Metodologia e Prática de Ensino de
Língua Portuguesa
Prof. Cecília Regina Carlini Ferreira Coelho
EaD – Educação à Distância
Conteúdos da Aula:
Processos de leitura;
Esferas discursivas;
Domínios de leitura;
Revisar os conteúdos já
trabalhados.
O Processo de Leitura
“Buttom up”
“Top down”
“Modelo Interativo”
Esferas discursivas:
Esfera literária
gêneros literários
Esfera escolar
gêneros escolares
Esfera jornalística
gêneros informativos
Domínios de Leitura
Localização e recuperação de informação
(ler nas linhas): é buscar e recuperar
informações explícitas no texto;
Compreensão e interpretação (ler entre
as linhas): relacionar e integrar segmentos
do texto, como, por exemplo, ao deduzir
informações explícitas;
Reflexão (ler por trás das linhas):
construir argumentos para avaliar e julgar
as idéias do texto.
Continho
Era uma vez um menino, triste, magro,
barrigudinho, do sertão de Pernambuco. Na
soalheira danada do meio-dia, ele estava sentado na
poeira do caminho, imaginando bobagem, quando
passou um gordo vigário a cavalo:
- Você aí, menino, para onde vai esta estrada?
- Ela não vai não: nós é que vamos nela.
- Engraçadinho de uma figa! Como você se
chama?
- Eu não me chamo não, os outros é que me
chamam de Zé!
(In Para gostar de ler – Volume 1. São Paulo: Ática, 1989.)
Paulo Mendes Campos
Questões:
Localização:
A que horas acontece a história?
Como era o menino?
Qual a pergunta que o vigário fez para o
menino?
Compreensão:
O padre gostou das respostas do
menino? Por quê?
O vigário conhecia o caminho?
Cont. Questões:
Reflexão
Se o vigário perguntasse ao
menino “Qual é seu nome?”, daria
para ele responder do mesmo jeito?
Você acha que o menino não
entendeu a pergunta do vigário?
Por que o texto é engraçado?
Na aula anterior...
Descubra quem é este
escritor?
“Ao chegar aos 31 anos e
perceber que não tinha dado
certo em nada, resolvi tentar a
sorte como escritor.“
Fórum
Luis Fernando Veríssimo
Luis Fernando Veríssimo
Nasceu em 26 de setembro 1936, em
Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Filho do
grande escritor Érico Veríssimo, iniciou
seus estudos no Instituto Porto Alegre,
tendo passado por escolas nos Estados
Unidos quando morou lá, em virtude de seu
pai ter ido lecionar em uma universidade
da Califórnia, por dois anos. Voltou a morar
nos EUA quando tinha 16 anos, tendo
cursado a Roosevelt High School de
Washington, onde também estudou música,
sendo até hoje inseparável de seu
saxofone.
Principais Obras
Comédias da Vida Privada
Comédias da Vida Pública
Novas Comédias da Vida Privada
O Analista de Bagé em Quadrinhos
Para Gostar de Ler, V.13 - "Histórias
Divertidas", com F. Sabino e M. Scliar
Para Gostar de Ler, V.14
Para Gostar de Ler, V.7 – "Crônicas", com
L. Diaféria e J.Carlos Oliveira
Para gostar de ler Júnior - Festa de
criança (ilust. de Caulos)
Algumas obras...
A barata
Veio o mâitre, chamado pelo garçom, e perguntou:
- Algum problema, cavalheiro?
- Problema, não. Barata.
- Pois não?
- Olhe.
O mâitre olhou e viu a barata no meio da salada.
- Sim...
- “Sim” diz você. Eu digo não. Pedi uma salada
niçoise que, até onde eu sei, não leva barata.
- Por favor, fique calmo.
- Eu estou calmo.
- Vamos trocar por outra salada.
- Eu não quero outra salada. Quero uma
satisfação.
- Foi um acidente.
- “Acidente” diz você. Eu digo: não sei
não. Acidente seria se uma barata perdida,
separada de sua turma, entrasse na
cozinha por engano e pousasse na minha
salada, Mas não foi isso que aconteceu.
Para começar, esta barata está morta. Não
duvido que o tempero da salada esteja de
matar, duvido que tenha sido o causador da
morte da barata. Obviamente, a barata já
estava morta antes de cair na salada.
Não há sinais de violência em seu corpo,
logo ela deve ter sido vítima de agentes
químicos,
usados
numa
matança
generalizada de baratas e outros bichos
dentro da sua cozinha. É impossível
precisar quando isso se deu. Só uma
autópsia da barata revelaria a hora exata da
morte. A dedetização da cozinha pode estar
ainda afetando os alimentos, não só
adornando-os com insetos mortos como
temperando-os com veneno invisível. Se
isso for verdade, quero uma satisfação. Sou
um cidadão. Conheço meus direitos. Isto é
uma democracia.
