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0 capitalismo
selvagem
As vias democráticas
de luta
parecem realmente
bloqueada.
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SAO
1979
21 DE NOVEMBRO DE 1979
SÂO PAULO,QUARTA-FEÍRA
PAULO,QUARTA-FEIRA 21;
N" 7-1 ANO I CrS KUH)
Página 4
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um
Um pacto sério,
se cumprido
Será a única saída
para os problemas
que o país
enfrentará
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Um dia grave no Oriente Médio. A Arábia Saudita ficou isolada do mundo
ves, ainda que nebulosas, vinham inbase em Subic Bay, nas Filipinas, ruPela primeira vez. desde o inicio
clusive da Arábia Saudita. Em Meca,
Índico.
Oceano
direção
ao
e
em
Unidos
mando
da atual crise entre Estados
Haverá acordo
Consuma-se
onde hoje se assinala uma grande
semana
na
Recorde-se
o
dias.
passada,
Irã. ha dezessete
que,
presidente
festa muçulmana a inauguração do
os EUA já haviam deslocado um ouJimmy Carter disse ontem, por meio
XV século de seu calendário -, uma
Midway,
o
Branca,
Casa
tro
da
para
declaração
de uma
porta-aviões,
entre governo
hoje fim de
mesquita teria sido tomada por cerca
águas próximas ao Irã.
que não está afastada a possibilidade
de seiscentos manifestantes, cauA declaração de ontem da Casa
de uma ação militar americana consando a morte de uma autoridade loBranca culminou um dia particulartra o governo de Teerã. A declaração
, e sindicatos?
Arena e MDB
cal. Detalhe importante é que os inayamente tenso. Antes, em Teerã, o
da,Casa Branca citou a Carta das
no trecho em que asNações Unidas,
segura o "direito ác- autodefesa" a
uma nação agredida. Logo após a declaração de Carter, o Pentágono informava que o porta-aviões Kitty
Hawk, escoltado por outros cinco
navios de guerra, havia deixado sua
vasores da mesquita seriam xiitas,
como Khomeini, c de alguma forma
ligados ao Irã. As comunicações da
Arábia Saudita com o mundo, ontem
à noite, estavam cortadas.
tollah Khomeini havia formulado novas acusações aos Estados Unidos, e
reafirmado sua intenção de processar, como espiões, os 49 reféns americanos que continuam mantidos na
embaixada dos EUA. E, para culminar o quadro sombrio, notícias gra-
Discretamente, o Planalto
já comemorou ontem
Sinais de desconfiança,
mas há contraproposta
Páginas 2 e í>
Página 9
Página 6
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Uma hipótese
extravagante
0 presidente do Juventus, José Ferreira Pinto, apresentou uma saída paru o problema entre o Corinthians, a FPF
e a Ponte Preta. Mas, reunidos ontem na Federação, os diretores dos clubes paulistas recusaram a fórmula
sem vencedor, após a rodada desta noite. Página 14
proposta e, com isso, o campeonato pode terminar,
RAYMUNDO FAORO
e nâo houver nenhum acidente grave no obediente
trânsito parlamentar, o
substitutivo da reforma
partidária será hoje votado no Congresso. Na manhã de
quinta-feira, o leitor dos jornais brasileiros encontrará, estampado nas primeiras páginas, um velho conhecido
seu, natural desfecho de todas as crises, as reais e as fictícias: o fato consumado. A reforma estará aprovada,
sacramentada, e a oposição decretará
luto fechado, numa viuvez que a
afaste da corte dos pretendentes à
sua mão disponível. Esquece-se da
sabedoria popular e, modestamente,
não se tem na conta de viúva rica,
que com um olho chora e com outro ... fique a reticência para ser
completada pelos articuladores mais
sôfregos de novas agremiações, algumas velhíssimas na capa de novas,
com a advertência de que o inventário se abre mesmo no período de
luto.
Figure-se, entretanto, uma hipótese inverossímel ou extravagante,
contra todos os cálculos. Suponha-se
que o substitutivo e o projeto sejam
rejeitados, como anuncia um irado
dissidente, dissidente ou independente, que a nomenclatura é árdua. A
situação se assemelharia à de um
doente grave que, certo do fim próximo, já providenciou o seguro e o
testamento, chamou ao pé do leito os
seus herdeiros compungidos, que, por
conta do inevitável, já gastam por
conta do defunto. Na sua fala derradeira, o moribundo disse mal do
mundo, para se convencer que nada
deixa que valha a .pena de ser lamentado. Inesperadamente; entre os primeiros louvores, aos louvores que só
os mortos merecem, o indiciado pela
indesejada se restabelece e, lépido,
volta ao bulício. A confusão, a perplexidade e, aos menos suaves, a indignação entra pela porta da saúde.
A cena toma as proporções de um logro macabro, desmascarando lágrimas insinceras e graves fisionomias
compostas. Tudo voltará ao que era,
sem as esperanças de um legado, um
mísero legado, já que a herança foi
adiada e talvez perdida. Adeus independentes, que sonhavam com sua
casa de campo, para o merecido recreio, adeus petebistas, adeus moderados, adeus não-alinhados,'adeus a
todas as neves de antanho. O que era
comédia, vivida pelos atores com a
séria consciência do papel a desempenhar, se transforma em drama,
fraudando os espectadores que pagaram a entrada do teatro, únicos a arcarem com os ônus da cena que nào
houve.
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0 presidente João Figueiredo assinou ontem o indulto de Natal, e desta ve% não foram excluídos dele
os condenados por crimes políticos. A aplicação do decreto, que dispõe inclusive sobre diminuição das penas, colocará
automaticamente em liberdade 9 dos 18 presos políticos não beneficiados pela anistia. Página 5
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Um buraco, a causa de todo esse tumulto
Há uma semana, ele tinha 40 centímetros, mas transformou-se numa cratera de 6 metros e transtornou Sâo Paulo inteira.
Os congestionamentos atingiram até li quilômetros e, ontem, chegaram a afetar até a via Da tra. XflÚma pagina
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PAGINA 2
POLÍTICA
REFORMA
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No Planalto, discreto otimismo
Várias reuniões movimentaram o Palácio do Planalto ontem, alem das audiências normais do presidente da República.
Sucederam-se os encontros informais entre os ministros da casa. E o general Danilo Venturini, chefe da Casa
Militar, chegou mesmo a improvisar
num canto do corredor, no 4' andar,
uma conversa reservada com o chefe do
.SNI, general Octávio Aguiar de Medeiros, vestido em trajes de trabalho, gra'váta
aberta c mangas enroladas. O papo
e nada transpirou.
rápido
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palaciana que tenta, nestes últimos momentos, somar mais votos n seus objetivos.
Vão acabar hoje os dois partidos
As resoluções da última segunda-feira
no que toca à sublegenda serão cumpridas á risca, dc acordo com o pensamento dominante dentro do Palácio. Isto
significa, conforme o governo já avisou,
que vai haver uma ofensiva contra os
dissidentes em seu próprio terreno. Vale
dizer o plenário do Congresso Nacional.
• iMaso assunto que dominou o Palácio
do Planalto ontem foi inegavelmente a
reforma partidária. Os ministros da casa
•reuniram-se pela manhã e à tarde com o
.presidente da República. Enquanto isso,
d -secretário particular Heitor Ferreira
conversava muito, ouvia explicações. Do
líder Nelson Marchezan, por exemplo,
Heitor Ferreira queria saber por que se
teria demorado em convocar para a votação de hoje o deputado gaúcho Valdir
Perroni, que estava no México. Depois,
o secretário do presidente alongou-se
num exame da situação com o ministro
da Previdência Social, Jair Soares - e
neste caso discutiu-se a postura da bancada gaúcha diante da votação. Enfim, o
dia de ontem consumiu as últimas etapas
da longa articulação que vai resultar na
votação de hoje.
Ao final das reuniões reinava um
clima de "otimismo discreto", na definiçào de um qualificado assessor presidenciai Discreto porque ninguém quer comemorar com antecedência - ainda que
no Palácio do Planalto a crença generalizada, nos gabinetes do 39 e 4? andares
seja de que o atual sistema partidário
está, a partir de hoje, extinto. Inclusive
porque o sempre impreciso número de
dissidentes estaria reduzindo-se como
conseqüência dc uma fortíssima pressão
Por trás deste aviso pode-se entrever.
também a ameaça de que a derrota,
neste caso, significa o fim das possibilidades dc entendimento com a Prcsidência da República. Lá, aliás, lamenta-se
que esteja no bloco dissidente o deputado Antônio Mariz (Arena-PB), que foi
candidato da assessoria presidencial ao
governo de seu Estado. Mariz acabou
perdendo em função das pressões originárias da própria base.
Não há dúvida dc que o governo pretende sitiar os dissidentes. Mesmo porque, nos escalões mais graduados do Palácio do Planalto, confere-se legitimidade
à luta pela manutenção do MDB exclusi¦vãmente ao deputado Ulysses Guima"Se eu estirães, presidente do partido.
vesse no lugar dele faria a mesma coisa",
comentou um importante assessor de Figueiredo, para lamentar em seguida que
outros parlamentares, sem as motivações do presidente do MDB, tenham
provocado uma onda de radicalizações
no debate.
A avaliação palaciana para o
futuro indica que brotarão quatro partidos das cinzas do MDB e Arena. E assim estará afastado .por algum tempo o
fantasma da radicalização, conseqüência
de um eventual polarizado confronto de
forças entre governo e oposição, com rcsultados imprevisíveis.
André Gustavo Stumpf
Delfim nâo vai mais
ao Irã comprar petróleo
Está decidido. O ministro Antônio
Delfim Netto, do Planejamento, não estenderá sua viagem pelo Oriente Médio
ao Irã. A decisão foi tomada há dois dias
pelos niveis mais graduados da assessoria do presidente da República, depois de
uma série de telefonemas entre Brasilia e
Teerã.
Aliás, tanto o Palácio do Planalto
quando o Itamaraty, estão abastecendo-se
de noticias sobre a crise entre Irã e Estados Unidos através da embaixada brasileira naquele país, que montou com diplomatES e militares um eficiente serviço
de informações sobre o panorama politico iraniano. Em tempo: Delfim Netto
vai à Arábia Saudita tentar aumentar os
de petróleo daquele pais
fornecimentos
"Brasil,
áò
para evitar que a Petrobrás
seja obrigada a realizar compras de petróleo no mercado spot. Até hoje, a companhia brasileira não efetuou nenhuma
transação naquele mercado, onde os preços são praticamente o dobro dos cobrados pela OPEP.
Em tempo de reforma,
a teoria fica longe
O deputado Ulysses Guimarães não
acordou bem-humorado ontem. Não
quis conversar com jornalistas e recebem
apenas alguns parlamentares. Cara
séria, voz grave, ar distante. Meio-dia,
nova visita, o professor e teórico oposicionista'Mangabeira Unger - que não
teve melhor sorte. Entrou e saiu do gabinete do presidente do MDB sem oportunidade para uma conversa profunda,
nem tempo para sentar-se.
Teotônio já foi a
favor da extinção
Repousa sobre a mesa do secretário
particular do presidente da República,
Heitor Ferreira, um estudo curioso, no
mínimo, mesmo porque se ele não foi utilizado até hoje provavelmente nunca o
será. No primeiro semestre deste ano, o
Palácio do Planalto, menos por curiosidade histórica, mais por pragmatismo,
decidiu fazer uma pesquisa nos anais do
Congresso Nacional sobre pronunciamentos de parlamentares a favor da extinção de Arena e MDB. Lido nos dias
de hoje, a coletânea revela algumas péroIas .
Entre elas um discurso do senador
afirmando
Teotônio Vilela, em 1977, "farinha
do
que Arena e MDB são
seO
Revolução.
mesmo saco, filhos da
nador alagoano afirmava no discurso
que sua luta politica seria em favor da
extinção dos dois partidos e da criação
de novas legendas.
Tancredo, saudoso,
lamenta novo tempo
Experiente e matreiro, o senador Tancredo Neves não conteve ontem um desabafo pela maneira como "Oé resolvida a
governo jà
política brasileira de hoje.
vão sumindo
Não há mais resistência possível para o MDB. Os dissidentes da Arena
ROLLEMBERG, de
grupo de votar frontalmente contra o governo
caso a sublegenda fosse
mantida. E Mariz observou, a propósito, que o
grupo nào estava disposto
"para
a fazer um acordo
perder". Queriam efetivamente derrubar a sublegenda e isso só seria possível através dc um acordo
com o MDB, .pelo menos
em relação ao requerimento
de destaque ao artigo 2?.
Portella não disse sim
nem não, mas prometeu telefonar para os lideres, deixando, assim, aberta a
porta do entendimento. E
ligou. Só que ouviu dos dois
justamente o contrário: um
grupo de independentes havia procurado, há alguns
mornentos, o líder Jarbas
Passarinho, anunciando
que o acordo estava prestes
a ser aceito. No inicio da
tarde, Marchezan voltaria a
declarar à imprensa que o
cm
governo não admitiria,
"a trianhipótese alguma,
gulação amorosa" dos dissidentes. No final da tarde.
Passarinho repetiria a
mesma declaração.
A intransigência dos lideres correspondia diretamente os bons resultados
obtidos com a pressão deflagrada contra alguns integrantes do grupo: quatro
novas deserções. O deputado Wilson Falcão
(Arena-BA), por exemplo,
saiu de uma conversa com
o presidente Figueiredo
pela manhã c foi direto ao
gabinete do lider Marchezan. Prometeu votar tudo
conforme as determinações
da liderança, inclusive a favor da sublegenda, e nas fileiras 'independentes' ainda
se registravam mais três
ARMANDO
Depois de meses de dcbates, conchavos c manobras de bastidores, o projcto da reforma partidária
será votado hoje, a partir
das 18h30, pelo Congresso
Nacional. Apesar de algumas definições importantes
e dc indefinições nao menos
importantes, tudo levava à
crer, no inicio da noite de
ontem, que o substitutivo
do governo será aprovado e
os partidos extintos, alcançando seu principal objetivo: a extinção dos pardos. A única surpresa
possível - hipótese muito
remota - seria o fim da sublegenda.
O governo não transigiu
um palmo nas suas posições já anunciadas. Permite
a votação, no mérito, do artigo que mantém a sublcgenda, desde que os dissidentes votem, sem restrições, a favor do substitutivo do relator Aderbal Jurema (PE). Os chamados
"independentes",
no entanto, até o final do dia,
ainda insistiam em conycnecr o ministro Petrônio
Portella e os lideres Jarbas
Passarinho e Nelson Marchezan a cederem um
pouco mais: eles querem
votar a favor do requerimento de destaque do
MDB contra a extinção,
mas apenas para dar uma
satisfação formal aos emedebistas. Com isso, penmsam garantir a presença
dos emedebistas em pienário na hora da votação
do artigo da sublegenda.
Mas não só não obtiveram êxito nessas derradeiras investidas, como se
foram' enfraquecendo, no
decorrer das negociações.
At? que haviam começado
com toda a força. Mas, já
na conversa mantida anteontem à noite, na residência do deputado Magalhães
Pinto, com a direção emedebista, não surgiu nenhuma conclusão. Ulysses
Guimarães saiu do encontro, à meia-noite, com a
promessa dc consultar as
várias tendências do seu
partido. E, certamente, um
tanto desanimado. Ele procurara, habilmente, estimular a rebeldia do grupo, observando que seria difícil
segurar sua bancada no
plenário para votar contra
a sublegenda, depois da exisso,
tinção do MDB. Com"indeele quis convencer os
pendentes'' de que o melhor
seria derrotar, dc saida, o
substitutivo. Mesmo porque, depois disso, a mesma
maioria poderia impor, no
Congresso, uma nova lei
partidária sem a sublegenda - acrescentou.
Os representantes dos
"independentes", embora
não se tenham definido sobre a proposta de Ulysses
Guimarães resolveram cnviar, hoje cedo, uma nova
embaixada ao ministro da
Justiça, Petrônio Portella.
Foram os deputados Magalhãcs Pinto, Antônio Mariz
e Geraldo Bulhões que falaram grosso, durante mais
de duas horas, ao ministro,
voltando a ameaçar o governo com a derrota do
substitutivo, o caso náo
fosse permitida uma
aliança com o MDB, na votação do requerimento dc
destaque contra a extinção.
Bulhões lembrou ao ministro os termos do "compromisso de honra" assinado
"independentes",
pelos 37
anunciando a disposição do
Brasilia
baixas: os deputados Antônio Gomes (PB), Joacil Percira (PB), João Câmara
(MS) Câmara foi forçado a
dar seu lugar ao titular da
cadeira Leite Schmidt que
até ontem ocupava a chefia
da Casa Civil do governo
do Mato Grosso do Sul.
Essas foram as defecções ostensivas. Mas o
vice-lider Marcelo Linhares
(CE) apostava ontem que
restado 17 disnão haviam
a tudo"
sidentes "dispostos
- o grupo dos "Jim Jones",
como prefere chamá-los
lembrando o místico paranóico que comandou o
suicídio coletivo dos membros de sua seita na
Guiana. Linhares pode estar exagerando, mas os
próprios dissidentes ao final da tarde não conseguiam relacionar mais de
trinta nomes solidários com
a sua causa. E frisavam que
esses trinta estavam certos
apenas de votar contra a
sublegenda. A disposição
do grupo em votar contra o
substitutivo era muito menor.
Com a retaguarda
aberta desse jeito, não se
poderia mesmo esperar do
grupo uma definição mais
precisa. Nem mesmo a
noticia de que os senadores
emedebistas haviam decidido permanecer em pienário para votar contra o
substitutivo, decisão que
deverá ser acompanhada
por todo o partido, e também contra a sublegenda,
provocou-lhes uma definição. Da mesma forma, de
nada adiantou a mudança
na posição do grupo trabaIhista que em vez de decidir
votar pelo substitutivo, acabou resolvendo, após lon^a
c tumultuada reunião, seguir a diretriz estabelecida
'indepcnpelo partido. Os
dentes', terminaram o dia
fechados numa sala da biblioteca da Câmara numa
reunião menos numerosa
do que a da véspera, ainda
sem qualquer decisão.
Um dos mais respeitaveis dissidentes, o paraibano Antônio Mariz (PB)
chegou ao fim do dia sinceramente abatido. Todos os
indicadores configuravam o
fim melancólico dc mais
um movimento dissidente
dentro da Arena. O próprio
deputado Antônio Mariz
final
(PB), desabafava, ao "Fedo dia, sua decepção:
lizmente, essa será a minha
última dissidência". E, embora não. o tenha declarado, parecia que já não alimentava mais qualquer ilusão de vitória. Será preciso
o comparecimento de praticamente toda a bancada
emedebista (189 deputados) para,
aliados
aos trinta sobreviventes
do movimento
rebelde
tentarem
Arena,
da
derrubar a sublegenda.
A sessão, de qualquer
forma, promete lances emocionantes. A população de
Brasília foi convidada a
comparecer para protestar
contra a extinção do MDB
e a perspectiva de, mais
uma vez, enfrentar a agressiva participação das galerias, tem incomodado - e
muito - às lideranças arenistas. O presidente Luis
Vianna, segundo Passarinho, está disposto até
mesmo a mandar esvazia- ,
ias, caso se repitam as ce- i
nas da votação da anistia. \
A sublegenda fica, até pelo veto
ANDRÉ
DELFIM
Missão de driblar o spot
lançou seu rolo compressor contra a
Arena", comentou. Dcrois, lamentou:
"Queria ver o
governo mandar um proreformulação
de
partidária na época
jeto
fui
em que
primeiro-ministro, enfrentando a oposição com um regimento que
só a beneficiava. Naquele tempo, sim,
era difícil tirar qualquer projeto do
Congresso".
Defesa e ataque com
mais de JO inscritos
Cinqüenta e dois parlamentares, a
maioria deles do MDB, estavam inseritos ontem até às 18h30 para a discussão
do projeto de reformulação partidária
que começou a ser debatido ontem jto
Congresso Nacional. Serão duas sessões
de discussões, cada uma com a duração
máxima de quatro horas, cabendo a
cada parlamentar vinte minutospara exA papor suas idéias, antes da votação.
a
alternadamente
lavra será concebida
MDB.
e
Arena
Há gente com ciúmes
entre os arenistas
Entre os saldos da discussão da reforma figurará a disputa surda dos lideres Jarbas Passarinho e Nelson Marchezan com o ministro Petrônio Portella que se tem dirigido diretamente a parlamentares e não aos líderes para compor
seu esquema. Ontem, os dois líderes não
esconderam sua irritação por terem ficado á espera de uma conversa de Portella com os independentes para começarem a agir.
Aumento para Cr$ 18 JO,
o presnte de Natal
O Natal deste complicado 1979 será
definitivamente inflacionado pelo violento, aumento dos preços dos derivados
de petróleo, atualmente em estudo pelo
CNP.
Ontem, Carlos Viaccava, secretário especial de Abastecimento e Preços, confirmou o aumento, embora não
se comprometesse com o indice. O CNP
propõe elevação de 30% que, se aplicada,
jogaria o preço da gasolina para CrS
18,50 o litro.
Caso os disdidentes arenistas consigam derrubar
do substitutivo da reforma
partidária o artigo que estabelece sublegendas a nivel
municipal, o presidente da
República, quando o texto
voltar ao Planalto para sua
sanção, o restabelecerá. O
artifício, para isso será vetar trecho do Artigo 13 do
substitutivo que revoga artigos da lei das sublegendas
de abril de 1977. Assim, as
sublegendas permanecerão
paraas eleições de prefeito e
também para o pleito a senador.
Esta informação foi
prestada ontem por alta
fonte do Palácio do Pianalto. Segundo este assessor de Figueiredo, contudo,
o presidente da República
não precisará apelar para a
sua prerrogativa de vetar
GUSTAVO
Conleis remetidas
"Pode pelo
anotar aí:
gresso.
essa parada nós ganhamos
tranqüilamente. O substitutivo será aprovado em pienário na sua integra, com a
extinção dos partidos e a
manutenção das sublegendas. E ai nós finalmente poderemos entrar num quadro pluripartidário autêntico e vigoroso", dizia o assessor palaciano.
De fato, todos ontem no
Planalto transmitiam, ou
procuravam transmitir otimismo quanto à reforma
partidária. O assunto dominou as discussões, pela manhã, na tradicional reunião
das 9 horas, quando o presidente da República recebe
em seu gabinete os chefes
da Casa Civil, Golbery do
Couto e Silva, do Gabinete
Militar, Danilo Venturini,
STUMPF,
de
do SNI, Octávio Aguiar de
Medeiros, e da Seplan, Delfim Netto - que por estar
viajando foi substituído ontem por Flávio Pecora. De
Golbery do Couto e Silva,
o presidente ouviu um relato tranqüilizador sobre a
votação, relato que confirmava as informações levadas segunda-feira a Figueiredo por seu comando politico no Congresso.
Além disso, durante todo
o dia, o gabinete civil foi
abastecido com notícias
transmitidas por telefone
pelo ministro Petrônio Portella, senadores José Sarney
e Jarbas Passarinho e o deputado Nelson Marchezan.
Todos também confiantes.
Pela manhã, o presidente
teve oportunidade de mandar um recado aos dissi-
Brasília
dentes arenistas. que até o cretário dc Imprensa do
final do dia não haviam Planalto. Alexandre Garporta-voz palaainda decidido se aceitam a cia. Disse o "à
medida que
ciano
a
que,
do
governo para
proposta
votação da reforma. O pre- horas vão passando, as insidente da República rece- formações chegadas ao Pabeu em audiência um mem- lácio indicam que os dissibro do grupo, o deputado dentes tendem, mais e mais,
Wilson da Costa Falcão a voltar ao seio do go(Arenâ-BA), que saiu do verno". Além "odisso, Garcia
PTB vai se
Planalto com a informação garantia que
substitudo
colocar
a
favor
não
de que o governo
pertivo do senador Aderbal Judoará os que se voltarem
"Mas rema, fortalecendo ainda
contra seu projeto.
nós
te- mais a posição do governo.
ele me garantiu que
mos toda a liberdade para
O resto da oposição, este
votar contra a sublegenda",
sim, votará contra o prodisse Falcão.
jeto". Todas estas previsões
No final da tarde, en- otimistas levavam diferenquanto os conchavos prós- tes assessores de Figueiseguiam no Congresso, Fi- redo a garantir que não haa verá necessidade da regueiredo, voltou para
Granja do Torto "tran- forma partidária ser aproqüilíssimo com a votação", vada mediante o artifício de
segundo palavras do subse- decurso de prazo.
PTB fiel ao MDB, no último momento
CARLOS ALBERTO SARDENBERG, de Brasília
A comissão executiva do
Movimento Democrático
Brasileiro, que é integrada
por autênticos, nãoalinhados e moderados em
partes iguais, reuniu-se noinicio da noite de ontemseria a última reunião? f
tomou todas as suas decisoes por unanimidade.
Com o bloco petebista, que
não está representado na
executiva, aderindo integralmente àquelas decisões,
embora pela manhã, estivesse decidido a votar favorávelmente ao projeto de
reforma partidária (leia entrevista na página 3). As' sim verifica-se acontecimento que não deixa de ser
notável: um partido dividido em várias tendências,
às vésperas da batalha final, vai todo junto à votação da reforma, como verdadeira frente de oposição.
A principal decisão tomada ontem é está: o MDB
v otarà contra o substitutivo do senador biônico
Aderbal Jurema, que expressa a reforma partidária
proposta pelo governo, em
sua versão final. Quer dizer, o MDB decide votar
em bloco contra a reforma
do governo, desistindo de
estratégia semelhante a que
adotou durante a votação
da lei de anistia. Naquela
ocasião, o MDB votou no
projeto do governo e depois
tentou ampliá-lo, pela aprovaçào de emendas ao texto
original. Fracassou.
Agora, a comissão executiva chegou à conclusão
de que, aprovado o substitutivo, barreiras regimentais
insuperáveis impediriam a
votação de emendas eliminando os artigos que decretam a extinção dos partidos, instituem a sublegenda
e obrigam a que todas as
no
agremiações tenham,
'partido'.
nome, a palavra
Esses são os três pontos em
que o MDB, em princípio,
concentraria sua luta. Mas
em vez de tentar ganhar
três vezes - três emendas,
uma para cada daqueles casos - a comissão executiva
optou por uma única batalha, contra todo o substitutivo.
A decisão, de resto, corresponde ao clima emocional que se vai tornando
vivo e forte entre os emedebistas na medida em que se
aproxima o momento da
votação, marcada para
hoje a noite. É a decisão de
resistir "até a morte". •
Certamente foi esse
clima que levou o bloco petebista a aderir a essa estratégia. Os petebistas, até ontem, estayam preferindo
votar a favor do substitutivo para só depois tentar
destacar e votar contra os
artigos da extinção e da sublegenda. Em termos pragmáticos e imediatos, seria
compreensível: o substitutivo do governo, ainda que
não seja o que os petebistas
esperavam, já abre caminho para a constituição talvez imediata do PTB.
Mas aos argumentos
práticos, os petebistas, em
animada e demorada reunião, que só terminou ontem a noite, preferiram argumentos políticos, Prejucucaria a imagem do PTB,
cujo lugar, naturalmente,
está nas oposições,m começar sua vida própria no
Congresso, justamente com
um voto contra o MDB^ um partido em extinção,
mas que ainda representa
as oposições. Assim os petebistas, que a principio estavam bastante divididos,
resolveram; enfim, seguir a
direção e a liderança do
MDB. A mesma posição
foi tomada por todas as
tendências do partido.
Ficou para ser resolvida
uma questão não menos
importante: a sublegenda.
A pergunta é esta: depois
de aprovada a extinção,
pois são raríssimos os que
acreditam na derrubada, do
projeto, os emedebistas devem ou não, permanecer
em plenário para votar com
os eventuais dissidentes
arenistas contra a sublegenda? Os oposicionistas
estavam divididos em torno
dessa questão. A comissão
executiva depositou a responsabilidade da decisão
nas mãos das lideranças
das bancadas no Senado e
Câmara. E a decisão talvez
dependa mais do coração
do que da razão.
Os mais emocionados
animavam ontem o coro
contra a presença em pienário depois de aprovada a
extinção. "Eles votam a
nossa extinção e nós ainda
ficamos lá para ajudá-los a
derrubar a sublegenda?
Não; devemos abandonar o
plenário imediatamente" exaltava-se o deputado
autênTarcísio Delgado,"eles"
no
tico, de Minas. O
caso referia-se basicamente
aos dissidentes arenistas,
cujas vacilações exasperam
os emedebistas. Mas referia
se também aos arenistas em
geral, pois todos, sem exceção, serão alvos da ira emedebista após o voto pela extinção. Alguns experientes
parlamentares, como Thales Ramalho, acham
mesmo que, uma vez aprovada a extinção, o tumulto
será tão intenso que ele não
imagina como a sessão
continuará.
Mas, de, algum modo,
terá de continuar. E assim,
os menos emocionados entre os emedebistas, os mais,
digamos, realistas, acham
que devem permanecer e
votar contra a sublegenda.
deputado
Como explica o "De
João Gilberto:
qualquer modo, tentaremos impor uma derrota ao governo. Sem a sublegenda, a
formação do Arenão, fica
mais difícil e isso é bom
para as oposições. Divide
no lado deles". E se os dissidentes não aparecem ou se
o presidente .Figueiredo,
a supor vetos, restabelecer
blegenda? "Isso é lá com
eles" - responde a deputada Cristina Tavares. Em
todo o caso, esse voto só se
decide hoje.
--*-
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(JUARtA-HRIRA 21 DR NÒVKMBRO Dl: 1079
REPUBLICA
POLÍTICA
CONGRESSO
Assim será votada a reforma
Só os dissidentes da Arena ainda não revelam o voto
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PASSARINHO
Sua confiança e absoluta
GADELHA
Não fala da extinção
Passarinho: a
Arena aprovará
o substitutivo
Rejeitar todo o
projeto, a idéia
dos autênticos
O líder Jarbas Passarinho assumiu
nos últimos dias a posição de principai negociador da Arena com seus
dissidentes. Foi ele o primeiro a anunciar, publicamente, as condições do
governo para permitir a votação, cm
destaque, do artigo que mantém a sublegenda: os independentes teriam de
votar, sem restrições, o substitutivo
do relator Aderbal Jurema, aprovando inclusive a extinção dos atuais
partidos.
JR. O que o sr. espera da votação
da reforma?
Passarinho. A Arena entrará em
plenário tranqüila em relação à aprovaçào do substitutivo ou do projeto.
De preferência, gostaríamos de ver
aprovado o substitutivo, porque ele
.'ipcrfeiçoa o projeto na medida em
que corrige certa dose de rigidez do
texto original.
JR. E qual será a tática para aprovar. o substitutivo?
Passarinho. A dpo regimento. Va• mos lutar
para que o texto regimental,
na maior lisura, seja cumprido.
JR. Até o inicio da noite de hoje
(ontem, terça-feira) o acordo com os
independentes ainda não havia sido
firmado. Isso quer dizer que existe
ainda um certo risco de o governo vir
a ser derrotado . . .
Passarinho. Sem a composição, a
nossa perspectiva de vitória é grande.
Com a composição, é certa.
JR. O sr. está preocupado com a
perspectiva de haver tumulto durante
a sessão?
