A CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS COMO INSTRUMENTO PARA A COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO DE CRIANÇAS1 Gabriella Luccianni Morais Souza CALAÇA2 [email protected] Cleide Aparecida Carvalho RODRIGUES3 [email protected] Universidade Federal de Goiás, Goiás, GO Resumo A contação4 de histórias é uma metodologia de ensino para a realização de oficinas de comunicação e educação para crianças, pois aproxima o contador e o ouvinte, proporciona prazer ao público, ajuda na formação de valores e estimula a leitura, a escrita e a formação para a cidadania. Após o contato inicial, feito por meio da narração de história, o contador pode introduzir técnicas de produção da mídia para os estudantes tornando-os sujeitos ativos do processo comunicativo, expressando, neste, suas necessidades, angústias e anseios. Abstract The storytelling is a teaching methodology for the conduct of workshops on communication and education for children as it nears the counter and the listener, gives pleasure to the public, help in shaping values and encourages reading, writing and citizenship training. After the initial contact made through the narration of history, the accountant can introduce techniques of media production for students by making them active subjects in the communicative process, expressing in this, their needs, anxieties and desires. Introdução Em 2001, quando cursava o terceiro ano do curso de jornalismo na UFG, 1 Monografia apresentada, em 2006, ao curso de Especialização em Metodologia da Arte de Contar Histórias Aplicada à Educação do Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação da UFG. Trabalho a ser apresentado no 3º Seminário de Educação em Rede (GT 2 - Tecnologias na sala de aula). 2 Mestranda da Faculdade de Comunicação e Biblioteconomia da UFG-GO, email: [email protected] 3 Doutora em Educação pela UFBA, professora da Faculdade de Educação da UFG e do Mestrado em Comunicação e Cidadania da UFG-GO e-mail: [email protected] 4 De acordo com Café, a palavra contação não está registrada no dicionário, mas é utilizada frequentemente pelos contadores de histórias e significa o ato ou a atividades de contar histórias. 1 comecei a ministrar oficinas de rádio no projeto “TV Lambança” 5 para crianças com idades entre 5 e 7 anos da Escola Municipal Professor Aristoclídes Teixeira, em Goiânia. Na época, dominava a técnica e o conteúdo para a produção de produtos midiáticos, mas não sabia absolutamente nada sobre o universo e as dificuldades da sala de aula, que envolviam problemas de infraestrutura, comportamento e, inclusive aversão à introdução da mídia na escola. Meu parceiro de oficina, Renato Cabral, além de cursar jornalismo, era estudante de letras. Para conquistar a confiança da garotada e conseguir uma mínima organização nas oficinas, ele sempre levava livros de histórias infantis. Após a contação de histórias, era hora de trabalhar com os meios de comunicação. Dividíamos a turma em grupos, definíamos pautas, escolhíamos músicas, enfim, fazíamos toda a produção dos programas radiofônicos, que eram gravados na Rádio Universitária ou na FACOMB/UFG. De forma bastante amadora, as histórias estavam sempre presentes nas oficinas. Contadas por mim, ou pelos alunos, elas serviam para nos aproximar, desinibir, dar prazer e até mesmo orientar os programas de rádio. Percebi que, enquanto comunicadora e adepta à realização de trabalhos na área de comunicação e educação, seria necessário dar mais importância às histórias. Para pesquisar o assunto, me inscrevi na Especialização em Metodologia da Arte de Contar Histórias Aplicada à Educação, do CEPAE/UFG, na qual me dediquei ao estudo “A Contação de histórias como instrumento para a comunicação e educação de crianças.” A contação de histórias é uma das atividades mais antigas que se tem notícia. Esta arte remonta à época do surgimento do homem (SISTO, 2004, p. 84), há milhões de anos atrás. Primeiro, por meio de grunhidos e gestos. Com o desenvolvimento da oralidade, transformou-se numa das formas mais comuns de comunicação. Contar histórias e declamar versos constituem práticas da cultura humana que antecedem o desenvolvimento da escrita. Desde aqueles tempos remotos e, ainda hoje, a necessidade de exprimir os sentidos da vida, buscar 5 O TV Lambança é um projeto de parceria entre a Escola Municipal Professor Aristoclídes Teixeira e a Faculdade de Comunicação e Biblioteconomia da Universidade Federal de Goiás (UFG). Criado em 1994, a iniciativa oferece oficinas de dança, comunicação, histórias