PÁSCOA DA RESSURREIÇÃO – 05 de abril de 2015
ELE DEVIA RESSUSCITAR DOS MORTOS - Comentário de Pe. Alberto Maggi OSM ao Evangelho
Jo 20,1-9
No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao túmulo de Jesus, bem de madrugada,
quando ainda estava escuro, e viu que a pedra tinha sido retirada do túmulo.
Então ela saiu correndo e foi encontrar Simão Pedro e o outro discípulo, aquele que Jesus
amava, e lhes disse: “Tiraram o Senhor do túmulo, e não sabemos onde o colocaram”.
Saíram, então, Pedro e o outro discípulo e foram ao túmulo.
Os dois corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais depressa que Pedro e chegou
primeiro ao túmulo. Olhando para dentro, viu as faixas de linho no chão, mas não entrou.
Chegou também Simão Pedro, que vinha correndo atrás, e entrou no túmulo. Viu as faixas de
linho deitadas no chão e o pano que tinha estado sobre a cabeça de Jesus, não posto com as
faixas, mas enrolado num lugar à parte.
Então entrou também o outro discípulo, que tinha chegado primeiro ao túmulo. Ele viu, e
acreditou. De fato, eles ainda não tinham compreendido a escritura, segundo a qual ele devia
ressuscitar dos mortos.
Se Maria Madalena tivesse ido ao túmulo de Jesus um dia antes, nós celebraríamos também a
Páscoa um dia antes. João escreve no capítulo 20: “No primeiro dia da semana...” literalmente “no primeiro dia após o sábado” - “...Maria Madalena foi ao túmulo de Jesus”. Por
que Maria Madalena não foi ao túmulo logo após a sepultura de Jesus, mas esperou o primeiro
dia da semana?
Porque ela é ainda condicionada pela observância da lei, o repouso do sábado. E, portanto, a
observância da lei impediu-lhe experimentar logo a potência da vida que estava em Jesus, uma
vida capaz de vencer a morte.
O evangelista, através desta indicação, quer sinalizar aos seus leitores que a observância da lei
atrasa a experiência da nova criação inaugurada por Jesus. A expressão: “o primeiro dia da
semana” aponta ao primeiro dia da criação. Jesus é a Nova Criação, aquela que
verdadeiramente é criada por Deus e, como tal, não conhece a morte, não conhece o fim.
Mas a comunidade, representada por Maria Madalena, ainda está condicionada pela
observância da lei. Isso atrasa a experiência da Ressurreição!
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“Ela foi ao túmulo de Jesus, bem de madrugada, quando ainda estava escuro”. A escuridão é
imagem da incompreensão da comunidade que ainda não compreendeu o que Jesus disse de si
mesmo: “Eu sou a Luz do Mundo” (Jo 8,12), a Sua mensagem, a Sua verdade!
“Ela viu que a pedra tinha sido retirada do túmulo”. A primeira reação de Maria Madalena é
correr para encontrar Simão Pedro e o outro discípulo.
Jesus havia dito: “Vem a hora, e já chegou, em que vocês se espalharão, cada um para a seu
lado” (Jo 16,32). Pois bem, o evangelista atribui a esta mulher, Maria de Mágdala, o papel do
pastor que reúne as ovelhas que estavam espalhadas.
Maria Madalena disse-lhes: “Tiraram o Senhor do túmulo, e não sabemos onde o colocaram”.
Ela não fala de um corpo, mas fala do Senhor! Portanto, já existe a referência de que esse Jesus
está vivo!
Aí, o que fazem Pedro e outro discípulo? “Saíram, então, Pedro e o outro discípulo e foram ao
túmulo”. O único lugar onde não deviam ir! No Evangelho de Lucas é expressa mais claramente
esta mensagem pelos homens que dizem às mulheres perto do sepulcro: “Por que vocês estão
procurando entre os mortos aquele que está vivo?” (Lc, 24,5).
Pedro e outro discípulo estão procurando o Senhor no único lugar onde ele não pode estar, isto
é, no lugar da morte. Como Maria, por ter observado a lei do sábado, atrasou a experiência de
uma vida mais forte que a morte - porque Jesus não pode ficar preso num sepulcro, lugar de
morte, Ele é o Vivente - assim os discípulos vão ao túmulo, o único lugar onde não se pode
encontrar Jesus!
Se alguém chora uma pessoa como morta, isto é, se se dirige para o túmulo, nunca a
experimentará viva e vivificante em sua existência!
Ambos os discípulos correm. Primeiro chega o discípulo amado, aquele que já tem a experiência
do amor de Jesus. Pedro, que não quis que Jesus lhe lavasse os pés (Jo 13,6-9) e, portanto, se
recusou aceitar o amor expresso por Jesus no serviço, chega depois!
Mas o outro discípulo não entra e permite que seja Pedro o primeiro a entrar. Por quê? É
importante que o discípulo que traiu Jesus e para o qual a morte era o fim de tudo - e esse foi o
motivo da traição - seja o primeiro a fazer a experiência da vida!
Por último entra o outro discípulo. “Ele viu, e acreditou”. Mas a alerta do evangelista é muito
importante: “Eles ainda não tinham compreendido a escritura, segundo a qual ele devia
ressuscitar dos mortos”. A preocupação de João é que se possa acreditar na Ressurreição de
Jesus apenas vendo os sinais da sua vitória sobre a morte. Não!
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A Ressurreição de Jesus não é um privilégio concedido a alguma pessoa há dois mil anos, mas é
uma possibilidade para todos os cristãos de todos os tempos. Como? O diz o evangelista. “Eles
ainda não tinham compreendido a escritura, segundo a qual ele devia ressuscitar dos
mortos”.
Acolher, por parte do discípulo, a Sagrada Escritura, a Palavra do Senhor, a radicalização dessa
mensagem na vida Dele e, portanto, a sua transformação, permitem ao discípulo ter uma vida
de tal qualidade que lhe faz depois experimentar a presença do Ressuscitado em sua existência.
Não se pode acreditar que Jesus ressuscitou a partir da visão de um túmulo vazio, mas somente
se O encontrarmos Vivo e Vivificante em nossas vidas!
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