landim. Ele se hospedava na casa de meus pais em São João do Piauí. Eram compadres. Dois dos seus filhos, Liberato e Maria, moraram muitos anos em nossa companhia. Seu avô paterno, o velho Félix Barroso, cuja família se espraia por São João do Piauí e Oeiras, era a bondade e a simplicidade em pessoa, que costumava mais ouvir do que falar. Essas qualidades estão muito presentes na figura de Wellington Dias. Por isso que eu o chamo de cidadão republicano por excelência. Ele desmistificou o poder do meu Estado. É um cidadão como os demais cidadãos do Piauí; apenas é o primeiro deles por vontade do povo piauiense que o elegeu primeiro cidadão do Estado, ou seja, o magistrado supremo do Estado do Piauí. Ressalto, ainda, seus sogros, D. Ivone Amorim e, sobretudo, o meu querido amigo Miguel Moura — o Miguel Moura da minha geração. É o mesmo Miguel Moura que há até poucos anos dirigia e alugava carros como motorista, e deixou de fazê-lo por questões apenas de recomendação médica. Ele não mudou em nada. Nenhuma 64 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 vaidade tomou conta de Joaquim Félix ou do meu querido amigo Miguel Moura, cuja filha, a evangélica D. Rejane, é casada com o nosso Governador Wellington Dias. Portanto, Sr. Presidente, Wellington é um exemplo de personalidade republicana por excelência. Trata os cidadãos como iguais, com modéstia, sem empáfia e sem perder sua autoridade moral, posto que é reverenciado e admirado por todo o Estado do Piauí. Pobres e ricos, pretos e brancos têm dele a mesma atenção. É impressionante sua simplicidade republicana! Mas o que mais impressiona é a trajetória desse jovem, que foi Vereador de Teresina, Deputado Estadual, Deputado Federal, Governador, e teria agora uma eleição esmagadoramente certa para o Senado da República — reconhecimento do povo do Piauí ao seu grande Governo e às suas grandes virtudes republicanas. Cometeu erros? Acredito que sim, até por questão de assessoria, de equipe. Mas sempre com a intenção de acertar. O PT do meu Estado cabia praticamente em uma caminhonete. Ele foi um grande leadership, que galvanizou a opinião pública do Piauí, que o conhece desde os tempos de líder sindical. Foi o Presidente do Sindicato dos Bancários que mais lutou para evitar, primeiro, a intervenção do Banco Central no Banco do Estado do Piauí. Depois evitou a sua venda para o setor privado, incorporando-o, em seguida, ao Banco do Brasil. Wellington é respeitado pela categoria de bancários do meu Estado em função de sua luta, de sua coragem em defender as boas causas que acredita sejam justas e necessárias para o Piauí. Quem o ouve discutir problemas do Estado fica impressionado com sua desenvoltura, com a rapidez com que capta os fatos, os acontecimentos. Quando 65 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 assumiu o Governo, o Estado tinha dificuldades, e ele vai deixá-lo em condições de decolar para um grande futuro. Orgulho-me muito, Sr. Presidente, da amizade com o Governador Wellington Dias. Nossas diferenças ideológicas, claro, não desapareceram, mas o respeito e a admiração que tenho por ele superam eventual divergência de natureza política. Embora não tenha votado nele na primeira eleição, tenho aqui defendido, desde o começo do seu governo, sua postura republicana. Quando se despediu desta Casa, como Deputado Federal, realcei que teria um futuro de modéstia no Governo, porque essa era a lição de seus antepassados. O Piauí, o Nordeste e o Brasil vão perder um grande Senador. Ele iria trazer para o Senado Federal um grande conhecimento de causa dos problemas do Estado. Aliás, o saudoso Petrônio Portella gostava de dizer que quem passa pelo cargo de Governador geralmente traz uma grande visão realista dos problemas do Estado, e uma ajuda relevante para formular as políticas públicas no Senado Federal em favor do seu Estado, do Nordeste e do Brasil. Por último, Sr. Presidente, quero destacar um manifesto desse combativo piauiense e homem público, Dr. Jesualdo Cavalcanti, que tem sido um grande arauto da criação do Estado do Gurgueia, desde os tempos da Constituinte. Hoje, presidindo o Centro de Estudos de Debates do Gurgueia, vem sendo a grande voz, praticamente só, na defesa do projeto de decreto legislativo de minha autoria que se encontra pronto para votação nesta Casa, o qual estabelece a realização de plebiscito para que o povo piauiense decida se quer ou não a criação do Estado do Gurgueia. 66 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 Jesualdo Cavalcanti tece considerações da maior importância na Carta Aberta aos Acomodados. Responde a uma crítica injusta de um ilustre conterrâneo, que vale a pena aqui registrar, porque ele mostra que nós teríamos um grande futuro, igual ao que aconteceu com os Estados de Tocantins e Mato Grosso do Sul, caso fosse criado o novo Estado. Diz ele com propriedade: “A exemplo de Goiás e Mato Grosso, que adotaram a estratégia de emancipar suas regiões mais atrasadas e distantes de seus centros governativos, constituindo-as em novos Estados (Tocantins e Mato Grosso do Sul), e assim duplicaram seus recursos, a medida proposta é a criação do Estado do Gurgueia. Os êxitos alcançados pelas quatro unidades federadas é que nos apontam essa solução. De fato, segundo dados publicados pelo governo federal, o Piauí, Goiás e Mato Grosso detinham, em 1927, as três menores receitas entre os 20 Estados brasileiros de então, ocupando a 20ª, a 19ª e a 18ª posições, respectivamente. Pois bem, passados 83 anos, o Piauí continuou na lanterninha entre eles, enquanto que os Estados que se dividiram, isto é, Goiás/Tocantins, somados, pularam para a 7ª posição, e Mato Grosso/Mato Grosso do Sul, para a 8ª.” Várias outras considerações, Sr. Presidente, são feitas aqui pelo Dr. Jesualdo Cavalcanti, que fala exatamente que a criação do novo Estado prevê um futuro 67 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 muito importante para essa região, que abriga, além do semi-árido com um grande lençol freático, a riqueza do cerrado. E o cerrado, Sr. Presidente, um dos biomas mais importantes do mundo, o segundo em biodiversidade, se não for devidamente cuidado pelo Governo local, terá um futuro triste — já aqui vaticinei — porque pode se transformar, dentro de 20 anos, num grande deserto. De Teresina, distante cerca de 700 quilômetros do cerrado piauiense, e em alguns casos até 800 quilômetros, não se tem condições de supervisionar, de vigiar todo o meio ambiente do Estado, com sua natureza riquíssima. Nesse sentido, é importante a criação do Estado do Gurgueia, até porque, Sr. Presidente, para V.Exa. ter uma ideia, os investimentos em recursos humanos em Teresina, há cerca de 10 anos, eram superiores a toda região que comporia o futuro Estado do Gurgueia, cujo território deterá a maior parte do atual Estado do Piauí. Por esses dados, é importante que esta Casa reflita com seriedade sobre a divisão territorial do Brasil. Aqui há cerca de 17 projetos a respeito, mas é importante que esta Casa designe Comissão Especial — inclusive, poderia ser presidida por V.Exa., Deputado Mauro Benevides, pela sua prudência, sua celeridade —, que efetivamente mostre a importância dessa nova divisão territorial. Possuímos uma extensão territorial praticamente igual à dos Estados Unidos, onde se tem 51 Estados na federação, enquanto temos apenas 26 Estados e 1 Distrito Federal. Assim, Sr. Presidente, quero aqui parabenizar Jesualdo Cavalcanti por mais essa contribuição que dá à criação do Estado do Gurgueia e dizer ainda que, na edição do jornal O Globo de hoje, mostra-se a preocupação com o futuro do cerrado brasileiro, caso não lhe sejam dadas as devidas atenções. 68 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 Por coincidência, em artigo recente no jornal Diário do Povo, do Piauí, o Prof. José Ribamar de Araújo escreveu muito bem que o cerrado brasileiro é um bioma ameaçado. O Sr. Mauro Benevides - V.Exa. permite um aparte, nobre Deputado? O SR. PAES LANDIM - Certamente, nobre Deputado Mauro Benevides. O Sr. Mauro Benevides - V.Exa. faz, como naturalmente sempre fez, um discurso abalizado, defendendo o cerrado do seu Estado, o Piauí. Nesta mesma Casa, já ouvimos pronunciamentos, não em relação especificamente à Unidade Federada que V.Exa. tem a honra de representar nesta Casa, mas recentemente ouvimos o pronunciamento do Deputado Rodrigo Rollemberg, que focalizou o cerrado aqui em Brasília, dando, assim, uma configuração de que esse problema terá que ser enfrentado, como V.Exa. o deseja em relação ao seu Estado, em outras faixas geográficas do País. Portanto, cumprimento-o pelo discurso que faz e espero que as palavras que V.Exa. profere encontrem eco nos setores governamentais competentes. Portanto, é a minha manifestação no instante em que V.Exa. ocupa a tribuna na Câmara dos Deputados no Grande Expediente da sessão de hoje. O SR. PAES LANDIM - Obrigado, meu caro Deputado Mauro Benevides. Digo a V.Exa. que o cerrado de Brasília e dos demais Estados tiveram o apoio de um fundo japonês para o desenvolvimento do cerrado, o PRODECER, e o nosso Estado foi o único que não o alcançou exatamente porque a distância do Governo em Teresina do cerrado talvez tenha desmotivado nos nossos governantes o interesse por esse financiamento, responsável pela grandeza do cerrado de Brasília, do Tocantins e de Mato Grosso do Sul. 69 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 Por último, Sr. Presidente, registro aqui as palavras de José Ribamar de Araújo, quando diz: “O cerrado é um dos biomas mais ameaçado do mundo — muita gente ainda não parou para pensar: o desmatamento desordenado, o agronegócio e a irrigação artificial, aliados à ausência de políticas eficientes, que visem à sua preservação, ameaçam seriamente essa região”. Para salvar o cerrado do Piauí, Sr. Presidente, é importante a criação do Estado do Gurgueia. Muito obrigado, Sr. Presidente. ARTIGO A QUE SE REFERE O ORADOR 70 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 (INSERIR DOCUMENTO DETAQ DE PÁGINA 71) 71 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 Durante o discurso do Sr. Paes Landim, o Sr. Mauro Benevides, § 2º do art. 18 do Regimento Interno, deixa a cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr. Marcio Junqueira, § 2º do art. 18 do Regimento Interno. 72 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 O SR. PRESIDENTE (Marcio Junqueira) - Dando continuidade ao Grande Expediente, passo a palavra ao ilustre Deputado Cleber Verde, que tão bem representa o Estado do Maranhão e o seu partido, o PRB. S.Exa. dispõe da palavra por até 25 minutos. O SR. CLEBER VERDE (Bloco/PRB-MA. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, primeiro, quero cumprimentá-lo por, nesta tarde, presidir os trabalhos da Casa. Sr. Presidente, é necessário fazer alguns registros, algumas reflexões sobre a Previdência Social. Tive oportunidade de conversar com diversos especialistas, entre os quais, por exemplo, o Dr. José Nicolau Pompeo, que é doutor da PUC e da USP, o Presidente da COBAP e representantes de segmentos ligados à Previdência Social. Entendo que não tem validade alguma a discussão sobre o deficit previdenciário caracterizando-o como a simples relação entre receitas e despesas no momento atual. Ao proceder dessa maneira, estaremos maquiando o caráter histórico dos valores capitalizados ao longo da existência da Previdência, ou seja, estaremos desconsiderando os recolhimentos passados e as suas respectivas correções. Os fundos de previdência privada, Deputado Mauro Benevides, por exemplo, o PGBL e o VGBL, corrigem os valores depositados na previdência complementar pela variação da taxa SELIC mais uma taxa adicional de juros, construindo uma capitalização futura, sobre a qual incidirão os pagamentos futuros da previdência complementar. 73 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 Cabe perguntar à Previdência, por exemplo, e eu tenho que fazê-lo, na condição de Coordenador da Frente Parlamentar em Defesa dos Aposentados e Pensionistas, o que foi feito com os valores capitalizados passados da Previdência do trabalhador em geral, ou seja, o que foi feito com os recursos pagos pelos trabalhadores ao longo dos anos, tendo em vista o que acabei de abordar sobre o que faz a previdência complementar. Portanto, a discussão do deficit da Previdência nos remete à questão principal, que é a discussão do conceito de Orçamento da União e de como são alocados os valores provenientes das receitas tributárias e dos respectivos recolhimentos sobre os salários dos trabalhadores. O que há no Brasil — permitam-me dizer — é uma verdadeira maquiagem construída de forma consciente por alguns setores da economia, com o único objetivo de fazer uma repartição prejudicial àqueles que contribuíram para a riqueza desta Nação. Sr. Presidente, digo isso na condição de Deputado que vota com este Governo e entende os avanços deste Governo, que, principalmente, tem diminuído as desigualdades de renda e os diversos problema sociais. Eu defendo o Governo Lula porque acredito nele e tenho certeza de que a sua política social tem acertado, principalmente quando coloca recursos para aqueles que mais precisam, por meio do Bolsa-Família, da aposentadoria rural, que é o grande programa de renda mínima, e de outros programas assistenciais. Mas é possível, Sr. Presidente, mesmo apoiando este Governo, também questioná-lo. Estamos aqui para dizer, em alguns momentos, que é possível fazer algumas reparações. 74 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 Nesse sentido, Sr. Presidente, se o Governo, em medida recente, lançou o REFIS, refinanciamento dos impostos, para todas as empresas, e mesmo aquelas que não necessitavam alongar o prazo de recolhimento dos seus impostos aproveitaram-se dessa medida, não para gerar novos investimentos e criar empregos, mas para, única e exclusivamente, aumentar seus lucros, que vêm crescendo com as políticas anticíclicas adotadas pelo Governo no relançamento do processo de acumulação e desenvolvimento, é preciso fazer um questionamento. É importante também, Sr. Presidente, levantar a discussão sobre os custos e os riscos das operações realizadas na BM&F, em que os capitais, tanto estrangeiros como nacionais, se beneficiam de rentabilidades crescentes no curto prazo, através de uma valorização fictícia da moeda nacional e das altas taxas praticadas no mercado futuro, onerando com isso o próprio Orçamento da União, que é obrigada, pelo próprio movimento do mercado, a esterilizar a massa crescente de liquidez imposta pela entrada crescente desses capitais externos, que se beneficiam exatamente dos diferenciais de taxas internas e externas e da própria valorização do real, através da emissão de títulos da dívida compromissada, que tem onerado de forma crescente o Orçamento do Estado. Com isso, a dívida pública bruta interna e a própria rolagem dela exigem taxas de juros crescentes, o que caracteriza o debate sobre as destinações dos recursos arrecadados pelo Governo. O Orçamento da União foi publicado recentemente, e o próprio Governo admite que é preciso contingenciar recursos para pagar dívida. Hoje, a dívida da União compromete o bolo orçamentário em quase 40%. É preciso que façamos aqui 75 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 esforços conjuntos para tentar dar uma contribuição a este Governo, para que avance ainda mais. Com muito prazer, quero conceder um aparte ao nobre Deputado Mauro Benevides. O Sr. Mauro Benevides - Permita-me um aparte ao discurso que V.Exa. profere neste instante para apontar a oportunidade em que V.Exa. tece todas as considerações, focalizando já agora o Orçamento que esta Casa elaborou. V.Exa. viu nos jornais, nesse final de semana, que o Governo já anuncia para hoje um corte de 21,8 bilhões de reais do Orçamento que elaboramos. Não se conhecem ainda as dotações que foram consideradas retidas e contidas nesse processo por parte do Poder Executivo. Então, o discurso de V.Exa. vai ensejar, na simultaneidade da apreciação desses fatos, que o Governo se debruce sobre esse quadro que V.Exa. agora aponta no curso do seu pronunciamento. Portanto, regozijo-me pela felicidade excepcional neste momento raro que V.Exa. utiliza para focalizar a questão quando o Governo anuncia a drasticidade de um corte superior a 20 bilhões de reais. V.Exa. adverte o Governo com elucubrações em torno de um tema palpitante, e esperamos que se encontrem as alternativas que V.Exa. preconiza, e certamente haverá de fazê-lo, até o final do seu discurso, sobre esse tema de inquestionável relevância para todos nós. O SR. CLEBER VERDE - Quero agradecer ao nobre Deputado, incorporando sua fala ao nosso discurso. É nessa linha, como dito aqui pelo nobre Deputado, que já foi Senador e Presidente do Congresso e conhece a realidade do nosso País, que queremos chamar a atenção deste Governo, principalmente no momento em que anuncia esse 76 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 contingenciamento de recursos, tão importantes, principalmente, para as regiões mais necessitadas, que certamente seriam contempladas. É o caso do Maranhão, do Ceará e de tantos outros Estados. Enfim, o povo brasileiro acaba sendo afetado diretamente. Nesse sentido, nobre Presidente, o que verificamos no Brasil é uma luta na repartição de recursos arrecadados pela União, através da montagem de um orçamento que continue garantindo e alimentando as rentabilidades para os capitais de curto prazo — capitais improdutivos — em detrimento dos capitais produtivos, sem falar dos benefícios distribuídos pela União àqueles com mais força para pressionar o Estado, benefícios esses caracterizados pela política recente do REFIS, que acabei de mencionar, pelos empréstimos subsidiados ao setor privado (recursos do BNDES com repasse do FAT, ou mesmo emissões tanto por parte do Tesouro como por parte do Banco Central, a taxas abaixo da taxa SELIC). Sr. Presidente, o alongamento dos recolhimento dos impostos vem contribuindo também para a queda da arrecadação. Isso é um fato. Se o Governo assim vem procedendo, é porque acredita que o crescimento da economia poderá gerar mais impostos futuros através de um aumento de arrecadação e com isso cobrir os próprios deficits. Em 2011, esperamos estar aqui. É óbvio que para isso dependemos do apoio valoroso do povo do Maranhão, que nos trouxe a esta Casa neste mandato. Em 2011, entendemos que nos espera uma miríade de reformas, como, por exemplo, a reforma da previdência, a reforma tributária, a reforma da saúde, a reforma da educação, com o objetivo de desonerar o Estado, e um aumento de alíquotas de 77 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 tributos ou mesmo a geração de novos tributos. É isso que, de acordo com o que venho acompanhando, imagino que pode acontecer a partir de 2011. Quem prega a desoneração do Estado? É o que se pergunta neste momento. Por que se discute, no momento atual, o custeio do Estado? A reforma tributária tem como objetivo desonerar as empresas, engordando seus lucros, e, como contrapartida, reduzir o fator A da fórmula do fator previdenciário, com isso reduzindo os valores das aposentadorias futuras. Chama-me muito a atenção o fator A, que nesta Casa queremos acabar. Esse fator previdenciário, que já deveríamos ter acabado — repito mais uma vez e já foi dito pelo próprio Governo —, é um mal para o trabalhador, porque retira dele recursos importantes. O Governo diz que é um mal necessário. Sr. Presidente, quero, mais uma vez, dar um exemplo. No caso de um homem que contribui sobre mil reais por mês, quando ele se aposentar por tempo de contribuição, ao completar a idade e o tempo de contribuição, aplicando-se o fator previdenciário, seu benefício será fixado em aproximadamente 700 reais. O caso da mulher é ainda mais grave. Se ela contribuir sobre mil reais, no caso de aposentadoria por tempo de contribuição, tendo a idade e o tempo de contribuição completos, ao se aplicar o fator previdenciário no cálculo da concessão do seu benefício, este será fixado em aproximadamente 600 reais. Conclusão: homem e mulher perdem, ao se aposentarem, respectivamente, 30% e 40% no ato da concessão do benefício. Esse fator previdenciário é altamente prejudicial. O entendimento que temos é exatamente o de que, com a política do Governo, ao se reduzir o fator A, vai-se 78 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 comprometer ainda mais o benefício dos nossos trabalhadores, dos nossos futuros aposentados. Sr. Presidente, entendo que cabe aos aposentados, atuais e futuros, lutar contra esse ataque, que empurrará aqueles que constroem a riqueza desta Nação para a miséria crescente. O conceito de deficit previdenciário, o conceito de orçamento deve ser repensado no sentido da melhoria do poder de compra dos trabalhadores em geral, aposentados e não aposentados. Assistimos hoje no Brasil, permita-me, Sr. Presidente, a uma luta na sociedade entre os que conseguem pressionar o Governo e os que têm menos força na repartição do orçamento, gerado pelo recolhimento crescente de tributos recolhidos pela sociedade em geral. Recentemente, anunciou-se que aumentou o valor da arrecadação oriunda de tributos por parte do Governo. É isso que estamos mencionando neste momento, Sr. Presidente, como aliados, pedindo a este Governo que faça uma reflexão. Afinal de contas, essa perversa distribuição de recursos do Orçamento vem travando o desenvolvimento nacional, contribuindo para o arrocho salarial, tanto de