em quadrinhos, contações de histórias e vídeo para estudantes de 5 a 14 anos, com o trabalho conjunto de educadores da escola e alunos da FACOM/UFG. 2 explicações para nossas inquietações, transmitir valores de avós para netos tem sido a força que impulsiona o ato de contar, ouvir e recontar histórias (LIMA, 2002, p. 55). Mesmo em um mundo comandado pela mídia, a arte de contar histórias ainda encontra espaço. De forma diferenciada, ela se mantém viva enquanto atividade cultural e busca novos significados, eliminando a possibilidade do estabelecimento ou da identificação de regras definidas. (CAFÉ, 2005, p. 25). Enquanto arte, a contação de histórias desperta sentimentos. Estimula a alegria, a tristeza, a indignação, a raiva e até mesmo o descaso. Carregada de ludicidade, esta atividade também libera a imaginação e estimula a criatividade. Quando a história é atrativa, o público entrega-se. A contação de histórias é atividade própria de incentivo à imaginação e o trânsito entre o fictício e o real. Ao preparar uma história para ser contada tomamos a experiência do narrador e de cada personagem como nossa e ampliamos nossa experiência vivencial por meio da narrativa do autor. Os fatos, as cenas e os contextos são do plano do imaginário, mas os sentimentos e as emoções transcendem à ficção e se materializam na vida real. (RODRIGUES, 2005, p. 4). A contação de histórias, além de pertencer ao campo da educação e à área das ciências humanas, é uma atividade eminentemente comunicativa. Por meio dela, os homens repassam costumes, tradições e valores capazes de estimular a formação do cidadão. O Projeto O objetivo inicial da monografia era promover o ensino de técnicas de produção do jornal impresso para as crianças, fazendo com que elas se tornem sujeitos ativos do processo comunicativo; estimular o gosto pela mídia educativa no público infantil; proporcionar ambientes lúdicos para as crianças da rede municipal de ensino; estimular a leitura e a escrita; promover a discussão de temas pertinentes ao universo infantil e contribuir na formação dessas crianças como cidadãos críticos. O trabalho se propôs a buscar respostas para as seguintes perguntas: a contação de histórias é um recurso capaz de deixar as oficinas de comunicação e educação mais lúdicas e prazerosas? A narração de histórias 3 pode auxiliar na aproximação entre o contador e seu público-alvo? A contação é uma forma agradável de proporcionar acesso à leitura dentro das oficinas de comunicação e educação? De acordo com Fox e Girardello, há muitas razões para contar histórias a grupos de crianças, dentro e fora da escola. Alguns podem dizer que o prazer que as crianças sentem é razão suficiente, mas as professoras às vezes precisam de outros argumentos para se justificarem diante da direção da escola e das famílias (...) O prazer também é útil e poderoso em termos educacionais. (FOX e GIRARDELLO, 2004, p. 125). Metodologia Foram utilizadas as metodologias da pesquisa bibliográfica e o estudo de caso, com análise de dados qualitativa. Os alunos pesquisados estudavam na mesma escola e eram da mesma turma, ou seja, pertenciam ao mesmo contexto institucional. A unidade-caso foi a turma do ciclo 2, do turno vespertino, de uma escola municipal da região norte de Goiânia, que possuía 40 alunos com idades entre 8 e 10 anos. Para a escolha do universo a ser pesquisado, foram considerados dois critérios: a localização geográfica da escola e o grau de interesse da instituição com relação ao projeto. Considerando a grande quantidade de alunos na turma, além da parceria do professor de Educação Física (que se propôs a acompanhar as oficinas para dar seguimento a estas após a conclusão do projeto), tive o apoio de uma colega da graduação em jornalismo, Rafaela Teixeira, que me ajudou na realização das oficinas. Inicialmente, apliquei um questionário para saber qual era o nível de envolvimento da turma com o jornal impresso e, desta forma, traçar um perfil dos participantes. Mostrei aos alunos os jornais diários de Goiânia “O Popular” (que possui o suplemento infantil Almanaque) e “Diário da Manhã” e o semanário “Tribuna do Planalto” (que publica um Caderno sobre Educação) e deixei que eles manuseassem e conhecessem melhor estes periódicos. Ao todo, 37 alunos (que estavam presentes no dia) responderam ao questionário. Nenhum deles conhecia o jornal “Tribuna do Planalto”, dois estudantes já haviam visto o Diário da Manhã, em casa (com os pais), e 13 (35% dos pesquisados) afirmaram conhecer o suplemento infantil “Almanaque”, 