EXPOSIÇÃO EXHIBITION O CLIENTE COMO ARQUITETO THE CLIENT AS ARCHITECT 22 MAI MAY — 06 SET SEP 2015 Biblioteca Library CASA DE SERRALVES SERRALVES VILLA Fotografia de edifícios da Photo of buildings Quinta do Lordelo, s/d [1920-1930] Foto Photo: Foto Beleza © Fundação de Serralves, Porto Português English A HISTÓRIA DA CONSTRUÇÃO DA CASA Em 1925 Carlos Alberto Cabral herdou uma casa com capela e jardins em Serralves, um aglomerado agrícola no caminho entre o centro do Porto e Matosinhos. Com o apoio constante do seu arquiteto, José Marques da Silva, iria conduzir um processo de transformação progressiva do lugar, recorrendo a arquitetos e decoradores de Paris – entre eles Jacques Émile Ruhlmann, Charles Siclis e Jacques Gréber – que contribuíram para o desenho de uma obra singular concluída por volta de 1943. Cabral herdou o título de Conde de Vizela que o seu pai tinha conquistado por ter fomentado o desenvolvimento da indústria têxtil no Vale do Ave, em Vizela, onde possuía uma importante fábrica de fiação. Herdou a propriedade de Serralves da avó e começou por fazer pequenas obras de remodelação numa casa anexa à capela, numa época em que frequentava Biarritz, onde possuía uma casa de férias. Nas suas viagens regulares a Paris – juntamente com Blanche Daubin, a companheira da sua vida – Cabral adquiria constantemente mobiliário em lojas de referência da cidade, num momento em que fervilhava o debate sobre as artes decorativas francesas e os caminhos da produção industrial para o espaço doméstico. Edgar Brandt, Jules Leleu, Da Silva Bruhns e Jacques Émile Ruhlmann eram seus fornecedores quando, em 1927, começou a conceber com Marques da Silva uma primeira remodelação da casa herdada em Serralves. Os primeiros desenhos de Marques da Silva mostram como a ambição cresceu rapidamente. Primeiro construiu-se uma pérgula, com uma pequena sala que organizava o espaço de um jardim até à casa. Há esboços que mostram uma sala anexa à casa, depois uma sala maior, depois acrescentou-se à sala um novo átrio e algumas dependências anexas, a sala cresceu e apareceram novos compartimentos para além da pérgula. Ainda em projeto, sucessivamente, a casa foi sendo ampliada à medida da ambição do cliente. Em dezembro de 1929, Cabral dirigiuse ao arquiteto Charles Siclis – conhecido em Paris pelos seus cafés e salas de cinema –, que tinha acabado de inaugurar com estrondo o Teatro Pigalle. Siclis desenhou um conjunto de alçados que enviou para o Porto, dando corpo e imagem aos esboços de Marques da Silva. Uma vez consolidado o projeto, já no verão de 1930, Cabral consultou Ruhlmann para a decoração dos espaços interiores, particularmente o hall de entrada. Ruhlmann enviou de Paris desenhos requintados, com soluções diversas, todos eles correspondentes a uma escala relativamente inédita no Porto. Marques da Silva continuou a integrar essas sugestões em desenhos coerentes, associando a antiga casa e capela à ampliação que, nessa data, era já substancialmente maior do que a casa original. No verão de 1931 Marques da Silva submeteu à Câmara Municipal o projeto de licenciamento da obra, que teve início ainda nesse ano. Esse projeto foi seguido até 1935 e está representado na primeira maqueta produzida para esta exposição. Essa maqueta mostra como a antiga casa e capela foram camufladas, e como vários elementos arquitetónicos, como um pórtico, o torreão da capela, as varandas, conjugavam uma volumetria complexa em consonância como os novos espaços da casa. Por outro lado, a correspondência mostra como Cabral ia gerindo com destreza a relação entre os vários intervenientes no projeto – dando informações contraditórias aos arquitetos de Paris – e também as estratégias construtivas a aplicar em obra – Ruhlmann desejava um sistema construtivo que colidia com a solução preconizada por Marques da Silva. Em 1932 o projeto da Casa expandiu-se para os jardins. Após a elaboração de alguns esboços por Marques da Silva, Jacques Gréber – um importante arquiteto urbanista francês – forneceu um conjunto de desenhos rigorosos e detalhados para o conjunto da propriedade de Cabral. Ao contrário das obras da casa, a correspondência relativa aos jardins é escassa, o que talvez explique a eficiência com que Marques da Silva executou em obra os desenhos do paisagista francês. Entretanto, a pérgula perdeu sentido e a ambição de relação entre casa e jardins ultrapassou a pequena dimensão da relação visual direta para as longas perspetivas em direção ao infinito, de acordo com a tradição dos jardins franceses. Enquanto as obras progrediam lentamente, as ambições de Cabral também se