empregados privados quanto de servidores públicos, mas enriquecendo setores improdutivos que especulam principalmente na BM&F, através de uma ciranda financeira bancada pela própria sociedade, que tem contribuído, e muito, com o Governo por meio do pagamento de impostos, diretos e indiretos. Nós, que somos aliados, que acompanhamos o Governo, precisamos chamar a atenção do Governo para que mude a sua estratégia, tente melhorar, para contribuir ainda mais com esta Nação. A exemplo do que dizem vários estudiosos, 79 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 também nos conscientizamos de que as crises financeiras são cíclicas, repetem-se de 7 em 7 anos, como a crise que se abateu recentemente no mundo, na qual o Brasil conseguiu sobressair. É importante o que vou dizer. Essa perversa distribuição da riqueza nacional vem polarizando cada vez mais a sociedade em 2 camadas: aquela que se enriquece de forma acelerada e aquela que luta com dificuldades crescentes de sobrevivência no momento atual e vislumbra um futuro negro de dificuldades, porque terá seus “benefícios” achatados. Não precisamos ir longe, as revistas mencionam isso a cada dia. Por exemplo, a revista Veja da semana passada trouxe manchete sobre os grandes bilionários. Entre eles aparece o Sr. Eike Batista. O que diz a matéria? Eike Batista ganha 19,5 bilhões de dólares em apenas 1 ano e chega a ser o 8º na lista de revista americana. Ou seja: em tempo de bolha de commodities, ocorre exatamente o que acabei de mencionar: um cidadão, Sr. Eike Batista, engorda o seu patrimônio em 19,5 bilhões de dólares num ano. Sr. Presidente, ratificando o que acabei de dizer, temos 2 camadas na sociedade hoje: uma que enriquece de forma acelerada — citei aqui um exemplo — e uma que luta com dificuldades, vendo cada vem mais seus benefícios achatados. Ao colocar em questionamento o deficit previdenciário, entendo que é necessária e urgente uma auditoria transparente e séria no patrimônio da Previdência Social, assim como um trabalho de cobrança na outra linha. Refiro-me a uma cobrança mais efetiva dos devedores da Previdência Social. Isso deve ser feito também com a maior brevidade possível e contribuirá para elevar, com certeza, o 80 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 “caixa deficitário” tão comentado pelos que enxergam de forma míope, talvez, a questão da Previdência Social como um dos males dos “gastos” governamentais. É alardeado o deficit previdenciário. Nós queremos dizer o contrário. O Governo não tem gasto com a Previdência Social, mas está simplesmente devolvendo aquilo que o trabalhador e as empresas pagaram sobre a folha de salário ao longo de todo o tempo. Não se trata, Sr. Presidente, de benefício algum, mas de devolução daquilo que foi pago e capitalizado ao longo do tempo. Lembramos ainda que esses pagamentos não correspondem à evolução histórica dos índices que corrigem o salário mínimo ou ainda o Índice de Preço ao Consumidor da Terceira Idade (construído pela FGV). Repito, por exemplo, o que fazem os fundos de previdência privada. Através do PGBL e do VGBL, corrigem os valores depositados na previdência complementar pela variação da taxa SELIC mais uma taxa adicional de juros, construindo uma capitalização futura sobre a qual incidirão os pagamentos futuros da previdência complementar. E faço mais uma vez o seguinte questionamento, Sr. Presidente: o que foi feito com os recursos arrecadados das empresas e dos trabalhadores ao longo dos anos? Se foi corrigido, de que forma foi corrigido esse patrimônio retirado do trabalhador, dos empresários, das empresas que contribuem? É necessário, sim, fazermos, de forma emergencial e urgente, uma reavaliação no conceito de deficit previdenciário. O Orçamento da União precisa ser reavaliado por este Governo, a fim de que possamos encontrar mecanismo para que, no futuro próximo, não sejamos acometidos por alguma dificuldade que o mundo enfrentar. 81 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 Sr. Presidente, dizia Gilberto Cotrim: “Quem não aprende com o passado erra 2 vezes e corre o risco de projetar o futuro repetido”. Faço essa abordagem para, caso ocorra uma nova crise, não sejamos por ela abatidos. Há estudos que dizem que as crises são cíclicas. Se houve crise este ano, daqui a 7 anos poderá haver outra. Então, nós precisamos fazer uma reavaliação da nossa economia, de como estamos tratando o mercado, para, a partir daí, podermos garantir um Brasil mais justo e melhor para todos nós. Sr. Presidente, antes de concluir, concedo um aparte ao nobre Deputado Moreira Mendes. O Sr. Moreira Mendes - Ilustre Deputado, ouço com atenção o pronunciamento de V.Exa. e quero, desde já, alto e bom som, dizer que V.Exa. honra o seu Estado, o Maranhão. V.Exa. é um Deputado atento aos problemas do Brasil e demonstra isso com profundidade no pronunciamento que faz neste Grande Expediente. V.Exa. deu como exemplo de enriquecimento o Eike Batista, que ganhou cerca de 19 bilhões de reais em 1 ano. Existe outro segmento no País que, por conta da política deste Governo, tem ganho verdadeiras fortunas, muito mais que o Eike Batista — e eu diria que nas costas da classe média brasileira: os banqueiros. Eles ganharam muito dinheiro. Aliás, eles nunca ganharam tanto dinheiro como neste Governo. Há uma concentração de riqueza nas mãos dos banqueiros. Há uma distribuição social através do Bolsa-Família e de outros programas sociais do Governo, e quem paga essa conta é a classe média brasileira, por conta do endividamento interno. Todos olham para o endividamento externo, que praticamente acabou no Brasil, mas ninguém se dá conta do endividamento interno 82 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 gigantesco, muitas vezes maior do que foi no passado o endividamento externo. Então, de um lado, temos os que precisam de apoio, e estão aí o Bolsa-Família e os programas sociais; do outro, temos os banqueiros ganhando muito. E nós, a maioria do povo trabalhador, estamos no meio, pagando essa conta. Parabenizo V.Exa. pelo brilhante pronunciamento. Repito: V.Exa, honra os votos que recebeu do seu Estado. O SR. CLEBER VERDE - Obrigado, Sr. Deputado. Peço à Mesa que incorpore a fala de V.Exa. ao meu pronunciamento. V.Exa, apenas ratificou o que eu disse ao mencionar as 2 classes que temos hoje no Brasil: uma que enriquece de forma acelerada e outra que passa por dificuldades. Nós precisamos reparar tais questões, reavaliando nossa posição principalmente no sentido de garantir aos aposentados o que eles merecem, Sr. Presidente. A CPI da Dívida Pública foi prorrogada por 60 dias. Nós, na condição de 2º Vice-Presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, solicitamos a instalação de uma Subcomissão Especial para acompanhar a dívida pública no País, o que entendemos ser necessário, já que ela compromete de fato o nosso Orçamento. Precisamos encontrar uma saída para essa dívida pública crescente e principalmente para a classe social, o outro lado da moeda, que vem sofrendo e sendo prejudicada. Refiro-me especialmente aos aposentados, aos servidores públicos. É necessária uma política que os atenda melhor. 83 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 Repetimos, Sr. Presidente, que não se trata de benefício algum o que estamos dando ao trabalhador, ao aposentado. Trata-se de uma devolução daquilo que ele pagou ao longo dos anos, inclusive com a capitalização dos recursos que o Governo arrecada de cada trabalhador e das empresas. Repetimos também que esses pagamentos não correspondem à evolução histórica dos índices que corrigem o salário mínimo ou do Índice de Preços ao Consumidor da Terceira Idade (construído pela FGV). Sr. Presidente, precisamos urgentemente fazer uma reparação aos nossos aposentados. Dia 29, comemoraremos aqui, com os aposentados, o Dia do Aposentado. Queremos que neste dia já esteja aprovada nesta Casa a medida provisória do salário mínimo, que tem várias emendas que pedem a correção das aposentadorias dos que ganham acima do mínimo exatamente com o mesmo índice do mínimo. Temos de acabar com o fator previdenciário, que tanto penaliza o trabalhador. É necessário criar uma política de correção para beneficiar aqueles que pagaram mais e também uma política de recuperação das perdas dos aposentados ao longo dos anos. Nesse sentido, venho aqui pedir a este Governo que faça uma reavaliação daquilo que acabei de mencionar sobre a política econômica. É preciso, sim, fazer algumas correções para beneficiar o aposentado brasileiro, a sociedade em geral, garantindo-lhe melhor poder de compra para vislumbrar dias melhores. Sr. Presidente, muito obrigado pela oportunidade. Peço a V.Exa. a ampla divulgação deste pronunciamento nos meios de comunicação desta Casa. Espero que aquilo que acabei de dizer faça eco e possa 84 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 chegar a este Governo. Como eu disse, acompanho este Governo por entender a evolução que ele tem dado, o salto de qualidade que deu, principalmente no Nordeste, com as políticas sociais voltadas para aqueles que mais necessitam, para aqueles que mais precisam. É importante, Sr. Presidente, que nós e este Governo possamos nos dar as mãos para construirmos um futuro melhor, principalmente para os servidores públicos, para os trabalhadores. Quero fazer menção a um assunto tratado em matéria veiculada recentemente na Folha de S.Paulo e, durante quase 10 minutos, no programa Bom Dia Brasil: a desaposentação. Tramita nesta Casa, já passou pela Comissão de Seguridade Social e Família, um projeto de lei de minha autoria que vai permitir aos aposentados que voltarem ao mercado de trabalho — e o fazem espontaneamente para melhorar a renda — chegar ao balcão do INSS e suspender a aposentadoria, para depois complementá-la com o que trabalharem a mais. É a desaposentação, uma palavra hoje discutida no Brasil e que espero ver aprovada para garantir qualidade de vida e melhores dias para o aposentado brasileiro. Muito obrigado, Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (Marcio Junqueira) - Com o brilhante pronunciamento do Deputado Cleber Verde, que aborda um assunto que, de fato, S.Exa. tem defendido aqui com muita propriedade, com muita coragem, nós encerramos o Grande Expediente. 85 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 O SR. PRESIDENTE (Marcio Junqueira) - Apresentação de proposições. Os Senhores Deputados que tenham proposições a apresentar queiram fazê-lo. APRESENTAM PROPOSIÇÕES OS SRS.: 86 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 O SR. PRESIDENTE (Marcio Junqueira) - Vai-se passar ao horário de VII - COMUNICAÇÕES PARLAMENTARES Tem a palavra o Sr. Deputado Paes Landim, pelo PTB. 87 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 O SR. PAES LANDIM (PTB-PI. Sem revisão do orador.) - DISCURSO DO SR. DEPUTADO PAES LANDIM QUE, ENTREGUE AO ORADOR PARA REVISÃO, SERÁ POSTERIORMENTE PUBLICADO. (Discurso a ser publicado na Sessão nº 056, de 29/03/10.) 