4 do jornal “O Popular”, pois a professora de português já o havia utilizado em sala de aula para leitura e interpretação de textos. Os alunos disseram também que nunca haviam participado da produção de um jornal impresso. O resultado do questionário deixou claro que os estudantes, fora da escola (onde trabalhavam eventualmente com o suplemento Almanaque), não tinham nenhum envolvimento com o jornal impresso. Todos afirmaram que seu meio de comunicação preferido era a televisão, na qual assistiam principalmente desenhos, novelas, Malhação e esporte. Durante a pesquisa, também utilizei o diário de campo, realizei entrevistas informais com professores e alunos da instituição de ensino e a observação participante como instrumento de coleta de dados. Ao todo, foram realizadas cinco oficinas de jornal impresso, com duração de uma hora e meia, entre os meses de maio e junho de 2006. Em cada oficina, contava uma história, que servia para introduzir ou orientar a produção de um jornal impresso de quatro páginas no formato A4. O jornal impresso foi o meio escolhido por vários motivos. A grande diferença entre o jornal impresso e as outras mídias, principalmente a TV e o rádio está no fato da TV ser simultânea aos fatos, enquanto o jornal é duradouro e, ao mesmo tempo, contemporâneo. Exatamente por não possuir a mesma instantaneidade da TV e do rádio, o jornal permite que as notícias sejam revistas, além de possibilitar o trabalho independente do aluno, pois é o mais atualizado material gráfico que tem disponível. (PEREIRA, 1998, p. 67). Somado a isso, não são necessários muitos aparatos técnicos para se fazer um jornal impresso. O jornal também pode ser considerado uma grande contação de histórias que acontecem diariamente nas ruas, órgãos públicos e privados, nas cidades e em diversos lugares que permeiam a vida da sociedade. Jornal parece coisa de gente grande. Mas seria mesmo necessário apresentá-lo assim às crianças? Por que não encará-lo como meio - ou modo – pelo qual as histórias são relatadas? Histórias do cotidiano, sim, mas histórias acima de tudo. A proposta de lançar um novo olhar a esse veículo, que parece mero reprodutor do real, baseia-se na concepção de que esse real resvala, e 5 que o jornal é um texto presente, que se faz traço do fato possivelmente acontecido no passado. (REZENDE, 1996, p. 17). Com a divisão do jornal impresso em editorias, ele se tornou um meio de comunicação plural. Hoje, não há jornal que não se divida em cadernos. Cada caderno traz histórias reais sobre um assunto específico. O que parece enriquecedor nesse tipo de relação que se estabelece entre o jornalismo e outros modos de contar histórias – além de dar ao jornal um lugar reconhecidamente plural, rico em variedades narrativas – é o reconhecimento de que este é um veículo que suscita interesse e curiosidade. Desse modo, parece possível que ele deixe de ser coisa exclusiva de gente grande, para ser parte da grande “brincadeira”, que é a vida. O ideal é que as crianças possam contar e escrever, elas mesmas, as histórias do cotidiano. Não presas às regras que buscam reger o discurso jornalístico, mas soltas no emaranhado de fatos que circundam suas vidas. (REZENDE, 1996, p. 24). Outra qualidade do jornal impresso é que ele funciona como mediador entre a escola e o mundo; quando sua leitura é bem conduzida, prepara leitores experientes e críticos para desempenhar bem seu papel na sociedade, ajuda o aluno a formar novos conceitos e adquirir conhecimentos diversificados. A linguagem jornalística escrita se apresenta como um modelo equilibrado para orientar professores de português, perdidos entre o ranço tradicionalista inoperante e as novidades que de uns tempos para cá vêm despencando intempestivamente em suas cabeças. (FARIA, 1989, p. 11). As oficinas foram distribuídas da seguinte maneira: NNº História 1 1 As Atividades doze princesas (folclore) - Apresentação - Pesquisa sobre leitura de jornais - Contação de história - Atividade de comparação entre as histórias presentes nos livros e nos jornais - Leituras pessoais de histórias em livros infanto-juvenis 6 22 As doze princesas (folclore) - Construção de lide (primeiro parágrafo da notícia no qual os principais fatos são colocados) a partir da história contada na oficina anterior - Divisão dos alunos por área de interesse/editorias do jornal: cultura, saúde, esporte e ilustração - Definição das pautas do jornal em cada grupo - Escolha do nome do jornal 33 Camilão, o Comilão” (Ana Maria Machado) - Contação de história - Início da