transformaram. Ruhlmann, cuja participação no projeto estava a crescer progressivamente, faleceu em 1933. No projeto da Casa de Serralves foi sucedido pelo seu sobrinho, Alfred Porteneuve, que visitou o Porto e as obras da casa em janeiro de 1935. À sua visita sucedeu-se o momento mais traumático do projeto: a demolição da casa original e a mudança de posição das escadas de acesso ao piso superior. Há um desenho de Marques da Silva onde a borracha é testemunho do ato demolidor e as hesitações do traço sinal das dúvidas de projeto. A segunda maqueta produzida para esta exposição, elaborada a partir do projeto final apresentado à Câmara Municipal em 1943, mostra as diferenças e semelhanças entre os dois momentos da obra. Foi uma transformação radical, que simplificou muitos aspetos da obra e lhe conferiu o caráter e unidade que conhecemos hoje. Nos anos seguintes foram sendo afinados aspetos de pormenor: a correspondência de Cabral dirigiu-se a fornecedores de caixilharias, acessórios – interruptores, puxadores, etc. – e sistemas de aquecimento; Porteneuve enviou detalhes para a construção dos quartos de banho, soalhos e decorações em estafe; e Marques da Silva foi garantindo a sua execução em obra, bem como assegurando a coerência das soluções construtivas e tantos outros detalhes do projeto. A Guerra Civil de Espanha tornou as comunicações com Paris mais lentas e, a Segunda Guerra Mundial desestruturou o sistema produtivo francês, tornando ainda mais estranha a conclusão da obra, que tardou. Uma vez concluída a obra, Alvão produziu um álbum fotográfico que registou para a posteridade a façanha de Carlos Alberto Cabral: construir no Porto, em Serralves, um conjunto coerente e poderoso capaz de representar as ambições aristocráticas da nova burguesia industrial, um sonho que se desmoronou após a destruição maciça da Segunda Guerra Mundial. Se a arquitetura simboliza a ambição de quem a constrói, nos documentos da Biblioteca de Serralves é possível descortinar os passos sucessivos do processo que deu forma à Casa e Parque de Serralves, compreendendo até que ponto o cliente foi responsável nos momentos decisivos da sua conceção. Passo a passo, entre desenhos, correspondência, fotografias e maquetas, é possível procurar compreender os sobressaltos da criação arquitetónica. PERCURSO DOCUMENTAL Esta exposição foi organizada em função da proveniência dos documentos de arquivo que a compõem. As várias origens ou naturezas documentais são testemunho dos lugares de produção da arquitetura: a mesa de trabalho de Carlos Alberto Cabral, o ateliê de Marques da Silva, as lojas de decoração parisienses ou a câmara fotográfica de Alvão. Os vários atores do processo de construção dialogaram entre si e o que se expõe são os vestígios desse diálogo. As duas mesas apresentam em paralelo a correspondência de Cabral – hoje no acervo da Biblioteca de Serralves – e os desenhos de Marques da Silva. A partir do registo do projeto no Arquivo Municipal do Porto, foi possível reconstituir em maqueta o ponto de partida da obra – o projeto de 1931 – e o respetivo ponto de chegada – os desenhos finais da obra concluída em 1943. Numa parede concentramse os desenhos produzidos em Paris em várias fases do projeto e, a concluir a exposição, uma sequência fotográfica de Alvão que imortaliza a materialização do sonho de Carlos Alberto Cabral. Estes cinco núcleos expositivos sintetizam um processo que durou aproximadamente 15 anos. Através da correspondência de Cabral – primeiro com Jules Leleu e Edgar Brandt, depois com Ruhlmann, Siclis, Porteneuve e outros – é possível compreender como este geria cautelosamente as suas despesas e os seus desejos. As cartas mostram as suas intenções e a forma como as apresentava aos arquitetos de Paris, como lhes suscitava interesse pelo trabalho e, também, como lhes ocultava informações preciosas para assegurar que não interferiam no trabalho dos seus parceiros. Por exemplo, é possível ler como afirma a Siclis que a obra ainda não permitia avançar com o desenho da decoração interior, na mesma data que acerta um encontro com Ruhlmann para tratar precisamente desse assunto. É também através da correspondência que tomamos conhecimento das variantes propostas pelos arquitetos franceses, bem como dos progressos da obra e dos sobressaltos das encomendas de mobiliário, que constituem a parte mais substancial do acervo. As fotografias tornam evidente a natureza rural da casa e capela que antecederam Serralves e a transformação progressiva do lugar até ao resultado final. Cerca de 500 desenhos de Marques da Silva conservados no seu arquivo