88 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 O SR. PRESIDENTE (Marcio Junqueira) - Concedo a palavra ao Deputado Rodrigo Rollemberg, para uma Comunicação de Liderança, pelo Bloco Parlamentar PSB/PCdoB/PMN/PRB, por até 5 minutos. O SR. RODRIGO ROLLEMBERG (Bloco/PSB-DF. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Marcio Junqueira, Sras. e Srs. Parlamentares, tramita nesta Casa o Projeto de Lei nº 6.926, de 2010, de autoria do Deputado Ronaldo Caiado, que propõe a exclusão do Distrito Federal como uma das unidades federativas destinatárias do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste. O nobre colega goiano, ex-Líder do Democratas, sustenta que os recursos em questão deveriam ser destinados aos 19 municípios do Goiás e 2 municípios de Minas Gerais que integram o chamado Entorno do Distrito Federal. Não tenho dúvida das boas intenções do ilustre Parlamentar; no entanto, devo ponderar que a medida promoveria mudança estrutural inconveniente para o desenvolvimento de nossa região. Tenho dito, com muita tranquilidade, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, que o que é bom para o Entorno é bom para o Distrito Federal e o que é bom para o Distrito Federal é bom para o Entorno. É um equívoco formular políticas de desenvolvimento separadas. Precisamos, mais do que nunca, integrar as políticas de desenvolvimento de toda essa região. É importante ressaltar que o Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste é uma vitória de toda a região e que pode trazer benefícios para toda a região. 89 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 É necessário salientar também que o Distrito Federal há muito vem reduzindo a participação da área administrativa na economia do setor público, na economia local, e ampliando a participação do setor de serviços, do comércio, da indústria. Portanto, o FCO é um instrumento fundamental para a alavancagem dessas atividades produtivas no Distrito Federal. Deve-se destacar ainda que na periferia do Distrito Federal há muito desemprego e que o incremento na atividade econômica contribuiria para a redução dos níveis de desemprego. Mas entendo que essa preocupação do Deputado Ronaldo Caiado poderia evoluir para a garantia de melhores condições de juros e prazos para os empréstimos concedidos para a região do Entorno do Distrito Federal e que deveríamos trabalhar no sentido de desburocratizar o acesso ao crédito do FCO, para que os pequenos empresários, os pequenos produtores, os pequenos e microempreendedores tenham mais facilidade de acessá-lo. Aqui ninguém discute a importância social do fundo. Mas precisamos torná-lo mais ágio e mais atraente, porque, inclusive, parte desses recursos não tem sido utilizada exatamente pela dificuldade de acesso. Portanto, embora reconheça o sentido positivo da preocupação do Deputado Ronaldo Caiado em promover o desenvolvimento na região integrada de desenvolvimento do Entorno, certamente esse não é o caminho. Devemos buscar outros, e a bancada do Distrito Federal estará a postos, estará disponível para a construção conjunta de opções que permitam o desenvolvimento dessa região, e não apenas dessa região do Entorno, mas de toda a Região Centro-Oeste. 90 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 Deveríamos, sim, retomar o debate da implantação do MERCOESTE, que ficou apenas como uma boa ideia, mas não foi levado adiante. Devemos discutir como o Distrito Federal, que hoje tem uma capacidade científica enorme em instalada, pode contribuir para o desenvolvimento de toda a Região Centro-Oeste. Devemos fazer esse debate articulados, conjuntamente. Será um erro grave para o desenvolvimento dessa Região opor o Distrito Federal aos municípios do Entorno ou opor o Distrito Federal a outros Estados da Região Centro-Oeste. Brasília foi concebida por Juscelino Kubitschek — e isso significou a conquista do Oeste brasileiro — como grande polo indutor do desenvolvimento regional. E é esta perspectiva que nós temos de resgatar: a de polo de indutor desenvolvimento regional. Estamos passando por uma crise política grave, mas tenho certeza de que vamos superá-la. Tenho certeza de que temos lideranças políticas sérias no Distrito Federal e que teremos a oportunidade, no dia 3 de outubro, de eleger o novo Governador, uma nova classe dirigente capaz de fazer com que Brasília retome seu papel de vanguarda no desenvolvimento regional e no desenvolvimento nacional. Por isso considero absolutamente inadequado esse projeto apresentado pelo Deputado Ronaldo Caiado. 91 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 O SR. PRESIDENTE (Marcio Junqueira) - Dando continuidade aos trabalhos, concedo a palavra ao Deputado Moreira Mendes, do PPS de Rondônia, que tão bem representa aquele Estado e que irá fazer uso conjunto do tempo de Comunicação de Liderança e de Comunicações Parlamentares. O Deputado Moreira Mendes dispõe de até 13 minutos da tribuna da Casa. O SR. MOREIRA MENDES (PPS-RO e como Líder. Sem revisão do orador.) Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, certamente, não usarei todo esse tempo, mas quero aproveitar a oportunidade e o tempo disponível para falar a respeito de uma Proposta de Fiscalização e Controle, uma PFC, que encaminhei semana passada à Comissão de Fiscalização e Controle desta Casa, a qual tenho a honra de integrar como um de seus membros. Propus que a Comissão procedesse a uma fiscalização de obras do DNIT que estão sendo realizadas no Estado do Rondônia, o que foi aprovado na última reunião, na quarta-feira passada. A proposta é focada, Sr. Presidente, em 4 pontos distintos — o primeiro deles, no Município de Pimenta Bueno. Mas quero fazer aqui um parêntese: as principais cidades do nosso Estado se desenvolveram ao longo eixo da BR-364. Praticamente todas as cidades mais importantes, as maiores cidades do Estado, estão no eixo dessa rodovia, e a rodovia corta as cidades pelo meio. Na cidade de Pimenta Bueno estão construídos 2 monumentos, à falta de responsabilidade governamental. São 2 viadutos que ligam nada a coisa nenhuma. Imaginem V.Exas. caminhando pela BR-364 e, de repente, deparando com um viaduto construído que não tem nenhum sentido, que não liga nada a nada, não oferece nenhum benefício à cidade e não está concluído, não está com os 92 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 encabeçamentos prontos. Ou seja, o condutor do veículo, ao chegar àquele ponto, tem de desviar para a direita, para quem vai, ou para a esquerda, de quem vem, para poder se desviar dessas 2 obras, monumentos à cretinice, eu diria. Mais adiante, chegando ao Município de Presidente Médici, no entroncamento com a BR-429, que está sendo asfaltada depois de longo tempo de luta do povo daquela região, estão lá empresas que venceram a licitação construindo a estrada. Nesse entroncamento da BR-364 com a BR-429 foi executado um trevo, ao que me parece, pela mesma empresa que executa obras de asfaltamento da BR-429. É um trevo que constróem e desmancham, constróem e desmancham, constróem e desmancham, porque ele é malfeito. Ele não está sendo adequadamente construído; não estão obedecendo os princípios técnicos que devem nortear a construção desse tipo de rodovia. Depois, lá em Porto Velho, existe uma duplicação da também BR-364, que vai desde a cidade de Candeias do Jamari, passa pela Capital, Porto Velho, e vai até a Universidade de Rondônia. Maravilhosa obra, importantíssima para a Capital. Resultou na duplicação. Mas, concluída a obra, pasme, Sr. Presidente, um pouco antes de ela ser inaugurada — tinham acabado de ser pintadas as faixas de controle do tráfego —, vai lá o DNIT e autoriza o desfazimento de parte dessa obra: Tiraram o asfalto, a base e os blocos de concreto que dividiam as 2 pistas para construir viadutos de interligação com vias da cidade. Nada tenho contra a construção dos viadutos, são importantíssimos, pois vão modernizar a Cidade de Porto Velho. Mas faço uma pergunta: onde está o planejamento? Por que isso não foi previsto antes? A obra nem tinha sido inaugurada e lá estava a empreiteira desmanchando tudo o que havia sido feito. E não é num ponto só, se não me 93 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 engano são 4 pontos importantes que estão sendo desmanchados e refeitos. Ou seja, pagou-se para fazer e desmanchar com dinheiro público e está-se pagando novamente para fazer tudo outra vez. Essa PFC tem o objetivo de apurar o responsável por isso, chegar a uma conclusão e, se for o caso, punir esses maus gestores do dinheiro público. Em relação a este assunto, concedi uma entrevista hoje pela manhã a uma das emissoras de rádio da Cidade de Ji-Paraná, quando me foi questionada também a ponte que está sendo duplicada naquela cidade. A obra não anda, está devagar. Segundo a pessoa que me questionou, há poucos funcionários trabalhando na ponte. Vou aproveitar esta PFC também para avaliar o que está acontecendo, já que, segundo estou informado, assim que for designado o Relator, certamente um grupo de Deputados vai visitar esses pontos críticos a que estou me referindo no Estado de Rondônia. Mas me foi feita também uma pergunta que preciso tratar publicamente, isto é, se o diretor de planejamento do DNIT, o ex-Deputado Miguel de Souza, do meu Estado, tem alguma culpa nisso. Eu disse e vou repetir que absolutamente não. O ex-Deputado Miguel de Souza é um diretor exemplar do DNIT, faz um trabalho fantástico. Rondônia lhe deve muito por tudo o que tem feito para acelerar obras importantes de responsabilidade daquele órgão. É evidente que não tem nada com isso; ao contrário, tem ajudado muito o Estado de Rondônia. Sr. Presidente, feito este registro, fica aqui esta comunicação. O nosso objetivo com essa PFC — e agora vai ser designado o relator da matéria — é no sentido de apurar responsabilidades e exigir providências, sobretudo das empreiteiras, que são elas que recebem o recurso para executar obras de padrão. O 94 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 DNIT não aprova projeto que não seja padrão, essas empreiteiras têm que executar obras com os cuidados que a engenharia brasileira recomenda na construção de obras desse porte. Aproveito a oportunidade para dizer que hoje pela manhã, mais uma vez, participei, em São Paulo, de uma reunião do Conselho Superior de Assuntos Jurídicos e Legislativos — CONJUR, de altíssimo nível da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, que assessora a diretoria e a presidência daquela importante instituição paulista. O