produção do jornal por editorias: Saúde (definição de perguntas para o odontólogo da escola), Ilustração (ilustração das histórias contadas), Cultura (definição de perguntas sobre a Festa Junina da escola), Esporte (produção de texto opinativo sobre a Copa do Mundo) 44 Tadeu e - Contação de história Maria Angélica (José Roberto odontólogo Torero) - Realização da entrevista com o - Realização de entrevistas com o catireiro e a diretora da escola - Finalização dos textos sobre Esporte 55 “A primavera - Entrega do jornal para a turma e da Lagarta” (Ruth comparação Rocha) com os demais jornais produzidos pela imprensa - Entrega do jornal para professores e membros da direção da escola - Contação de história 7 Etapas de produção 1) Sensibilização Antes do início das oficinas, preparei uma atividade de sensibilização que, de acordo com a Drª Maria de Fátima Barreto (2002), cria uma expectativa no público-alvo. Para isso, elaborei 40 cartas impressas em papéis de cores variadas, com o nome de cada estudante, que foram entregues a eles pela diretora da escola quatro dias antes do início da realização das oficinas. Na primeira oficina, recebi 11 cartas-resposta. 2) Reunião de pauta O primeiro passo foi a realização de uma reunião geral com a turma para saber sobre qual temas eles gostariam de escrever. Eles fizeram várias sugestões: falar sobre o odontólogo que atendia na escola, sobre a Festa Junina do Colégio, sobre a Copa (que estava se aproximando) e fazer um jornal cheio de desenhos e que tivesse uma grande foto da turma. A partir das pautas, que foram definidas pelos alunos, dividimos o jornal nas seguintes editorias: Saúde (entrevista com o odontólogo), Cultura (matéria sobre Festa Junina), Esporte (textos curtos e opinativos sobre a Copa e o time de futebol preferido) e Ilustração (com desenhos sobre as histórias contadas e as pautas das outras editorias). 3) Escolha das histórias Com exceção da primeira história contada, as demais foram escolhidas de acordo com as editorias definidas pelos alunos. Por exemplo: a história “Camilão, o Comilão”, da autora Ana Maria Machado, trata de um leitão que comia demais e uma das pautas da editoria Saúde era alimentação e higiene bucal. O conto Tadeu e Maria Angélica tratava de um casal de namorados que torcia para times rivais, portanto, poderia orientar a editoria de Esporte. 4) Realização de entrevistas O grupo de alunos que ficou responsável pela entrevista com o odontólogo marcou a entrevista e se reuniu para pensar previamente em algumas perguntas. Durante a entrevista, os alunos perguntavam e 8 manipulavam o gravador. Um fato que chamou a atenção foi que, além de saber sobre a saúde bucal, eles também tinham interesse em saber sobre a vida pessoal do entrevistado (se ele era casado, tinha filhos, etc). Seguindo o mesmo procedimento do grupo anterior, os estudantes da editoria de cultura entrevistaram um catireiro que estava preparando um grupo de alunos para dançar na Festa da Junina da escola e a diretora da instituição de ensino, que forneceu informações gerais sobre o evento. 5) Produção de textos Fiz a decupagem das fitas que continham as entrevistas e levei o conteúdo na oficina seguinte para que os grupos o lessem e, juntos, fizéssemos uma redação final. Foi fácil organizar o texto da entrevista, já que ela seguia uma sequência. Mas a matéria sobre a catira e a Festa Junina foi mais polêmica, pois cada estudante queria abordar um conteúdo diferenciado. A saída foi falar um pouco de tudo. Enquanto trabalhava com os dois grupos, a outra oficineira ajudava os estudantes das editorias de ilustração e de esporte/opinião a produzirem seus conteúdos. Algumas fotos foram produzidas pelos próprios estudantes, com máquina digital. Um fotógrafo profissional fez a foto da turma e de todos os envolvidos na oficina para a capa do jornal. 6) Fechamento do jornal Como a escola não tinha laboratório de informática, todos os textos foram produzidos em papéis. Fiz a digitação dos textos e finalizei a edição de todo o material produzido em sala de aula e o encaminhei para a diagramação, que foi terceirizada. Após a revisão da diretoria e do professor de Educação Física, que acompanhava as oficinas, foram impressas 100 cópias do jornal. 