Passarinho. Durante a votação da
anistia já passamos pelo pior. Temos
que entender que o deputado Ulysses
Guimarães está cumprindo um papel
histórico. Só espero que, dessa vez,
ele não se inspire nas obras de Cervantes sobre a cavalaria.
Armando Rollemberg, de Brasília
Marcondes Gadelha é deputado federal pela Paraíba. Está no terceiro
mandato, é o primeiro vice-lider do
os autênMDB e sempre esteve entre"autênticos
ticos. Hoje, está entre os
históricos" como são chamados os
mais moderados da ala da esquerda
do MDB.
JR. Como votarão os autênticos?
Gadelha. Vamos votar contra todo
o projeto de reforma do governo, porque entendemos que as emendas nãò
podem melhorar esse monstrengo que
o governo oferece. Além disso, as dificuldades regimentais tornam impossivel votar várias emendas. Assim, vamos todos contra o substitutivo, que
expressa a reforma do governo.
JR. Acredita que todos os emedebistas vão nessa linha?
Gadelha. Tenho certeza que sim.
JR. E os dissidentes arenistas,
ainda espera alguma coisa deles?
Gadelha. Eu acho que o caminho
deles agora, depois desse fosso que
cavaram, só pode ser a oposição. Mas
sei, também, que eles querem ir para
o seu próprio partido. E penso, enfim,
que ainda há esperanças de que votem conosco contra a extinção.
JR. Mas, supondo que não haja exlinção dos partidos, isso não interessa
aos dissidentes da Arena?
Gadçlha. Nesse caso será imediatamente apresentado um novo projeto, nosso e deles, instituindo um verdadeiro pluripartidarismo.
JR. E havendo a extinção, comoficam os autênticos?
Gadelha. Nào quero falar sobre
essa hipótese agora.
JR. O senhor é favorável a que os
emedebistas votem contra a sublegenda, mesmo depois de aprovada a
extinção?
Gadelha. Sou. Mas a decisão deve
ser de toda a direção do partido.
Carlos A Sardenberg, de Brasília
P^*.
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GETÚLIO DIAS
0 PTB tem direito a viver
"O
Getúlio Dias:
PTB votará a
favor da reforma"
0 deputado federal Getúlio Dias,
eleito pelo MDB do Rio Grande do
Sul está entre os que mais.trabalham,
no Congresso, pelo ressurgimento do
Partido Trabalhista Brasileiro. Ontem, pela manhã, ele revelou as posições que serão defendidas por seu
grupo na votação da reforma partidaria, hoje:
JORNAL DA REPUBLICA. É
verdade que o grupo parlamentar do
PTB está reduzido a, no máximo, 15
deputados?
GetúliO Dias. não, é mentira. Temos conosco 35 parlamentares definidos e 56 mais ou menos alinhados,
aguardando o desenrolar dos fatos, a
tramitação do projeto, para então,
definirem-se publicamente.
JR. Qual a estratégia do PTB na
votação do projeto de reforma?
Getúlio Dias. O PTB vai votar
contra o artigo 2° (extinção dos partidos) c contra o artigo 59 (sublegenda).
Mas votará favoravelmente ao substitutivo.
JR. Por que aprovar a reforma que
o MDB tanto critica-?
Getúlio Dias. Somos uma área
dentro da oposição. Queremos, por
isso, ressurgir como partido organizado.
JR. E se.o MDB decidir que seus
parlamentares devem votar contra o
substitutivo?
Getúlio Dias. Então acataremos a
decisão do MDB, votaremos contra o
substitutivo também, para não caracterizar um golpe contra uma decisão
do partido.
JR. Qual o próximo passo da caminhada pelo ressurgimento do PTB?
Getúlio Dias. Ainda não sei bem.
Nosso jurista, o deputado Lidovino
Fanton, está estudando nossas possibilidades.
Luís Recena, de Brasília.
ANTES DO DEBATE
A executiva do MDB reuniu-se, em clima de desânimo. De pé, ao centro, Ulysses Guimarães
Os parlamentares, cansados,
começam a debater
ROSALBA DA MATTA MACHADO, de Brasília
"Ele é como o
girassol,
acompanha o brilho da luz
do sol". A imagem é do deputado Álvaro Dias (MDBPR) c referia-se ao ministro
da Justiça, senador Petrónio Portella. O parlamentar
fez o terceiro discurso da
noite, o segundo contrário
à reforma na sessão de ontem, do Congresso Nacional, destinada à discussão
do projeto de reformulação
partidária.
Iniciada depois de um
dia cm que as reuniões de
dissidentes e emedebistas se
multiplicaram, sem nenhuma conclusão oficialmente negociada, a primeira sessão plenária encontrou quase trezentos
parlamentares cansados e
foi classificada como um
"anticlima" do
que poderá
ser, hoje, a sessão destinada à votação do substitu-
tivo do relator Aderbal Jurema (Arcna-PE). Discursos inflamados, assistidos
por pouca gente nas galerias, com a alternância, já
esperada: a um discurso
contrário, outro favorável à
reforma, variando apenas,
se concedidos, o teor dos
apartes, surgidos de uma
fila de parlamentares postados no meio do plenário,
com um microfone para
cada partido.
"Aqui não cabe o apelo,
pois cairá no vazio. O
crime político premeditado
srá executado. O Congresso será cúmplice. Resta
o protesto que mais lhe diz
respeito, pois decide sobre
o seu destino: a classe politica é encurralada na cocheira da submissão abjeta". Com esse preâmbulo,
o deputado Álvaro Dias
voltou a criticar Portella.
colocando-o atrás das
"ameaças
que mostram o
ranço do autoritarismo
cego c impedidos, como
aqueles, desse histórico
passado da politica brasileira que resumem ato de
verdadeira capinagem politica, que fala em catástrofe.
Outras ameças são lançadas cehgando a envolver
até aspectos de corrupção".
Álvaro Dias lembrou
"hora
aos presentes ser a
de ressuscitar dignidades,
pois a paciência do povo
tem limite c poderemos perder definitivamente o que
ainda resta de credibilidade", para acrescentar,
em tom duro, que "nenhum
laço moral ou legal obriga
o homem de bem a qualquer fidelidade aos seus aigozes".
Álvaro Dias deixou a tribuna no exato momento em
que o presidente do Scnado, Luis Vianna (ArenaBA), depois de transferir a
presidência da sessão para
o senador Nilo Coelho, descia as escadas. Ante as paimas, repetiu baixo para si,
mencando a cabeça: "Estão aplaudindo'1, e
desviando-se de alguns parlamentares, para retirar-se
do plenário.
Nilson Gibson, da Arena
pernambucana, antecedeu
Álvaro Dias na tribuna.
do goJustificou o projeto "opção
verno como uma
pela qualidade c não pela
quantidade". O discurso de
Nilson Gibson levou alguns
parlamentares oposicionistas a se dirigirem ao cafézinho da Câmara onde voltaram a exercitar as suas
indignações. Là reclamram
também do cafezinho frio
que lhes foi servido.
Walber: o grupo
moderado contra
a sublegenda
MAGALHÃES
' 'Desista,
meu filho
Os dissidentes
não quiseram
abrir seu jogo
i,
qual
Depois de tantas reuniões,
"independenserá a posição dos
tes" durante a votação do projeto
de reforma? O deputado Magao reporlhães Pinto, volta-se para
"Meu filho,
ter e diz peremptório:
desista. De mim você não tira
nada". Como o grupo não tem
porta-voz', a pergunta foi repetida
a vários dos seus integrantes, no
intervalo de uma das numerosas
reuniões feitas ontem. Todos preferiam falar da importância da eliminação da sublegenda para a estruturação de um autêntico pluripartidarismo e para o fim da política
dos governadores. Alguns mais
prolixos começaram a resposta
contando o início e a motivação do
movimento rebelde, como o deputado Herbert Levy. Mas nenhum,
nenhum mesmo, respondeu objetivãmente à pergunta.
A resposta mais precisa foi a do
deputado Carlos Sant'Anna, que
exprimiu a indefinição em que o
grupo se encontrava, ainda, no inicio da noite de ontem, com uma
LEVY
Não di\ qual sua posição
"Ainda está depenpequena frase:
dendo de conversas com a oposição e com o governo". Em conversas paralelas, no entanto, alguns
"independentes"
revelaram, certo
conformismo em relação às condiçòes impostas pelo governo. Tudo
indica que a maioria do grupo, desfalcado de alguns preciosos votos
nas últimas horas (leia na reportagem da página 2), votará disciplinadamente a favor do substitutivo
e contra o pedido de destaque ao
artigo que prevê a extinção dos
partidos. A esperança dos rebeldes, assim, dependeria de uma presença maciça de oposicionistas dispostos a votarem contra a sublegenda, mesmo após assistirem com
a complacência do grupo, a extinção do MDB.
De qualquer modo, o grupo realizou uma última reunião, iniciada
as 21 horas. Alguns dos mais renirentes "indepentendes", porém, eli
minavam, com segurança, a possibilidade de haver votação em
bloco contra o substitutivo. No
máximo, num ato de extrema rebeldia, alguns poucos ignorariam
as ameaças do governo de não permitir a votação da sublegenda no
caso de votarem em favor do requerimento do artigo 2 - o da
extinção.
A.R.
Walber Guimarães (MDB-PR) surgiu na cena política como um dos
mais ativos militantes do grupo moderado do MDB. Deputado federal hà
quatro legislaturas, Guimarães é, na
verdade, um fiel seguidor do senador
Tancredo Neves.
JR. Como votarão os moderados?
Guimarães. Votaremos contra o
substitutivo do governo, acompanhando, assim, a luta do MDB contra
a violência da extinção.
JR. E se o MDB não conseguir evitar a extinção?
Guimarães. Devemos continuar
em plenário para derrotar a sublegenda. Desde que haja, porém, condições para isso. Ou seja: desde que
possamos ter o apoio de um número
suficiente de dissidentes da Arena.
JR. E como vocês perceberão, antes da votação, se têm ou não chance
de êxito?
Guimarães. Pela movimentação
do plenário.
JR. 0 sr. acha que todos os oposicionistas votarão contra a sublegenda, mesmo depois de o MDB ser
extinto, em votação anterior?
Guimarães. É difícil dizer. O clima
emocional já é muito intenso. Os
companheiros mais radicais acham
inadmissível ajudar os dissidentes arenistas na rejeição à sublegenda, se
.eles votarem, antes, pela extinção do
MDB. É compreensível. Parece que o
presidente do partido, deputado Ulysses Guimarães, também é a favor da
retirada. Com essa emoção e em solidariedade a Ulysses, talvez seja melhor mesmo sair do plenário e deixar
que a Arena resolva sozinha a quêstão.
JR. Uma vez extinto o MDB, que
farão os moderados?
Guimarães. Vamos ouvir nossas
bases. Estamos preparados para ficar
no MDB restabelecido. Mas também
já temos o número suficiente de parlamentares para formar o nosso
partido.
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¦Ar, in a i
EDITORIAL
Gart^S
' "Sr.
redator:
Bis que os acontecimentos do Irã deixam todo mundo abismado perante tantas barbaridades de um povo dirigido
pelo ódio c liderado pelo ayatollah Khomeini. Aprendi a analisar a política friamente, sem emoções. li!s como analiso
esta situação, especifica de um pais
onde a repressão reinou durante mais de
tres décadas.
Temos ali um povo oprimido por
trinta anos, sob o jugo dos piores c dos
mais ferozes dos regimes, onde a violência calou este povo por tanto tempo.
Por trinta anos, este povo rejeitou o xá;
• por trinta anos o xá se impôs ao povo.
Não podemos deduzir que o xá, agindo
deste jeito, aceitou friamente o seu destino? Todo jogo politico tem seu preço
um dia, c neste dia nâo adianta mais lamentar o passado ou os passos falsos.
Ao ignorar os apelos do povo iraniano,
inflexível cm sua soberania, o xá se condenou'Com antecedência. É de admirar
que tenha saido com vida numa região
onde as cabeças rolam facilmente,
sendo de direita ou de esquerda. Portanto.poi- que estranhar agora que as armas mudaram de lado? Teria o xá poupado Khomeini em caso de fracasso?
Não teria eliminado todos os seus opose tivesse a chance de faze-lo?
sitores
\
Nâo tentou o xá a expulsão do Khomeini da França, que apenas nâo cedeu
por medo do preço politico a pagar, sabendo da vitória, cedo ou tarde, do inimigo do xá? Pelos acontecimentos anteriores do Irã podemos acreditar que o
xá não teria poupado os inimigos, não
obstante a idade, a saúde ou o estado
físico deles. Quando lemos nos jornais
que o povo iraniano começou uma
greve de fome, imaginamos que o povo
está apoiando o seu governo. Existem
governos que ignoram a fome, mas não
existe governo que obrigue a uma greve
de fome. Quando o povo se levanta,
quando os ânimos se esquentam, não há
homem que consiga deter a violência;
nenhuma força política se arriscaria a
isto sem correr o risco de ser levada
também pela enchente que é a ira do
povo. Escutemos estas vozes! Aprendamos a lição: se quisermos evitar o ódio
indiscriminado, se não quisermos ser taxados de selvagens sanguinários, precisamos começar pelo mais elementar:
fim das repressões das massas c o começo de uma justiça social. Do contrário, olhos no Irã!"
Teófilo, SP (identidade mantida em sigilo a pedido do autor).
"Sr. redator:
O JORNAL DA REPÚBLICA pubiicou há alguns dias um artigo do jornalista c ensaísta francês Jacques Julliard, do Nouvel Observateur. falando
dos inocentes úteis, designação que se
dá aos que acompanham os comunistas
nas frentes e organizações de minorias
ou de massa, sem contudo serem membros do partido. Observo que no Brasil
esse tipo de companheiro de viagem aumeritou muito depois da Revolução de
64, c precisamente porque òs comunistas foram incasavclmentc perseguidos.
Hoje em dia, no Brasil, existe um verdadeiro temor de parecer reacionário ou
conservador. Conheço muitos intelcctuais e homens de ciência que, em situaçào normal se oporiam mesmo aos comunistas. ou teriam sérias divergências
com eles, mas que os apoiam precisamente por causa da condição de alvo
permanente em que foram transforma; dos. Aliás, sugiro que o JR faça uma re• portagem ou uma série delas, sobre esse
| tema, no Brasil."
João M. de Barros, SP.
-jornal da-
fl£PÜBLICA
DIRETOR PRESIDENTE
Raymundo Faoro
EDITORCHEFE
Mino Carta
CONSELHO DE DIREÇÃO
Armando V. Salem,
Cláudio Abramo.
Fernando Sandoval
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Mino Carta
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Demais cidades
A grandes vítimas que precisam ser
defendidas são os assalariados
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O pacto social proposto
Na edição de ontem, o JORNAL DA REPÚBLICA, em absoluta primeira mão, noticiou que
está em cogitações um novo
pacto social, a ser travado entre
o governo, por intermédio do Ministério do Planejamento, e os assalariados, tendo em conta a difícil situação do país, que se agravara, com toda certeza, no ano
próximo. O governo se propõe a
conceder os aumentos semestrais, já previstos na legislação vigente, em índices superiores à infiação, de sorte a estabelecer efetiva distribuição de renda; concorda em alterar a CLT, de
modo a impedir a rotatividade da
mão-de-obra, que torna, no regime atual, instáveis e precários
os empregos, e se dispõe a instituir o seguro-desemprego. As autoridades do Ministério do Trabalho, de outro lado, não interfeririam nas negociações entre empregadores e empregados nos aumentos relativos à produtividade,
guardando a neutralidade entre
as partes em dissídio. Os operários e assalariados em geral,
em troca, se comprometeriam a
se abster dos movimentos grevistas e assegurar ambiente de reivindicações mediante maior controle das maiorias sindicais, sem
antagonismos extremados. Durante dois anos haveria, em conseqüência, uma trégua com res-
Pelo indulto,
aplausos
ao presidente
As limitações da anistia, das
quais a mais grave consistia em deixar determinado número de presos
politicos apodrecendo nos cárceres,
foi ontem corrigida pelo presidente
da República. Ela constituía uma
discriminação odiosa por estabelecer um inconcebível privilégio entre
os que foram punidos com base na
legislação autoritária. Não se podia
entender como as prisões se abrissem a uns condenados, o exílio extinto da biografia dos desterrados,
enquanto outros brasileiros, punidos
por crimes catalogados nas leis que
a todos ferira, continuassem chumbados à segregação das masmorras.
Essa chocante anomalia acaba de
ser parcialmente sanada.
Ao assinar ontem o tradicional
decreto de indulto de Natal, o presidente João Figueiredo nele incluiu
os presos políticos marginalizados
pelo ato da anistia. Erradicou-se da
sociedade brasileira um foco de ressentimento que não se compadecia
com as aspirações nacionais de concórdia. Ao pôr sua assinatura no decreto do indulto, o chefe do governo
dá uma demonstração concreta de
que a sua mão estendida não é uma
figura de retórica, impressão que outros episódios,como o dessa melaneólica reforma partidária autorizava. Com o decreto de ontem a
anistia ainda não perdeu as suas conotações de ato restrito. Mas o decreto também é importante porque
rompe com um velho tabu brasileiro: o que excluía o chamado
crime político dos benefícios do indulto. Como a queda de todo tabu é
sempre louvável, reúne-se no
aplauso ao ato presidencial de ontem outro aplauso: o que acompanha a queda de um prejuízo, a derrubada de um preconceito.
Neste Natal de 79, alguns lares
antes privados de alegria terão motivos de júbilo para comemorarem
uma data que encarna o espirito da
confraternização humana. Uma nação também se faz com alegria dada
aos que apagam de sua retina a visão das grades carcerárias.
peito as greves, em cujo período
o governo se empenharia, de
forma concreta, no combate à infiação.
Na realidade, a luta antiinflacionária. que procure o patamar,
embora alto, mas tolerável, de
40% em 1980, exige que tal chegue a bom termo, contanto que a
nota tônica do combate não recaia sobre os trabalhadores, as
vitimas habituais de todos os projetos dessa natureza. A proposição não é inédita. Tem antecedentes nos governos Perón e Juscelino. Em ambas as tentativas,
entretanto, os trabalhadores
cumpriram sua parte, sem que o
poder público fosse pontual na
sua avançada contrapartida. As
circunstâncias são agora diversas, com outros fatores que índicam a possibilidade de uma convenção séria e limpa. Não dispõe
o governo federal de outro meio
para evitar as terríveis dificuldades econômicas q.ue o esperam
no ano vindouro. O problema do
petróleo torna:se sombrio,c a divida externa, até há pouco tida
como irrelevante, apesar das evidências em contrário, compromete todo o crédito do pais. Aos
riscos econômicos somam-se as
implicações políticas da crise,
que tornariam instável o governo
e. provavelmente, o curso democrático do processo, com a recru-
PRIMO
FIGUEIREDO
Mas pra que gastar o precioso tempo de vocês com o estudo de um plano de emergência
para a crise do petróleo?
. Por que não mandam a Petrobrás aplicar o mesmo plano
do racionamento de comida?
Vem dando certo há 479 anos e
reduziu o consumo de vida no
Brasil pra cerca de trinta anos
no Nordeste.
IkflL
Os profetas
da hecatombe
estão soltos
Embora a vocação escatológica
não componha a fisionomia política
dos brasileiros, estamos assistindo a
uma explosão de catastrofismo. Em
São Paulo, o Movimento contra a
Carestia preconiza uma greve geral
no pais. Em Salvador, Bahia, uma
reunião sobre a anistia vira debate
entre PC e PC do B - um espetáculo
. de facções políticas que se engalfinham.
Em Belém do Pará, um fantasmagórico CCC aproveita a visita
do ex-governador Miguel Arraes e
difunde o pânico na cidade. No Rio,
semanas antes, o mesmo delírio direitista tomara conta de Nova
I guaçu.
Ós profetas da hecatombe estão
soltos, agindo na sua paranóia como
todos os loucos que tomam como
realidade os transtornos de sua
mente.
dcscòncia da direita, sempre ansiosa em desejar desastres. Para
se reerguer e dominar.
A negociação interessa à
grande maioria do povo brasileiro e interessa ao nosso desenvolvimento social e político.
Deve, todavia, sustentar-se em
indisputada seriedade, com ajuste
público e submetido ao debate
amplo, sem barganhas e sem
cláusulas secretas. Não basta esboçar as linhas do acordo, senão
que é necessário, à luz da discussão, fixar as obrigações reciprocas.
Tudo seria inócuo e não passaria de um diálogo de surdos se
não o animar um pressuposto,
que é a inspiração do entendimento pretendido. Os aumentos
de salário não devem ser meramente nominais, concessão aritmética, numa conjuntura em que
o custo de vida dispara, apenas
contido nas estatísticas fictícias.
Para que o pacto seja real, a luta
contra a inflação há de ser efetiva, constante e não poupar dos
sacrifícios as demais classes e outros setores da economia. Este é
o centro das negociações, que devem prever instrumento^ abertos
de verificação, com a flexibilidade das correções imediatas.
Fora dai só haverá mais um maiogro nacional, que pode ser o último da situação atual de poder.
Humor curitibano
FRANKLIN DE OLIVEIRA
Um Estado, cujo poder se expande
Desde o fim da Segunda Guerra
no serviço da tccnoburocracia, desuMundial que o capitalismo perdeu a
cconona
gua no totalitarismo custrensc. Nos
sua posição hegemônica
dois casos, o respeito pela vida humia mundial. Um terço da populamana, a simples vida cotidiana do
çáo hospedada neste erradio planeta
homem, desaparece.
expevive
outra
que se chama Terra
Em Curitiba, Paraná, o ministro
riência, a qual obrigou o capitalismo
emitir
Karlos Rischbieter acaba de"capitaa aceitar reformas que lhe asseguo
contra
desordem
de
Vários
rassem a sobrevivência.
palavra
lismo selvagem". Segundo esta
ses remendos e mcia-solas foram asum
de
ótica, aliás já bastante difundida ensimilados, mas sempre dentro
tre nós, inclusive por empresários e
limite que não poderia ser transbanqueiros detentores de uma proviposto: o limite constituído pelo próSociedade
sâo de clareza maior do que a comprio cerne do regime.
afluente, sociedade da abundância,
portada pelo conservadorismo escravocrata das nossas elites dirigenncocapitalismo, Estado do bemsemântites, "capitalismo selvagem" é o que
estar etc, foram invenções
cas forjadas para darem aura civiliprocura reeditar no Brasil os metodos de implantação do capitalismo
zacla à sociedade burguesa. A brutal
legado
na Inglaterra ao tempo da primeira
imposta
desfiguração
pelo
revolução industrial. Nessa época,
stalinista ao socialismo.representada
univerele assentava desabridamente da mipela derrogação de valores
séria material, na atrofia mental e na
constituírem
sais que, por
patrimôalienação política dos trabalhadores.
nio da Humanidade, estão acima de
brutal
aquela
Contra tal reimplante insurge-se o
todos os regimes
ilua
criar
ministro Karlos, que nada tem a ver
serviu
desfiguração
para
com o outro Karl. E o ministro Karsão de que o capitalismo recondiciose
los propõe que os consumidores
da
História.
nado é a estação final
"capitaassociem, para combater o
No entanto, ele não o é, pela simples
lismo selvagem". Há. na proposta.
razão de que embora procure oculo
opressiva,
um equivoco: as grandes vitimas,
tar a sua face
jamais
conseguirá. Mitigar a exploração do
que precisam ser defendidas, são os
inclusive de
assalariados, impedidos
trabalho não significa eliminá-la.
"status" de consumio
ao
consubstanciai
assumirem
é
Essa exploração
dores.
capitalismo. Sua característica desuInstrumentos de sua defesa semmana não decorre de uma perversida
mas
capitalistas,
dos
dade inata
pre foram, no Ocidente, os sindicatos, as greves e os partidos politicos
contradição insanável sobre a qual o
desde que partidos operários. Mas
capitalismo repousa - a contradição
os sindicatos, entre nós. trazem o esda
social
estabelecida entre o caráter
tigma do corporativismo fascista,
a
apropriação
e
privada
produção
o
está
dos meios de produção. Ai
graças ao dr. Getúlio Vargas. O parinicialmente
tido trabalhista que tivemos, e vasua
foco de
perversão,
mos ter de novo. tendo a mesma
acionado pela política do laisser
chada
marca getulista, foi instrumento de
faire. Com o surgimento
desconcientizaçào do trabalhador, e
mada "burguesia de Estado"
deve continuar sendo assim. O poprocurou-se um desvio da antiga
aster
de
rota. Outra ilusão: apesar
pulismo, surgido no mesmo caldo de
cultura, esgota-se no campo das
sumido o setor econômico, o Estado
trabados
ideologias mistificadoras. A nova
divorciado
permaneceu
à
tude
ter
lhadores, além
passado
política salarial, vigente desde o inicio deste mês, na prática extirpa da
tela autoritária da sociedade. O BraConstituição o direito de greve. Blosil é exemplo disto - não só o Brasil
vias deo
também
mas
1964,
de
queadas estão, portanto, as "capitaque vem
mocráticas de luta contra o
Brasil anterior, o Brasil que data de
lismo selvagem'*. É, pois^ de recoinstrução 113 e do desenvolvimento
nhecer que ao ministro não restava
juscelinista.
outra alternativa senão recomendar
Na euforia dos anos da chamada
a briga das donas-de-casa contra os
"grande industrialização" - período
feirantes c os supermercados. Como
do desenvolvimento isebeano - o
desconversa, a proposta de Curitiba
pais não deu a mínima atenção aos
tem o seu grão de humor - mas huriscos do crescimento do poder do
mor negro, que não afina com a
Estado. Um Estado que cresce a
loira paisagem paranaense.
serviço da burguesia tradicional,
Franklin de Oliveira é jornalista
desemboca fatalmente no fascismo.
O chanceler
caiu na
chantagem
O chanceler Ramiro Saraiva
Guerreiro fez fama como homem
inilenta. É um "vique vive em câmara"presto"
e do
migo orgânico do
vace" - vagaroso, nada tem o dom
de apressá-lo, de privá-lo de uma
lentidão que os seus críticos mais
azedos fazem vizinha da atonia.
Esse perfil de prudência não cai mal
num diplomata, desde, que ele conheça o limite entre o açodamento e
a apatia. Estará o sr. Guerreiro, apesar da belicosidade do nome, nestas
condições?
Ai está a crise do Irã, injetando
apreensões em todo o mundo. Crise
fabricada por um surto de fanatismo, mas à qual não é estranha
uma forte dose de chantagem. Encazinado no propósito de arrancar dos
Estados Unidos o ex-xá Pahlevi
para submetê-lo a julgamento em
Teerã, pelos selvagens crimes politicos que praticou durante o seu rei-,
nado, crimes que - diga-se - estão
agora sendo reeditados pelo governo
do ayatollah Khomeini, o Irã resolveu usar o petróleo como arma de
intimidação internacional.
Nessa chantagem caiu o chanceler Guerreiro. O seu dever, dever elementar, era repeli-la com a energia
de executor da conduta diplomática
de um pais que, por respeitar-se a si
próprio, nào negocia a sua independência. Não procedeu assim o chanceler. As suas declarações ontem divulgadas pela imprensa são de complacência com a chantagem petrolifera.
Tirante a manifestação de endosso à chantagem, a pílula da lamentàvel declaração foi envolta na
gelatina de um pacifismo extemporâneo. E como essa declaração estapafúrdia tivesse sido recebida com
estranheza pelos repórteres que o
ouviam, o chanceler saiu-se com
esta: "A rigor, não tenho obrigação
de dizer mais que isso". A rigor, tinha o direito de não embarcar na
chantagem.
Os mais ricos deverão recuar
para que todos tenham um pouco
Verdades e ilusões
ALBERT JACQUARD
Concordo com a constatação: vivegresso técnico, podemos saber a todo
momento o que se passa em qualquer
explosivo.
(*)
mos um processo
Explosão demográfica: nos três úlparte da Terra; mas com quantos homens temos contatos reais, numa troca
timos anos, a população da Terra auda
ao
total
igual
fundada na compreensão? Os fatos não
número
mentou de um
são senão a nata dos movimentos pro
humanidade inteira ao tempo de Cristo;
Explosão tecnológica: o exemplo
fundos; o conhecimento desses fatos, tomado como acesso à realidade do uniextremo é da transferência e do trataverso, não passa de um disfarce dessa
mento da informação, tornados instanrealidade; admitamos que não estamos
tâneos; a intercomunicação generalizada,
cria
um
de
inicio
progresso,
próximos senão de um reduzido número
que parece
de homens;
uma interdependência insuportável;
- Ilusão segundo a qual o aumento
Explosão cientifica: os progressos
do "ter" leva a maiores possibilidades
são tais que nenhum cérebro pode
de "ser": um minimo de ter é necesintegrá-los; não dominamos mais a trasário (e é recusado a uma multidão de
conhecimento.
do
jetória
homens); nossa tentação é a de ter; mas
Mas, como todo fenômeno não-autonossa necessidade c de ser.
regulado, este processo não pode senão
Na mudança fundamental necessária,
conduzir a uma "catástrofe" ao se choa contribuição da ciência e sobretudo da
car com impossibilidades; o fato novo é
biologia pode ser decisiva; menos pelas
que começamos a tomar consciência de
obstáculos intransponíveis: obstáculos
possibilidades novas de ação do que
físicos (crise de energia), sociais (delinpela visão mais lúcida que nos dará.
A biologia nos mostra a necessidade
qiiência, droga) ou pessoais (desespero).
da diversidade. Como todos os seres viCada um se refugia na defesa de sua pevos, temos mecanismos naturais que
quena felicidade familiar ou individual,
criam e mantém a heterogeneidade dos
enquanto nossa sociedade prossegue na
indivíduos e dos grupos. A aventura
sua maréha, interessada apenas em prehumana gerou múltiplas culturas, que
servar sua trajetória.
oferecem gama muito grande de comSimultaneamente, percebemos que o
"êxito" de nossa civilização se paga
portamentos. Esta diversidade é uma ricaro:
queza que devemos preservar.
Apesar de nossa riqueza maior
Aceitar, e desejar as diferenças imsentimo-nos mutilados pela especializaplica renunciar qualquer julgamento de
valor formulado a partir dessas diferenção, frustrados e desprezados por uma
sociedade na qual as relações repousam
ças, e portanto desistir de qualquer tentativa de fundar uma hierarquia entre os
na aceitação da dominação de um, na
homens (mesmo se hierarquias funciosubmissão de outro, na qual uma estrunais, parciais, provisórias são necestura hierárquica parece necessária e é
sárias para estruturar a sociedade: mas
admitida como natural;
Apesar de nosso acesso à informa- ' esse é um outro problema).