- Vou chamar o gerente.
Manual para utilização dos modelos da Unisa Digital
Veio o gerente, chamado pelo mâitre, e
disse que sim, a cozinha tinha sido
dedetizada, mas um mês antes. Fora
fechada para a operação. Não havia perigo
de intoxicação dos alimentos, nem indício
de que a barata na salada fosse resultado de
uma dedetização recente.
- Então - sugeriu o cliente – ela demorou a
morrer. Cambaleou agonizante, pela cozinha
durante um mês, até enxergar minha salada
niçoise e escolher esta alface como sua
mortalha. Eu vou botar a boca no mundo!
Onde é que estamos?!
O gerente telefonou para o dono do
restaurante que dali a pouco entrou pela
porta pedindo desculpas e consideração. A
dedetização da cozinha fora determinada
pela Secretaria Municipal de Saúde. Para
confirmar isto, o dono do restaurante tinha
trazido o secretário municipal de Saúde,
que disse ter agido seguindo diretrizes do
Ministério da Saúde. O ministro da Saúde
foi convocado e, na chegada ao
restaurante, se responsabilizou por tudo.
Menos pela barata. A barata da salada não
podia,
cronologicamente,
ser
uma
decorrência da dedetização. A não ser que
alguém da cozinha a tivesse guardado,
conservado no gelo e esperado a ocasião
para...
O cliente interrompeu a especulação do
ministro com um tapa na mesa e perguntou
quem era o seu superior. O ministro
suspirou e tirou seu telefone celular do
bolso para convocar o presidente da
República, que chegou em menos de meia
hora, vestido a rigor. Deixara uma
recepção no palácio para atender o
chamado.
- Que foi? – perguntou o presidente.
- Olhe.
O presidente olhou e viu a barata. Disse:
- E daí?
- A responsabilidade é sua.
Manual para utilização dos modelos da Unisa Digital
O presidente concordou com a cabeça. Perguntou o
que o outro queria.
- Uma satisfação.
O presidente pediu desculpas. O homem não
aceitou. O presidente ofereceu uma indenização. O
homem não quis. Chamaram o ministro do Exército.
O general chegou e perguntou ao mâitre:
- Algum problema, cavalheiro?
O homem apontou para a salada. O general olhou,
disse “Oba, uma azeitona!”, pegou a barata e a
engoliu. Depois o homem foi preso e processado
por fazer acusações falsas ao restaurante. Era uma
democracia até certo ponto.
Luis Fernando Veríssimo
O melhor da crônica brasileira, 1 / Ferreira Gullar...
5ª ed. – Rio de Janeiro - José Olympio, 2007
A barata
O homem chama
o mâitre, porque
encontrou uma
barata em sua
salada.
Analisa o
ocorrido e
exige seus
direitos
Chama o
gerente e
revoluciona o
restaurante
O gerente
chama o
dono do
restaurante
Chamaram o ministro do Exército. O
general chegou, comeu a barata pensando
que fosse uma azeitona. Então o homem
foi preso e processado por fazer
acusações falsas ao restaurante.
O dono do
restaurante
chama o
Secretário
Municipal de
Saúde
O
secretário
chama o
ministro,
que
chama o
president
e
Domínios de leitura
Localização
1) O Que o mâitre viu no meio da salada?
2) Quando o mâitre sugeriu a troca da
salada, o que respondeu o homem?
3) Para quem telefonou o gerente do
restaurante?
Domínios de leitura
Compreensão
1) Quais eram as suposições que o cliente
levantou para explicar a barata em sua
salada?
2) Quais foram os homens presentes para
a resolução do problema?
Domínios de leitura
Reflexão
1)Você já passou por um situação
semelhante? Conte como foi?
2)Na sua opinião o que o cliente
queria dizer com a frase “Conheço
meus direitos”?
3)A atitude do cliente estava
correta? Explique.
Leitura de imagens
Leitura de imagens
Leitura de imagens
Fórum
A aprendizagem da leitura garante a
aprendizagem da escrita?
Ler
“Ler é alimentar-se espiritualmente, é
adquirir aquela inquietação interior —
bem como uma série de convicções — a
indescritível riqueza íntima de quem está
atento à vida, de quem carrega consigo
a vontade de conhecer e amar
infinitamente”.
Ler
“Ler é multiplicar a própria idade, é
ganhar tempo, é expandir-se para todos
os tempos, e, quem muito lê vai reunindo
em si mais lembranças e conhecimentos
do que se tivesse mil anos de idade. Vai
se universalizando no tempo, e também
no espaço”.
Gabriel Perissé - Ler, pensar e escrever.
Download

Domínios de leitura - TelEduc