são, quase na totalidade, desenhos de trabalho. São esses esboços, elaborados como apoio à conceção do projeto e não como desenhos de apresentação, que estão expostos na mesa de desenhos. Uma primeira secção mostra os estudos iniciais, desde o arranjo da casa anexa à capela até ao esquema que serviu de base ao projeto. O desenvolvimento do projeto para licenciamento e para incluir os contributos decisivos de Siclis e Ruhlmann conduziu à solução que foi posta em obra a partir de 1931. Essa solução foi cuidadosamente estudada, quer na distribuição dos espaços interiores quer na composição dos alçados e volumetrias. Em 1932 os jardins tornaram-se o assunto do projeto e Marques da Silva fez os esboços que serviram de base ao desenho de Gréber. Posteriormente, a demolição da casa original provocou uma alteração profunda na obra, dando-lhe o caráter e a volumetria que conhecemos hoje. Todos estes aspetos foram acompanhados por desenhos de execução capazes de garantir a coerência da obra. A seleção de desenhos aqui apresentada sintetiza estes passos e demonstra o papel crucial de Marques da Silva para cumprir o desígnio de Carlos Alberto Cabral. Ao contrário do caráter sistemático dos desenhos de Marques da Silva, as contribuições de Paris fizeram-se sentir por peças de grande aparato visual e capacidade de sedução. Apesar de todas as mudanças, as ilustrações que Siclis apresentou em 1929 permitiram guiar a expressão da obra até à sua conclusão; bem como os desenhos de Porteneuve, que orientaram a execução dos soalhos requintados do piso do andar superior. Entre essas contribuições, a mais assertiva foi a de Jacques Gréber, cujo conjunto de desenhos para os jardins parece não ter suscitado quaisquer dúvidas, tendo sido o seu projeto pacificamente executado. As duas maquetas produzidas a partir dos desenhos de Marques da Silva apresentados à Câmara Municipal em 1931 e 1943 permitem sintetizar este processo. O que nos documentos não é facilmente visível pode ser constatado pela evidência destes elementos tridimensionais. A casa original, camuflada e ampliada na primeira versão, acabou por ser demolida a meio do processo, já depois de a obra estar bastante avançada. A violência e importância dessa demolição demonstra o quão decisivo é o dono de obra na conceção e apuramento da criação arquitetónica. A profusão de elementos e uma certa complicação das formas que resultou da acumulação de decisões ao longo dos primeiros anos de construção foi clarificada e a obra conquistou a clareza ainda hoje patente. As duas maquetas permitem fazer uma espécie de jogo “descubra as diferenças” e mostram como a construção da arquitetura nem sempre é pacífica. O CLIENTE COMO ARQUITETO Qual a autoria do projeto da Casa de Serralves? Ao contrário de outras formas artísticas, a arquitetura resulta de processos coletivos e de decisões partilhadas. No caso de Serralves, não há dúvida: foi Marques da Silva que coordenou o projeto e assumiu a responsabilidade da obra construída. Charles Siclis poderá ter esboçado a imagem das fachadas, Jacques Émile Ruhlmann apresentado a escala e a natureza dos compartimentos principais da casa, Alfred Porteneuve detalhado requintes de desenho, Jacques Gréber caracterizado a forma dos jardins, mas a personagem decisiva para que tudo acontecesse foi Carlos Alberto Cabral, o cliente de Marques da Silva. Cabral tinha a visão, o gosto, o desejo e os recursos necessários para conceber a sua casa. Os documentos de arquivo que esta exposição apresenta mostram a aventura da materialização desse sonho, sob o comando de Cabral e a coordenação paciente e eficaz do Arquiteto Marques da Silva. A exposição “Casa de Serralves: O cliente como arquiteto” é comissariada pelo Arq. André Tavares. Coordenação da exposição: Sónia Oliveira, assistida por Isabel Koehler THE HISTORY OF THE VILLA’S CONSTRUCTION In 1925, Carlos Alberto Cabral inherited a house with a chapel and gardens at Serralves, a rural hamlet midway between the centre of Porto and Matosinhos. With the constant support of his architect, José Marques da Silva, he engaged in the gradual transformation of the place, hiring Parisian architects and decorators, such as Jacques Émile Ruhlmann, Charles Siclis and Jacques Gréber, who contributed to the design of this singular work completed around 1943. Cabral inherited the title of Count of Vizela, which his father had earned for developing the textile industry in the valley of the Ave, in Vizela, where he owned an important cotton processing factory. He also inherited Serralves from his grandmother and started by doing minor remodelling works