Este elogio da diferença não significa
ção (maior) sentimo-nos isolados, sem
elogio das desigualdades econômicas,
possibilidade de verdadeira comunicaao contrário. Uma sociedade estrutução, fechados numa das inúmeras célurada por tais desigualdades conduz à
Ias de uma sociedade compartimentada.
rotina massacrante da multidão e à vaiUma virada nessa evoluçào,que condade do luxo para alguns. Em lugar de
duz a absurdos evidentes, não deve ser
esperada senão mediante uma tomada
preservar a diversidade enriquecedora.
ela assinala as diferenças; a igualdade
de consciência dos verdadeiros probleno acesso às riquezas disponíveis, sejam
mas. Em primeiro lugar, cataloguemos
materiais, sejam culturais, é a condição
as ilusões:
Ilusão da riqueza acessível a todos:
de um desenvolvimento da diversidade
harmoniosa e benfazeja, fonte não de
dar a cada um dos 4 bilhões de homens
ciúme e de opressão, ou de rivalidade,
atuais (6 na próxima década e 10 na gemas de respeito, estima e liberdade.
ração seguinte) os recursos em alimento
e energia é materialmente impossível. A
(*) Este depoimento de Albert Jacquard,
conhecido geneticista francês, foi escrito
igualdade no acesso à riqueza do piaem resposta a um questionário da reneta não será realizada senão com um
vista Le Nouvel Observateur sobre o
recuo dos mais ricos;
Ilusão da comunicação possivel enque se prevê para os próximos vinte o
nos.
tre todos os homens: graças ao pro-
ÍSSPiJBj
QUARTMMilRA l\ Dli NOVI-MHHO Dli 1970
•ACilNA * •
l__
_^
Geisel em Salvador
ABERTURA
Figueiredo liberta 9 presos poucos
Eles foram beneficiados pela redução das
penas e não pelo indulto natalino, assinado
ontem. Agora só restam 9 reclusos políticos
STM divulga a lista
dos beneficiados
RICARDO PEDREIRA, dc Brasília'
Até 25 de dezembro, nove presos
políticos que nào foram beneficiados pela
anistia, serão libertados com base em dccreto de mdulto natalino assinado, ontem
de manha, pelo presidente da República.
Esta é a primeira vez. desde a Revolução de
64, que os tradicionais indultos natalinos
beneficiam presos políticos, pois os decretos
presidenciais dando o beneficio sempre continham artigo que excluía os condenados
pela Lei dc Segurança Nacional. Dados coIhidos no Superior Tribunal Militar indicam
que existe atualmente dezoito presos politicos no pais. Segundo os cálculos do Pianalto, restarão nas prisões brasileira, depois
do indulto ontem decretado, apenas nove
presos políticos.
Na verdade, os presos poljticos nâo estão
sendo beneficiados pelo indulto em si, que
beneficia, diretamente, apenas os que estão
condenados a menos de quatro anos de reclusâo. Nào existe nenhum preso politico
neste caso. O beneficio que recebem é indireto: a redução gerai de penas, que lambem
é determinada pelo decreto divulgado ontem.
O Planalto calcula que nove presos politicos serão soltos porque, com a redução de
penas, eles terão cumprido toda a condenaçâo. Ou seja: um preso politico que, por
exemplo, esteja na cadeia há nove anos c tenha sua pena reduzida para cinco anos está
automaticamente libertado. Estes presos licarào em liberdade condicional, com todas
as limitações legais.
A redução das penas dos presos políticos
não beneficiados pela anistia, vinha sendo
acenada pelo governo, mesmo que informalmente, desde que o projeto de anistia foi
enviado ao Congresso. Segundo explicou
ontem um próximo assessor do presidente
da República, o decreto presidencial tem o
objetivo de "esvaziar o mais que podemos
as cadeias dc presos políticos". Ele deu a
entender que a medida, que, ao contrário da
anistia, nâo significa esquecimento de um
crime, mas perdão de uma pena, foi a forma
encontrada para completar o trabalho iniciado pela anistia, sem ferir suscetibilidades
dentro das Forças Armadas. "O trabalho
está completo agora", disse o assessor.
Desta forma, os presos políticos restantes,
que também terão suas penas reduzidas, dcverão ser libertados todos no indulto do
próximo ano.
A partir do decreto presidencial, cuidadosamente preparado pelo ministro Petró
nio Portella, que nas últimas duas semanas
manteve permanentes consultas com o gabinete militar da Presidência da República,
caberá aos conselhos penitenciários, órgãos
estaduais, a aplicação da lei. Os conselhos
examinam as listas dos presos e determinam quais- preenchem os requisitos estabeIccidos pelo decreto de Figueiredo. Os interessados de qualquer modo, podem requercr ao conselho penitenciário o exame dc
seus casos. Nas decisões dos conselhos, nào
cabe recurso.
Os decretos de indulto natalino têm sempre o objetivo de esvaziar as superlotadas
prisões brasileiras. O que Figueiredo assinou ontem deverá bater recordes de libertaçào, pois, além de incluir os presos politicos. beneficia também quem praticou homicídio qualificado, roubo, seqüestro, extorsào ou rapto, o que náo ocorria nos anos
anteriores.
Desta vez, só não serão beneliciados pelo decreto "os condenados por
crime relativo a entorpecentes, ou substância que cause dependência física ou psiquica". Por isso. sem esconder grande euforia. o porta-voz do Palácio do Planalto,
Marco Antônio Kraemer. garantia ontem
"o decreto de indulto do
presidente Fique
gueiredo é o mais generoso de todos".
O Superior Tribunal
Militar divulga hoje a lista
dos presos políticos que
serão libertados a partir
do decreto de indulto e' redução de pena assinado
ontem pelo presidente da
República. Com base em
colhidas
informações
contudo,
â
corte,
já
junto
se pode prever, com razoável margem de acerto,
que pelo menos nove dos
dezoito presos políticos
que nào foram beneficiados pela anistia sairão da
cadeia ainda este ano.
Mesmo a lista a ser divulgada hoje pelo STM
pode conter incorreções,
pois em última análise
cabe aos Conselhos Penitenciários decidir quais
presos se encaixam nos
requisitos estabelecidos
pelo decreto. Estes conselhos, subordinados às Secretarias dc Justiça dos
Estados, examinarão primeiro quais os condenados que podem ter suas
penas reduzidas - o indulto só atingirá condenados a menos de quatro
anos de prisão, que de
acordo com o STM não é
o caso de nenhum preso
político - e julgarão se
eles sào isentos de pericu-
losidade c têm boa conduta na prisão, conforme
determina o decreto dc Figueiredo.
Assim, devem ser libertados a partir do decreto
do presidente os seguintes
presos políticos: Edwaldò
Celestino da Silva, cujas
penas, nào reveladas on
tem no STM. já o habilitam para conseguir liberdade condicional: Aton
Fon Filho, condenado a
dezessete anos, dez meses
e doze dias, mas que jà
cumpriu quase dez anos
de sua pena; Alex Polari
de Alverga, condenado a
nove anos, mas que já
Cumpriu metade da pena:
Maurício de Araújo, que
por ter cumprido metade
de sua pena já está em
processo de livramento
condicional, junto ao
Conselho Penitenciário do
Rio.Grande do Norte, e
cuja conduta carcerária,
informa o STM, é ótima;
Theodomiro Romeiro dos
Santos, que antes de fugir
estava cumprindo pena de
treze anos. seis meses e 27
dias de prisão, dos quais
já pagou nove. No seu
caso, o Conselho Penitenciário da Bahia pode optar por não inclui-lo no
beneficio do decreto por
ter fugido da Penitenciário Lemos de Brito;
Francisco de Assis Barreto Rocha Filho, condenado a doze anos e dez
meses, mas que já cumpriu nove e cujos advogados também entraram
com pedido de livramento
condicional: José Roberto
Gonçalvez de Rezende,
condenado a oito anos de
prisão, mas que já cumpriu metade da pena; Diógenes de Souza, condenado a dezesseis anos,
seis meses e dezoito dias,
mas que já cumpriu nove
anos de reclusão e cujo
pedido cie livramento condicional encontra-se prestes a ser julgado pelo
STM: Francisco Gomes
da Silva, condenado a
vinte anos. mas que já
cumpriu metade da pena c
também está com pedido
de livramento condicional
esperando decisão da Justiça Militar; Manoel Henrique Ferreira, cuja pena
nào foi divulgada ontem
pelo STM. mas que também está com pedido de
livramento condicional, o
que significa que já cumpriu metade da pena.
NOVA CAPITAL
O MDB vai arquivar a emenda do plebiscito
j
VICENTE ALESSI FILHO
O MDB paulista será
obrigado a adotar, como
saida honrosa para a nâo
aprovação da emenda à
Constituição Estadual do
deputado José Yunes, que
propõe a realização de um
plebiscito popular antes de
se autorizar a transferência
da capital, a alternativa do
"arquive-se
por decurso de
prazo". A menos é claro
que um milagre dê à bancada o voto que lhe falta
para aprovar a proposta,
até a próxima sexta-feira.
Mas o MDB nào acredita
em milagres.
Desde ó começo da noite
de segunda-feira, logo depois da votação da emenda,
que não obteve número minimo de votos para ser considerada aprovada ou rejeitada, os dirigentes do partido estiveram ocupados
em reuniões sem fim, até
chegar à melhor proposta
de saída honrosa. E se
agarraram a ela como a
tábua de salvação. Mas,
como tábua de salvação, a
rigor deixa muito a desejar.
E foram os dissidentes e
o seu autodenominado
"grupo democrático" do
MDB o grande assunto de
ontem na Assembléia paulista. Da tribuna, as palavras foram ásperas de parte
a parte. Afinal, que tem a
ver cubanos, checos e russos de todas as repúblicas
da União Soviética com a
defecção dos catorze
adesistas? Rigorosamente
nada. Tudo,, no entanto, do
ponto de vista do adesista
Manoel Sala. Tudo e muito
mais, inclusive um certo e
suspeito cachorro que o
secretário-geral do PCB,
Luis Carlos Prestes, teria
dado de presente a Fidel
Castro (nü verdade, o cachorro foi presente do emedebista Fernando Morais).
E o fato de Manoel Sala
nunca ter passado "de simpies mecanógrafo da prefeitura, nomeado por Adhemar de Barros"? Isto deve
significar muito para o hoje
autêntiquissimo ¦ deputado
José, Storópoli. que fez
questão de lembrar ter chegado. na mesma Prefeitura
de São Paulo, ao cargo de
supervisor por meio de concurso. Os amigos de ontem,
e de vários anos, como fizeram questão de frisar, no
mínimo ensandeceram. E
lavaram em público pelo
menos uma parte da muita
roupa suja acumulada no
meio dos ex-abraços e das
ex-ajudas mútuas. Tudo
coisa do passado.
Fora do plenário, o
vento soprava - ao longo
dos corredores da Assembléia - fantasiosas histórias
de suborno. Deputados do
MDB teriam sido pressionados a aceitar presentes,
em dinheiro ou apartamentos, para votarem contra a
emenda Yunes.
Mas nenhum deles assumiu a sua parte, que era falar claramente. Nomes, datas, locais, valores. O deputado Flávio Bierrenbach,
por exemplo, declarou não
ter conhecimento de nenhum fato concreto, mas
admitia que tudo era possível, "principalmente
quando se sabe que os métodos do governador não
são os mais compatíveis
com o seu cargo".
Bierrenbach recordou
que, ao acordar, ontem de
manhã, veio-lhe à mente a
seguinte quadra de Camões: "Sobre isso nos conselhos que tomava/Achava
mui contrários pareceres
Pois naqueles com quem se
aconselhava/Executa o di. nheiro seus poderes". Disse
e foi para o café.
O governador Maluf esteve com o presidente da
República, no Palácio do
Planalto, por mais de trinta
minutos, ao final dos quais
A viagem dc*Gcisel a Sal
vador teria o objetivo de
prestigiar Magalhães c, por
extensão. Sande. Portanto,
numa lógica às avessas,
essa seria a indicação de
que o presidente do BNDE
está desprestigiado, á beira
da demissão.
Absurdo'.' Talvez. Mas
Antônio Carlos Magalhães
de desmentir:
fez
"A questão de Luis Sande é
posição
excelente em todo; o governo. Não só junto aos ministros da área econômica
mas também junto ao presi
dente Figueiredo, que.vem
dando todo o apoio ao rcpresentante baiano no governo federal".
O objetivo da viagem de
Geisel, segundo o governa
dor, seu anfitrião, dono do
apartamento no bairro da
Graça onde o ex-presidente
ficará hospedado, é apenas
o de fazer turismo. Ele chegou ontem, às 21 horas,
acompanhado de sua' mulher, dona Lucy. Na pró
xinia sexta-feira chega a
Salvador a filha do expresidente, Amália Lucy, E
a família comemora,
sábado, na casa do coman
dante da fv' Região Militar
e ex-chefe da Casa Militar
no governo Geisel. general
Gustavo Moraes Rego. o
aniversário da cx primeiradama.
Portella, aliviado
O ministro da Justiça,
Petrônio Portella, nào aceitou ontem, ao receber os
jornalistas no fim do expediente. a qualificação de
"otimista"
quanto à votaçào do substitutivo ao projeto dé reformulação partidaria, que começa amanhã
na Câmara, preferindo
situar-se na condição dc
"atento
"realista",
por estar
aos fatos". Confiava, porém, na aprovação da proposta do governo.
Momentos antes, o senador Murilo Badaró (ArenaMG) deixara o gabinete do
ministro da Justiça comentando que este parecia menos tenso depois que soube
dos acordos finais firmados
entre os dissidentes e as lideranças da Arena a respeito da sublegenda.
As negociações foram
acompanhadas pelo ministro. do seu gabinete. Depois
de alguma resistência a receber os. repórteres, alegándo sobrecarga de trabaIho. o ministro terminou
concordando em expor, durante cinco minutos, o estado dc expectativa do go-
verno cm torno da votação
do substitutivo da reforma.
Começou afirmando. que
"confiamos no Congresso.
Estamos certos dc que a ciecisão do Congresso refie
tira a situação de fato exjstente em rciaçào ao quadro
partidário. Creio que p substilutivo liberta da.camisadc-força políticos Ò que estão voltados para o futuro".
Em seguida estabeleceu
uma comparação entre o
otimismo e o realismo, para
sejustificar a sua posição,"reaafirmou,
de
gundo
lista" em relação aos resultados da votação do substitutivo, em razão do qual
considera "sem mais nbvidades"o problema da sublegenda. E na sua explicação
sobre seu realismo fez quêstão de mostrar que estava
realista porque estava também atento aos fatos e. por
isso, confiante neles:
"Quando se está atento aos
fatos e confiante neles se é
realista; quando se eíítá
desatento aos fatos e confiante neles se é um otimista inconseqüente". ¦ .
MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES . -
iAj
DEPARTAMENTO NACIONAL
DE ESTRADAS DE RODAGEtò
CONCORRÊNCIA - EDITAL N9 162/79
^^H[
A'A
Jm%A:
^^(s
mim.
•* Ja
yÊÊam
WfvR
llillÉ
m&vm
AVISO DL TRANSFERÊNCIA
De ordem clp Senhor Diretor Geral do Departamento,
Nacional de Estradas de Rodagem (DNER), avisamos aos
interessados, que por motivo de ordem Administrativa.' a
CONCORRÊNCIA, referente ao Edital n9 162/70, ameriormeilte marcada paia o dia 08 (oito) do mês de novembro
de I<->7Q. às 10:00 horas e transferencia para o dia 19'
(dezenove) do riiés de novembro de 1070, às 11:00horas,' l
para serviços de construção da ponte sobre o rio São l-ran»',
cisco cm lbotirama. na Rodovia BR-242/I3A. trecho Seabra.-!
Ibotirama-Uarrciras, fica marcada para o dia 26 (vinte e
seis) do niês de novembro de 1970, às IT: 00 horas, no
mesmo local anteriormente lixado.
Rio de Janeiro, 16 dc novembro de 19.79
•NG9 SALVAN BÓRBOREMÃ DA SILVA'
Ref. prpe. ii9 44.800/79
O
»
g
õ
°
fe
PETROBRÁS
PETRÓLEO BRASILEIRO S.A.
VENDA DE SUCATA
EDITAL - 03/79
NA ASSEMBLÉIA
A REGIÃO DE PRODUÇÃO DA
BAHIA - RPBA comunica aos interessados que dispõe para venda de aproximadamente 650 toneladas de tubos inservíveis, com diâmetro entre 2" a 6". '
As propostas deverão ser entregues pelos proponentes à PETROBRÁS-RPBA, no dia 05/12/79, às 9:00
horas, na Divisão de Suprimento, sala
304, sita à Av. Beira Mar, 220 - Calçada,
Salvador-Bahia, ocasião em que serão julgadas.
As Condições Gerais de Alienação poderão ser obtidas pelos licitantes
nos seguintes endereços:
SALVADOR/BAHIA
Av. Beira Mar, 220 - Eri.
Hamilton Lopes - Sala 3151
Manoel Sala, um dos 14 dissidentes,
misturando a briga do MDB com Fidel e Unido Soviética
"Não aliciei ninguém", diz Maluf
"Não aliciei ninguém".
Incisivo, o governador, de
São Paulo, Paulo Salim
Maluf negou, ontem, em
Brasília qualquer participação em acordos ou conchavos no Congresso Nacional, relacionados à votação, hoje, do projeto de reforma partidária. Da
mesma forma, Maluf negou
qualquer envolvimento na
decisão dos deputados estaduais paulistas de não
aprovarem a emenda à
Constituição do Estado que
obriga à realização de um
plebiscito para a mudança
da capital de São Paulo.
A chegada do cxpresidente Ernesto Geisel,
ontem á noite, a Salvador,
para tuna visita dc uma semana, serviu para que a
oposição baiana voltasse a
especular sobre uma evenmal c futura demissão do
presidente do BNDE. Luis
Saneie, O boato foi fundamontado num mirabolante
raciocínio: Luis Sande é
baiano, protegido politico
do governador da Bahia,
Antônio Carlos Magalhães.
declarou: "Foi uma audiência sem qualquer cunmho
politico". Segundo o governador, sua visita deu-se por
razões puramente administrativas, onde os assuntos
principais foram ferrovias,
o porto de Santos, energia
elétrica e saúde pública. De
todo modo, Salim Maluf
não pôde fugir ao assunto
do momento, a reforma
Frisou que o
partidária.
tema "não caberia na minha pauta de assuntos com
o presidente", mas elogiou
o quadro de abertura partidaria que o general Figueiredo está promovendo.
Sobre os dissidentes da
Arena, Maluf igualmente
não arriscou definições.
"Há deputados insatisfeitos
na Arena, assim como há
deputados insatisfeitos no
MDB", disse ele. Sobre a filiação do ex-governador
Laudo Natel ao Arenão,
acredita Maluf que não haveria nenhum problema de
estarem os dois no mesmo
partido, de apoio ao presidente. Negou, entretanto,
que esteja reivindicando a
chefia regional desse partido. "Não posso, como governador, ser o chefe de um
partido", disse.
Finalmente,o governador falou sobre a nova ca"É coisa vepitai paul'Sta.
lha o fato de que a nova capitai será autofinanciável.
Mais do que isso, ela podera dar lucros, inclusive:
poderá render dinheiro".
LUIS
RECENA, de
Brasília
Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas,
Mecânicas e de Material Elétrico de São Paulo
CONVOCAÇÃO
O SINDICATO DOS TRABALHADORES METALÚRGICOS DE SÃO PAULO convoca todos os trabalhadores metalúrgicos, associados ou não da entidade,
e que foram demitidos durante ou após a greve, para
comparecerem à reunião que será realizada no próximo dia 21 de novembro de 1979 (quarta-feira), às
15 horas, na sede social do Sindicato, à Rua do
Carmo, 171 -2? andar.
RIO DE JANEIRO/RIO DE JANEIRO
Av. Chile,-65- EDISE - SaIas 1.878
BELO HORIZONTE/MINAS
GERAIS
RODOVIA FERNÃO DIAS BR-381 - KM-7 - Betim - MG
SÃO PAULO/SÃO PAULO
Rua Barão de Itapetininga,. ,
151 - 1? andar - s/15.
Na citada reunião será dada a orientação e esclarecimento com relação ao processo trabalhista na Justica do Trabalho.
São Paulo, 19 de novembro cie 1979
JOAQUIM DOS SANTOS ANDRADE
Presidente
V.
SERPUB- 113.79
PÁGINA 6
QUARTA-ITiIRA 21 DG NOVI.MMU) DU 1979
REPUBLICA
MUNDO
IRA
Dia a diA
O fantasma da
aiatolhgção
No começo do dia houve sorrisos. Dez reféns americanos chegavam à Alemanha Ocidental, e foram recebidos
com abraços e emoção.
Mais algumas horas, ontem, e nâo havia mais razão
para sorrir. O ayatollah Khomeini saia-se com novas e
virulentas acusações contra os Estados Unidos. O presidente Jimmy Carter, de seu lado, respondeu com a primeira
declaração, desde o inicio da atual crise, de que os Estados
Unidos poderiam reagir com a força à invasão e captura
de reféns em sua embaixada cm Teerã.
O caso entre os dois países atingia seu ponto mais tenso.
Acresce, para culminar um dia aziago, que confusos acontecimentos acabaram produzindo-se também na Arábia
Saudita — um atentado, dizia-se, provocado por muçulmanos xiitas, como Khomeini.
Só faltava, para tomar ainda mais complicada essa
gravíssima pendência entre EUA e Irã,,o fantasma, ainda
que de contornos imprecisos, ainda que remoto e hipotético, dé uma aiatolizaçâo também da Arábia Saudita, o
primeiro produtor mundial de petróleo.
Começou na noite de
O secretário de Estado
ontem, em Quito, um ¦
americano Cyrus Vance
seminário sobre Direitos
recebeu ontem em
Humanos na América
Washington os représenLatina, patrocinado pelo
tantes do Pacto Andino e
elogiou os esforços do
governo equatoriano e o
Instituto Latino-americano
organismo de integração
de Pesquisas Sociais.
regional, ao qual estão
associados a Venezuela, a
H à atualmente
Colômbia, o Equador, o
15.29 presos políticos no
Peru c a Bolívia.
Uruguai, dos quais 25 sâo
Começa hoje em Bogoestrangeiros. Entre estes
tá o «Conselho de Guerra
está a brasileira Flávia
do Século». Trata-se do
Schilling. A maioria dos
julgamento de 219 pessoas
condenados è de exacusadas
de pertencerem
guerrilheiros ou simpatiao movimento guerrilheiro
zantes dos Tupamaros e
«19 de Abril». Este é de
militantes do Partido
fato o maior julgamento
Comunista. Estas inforjá realizado na Colômbia.
mações foram fornecidas
O tribunal funcionará na
pelo presidente do Suprecapela da prisão-modelo
mo Tribunal Militar
da capital.
uruguaio, coronel FrederiTerminaram mal os
co Silva Ledesma.
dois dias de conversações
Contra todas as evidênque o presidente francês
cias, o jornal moscovita
Valéry Giscard d'Estaing
Pravda disse ontem, que
manteve em Londres com
a XIII Conferência dos
a primeira-ministra
Exércitos Americanos,
britânica Margareth Thatrealizada há duas semacher. A chefe do govemo
nas em Bogotá, evidenlondrino insistiu, sem
ciou que os militares do
sucesso, junto a Giscard,
continente não se deixapara que a cota anual de
ram intimidar pela ameacontribuição da Inglaterra
ça comunista propalada
para o Mercado Comum
pelo Pentágono ameriEuropeu seja reduzida em
cano.
cerca de 1,5 bilhão de
O Partido Comunista
dólares. Os outros oito
membros da comunidade
dos Estados Unidos já
européia aceitam reduzir
tem seus candidatos a
a participação .britânica
Casa Branca. Trata-se de
em apenas 750 milhões de
Gus Hall, de 68 anos,
dólares. O caso ameaça
secretário-geral do
PCEUA, que pleiteia a
provocar uma crise no
Mercado Comum.
Presidência, e a ativista
Angela Davis, de 35 anos,
A China denunciou
candidata a vice. Em
ontem que cem soldados
vietnamitas penetraram
1972, em sua primeira
tentativa,, Gus Hall coaseprofundamente em seu
treze
em
território. A cena deu-se
votos
mil
25
guiu
há dezesseis dias. Mesmo
Estados. Quatro anos
com atraso, Pequim,
mais tarde tentou outra
apresentou um «protesto
vez e obteve 60 mil votos
enérgico» a Hanói.
em dezenove Estados.
ISRAEL
Medidas drásticas
contra a inflação
O índice já está em cem por cento
SERGE AKIM, de Jerusalém.
Já parece provável que o
Parlamento israelense venha
a aprovar as severíssimas
medidas que acabam de ser
adotadas pelo governo
Menahem Beguin para
combater a inflação galopante — hoje em torno dos 100%
e com previsões de chegar a
150% no inicio da década
de 80. Já era óbvio.há muito
tempo, que. somente a adoção
de medidas econômicas
draconianas
poderia dar
combate a uma espiral
inflacionária que náo cessa
de crescer e que ofuscou
totalmente, sem exageros, o
grande feito do gabinete.
Begin — a obtenção da paz
com o Egito.
O povo israelense, na
verdade, vinha mantendo a
sua respiração em suspenso
desde que Ygal Hurowitz fora
nomeado o novo ministro das
Finanças há duas semanas.
Naquela ocasião, o ministro
fora simplesmente brutal ao
declarar que o povo náo
deveria esperar nada de
bom, já que ele não se julgava um fazedor de milagres.
Poucos israelenses, todavia,
esperavam ob anuncio de
medidas como as que
acabam de ser adotadas. O
seu objetivo evidente é o de
reduzir ao máximo o consumo. Assim, os subsídios
governamentais foram reduzidos ou simplesmente elimios produtos básinados
'cos de para
alimentação e. como
resultado disso, o páo passa a
custar 40% mais caro, o leite
mais 112%. a manteiga e
demais laticínios mais 100%, o
óleo de cozinha mais 50%. o
transporte público mais 50%
e o telefone, água e eletricidade, mais 37%.
Mas o novo programa
econômico náo se resume
nisso. Também os subsídios
governamentais consagrados
aos serviços de utilidade
pública seráo cortados. Isso
implica que novas escolas
e hospitais náo seráo construídos e que 17.500 empregados seráo demitidos das
funções que exercem nos
chamados serviços sociais e
das repartições subvencionadas pelo govemo. Os créditos
bancários, ao mesmo tempo,
seráo mais difíceis de obter e
custaráo muito mais caro. E
o desenvolvimento e execuçáo de projetos, públicos ou
privados, que impliquem a
aplicaçáo de divisas estrangeiras seráo desencorajados.
Tão logo foi anunciado o
novo programa, ele foi
veementemente denunciado
pelos setores sindicais,
bancários e empresariais. A
tônica ge.ral das críticas
centralizoú-se na afirmação
de que «o governo quer curar
o mal com o próprio mal...».
De qualquer forma, serão,
como sempre, as classe
menos favorecidas quem irão
arcar com o fardo da «medicina econômica» do govemo
Begin. Dizem os israelenses
mais cínicos que a direita de
Begin está, de fato, apressando a chegada do «outubro» em Tel-Aviv. Em outras
palavras: que o novo programa náo tardará em fazer
mais aguda a luta de classes
no interior do Estado sionista, um fenômeno cuja existência muitos já náo reconhecem
Carter ameaça com intervenção militar
Um dia de notícias graves. Radicaliza-se a
crise. Simultaneamente, acontecimentos
nebulosos espocam até na Arábia Saudita
O presidente Jimmy Carter deu a enten
der ontem que poderá recorrer à força para
libertar os 49 reféns americanos que ainda
permanecem retidos na embaixada dos Estadas Unidos cm Teerã. Numa declaração
distribuída á imprensa, a Casa Branca anunciou à noite que, embora continue procurando
uma saída pacífica para a crise, velha já de
dezessete dias, poderá recorrer a outros
meios de ação previstos «na Carta das Nações
Unidas». A referência era ao Capítulo VII da
Carta, que garante o «direito à autodefesa
individual ou coletiva».
A nota da Casa Branca ressalta que o
julgamento dos reféns, conforme pretende o
ayatollah Khomeini, seria «uma flagrante
violação do Direito Internacional». Portanto, o
govemo iraniano teria de «arcar com as
responsabilidades por qualquer consequência».
A nota da Casa Branca surgiu num
momento de particular tensão na atual crise.
Ontem, foi o primeiro dia do XV Século do
calendário inslámico — e a data foi marcada
por acontecimentos graves, náo só em Teerã
como, surpreendentemente, também na Arábia Saudita, onde foi invadida uma mesquita e
morta uma autoridade (leia notícia abaixo).
Carter fez a sua advertência depois que Khomeini, em seu discurso de comemoração do início
do século, confirmou que pretendia submeter
a julgamento por espionagem os reféns que
ficaram na embaixada e que o Banco Central
iraniano comunicara aos importadores de
petróleo que deixava de aceitar o dólar como
moeda de pagamento.
Carter a esta altura ainda se encontrava
em Camp David, Maryland, onde se retirou
desde domingo. Ali mesmo, pela manhã,
manteve uma prolongada conversa telefônica
com o chanceler alemão ocidental Helmut
Schmidt, enquanto aumentavam as pressões
internacionais sobre as autoridades de Teerá.
O presidente da Assembléia Geral das Nações
Unidas, o tanzaniano Salim A. Salim, pediu a
imediata libertação dos reféns. Os países do
Mercado Comum Europeu endossaram a solicitação na primeira manifestação européia
sobre o assunto. E mesmo a União Soviética
deu a entender que desaprovava o procedimento das autoridades iranianas. Um portavoz da embaixada da URSS em Washington,
disse que a retenção dos reféns e uma «violação clara dos costumes internacionais».
Quando Carter, no fim da tarde, retornouà
Casa Branca, a decisão de ameaçar as autoridades iranianas com uma intervenção militar
já estava tomada.
Khomeini afirmara categoricamente em
seu bombástico discurso da manhã, que os
funcionários americanos que ficaram na
embaixada - após a libertaçáo, na segundafeira e na madrugada de ontem, de cinco
mulheres e oito negros do grupo inicial de 62
reféns — eram comprovadamente espiões e
que seriam julgados se o xá Mohammad Reza
Pahlevi não fosse extraditado. «Carter». disse
o velho líder religioso, «está tentando nos
atemorizar, ás vezes militarmente e às vezes
economicamente. Ele mesmo sabe que está
batendo num tambor vazio. Não tem capacidide militar e nenhum apoio».
Pouco antes falara o chefe da diplomacia
iraniana, Abo! Hassan Bani Sadr, também
estigmatizando os EUA. Ele admitiu pela
primeira vez a possibilidade de uma ruptura
com Washington. «Essa ruptura», esclareceu,
«não significa somente o fechamento da
embaixada, mas o fim de toda possibilidade,
de negociação». O chanceler enalteceu
também a decisão do Banco Central de abandonar o dólar como moeda de pagamento das
exportações petrolíferas. «Substituir o dólar
proclamou
por uma cesta de divisas»,
«representa a primeira manifestação de
ruptura com os capitalistas americanos».
A ameaça à estabilização do dólar foi sem
dúvida um dos principais assuntos que Carter
examinou em seu contato telefônico com
Helmut Schmidt, no qual agradeceu ao chancelcr o acolhimento, em território da Alemãnha Ocidental, dos treze reféns que conseguiram sair do Irã. Os últimos dez haviam
chegado pela manhã a Frankfurt, após uma
breve escala em Paris. Foram imediatamente
transferidos para a base militar americana de
Wiesbaden, onde já se encontravam os três
companheiros de cativeiro libertados no dia
anterior.
