PORTOS E LOGÍSTICA Resano considerou os principais itens da proposta da ACP, que está em debate no governo panamenho e recebe manifestações de empresas e cidadãos daquele país. O tamanho do navio e sua ocupação efetiva vão influir no pedágio. As cargas ficam mais vantajosas quanto maior o navio e quanto maior o volume. De acordo com a entidade, um navio de 49 mil toneladas com 60% de grãos pagaria, pela nova tarifa, US$ 128.710. Já uma embarcação de 130 mil toneladas com a mesma proporção de grãos pagaria US$ 243.150. São US$ 223.800 pelo tamanho do navio e US$ 19.350 pela carga transportada, esclarece. Entre as principais mercadorias exportadas via Panamá estão madeira, alumínio, produtos químicos, minério de ferro e polpa de madeira (celulose). Já os itens importados pelo Brasil são componentes de fertilizantes, carvão, coque, cargas conteinerizadas e fosfatos, totalizando 1,6 milhão de toneladas. Os fluxos mais expressivos destas cargas seguem do Golfo do México em direção à Ásia, da Colômbia para o Chile e da Venezuela e Brasil para a China. A tarifa para contêineres custará US$ 30 por TEU em navios da classe Panamax e US$ 40 para Super Pana24 PORTOS E NAVIOS FEVEREIRO 2015 Custo do pedágio pode manter cargas brasileiras afastadas do canal Arquivo/Guto Nunes luís fernando resano O tamanho do navio e sua ocupação efetiva vão influir no pedágio max, podendo chegar a US$ 35. Contêineres vazios não serão cobrados. O exemplo da ACP indica que um navio de 10 mil TEU com 80% de utilização pagaria hoje US$ 804 mil. Com a nova tarifa, ficaria em US$ 780 mil. Já um navio de 4,7 mil TEUs com 80% de utilização pagaria US$ 394.800 pelo canal atual e US$ 432.400 pelo novo. “Nota-se claramente o incentivo ao uso de navios maiores”, avalia Resano. O custo da logística inclui ainda o tempo parado. No novo cenário, a espera na fila — que representa custo para o exportador — ainda é uma incógnita. O engenheiro e vice-presidente do Syndarma conta que atualmente ela pode chegar a cerca de 36 horas até a passagem pelo canal. Ele reforça ainda que a redução do preço do petróleo poderá favorecer a rota pelo Cabo da Boa Esperança em detrimento da travessia interoceânica pelo Istmo do Panamá. O levantamento do Syndarma reconstrói a trajetória dos preços para transpassar o canal partindo do último reajuste, em 2013. Desde a inauguração do canal, em 1914, até 2002, a tarifa sempre foi calculada em função da tonelagem líquida do navio. Entre 2002 e 2003, o pedágio passou a diferenciar o tipo de navio, o que refletiu num aumento de 8% na tarifa genérica. Já a partir de 2005, o Canal do Panamá começou a considerar a quantidade de contêineres sendo transportados. Em 2009, a ACP estabeleceu critérios distintos entre transportadores de contêineres, passageiros e, por fim, cargas classificadas em geral, refrigerada, granel sólido, tanques, etc., de acordo com uma tabela progressiva. — A crise de 2009 fez com que a autoridade do canal reduzisse tarifa para conteineiros em lastro ou com menos de 30% de carga — conta Resano, que atribui a mudança ao acompanhamento do mercado. As tarifas vigoraram até 2010. No ano seguinte, houve novo aumento e um graneleiro de 60 mil toneladas pagava aproximadamente US$ 210 mil para passar carregado. No aumento mais recente, há dois anos, o mesmo navio pagaria cerca de US$ 240 mil. Para formular a proposta apre-