on a house attached to the chapel. At the time Cabral was a regular in Biarritz, where he also owned a villa. In his frequent trips to Paris, together with Blanche Daubin, his lifelong companion, Cabral systematically bought furniture in some of the shops of reference at a moment when Paris witnessed an intense debate about French decorative arts and the paths of industrial production for the domestic space. Edgar Brandt, Jules Leleu, Da Silva Bruhns and Jacques Émile Ruhlmann were some of his suppliers when he started to conceive a first extension of the Serralves house together with Marques da Silva in 1927. Marques da Silva’s early drawings show how quickly ambition flourished. To begin with, a pergola was built, with a first room that organized the space of a garden up to the house. There are sketches showing a room attached to the house, then a larger room, then a new entrance hall added to this room together with a few annexes. The room grew and along with the the pergola, new additions were made. Still at the project stage, the house continued to grow, translating the client’s ambition. In December 1929, Cabral contacted architect Charles Siclis – known in Paris for his cafes and movie theatres – who had just opened Théâtre Pigalle, amidst much fanfare. To Porto, Siclis sent a set of elevation drawings that gave a body and an image to Marques da Silva’s sketches. Once the project was consolidated, by the summer of 1930, Cabral consulted Ruhlmann for the decoration of the interiors, particularly the entrance hall. From Paris, Ruhlmann mailed refined drawings with several solutions, all of which corresponded to a scale relatively unseen in Porto. Marques da Silva continued to integrate those suggestions in coherent drawings, linking the old house and chapel to what was already a building much larger than the original house. In the summer of 1931, Marques da Silva submitted the project to the Municipal Council for approval. The work started before the end of that year. This project continued until 1935 and is represented in the first model made for this exhibition. The model shows how the old house and chapel were camouflaged, and how different architectural elements, such as a portico, the chapel belfry, the balconies, formed a complex volumetric ensemble in unison with the spaces of the house. On the other hand, the correspondence shows how Cabral skilfully managed the relationship between the various participants in the project, giving contradictory information to the Parisian architects and deciding himself which construction strategies to apply (Ruhlmann wanted a construction system which collided with Marques da Silva’s solution). In 1932, the Villa project extended to the gardens. After some initial sketches by Marques da Silva, Jacques Gréber – a renowned French urban architect – made a set of rigorous and detailed drawings for Cabral’s property. Unlike with the villa, correspondence on the matter of the gardens is sparse, which may explain the efficiency with which Marques da Silva executed the design of the French landscape architect. Meanwhile, the pergola did not make sense anymore, as the ambitious relationship between the Villa and the Park surpassed the small scale of the direct visual relation to embrace the long perspectives of French garden tradition. As the works slowly progressed, Cabral’s ambitions also changed. Ruhlmann, whose participation had gradually increased, died in 1933. The Serralves Villa project was taken over by his nephew, Alfred Porteneuve, who visited Porto and the construction site in January 1935. His visit was followed by the most traumatic moment in the project: the demolition of the original house and the change in the position of the staircases leading to the upper floor. A drawing by Marques da Silva shows how the eraser was a witness to the act of demolition, with pencil hesitations illustrating signs of doubt. The second model made for this exhibition was based on the final project submitted to the Municipal Council in 1943 and shows the differences and similarities between the two moments of the work. The transformation had been radical and simplified many aspects of the project, giving it the unity that is seen today. The years that followed saw a refinement of detail. Cabral wrote to window-frame and accessory suppliers (such as switches, doorknobs, etc.), as well as to heating system specialists; Porteneuve sent details for the construction of the bathrooms, wooden floors and plaster ornaments; Marques da Silva ensured the execution of the work as well as the coherence of the