Enquanto isso, para consolo dos EUA,
num dia especialmente carregado de más
notícias, chegavam as informações do apoio
oficial do MCE e da simpatia extra-oficial da
União Soviética. Os nove ministros de relações exteriores dos países da comunidade
européia divulgaram uma declaração em que
expressam profunda preocupação com o fato
de as autoridades iranianas não terem
cumprido as obrigações relativas à Convenção
de Viena sobre imunidades diplomáticas. E
lembraram assim que a captura de diplomatas como reféns fere as normas do Direito
Internacional. O porta-voz da embaixada soviética em Washington por sua vez disse que
Moscou considera o aprisionamento de diplomatas americanos uma clara violação dos
costumes internacionais. «O precedente»,
disse ele «significa que nenhum diplomata de
qualquer país pode sentir-se seguro no Irã».
Um atentado em Meca?
As primeiras informações vieram de
Washington. Um grupo de sessenta a cem
homens armados, pertencentes à seita xiita, a
mesma do ayatollah Khomeini, teria ocupado
um templo de Meca, a cidade sagrada dos
muçulmanos, situada na Arábia Saudita.
Depois de matarem uma alta personalidade do
país, os invasores teriam feito cerca de trinta
reféns. Que exigências estariam eles fazendo
para soltá-los? Nada se soube a respeito. Logo
depois, chegaria ao Departamento de Estado
a notícia dé que as autoridades sauditas
teriam mandado reforçar a guarda em tomo
da embaixada americana em Jeddah. Mas o
que afinal estaria acontecendo, na. Arábia
Saudita?
De Tunis, onde se encontrava participando
da conferência de cúpula dos países árabes o
príncipe F^ahd, herdeiro do trono saudita,
procurou saber. Mas nada conseguiu. Por
telefone e telex era impossível falar com
Riad. Diante disso, o príncipe decidiu regressar ao país, enquanto os representantes das
demais delegações presentes em Tunis admitiam ter recebido informações sobre «alguns
incidentes no reino wahabita». No final da
tarde um porta-voz da ITT World Comunications, em Nova York e da companhia de telefones e telex do Líbano informaram que as
comunicações com a Arábia Saudita estavam
totalmente cortadas desde a manhã. A dúvida
então, já começava a transformar-se em
temor.
O uso da arma do petróleo,
assunto da reunião árabe
A conferência de Tunis começa com maus presságios
A julgar pelos resultados
dos trabalhos preparatórios
da décima conferência árabe,
que se abriu ontem em Túnis,
o problema do sul do Líbano
— razão principal do condave — vai continuar sem soluçâo. Essa conferência, cuja
realização se deve à iniciativa
do próprio Líbano, está sendo
definida pelos observadores
como a «reuniáo da última
chance», visto que o sul-libanés é encarado — e temido —
pela quase totalidade dos
líderes árabes como o provavel estopim de uma nova
conflagração no Oriente
Médio.
Paradoxalmente, apesar
da premência que envolve o
tema da reunião de Túnis, os
líderes árabes ali presentes
parecem haver falhado em
todas as suas tentativas preliminares de elaborar uma
solução de compromisso
capaz de satisfazer simultaneamente aos guerrilheiros
palestinos e ao govemo libanés. Este último segue considerando que somente a retirada dos feddyin, os guerrilheiros palestinos do sul do
Líbano, é que poderá garantir
a calma e a estabilidade à
região.
O segundo item da agenda
de Túnis é o conflito árabeisraelense. Nesse sentido, os
representantes árabes irão
recomendar que o isolamento
do Egito, expulso da Liga
Árabe após ter firmado o
acordo de Camp David com
Israel, no ano passado, seja
mantido e intensificado.
Simultaneamente, pensa-se
também em aumentar o
potencial militar dos países
que integram o «campo da
confrontação direta» com
Israel — Síria, Jordânia,
Iraque e Organização de
Libertação da Palestina — a
fim de que estes estejam
preparados para qualquer
eventualidade «de novas
agressões sionistas».
Por fim, o terceiro e mais
importante item da pauta é o
problema da energia. Dois
grandes países produtores de
petróleo — Iraque e Arábia
Saudita — trouxeram a Túnis
proposições muto precisas
nesse sentido. Bagdá exige a
convocação de uma conferéncia árabe que reúna os ministros de Relações Exteriores
dos países árabes produtores
de petróleo, a fim de que seja
definida uma política
petrolífera coerente com as
opções políticas árabes.O
Iraque, como lembrou ontem
o presidente Saddam Hussein
ao discursar em Túnis, é
favorável ã utilização da
arma do petróleo na «luta
mundial contra a agressão árabe». Já a Arábia Saudita,
contrária à idéia, preconiza
prudentemente a criação de
uma comissão econômica de
alto nível, que seria encarnegada de elaborar, no espaço
de um ano, um relatório
acerca de assunto.
Mas, ainda que a tese
iraquiana venha a ser rejeita-
da, como parece possível, é
significativo o fato de, pela
primeira vez desde a guerra
de outubro de 73, quando
decretaram o embargo de
petróleo ao Ocidente, os
países árabes estarem discutindo abertamente o problema da energia e de sua utilização — ou reutilização —
como instrumento de ação
política. Sem dúvida, os especialistas ocidentais já vêem
nisso um sinal de mau agoüro. Os árabes, como se sabe,
continuam insatisfeitos com a
«pax-americana» que
Washington pretende impor
ao conflito dô Oriente Médio
através dos acordos de Camp
Daid. O problema palestino
continua sendo crucial, e
para ele, o tratado de paz
entre Egito e Israel não
abriu perspectiva de solução.
Por outro lado, parece
claro que a disposição do
Iraque e da Arábia Saudita
em levar o tema da «arma
do petróleo» à pauta de
discussões de Túnis está ligado à recente decisão americana de congelar os fundos
iranianos depositados nos
Estados Unidos. A atitude de
Washington inquieta os árabes, que, se não aprovam os
feitos e desfeitos do regime
do ayatollah Kohmeini, no
episódio da embaixada
americana em Teerã, no
deixam de temer a possbilidade de um dia, ver-se na
mesma situação.
SERGE AHM. de Jerusalém
EM TEERÃ
Continuou a mobilização de manifestantes em frente à embaixada
E se as forças da razão
perderem nos EUA?
.
*
O risco é se romper a atual serenidade
RODOLFO BRANCOLI, do LA REPUBLICA, de Roma.
NOVA YORK - Não se
vislumbra ainda uma saída.
A salvação dos quase
cinqüenta reféns americanos
que continuam na embaixada
em Teerã depois de dezessete
dias continua sendo uma
prioridade absoluta para o
govemo dos Estados Unidos,
e Washington não pode. no
momento, prosseguir em suas
pressões internacionais sobre
o ayatollah Khomeini. A decisão de libertar as mulheres e
os americanos negros a
princípio foi vista como um
sinal encorajador, talvez
mesmo um inicio de solução.
Agora, este gesto parece ter
um sabor meramente propagandístico, que não exclui a
intransigência de fundo.
O isolamento absoluto no
qual ficou o Irá representou o
ponto de apoio a partir do
qual os Estados Unidos puderam exercer suas pressões.
Mas depois das marchas e
contramarchas da ultima
semana — a decisão de não
importar petróleo iraniano, o
congelamento dos bens iranianos nos Estados Unidos, a
ameaça dos iranianos de náo
aceitar mais o dólar em
pagamento do petróleo —
Washington tem necessidade
de garantir sua retaguarda e
dar um pouco de segurança
aos países exportadores e
importadores de petróleo.
É por esse motivo que o
secretário do Tesouro William
Miller, parte amanha para
um giro pela Arábia Saudita,
Kuwait e emirados do Golfo
Pérsico. Sua missão é delicada, e o objetivo é duplo:
obter garantias de que os
atuais níveis de produção de
petróleo continuarão inalterados e assegurar que o congelamento dos depósitos iranianos nos bancos americanos
representa não um precedente, mas um caso extremo de
reação a um ato de hostilidade inédita em tempos de paz.
Em particular, Miller gostaria de ouvir dos sauditas que
o atual nivel de emergência
de 9,5 milhões de barris diários será mantido pelo menos
até o próximo mês de março,
de maneira a atenuar o
impacto sobre os preços
causado pela crise iraniana.
Após terem produzido 8,5
milhões de barris por dia
durante a primeira metade
do ano, os sauditas, atendendo a um pedido americano,
aumentaram a sua produção
em 1 milhão de barris, mas
não existem garantias de que
o novo nível poderá ser
mantido durante muito mais
tempo.
Importante para a estabilidade do dólar e para o sistema monetário internacional,
por outro lado, é assegurar
que a moeda americana
continuará sendo, para a
Organização dos Países
Exportadores de Petróleo
(OPEP), a unidade financeira padráo das transações
internacionais, e que não
haverá fugas para outras
moedas ou para outros países
para colocar em segurança
os depósitos e investimentos.
Mas paralelamente a essa
investida para evitar efeitos
financeiros desagradáveis, os
Estados Unidos ainda se
defrontam com o problema
básico da intransigência de
Khomeini. Há três dias, o
próprio ayatollah apareceu
nos vídeos da televisão,
americana, para reafirmar
seus pontos de vista. A decisão de Khomeini, de sair do
seu isolamento — antes, ele
insistia em permanecer trancafiado em Qom — e de
procurar o máximo de publicidade revela o propósito de
usar todas as armas psicológicas nesta guerra de nervos
que já dura mais de duas
semanas. O ayatollah náo
deixou espaços. O xá deve
voltar para prestar contas
dos crimes e restituir a
riqueza que roubou do povo
iraniano, disse. Enquanto o
xá estiver nas maõs de
Carter, os reféns permanecerão nas mãos dos estudantes
iranianos.
Nem mesmo uma partida
de Reza Pahlevi para outras
paragens seria capaz de
modificar a situação. Além
disto, a embaixada americana passou a ser considerada
por Khomeini um «ninho de
espiões», um «centro de conspirações». O povo iraniano
deverá examinar caso por
caso a situação dos reféns
ainda retidos, verificar
«quem é espião e quem é
apenas um empregado
comum e normal» disse
Khomeini. Somente se o xá
for entregue é que se renunciará h intenção de processar
os «espiões». Caso contrário,
eles serão processados por
espionagem e seráo colocados
sob a jurisprudência dos
tribunais islâmicos.
"""No
plano do direito internacional, a situação não tem
qualquer fundamento. A
cobertura diplomática vale
para todos os funcionários de
uma embaixada, inclusive
porque não é segredo algum
que os países, grandes e
pequenos, costumam disfarçar em diplomatas seus
espiões. No máximo, em
tempos de paz, o diplomata
pego em flagrante costuma
ser expulso do pais. Um
processo já é algo completamente diferente.
Tem-se a impressão de que
a prova mais difícil pára
Carter ainda está por vir. E
não só para Carter, mas
também, para um país que
assiste aos acontecimentos
com uma inquietude crescente, embora, até o momento,
com uma calma digna de
admiração. A trégua política
que se estabeleceu em
Washington em torno do
presidente pode terminar de
um momento para o outro. E,
caso a trégua seja rompida,
não se pode assegurar que
prevalecerão as forças da
razão.
Andrew Young
oferece-se
para ir a Teerã
Andrew Young, ex-embaixador dos Estados Unidos nas Nações Unidas, poderá ir ao
Irá, nos próximos dias. A viagem é de caráter particular, mas o objetivo é tentar obter
a libertação dos 49 reféns americanos que
continuam detidos na embaixada americana
em Teerã. Essa informação foi ontem divulgada em Washington por fontes ligadas ao
govemo americano.
Segundo os informantes, Young apresentou-se como voluntário sem que a Casa
Branca lhe fizesse qualquer pedido nesse
sentido. O ex-embaixador, aparentemente,
obteve garantias de que será recebido em
Teerã. Ontem à tarde, ele esteve no Deparlamento de Estado, onde colheu informações
a respeito da situação no Irã.
Caso tenha êxito em sua missão, será o
primeiro emissário americano a ser recebido pelo govemo iraniano desde o início da
crise. Até agora ayatollah Khoeini tem proibkio o Conselho Revolucionário de receber
os enviados de Washington. Em consequênda, fracassaram as tentativas de diálogo
YOUNG
Confiando na popularidade
feitas pelo presidente Jimmy Carter logo
após a ocupação da embaixada. Inclusive,
um emissário pessoal, de Carter o exprocurador-geral da República Ramsey
Clark, teve de interromper sua viagem a
Teerã a meio caminho: ficou alguns dias na
Turquia e depois retorou a Washington.
Ao que parece, acredita que poderá ter
melhor sorte. Sua popularidade no mundo
mulçumano é grande, inclusive por causa do
episódio de sua renúncia — Young foi obrigado a deixar o cargo na ONU porque
manteve um encontro com um representante
da Organização de Libertação da Palestina,
que não é oficialmente reconhecida pelo
govemo americano.
•AOINA
QIIAKTA II IHA 21 Di: NOVllMUIlQ DU I97«)
REPÜBLÍQV
MUNDO/KCONOMIA
BOLÍVIA
POLÍTICA AGRÍCOLA
A ligação perigosa da
senhora Gueiler
0 país abre a agricultura
a investimentos externos
E o senador Zamora comunista da linha chinesa
Financiamentos para plantar, pagos com as próprias safras
, \'-,y.
CLÒV1S ROSSI
nido como um «ínstituclonalista convicto».
Enquanto isso, acentuam-se
as pressões para quo a presidente modifique todo o Alto
Comando das Forças Armatias, cujos componentes ficamm direta ou indiretamente
maculados pela participação
na ação golpista do coronel
Natusch Busch. Afirma-se.
cm La Paz, que embaixadas
influentes de países ocidontais fazem parto do esquema
de pressão, cuja ponta visível
é o projeto aprovado anteontem pelo Congresso exigindo
a substituição de todos os
oficiais do Alto Comando.
Nessa mesma linha, hâ fortes
rumores de que o general
Edén Castillo Galarza.
comandante-em-chefe das
Forças Armadas, nomeado
após o golpe do coronel
Natusch Busch poderá ser
designado adido militar em
Madri, tradicional posto de
«exílio dourado» para chefes
militares bolivianos caídos
em desgraça.
O gabinete ontem designado por Lydia Gueiler é dominado pelas figuras do Movimento Nacionalista Revolucionário (MNR) mais próximas
do Victor Paz Estenssoro,
contrariando inclusive os
desejos de Lydia Gueiler de
fazer uma composição mais
equilibrada, que melhor refletisse o equilíbrio do forças no
Congresso. Como. entretanto,
o Movimento Nacionalista
Revolucionário do Esquerda
iMNRli de Hernán Siles
Zuazo, a segunda força eleitoral do pais, recusou-se a
tomar parte no gabinete, a
margem de manobra da
presidente reduziu-se consideravelmente e ela teve de
aceitar os «pazestenssoristas»
em massa.
Outro risco que os analistas
políticos apontam no nascente govemo Lydia Gueiler: a
presidente é muito permeável
â influência do senador Oscar
Zamora Medinacelli, quo foi.
na realidade, quem conduziu
as negociações com as
Forças Armadas no auge da
crise. Ocorre que Zamora é
do Partido Comunista
Marxista-Leninista, de linha
chinesa, e conseguiu, graças,
à ascendência que exerce
sobre a senhora
Gueiler;
incluir um membro de seu
partido no novo governo.
Trata-se do ministro de Urbanismo. Rene Higueras. Por
isso. muitos observadores
temem que, a curto prazo,
comecem a surgir, de parte
das Forças Armadas, acusações de que o «extremismo
foquista» — pretexto usado
pelo coronel Natusch Busch
para desencadear a repressao logo após o golpe do 1" de
novembro — está, agora,
infiltrado no próprio palácio
de governo. As ligações do
senador Zamora com a
senhora Gueiler foi. por sinal,
o que levou o Movimento da
Esquerda Revolucionária
¦*»¦ ri*
ry ^í-*:«Bfe,S »J*i *¥S
¦
(MIR) a. num primeiro
'-'¦''
A momento, sugerir um outro
-'
C-ÍS-ií»* vfflfammvÊslk <$ í » ¦-.
nome para a Presidência, o
de Oscar Bonifâz. Mais do
que Lydia Gueiler, Bonifáz.
'"'/> * ^-' '¦''r**$mmVriÊfà ' segundo o MIR. estaria
\yYy.A~,y^^BSg^S^^L\ ''^ií&i^E^íffiv
acima de qualquer suspeita.
No fim, entretanto, Bonifaz
acabou ministro de Minas,
cargo que já ocupava no
governo Guevara Arce. E
prevaleceu a unanimidade
torno de Gueiler. exataem
v^SkwrmmWÊKQaWS^^
.
mente para reforçar a posiLYDIA GUEILER
çáo da eleita diante das
A presidente boliviana no dia da posse
Forças Armadas.
Empossado o novo gabinete
boliviano, a designação do
general Migtiol Ayoroa para
o Ministério da Defesa está
sondo considerada a maior
garantia, até agora, do quo o
recém-retomado processo
doni(KT.'itico podorá seguir
sou curso, som novas interrupçóes, até as eleições do
maio de 1980, apesar da dura
crise econômica quo o pais
atravessa o da debilidade
política do ministério formado pela presidente Lydia
Gueiler. O general Ayoroa foi
ministro do general Hugo
Banzèr. Mas rompeu com
este quando o ex-presidente
negou-se a convocar eleições,
exigidas por um levante de
jovens oficiais liderados pelos
coronéis Gary Prado e Lopez
Leyton. em 1974. Ayoroa
funcionou como mediador na
crise Banzor vs coronéis.
Mas. diante da atitude do
entilo presidente, que rejeitou
a saida eleitoral proposta
pelos coronéis, passou ele
Dropno a conspirar contra o
governo direitista que se
manteve no poder até 1978.
Nos meios militares e politicos de La Paz. Ayoroa é defi-
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Zâmbia
pode ir à
guerra com
a Rodésia
Campora é
internado num
hospital em
Buenos Aires
O espião da
Corte inglesa
reaparece em
Londres
O presidente Kenneth
Kaunda colocou ontem em
prontidão as Forças
Armadas de Zâmbia,
cancelou todas as licenças
dos militares e convocou
os reservistas. A medida
foi adotada para enfrentar
o que qualificou de «uma
situaçáo de guerra total»
contra a Rodésia.
Falando numa entrevista' coletiva à imprensa,
convocada às pressas pela
manhã, Kaunda, declarou
que poderá contar nesse
conflito com o apoio das
forças guerrilheiras da
Frente Patriótica' da
Rodésia. aquarteladas em
seu país. A ameaça de
transformação da guerra
civil rodesiana num
conflito internacional
ocorre no momento em
que as partes envolvidas
na questão — a Frente
Patriótica, o governo de
Salisbury e a GrãBretanha — tentam,
chegar a um acordo, ria
conferência de Londres,
sobre um cessar-fogo.
Em Salisbury'. o primeiro-ministro Abel Muzorevia reagiu imediatamente,
advertindo que a guerra
se deflagrada, seria um
desastre total para
Zâmbia país que depende
da boa-vontade da Rodesia para abastecer-se. A
lerrovia entre os portos
sul-africanos e Lusaka, a
capita) de Zâmbia, passa
pela Rodésia e é o único
meio de transporte eficiente para os zambianos
atingirem o mar. Se essa
via for fechada pela Rodesia, como jâ ocorreu em
alguns breves períodos, o
pais de Kaunda ficaria
sujeito à fome. E Salisbury ameaça • recorrer a
essa arma. se os zambianos nao sustarem a ajuda
que vêm prestando aos
guerrilheiros.
Na tarde de ontem, o
ex-presidente argentino
Hector Campora deixou o
apartamento onde vive
asilado há 44 meses, nas
dependências da embaixada mexicana em Buenos
Aires, e foi levado, no
carro do embaixador José
Maria Lare Villareal.
para o Hospital Italiano.
Anthony Blunt, o excurador da pinacoteca da
rainha Elizabeth II, que
trabalhou como espião
para a União Soviética
durante a Segunda Guerra, reapareceu ontem, na
redação do Jornal The
Times, em Londres, e deu
uma entrevista. Ele estava sumido desde a última
quinta-feira, quando a
primeira-ministra .Margareth Thatcher foi à Camara dos Comuns e revelou
suas atividades como
espião pró-Moscou, conhecidas dos serviços secretos britânicos desde 1964,
quando o próprio Blunt
confessara tudo, em troca
da impunibilidade. Calmo,
falando como convém a
um aristocrata que até a
semana passada exibia o
título de «sin> — cassado
pela rainha —, Blunt disse
que depois da guerra
deu-se conta de que cometerá «um erro horroroso»
ao trabalhar para a espionagem soviética. «Mas
não traí minha consciência», esclareceu ele.
«Achei que era a melhor
forma de lutar contra o
fascismo». Segundo Blunt,
Moscou deu-lhe ordens
para fugir no final da
guerra, mas ele não
obedeceu, porque, como
disse, «preferia passar um
mês de perigo na Inglaterra do que dez anos na
Rüssia». O velho exespião, de 72 anos, diz que
foi recrutado em 1930 pelo
diplomata Guy Burgess,
qüe fugiu para a URSS
em 1951, juntamente com
Donald McLean. Eles
eram os chefes da rede de
espionagem soviética na
Inglaterra. Blunt, è o
maior perito britânico em
história da Arte, e serviu
à cortç durante mais de
quarenta anos.
Ali, Campora será operado de um câncer na
glândula parótida, detectado há cerca de dois
meses. O govemo argentino, que se nega a conceder um salvo-conduto que
permitiria ao expresidente deixar o país,
atendera na véspera ao
pedido do governo mexicano de estender o
princípio da extraterritorialidade, que protege as
representações diplornáticas para o setor do hospital onde Campora ficará
internado, náo se sabe por
quanto tempo. Ontem,
foram tomadas rigorosas
medidas de segurança
para guardar o local.
Para o govemo militar
argentino a decisão de
permitir que o expresidente seja operado
ém Buenos Aires comporta pelo menos um risco: o
de que setores militares
intransigentes, que
acusam Campora de ter,
ajudado os terroristas
montoneros, durante o seu
mandato de menos de dois
meses, aproveitem-se da
ocasião para vingar-se.
Para evitar tal risco, o
governo poderia ter dado
o salvo-conduto a Campora. mas as divisões entre
os generais sobre a quêstào impediram tal
solução.
O ministro da Agricultura,
Amaury Stabilo, em discurso
na reunião anual dn FAO —
Organização para a Agricultura o Alimentação; da ONU,
propôs «fundos específicos,
para tomar viáveis oxpansões adicionais do produção
de alimentos cm países que
disponham de condições potenciais propícias». E mais: quo
a utilização desses recursos
fosse feita através de «operações de financiamento a
longo prazo, com amortizações em alimento». Em
português claro, o que significam essas propostas? Um
país importador de alimentos
faria empréstimo de longo
prazo a um país produtor
(logicamente, o Brasil), e
esses empréstimos seriam
pagos náo cm dinheiro, mas
com a entrega das próprias
safras resultantes.
O govemo brasileiro, escolhou, assim, um fórum internacional, ora reunido em
Genebra, para revelar o trunfo que vinha guardando na
manga há muito tempo em
relação a seus planos para a
exportaçáo de alimentos — e
cuja divulgação certamente
detonará novas polêmicas em
relaçáo à política agrícola
que vai sendo implantada no
país.
O porte catastrófico que a
dívida externa assumiu, mais
a sangria com o aumento dos
preços do petróleo, exigia que
o pais repensasse seu modelo
econômico, do cima a baixo.
Isso náo aconteceu, fazendo
prever que, em Brasília,
grandes manobras estivessem
ALOYSIO B10ND1
em faso de planejamento,
para garantir a obtenção do
dólares som necessidade de
mexer no «modelo». E é esse
o sentido da proposta divulgada por Stabile. cuja idealizâçéfo certamente tem coautores, possivelmente os
ministros Delfim Netto. do
Planejamento, o Karlos
Rischbieter, da Fazenda.
O que se pretende, em
poucas palavras, é conseguir
contratos de longo prazo para
a compra de safras, cujo
plantio seria financiado pelo
país comprador — e, com
isso, «criar» dólares para
reduzir a dívida externa.
Como assim? A produçáo
resultante dos fi nanciamentos,
obviamente, séria om parte
usada para liquidar prestações
da dívida, e outra parto dostinada a exportações, possivelmonto ao próprio pais financiador que, no entanto, devoria pagar, á vista, essa
parcela adicional.
As propostas sáo arrojadas, em termos de economia
mundial: contratos para
pagamento a longo prazo,
com pagamento sob a forma
de safras, significam a
supressão de operações
comerciais, isto è, o país
AMAURY STABILE
aceno
a empresas multinacionais?
Ujrh
produtor doixa do colocar
suas safras através do
mercado exportador o o pais
comprador fogo igualmente
das incertezas das compras
mercado
feitas
rio
mundial. Pode — até ser um
avanço — mas é fácil avaliar
as reações que a mudança
provocaria. Há porém um
dado que náo pode ser ignorado: o ministro Stabile está.
evidentemente, pensando em
conseguir «sócios estrangeiros» para o plantio no território naciona. No Brasil. Mas,
na FA, teve que fazer a
proposta em termos náo de
Brasil, mas de «paises com
potencial de produçáo em
geral». E o fato é que, se
todos esses países da América latina, África e Ásia
passassem a disputar os
novos «sócios», a parcela de
produçáo que caberia a cada
um acabaria sendo insignificante — sem falar que , com
a disputa, os «sócios» ganhariam um incrível poder de
impor condições aos produtores.
No plano interno, hâ fatores a ponderar: tais programas evidentemente, se viessem a ser implantados,
deixariam de lado os pequenos produtores. Seriam entregues a grandes empresas
agrícolas, inevitavelmente
com a participação de capitais estrangeiros. E. por que
náo? Também com a participaçáo de máo-de-obra estrangeira, importada. Resta
saber se a sociedade brasileira náo reagiria a esse tipo de
«inovaçáo».
Pecuaristas
aprovam a
exportação
de gado zebu
Depois de uma prolon
gadissimn e cansativa
reuniáo - das 10 horas da
manha até às 15 horas a maioria das entidades
de classe ligadas â pecuária de corte, que se encontraram ontem na Socledade Rural Brasileira. fipa|mente, conseguiu redigir
um documento sobre as,
exportações de gado zebu.
Recentemente, ocorreu,
uma polêmica em torno
das exportações por causa,
das exigências, principalmente dos Estados
Unidos, quanto ás condições sanitárias do gado,
exportado.
O documento manifesta
o apoio das entidades á
exportação de reprodutores, matrizes e sèmem
zebuíno para todo p
mundo. Além disso, decidiu-se solicitar às autoridades a realização de
convênios internacionais
viáveis, dando-se destaque
especial para os paises da
América latina e Estados
Unidos. Outra medida
aprovada refere-se à
formaçáo de uma comissáo de representantes das
entidades de classes e
governamentais, para
conceiturar melhor uma
política sanitária voltada
ao comércio exterior. .
Das dez entidades que
participaram do encontro,
apenas duas náo aprovaram o documento: a Soeiedade Rural do Paraná,
que argumentou que
concordava com o conteúdo das discussões, mas
discordava do teor do
documento, e a Associaçáo Brasileira de Inseminaçáo Artificial.
|M.C.V.>
ÁLCOOL
Comprometida a produção de veículos
Mesmo cético em relação ao Proálcool,
Garnero acredita que as montadoras
fabricarão 250 mil veículos em 1880
ANTÔNIO FÉLIX e VICENTE DIANEZI FILHO
A crise de confiança está condenando ao
fracasso o Programa Nacional do Álcool (Proálcool). E isso está acontecendo, na opiniáo do
empresário Laerte Setúbal, por causa da falta
de «pulso» c de «direção» na aplicação da
política definida, ante a impotência até agora
revelada pela Comissáo Nacional de Energia.
O ambiente,, lembrou ontem o empresário, é
de perplexidade. A comissão, a exemplo do
Concex,ainda náo assumiu personalidade. «As
quantidades — disse — não sáo definidas» e.
quando «temos acesso a estudos que apontam
a inviabilidade de se atingir 10 bilhões de
litros de álcool em 1985, ficamos com algumas
dúvidas». Mas acredito, continuou, que consegiircmos atingir essa meta.
Laerte Setúbal participou ontem, em Sáo
Paulo, do I Congresso Brasileiro de Fundiçáo,
que discutiu os problemas de energia do país
com a presença de outros destacados empresarios como Mário Garnero, presidente da
Associação Nacional da Indústria de Veículos
Automotores (Anfavea), Eduardo Celestino
Rodrigues, ex-presidente da Cetenco e Plínio
Assmann, presidente da Cosipa. Nenhum
deles deixou de falar no Proálcool ou na
necessidade de se reduzir o consumo de petróleo para se enfrentar o problema do balanço
de pagamentos.
È certo que a «crise de confiança» náo foi
citada nominalmente, registrando-se. ao
contrário, grande otimismo de Mário Garnero
em relação à substituição da gasolina pelo
álcool. Apesar disso, o empresário admitiu
que a produçáo atual de álcool náo seria suficiente para abastecr 250 mil veículos, o numero estabelecido pelo protocolo assinado há 40
dias em Brasília entre os representantes da
indústria automobilística, comprometida em
fabricá-los em 1980, e o governo federal. «O
protocolo — afirmou Garnero — não fixou a
produção mês a mês. Pretendemos produzir
60 a 70 mil veículos no primeiro semestre e
acreditamos alcançar os 250 mil até o final do
ano». Além disso, continuou Garnero. estamos
estudando a situação a cada três meses.
Garnero. na verdade, mostrou-se muito
otimista ao falar da situaçáo nacional. «Estamos longe de uma catástrofe ou de uma
ruptura no processo de desenvolvimento»,
sentenciou o empresário. Entretanto disse ser
«realista» ante os problemas da inflação e do
déficit no balanço de pagamentos. Acrescentou que o país tem uma situaçáo difícil, mas
náo de insolvência. E reconheceu que o «Proter sido mais ativo». Os
álcool poderia
problemas de alocação de recursos, porém,
náo podem, na opinião de Garnero, impedir a
substituição da gasolina pelo álcool uma vez
que a indústria automobilística está apta a
converter toda a frota nacional, se houver
combustível. E garantiu: «Com essa substituiçáo, o Brasil encontrou a fórmula mais barata e mais tranqüila para reduzir as importações de petróleo».
Mário Garnero também disse que a indús
tria automobilística crescerá este ano entre 3 e
5rf. embora, segundo Laerte Setúbal, o
problema hoje náo é industrial mas agrícola.
«Quantificar as nossas necessidadesde energia
— acrescentou — parece ser o grande problema». Ou seja, se o país vai crescer 8r< ao
ano, a produçáo de energia tem que aumentar. Mas em quantoT
Industriais cobram definições
Críticas e acusações
marcaram o encontro que o
vice-presidente da Repüblica e presidente da Comissáo Nacional de Energia,
Aureliano Chaves, teve
ontem, no Recife, com
cerca de cinqüenta empresarios pernambucanos,
quase todos ligados ao setor
açucareiro. Se, de um lado,
o presidente do Centro das
ndústrias de Pernambuco,
Fernando Navarro, reclamou para a regiáo «um
tratamento mais justo»,
pois o nordestino está
«amargurado e descrente»
das medidas governamentais, de outro, o vicepresidente advertiu que o
empresário «sorri quando
recebe dinheiro e chora
quando vai pagar».