tema hoje abordado foi a execução fiscal administrativa, penhora pela própria Procuradoria da Fazenda Nacional, privilégios maiores para dívida ativa, obrigação legal de pagamento de tributos em detrimento de qualquer outra despesa ou débito de empresas, ampliação das hipóteses de corresponsabilidade dos sócios, titulares, administradores, gestores, pelo pagamento de tributos, transação tributária, anistia, não mais de caráter geral, mas, caso a caso, escolhido pelo Procurador e pelo fisco. A principal palestra foi proferida pelo Conselheiro Dr. Antonio Carlos Rodrigues do Amaral, professor de Direito Constitucional, membro da OAB-SP, e também pela Dra. Márcia Regina Machado Melaré, Diretora do Conselho Federal da OAB e da Corregedoria Nacional da OAB. O assunto foi exaustivamente debatido. Eu, que tenho participado daquele Conselho, com muita honra, há quase 3 anos, tenho sido reiteradamente convidado por especial gentileza do Presidente do Conselho, ex-Ministro Sydney Sanches, essa foi talvez, das reuniões, a mais longa, só a discussão entre os Conselheiros tomou mais de 1 hora e vinte minutos do debate. É um assunto muito preocupante e que tramita nesta Casa. Trata-se de uma Comissão Especial instituída para analisar o Projeto de Lei nº 5.080, de 2009, de 95 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 autoria do Poder Executivo, que dispõe sobre a nova forma de cobrança da dívida ativa da Fazenda Pública, seja ela federal, estadual ou municipal. A conclusão a que chegamos da discussão desta matéria, no conselho jurídico — repito, de altíssimo nível —, é estarrecedora! É uma verdadeira inquisição fiscal o que se está propondo. Trata-se de uma proposta absolutamente “ideologizada” — entre aspas. Eu diria mais: é um genocídio fiscal, uma verdadeira ofensiva estatal, autoritária, ao contribuinte. Não se trata de projeto democrático, mas de algo que vai prejudicar diretamente o contribuinte, que, nessa equação, fica completamente abandonado, relegado ao segundo plano. Valoriza-se demais a cobrança de tributos. Eu não sou um alardeador da sonegação fiscal, sou contra ela; mas é preciso entender que, se de um lado temos o Fisco cobrando os impostos — aqui relembro que o Brasil tem, talvez, a mais alta carga tributária do mundo, beira os 40% —, do outro lado, o Fisco tem de entender que há o contribuinte, que merece respeito, precisa de receber tratamento adequado. Quanto à proposta em discussão, há interesse do Governo. Sugiro à sociedade — as federações das indústrias dos Estados, as federações do comércio, as associações comerciais, as entidades que representam o pagador de impostos do País — que se mobilize, porque esse projeto atinge frontalmente a cidadania, o Estado Democrático de Direito, todos os cidadãos, desde o mais humilde até aquele que tem mais condições de contribuir com impostos, a exemplo de algumas empresas. Aquele que paga imposto retido na fonte está sujeito a arbitrariedades jamais vistas na legislação brasileira. 96 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 Registro aqui essa participação muito importante. Estamos iniciando o processo de debates na Comissão Especial, por meio das audiências públicas que serão realizadas. Já tenho requerimentos aprovados. Notáveis do Direito brasileiro estão sendo convidados para discutir esse assunto na Comissão Especial. Solicito aos Srs. Deputados que participem das discussões dessa matéria, que é muito importante. Esse projeto fere a cidadania, fere o direito do contribuinte brasileiro, e, portanto precisa da atenção especial desta Casa. Somos contra o sonegador; somos a favor, sobretudo, daquele que contribuiu honestamente. Muito obrigado. Durante o discurso do Sr. Moreira Mendes, o Sr. Marcio Junqueira, § 2º do art. 18 do Regimento Interno, deixa a cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr. Chico Lopes, § 2º do art. 18 do Regimento Interno. 97 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 O SR. PRESIDENTE (Chico Lopes) - Concedo a palavra ao Deputado Marcio Junqueira, pelo Democratas, que disporá de 10 minutos na tribuna. O SR. MARCIO JUNQUEIRA (DEM-RR. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ocupo este espaço mais uma vez para trazer determinadas situações que geram muita especulação. Tenho visto e ouvido alguns Deputados do nosso Estado, o meu querido Estado de Roraima, trazerem preocupações com as questões de energia elétrica do nosso Estado — o fornecimento, o preço da tarifa, e o Programa Luz para Todos. Mas é importante que a população do meu Estado e do Brasil saibam — para que possam entender e, de fato, terem uma opinião de juízo a respeito do caos que se abate sobre aquela Unidade da Federação — da falta de planejamento e de compromisso tanto do Governo Federal como de alguns Governos passados. O meu Estado, Roraima, completou, em 2009, 21 anos como Estado. E pasmem, Sras. e Srs. Deputados, e brasileiros que nos assistem, através da TV Câmara, que Roraima não tem uma matriz energética definida. Roraima está refém do fornecimento de energia do Complexo Hidrelétrico de Guri-Macagua, na Venezuela, o qual, todos sabem, passa por um momento muito difícil. Das 20 turbinas de Guri, 12 estão paradas; apenas 8 estão funcionando. Em função disso, Deputado Flávio Dino, Roraima passou a viver como vivia há 30 anos: com racionamento de energia. É importante que saibam os ambientalistas que são contra — de forma equivocada — a construção da barragem de Cotingo, no Rio Cotingo, lá na região da Raposa Serra do Sol, que nós estamos queimando, consumindo e transformando diariamente 200 mil litros de óleo diesel em fumaça. Nós estamos queimando 400 98 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 mil reais, diariamente, em Roraima, que se transformam em fumaça. Ora, não é para se diminuir a emissão de gases na atmosfera? Então existe um contrassenso por parte daqueles que defendem a não construção de Cotingo. Precisamos de Cotingo já! Precisamos ter a coragem e a brasilidade de construir uma hidrelétrica dentro do Estado de Roraima, em função da distância que temos dos outros sistemas. Não podemos esperar o sistema nacional, que ainda não tem nem o EIA/RIMA, no que diz respeito à rede de Tucuruí — no Estado do Pará, até o Amazonas —, resolver o nosso problema de energia; nós precisamos e vamos resolver essa questão de Cotingo! Vamos construir Cotingo! Roraima vai ter uma matriz energética própria, brasileira! Quero também, Sr. Presidente, de forma rápida, relatar a questão do programa Luz para Todos. Alguns Parlamentares da base do Governo do PT têm dito aqui que a culpa do desvio que ocorreu é do Governo do Estado. Não! É importante que esses Parlamentares, quando comentarem isso, relembrem quais foram os Governos que desviaram o dinheiro do Luz para Todos. O Governador José de Anchieta, do PSDB, que governa Roraima há pouco mais de 2 anos, ao contrário das críticas que recebe, teve a coragem de enfrentar o problema energético de Roraima. O Governador Anchieta contraiu um empréstimo no BNDES — o Governo Federal não ofereceu nada para Roraima, não! O Governo do Presidente Lula não ajudou Roraima em nada na questão da energia —, na ordem de 200 milhões de reais, pagou o que se devia do Luz Para Todos — foram descontados na boca do caixa 40 milhões de reais —, e hoje o Estado de Roraima está apto a reiniciar, em âmbito estadual, de responsabilidade do Estado, o Projeto 99 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 Luz Para Todos. O Governador Anchieta vai levar energia à casa de cada roraimense, de cada colono, no meu Estado, mas por seus méritos e coragem. No entanto, ele recebe críticas, Sr. Presidente, exatamente daqueles que nada fizeram, daqueles que abandonaram Jatapu, a nossa PCH — Pequena Central Hidrelétrica — no sul do Estado, construída para abrigar 4 turbinas para produção de 2.5 megawatts/dia. E foram instaladas 2 turbinas. Os outros Governos que vieram depois do nosso Governo, o Governo do Ottomar de Sousa Pinto, simplesmente abandonaram Jatapu, não cuidaram das 2 turbinas, nem colocaram as outras 2 turbinas. Hoje, o sul do Estado padece, mas o Governador Anchieta assinará no dia 30 a ordem de serviço para a revitalização das 2 turbinas e instalação das outras turbinas de Jatapu, que gerará energia segura e limpa. Aqueles que abandonaram Jatapu agora criticam o Governador. Ainda para lembrarmos, trazermos à memória desses que devem estar sofrendo de amnésia, enfatizo que esses que criticam o Governador Anchieta são os que fizeram, de forma mágica, até, digamos, sobrenatural, desaparecer 38 milhões de dólares de um financiamento que a Cooperação Andina de Fomento (CAF) repassou para o Estado, quando governavam o Estado, sendo que um era Governador e o outro, Vice, os 38 milhões de dólares desapareceram, sumiram! Portanto, não podemos mais aceitar leviandade, mentiras, conversa fiada! A população de Roraima precisa, sim, de ação, de determinação, de coragem. Isso o Governador Anchieta tem demonstrado de sobra. Eu, como faço parte da base de apoio do Governo do PSDB em Roraima, da base de apoio do Governador Anchieta, sinto-me na obrigação de fazer este relato nesta tarde. 100 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 Queremos e vamos, o Governador Anchieta vai levar energia, mesmo contraindo empréstimos. Não é o Governo Federal ajudando com nada, é o Estado, numa luta incansável pela sobrevivência de se firmar como ente federativo, buscando solucionar esses problemas. E vamos solucionar! Termino meu pronunciamento nesta tarde parabenizando o Governador Anchieta por sua coragem, determinação e compromisso com o meu querido Estado de Roraima. Muito obrigado, Sr. Presidente. 101 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 O SR. PRESIDENTE (Chico Lopes) - Concedo a palavra, conforme o art. 87 do Regimento Interno, ao Líder do PT, Deputado Eduardo Valverde, pelo prazo de 8 minutos. O SR. EDUARDO VALVERDE (PT-RO. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, inicialmente, quero fazer uma pequeno registro. Dezenove de março foi o Dia do Artesão e o Dia de São José. São José foi marceneiro, artesão. Em homenagem ao artesão, o Dia de São José foi destinado ao artesão brasileiro, que hoje expressa o envolvimento de mais de 9 milhões de brasileiros que vivem do artesanato. Em termos econômicos, quatro por cento de nosso PIB é fruto do trabalho artesanal, que ocupa 8 a 9 milhões de pessoas. Isso emprega na economia brasileira cerca de 800 mil pessoas, o número de empregos gerados na indústria automobilística. Então, oito milhões de pessoas geram 4% do PIB; e 800 mil trabalhadores empregados na indústria automobilística geram de 5% a 7% do PIB. São valores equivalentes, mas com efeito social muito mais abrangente. Além de o efeito social empregar tanta gente, há o efeito sobre a cultura. Em cada peça de artesanato, o artesão expressa sua origem, sua etnia, seus valores culturais, seus sentimentos, expressa muito a alma do povo brasileiro. Em homenagem ao dia 19 de março, externo meus parabéns ao artesão brasileiro. Sou autor do único projeto de lei tramitando na Casa que cria a profissão de artesão, define o que é artesanato, estabelece os paradigmas para a política de estímulo ao artesanato, tal como ocorre na Itália e em Portugal. Sr. Presidente, uso este tempo pelo meu partido também para falar um pouco sobre essa saída do armário de José Serra — o presidenciável Serra —, que 102 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 anunciou publicamente que é candidato a Presidente da República. Ficou no armário esse tempo todo, esperando, talvez, um melhor momento para fazer esse lançamento. Muita dúvida podemos ter sobre quem é José Serra, o que propõe para o Brasil. Essa saída abrupta do armário deixa uma incógnita: o que fará se ganhar as eleições o Presidente Serra? Acabará com o Bolsa Família? Dará continuidade às políticas sociais do Presidente Lula, que incorporou em torno de 40 milhões de brasileiros ao mercado consumidor com a elevação do salário mínimo acima da inflação? Dará continuidade a essa política de elevação do salário mínimo, caso seja eleito, ou não? Fará aquilo que o Presidente anterior, Fernando Henrique Cardoso, fez, ao manter a elevação do salário mínimo, como estabelece a Constituição? Fortalecerá o mercado interno, ou, como fez seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, manterá os olhos voltados para o mercado externo, associando-se ao mercado internacional, desnacionalizando a economia brasileira, fazendo um pacto com o capital externo, que se apropriou de boa parte da indústria brasileira? Fará o que está sendo feito pelo Presidente Lula, um pacto com o capital nacional brasileiro, fortalecendo as empresas nacionais, que hoje disputam no cenário internacional o espaço econômico? Exemplos disso são Vale do Rio Doce, Brasil Foods, a maior empresa de proteína do mundo, JBS, outra empresa de porte internacional, EMBRAER, a quarta maior companhia fabricante de aviões no mercado internacional. É essa a parceria que será feita ou será aquela do passado, quando boa parte da telefonia brasileira, a petroquímica, a química fina e a indústria de base foram vendidas para o capital externo? Essa é a política econômica do futuro 103 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 Governo Serra? Se for, esqueça a população brasileira esse modelo de nacionalismo, de empresa nacional, de o Brasil atuando nos fóruns internacionais como nação independente, não mais como nação subalterna. Se é esse o país que todos querem, está aí uma boa opção. Certamente, ele não divulgará isso, irá esconder as suas reais intenções. Ou será que a elite brasileira, que hoje se reúne no fórum Milênio, grupo que reúne o pensamento conservador, que é contra o Estado indutor e regulador, que é o laissez-faire, como fizeram no passado, quer outra coisa? Será que é melhor esse Estado à la laissez-faire, que sucumbiu à crise internacional, ou será melhor o que protege sua economia, principalmente seu mercado interno, diante de competição internacional cada vez mais violenta, com várias bolhas que pipocam no mundo todo? Será que é o capitalismo selvagem que o presidenciável Serra deseja para o País? Certamente, ele nunca dirá isso de viva voz, mas seus interlocutores na sociedade, aqueles que o apoiam, que se reúnem em saraus regados a muito uísque 12 anos importado, que nutrem o mais conservador do pensamento da elite brasileira... Porque podemos ver anunciado em blogs, notas de jornais ou reuniões desse grupo Milênio coisas desse tipo. Isso é externalizado, dia a dia, pela grande mídia, boa parte da qual volta e meia se associa ao golpismo udenista para acirrar a disputa política, muitas vezes voltando as suas baterias contra o meu partido, o Partido dos Trabalhadores. Ultimamente, a revista Veja, O Estado do S.Paulo e a Folha de S.Paulo têm direcionado suas baterias contra meu partido porque sabem que o PT juntamente com vários partidos de esquerda dão sustentação política ao Presidente Lula, e a 104 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 darão à nossa presidenciável Ministra Dilma Rousseff. Já que o ataque direto tanto à Ministra Dilma quanto ao Presidente Lula têm se mostrado inócuo, atacando meu partido, certamente visam, em primeiro plano, fortalecer a candidatura do presidenciável Serra, que agora sai do armário, mas não diz o que fará. Como fortalecerá o mercado interno? Como manterá a estabilidade econômica? Como manterá o País com uma relação diplomática multipolar, não subordinada a Estados Unidos ou Europa, mas fazendo aquilo que Lula está fazendo — sendo um grande líder, trabalhando em prol da paz, no sentido de que as relações de troca sejam justas e, as relações Leste-Oeste e Norte-Sul, mais equilibrada? É esta lacuna que está por preencher o presidenciável Serra: dizer o que fará para que o País continue crescendo, gerando trabalho e principalmente distribuindo renda! Quero ver qual é o Presidente da República que terá coragem de dizer à elite econômica brasileira que tem de ganhar dinheiro sim, mas distribuindo parte dessa renda para aqueles que dependem de pegar um trem, um ônibus para trabalhar, para disputar o mercado de trabalho cada vez mais difícil devido à globalização e aos avanços tecnológicos, que reduzem empregos. Com esse novo formato de mercado, de economia, de Estado indutor é que o Brasil hoje tem de caminhar. Não gostaríamos de retroceder, cair para trás, voltar a ser um país subalterno, com mercado externo voltado à exportação de produtos primários, quando somente quem era pecuarista ou grande produtor de grãos ou quem, vivendo num capitalismo oligárquico e monopolista, se valia dessa concentração de capital nas mãos de pouca gente. 105 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 No contexto atual, há amplitude maior de acesso ao crédito, que permite às micro, pequenas e médias empresas sobreviverem neste capitalismo selvagem. É esse o rumo para o qual queremos direcionar este País que estamos buscando transformar. Que o presidenciável Serra saia do armário e diga para o povo brasileiro o que fará, com quem está, o que pensa do futuro, dos trabalhadores, de uma sociedade democrática, fraterna e justa. São as perguntas que o povo brasileiro espera sejam respondidas! Durante o discurso do Sr. Eduardo Valverde, o Sr. Chico Lopes, § 2º do art. 18 do Regimento Interno, deixa a cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr. Marcio Junqueira, § 2º do art. 18 do Regimento Interno. 106 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 O SR. PRESIDENTE (Marcio Junqueira) - Continuando o período de Comunicações Parlamentares, concedo a palavra ao ilustre Deputado Chico Lopes, que tão bem representa o Estado do Ceará e seu partido, o PCdoB, que disporá de até 10 minutos. O SR. CHICO LOPES (Bloco/PCdoB-CE. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, gostaria de agradecer ao Prefeito de Potengi, — cidade da Região do Cariri, ao sul do Ceará —, o Dr. Samuel, jovem que tem imprimido um novo conceito de administrar o Município, com a participação da população e com um Secretariado capaz de fazer a coisa acontecer, o convite que aconteceu exatamente no dia de São José, que, além de ser padroeiro do Ceará é também padroeiro de Potengi, para comemorações de inauguração de calçamentos e reforma de colégios, enfim, aquilo que todo cidadão gosta de que aconteça no seu Município, que é a melhoria das condições de moradia. O ponto alto das comemorações se dá no campo da religiosidade, quando, sob a orientação do Padre Erinaldo e todas as pessoas ligadas à Igreja, fizeram um leilão à noite que movimentou toda a sociedade. Lideranças comunitárias, políticas, enfim todos atenderam ao chamamento do Padre Erinaldo, responsável pela matriz daquela cidade. Depois, o Prefeito ofereceu aos convidados uma festa que foi até alta madrugada, num comportamento de pessoas civilizadas, que era um congraçamento entre o povo e os amigos daquele Município. Portanto, quero agradecer e parabenizar o Prefeito e o seu Secretariado, na pessoa do Prefeito Samuel. 107 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 Quero também parabenizar o 123º aniversário do Colégio Justiniano de Serpa, um dos colégios mais antigos de Fortaleza, senão do Estado do Ceará, no mesmo pé de igualdade do Liceu, que tem 150 anos de existência. Fui professor daquela instituição de ensino durante 30 anos e tenho certeza da nossa participação na formação de várias normalistas que hoje são professoras em vários colégios de Fortaleza. Depois, com a reforma do ensino, que deixou de ser apenas um colégio para mulheres, passou a ser um colégio misto, e continuamos trabalhando até o momento em que fomos eleitos Deputado Estadual, quando fomos proibidos por lei de continuar em sala de aula, lei essa que achamos justa. Mas hoje a Câmara Municipal vai fazer uma grande homenagem que julgo muito justa a vários ex-diretores do Justiniano de Serpa, entre os quais uma jornalista e professora universitária que o dirigiu em um momento muito difícil. Essa homenagem para nós é um marco importante. Hoje a direção está com o Prof. Capiberibe. Portanto, o aniversário de 123 anos de um colégio como o Justiniano de Serpa é motivo de alegria para todo o cearense, inclusive para o Governador Cid Gomes, que tem dado uma atenção especial à melhoria da educação no Ceará por meio da Secretária Izolda. Evidentemente, temos problemas na área de educação, a começar pela indefinição do piso salarial nacional. Não sabemos bem o que vai acontecer, se o piso vai ser de 950 reais ou se vai ser levada em conta a somatória de todas as vantagens, direta e indiretamente. 108 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 Portanto, aqui fica o nosso abraço e a nossa alegria de ter trabalhado 30 anos nesse colégio e de saber da importância que ele teve na formação dos nossos jovens durante todo esse tempo. Parabéns a todos aqueles que fizeram e fazem o Justiniano de Serpa! Muito obrigado, Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (Marcio Junqueira) - Nós é que agradecemos o seu pronunciamento, Deputado Chico Lopes, que há pouco chegou de viagem e veio diretamente ao plenário desta Câmara, inclusive trazendo a sua bagagem, para se pronunciar. 109 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 O SR. PRESIDENTE (Marcio Junqueira) - Chamo, para fazer uso da tribuna da Câmara dos Deputados, um Deputado que é referência nesta Casa, tão bem representa o povo do Maranhão e nos orgulha ter como colega, Flávio Dino, que falará pelo Bloco Parlamentar PSB/PCdoB/PMN/PRB. O SR. FLÁVIO DINO (Bloco/PCdoB-MA. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, cumprimento V.Exa. e os nobres pares e agradeço a generosidade da apresentação de V.Exa., que muito me honra. Venho a esta tribuna fazer 2 solicitações. Uma é dirigida à Exma. Governadora Roseana Sarney, relativa à situação dos servidores públicos do Estado do Maranhão. Sabemos que uma das marcas desta nova fase que o Brasil está vivendo é a valorização do serviço público e dos servidores públicos, como agentes indispensáveis ao desenvolvimento do País e da Nação. É por intermédio da atuação do serviço público que podemos distribuir riqueza e justiça, garantir que os bens materiais cheguem a todos e concretizar as políticas públicas que neste Parlamento aprovamos. Por isso, os servidores públicos devem ser valorizados permanentemente. Esse é o desejo da nossa Constituição quando, no art. 37, inciso X, entre os direitos dos servidores públicos em todos os níveis, elenca o direito à chamada revisão geral anual, ou seja, uma data a ser fixada. De acordo com a deliberação dos Chefes do Poder Executivo e dos respectivos Poderes Legislativos em cada Estado, deve haver um reajuste para garantir, no mínimo, a reposição da inflação efetivamente verificada, a fim de evitar a depreciação do poder aquisitivo dos servidores públicos. 110 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 É por isso que venho transmitir, da tribuna da casa do povo brasileiro, à Sra. Governadora, assim como aos Deputados Estaduais do Maranhão, o justo reclamo que tenho recebido de muitos segmentos do serviço público estadual, que desejam ver concretizada, o quanto antes, a garantia de que haja a revisão geral das suas remunerações, para todas as categorias, no mesmo índice, na mesma data, além, evidentemente, das readequações e reestruturações de carreiras que se façam necessárias, de acordo com a realidade, a singularidade e a especificidade de cada setor e de cada categoria do serviço público. O segundo pleito que venho apresentar dirige-se ao Superior Tribunal de Justiça e ao Conselho da Justiça Federal. Nós, na Câmara, no Senado, no Congresso Nacional, aprovamos no ano passado projeto de lei enviado pelo Superior Tribunal de Justiça prevendo a reestruturação da Justiça Federal brasileira — que tanto conheço e que tive a honra de integrar por 12 longos anos —, pela implantação de 230 novas Varas Federais. Recebi estudo, de alta qualidade e fundamentado tecnicamente, dos Juízes Federais da Seção Judiciária do Maranhão, onde atuei como Juiz Federal. No ano passado, estivemos com S.Exa., o Ministro Cesar Asfor Rocha, Presidente do STJ, a quem levamos esse estudo. Chega até nós a notícia de que o Superior Tribunal de Justiça e o Conselho da Justiça Federal vão deliberar em breve acerca da destinação e da localização dessas Varas da Justiça Federal. Quero apresentar, Exmo. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, senhoras e senhores que nos ouvem, alguns números que justificam o pleito de que a Justiça Federal maranhense seja ampliada em, pelo menos, 20 novas unidades, sejam varas, sejam Juizados Especiais. 111 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 O Maranhão é hoje o Estado com a pior distribuição de processos por unidade jurisdicional. Tem o primeiro lugar em sobrecarga do Poder Judiciário Federal — em segundo lugar, vem o Pará; em terceiro, o Piauí; em quarto, Minas; em quinto, o Estado de São Paulo. Se compararmos a relação entre o número de juízes e o número de habitantes, novamente o Estado do Maranhão tem a pior relação — em segundo lugar, está o Estado do Pará, novamente. Se analisarmos o índice técnico da Justiça Federal — o chamado Índice de Carência de Varas —, vamos verificar que o Estado do Maranhão tem também o índice que mais recomenda a implantação de novas unidades da Justiça Federal. Com base nesse estudo técnico, hoje renovei ao Presidente do STJ, Ministro Cesar Rocha, a solicitação não só dos juízes e juízas, dos advogados e advogadas e dos servidores e servidoras do Poder Judiciário do Maranhão, mas também e sobretudo dos destinatários dos serviços judiciários, os cidadãos e cidadãs do Maranhão, principalmente os mais carentes, aqueles que buscam os Juizados Especiais, hoje infelizmente incapacitados de entregar o produto final desejado pelas partes em tempo socialmente útil, dada a carência demonstrada pelos números. Portanto, com base nessa realidade social e nesses dados técnicos, venho aqui renovar — e, desta vez, de público — a solicitação do meu Estado, o Maranhão, para que recebamos das 230 varas que serão implantadas pelo menos 20 novas unidades, que serão distribuídas não só na Capital, São Luís, e nas cidades de Imperatriz e Caxias, onde já existem Varas da Justiça Federal, mas também em outras cidades do Maranhão que devem ser contempladas pelo plano de expansão. Assim, além da Capital e das cidades de Imperatriz e Caxias, nas 112 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 quais a Justiça Federal já se encontra presente, outras regiões do Estado devem ser atendidas, em função da dimensão do Estado brasileiro, que tem tantas e tão variadas funções, todas revestidas de alta importância, destinadas a garantir que as leis não sejam um repositório vazio de intenções. Na verdade, a atuação do Poder Judiciário, que controla a legalidade dos atos administrativos, garante que as leis sejam efetivamente cumpridas e proporciona igualdade a todos. Esse é o pleito que faço. Agradeço a V.Exa. 113 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 O SR. PRESIDENTE (Marcio Junqueira) - Concedo a palavra, para uma Comunicação Parlamentar, pelo PT, ao ilustre Deputado Eduardo Valverde, que tão bem representa o Estado de Rondônia. S.Exa. ocupará, na tarde de hoje, mais este espaço. O SR. EDUARDO VALVERDE (PT-RO. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, gostaria de comunicar a presença da Ministra Dilma, na próxima quarta-feira, em Humaitá, uma cidade fluvial do Amazonas que faz divisa com Rondônia. A Ministra Dilma e o Ministro Alfredo Nascimento vão fazer o lançamento de um porto fluvial. Na Amazônia, o transporte fluvial é um dos poucos meios de transporte que a população ribeirinha tem, para mercadorias e passageiros. Teremos a inauguração do porto fluvial e também o lançamento de ponte sobre o Rio Madeira. A BR-319, que liga Porto Velho a Manaus, terá essa ponte sobre o Rio Madeira. Um trecho de 400 quilômetros, de Humaitá a Careiro e de Careiro a Manaus é o mais polêmico, porque passa por uma densa floresta. Estamos aguardando a liberação do IBAMA para começar as obras. Futuramente, poderemos ter a antiga estrada de Porto Velho a Manaus, de que a floresta tomou conta, sendo restaurada. E o acesso ao mercado caribenho poderá ser feito por essa rodovia, que tem de ser licenciada e construída de maneira ambientalmente sustentável. Para Rondônia, é muito importante esse contexto, até porque é o Estado da Região Norte que tem a maior promissão no tocante à integração latino-americana. Este ano, já estará trafegável a Rodovia Transcontinental, que interligará o Brasil e o Peru, com acesso a portos do Pacífico. A BR-364 será toda restaurada. O trecho peruano estará pronto em outubro deste ano. Com isso, todo o tráfego entre o Brasil 114 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 e o Peru, no porto de Ilo, no Estado de Maldonado, poderá ser feito por rodovia. Então, parte da mercadoria de Mato Grosso do Sul poderá ser trafegada pela BR364, que será transformada numa rodovia internacional, e direcionada ao Porto de Ilo. Com essa rodovia, as cargas que saem pelo Porto de Santos e pelo Porto de Paranaguá e passam pelo Canal do Panamá ou pelo Estreito de Magalhães podem sair pelo Porto de Ilo, economizando 4 mil quilômetros para chegar aos portos asiáticos. A Rodovia Centro-Leste, trecho até Vilhena, Estado de Rondônia, terá iniciado o projeto executivo, tendo em vista que o licenciamento foi feito. Posteriormente, será construído o trecho de Vilhena a Porto Velho, no Acre. Do Acre ao Peru teremos também um viés ferroviário, conectando o Brasil aos países latinoamericanos. Por último, temos a Hidrovia do Rio Madeira, que já foi concluída até Porto Velho. Com a terceira hidrelétrica, que será feita em parceria com a Bolívia, todo o trecho encachoeirado do Rio Madeira será navegável, acessando os portos do Pacífico. Com isso, Rondônia torna-se o Estado mais estratégico da Região Norte, quiçá do Brasil, porque, dentro da nova concepção brasileira de integração latino-americana, o Brasil está financiando integração energética, integração dos transportes rodoviário, hidroviário e ferroviário e também integração econômica, haja vista os grandes investimentos que empresas brasileiras estão fazendo no Peru, na Bolívia, no Equador, na Colômbia. O Brasil está estimulando os países vizinhos a aumentarem sua economia para ampliar o intercâmbio comercial. Isso é muito importante para um país que quer ser hegemônico na América Latina. 115 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 Rondônia está no epicentro desse contexto. Por isso, nossos governantes têm que ter uma visão estratégica de como alavancar a economia do Estado atrelando-a ao novo contexto econômico nacional e internacional. A saída para o Pacífico, a integração latino-americana comercial, tudo isso faz parte de um discurso que o Brasil está fazendo e que é importante para a economia brasileira. A região amazônica não pode ficar fora. Vivemos durante décadas com um baixo IDH, sem condições de utilizarmos os recursos disponíveis. Agora estamos dentro de outro cenário que muito poderá alavancar a economia amazônica, principalmente a integração latino-americana e o intercâmbio com os países vizinhos. Nesse sentido, os investimentos feitos pelo PAC em Rondônia são alvissareiros. Vemos que o centro de referência dessa integração pode abrir portas para esse novo e pujante mercado que o Brasil está fomentando. O investimento em infraestrutura energética e em transporte muito facilitará o intercâmbio. Além disso, a saída para o Pacífico fortalecerá o comércio internacional, principalmente o asiático, e fortalecerá, também, a economia latino-americana. Hoje, passamos por uma fase de estabilidade política. O período de golpes e contragolpes ficou no passado. Os governos populares democráticos têm ampliado os mercados consumidores, melhorando o poder de compra da população latino-americana. E este cenário de incentivar o fortalecimento das relações comerciais com o mundo asiático, principalmente com a exportação de commodities, de produtos de maior valor agregado, interessa para o desenvolvimento do que talvez seja o principal continente no planeta hoje, que não sofreu os reveses da crise internacional. 