constructive solutions and the project’s myriad details. The Spanish Civil War rendered the communications with Paris slower, and the Second World War disrupted the French productive system, which compromised and further delayed the completion of the Villa. Once it was built, Alvão produced a photographic album recording Carlos Alberto Cabral’s achievement for posterity: to build in Porto, at Serralves, a cohesive and powerful ensemble capable of representing the aristocratic ambitions of the new industrial bourgeoisie, which had been shattered by the massive destruction of the Second World War. If architecture symbolizes the ambition of those who built it, the documents in the Serralves Library show the succession of steps of the process that shaped the Serralves Villa and Park, and the extent to which the client was responsible for decisive moments in their conception. Step by step, amid drawings, correspondence, photographs and models, it is possible to understand the circumstances of architectural creation. DOCUMENTAL TRAJECTORY The different origins and nature of the archival documents in the exhibition testify to the places where the architecture was produced: Carlos Alberto Cabral’s work table, Marques da Silva’s studio, the Parisian decoration shops or Alvão’s photographic camera. The different actors in the construction process dialogued with each other and what is shown here are the traces of that dialogue. On two tables are shown, Cabral’s correspondence – now in the collection of the Serralves Library– and Marques da Silva’s drawings side by side. Using the project’s record in Porto’s Municipal Archive it was possible to reconstruct a model of the starting point of the work – the 1931 project – and of its conclusion– the final drawings of the Villa completed in 1943. On one of the walls are the drawings produced in Paris during the different stages of the project. The exhibition ends with a photographic sequence by Alvão that immortalizes the realization of Carlos Alberto Cabral’s dream. These five exhibition moments synthesize a process that lasted almost fifteen years. In Cabral’s correspondence, first with Jules Leleu and Edgar Brandt, and then with Ruhlmann, Siclis, Porteneuve and others, it is possible to see how he carefully managed expenses and desires. The letters show his intentions and the way in which he conveyed them to the Parisian architects, either stimulating their interest, or hiding precious information so as to ensure they would not interfere in the work of their partners. It is possible, for instance, to read how he told Siclis that the work did not yet allow for interior design decisions on the very same date as he set up a meeting with Ruhlmann precisely to deal with that matter. His correspondence also shows the variations proposed by the French architects, as well as the construction progress and the problems with furniture commissions, which form the most substantial part of the collection. The photographs illustrate the rural nature of the house and the chapel that preceded Serralves, as well as the gradual transformation of the site up until the final result. The nearly five hundred drawings in Marques da Silva’s archive are almost all work drawings. Serving as project concept guidelines, rather than final blueprints, this set is displayed on the table of drawings. A first section shows the initial studies, from the house attached to the chapel to the scheme that served as the basis for the project. The development of the project, submitted to council approval and including the decisive contribution of Siclis and Ruhlmann, led to the solution that was applied after 1931. This solution was painstakingly studied, both in terms of interior space distribution and in terms of elevations and volumes. In 1932, the gardens became a crucial aspect of the project, with Marques da Silva creating a set of sketches that constituted the basis for Gréber’s design. Subsequently, the demolition of the original house caused a profound alteration in the Villa’s design, giving it the character and volumes seen today. All these aspects were accompanied by drawings that ensured the coherence of the project. The selection shown here is a synthesis of those steps and demonstrates Marques da Silva’s crucial role in fulfilling the vision of Carlos Alberto Cabral. Unlike the systematic character of Marques da Silva’s drawings, the contributions arriving from Paris translated into seductive pieces with a great visual impact. Despite all the changes, the illustrations submitted by Siclis in 1929 guided the expression of