7) Divulgação do jornal Na última oficina, o jornal foi distribuído para a turma, que mostrou bastante encantamento com o produto final, principalmente com a foto da capa (na qual todos apareciam) e com seus nomes, que assinavam as matérias. O jornal também foi distribuído para os professores, para a direção da escola e 9 afixado no mural. As cópias que sobraram foram entregues para alguns pais na Festa Junina da Escola. Resultados Tanto a contação de histórias quanto a produção do jornal foram atividades que envolveram e atraíram a atenção dos alunos. A história das “Doze Princesas” foi recontada três vezes, por exigência dos estudantes. Já o conto “Tadeu e Maria” Angélica não obteve a mesma aceitação do público. Acredito que isso aconteceu, pois a história não foi adequada à faixa etária das crianças. Outro problema foi a grande quantidade de alunos na sala de aula, que dificultava a realização de algumas atividades. Aproximadamente cinco estudantes não tiveram nenhum envolvimento com a produção do jornal, por falta de interesse, e de alguma forma, atrapalhavam a produção dos outros alunos. Com exceção do professor de Educação Física, nenhum outro docente quis se envolver a atividade. Durante as oficinas, os estudantes escutaram histórias, desenharam, leram, recriaram histórias e criaram pautas e textos para o jornal interno, o qual eles chamaram de “Jornal das Crianças”. Mais de 90% das crianças participaram ativamente da produção do jornal e se mostraram encantadas com a manipulação do gravador e da câmera digital. Estas perguntavam quando aconteceria a produção da próxima edição do periódico, que seria coordenada pelo professor de educação física. O professor de Educação Física tentou dar continuidade à realização do projeto, mas esbarrou nas dificuldades da falta de infraestrutura (como gravador, máquina digital e computador), limitação financeira (para fazer a diagramação e impressão do material) e até mesmo na produção de texto e orientação dos alunos, que deveria ser realizada preferencialmente com o apoio da professora de português. Conclusões O objetivo inicial da monografia era promover o ensino de técnicas de produção do jornal impresso para as crianças, fazendo com que elas se tornem sujeitos ativos do processo comunicativo; estimular o gosto pela mídia 10 educativa no público infantil; proporcionar ambientes lúdicos para as crianças da rede municipal de ensino; estimular a leitura e a escrita; promover a discussão de temas pertinentes ao universo infantil e contribuir na formação dessas crianças como cidadãos críticos. Considero que, no curto período de realização do projeto, alguns desses objetivos foram alcançados, mas seria importante que a iniciativa tivesse continuidade para avaliar melhor os seus reais efeitos, principalmente com relação à contribuição na formação das crianças como cidadãos críticos, que é um processo mais demorado. Não posso afirmar se, na produção da segunda edição do jornal, os estudantes teriam o mesmo envolvimento. A contação de histórias não é um elemento imprescindível para a realização de oficinas de comunicação e educação, mas, durante o projeto, revelou-se um rico instrumento para o desempenho de tal atividade. Por meio da explicação de que o jornal impresso é um veículo que conta histórias, em sua maior parte, sobre a vida real, os alunos puderam entender melhor esta mídia. A comparação feita entre o jornal e o livro, que já é um recurso bastante conhecido dos estudantes, também facilitou a compreensão deles com relação às semelhanças e diferenças entre ambos os recursos, como a durabilidade, o ineditismo, o estilo de textos e os assuntos tratados. Também considero importante o fato de ter levado jornais da mídia goiana para a sala de aula, proporcionando o contato dos estudantes com estes veículos. Um ponto lamentável é a falta de envolvimento dos professores com atividades de introdução da mídia como recurso de ensino-aprendizagem na sala de aula, pois projetos como estes deveriam ser propostos e coordenados pelos docentes, que conhecem melhor a realidade e as necessidades dos estudantes. Referências bibliográficas BARRETO, Maria de Fátima Teixeira. O livro literário na sala de aula. Solta a voz. Goiânia, 2002, n. 12, p. 82-87. 11 CAFÉ, Ângela Barcellos. Dos contadores de Histórias e das Histórias dos contadores. 1ª edição. Goiânia: Editora da UFG, 2005. 139 p. FARIA, Maria Alice de Oliveira. O jornal na sala de aula. 2ª ed. S4ao Paulo: Contexto, 1989. FOX, Geoff e GIRARDELLO, Gilka. Autor (org.). A narração de histórias na sala de aula. Baús e chaves da narração de histórias. Florianópolis, SESC/SC, 2004, p. 115-151. LIMA, Clêidna Aparecida de. Memórias: de onde contamos histórias. 54ª Reunião Anual da SBPC – Anais Expoeducação. Goiás: Gráfica da UFG, p. 53-63, 2002. 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