Na verdade, Aureliano
respondeu às criticas com a
mesma medida. A acusação de Fernando Navarro,
de que o govemo alargou
as disparidades regionais,
ele respondeu que «o governo náo vale nada, na medida em que náo conte com o
apoio da comunidade». E
lembrou, ainda, que o
empresário «é pródigo no
falar e difícil no agir».
Gileno de Carli, usinei ro e
ex-deputado federal, cobrou
do govemo uma definiçáo
ciara para o Programa do
Álcool — e reivindicou para
os próprios produtores de
álcool o direito de comereializar a produto no mercado interno, formando uma
empresa distribuidora.
Aureliano achou razoável a
idéia, mas pediu medidas
concretas. «Náo fiquem na
idéia, façam um documento
que o Conselho Nacional do
Petróleo examinará», disse
ele.
Aureliano reafirmou
também qüe «o capital
estrangeiro poderá entrar
no Programa do Álcool,
mas sem receber qualquer
incentivo ou financiamento
do govemo». E acrescentou:
*A minha posiçáo é de que
devemos estruturar solidamente o empresariado nacional para o Proálcool».
Sobre o recente aumento
de 30% no preço do litro do
álcool carburante. Aureliano explicou que «houve
apenas um reajuste», ao
garantir que a gasolina
sempre terá preços superiores ao do álcool. (Ricardo
Carvalho, do Recife)
Apoio ao uso do carvão
O uso do carvão vegetal
como fonte de energia foi
defendido ontem por Marco
Aurélio Andrade Corrêa
Machado, presidente da
Associação Brasileira de
Carvão Vegetal (Abracave),
durante o Congresso de
Fundição. No seu entender,
é urgente a criação de uma
mentalidade florestal, «não
apenas por questão de defesa da natureza, como está
em voga, mas, ainda, pela
constatação de que a utilização adequada das florestas, sua exploração econômica, de modo a.auferir
rendas, mas também orientada para reposição, regeneraçâo, enriquecimento,
enfim, para autosustentação, è um bom
negócio, mesmo quando
desenvolvido em menor
escala, em pequenas e
médias propriedades».
Há problemas, porém,
com o processo de carbonizaçâo da medeira, através
de fornos de alvenaria.
Embora Corrêa Machado o
considere de elevada éficiéncia, existe ainda perdas
de subprodutos. Mantida a
atual tecnologia, serão
-2'
perdidos anualmente:
milhões de toneladas de
gases combustíveis, 285 mil
t de ácido acético, 175 mil í
de metanol, 435 mil t de
produtos leves e 990 mil t
de alcatrão.
O empresário Eduaçdo
Celestino Rodrigues,
membro da Comissáo Nacional de Energia, também
levou algumas propostas. A
primeira seria a modificação do Código Florestal
«que, cm seu artigQ 2".
exige a preservação dè
qualquer mato sujo. É proibido mexer nisso e plantar».
Em segundo lugar,
pediu uma definição-de .
política florestal por parte
do governo e que os incenti-i vou sejam aplicados, em ,
reflorestamento.
As críticas de Setúbal
O empresário Laerte
Setúbal Filho, presidente da
Associaçáo dos Exportadores Brasileiros, por seu
lado, preferiu enfocar
outros aspectos em relação
à energia, depois de criticar
a retirada de incentivos
fiscais para a produçáo de
madeira, considerada por
ele «desastrosa» (seria
mais lógico, disse, um'
remanejamento), apontou
algumas falhas nos programas do governo. Uma delas
é a ingerência de vários
ministérios. «A matériaprima é ligada ao Ministério da Agricultura; o produto, ao das Minas e Energia;
e o usuário ao da Indústria
e do Comércio. É preciso
uma unidade», disse. O
enfoque da energia tem que
ser outro, na sua opiniáo. E
apontou, como uma ameaça, -o déficit de madiera, já
denunciado pelo setor de
papel e celulose.e estimado
em 1 milhão de hectares
em 1980/81.
Já em termos de energia
elétrica, aproveitando a
exposição de José Marcondes Brito do Carvalho, diretor de operação da Eletrobrás. sobro os planos da
empresa, Setúbal colocou
novas críticas. «Recentemente, estive na China com
um grupo de empresários.
Lá, nos disseram que esse
pais inverteu o processo de '
energia, que passou a ser
produzida em 50 mil peque;
nas hidrelétricas. Esse
enfoque, porém, não se dei)
no Brasil». Esqueceu-se de
dizer, contudo, quê ';à
Eletrobrás pretende irteentivar a criação de miniusinas.
O engenheiro Plípio
Assmann, presidentedaCosk
pa, observou contudo que'
muito se fala em altemativas e pouco na redução do
consumo de petróleo importado. Aproveitou para citar
o exemplo de suâ própria
empresa. «A Cosipa vai
reduzir 8% de seu consumo
de óleo, apesar do crescimento de 20% da produção
bruta. Há uma série ."de
procedimentos elementares,,
ligados à engenharia de uso
do combustível, que nâo é
observada», disse. Entre as
falhas, Assmann mencionou
o funcionamento dos fornos
com portas abertas òu o
não desligamento, depois de
atingidos os picos de temporatura.
>¦<!'
mV&Mjtm&*&K*1mmmWl*m'*0*W*au**tm^^*m*m
DE 1979
QUARTA-FEIRA 21 DE NOVEMBRO
PAGINA S
ECONOMIA
ARÁBIA SAUDITA
POLÍTICA INDUSTRIAL
Zanini em busca
de petrodólares
tratamento de xeique
Mão-de-obra deve
ser privilegiada
É o pensamento de Delfim Netto
Usineiro quer
MADALENA RODRIGUES, de Brasilia
O lento processo dc definiCão das novas diretrizes para
a politica industrial brasileira
vai iniciar mais um capitulo
na próxima semana, quando
representantes dos Ministèrios do Planejamento e da
Industria c do Comércio se
reunirão novamente para
debater o assunto e tentar
um consenso cm torno de
alguns pontos ate agora
conflitantes
Do lado da Seplan. o documento elaborado pelo MIC. |
contendo propostas para o j
que sena uma nova política
industrial, e visto como uma
repetição das mesmas coisas •
propostas nos últimos anos
para q desenvolvimento
industrial do pais exceto por
uma única inovação diz
claramente, pela primeira
vez que o setor industrial
precisa receber um tratamento diferenciado por
região levando-se em conta
prioridades regionais
Mas isto não basta, afirmam assessores do ministro
Delfim Netto Surpreendentemente, para alguns de seus
assessores, Delfim Netto —
afirmam — teria firmado
posição no que diz respeito a
profundas modificações na
política de incentivos fiscais,
de forma a estimular uma
absorção crescente de mãode-obra onde esse fator de
'
produção é considerado abundante, ou seja. principaJmente nas regiões Norte e
Nordeste.
Assim, enquanto as sugestoes do MIC se concentram
apenas no aperfeiçoamento
dos instrumentos já existentes de politica industrial, do
lado da Seplan existe a preocupação de promover uma
revisão qualitativa desses instrumentos, no sentido de
evitar, que continue sendo
estimulada a utilização intensiva de capital — prática
adotada pela Sudene nos últimos anos, com grandes
prejuízos para a expansão do
número de empregos no
Nordeste.
Outra inovação importante,
do ponto de vista da Seplan, e
praticamente omitida pelo
MIC, diz respeito à necessi-
1
dade de reformulação da
política tarifária para a
importação de bens de capital — utilizados na produção
industrial.
Depois de analisarem a
política tarifária, asessores do
ministro do Planejamento
chegaram á conclusão de que
há ua total falta de coerência
na maneira como são taxados
diferentes bens de capital,
ora com taxas excessivamente altas, ora excessivamente
baixas, com prejuízos para
setores da indústria nacional
que dependem em maior ou
menor escala da importação
de máquinas e equipamentos
O ajustamento da estrutura
de tarifas e considerado um
dos pontos chaves e. provávelmente, o mais trabalhoso
para a definição de uma nova
política industrial.
Outro ponto considerado
importante por assessores de
Delfim é a necessidade de
redução dos custos de mãode-obra, possivelmente através de uma redução dos
encargos sociais ou de outras
formas que estão ainda em
fase inicial de discussão.
Essa preocupação é maior no
que diz respeito às pequenas
e médias empresas, altamente absorvedoras de mão-deobra. como é o caso do setor
têxtil, de alimentos e bebidas, mobiliário e vestuário,
para os quais a nova política
de reajstes semestrais implicará custos mais altos, em
comparação com as grandes
empresas.
Outra inovação sugerida
pela Seplan: desburocratizar
o processo de aprovação de
projetos e financiamentos
para pequenas e médias
empresas — um outro ponto
aparentemente esquecido pelo
MIC.
A previsão de técnicos da
Seplan é de que a amarração
final do que será o novo
projeto de política industrial
para o pais vai demorar pelo
menos mais uns dois meses.
Até lá, o empresariado nacional permanecerá na expectativa.
BOLSÁ
No Rio
O movimento evoluiu 9,62%, envolvendo 102.521.730 títulos negociados no valor total de 237.769, mil cruzeiros. As
ações de empresas governamentais representaram 59,73%
dos negócios, ficando os 40,27% restantes com os papéis de
companhias privadas. O indice recuou 0,8% no fechamento,
na marca dos 7.402 pontos. Os papéis mais negociados à
vista foram: Bco. Brasil - PP, com 10,97% do movimento;
Bco. Brasil-ON, 7,8%; e Belgc-OP, 6,0%. Ações que mais
subiram: Tibrás-PPA, 9,09%; Bco. Nordeste-PP, 4,0%; e
Nova América-OP, 3,45%.Maiores quedas: Vale-PP, 4,75%;
Mannesmann-OP, 4,48%; e Acesita-OP, 3,45%.
Em São Paulo
O índice apresentou-se novamente em baixa, recuando
1,3% ao situar-se em 5.876 pontos. Mais uma vez os papéis
blu-chips, que se desvalorizaram em média 2,2%, foram os
responsáveis pela queda do indice, pois os títulos de segunda linha recuaram apenas 0,9%. O movimento diminuiu
14,3% totalizando 176.767, mil cruzeiros, dos quais 4.537, mil
a termo — 2,6% do volume global — para uma quantidade
de 86.609.677 títulos transacionados. Os papéis blu-chips
responderam por 12,2% dos negócios à vista e 68,2% dos a
termo. Ações mais negociadas à vista: Bco Brasil-PP, com
7,9% do movimento; Arno-PP, 4,4%; e Eluma-PP, 4,2%.
Maior alta no índice: Eluma-PP, 7,7% e maior baixa;
Ericsson-OP, 23,9%.
OeN
. Letras do Tesouro Nacional. O mercado de Letras do
Tesouro Nacional apresentou-se pouco movimentado. Os
negócios, com leve tendência vendedora para papéis com
vencimento em janeiro de 80, foram cotados entre 24,25%
ao ano e 24,48%. E os de vencimento em maio cotados
entre 21,45% e 21,25%.
financiamentos. Os financiamentos por um dia com
Letras do Tesouro Nacional apresentaram-se tranqüilos
durante todo o período, abrindo a 22,20% ao ano e declinando para fechar a 12,60%. A média de negócios situou-se em
18% ao ano.
Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional, mercado de Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional apresentou-se movimentado para papéis de 2 anos de prazo e 6%
de juros, com vencimento no segundo semestre de 81, cotados a 107,40% para compra e 107,80% para venda.
Financiamentos. Os financiamentos com Obrigações
Reajustáveis do Tesouro Nacional apresentaram-se tranquilos durante todo o período, abrindo a 23,40% ao ano,
descendo a níveis de 18% e subindo para fechar a 21%.
Média de negócios a 20,40%.
MARIA DA CONCEIÇÃO
Caderneta das multinacionais
MARQUES MOREIRA
Comodismo, pagando juros?
MOURA E SILVA
Não muda por temer pressões
RESOLUÇÃO 432
0 Banco Central não manda
mais na política monetária
Dois economistas e um banqueiro mostram o poderio das empresas
RICARDO BUENO, do Rio
Para que exista politica
monetária no Brasil é preciso
desatar um nó: acabar com a
Resolução 432 do Banco
Central, que permite que os
tomadores de empréstimos
externos deixem seus dólares
depositados no BC, que então
se responsabiliza, isto é, paga
os encargos desses empréstimos. Uma autêntica caderneta de poupança das multinacionais. segundo alguns
economistas, que se torna
especialmente atraente com
a aceleração das minidesvalorizações cambiais. Este ano
o cruzeiro já foi desvalorizado dezesseis vezes, sofrendo
uma perda de 53.5rr em relaça"o ao dólar — e é isso que o
Banco Central está pagando
sobre os empréstimos das
multinacionais paradas.
Novos ataques à 432 foram
desferidos pelos economistas
Maria da Conceição Tavares,
da Unicamp. e Adroaldo
Moura da Silva, da USP. e
pelo banqueiro Marcilio
Marques Moreira, do Unibanco, que participaram de
debate sobre a politica moneiária promovido pelo Instituto
de Economistas do Rio de
Janeiro (IERJ).
Para Adroaldo. *a moeda
c o crédito deveriam ser
usadas coercitivamente para
que o Estado orientasse a
politica monetária. Mas no
Brasil não servem para isso.
Não se pode, simplesmente,
fazer política monetária
quando se sabe que, com a
resolução 432, a iniciativa
privada e as empresas estaUris podem sacar a qualquer
momento 8 bilhões de dóiares». Isto é, são as empresas
que passaram a «controlar» os
meios de pagamentos no
pais. Acabar com a Resolução
432 é, porém, uma questão
delicada. «A 432 envolve as
empresas lideres do sistema
econômico (que estão com
seus dólares depositados no
BO e estas tèm ligações com
os bancos estrangeiros, que
são seus credores. E o drama
é que. sem a convivência
desses parceiros nós vamos
ter dificuldades para financiar o rombo do balanço de
pagamentos e a divida externa em 1980». diz Adroaldo
Moura da Silva.
Para Marcilio Marques
Moreira, a origem da 432
está ligada ao fato de que o
governo queria etimular os
tomadores de dinheiro a irem
buscar recursos no mercado
internacional. Esses tomadores estavam temerosos, pois
tinham que tomar dinheiro a
cinco anos de prazo e
emprestar aqui dentro a
apenas um ano, já que as
empresas brasileira não
queriam pegar empréstimos
por prazos superiores. A 432
não acaba, segundo ele, «por
puro comodismo do governo.
No momento, ela está contribuindo para enxugar os
meios de pagamentos. Em
abril, estavam depositados 4
bilhões de dólares na 432.
Agora já se chegou a 7,8
bilhões de dólares o que
mostra como a 432 está
etirando dinheiro dc circulação». A que preço, porém?
Além da 432. Marcilio
considera que o sistema
financeiro brasileiro enfrenta
outros problemas sérios e que
precisariam começar a ser
atacados. «O sistema financeiro em nosso país é extremamente dependente da ação
do Estado. O Estado tem
todos os instrumentos de
regulamentação na mão. mas
não tem unidade de pensamento nem estrutura organizacional para aplicar esses
instrumentos. Por isso, nosso
sistema financeiro apresenta
sinais dessa fadiga e a convivencia de UPCs, cruzeiros e
dólares e de correções monetárias pré e pós-fixadas»,
com os diversos agentes
financeiros, não cumprindo
as funções para as quais
foram criados».
Para Adroaldo Moura da
Silva, a correção das distorções da política monetária e
do sistema financeiro exige
que o Estado assuma efetivamente seu papel de regulador
do sistema econômico. E um
primeiro passo para isso
seria que os empréstimos
externos, de agora em diante,
só fossem negociados pela
União. «Não podemos nos dar
ao luxo de permitir que
empresas privadas c empresas estatais continuem
contratando empréstimos lá
fora à vontade. Principalmente agora, com o mercado
internacional tão conturbado».
JARBAS CUNHA, dc Ribeirão Preto
com grupos privados. Essa ó
O diretor superintendente
uma dificuldade, porque, se
das Indústrias Zanini e grande
região
na
de usineiro
pudéssemos carrear recursos
das árabes através do goverRibeirão I^reto, Luiz Lacerda
a
no, seria o ideal para o pais»
Biagi, viajará sábado para
disse.
Arábia Saudita, onde pretenAs negociações com os árade concluir entendimentos
bes, acrescentou, tém como
mantidos com o príncipe
objetivo básico fazer com que
Falçal, iniciados no dia 1" de
eles participem acionarianovembro. O objetivo da
mente nas usinas produtoras
viagem é atrair petrodólares
de
de álcool. Biagi. contrariando
a
estimular
produção
para
vários dados oficiais, mostra,
fontes alternativas de
com gráficos, que a área
energia.
destinada ao plantio da
dos
«Há interesses
paises
cana-de-açúcar no Estado de
—
árabes — explica Biagi
São Paulo aumentou pouco
pelo menos de algumas
em função do Proálcool. A
famílias, de incentivar as
área ocupada por esse produfontes alternativas de energia
to é de 1.1 milhão de hectacomo o álcool. Isso decorre
res, disse ele.
os
das dificuldades em que
Ao fazer uma análise do
encontram,
se
pois
árabes
o empresário diz
Proálcool.
estão de posse de uma
desgovernavagão
«é
um
que
vendida
por
mercadoria
na mão da
solto
bicho
do,
um
preço menor do que poderia
precisa
empresa
que
privada,
comereio
ser apurado. Qual
ser atrelado a algum esqueante que vende por menos do
ma do governo. Há, inclusive,
preço que pode ser apurado
uma disputa interna dentro
cm determinada mercadoria?
do governo pela liderança».
Se os árabes se conformam
Numa defesa enfática do
em vender por menos é por
Biagi declarou que
Proálcool.
razões políticas».
o setor de açúcar e álcool
Outra razão, também politigera dez vezes mais empreca, em estimular invéstimengos do que a indústria autotos árabes em álcool, segunmobilísticas e de autopeças
do Biagi, seria a de dar uma
e por isso. precisa de
juntas,
resposta aos países desenvolum tratamento melhor». E
vidos «que se acomodam no
ainda foi mais longe, querenconforto das salas de ar
do ser tratado como um
acondicionado. Eles assim
xeique. «Os usineiros são
teriam condições morais do
verdadeiros pês-de-boi para
dizer: façam como nós fize- í trabalhar e possuem uma
mos. Temos petróleo e buscapéssima imagem perante a
mos fontes alternativas».
população. É hora de melhorar essa imagem. Por que os
Essa também seria uma
xeiques são tão badalados e
maneira de evitar confrontos
os usineiros não?»
capazes de produzir uma
Ao falar sobre o modelo
guerra como a do Vietnã,
«pois as indústrias armameneconômico brasileiro, Luiz
Biagi disse que fracassou,
tistas ficam impacientes com
sendo necessário novas altera ausência de conflitos capanativas, «com criatividade e
zes de absorverem a produespírito de sacrifício. É precição de armas». O diálogo
so acabar com o critério de
com os árabes, segundo
Biagi, não é recente. Comeconfiscar quando a produção
vai bem e subvencionar
cou há cinco anos, «através
de um intermediário que
quando não vai bem». E
acrescentou: «o que há no
mora em Paris». A idéia só
vingou, no entanto, com a
Brasil é economia de Estado
fantasiada de economia de
visita do príncipe Faiçal.
«Mas o grande problema dos
mercado, onde a parte mais
fraca é o empresariado brasiárabes é que eles não querem
leiro*.
negociar com o governo, mas
AÇÕES FRIAS
CVM está apurando mais seis fraudes
Empresas e investidores estão envolvidos nas emissões fraudulentas
RICARDO BUENO, do Rio
«É o tal negócio, você puxa
o cabelo de um elefante e
vem uma tromba». Assim o
presidente da Comissão de
Valores Mobiliários (CVM).
Roberto Teixeira da Costa,
definiu a surpresa do órgão
com o florescente «mercado
marginal» de ações. Desde
que começou a fiscalizar esse
mercado, em abril deste ano,
a CVM já suspendeu as emissoes irregulares de ações de
onze empresas. Estas empresas sáo: Policor — Indústria
de Tinta Hidrossolúvel, Oleisa — Óleos industriais, Gecosa — Indústrias Integradas
Gervásio Costa, Spherofer —
Indústria e Comércio, CAP —
Companhia Agro-Industrial
Pirangi e Cajunor — Companhia Caju do Nordeste, cujos
nomes foram revelados
ontem. Além destas jà
tinham sido descobertas a
Simisa — Sistema Industrial
de Minérios, a Plamasa —
Plásticos do Amazonas,
Provesa — Produtos Vegetais, Pindarè, Diplasa —
Diasso — Indústria de Implementos Agrícolas e Chryso —
Aurum Mineração.
A CVM estima que essas
empresas colocaram junto ao
público mais de 400 milhões
de ações, utilizando para
isso, em geral, escritórios
muito bem instalados em prédios comerciais nos principais centros urbanos brasileiros. Para Roberto Teixeira
da Costa, o sucesso do «mercado marginal», decorre da
grande conivência que existe
entre a empresa que lança
irregularmente ações e o
Por que? «Por
investidor.
causa dos incentivos fiscais,
evidentemente. O investidor,
em muitos casos, compra
essas ações por apenas 10 ou
20 centavos, embora o valor
nominal da ação seja de 1
cruzeiro. O investidor, entáo,
coloca na, sua declaração de
renda essa aplicação em
ações, só que como se as
projeto aprovado tèm. Os junto ao público em 1978 e
1979 pelo menos 152.435.906
processos para penalizar os
culpados por essas manobras ações que foram adquiridas
são difíceis, pois em geral por 3.275 pessoas. O último
envolvem centenas de registro de emissão de ações
pessoas. Basta dizer que das da empresa autorizado pelo
onze empresas descobertas Banco Central tem data de
1975. Em 14 de julho de 1978,
pela CVM, apenas uma terá
seu inquérito julgado breve- a companhia firmou contrato
com a Proinvest — Distribuimente.
Os investidores também dora de Títulos e Valores
náo ficarão impunes, porque Mobiliários para colocação de
muitos deles sabiam que ações que haviam sobrado
estavam comprando ações em 1975. E esse contrato náo
«frias». Por isso, serão foi registrado na CVM.
chamados pela Secretaria da
Gecosa. Tem sede em
Receita Federal e terão seus Teresina (Piaui) e colocou
investimentos nessas ações (e irregularmente 45.119.000
os conseqüentes incentivos)
ações, entre pelo menos 360
anulados. Em certos casos, investidores. Em 1975 havia
inclusive, os vendedores se
obtido registro no Banco
comprometiam com os invés- Central, mas para a colocatidores a recomprar as ações çáo de apenas 5 milhões de
dois anos depois. Esses dois ações.
anos correspondem ao prazo
Oieisa. Tem como sede a
.mínimo que as ações têm que residência do seu diretorficar custodiadas nas bolsas presidente em Sáo Luis do
de valores para gozarem do Maranhão e dispõe de um
incentivo.
escritório de representação
A seguir a história resumi- em São Paulo. Nunca obteve
da dos 7 casos ontem divulga- registro de ações junto ao BC
dos pela CVM: «Policor» — ou à CVM, mas vem colocansediada no municipio do do ações junto ao publico em
Conde, na Paraíba, colocou volume que a CVM ainda não
conseguiu estimar.
Spherofer. Tem sede em São
Paulo. Aumentou seu capital
em 1977 de Cr$ 1,1 milhão
para Cr$ 18,23 milhões, com o
ingresso de 73 novos acionistas. A CVM descobriu que as
pessoas náo legalmente habiütadas fizeram a intermediação dessas ações e que a
empresa ocultou prejuízos de
Cr$ 4 milhões.
CAP. Está sediada no Rio
Grande do Norte. Colocou
irregularmente, junto ao 600
subscritores, pelo menos
493.944.290 ações preferen~':
A'H^o;;.;f:i?Kr
ggjfl W* •¦¦'•&%**£
.}¦• ¦ r'lS»^fe^^^^^^g^s^^^ff^^'j
/
y*í*~ Í^^'.-^y^.
ciais classe B.
Cajunor. Com sede no Recife, colocou junto a 68 subscritores pelo menos 4.340.150
ações preferenciais classe B no
período 1977/79. A média foi
TEIXEIRA DA COSTA
de 63 mil ações por subscritor.
Quem é roubado nessa história? O governo, evidentemente
tivesse comprado a 1 cruzeiro
e pode descontar no IR 45
centavos por ação. Quem é
roubado nesta história? O
governo, evidentemente»,
disse.
Para dificultar a existência
do «mercado marginal» de
ações, a CVM já sugeriu ao
Ministério da Fazenda que
toda a empresa que venha a
ter seu projeto aprovado para
o Norte ou Nordeste, por
exemplo, e que tenha direito
a receber incentivos fiscais,
seja obrigada a registrar
previamente na CVM qualquer emissão de ações. Isso
significa que essas empresas
teriam, também, que
cumprir todas as disposições
da Lei das Sociedades Anônimas.
É provável que até o final
do ano novas emissões irregulares sejam descobertas,
pois a CVM vai fazer uma
operação «pente fino» junto
aos escritórios que lançam
ações no «mercado marginal». A época é especialmente adequada, pois os lançamentos ilegais se multiplicam
nos últimos meses do ano
L
*:~
para aproveitar os recursos
resultantes dos incentivos
previstos na legislação do
Imposto de Renda.
As emissões irregulares de
ações são feitas, inclusive,
por empresas que já tiveram
registro na CVM. Essas
empresas colocam junto ao
mercado duas, três, quatro
vezes mais ações do que
registram na CVM e utilizam
intermediários não autorizados. Esse foi o caso da Gecosa e da Policor, por exemplo.
Para Roberto Teixeira da
Costa as empresas que jâ
estão operando e que lançam
irregularmente ações, «cometem fraude, o que é um caso
de policia. Isso porque só
uma parte desses recursos
entra na empresa e o resto
ninguém sabe onde vai
paran>.
Em outros casos, a empresa só tem um barracão e um
projeto que está paralisado,
embora aprovado pela Sudene ou pela Sudam. Mas
corretores continuam atuando
e captando incentivos fiscais.
E em algumas situações, as
supostas empresas nem
Simonsen,
novo diretor
do City Bank
nos EUA
O ex-ministro do Planejamento e da Fazenda,
Mário Henrique Simonsen,
foi nomeado para o conselho diretor da Citycorp, a
holding do City bank, em
Nova York. O City bank é .
o segundo maior banco
dos Estados Unidos e do
mundo. O ex-ministro terá
também, como colega
para cargo semelhante, a
ex-Secretária do Comércio
daquele país, Juanita
Kreps, que renunciou
recentemente ao cargo no
gabinete americano, que
ocupava desde 1977, segundo as informações, por
causa dos problemas de
saúde enfrentados pelo
seu marido.
Acordo para
normalizar
o mercado
de açúcar
O Conselho da Organizaçáo Internacional do Açúcar, que reúne 57 países,
aprovou esta semana uma
resolução solicitando ao
Mercado Comum Europeu
que pare de perturbar os
mercados mundiais do
produto. A resolução
também pede o início de
conversações destinadas a
promover o Acordo
Mundial do Açúcar. Com
essa medida, acaba a
controvérsia entre a OIA
e o MCE. Assim, o Comitê
Executivo da OIA recomenda uma cota de
exportação global para
1990, ao mercado livre, de
12,9 milhões de toneladas
de açúcar para os paises
produtores membros. O
Comitê estimou que os
pedidos totais do mercado
serão 18 milhões de toneladas. Essa diferença
deverá ser coberta pelas
exportações do MCE e
outros membros do pacto.
QUARTA-FEIRA 21 DE NOVEMBRO DE 1979
'ACÍINA 9
pEPÜBLíQV
TRABALHADORES
TRÉGUA NAS GREVES
Delegado sindical
já existe na CLT
wWJI 11!CBI IwCSk 1! !CS2p 9II3B $5^*
Por que Delfim é
o maestro
LUIZ AUGUSTO GOLLO, de Brasília
O fato de o ministro
sejam puramente de
aumentos de salários. O
Delfim Netto estar ouvindo
ministro Murillo Macedo,
lideranças sindicais e
empresariais não deve ser
por exemplo, já se referiu a
isto algumas vezes, ao vntitomado como ingerência da
einar que as reivindicações
.Secretaria do Planejamento
na área do Ministério do
dos trabalhadores, a partir
Trabalho; do contrário, a
da nova política salarial,
estarão mais dirigidas para
participação do ministro
Murillo Macedo nos planos
melhores condições de
de Mário Andreazza, de
trabalho, delegados sindiconstruir casas para trabacais, creches etc. do que
lhadores, também o seria, e
para aumentos. E, ontem,
todo o ministério Figueiredo
questionado sobre as invéstidas de Delfim em sua
estaria perdido em incurárea, tranqüilizou os reporsoes fora de cada área
teres, temerosos de mais
específica. O que existe, de
dissençôes no ministério
fato, é o interesse do goverFigueiredo.
no em satisfazer reivindicações antigas, muitas até
Pelo menos quatro minisrelegadas a segundo plano
térios estão envolvidos
neste momento de greves
numa operação conjunta
em vários pontos do país.
visando a criar um novo
Assim, os ministros do
'IVabalho e do Interior estuclima para os trabalhadores
do pais: Trabalho, Interior,
dam a construção de casas
Agricultura e Planejamento
populares que serão vendi— ao qual compete a batuta
das aos trabalhadores atrade maestro. Nenhum dos
vós de seus sindicatos. Da
ministros envolvidos nos
mesma forma, os ministros
da Agricultura, Amaury
planos da área social tem
dúvida disso. Afinal, cabe
Stabile, e do Trabalho,
negociam na Companhia
precisamente a Delfim
Netto dirigir os trabalhos
Brasileira de Alimentos
em conjunto dos ministéuma cesta de mantimentos
rios, e por isto jà foi
que servirá de padrão para
chamado de superministro,
os trabalhadores.
como seus antecessores
Nenhum destes planos
Simonsen e Reis Velloso.
está em vias de ser executaHá seguramente dois meses
do ainda, mas mostram a
o ministro do Planejamento
vem mantendo contatos
preocupação do governo
com empresários e líderes
Figueiredo com a área
social. Como dizia ontem
sindicais, mas estes últimos
um ministro: «Temos que
em número praticamente
atender essas necessidades
iasiginificante. O fato de ele
antecipar pontos de estudos
para não descambarmos
à imprensa deve-se segundo
para o socialismo ou comuse imagina nos gabinetes
nismo». O governo pretenministeriais, à aflição resulde, de fato, que os sindicatante da taxa de inflação,
tos de trabalhadores desisconsiderada alarmante
tam das graves, passando a
dentro do próprio govemo.
reivindicações que nào
Lula e outros dirigentes sindicais mostram-se dispostos
a negociar com o governo. E mesmo entre as críticas
mais duras já aparecem propostas para o diálogo
Da parte dos dirigentes
sindicais, houve mais desconfianças que criticas contundentes; do lado dos empresarios, mais surpresa que
elogios apressados. E, da
média, o que se extrai é uma
grande perplexidade quanto
as propostas que o Ministério do
Planejamento está
fazendo a lideres sindicais
representativos, em troca de
uma trégua de até dois anos
na onda de greves movidas
por reivindicações salariais.