the project up until its conclusion, the same can be said for Porteneuve’s drawings, which guided the execution of the refined upstairs wooden floors. Of all these contributions, the most assertive was Jacques Gréber’s, whose set of drawings for the Park did not raise any questions and were readily executed. The two models made from the drawings submitted by Marques da Silva to the Municipal Council in 1931 and 1943 synthesize the whole process. Aspects that are less apparent in the documents can be clearly observed in these three-dimensional elements. The original house, camouflaged and extended in the first version, was finally demolished midway through the process at an advanced stage of the work. The violence and importance of the demolition demonstrates how decisive the client was in conceiving and refining the architectural creation. The profusion of elements, together with a certain degree of complication of forms, which resulted in the accumulation of decisions in the first years of construction, was resolved and the Villa gained its clarity. The two models allow for a sort of ‘spot the difference’ game and show how constructing architecture is not always a peaceful process. THE CLIENT AS ARCHITECT Who is the author of the Serralves Villa? Unlike other art forms, architecture is a result of collective processes and shared decisions. In the case of Serralves the following is true: Marques da Silva coordinated the project and took responsibility for the completed work. Charles Siclis may have sketched the image of the façades, Jacques Émile Ruhlmann may have suggested the scale and the nature of the main rooms in the house, Alfred Porteneuve may have detailed the design, Jacques Gréber may have defined the form of the gardens, but the decisive character that brought everything together was Carlos Alberto Cabral, the client of Marques da Silva. Cabral had the vision, the taste, the desire and the necessary resources to conceive his house. The archive documents in this exhibition illustrate the adventure of realizing this dream, under Cabral’s command and the patient and efficient coordination of architect Marques da Silva. The exhibition “Serralves Villa: The Client as an Architect” is curated by Architect André Tavares. Exhibition coordination: Sónia Oliveira, assisted by Isabel Koehler Texto Text by André Tavares, editado por edited by Cláudia Gonçalves VISITA GUIADA GUIDED TOUR 21 JUN, (Dom Sun), 17h00 Por By André Tavares, Curador da exposição Curator of the exhibition VISITA GUIADA E CONVERSA GUIDED TOUR TO THE EXHIBITIONS 17 JUN (Qua Wed), 19h30-20h30 "Um Realismo Cosmopolita: O Grupo Kwy Na Coleção De Serralves" e "Casa De Serralves: O Cliente Como Arquiteto" 'A Cosmopolitan Realism: The KWY Group in the Serralves Collection’ and ‘The Serralves Villa: The Client as an Architect’ Uma visita com os curadores das exposições, sobre o trabalho com arquivos e coleções. A tour with the curators of the exhibition about working with archives and collections Exclusivo para Amigos de Serralves. Exclusive for Members. VISITA GUIADA GUIDED TOUR 16 AGO AUG 2015, 12h00 Como Ver Desenhos de Arquitetura Por By Inês Caetano Monitora do Serviço Educativo Monitor of the Educational Service VISITA GUIADA GUIDED TOUR 05 SET SEP, 17h00 Por By Filomena Cabral Poeta ficcionista, dramaturga e ensaísta poet and fiction writer, playwright and essayist Todos os fins de semana o Serviço Educativo do Museu de Serralves disponibiliza um programa de visitas guiadas às exposições patentes no Museu nos seguintes horários: Every weekend the educational service of the Serralves Museum offers a programme of guided visits to exhibitions at the Museum at the following times: Sábados / Saturdays: 16h00–17h00 (em inglês/in english) Sábados / Saturdays: 17h00–18h00 (em português/in portuguese) Domingos / Sundays: 12h00–13h00 (em português/in portuguese) Estas visitas são realizadas por monitores do Serviço Educativo do Museu de Serralves ou por convidados. These visits are carried out by Educational Service monitors from the Serralves Museum or by guests. Serviço Educativo Educational Service: Liliana Coutinho (coord.), Diana Cruz, Cristina Lapa Apoio institucional Institutional support Colaboração Collaboration Mecenas Exclusivo do Museu Exclusive Corporate Sponsor of the Museum Fundação de Serralves / Rua D. João de Castro, 210 . 4150-417 Porto / www.serralves.pt / [email protected] / Informações Information line: 808 200 543 PARQUE Entrada pelo Largo D. João III (junto da Escola Francesa) PARKING Entrance by Largo D. João III (next to the École Française )