116 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 A América Latina foi a parte do continente americano que mais teve consistência para superar a crise internacional. Essa consistência lhe permitirá sair mais fácil dessa crise — como está ocorrendo — e se fortalecer no cenário internacional. É alvissareira a presença da Ministra Dilma hoje para o contexto rondoniense, dentro do cenário amazônico. 117 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 O SR. PRESIDENTE (Marcio Junqueira) - Passo a palavra, imediatamente, para uma Comunicação Parlamentar, ao ilustre Deputado Geraldo Resende, pelo Bloco Parlamentar PMDB/PTC. O SR. GERALDO RESENDE (Bloco/PMDB-MS. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, eu gostaria de me reportar — muitas vezes, a grande imprensa diminui, e muito, o trabalho parlamentar — a este final de semana, em que estivemos no Estado de Mato Grosso do Sul. Hoje podemos dizer das várias ações que fizemos junto ao Governador do Estado. Isso mostra o incessante trabalho do Parlamentar no sentido de melhorar a vida da população de Mato Grosso do Sul, principalmente das pequenas cidades do Estado. Na sexta-feira, pela manhã, visitamos várias frentes de pavimentação asfáltica, de feitura de drenagem e também de saneamento básico na nossa cidade. Na manhã daquela sexta-feira também visitamos uma belíssima praça, construída no Parque Alvorada, um bairro de classe média, onde vivem vários docentes da UFGD. Aliás, essa universidade também foi uma conquista parlamentar durante o nosso mandato. Nesse bairro concentra-se a maioria dos professores dessa universidade. Há muito a população de Dourados sonhava com uma praça. Logo depois nos dirigimos ao Bairro Novo Horizonte, um bairro novo na cidade, que comporta grande contingente de pessoas. Há muito tempo os moradores desse bairro aguardavam o asfalto e a drenagem. Visitamos a frente do asfalto, vimos o contentamento da população. Nos dirigimos à Vila Cachoeirinha, um dos bairros mais antigos da cidade, que há muito também aguardava o saneamento básico — através do PAC Saneamento — e a drenagem. Quando chovia nesse bairro inundavam todas as 118 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 casas dos moradores. O bairro fica em uma área inóspita. Está sendo feita a drenagem. Já temos recursos garantidos, através de emenda parlamentar, para a pavimentação asfáltica. Depois nós nos dirigimos à Vila Bela e Vila Erondina, próximo à Vila Cachoeirinha, e verificamos o andamento de várias obras de pavimentação asfáltica e drenagem. Na parte da tarde, estivemos em Caarapó, onde fomos lançar, junto com o Prefeito Mateus Palma de Farias, a obra da praça da Vila Planalto. E logo depois nos dirigimos à Vila Planalto, à quadra 7075, onde há uma grande voçoroca. Para que os nossos ouvintes entendam, voçoroca é uma grande erosão. Lá estão sendo feitas, neste momento, as obras de drenagem, evitando que essa erosão se alargue, tomando conta das casas. Na noite da sexta-feira, estivemos em Rio Brilhante, lançando com o Prefeito Donato Lopes um pacote de obras do Plano de Metas 2010 da Prefeitura, em que estavam contempladas duas grandes ações deste Parlamentar; uma era a pavimentação asfáltica — 1 milhão — no bairro Benedito Rondon, um dos bairros com maior adensamento populacional. A população aguardava, com expectativa, essa pavimentação. No sábado, pela manhã, recebemos a visita do Governador — Uma agenda carregada. Foi feita a distribuição a 3.600 famílias do Vale-Renda, um cartão que possibilita a elas receberem um recurso mensal, o que lhes propicia condições de cidadania e dignidade. Eram 3.600 famílias, humildes, num grande ginásio de esportes chamado Jorjão, em homenagem a Jorge Antonio Salomão, que foi Prefeito da cidade. 119 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 Também estivemos na reserva indígena, onde distribuímos cestas de suplementação alimentar, do Governo do Estado, para mais de 1.600 famílias indígenas. Logo depois, inauguramos uma ala do hemocentro de Dourados. Depois fizemos parte, também, de um seminário habitacional para os agricultores da chamada agricultura familiar. O Governo assinou ordem de serviço para a construção de 309 casas destinadas à população de municípios do entorno de Dourados, completando aí mais de 10 mil casas construídas em apenas 4 anos para a população que mora em assentamento, em distritos e aldeias de Mato Grosso do Sul. Foram 10 mil casas foram construídas em apenas 4 anos, somando-se a outras 30 mil construídas nas áreas urbanas dos municípios de Mato Grosso do Sul. Com isso, superamos, em muito, a meta do Governo de, nos 4 primeiros anos, fazer 40 mil casas. Na manhã de hoje, Sr. Presidente, reunimo-nos com 14 prefeitos — 20% dos prefeitos de Mato Grosso do Sul — para assinar, na Caixa Econômica Federal, os convênios, frutos das emendas parlamentares do Deputado Geraldo Resende, que vos fala. Somados aos recursos, isso dará mais de 5,8 milhões de reais para os municípios, que têm, nos recursos de emendas dos Parlamentares, a única possibilidade de fazer qualquer investimento no tocante às demandas que a cidadania lhes cobra. Esses recursos vão permitir fazer a drenagem e a pavimentação asfáltica desses 14 municípios. Muitas vezes, o que há nos cofres do município não dá para fazer esse investimento, porque é preciso pagar o próprio custeio. Os repasses constitucionais impossibilitam ao município fazer qualquer investimento se não houver esforço da bancada federal do Estado. Isso acontece 120 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 em todos os Estados da Federação. Mas, muitas vezes, a grande imprensa não faz essa leitura. Essa é a única possibilidade de o município receber recursos para fazer pavimentação asfáltica, posto de saúde, saneamento básico; para melhorar, remodelar um hospital; para comprar equipamentos que possibilitem a remoção do paciente grave quando ele precisa dirigir-se a algum outro município cujo hospital seja melhor equipado para poder salvar sua vida. Estou fazendo aqui um pequeno reporte das atividades de um Deputado. Muitas vezes, a grande imprensa só mostra o líder de um partido ou de outro. Os grandes debates nacionais — que são importantes — não dão a dimensão do trabalho de formiguinha de um Parlamentar ativo, que faz com que essa ação possibilite construir alternativas e uma vida melhor para a população dos pequenos municípios espalhados por este País. Hoje estou aqui fazendo esse comentário acerca do meu final de semana como Parlamentar em Mato Grosso do Sul. Um abraço, Sr. Presidente! O SR. PRESIDENTE (Marcio Junqueira) - Sem dúvida nenhuma, essa disposição do Deputado Geraldo Resende é que explica o reconhecimento do povo de seu Estado, Mato Grosso do Sul, que, de forma sábia, mandou S.Exa. a esta Casa. V.Exa., Deputado, representa com altivez, orgulho, decência e honestidade um povo que precisa e quer ter Parlamentares como V.Exa. Nós, da Câmara dos Deputados, ficamos orgulhosos de tê-lo em nossos quadros. Isso demonstra que aqui há muitos Deputados e Deputadas comprometidos com as grandes questões do Brasil e de seus Estados. 121 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 Parabéns a V.Exa., que, ao fazer essa prestação de serviço, enaltece não somente seu trabalho, mas o trabalho de todos os Parlamentares que ocupam assento na Câmara dos Deputados! Parabéns, Deputado Geraldo Resende! Parabéns ao povo de Mato Grosso do Sul por reconhecê-lo! O SR. GERALDO RESENDE - Muito obrigado, Sr. Presidente! 122 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 O SR. PRESIDENTE (Marcio Junqueira) - Concedo a palavra ao Sr. Deputado Mauro Benevides, pelo Bloco Parlamentar PMDB/PTC. O SR. MAURO BENEVIDES (Bloco/PMDB-CE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, numa nova pesquisa patrocinada pela Confederação Nacional da Indústria, que tem à sua frente o nosso colega Armando Monteiro Neto, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva desponta com 75% de aceitação popular, após promover gestão profícua, assinalada por importantes iniciativas em favor do povo brasileiro. Além de concentrar, no Programa de Aceleração do Crescimento, o esforço preferencial, com iniciativas de larga ressonância, é inegável que no âmbito internacional sua imagem ganhou invejável notoriedade, compelindo-o a aceitar convites de outras nações com as quais o Brasil mantém relacionamento diplomático, como recentemente visitou Israel, cuja independência foi proclamada pela ONU, então sob a direção do saudoso Osvaldo Aranha, na época presidindo a sessão daquele organismo que trabalha em favor da paz em todos os continentes. A mídia volta a insistir, depois dos périplos levados a efeito pelo Primeiro Mandatário, que sua aspiração é ocupar a Secretaria Geral da ONU, a fim de que possa ali empreender persistente e devotada colaboração em prol da paz mundial, que deve significar um enorme desafio para qualquer líder de sensibilidade aguçada, compelindo-o a contribuir para a solução de tão nobilitante intento. Não se lhe pode negar a legitimidade da pretensão, se ela for seu projeto de vida, após o término de seus 2 mandatos como Chefe da Nação. A mobilização encetada em 2 gestões apontam-no como pregoeiro da paz, como anunciou em Israel, recentemente, numa conclamação destinada a pôr termo ao conflito 123 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 interminável com os palestinos. A sensibilidade de Lula da Silva é hoje apontada por Barack Obama e por Nicolas Sarkozy, ambos com aprimorada percepção sobre as andanças do antigo sindicalista, agora com preeminência nos círculos decisórios do mundo. A inclusão no G-20 passou a ser um atestado da ampla visão que possui de questões relevantes, as quais necessitam ser deslindadas com apoio e compreensão generalizados. 124 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 VII - ENCERRAMENTO O SR. PRESIDENTE (Marcio Junqueira) - Nada mais havendo a tratar, vou encerrar a sessão, lembrando que amanhã, terça-feira, dia 23, às 10h, haverá sessão solene voltada para a Campanha da Fraternidade de 2010, que tem o tema Economia e Vida. 125 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 O SR. PRESIDENTE (Marcio Junqueira) - Encerro a sessão, antes convocando para amanhã, terça-feira, dia 23, às 14h, sessão ordinária e, após a sessão ordinária, sessão extraordinária, com as seguintes ORDENS DO DIA 126 CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ Número Sessão: 047.4.53.O Data: 22/03/2010 REDAÇÃO FINAL Tipo: Ordinária - CD Montagem: 4176 (Encerra-se a sessão às 18 horas e 27 minutos.) 127