Aumentos semestrais acima
do indice da inflação (que
seria amarrada em tomo de
W/c-, no próximo ano), medidas para impedir a rotatividade da mâo-de-obra e a
"a
c r i a ç o do segurodesemprego — a parte do
governo na barganha — sâo
medidas que por enquanto,
nâo parecem comover alguns
líderes sindicais: Luís Inácio
da Silva, o Lula se declara
disposto a negociar e até vê
possibilidade de acordo, «desde que haja possibilidade de
melhorar a situação dos
traballiadores brasileiros».
O problema, entretanto,
como diz o presidente do
Sindicato das Indústrias Têxteis
de Sáo Paulo, Luís
Carlos Medeiros, é que «é
difícil conseguir a unanimidade de todos os sindicatos
para a idéia». Pelo menos
três líderes sindicais de peso,
como João Paulo Pires de
Vasconcelos, dos metalúrgicos de Monlevade (Minas
Gerais), Jacó Bittar, dos
petroleiros de Paulínia, fi
José Cicotti, dos metalúrgicos
de Santo André, sáo frontalmente contrários à barganha
proposta,
«Os sindicatos da Argentina», disse João Paulo, «confiaram no govemo autoritário
e fizeram uma trégua semelhante à proposta pelo ministro Delfim Netto. O resultado
foi desastroso».
GREVE
KBK
up
**&*
MAURO MARTINS BASTOS
Mais de 6 mil trabalhadores da construção
civil entraram em greve ontem em Curitiba.
O movimento tomou corpo rapidamente, pela
manhã, e os piquetes náo tiveram dificuldade alguma em paralisar pelo menos quarenta obras. O centro da cidade foi tomado pelos
grevistas do início ao final da tarde, quando
os peões realizaram uma passeata dissolvida
pela Polícia Militar e pelo DOPS, com algumas prisões. Na verdade, esta é a primeira
greve, após a decretação da nova política de
reajustes salariais semestrais baseados no
INPC.
Os peões de Curitiba, aparentemente
despreocupados com a legalidade da greve
querem um aumento imediato de 80% sobre
seus salários de 2.898 cruzeiros — 10,25 cruzeiros a hora — menor que os dos peões de Belo
Horizonte, protagonistas de um movimento
grevista recente. Segundo os trabalhadores
mesmo esse pois não vinha sendo respeitado
por algumas construtoras.
O Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil não está apoiando o movimento,
iniciado no final da tarde de segunda-feira,
quando uma comissão de seiscentos trabalhadores foi pedir apoio a Aguinaldo Ramos
Forbecí, o presidente, há dez anos no cargo.
Forbeci, porém, advertiu oí> peões sobre a
ilegalidade do movimento. «O govefno vai dar
um aumento em dezembro, de no mínimo
30%, em junho do ano que vem a gente briga
por um aumento maior, pois é quando vence
nossa atual sonvenção coletiva, disse o presidente do sindicato. Antes disso, qualquer
paralisação é ilegal».
«Queremos 80%».
E a polícia de
longe, olhando
Um dos peões respondeu que «quem tem
fome nâo pode ficar aguardando a convenção
coletiva» e a reunião foi encerrada aos gritos
de «queremos 80%». Ontem pela manhã a
greve foi deflagrada.pelos serventes da Construtora Nova Era. Segundo os trabalhadores
essa empresa não vem cumprindo uma cláusuIa da convenção coletiva, firmada em junho,
dispondo que os serventes têm direito a mais
5% sobre o salário mínimo. Com o novo minimo eles deveriam ereceber 2.898 cruzeiros,
mas estavam recebendo os 2.760 cruzeiros
estabelecidos pelo govemo.
Os'piquetes foram engrossando a cada construção da Zona Sul da cidade. E a Policia
Civil acompanhava a distância os grevistas,
cuja palavra de ordem era «queremos 80%»,
Tabuletas feitas com sacos de cimento diziam
«pacificamente queremos 80%». Na frente das
obras, os grevistas gritavam: «Desce peão, ou
está,conseguindo viver com 2 mil por mês?».
Conseguiram muitas adesões com seu apelo.
No bairro da Fazendinha, os piquetes paralisaram as obras de sete conjuntos de quatro
andares, das Construtoras Independência e
Sakamori, que estão com seus prazos de
entrega marcados para dezembro. Essas
empresas, segundo os trabalhadores, vêm
pagando apenas 20% sobre duas horas diárias
de extras, quando o previsto em lei é o
percentual de 40%.
Os peões seguiram vinte quilômetros a pé
até a concha acústica, localizada na frente do
ginásio de esportes do Atlético. Certa de 4 mil
grevistas ocuparam então as arquibancadas, e
o presidente do sindicato, previsivelmente, foi
vaiado quando pediu tempo para a formação
de uma comissão de seis representantes que,
juntamente com ele, tentariam um acordo
com os patrões na Delegacia do Trabalho.
Ficou acertado então que às 14h os representantes do sindicato retomariam com uma
resposta. Era hora do almoço e a maioria dos
peões sentou no chão e almoçou sua marmita.
Às 2 h da tarde ninguém do sindicato apareceu. Revoltados, os 4 mil peões seguiram
para a praça Zacharias, no centro de Curiti*ba,
e ameaçaram invadir a sede do sindicato,
no oitavo andar. Os bancos fecharam as
portas, o comércio também e, em seguida,
chegou a PM e a tropa de choque, que ficou
postada nas calçadas da avenida Marechal
Deodoro. Todas as entradas e saídas da praça
foram cercadas.
Uma comissáo de deputados do MDB resolveu interferir porque, como na greve de Belo
Horizonte, não havia liderança no movimento.
Depois de um contato com a Delegacia do
Trabalho, os deputados pediram aos peões
que retomassem à praça do Atlético. Novamente, todos rumaram para lá onde ouviram
de Forbeci, o presidente do sindicato, a
promessa de uma solução a ser anunciada em
uma assembléia hoje às 10 h da manha, no
mesmo local. Um advogado tentou explicar a
sistemática da nova politica salarial e foi
vaiado.
No centro, para
«incomodar
gente grande»
Os peões não aceitaram a argumentação
do presidente do sindicato e elegeram um
líder, que pediu para todos retomarem ao
centro, «onde a gente incomoda muita gente
grande que tem condições de apressar uma
decisão». Eram 18 h.e havia grande movimentação na praça Zacharias ainda cercada
pela PM. Os peões dispersaram-se. Na praça,
permaneceu um grupo de pouco mais de 2 mil
que deu início a uma passeata. O trânsito foi
interrompido e a polícia começou a agir.
«Queremos oitenta» gritavam os peões correndo entre os carros com a polícia atrás. Na
rua Cândido Ijopes, a polícia aguardava os
manifestantes, obrigados a retornar. Os que
portavam faixas e cartazes foram presos,
com violência pelo DOPS.
E a questão da confiabilidade dás propostas desponta,
enquanto
pelo menos por
como o maior obstáculo à
aceitação da idéia por parte
de alguns líderes. José Cicotti
chega a ficar indignado com a
informação de que dirigentes
sindicais já teriam participado de reuniões sigilosas com
o govemo: «Como diretor do
sindicato, se for convidado
para participar de reunião
secreta, não vou. Os problemas dos trabalhadores têm
de ser discutidos publicamente», Cicotti diz que não se
interessa pelas propostas
apresentadas, pelo simples
fato de elas terem partido do
governo, e principalmente,
através do ministro Delfim
Netto: «No caso da discussão
dos índices de produtividade,
como é que a gente pode ter
confiança nos cálculos, ainda,
mais com o Delfim Netto no
meio disso.
Nem todos sâo, porém, tão
Olívio Dutra,
taxativos.
presidente afastado do Sindicato dos Bancários de Porto
Alegre, está disposto ao
entendimento — «levamos
tanto na cabeça que nào
podemos nos dar ao luxo de
recusar negociações» —
ainda que analise a proposta
do govemo como um reflexo
da sua visão autoritária,
segundo a qual, se alguma
coisa for acertada com as
lideranças, automaticamente
o será, também, pelas bases.
Então, para Olívio Dutra, o
processo deveria, primeiro,
ser precedido da normalizaçâo da vida sindical brasileira, da revogação do decreto
lei 1632 e da instituição da
estabilidade no emprego e,
depois, incluir uma fase
posterior de consultas às
bases. Assim, admite o líder
gaúcho, «se houve sinceridade de propósitos em atender
realmente a parte menos
favorecida da classe traba-
Escolta
policial para
as «cegonhas»
do ABC
As negociações entre os
cegonheiros do ABC e as
empresas de transporte de
veículos zero quilômetro
voltaram, ontem, à estaca
zero. Mil e duzentos motoristas em greve desde sextafeira rejeitaram a contrapreposta das transportadoras e
decidiram continuar o movimento reivindicando 70%
do valor bruto do frete.
Ontem de manhã, dez carretas de propriedade das
empresas Translor, Transzero e Da Cunhas seguiram
viagem escoltados por oito
viaturas da PM. À tarde, a
diretoria da Associação dos
Carreteiros manteve contato
telefônico com o chefe de
transporte da Volkswagen,
cujo nome não foi revelado, e
colocou diretamente à disposição da indústria automobilística as carretas dos
motoristas para transportar
veículos destinados a exportação. A intenção dos cegonheiros é manter contato com
as demais indústrias automobilísticas do ABC.
lhadora, e se for permitido o
aprofundamento da organizaçâo dos trabalhadores, então
se deve buscar a negociação.
Mesmo porque reconhecemos
que o movimento sindical não
levará a essas soluções, a
curto prazo».
Arnaldo Gonçalves e Pedro
Gomes Sampaio, respectivamente dos metalúrgicos e dos
petroleiros de Santos, admitem sentar numa mesa e
negociar com os «todopoderoso&>, mas duvidou que
o acordo seja possível porque
«teria de agradar a toda a
classe operária». E isso
implicaria na inclusão de
itens que, pelo menos no
momento, eles acreditam
sejam inaceitáveis para o
governo, como a volta ao
regime da estabilidade
(«mais importante que o próprio salário desemprego»), a
representação sindical dentro
da fábrica, que, para eles, é
fundamental.
precisa de atitudes paternalistas, mas de liberdade e de
autonomia».
Francos elogios à proposta
do governo partiram dos
empresários. Walter Sacca,
porta-voz do Grupo 14 da
FIESP, acha a Idéia da trégua «inteligente e muito
proveitosa se coaseguir conciliar as partes». No Rio, o
presidente da Federação
Nacional dos Bancos, TheófiIo de'Azeredo Santos, detiarou que «sâo benéficas todas
as medidas que visam à
redução dos conflitos soeiais». Ele rejeito as desconfiancas das lideranças sindicais com relação à fixação
dos índices de produtividade,
argumentando que «temos no
IBGE um técnico reconhecido
internacionalmente, que é o
Jessé Montei Io. Ele vai ter de
dizer como chegou aos seus
resultados. Não vai apontar
um determinado índice para
satisfazer a este ou aquele
govemo».
O presidente do Sindicato
dos Jornalistas carioca,
Carlos Alberto de Oliveira,
até admite o pacto, desde que
ele seja feito «em cima da
garantia de participação dos
trabalhadores, principalmente no processo decisório da
política econômica». Outra é
a tese de Joaquim dos Santos
Andrade, dos metalúrgicos de
Sâo Paulo. «Essa história de
negociar greve nâo é bem
assim diz Joaquim, «porque a
greve nâo é feita pela greve,
rnas sim para os trabalhadores recuperarem seu poder
de compra. Quando os reajastes salariais forem concedidos através de índices mais
realistas e significativos,
creio que a própria negociaçâo será desnecessária». A
mesma simplicidade da posição de Lula: «O que é preciso é o govemo entender que o
movimento sindical nào
Mesmo na área empresarial, entanto, houve manifestações de ceticismo. «A tentativa é válida», afirmou Laerta Setúbal, «rras não sei se
vingará num país onde as
distorções salariais sâo muito
acentuadas. É um tipo de
tentativa que seria bem sucedida nos países desenvolvidos, onde o operário tem
boas condições de vida e
onde existe um sistema
previdenciário bom». Luiz
Carlos Medeiros, das Indústrias Têxteis de Sâo Paulo,
lembrou que o seguro desemprego, por exemplo, ainda
nem chegou a ser discutido
nas negociações entre empregados e empregadores,
enquanto Alberto Villares da
Nova Gomes, o principal
negociador do Grupo 14, disse
que a questão da rotatividade, deveria ficar melhor
esclarecida.
Jtftffifc.
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baias, smShs e
CAS$eT£Z£...
y
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PeiA lUdfire- Oo
MeTAUÚHGtco SfWTo
O primeiro inquérito resulta da própria portaria do
ministro que, além de afastar
a diretoria, criou uma comissáo de inquérito para apurar
o envolvimento de Ivan e
seus companheiros na greve
de setembro. O segundo,
aberto pelo DOPS , foi encaminhado pelo delegado Brito
Pereira a 3a Auditoria do
Exército, que tem, agora/
apenas nove dias do prazo
inicial para arquivá-lo ou
denunciar os 28 bancários
como incursos em dois artigos da Lei de Segurança
Nacional. Eles são acusados
de «incitar à greve e contri-
biir para a paralisação em
setor essencial». E, nesse
caso, os bancários —
incluídos os sete membros da
diretoria — podem ser condenados a até doze anos de
prisão.
Para o presidente Ivan
Pinheiro, essa greve «foi
apenas um pretexto que o
governo encontrou para
derrubar o sindicato». Mas
Ivan diz que confia «nas
conclusões da Justiça, pois a
diretoria do sindicato apenas
cedeu à decisão da maioria,
em assembléiageral».
Na verdade, a diretoria do
sindicato dos bancários, em
setembro, colocou-se contra a
paralisação, liderada pelo
próprio presidente Ivan, que
acha «que a greve, naquele
momento, interessava muito
mais ao banqueiro do que
a nós». Ivan acha que «a categoria não estava suficientemente organizada». Além
disso, diz, «uma greve como
aquela, que dependia de
piquetes, era uma greve frágil. O piquete só se justifica
para evitar que a minoria
prejudique a maioria*.
cargo de direção ou representaçâo sindical, até o
final do seu mandato, caso
eleito. Posteriormente, a lei
5.911, de 1973, ampliou essa
garantia até um ano após b
final do mandato
Estou convencido de que,
sem uma eficiente rede de .
delegados, faz-se impoüsivel
às direções sindicais conhecer, particularmente nas
grandes categorias, a realidade de cada industria,
setor ou região. À maneira
do que ocorre em outros
países, onde o movimento
sindical não assumiu o
indesejável papel assistenci-'
alista, ocupando-se de '
problemas médicos e odon-'
tológicos, mas cumpre a
sua tarefa de equilibrar as
forças do trabalho com as
do capital, caberá aos delegados estabelecer as ligações permanentes da direção com as bases e destas
com aquela, impedindo os
desvios e as deformações
hoje freqüentemente constatadas.
As garantias dos delegados contra gratuitas hostilizações patronais virão em
seguida e naturalmente,
não se tolerando que, para
simples preservação da sua
impunidade nos casos de
violação dos direitos dos
empregados, ou de fuga às
suas obrigações, o patronato demita os representantes
credenciados do sindicato.
Creio mesmo, e já o disse,
que os trabalhadores de
determinadas fábricas
chegarão à greve se preciso, para manter os delegados existentes e atuantes,
ainda que dificilmente
cheguem a ela para obter a
estabilidade dos delegados
no curso de negociações
coletivas intersindicais.
Iastituídas as delegacias,
ao invés de meras subsedes, e designados os delegados, com a prática serão
definidos os limites da sua
competência, que poderá
ser limitada, no princípio, á
atuação junto aos companheiros de fábrica, para
evoluir, com o tempo, para
o cumprimento de certos
papéis junto à administra-ção de pessoal da empresa.
O temor patronal diante
da figura do delegado sindi-,
cal é compreensível. O do
governo, não. Cabe ao
movimento sindical',,'
demonstrar a um e outro
que esse medo não se justifica, e partir para a formação das delegacias e para a
eleição dos delegados, sob
pena de estar colaborando
para seu próprio esvaziamento, quando tudo indica
que reuniu condições para
sair definitivamente- do
limbo, alcançando a projeção que as classes trabalhadoras exigem.
METALÚRGICOS
<5»
Queriam penca,; .;
i\ vil
Ainda ameaçadas os taneáras d®'Rio
Os bancários do Rio de
Janeiro continuam à espera
do resultado de dois inquéritos que envolvem a diretoria
do sindicato — um deles, nas
mãos do ministro do Trabalho; o outro, na 3- Auditoria
do Exército — ambos decorrentes da última greve da
categoria, em setembro,
quando os dirigentes sindicais, inclusive o presidente
Ivan Pinheiro, foram
afastados de suas funções.
Cflasiderando o tema da
mais alta importância para
0 movimento sindical, volto
a abordar a questão dos
delegados sindicais, objetivando contribuir para o seu
melhor encaminhamento
Ainda que assim nâo
o entenda o governo, a
Consolidação das Leis do
Trabalho é incisiva ao
dispor, no parágrafo 2" do
art. 517, que, «dentro da
base territorial que lhe for
determinada, é facultado ao
sindicato instituir delegacias ou seções para melhor
proteção dos associados e
da categoria econômica ou
profissional ou profissão
libera! representada». O
art. 522. parágrafo 3", por
sua parte, especifica que
«constituirá atribuição
exclasiva da diretoria do
sindicato e dos delegados
sindicais, a que se refere o
art. 523, a representaçíTo e
a defesa dos interesses da
entidade perante os poderes
píiblicos e as empresas,
salvo mandatário com podei*es outorgados por procuraçáo da diretoria ou associado investido em representacito prevista em lei». Tais
delegados, nos termos do
mencionado art. 523, «serão
designados pela diretoria
dentre os associados radicados no território da correspendente delegacia».
Como se percebe, não
pode haver nem se admite
oposição patronal ou de
órgão governamental à
figura do delegado sindical,
prevista pela CLT há bem
mais de 30 anos, e adotada,
por sinal, pela FIESP que,
cintecipando-se aos sindicatos de trabalhos, tratou de
criar, pelo interior do Estado afora, uma série de
eficientes delegacias que
zelam pelos interesses
patronais.
Assegurada aos sindicatos, e também às federações de trabalhadores, a
prerrogativa da instituição
do tantas delegacias quantas entender necessárias,
resta aos interessados
apenas a tarefa de faze-lo.
Surge, nesse momento, a
questão da estabilidade, eis
que temem os empregados
sofrer represálias se desejarem levar avante um projeto dessa natureza.
Vale lembrar, a esse
respeito, que a garantia de
permanência no emprego
dos próprios dirigentes
sindicais eleitos pelas
respectivas categorias
profissionais é relativamente recente, somente vindo a
ficar bastante clara com a
lei do Fundo de Garantia
que, em um dos seus dispositivos, vedou a dispensa do
empregado sindicalizado a
partir do momento do registro da sua candidatura a
i
No segundo dia da greve,
segundo Ivan, «vários bancos
— como o Itaú — fecharam
por conta própria impedindo
o trabalho de alguns fura greves que pretendiam trabaInar». Ele diz que chegou a
levar esta denuncia às autoridades, «mas elas rejeitaram
o argumento de que os
banqueiros estavam interessados em caracterizar o estado de greve, alegando que
haviam encontrado duas
kombis carregadas de
pedras, prontas para serem
utilizadas na depredação de
alguns estabelecimentos».
Ivan Pinheiro cita a
conquista de uma série de
reivindicações, inclusive «a
briga contra o Banerj, que
queria demitir 20% dos seus
quadros e foi impedido pela
mobilização interna», e «o
abono de abril, que o Banco
Nacional foi abrigado a
pagar, sob a pressão de um
grande movimento que
incluiu cartas de denuncia à
população
Maria Helena Malta
RICARDO DE CARVALHO
Enquanto pela manhã, na
FIESP, a comissão de negociaçâo dos grevistas da metalúrgica Tecnoforjas concordava com a proposta da empresa e suspendia a greve que
durou 27 dias, à tarde, na
mesma federação, os sindicatos dos metalúrgicos de São
Paulo e Guarulhos nada
conseguiam da comissáo do
Grupo 14 — e sua reivindicação não passava de parcelar
o desconto dos onze dias
parados. O Grupo 14 já havia
decidido: todas as horas
paradas serão descontadas de
uma só vez, agora em
novembro.
Essa atitude, para Joaquim
dos Santos Andrade, presidente do sindicato de Sâo
Paulo, «prova que os empresários não olham com numanidade os seus empregados».
Joaquim convocou os quase
350 demitidos por justa causa
para uma reunião hoje, às 16
horas, na sede do sindicato,
«quando eles terão toda a
orientação jurídica». O sindicato aproveitará a ocasião
também para informar que
seus advogados entrarão na
Justiça do Trabalho, pedindo
as indenizações para todos os
demitidos por justa causa.
Já na
decidido
75ri dos
tegrados
Tecnoforjas, ficou
que mais ou menos
grevistas serão reine a própria empresa
escolherá os indesejáveis.
Estes e os que quiserem se
desligar da indústria recebe-,
rão seus direitos integrais,
inclusive o Fundo de Garantia, com 10% de acréscimo,
de acordo com a lei.
Para o presidente da!
comissão de negociações do
sindicato, Pedro PereiraNascimento, que participou
da comissão da Tecnoforjas
que esteve ontem na FIESP,
os trabalhadores da empresa
«se sentiram pressionados
porque a negociação passou a
ser feita pela federação e não
mais pela empresa». Realmente, o advogado Benjamim
Monteiro, principal assessor
do Grupo 14, representou aTecnoforjas nas negociações."
Mas Monteiro explica por
que: «Não falo em nome dafederação. Estou nisso porque
o diretor da Tecnoforjas'é
casado com uma prima
minha e pediu minha ajuda».-'
Ontem, inclusive, o deputa-'
do Geraldo Siqueira esperou
o término da reunião da
tarde, da qual Pedro Pereira
do Nascimento também participou, para levá-lo embora,
«porque sei que o DOPS está
atrás dele». Pereirinha. como
é conhecido, depõe hoje às 13
horas, no DOPS, sobre os
acontecimentos que envolveram a Tecnoforjas.
PÁGINA lo
QUAUTA-lfiURA 21 Dl: NOVEMBRO DL 1979
gEPÜBLíQV
BRASIL
O ESTUPRADOR
FUGAS
8 dia cio caçam
O presídio convida
à liberdade
Na busca a um fantasma,
quase um linchamento
Na Lemos de Brito, em Salvador,
só fica quem quer
ANTÔNIO CARLOSFON
Com pés, pás e pedras, a ele foi parar em um terreno
multidão queria linchar baldio do Jardim das
Palmas, quando percebeu
Adnoel Sobrinho. Foi ontem
pela manha, no Jardim das que estava sozinho e resolveu
Palmas, na Zona Sul da cida- sair do meio do mato em
de. Armado com uma faca, busca dos amigos.
Adnoel ainda tentou resistir
três homens,
Avistado
mas, vendo que isto seria armados de por
pás,
picaretas e
impossível, quis fugir.
Adnoel foi confundido
paus,
Confundido com o «Estupra- com o «Mascarado». Avisada
dor Mascarado», ele foi
por um grupo de populares,
perseguido e caiu. Quando uma ronda do 37" Distrito —
tudo já parecia perdido, com
também à procura do
a multidão se aproximando ela
— chegou ao local
estuprador
para massacrá-lo. apareceu a no exato momento em que a
polícia E Adnoel estava multidão ia começar a
apenas tentando ajudar na
chacina.
captura do estuprador
Ontem, no fim da tarde,
O verdadeiro «Estuprador
ainda preso no 37" Distrito
Mascarado» escapou de dois
cercos policiais na madrugaPolicial, ele contava ao deleda de segunda para terçagado Marco Aurélio Dourado,
feira. Ele tentou forçar a
que coordena a caçada do
maníaco, como quase se
porta de uma casa na estrada dos Mirandas, no Jardim
tornou vítima do ódio da
Umarizal, e foi cercado.
populaçáo da Zona Sul tia
Correndo sempre, porém, ele
cidade contra o «Mascarado»
Servente de pedreiro, 28 conseguiu escapar para ser
novamente localizado e desaanos de idade e mulato,
Adnoel foi chamado por
parecer no Jardim Rebouças,
alguns amigos para ajudar
poucos quilômetros distante.
na caçada ao estuprador
E a partir daí nem os cães da
Polícia Militar conseguiram
que.eles pensavam, estaria
recuperar
sua pista. «È
escondido no porão de uma
incrível», comentava desolacasa da rua Oito, no Jardim
Itamarati. Adnoel armou-se
do o delegado Marco Aurélio
Dourado, «este homem deve
com uma faca e foi em busca
do «Mascarado».
estar completamente alucinaO maníaco náo estava no do. Ele náo pára. E o pior é
que nos não temos nenhuma
poráo e eles saíram à sua
procura pelos matagias das pista. Ele se esfumaça como
um fantasma».
vizinhanças. Foi assim que
PAOLO MARCONI, da Bahia
fazer parte de um projeto
A penitenciária Lemos de
mais amplo. «Mas parou aí»,
Brito, em Salvador, já se
explica o professor Estáclo
transformou em motivo de
dc Lima, presidente do
chacota até entre os próprios
Coaselho Penitenciário há 52
guardas, que nào se cansam
anos. Já houve quem cavasse
de repetir, após cada fuga de
túneis, outros amotinaram-se,
presos, que «aqui só tem uma
mas a maioria sempre saiu
entrada, mas em compensafoi sem qualquer violência ou
ção, existem mais dc
alarde. Simplesmente saiu,
cinqüenta saídas*. Primeiro
não pelo portão de entrada,
foi 'nieodomiro Romeiro dos
mas por uma das mais de
Santos, preso político. Depois
foi a vez do ex-comissário de
cinqüenta saídas existentes.
É que a penitenciária, que
policia, Manoel Quadros,
fica em Mata Flscura, perto
condenado a 26 anos de
da estrada que liga Salvador
prisão. Finalmente, neste fim
a Feira de Santana, foi consde semana, mais dois assaitruída em forma circular —
lantes fugiram. Como das
vezes anteriores, a policia
lembrando o estádio do
Maracanã — e tem uma
nada sabe dizer. Quando da
fuga de Theodomiro, em
larga área livre ao seu redor
cercada por indigentes cercas
agosto, o chefe da Segurança
foi aposentado. Quando o exde arame, bem baixas por
comissário (Juadros. acusado
sinal. Muitos dos presos latuiilmente 50 dos '150 existentes i
de pelo menos seis mortes,
têm liberdade de circular
também fugiu, o bode-expianesta área livre. Quadros,
tório, arranjado ás pressas
por exemplo, morava numa
para dar uma satisfação aos
casinha à parte, criando galiirados jornais, foi o seu direnhas para vender (diretator, promotor Mário Conceimente aos consumidores que
ção, sumariamente afastado
iam até lá comprar o produdo cargo. Para seu lugar foi
toi e cuidando da horta da
nomeado um major da
Policia Militar, Theógenes
penitenciária. Quando fugiu,
além do bilhete deixado para
Balcão, considerado dos mais
o diretor, ainda lembrou-se
severos no trato com os
de, honestamente, devolver
presos. Quatro dias depois de
.'116 cruzeiros, fnito da venda
ter assumido o posto, outros
de hortaliças. Theodomiro
dois fugiram.
também podia circular por
E desta feita não foi por
esta área livre, graças à
causa da liberalidade carceamizade conquistada aos
rária concedida a Quadros e
carcereiros ao longo dos
Theodomiro. Francisco Alberto de Souza e Antônio Carlos
quase nove anos em que esteve preso.
dos Santos fugiram na manhã
de sábado «abrindo uma
O major da Polícia Militar
não aceita dar entrevistas.
passagem em uma das pareAo JORNAL DA REPÚBLIdes do pavilhão, saindo para
CA limitou-se ontem, a dizer
a área livre», segundo a
capenga versão oficial. Mas
que o projeto inicial de construção da penitenciária não
nenhuma informação suplefoi concluído. «Como nós não
mentar foi prestada, nem
temos crocodilos, pensou-se,
mesmo para explicar porque
naquela época, em fazer um
os dois assaltantes estavam
fosso para jacarés. Mas não
no pavilhão reservado aos
saiu do papel». Enquanto
detentos que trabalham nas
isso, a ironia continua. Como
oficinas de artesanato.
Na verdade, estas não
aconteceu na noite de segunda-feira quando uma omissoforam as primeiras fugas
ra local de televisão anunciou
desta que é a única penitencia fuga dizendo: «Mais dois
ária de todo o Estado. Construída em 1950 como penitenpresos resolveram náo voltar
a penitenciária».
ciaria modelo, ela deveria
orte sob o viaduto
Os corpos de dois operários
já foram resgatados. Mas
deve haver outros 15 mortos
sob os 45 metros de cimento
armado de um viaduto em
construção que ruiu, na tarde
de ontem, na altura do quilodo
metro 51 da estrada
Contorno de Petrópolis, FU.
As vítimas eram todas
empregados da firma
Nordenco, responsável pelas
obras do viaduto — por sua
vez, parte da nova estrada
que ligará o Rio de Janeiro a
Juiz de Fora. MG. O viaduto
terá, ao todo, 225 metros de
extensão e a concretagem do
vão que caiu havia sido iniciada há 25 dias. Sabe-se que
30 operários trabalhavam no
trecho, na maioria nordestinos que a Nordenco trouxe de
Campina Cirande, Paraíba.
A culpa foi de quem? O
engenheiro Joaquim Vicente,
da Nordenco, diz que houve
falha no cálculo do escoramento — o que transfere a
responsabilidade das mortes
para a empresa Walter Pfeil,
do Rio. O calculista ainda
nâo se manifestou, mas
certamente tratará de passar
á frente a culpa.
As agonias dos independentes ..
A odisséia de Delfim ...
As lições da revolta do Hipódromo
Culto do diabo no Rio de Janeiro .
As novas gafieiras ...
ESTILOS DE PROTESTO
Em frente ao Municipal de São Paulo, pediu-se emprego. No Rio. houve show de afoxé
DIA DE ZUMBI
m
mJÊ.
&*&
©ffellfJ
HELENA SALÉM E FLAMÍNIO KANTIN1
Ao som de bumbos e outros
instrumentos de percussão,
cerca de quatrocentas
pessoas concentraram-se
ontem nas escadarias da
Câmara dos Vereadores, no
Rio, para um ato público
convocado pelo Movimento
Negro Unificado com objetivo
de comemorar o Dia Nacional da Consciência Negra. Foi
uma manifestação política
muito pouco convencional:
antes de qualquer discurso,
um conjunto puxou o afoxá,
enquanto todos nas escadarias dançavam.
Km São Paulo, aos gritos
cadenciados de «abaixo o
subemprego, mais trabalho
para o negro», entre outros
slogans, uma passeata com
cerca de quinhentos participantes percorreu diversas
ruas do centro comercial,
portando cartazes e atravancando o trânsito.
Essas foram as principais
manifestações pelo transcurso do 20 de novembro, instituído nacionalmente por
diversos movimentos contrarios, a discriminação racial
no Brasil em memória de
Zumbi, o líder da revolta do
Colombo de Palmares, episódio histórico ocorrido em 1595
e que agora simboliza os
protestos dos negros no pais.
No ato carioca, a professora Célia Gonzalez, uma das
mais ativas militantes,
denunciou os quatro tipos de
exploração sofridos pela
mulher negra: sexual, econômica. cultural e política.
«Inventaram até a profissão
de mulata, e a mulher negra
tomou-sc produto de exportaçâo». disse ela. E acusou «o
senhor de engenho Gilberto
Freyre de ter inventado o
mito da democracia racial».
As diversas entidades organizadoras leram um documento, entremeado pelo ritmo da
percussão: «Continuamos
marginalizados na sociedade
brasileira que nos discrimina,
esmaga e empurra ao desemprego, subemprego. á marginalidade, negando-nos o direito â educação, a saúde, â
moradia decente», diz o
texto. E mais: «Toda essa
situação ò garantida pela
repressão e violência policial,
que nos impede de andar
livremente pelas ruas, humilhando-nos com a exigência
constante de documentos,
batento. prendendo e atè
mesmo assassinando».
O protesto paulista começou em frente à loja Mappin,
na praça líamos de Azevedo.
Pouco antes, como que para
confirmar as denúncias de
discriminação racial, os policiais exigiram os documentos
de um dos manifestantes.
«Você trabalha?», indagou
bruscamente o soldado da
PM a Arnaldo Xavier. Ele
mostrou seus documentos e a
carteira de trabalho e respondeu sem vacilar: 'Sou técnico, sou negro, sou poeta».
Duas vezes os oradores fizeram referências a fatos
semelhantes — a PM acabara de prender um menor
abandonado, negro, que
dormia nos bancos da praça
e um outro menino corria um
chapéu no ato público, aproveitando a aglomeração de
gente para pedir esmolas.
Quando a passeata cruzava
a rua Direita, duas discotecas colocaram alto e bom
som o disco de Geraldo
Vandré, na faixa Para não
dizer que não falei de flores.
Nos discursos da noite, insistiu-se.na vinculação dos
problemas raciais com a situação social dos trabalhadores,
na importância da recuperação da memória histórica dos
negros e na reivindicação de
liberdades políticas. Um dos
oradores foi interrompido por
palmas quando mencionou o
socialismo como única opção
para solucionar os problemas
denunciados. Participaram
também da caminhada representantes de grupos feministas e do grupo Somos, de
homossexuais, que leram
breves moções de apoio à
data comemorada. A todo
momento, gritava-se vivas a
Zumbi e á «consciência
negra»: «Zumbi foi assassinado juntamente com vinte
companheiros por um bandeirante que é apresentado
como herói pela classe dominante, mas que não passa de
um assassino de negros e.
índios», justificava um texto
que circulou ontem; «Zumbi
expressou o maior avanço na
luta de todos os oprimidos
em nossa história e expressa
portanto o mais elevado nivel
de consciência política de um
pais de maioria negra».
Entre as exigências apresentadas ao governo está a
inclusão no próxmo censo do
Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística do
item que apura a cor dos
brasileiros, ameaçado de sair
dos questionários.
Em Salvador, os movimentos negros divulgaram um
manifesto, para assinalar o
inicio de uma Semana Nacional da Consciência Negra,
cuja programação inclui
debate sobre temas como
«ser preto incomoda?»
MULHERES
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Quarenta mães «cansadas de promessas» foram à Cobes cobrar providências
DJALMA DOMINGOS DE OLIVEIRA
O que querem essas mulheres que ontem compareceram, em passeata, diante da
Coordenadoria do Bem-Estar
Social - Cobes, cantando
hinos infantis e portando
faixas alusivas ao Ano Internacional da Criança? Eram
cerca de quarenta donas-decasa, representantes das
mulheres do Piqueri, bairro
da Zona Norte, que nâo têm
uma creche onde possam
deixar os filhos no horário do
trabalho.
Na opinião delas, a creche
reivindicada é o mínimo que
a Coordenadoria, órgão da
prefeitura de Sâo Paulo,
pode fazer pelas moradoras
do bairro, inteiramente,
desprovido de saneamento,
postos de saúde e escolas. Na
porta do prédio, elas foram
atendidas pela coordenadora
do Bem-EMar Social, Terezinha Fram, para quem entregaram um abaixo-assinado,
contendo dois mil nomes.'
A coordenadora prometeu
encaminhar o pedido para
estudos, e isso acabou desagradando as mulheres, «cansadas de promessas», que
exigiam providências mais
concretas. A começar pela
própria Terezinha, que já
lhes tinha dado «cano»,
deixando de comparecer a
um encontro no último dia 25
'de
outubro. Na igreja de
Nossa Senhora do Carmo,
nesse dia, -150 pessoas aguardaram dona Terezinha que.
segundo algumas moradoras,
chegou a ir até o l^queri.
com sua secretaria, sem. no
entanto, entrar na igreja,
onde estava combinado o
encontro. «Por isso resolvemos fazer essa passeata e
entregar o abaixo-assinado
para a coordenadora), contou
uma das mães.
Depois de uma ríspida
discussão, as moradoras
conseguiram arrancar nova
promessa de Terezinha
Fram, de, comparecer ao
bairro para sentir de perto «a
realidade da vida da gente».
Diante de câmeras e de
.máquinas fotográficas dos
repórteres presentes â passeata, o encontro ficou acertado
para o dia 15 do mês que
vem, na mesma igreja de
Nossa Senhora do Carmo,
quando se espera que a
creche saia de uma vez por
todas.
«Muitas mulheres aqui»,
explicava uma das líderes do
movimento,-«estão perdendo
um dia de trabalho ou
deixando de cuidar da casa
enquanto o marido está fora
trabalhando». Várias delas,
precisaram levar os filhos,
ontem, ao Cobes, «porque
eles não podem ficar jogados
nos esgotos do bairro», diziam para Terezinha Fram
que, acenando com a cabeça,
concordava. Durante mais de
uma hora, as donas-de-casa
expuseram os seus proble-
más. lembrando sempre que
aquela não era uma reivindicação exclusiva das moradoras do Piqueri, mas sim de
toda uma região que abrange, entre outros, os bairros
vizinhos de Joamar e Vila
Aurora.1 Para defenderem
seus interesses coletivamente, as moradoras revelaram
ainda que estão organizando
uma Associação Feminina da
Zona Norte, que terá como
prioridade a reivindicação de
crehes em toda. a região. «É
o que queremos, e não a
mudança da capital», dizia
uma mãe e uma das faixas
estendidas diante da Coordenadoria.
ehKSRsS
MÃES E FILHOS
Abaixo-assinado e novo convite para ir até o Piqueri
man
i*V*,»'í,v"
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NOVEMBRO Dli 1979
PÁGINA 1,1
CADERNO
MÚSICOS
CENSURA
Brigando
por um salário
mínimo
Mais pressões
sobre
o Oficina
Reunidos pela primeira vez num
congresso, os músicos brasileiros
começam a se organizar e
reivindicam melhores condições
dé trabalho para a categoria
Os membros do grupo - que está
proibido de funcionar durante seis
meses - foram chamados à Censura
para exibir um certificado que,
rio momento, não podiam apresentar
OSMAR FREITAS JR.
SÉRGIO BECKER, de Porto Alegre
Receber um piso dc quatro salários mínimos regionais c uma das reivindicações que os cinqüenta participantes do 1-' Congresso
Nacional dc Músicos, que
se realiza cm Porto Alegre,
aprovaram ontem, lista
medida, se adotada, beneficiará principalmente os
profissionais que atuam cm
centros menores ou no interior do pais, já que nas
grandes capitais como Rio
c São Paulo os salários geralmcnte alcançam mais do
que isso. Mas. mesmo nas
grandes cidades, o músico
brasileiro acaba sendo um
dos maiores prejudicados
da tradicionalmente sacrificada classe artística.
anos, ate as pequenas emissoras de rádio da capital
gaúcha mantinham uma orquestra, um conjunto regional c outro com repertório
internacional para atender
à programação. Enfim, um
mercado de trabalho que
atendia às necessidades da
época.
'
Além
do
fenômeno
"disco", o aparecimento da
televisão, "que parecia uma
esperança para os músicos". acabou centralizando
toda a programação - inclusive a dc rádio - no eixo
Rio-São Paulo, cm detrimento do resto da categoria
Como diz Aquiles, do
MPB-4 - que se apresenta
na capital gaúcha até domingo - as dificuldades do
músico brasileiro, só para
citar algumas, vão do salário baixíssimo até o desemprego, a reprodução cm
fitas, as discotecas, as taxações nos instrumentos importados e a dificuldade cm
conseguir literatura musical, principalmente partituras. O desemprego é. sem
dúvida, o maior dos problemas.
Dos 250 mil músicos
existentes no pais. cerca dc
70% estão desempregados
- fenômeno gerado entre
outras coisas, pelo advento
da discoteca e das fitas, ou
seja, da música mecanizada
que, além disso, como lembra Aquiles, criou uma disparidade entre oferta e procura no mercado de trabalho, levando a um aviltamento dos salários.
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FESTA DE CASALUCE
O cheiro de alho e azeitona anuncia que o Brás ainda quer se fingir de italiano
O Brás evoca o passado italiano
JOSÉ MEIRELLES PASSOS
O cheiro de alho já é bem acentuado nos primeiros degraus da escada que dá no pequeno salão paroquiãl, em frente à igreja de Nossa Senhòra dc Casalucc, no Brás. Lá em
cima. os odores variam do alho para
o vinagre, da pimenta calabresa para
a erva-doce. Entre vasilhas cheias de
condimentos, cestas de pães, garrafões de vinho, caixas com berinjelas e
vidros de azeitonas, catorze mulheres
trabalham alegremente desde quintafeira passada, preparando as iguarias
para a grande festa. Elas improvisaram uma cozinha comunitária na sala
de aula: sentadas cm carteiras escolares baixinhas, os cabelos escondidos
sob lenços de muitas cores, elas passam os dias cantando, comentando a
vida. olhando o céu de vez em
torcendo para que não
quando,
chova no próximo fim de semana. As
suas mãos não param. Algumas
crianças brincam ao redor desse
grupo bem-dispbsto; que fala alto e
entoa cantigas italianas. De vez cm
quando o padre Antônio Fusari passa
para dar uma espiada c sai novamente, em busca de outros donativos
do comércio da região. Todos estão
empenhados cm mais uma Festa de
Casaluce, para não deixar morrer a
tradição que os primeiros imigrantes
italianos iniciaram por volta de 1900.
Nào é fácil mantê-la, todavia. O
progresso tem colocado empecilhos
como o metrô, por exemplo, que expulsou centenas de famílias italianas
ali do bairro. O padre Fusari. nascido
cm Cremona. Norte da Itália, calcula
ter perdido pelo menos 50% dos seus
"Aqui fiparoquianos para o metrô:
A briga dos músicos está
apenas começando. Prova
disso é que apenas cinqüenta inscrições foram feitas para o congresso. Além
disso, os debates chegaram
a ser enfadonhos e cansativos, dada a grande diversidade de interesses imediatos e de regiões de origem
dos participantes. A proposição de um salário-base de
quatro minimos regionais é
prova disso, tanto que foi
aprovada uma comissão especial que vai definir melhor os salários a serem reivindicados de acordo com
as diversas modalidades de
trabalho: músicos que tocam cm orquestras sinfônicas, em bandas, em casas
noturnas, bares e restaurantes. os que se apresentam em bailes e festas c
aqueles que participam de
gravações e recebem por
cachê.
Darcy Alves, presidente
do Sindicato dos Músicos
de Porto Alegre, recorda
que. há cerca de quinze
forma,
De
qualquer
como afirma Aquiles,
"pode ser
que não aconteça
nada. Mas é fundamental
que o músico se conscientize de que faz parte dc
uma classe e se organize
como categoria, porque todos ganhariam com isso".
cou um deserto . . ." E. embora fique
contente quando vê chegar os velhos
vizinhos para colaborar na preparaçào da festa, gente que teve que se
mudar para o Ipiranga, Penha e Vila
Formosa, ele demonstra uma ponta
de tristeza ao comentar a continua e
persistente mudança de mentalidade,
a grande
que vem transformando
"Os mais
mofesta nos últimos anos:
ços não têm no sangue essa devoção
fervorosa dos velhos italianos; e estes,
aos poucos, vão desaparecendo".
Nos últimos dois anos a festa nem
sequer foi realizada ali em frente da
igreja, na rua Caetano Pinto, como de
costume. "Fizemos aqui mesmo no
salão paroquial", diz o padre, depois
"a festa começou a fide contar que
car sem sentido". Agora, porém, a colônia italiana que ainda está no bairro
resolveu reagir e. animado, o padre
Fusari tratou de partir para um
grande lance: entrar em contato com
a Paulistur.
E acabou conseguindo o que desejava: promover a festa novamente na
rua (sábado e domingo que vem), graças a um grande esquema de divulgaçào, com faixas e cartazes espalhados
pela cidade, além de material distribuido aos jornais, estações de rádio e
televisão. Isto, certamente, descaracterizará um pouco a festa: "É claro
que, agora, não é mais aquela comemoraçào popular só aqui do bairro,
aquela quermesse com pratos típicos.
Vamos manter esses pratos, mas a
festa será mais aberta, com o pessoal
das outras paróquias".
As senhoras italianas que trabaIham com afinco na cozinha improvi-
sada no salão paroquial apontam, de
"infiltrações": algubrincadeira, as
mas vizinhas, que também estão ali
trabalhando c são espanholas. Como
dona Nair Siqueira, que provoca as
companheiras dizendo que a festa
deste ano - que pretende ser a maior
dc todas, prevendo-sc a participação
"uma festa
dc 10 mil pessoas - será
território
de corintianos em
palmeirense". As amigas respondem, á provocação, dizendo que não permitirão
a entrada "daqueles fanáticos carregando bandeiras do Corinthians".
Os preparativos começaram há um
mês, com o recolhimento dos donativos nas redondezas. Para se ter uma
idéia da grandiosidade da comemoração, a Paulistur cederá 150 metros de
grades para cercar apenas o restaurante que será montado na rua, onde
o trânsito será proibido a partir das
15 horas de sábado c domingo. Ali serão preparadas 1.200 pizzas grandes
(atum. mussarela e alho) e centenas
de quilos dc churrasco! Como antepasto servirão berinjelas e erva-doce
bem temperadas, azeitonas c pão italiano. Vinho, cerveja e refrigerantes
regarão a festividade, que também
terá o show Uma Noite em Napoli,
pelo Teatro Ítalo-Brasileiro de Arte e
Música, sob a direção de Filippo Pollio, com danças e canções folclóricas.
As oitenta mesas (quatro lugares
cada) já foram quase todas vendidas,
mas padre Fusari garante que haverá
espaço para todo mundo que for ao
Brás. "Estamos agora só dependendo
de São Pedro: se ele tomar um copo
de vinho, tudo bem; ai ele entra na
festa e nào chove."
O Grupo Te-Ato Oficina
havia feito uma lista de dezesseis arbitrariedades que
sofreu nos últimos tempos.
Ontem, o Departamento de
Censura Federal
encarregou-se dc escrever o
17" item: convocou o pessoai para uma cpnyersinha,
na Policia Federal, em São
Paulo, sobre a validade do
certificado que autoriza a
montagem do espetáculo
Ensaio Geral para o Carnavai do Povo. Nada de
muito grave, a não ser o
lato dc que esse certificado
está em Aracaju, junto com
uma parte do grupo, não
podendo, portanto, ser
apresentado em São Paulo
de imediato. A Censura sabia disso e aproveitou para
fazer uma pressãozinha.
O Grupo Oficina já estava, há algumas semanas,
proibido de funcionar durante seis meses, sob alegação de desrespeito aos simbolos pátrios. Segundo os
censores, os atores dançaram nus sobre a bandeira
brasileira e cantaram o
Hino Nacional cm ritmo de
samba, em algumas apresentaçòes do Carnaval do
Povo.
O caso se complicou
quando, cm Aracaju, os
atores foram procurados
pela delegada de censura da
cidade. Heloar Lima, que
queria fazer uma reavaliaçào da peça. Essa senhora
faz das suas há muitos
anos, a ponto de ter sido incluicla pelo falecido cronista Stanislaw Ponte Preta
no livro Festival de Besteiras que Assola o País.
Dona Heloar. depois dc
convocar o grupo para
prestar vários depoimentos
e responder a inquéritos arbitrários. acabou aprovando novamente o texto.
Mas o problema da suspensão do grupo ainda nào
ficou resolvido. Aguarda-.se
a decisão do Conselho Superior dc Censura, que foi
convocado para opinar sobre o assunto.
Sc o Conselho mantiver
a punição, o Oficina vai im
petrar um mandado de segurança e prosseguir a luta.
O Departamento dc
Censura se manifestou on
tem dizendo que nenhum
•dos atores está impedido de
trabalhar - o Oficina, como
grupo, é que foi suspenso.
Seus integrantes, no en
tanto, acham que isso é
uma forma de barrar o
avanço do movimento cultural que eles estão realizando. Um deles. Caramez.
declara: "A Censura já não
sabe o que fazer para nos
importunar, estão pressionando de uma forma rai
vosa. Francamente não sei
como estamos agüentando.
Resta-nos combater unidos, junto com outros grupos teatrais que. de uma
maneira ou de outra, estão
sofrendo boicotes. Vamos
realizar um debate no próximo dia 3. com a presença
de várias personalidades e
gente ligada ao teatro para
discutir a Lei Geral da Censura. decreto número
20.493, de 24 de janeiro de
1946. que dá amplos poderes à censura. E uma lei que
fica guardada na gaveta, é
quando eles nào têm como
impedir alguma coisa,
usam essa desgraça".
Causou estranheza, também, o comportamento, on
tem, dos funcionários da
Censura cm São Paulo.
Procurados pela imprensa,
alegaram desconhecer^
convocação feita ao Ofi
ciha, contra o qual. segundo disseram, nada constava. Contudo, pouco
tempo depois, os mesmos
funcionários recebiam o ad!vogado do grupo. .
a ,
^i^Sí^p^BI
Banana passa
Passeios
seletivos
Cláudio Tozzi, o sexpot symbol
das artes visuais paulistas, está rc(orçando, com glamour, esta imagem. E conduzido,
melhores endereços
um Porsche 911-S,
don pintar em tom
agora, até os
da cidade, por
que ele mancinza grafite.
Os cjtie escrevem nos muros, com
spray, frases de humor tão antigo
que
cas,
com
seja
s?
^«jIP^^
Ay.
:r.y:
'/.'-•..
¦
as letras mereceriam ser gótinão devem confundir grafite
grafflti. Mesmo que a noite
dc chuva e a rua esteja deseria, eles nunca serão passageiros
do novo carro de Cláudio Tozzi:
com a certeza de muitos passeios,
Mareia Rothstcin está querendo
fazer crer que andar no Porsche
de Tozzi é a mais nova e preciosa
confirmação de status da cidade.
Mesmo que não falte espaço,
acredita-se, por exemplo, eme esse
Porsche nunca terá lugar para passageiras com excesso de iniciativa
ou escassez, de atrativos. Mas a
maior utilidade do Porsche de
Cláudio Tozzi é o desmentido definitivo que ele traz para a afirma"Artista
Sofre . . .",
çào dc que
Granato no
pintada por Ivald
seu caminhão,
pára-choque de
único veículo que, por uma quêstão de pbysique de role, tolera sua
presença na direção.
o
Lida Metalúrgico: sofrendo aflições de Sandra Bréa
Rivais c concorrentes
Lula Metalúrgico só pude estar inquieto. Já está até freqüentando os enderre(os luxuosos da cidade para virar noticia.
Qualquer dia entra para a turma do
digital-e-darl ou para a turma do rolex-epulseira. A inquietação de Lula Metalúrüjco é muito compreensível. Desde que Lernando Cabeira desembarcou, os jornais e
revistas não querem saber de outra pessoa
fiara fotos e entrevistas. Lula Metalúrgico
só pode estar sofrendo as aflições de Sandra
Bréa, provocadas pelo aparecimento de Sónia Braga. Além disso, Fernando Gabeira leva uma vantagem. Mostrou, logo
que chegou, que não tem medo de
overexposurc.
Arte em transe
Lourclcs
Icrczinlia
Ccdran. ninguém mais
duvida, é uma original.
Enquanto os outros são
pintores dc domingo, cia
c pintora dc sexta-feira;
Isso porque Lourdes Tcre/inlia Ccdran só faz
arte cm transe. Nunca usa
um modelo vivo. Só invocadós c invisíveis. In\ isiveis mas muito loquazcs. preferindo expressarse cm poemas com todas
as rimas ricas do sàncrito.
Lourdes I crc/inlia Cedran compensa, assim,
iodo o tempo consumido
pelo Paço das Artes dc
seu atelier particular,
agora conhecido como o
Despacho das Artes.
Pintando, agora, cm dois endereços tão diferentes
como Sào P.iulo e Nova York, é claro que a pintura
dc Aiítônio Henrique Amaral teria que escolher como
"a
dualidade, a contradição e os opostos . Amòtema
nio Henrique Amaral ficou famoso pintando bananas.
Mas. pelo jeito, banana era só para quem via. Para
"mergulho
ao interior de si próele. essa (ase era uni
lírio, chegando a atonizar as formas particulares (dc
partículas) numa pesquisa cia consciência cm busca da
Conscientização para a individualidade". Essas pala\ ras dc Antônio Henrique Amaral são a confirmação
cie uma suspeita: só os artistas lêem c acreditam no
texto pago que os críticos preparam para os catálogos
dc exposição. Antônio Henrique Amaral tanto lê c
acredita que resolveu economizar. Ele próprio c o autor da apresentação de sua próxima exposição. Isso
vai trãnsformá-lò hò autor menos lido do país, já que,
ao escrever esse texto, ele eliminou o único leitor que
seu catálogo poderia ter. A nova exposição dc Antônio Henrique Amaral será inaugurada, quinta-feira, às
11 li. ha galeria Boníiglioli, com as inesgotáveis e maravilliosas empadinhas dc Ncydc Rosa Boníiglioli. A
menos quê essas empadas sejam também só para quem
as come, pois ao fazê-las Ncydc Rosa Boníiglioli pode
"um
mergulho ao interior dc si própria,
estar dando
chegando a ionizar as formas particulares (dc partícuIas) etc.
Voadores
identificados
Embora os ejeitos especiais mio cheguem a merecer
essa qualificação, não há a
menor dúvida de que Clóvis Levi e José Safjioti Filho, o.s autores de O Todo
Poderoso, andaram vendo
filmes de Brian De Palma,
o diretor de Carric, a
Estranha. Por, isso não se
compreende por que os dois
não aproveitaram a oportunidade para caracterizar,
no titulo, uma tendência
unificadora nas novelas da
TV Bandeirantes. Já que
a outra se chama Cara a
Cara, esta poderia se chamar Carric a Carne.
Concorrentes
e rivais
cansado de preencher,
manualmente, ns espaços das pel.ilvcv
ias. uvas e maçãs, que os mesmos
moldes abrem nas telas, numa pequcn.i variedade de arranjos, o
pintor Carlos Scli.tr resolveu aderir a uni setor das artes visuais,
onde a reprodução nào só é lacilitada como também autorizada.
Ele está estreando na litografia,
com uma exposição na galeria
Gravura Brasileira. Tendo como
proprietárias Márcia Barròzo do
Amaral e Anna Letycia, artistas
de fina arte. essa galeria é o sucesso principal deste momento,
nas artes plásticas do Rio. E um
sucesso tão amplo e nítido que
Raquel Arnáud Babenco/Mônica
Filgueiras de Al media e Rosa
Holtz/Carolina Queiroz só podem emitir suspiros aliviados por
fazerem dupla em outra cidade.
Por (alar em cidade, o Rio está
muito pouco criativo em suas associaçòes de idéias. Anunciaram
essa exposição de Scliar. uma outra galeria local abriu, imediatamente, uma exposição de Aldemir
Martins. E o mesmo tipo de concorrência desinspirada que leva
um exibidor a lançar um filme de
Teixeirinha. só porque o cinema
vizinho estreou a última produção
de Mazzaropi.
I'/\GÍNA \2
QUARTA.PB1RA 21 Dli NOVEMBRO DB ]l)V>
REPUBLICA
BOAVIDA
1——¦————^
|[ $how & músicA j
TelevisãQ
Cenas, com Roberto Riberti e Anísio Barreto, é uma
montagem de textos de Maiakovski, João Cabral e ^AumiQl Bandeira
Dois filmes razoáveis na Globo: 0 Desaparecimento de Aimée
c fA Nave
(2 lh)
da
.
Revolta (23h30)
-Nossas Indicações
riam sido abatidos ou só filmados? Patrulhe
I3h no Cinema Livre do 4
*SAFÁRI PELO
MUNDO
(World Safar!)
No
Documentário.
elenco, tigres de bengala, ursos, leopardos, baleias. Te-
Dica
Hoje é um daqueles dias
cm que só se deve ficar cm
frente à tevê se não houver
njáis nada a fazer. Mas
nada, mesmo. Há dois bons
filmes: O Desaparecimento
de Aimée (Globo, 21h) c A
Nave da Revolta (23h30).
Na Cultura, opções para
os homens de boa vontade.
Os que conseguem cultuar a
música latino-americana poderão assistir ao grupo Tarancón em Ponto de Encontro (I4hl5). Museus e Monumentos (14hl5) vai continuar mostrando Parati. A
História da Telenovela (21h)
vai esmiuçar o processo de
produção por trás das câmeras. L Yolanda Cardoso será
a entrevistada em Gosto não
se Discute (22h3Q).
Bons bocejos.
Dagomir Marquezi
O CAPITÃO DL
CASTELA
(Captain from Castilc)
De Henry King (LUA,
1947)
Elogiada aventura estreInda por Tyrone Power dirigida pelo mesmo realizador
de O Cisne Negro (1942), O
Matador (1950) e As Neves
do Kilimanjaro (1953), todos recentemente exibidos
na tevê. Power é um nobre
de Castela que foge da Inquisição e se alista no exército de Cortez para conquistar o México. Com Jean Peters, Lee J. Cobb, César Romero (o Coringa de Batman). Vai pro México? Aniquilar índios? Patrulhe.
14h45 na Sessão da Tarde
do 5. ¦
DESAPARECIMENTO
DE AIMEE
(The Disappearence of Sister
Aimée)
De Anthony Harvcy (LUA,
1976)
Muito elogiado suspense
baseado cm fato real:o desaparecimento de uma freira
em 1926. O elenco é lide-
rado por duas grandes atrizes: Bete Davis e Faye Dunawny. Harvey é um diretor
de muito talento, foi nssistente de Kubrick e se projetou com Leão no Inverno
(1968).
2lh, no Prcmièrc 79 do 5.
ONDE IMPERAM
AS BALAS
(Red Sundown)
De Jack Arnold (EUA,
1956)
Faroeste fraco de um
criativo diretor: Veio do Espaço (1953), O Incrível Homem que Encolheu (1957),
O Rato que Ruge (1959).
Pistoleiro regenerado impede
que um proprietário de terras domine toda uma cidade.
Com Rory Calhoum e
Martha Hyer.
2lh, no Color 7 do 7.
LÁBIOS VERMELHOS
(Labbra Rosse)
De Giuscppc Benati (Itália,
1961)
Drama sem maiores atrativos. Um advogado procura
sua filha adolescente, que fugiu. Na busca, se envolve
com uma amiga dela. Com
Gabriele Ferzetti, Jeanne
Valeire, Christine Kaufman.
21h15 no 11
Em Cartax:
• PRA FRENTE,
VAQUEIRO
(Cnrry on, Cowboy)
De Gcrald Thomas (Inglaterra, 1965)
Faroeste cômico. Um engenheiro sanitário se une a
uma pistoleira para se vingar
do homem que matou seu
pai. Com Sidney James,
Kcnneth Williams, Jim Dalc,
Charles Hawtrey.
0h30, no Classe Especial do
4.
+ A NAVE DA
REVOLTA
(The Caine Mutiny)
De Edward Dmytryk (EUA,
1954)
Um bom drama, estrelado
por um surpreendente
Humphrcy Bogart. Ele é o
capitão de um destróier em
ação em Pearl Harbour,
1943. Durante uma tempestade, seus subordinados fazem um motim, já que seu
comportamento beira à paranóia completa. Com José
Ferrer, Van Johnson, Fred
MacMurray, Robert Fracis,
May Wynn.
23h30 no Festival de Sucessos do 5.
WALDIR AZEVEDO:
30 ANOS DE DISCO
Teatro Municipal, ás 21h
Com Paulinho da Viola,
Arthur Moreira Lima, Paulo
Moura, Copinha, Carlos Py
Poyares, Adcmilde Fonseca,
Osmar c Dodô (Trio Llétricô), Isaias c seus chorões,
Celso Machado, César Faria
c Rafael (violão de 7 cordas).
Waldir Azevedo apresenta
entre outras o choro
Brasileirinho que o projetou
definitivamente.
Preço: CrS 10
MOREIRA
DA SILVA
Ópera Cabaret (av, Rui Barbosa, 354)
Conhecido como um dos
iniciadores do samba de breque, Moreira da Silva estará
apresentando os seus sucessos como Filmando na
América, Na Subida do
Morro, Conversa de Botequim, Gago Apaixonado e
outros. Moreira da Silva c
Macalé estarão concorrendo
á finalissima do Festival de
Música Popular Brasileira
- E Hora de Esporte
- Jornal da Cidade
- Hoje e Agora
- Telecurso 2? Grau
- Ponto de Encontro
15h15 - Museus e Monumentos
15h45 - Telecurso 2? Grau
16h00 - Telecurso 2? Grau
16h30 - Ginástica pela TV
17hOO - Hatha loga
1 7h3 0 - A Turma do
Lainbe-Lambe
(Programa infantil)
18h15 - Hoje e Agora
1 8h4'5 - Curso de Leitura e
interpretação de
Desenho TécnicoMecânico
19h00 - Hora Agrícola
19H15 - Telecurso 2? Grau
20h00 - Opinião Pública
21h00 - A História da Telenovela
22h00 - TV2 Pop Show
22h30 - Gosto não se Discute
23h00 - Futebol
12h00
12h45
13hOO
13h30
14h15
09h15
09h45
10h00
ri Koo
11h1b
12h00
13h00
15h00 17h00 ¦.
.
\ <
18h00 18h50 -
Despertar da Fé
Inglês com Fisk
Clube 700
Mobral
Arco-íris
Meio-Dia (jornal)
Cinema Livre "Safa
ri
pelo
Mundo"
Mulheres
'Terra de Gigantes, seriado
A Hora da Aventura "Perdidos no
Espaço"
RTN local (jornal)
06h45 07h00
Telecurso 2° Grau
Bom Dia São
Paulo
07h30 - Telecurso 2? Grau
Bom Dia São
07h45
Paulo
TV Educativa
08h15
O Sitio do Pica08h45
pau Amarelo (reprise)
09h15
Filmoteca Global
10h45
Globinho
11h00
Mundo Animal
11h30
A Feiticeira
12h00
Globo Cor Especiai: Os Flintstones/Ursuat & Cia.
13h00
Globo Esporte
13M5
Hoje
14h00
Estúpido Cupido
14h45
Sessão da TardeA Nave da Revolta
16h30 • Sessão Aventura:
Tarzã
HB 79: Arquivo
17h00
Cãofidencial
Globinho
17h15
O Sítio do Pica17h30
pau Amarelo
Jf*$A do cJtfocU (Wt)W
18h05
18h50
19h05
19h50
20h15
21h00
23h00
23h30
Cabocla
Jornal das Sete
Marron Glaca
Jornal Nacional
Os Gigantes
Quarta Nobre:
Première 79. Desaparecimento do
Aimée
Jornal da Globo
Festival de Sucessos! Uma Jovem tão Bela
como Eu
15h55
16h00
19h15
19h45
20h15
21h15
23h00
- Lealdade e Constância
- Clarice
Amaral
em Desfile
- Programa Educativo
- Tavares de Miranda
- Sobrevivência
- Esper
- Gazeta em Notícias
- "Os Heróis de Te
lemark"
- Onze no Futebol
13
11h15
11M5
Pullmann Jr.
As Aventuras de
Rin-Tin-Tin
Educativo
Esporte é com a
Bandeirantes
Primeira Edição
Revista Feminina
Xênia e Você
Mary T. Moore
Pullmann Jr.
Batman
Os Biônicos
Cara a Cara
O Todo Poderoso
Missão Impossível - seriado
Police Wooman seriado
Jornal
Bandeirantes
Futebol
12h15
12h50
13h00
13h30
14h55
16h20
16h50
17h20
18h00
19h00
20h00
20h50
22h00
23h00
23h30
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Horários: de 2* a 5*, ás
23h30; sexta c sábado, ás
cessos como Miirina, Copacubana e Uma Loira. Acompanhamento de Toninho
(bateria) Renato (baixo) e
Gogó (piano).
24h.
Couvert: CrS 150 (de 2» a
5») e CrS 300 (de 6' e
sábado).
Ate 8 de dezembro.
* FLAUTA E CRAVO
MASP (av. Paulista, 1578)
ás 21 h
Recital de Bach. com o
flautista Renato Axclrud
acompanhado da cravista
Helena Hollnngcl.
Preços: CrS 40 e CrS 20
+ DICK FARNEY
Antonio's - Restaurante
Dançante (r. Jerónimo da
Veiga, 37) de 32' a 6' ás
23h45
Os ouvidos que não se
adaptaram c os que jamais
aceitaram a invasão da
disco-music encontrarão repouso c consolo no piano e
na voz confidencial de Dick
Farney, que reprisam, sem
cansar nunca, os velhos su-
NOVOS
BAIANOS
Teatro Procópio Ferreira (r.
Augusta, 2823, tel.
852.8079)
O show Farol da Barra
marca os 10 anos de carreira
do grupo. Com Baby Consuelo, Pcpeu, Paulinho Boca
de Cantor, Jorginho, Didi,
Baixinho, Charles, Gato
Felix, Bola, o poeta Galvão.
De 3' a domingo, às 21 li
Preços: de 3' a 5', CrS 150
c CrS 100; 6«, preço único
de CrS 150; sábado preço
único de CrS 200
Até o dia 25
MEU BRASIL
BRASILEIRO
Beco (r. Bela Cintra, 306)
Música popular brasileira
da bossa nova a Chico Buarque c Caetano Veloso, num
show que percorreu quatro
continentes. Com Rose-
mary, Carola c Hélio Motta.
Diariamente ás 24 horas.
Couvert artístico: CrS 250
• FLAUTAS
ANDINAS
Restaurante América dei Sol
(r. João Moura, 698) tel,
262-0456
As quenas c zampotlhas
do grupo boliviano Sendal,
numa apresentação que não
é exclusiva para o pessoal do
poncho-e-conga.
A partir das 22h
• ROBERTO
RIBERTI EE
ANÍSIO BARRETO
Teatro Pixinguinha (r. dr.
Vila Nova, 245), às 21h
No show Cenas, que estréia hoje, sâo apresentados
textos poéticos de Maiakovski, João Cabral de Melo
Neto, Vinícius de Moraes,
Antônio Callado e Pablo
Neruda. As músicas apresentadas são as mesmas do
disco Turma da Esquina, de
Riberti.
Preços: CrS 40,
CrS 100
CrS 60 c
Ópera do Malandro, de Chico Buarque de Hollanda, fala
de corrupção no tempo do Estado Novo
Em Cartax:
ff
19h00
10h30 - TV Educativa
11h30 - Record nos Esportes
12h00 - Record em Notícias
Vira Latas 13h00
desenho
13h30 - Johnny Quest desenho
14h00 - O Gato Corajoso
desenho
14h30 - O Gato Felix desenho
Os Jetsons 15h00
desenho *
Don Pixote 15h30
desenho
16h00 - Volantes Audazes
desenho
16h30 - Recruta Zero desenho
Pepe Legal 17h00
desenho
Pica-pau
1 7 h 3 0
desenho
18h00 - Popeye - desenho
18h30 - Daktari - Aventura
19h28 - Loteria Federal resultado
Pica-pau
, 19h55
desenho
-
Dois Contra o
Oeste
21h00 - Onde Imperam as
Balas
23h00 - Switch. Os quatro
Cavalheiros
OOhOO - Futebol em VT
20h00
18h30
yWlh
os Óculos
Homem.
eatrQ
Programação
19h00 - Dinheiro Vivo
Nacional
19h45 - RTN
(jornal)
20h00 - Como Salvar Meu
Casamento
21h00 - O Profeta
Shay 22h00 - San
Agente especial "Três com Nenén"
23h00 - Pinga-Fogo - jornalístico
ComOOhOO - Futebol
pacto
00h30 - Classe Especial
"Pra
Frente
Vaqueiro"
da Tupi, com a música Tirn
m
m o,
QUARTA COSTELA
De Luís Carlos Cardoso
Teatro da Praça (r. Apa,
298)
Texto premiado sobre um
homem malsucedido que vai
para um hotel de alta rotatividade curtir a sua fossa. A
direção é de Di Domenico c
no elenco estão: Eduardo Pinheiro, João Luís de Oliveira
Joy e Oswaldo Spinola, entre outros.
De 4? a domingo, às 21
horas
Preços: CrS 120 e CrS 60
MÃOS SUJAS
DE TERRA
De Luiz Carlos Moreira
Teatro Eugênio Kusnet (r.
Teodoro Baima, 94)
*
Sobre a realidade do posseiro, pequeno lavrador que
trabalha na terra, mas acaba
perdendo o direito sobre o
que lhe pertence, envolvido
por leis que desconhece.
De 3' a 6?, às 21h; sábados
às 20 e 22h; e domingos às
18 e 21h
Preços: CrS 60 e CrS 40(14
anos)
É SÓ ISSO QUE EU SEI,
PROFESSOR
De Sílvia Poggetti
Teatro Igreja (r. 13 de Maio,
830)
Sílvia Poggetti adaptou
textos de José Maria Firpo,
um professor uruguaio que
selecionou redações de seus
alunos denunciando os desajustes familiares num mundo
de extrema miséria e marginalidade. No elenco, Diana
Machado, Janô, Silvia Poggetti c Vicente Parizi. Direção de Horácio R. Viola.
De 4? a sábado, às 21h, e
domingos às 18 e 21h
Preços: CrS 120 e CrS 70
(14 anos)
SINAL DE VIDA
De Lauro César Muniz
Auditório Augusta (r. Augusta, 943)
O autor tenta questionar
a sua geração, aquela que resolveu ganhar dinheiro e enterrar os ideais. Sincero, embora parcial. Em todo caso,
um ensaio de discussão sobre a repressão e o arrivismo
dos intelectuais que trocaram a luta pelo sítio com piscina. Com Antônio Fagundes, Kate Hansen, Marlene
França, Cléo Ventura, Sadi
Cabral, Maria Rita e Bruno
Barros. Direção de Oswaldo
Mendes.
De 4? a 6?, ás 21h; sábado,
ás 20 e 22h30; domingos às
18 e 21h
Preços: CrS 200 e CrS 100;
sexta e sábado, CrS 200 (18
anos)
• A REPÚBLICA
DE OSCURIDAD
De M. César
Teatro Ruth Escobar (r. dos
Ingleses, 209)
Uma peça sobre o golpe
de 1964. Um americano tipico ensina a um homem de
negócio como convencer um
ingênuo militar a derrubar o
governo legalmente constituido do pais. Com Fábio
Tomasini, Ivan Salles, Douglas Franco e Picrre Verde.
De 4' a 6*. às 21 h; sábados,
às 20 e 22h; e domingos às
18 c 21h
Preços: CrS 100 c CrS 80;
sábados, CrS 100 (único)
(16 anos)
• MOCINHOS
BANDIDOS
De Fauzi Arap
Teatro Sesc - Anchieta
(r. dr. Villa Nova, 245)
Brasil, ano de 1979. Os
personagens falam de tortura, drogas, repressão, politica, triângulos amorosos,
futebol e televisão. Bruna
Lombardi é a mocinha que
contracena com o bandido
Carlos Alberto Riccelli,
Amilton Monteiro, José Fernandes de Lira, Umberto
Magnani e Walderez de Barros completam o elenco. Direção de Fauzi Arap.
De 4^6?, ás 2lh; sábados,
às 20 e 22h30; e domingos,
às 18 e 21h
Preços: CrS 100 e CrS 50;
sexta e sábado CrS 100
(único) - (16 anos)
+ TIETÊ, TIETÊ
De Alcides Nogueira Pinto
Studio São Pedro (r. Albuquerque Lins, 171, tel. 663348)
Uma revisão critica do
Modernismo, e das revoluções políticas e estéticas feitas no pais. Mostra, também, através da linguagem
de Óswald de Andrade, colonialismo cultural. Direção
de Márcio Aurélio. Com o
Grupo Os Farsantes (Cecília
Camargo, Edith Siqueira,
JúliavPascale, Marcelo Alamada e outros)
De 4' a 6?, às 21h; sábados
ás 21 e 22h30; domingos às
18 e 21h
Preços: CrS 60 e CrS 30;
sábados, preço único de CrS
60 (18 anos)
NA CARRERA
DO DIVINO
Pessoal do Victor
Teatro Funarte - Sala Guiomar Novaes (ai. Nothmann,
1058)
Baseado no livro Os Parceiros do Rio Bonito, de Antônio Cândido, este espetaculo pretende mostrar a cultura caipira sem mito e sem
folclore e também discutir os
problemas do campo. Fascinante.
De 3* a 6\ às 21h; sábados
às 20 e 22h; domingo, às 18
e 21h
Preços: CrS 100 e CrS 70
O INOCENTE
De Sérgio Jockymann
Teatro Brasileiro de
Comédia (r. Major Diogo,
315), tel. 36-4408.
Sobre um contador italiano denunciado à policia
política como inimigo do
povo.
De 4' a 6? às 21h
Preços: CrS 120 e CrS 80
• É FOGO,
PAULISTA
Criação Coletiva
Centro de Artes Lira Paulistana (r. Teodoro Sampaio,
1091)
Inaugurando o primeiro
teatro de Pinheiros, uma comédia musical que retrata os
freqüentadores típicos de
sete diferentes bares, como o
operário, artistas, intelectuais e executivos, entre outros, A direção é de Mário
Masetti. Com Cristina Pereira, Gésio Amadeu, Henrique Lisboa e outros. A
mesma casa inaugura também uma galeria de artes
com desenhos de Fernando
Castro Lopes e uma livraria
com obras da Feira de Poesia de^ Cláudio Willer.
De 4- a domingo, às 21 h
Preços: CrS 150 e CrS 70
• ÓPERA DO
MALANDRO
De Chico Buarque de Hollanda
Teatro São Pedro (r. Albuquerque Lins, 171)
Montagem paulista do espetáculo que fez enorme sucesso no Rio. O autor,
Chico Buarque de Hollanda,
reescreveu o texto, reduzindo a duração da peça
para duas horas. Além disso,
a Ópera, que fala de corrupção no tempo do Estado
Novo, quando o, Brasil era
governado por Getúlio Vargas, teve sua visão política
atualizada. A direção é de
Luiz Antônio Martinez Corrêa. Com Marlene, Tânia
Alves, Walter Breda, Cláudio Mamberti, Abraão Farc
e outros. Músicas de Chico
Buarque.
De 3" a ó?, às 21hl5; sábadosas 19h30e22h30;edomingos às 18 e 21hl5.
Preços: CrS 300, CrS 250,
CrS 200 e CrS 100 (18 anos)
UM SOPRO
DE VIDA
De Marilena Ansaldi
Teatro Ruth Escobar (r. dos
Ingleses, 209, tel. 289-2358)
Um raro momento de teatro feito com paixão. Marilena dança e representa um
dos últimos textos de Clarice
Lispector. Direção de José
Possi Neto.
De 4* a sábado, às 21h30; e
domingos, ás 18h30 e 21h
Preços: CrS 80 (único)-(18
anos)
TIRO AO ALVO
De Flávio Márcio
Teatro Faap (r. Alagoas,
903, tel. 826-4233)
Flávio Márcio analisa a
repressão através de uma
família burguesa. A direção
è de Ronaldo Brandão. Com
Marco Nanini e Lilian Lemmertz.
De 3* a 6', às 21h; sábados
às 20 e 22h30; e domingos,
às 18 c 21h
Preços: CrS 200 c CrS 100;
6' e sábado, CrS 200 (único)
c4'CrS 100cCrS50(18anos)
SABATINA
PASSADA
A LIMPO
De Fernando Popoff
Teatro Markanti (r. 14 de
Julho, 114)
Aqui a deterioração de
um casal classe média com
aspirações intelectuais. Com
Elvira Gentil e Fortuna Leimer. Pelo Grupo Teco (Teatro Contemporâneo)
De 4' a 6'\ às 21h; sábados
às 19h30 e 22h; e domingos,
às 18 c 21h
Preços: CrS 120 e CrS 60
A FALECIDA
De Nelson Rodrigues
Teatro Popular do Sesi (av.
Paulista, 1313)
A infeliz Zulmira, doente,
quer que o marido desempregado satisfaça o seu último desejo, através do qual
espera compensar todos os
infortúnios: um enterro de
luxo. Direção de Osmar Rodrigues Cruz. Com: Nize
Silva, Luiz Parreira, Paulo
Prado e outros.
De 4? a 6', às 2lh; sábados
e domingos às 18 e 21h
Entrada franca (os ingressos
devem ser retirados na bilhegeria do teatro, das 9 às 12h
cdas 14 às 18h)-(18 anos)
TREZE
De Sérgio Jockymann
Teatro Paiol (r. Amaral
Gurgel, 164), tel. 221-2462
Dois homens, um executivo e seu motorista, se vêem
envolvidos subitamente pelo
mesmo problema. Um cartão de loteria é o artista principal. Direção de Antônio
Abujamra. Desempenho excelente Rubem de Falco e
Paulo Goulart
•De 4» a.6», às 21h30; sàbados às 20h30 e 22h30 e domingos às 18 e 21h30 (16 anos)
Preços: CrS 100 c CrS 50;
sexta ed sábado, preço único
de CrS 100
ORQUESTRA
DE
SENHORITAS
De Jean Anouilh
Café Teatro Moustache (r.
Sergipe, 160, tel. 256-3595,
Higienópolis)
Uma nova montagem que
inaugura uma nova casa. A
direção é de Carlos Di Simoni que escolheu um
elenco só de mulheres: Consuelo Leandro, Riva Nimitz,
Ivete Bonfá, Maria Vasco,
Nereide Bonamigo e Lúcélia
Machiaveli.
Quarta e quinta, às 21h30;
sexta às 10h30 e 22h; domingos às 18h30 e 20h
Preços: CrS 200 e CrS 100;
Sábados, preço único de
CrS 200
OUABTA.I l-IRA 21 Dl
NÕVBMBRO Dl
-pEPUBLíCA
197';
BOA
l'AGINA
VIDA
——Si——IMM—HS»
RoteirQ
QnemA
Um prêmio para o melhor texto sobre o espetáculo
Um Sopro de Vida, de Clarice Lispector
A Árvore dos Tamancos, de Ermano Olmi, retrata os últimos momentos
da civilização agrícola antes da industrialização
-Nossas Indicações
Em Cartax:
+ PEQUENA MOSTRA
DÊ LIVROS
Praça Francisco Pereira Lo
pes (antigo mercado dé
Santo Amaro)
Exposição de livros infantós-juvenis alemães, orgãnizada pelo Centro de Atividade de Comunicação e
Expressão e pelo Instituto
Goethe. São sessenta livros
didáticos c de ficção, para
leitores de todas as idades.
Mostra organizada sob os
auspícios da Secretaria de
Cultura do listado. Paralelamente à exposição, haverá
palestras e conferências no
Museu cia Imagem c do Som
e projeção de lilmes nò Mu
seu do Ipiranga, até a próxima sexta-feira.
• PRÊMIO
CLARICE
LISPECTOR
* EXPOSIÇÃO DE
DOCUMENTOS DA
I SEMANA DE
ARQUIVOS
Museu Paulista (Ipiranga)
Um concurso vai premiar
o melhor trabalho escrito sobre o espetáculo Um Sopro
de Vida. baseado em Clarice
Ação, violência e suspense. Três prisioneiros teniam escapar da tenebrosa
penitenciária de Aleatraz.
Com Clint Eastwood, Pa
trick McGoahan. Roberts
Blossom e Jack Thibeau.
Marabá, Paulistano, DelRey, Iguatemi, e Ibirapuera
2. Horários: lOh. I2h20.
I4h40, 17h. 19h20 e 2lh40
(no Marabá); I4h30. I6h50,
I9hl0 e 21h30 (No Iguatemi, Del Rey e Paulistano)
eàs Í3h. I5IÍ20. 17h40. 20h
e 22h20 (no Ibirapuera 2).
(14 anos)
serão julOs
textos
gados por escritores, críticos
c diretores de teatro. Os tra
balhos deverão ser entregues
até o dia 15 de dezembro ria
bilheteria do Teatro Galpão,
(r. dos Ingleses, 206). das 16
ás 22h. datilografados c com
o nome e endereço do candidato.
A JUVENTUDE
DE BUTCH
CASS1DY
(Butch and Sundancc: lhe
Early Years)
De Richard Lester (EUA,
1979)
( ARTES ^
Os temas das aquarelas de Carlos Takaoca
são peixes, pedras e pássaros
Nossas Indicações
* LUÍS HERMANO
MASP (av. Paulista. 1578)
Os desenhos de Hermano
poderão ser vistos no hall do
primeiro andar, de terça a
sexta, das 13 às 17h: aos
sábados e domingos, das 14
às I8h,
Entrada franca
a., 'j"{ eiJ I 1 iWl
;-'4r'£$8s
• CARLOS TAKAOKA
Assembléia Legislativa
(Ibirapuera)
O artista plástico, de 34
anos, que apresentou seu
trabalho em Toronto, no Canada. começou a expor em
1974, e atualmente se dedica
á criação visual gráfica. A
individual que ele inaugura,
hoje, às Í9h, se compõe de
32 trabalhos em p-rografia e
aquarelas; os temas sâo peixes, pedras e pássaros.
Horários: de segunda a
sexta, das 12 ás 20h
Até 5 de dezembro.
S.FALCIANO
Galeria Portinari
Roosevell)
(pça.
Um professor de arte e
educação artística expõe
pinturas.
Até 29 de novembro.
GRUPO
QUARTA-FEIRA
Galeria Bric-à-Barte
(r. Bela Cintra, 1543). às
2 th
Sarah Goldman. Sônia
Rezze e Terezinha Ehmke
são três pesquisadoras em
arte que há cinco anos trabalham juntas. Nesta exposição elr.s mostram o livro de
cabeceira Intimismo trabalho artcsavial. também monlado por cias, que se compõe
de dezoito minigravuras.
sendo vinte cópias vermelhas. vinte azuis e vinte
cinza-grafite, cujo preço será
de CrS 3.000. Enquanto Sarah traz suas minigravuras
em metal sobre o ser humano. Sônia desenha folhas
e Terezinha se inspira nas
montanhas.
XILOGRAVURAS
Hebraica de São Paulo
(r. Hungria, 1000, esq. com
Marginal de Pinheiros), ás
21h
Cinco artistas mostram
seus trabalhos, todos de tiragem limitada: Ângela Leite.
Eloá de Oliveira, Laish de
Nigris Laurabeatriz e Hilde
Weber. O preço das xilografias e de CrS 700 a
CrS 2.500.
Até 30 de novembro
GRAVURAS
Aki (r. da Consolação. 335)
Treze artistas colocaram
seus trabalhos em metal, serigratiac xilogravura e litografia à venda por CrS 850
cada. São eles: Alex Fiemming. Carlos Lemos. Charroux. De Lima, Emanuel
Araújo, Gerly Saruê, Leon
Ferrari. Lizarraga, Nakakubo, Renina Katz. Romildo
Paiva. Tomie Ohtake c
Tozzi.
A tiragem de cada trabalho
é de 100 exemplares.
EDITH BEHRING
Galeria Graphus (r. Cônego
Eugênio Leite. 624)
A gravadora utiliza metal
e serigrafia para produzir
seus'trabalhos.
Até 2 de dezembro
Uma das pinturas
de Ana Berthet
* COLETIVA
Bar do Corisco
Freire, 154)
Oscar
Gravuras, desenhos, iiustrações e pinturas estão expostos no Bar do Corisco.
São trabalhos dos artistas
Sérgio de Moraes, Marcos
Sevilla. Siaft, Miguel Sevilla.
Nori Figueiredo e Márcio
Perigo.
MICHEL VEBER
Galeria Domus (r. Padre
João Manuel, 861)
* MULTIMEDIA
INTERNACIONAL
Escola de Comunicações e
Artes (USP)
A idéia desta manifestação surgiu da necessidade de
um maior conhecimento e
confronto do que é produzido. nacional e internadonalmente. nas dimensões de
arte. que utiliza os novos veiculos de comunicação: xerox. fotografia, super 8.
16mm, off-set, carimbos,
arte post.il, performances,
música, video-tcipe etc. 205
artistas de dezoito paises enviaram trabalhos que estão
expostos no próprio espaço
da escola.
ZELDI AKERMAM
MASP (av. Paulista. 1578)
Animais fantásticos, dragões, sereias, plantas irreais
e mitos folclóricos, são os temas das tapeçarias de Zeldi.
Horário: de 3'-' a 6if. das 13
às 17h; Sábados e domingos, das 14 às I8h
Até 3 de dezembro.
PINTURAS DE
SONIADALVA
Clube Português (r.
riassu, 59)
Tu-
Dalva
expõe
técnica
tema a
os ani-
Panambi (borboleta, na
fala guarani) é o nome desta
exposição. São 32 telas que
revelam a preocupação do
artista com a'cultura indigena, à qual ele dá um tratamento lirieo. Até 30 de
novembro.
Soniadalva (Sônia
Pinto Sacramento)
suas pinturas cm
mista, tendo como
vegetação, o povo e
mais da Amazônia.
Diariamente, das 14 às 22h
Até 29 de novembro.
MICHINORI INAGAKI
André Galeria de Artes (ai.
Jaú. 1795). às 21 li
15? BIENAL
INTERNACIONAL
DE SÃO PAULO
Pavilhão da Bienal (Parque
Ibirapuera)
Vegetais de nossa flora é
o tema escolhido pelo publicitário e pintor lnagaki. A
preocupação com os detalhes c o cuidado com as luzes e cores do modelo tem
como resultado uma pintura
que caminha para a fotografia. As obras podem ser vistas .na André Galeria de
Arte.
Até 7 de dezembro.
ANNA CARRETTA
Galeria Lácio (av. Faria
Lima, 1684) às 21 li
A artista italiana inaugura
a exposição de seus desenhos de estrutura de ambientes, onde atribui a cada elemento simbólico da pintura
um mesmo valor ponderado.
De 2* a 6* das 15 ás 21h.
Sábados, das 10 às 13h
Até 4 de dezembro
EXPOSIÇÃO
BENEFICENTE
Centro de Artes Shopping
News (r. Martins Fontes,
159). às 20h.
Mais de cem artistas clássicos e modernos doaram
obras de arte a Sociedade de
Benemerência e Cultura, que
estarão à venda a partir de
hoje no Centro de Artes
Shopping News.
Horário: de 2" a 6?. das 9 às
22h. Sábados ate 14h.
Até 30 de novembro
ANA BERTHET
Galeria Seta (r. Antônio
Carlos. 282), às 21h
As pinturas tem como
tema figuras humanas de
formas exageradas e cores
fortes. Seus trabalhos poderão ser vistos na Galeria
Seta.
Até 30 de novembro.
Transformada hoje em
mera feira de amostras segundo alguns, ou num caótico museu, segundo outros,
a Bienal procura recuperar o
antigo prestigio convidando
109 artistas premiados anteriormente. 32 mil metros
quadrados abrigam uma salada de estilos, temas, técnicas, gêneros, tendências,
modismos e nacionalidades
(dos 268 participantes, 147
são estrangeiros) permitindo
assim, que se ponha para tocar, uma vez mais, o idoso
"crise da arte conrealejo da
temporânea".
De 3-' a domingo, das 15 às
22h
Até 9 de dezembro
ARTE HOJE
(av, Higienópolis,
andar)
232.
lv
Straus, Cláudio Tozzi,
Dudi Maia Rosa, Fajardo,
Gilberto Salvador, Michele
Bril, Wesley D.Lee e Gregório Gretta, entre outras,
expõem pinturas: Antônio
Franklin da Silveira, Megume, Tadeo Matera e Rejana Politi mostram esculturas.
Das 14 ás 22h
Até o dia 22
FEIRA DE NATAL
Galeria Azulão (r. Fernando
Albuquerque, 28, tel. 2569289)
Na tradicional Feira de
Natal participam, entre outros, os seguintes artistas:
Sendim, Pennacchi, Borghese, Galina, Helenos, René,>
Lefèvre. Sào desenhos, óleos
e gravuras ao preço único de
CrS 400
De 2' a 6?. das 10 às 22h;
aos sábados, das 10 às 14h.
Uma boa sátira ao gênero
faroeste. O inicio da carreira
de bandido de Stindance Kid
e Butch Cassidy, personagens criados por William
Goldman para o filme de
George Roy Hill. Com William Katt e Tom Berengcr.
Olido e Liberty
Horários: 12h30. I4h45,
17h. I9hl5, 20h3Ü. (No
Olido) e no Libertv: 14h.
16h30. 19 e 2IH30. (10
anos)
O DIAMANTE
BRUTO
De Orlando Senna. (Brasil.
I97S)
Adaptação do romance A
Bugrinha. de Afrânio Pei
xoto. José Wilker interpreta
um astro de televisão que. ao
voltar à terra natal, reòncontra o amor da infância, a bugrinha, que lhe entrega a virgindade.
Cinesesc (r. Augusta, 2075)
A partir das 14h (18 anos)
HISTÓRIAS QUE
NOSSAS BABÁS NÃO
CONTAVAM
De Oswaldo de Oliveira
(Brasil. 1979)
A pornochanchada brasileira desta vez escolheu
como inspiração a história
infantil Branca de Neve e os
Sete Anões. O resultado è
um festival de grossura e bobagem. Com Adele Fátima.
-Especiais
• FILMES DE DANÇA
TBC (r. Major Diogo, 315).
às 21h
A I Mostra de Dança
Contemporânea de São
Paulo apresenta hoje, três
filmes Adágio, um pas-dedeux filmado por McLaren;
The Paul Taylor Dance
Company mostra vários números de dança. e comentários sobre a arte desenvolvida por esse coreógrafo e
Limon's Legacy documentário sobre, o trabalho de
José Limon.
Entrada Franca
• CINEMA
LATINO-AMERICANO
MIS (av. Europa, 158). às
21h.
filmes:
os
Hoje,
Explotaciòn y
explotadores de José Rodrigues, Alfonso Graf e José
Woldenbcrg(México, 1974)
documentário realizado pelo
Grupo Octobre mostrando a
relação entre os donos dos
meios de produção e a força
de trabalho .onde os primeiros controlam os meios de
comunicação, o exército e o
poder político; Apuntes para
Asa Branca, de Damiel Silveira (México), um depoimento do lider camponês
Francisco Julião, onde ele
conta a experiência das Ligas Camponesas até o seu
exílio no México.
Entrada Franca
• A GUERRA
DAS MENINAS
Instituto Goethe (r. Augusta,
1570), às 20 horas.
De Alf Brustellin (1977)
Um banqueiro saxônico
muda-se em 1936 para a capitai checa com as três filhas
e o pequeno filho cego, a
conselho de um industrial
checo-judaico. Quando a eidade é ocupada por Hiller, o
banqueiro se vê envolvido
por seus interesses pessoais e
a ocupação nazista. Legendas em português.
Entrada franca
a tela - e o saco - com as
sandices de sempre.
Ipiranga I e Ar Palácio
(Sala São João)
Horários: às 12h20. I4h,
I5h40. I7h20. I9h, 20h40 e
22h20
música de The Who, sobre
um menino cego. surdo e
mudo. Com Ann Margret e
Jack Nicholson.
Bijou
Horários: 18h, 20h e 22h
(14 anos)
ALCATRAZ: FUGA
IMPOSSÍVEL
(Escape from Alcatru/.)
De Don Sigel (EUA, 1979)
Lispector e adaptado para o
teatro por Marilena Ansaldi
e José Possi Neto. O primeiro colocado receberá
CrS 30 mil e o segundo
CrS 20 mil cruzeiros. Qualquer espectador poderá partieipar.
AMANTE LATINO
De Pedro Carlos Rovai
(Brasil. 1979)
JUBILEU
DE OURO
DO MICKEY
(Mickey Mouse GoldesJubi
leu Show)
Produção dos Sludios Walt
Disney
¦ A'
y*
.¦?¦¦: X ¦-,.'¦•%¦¦.
O amante latino em quêstào é Sidney Magal. que
aparece como machão bom
de briga e conquistador irre
sistivel. Ele repete na tela o
mesmo rebolado que esbanja
no palco - engodo no qual
Elvis Presley jamais caiu fazendo demonstrações
ainda mais grotescas do que
aquilo que aparece na televisão. Com Monique Lafond,
Anselmo Vasconcelos e Frcgolente, além da cigana Sandra Rosa Madalena.
Regina. Ga/.etão, Marrocos,
Pullmann, Central 2, Paramount 4.
Horários: a partir das I4h e
no Central 2, à partir das 9h.
(14 anos)
''¦
Uma antologia dos filmes
do mais famoso personagem
de Walt Disney
Majestic
Horários: às I4h, I5h40.
I7h20, 19h, 20h40 e 22h20
(Livre)
TRINITY
VAI Á GUERRA
(La Feldmarescialla)
De Stefano Vanzina (Itália,
1967)
Tom Berèngér. e William Katt em Butch Cassidy
Ipiranga. Art Palácio. Me
trópole, Jóia e Top Cine
Horários: Ilh45. 13h30.
I5hl5, I7h. I8h45. 20li30 e
22hl5 (18 anos)
• O TIRANO
(The Tyránic)
De
M i rcc a
(Romênia)
D rag an
Um filme conícno. O direlor Mircea é considerado um
especialista em obras épicas,
ile fundo histórico. Com
Atnadeo Nazzari. Richard
Johnson e Antonella Lualdi.
Las Vegas
Horários: A partir das 9h.
(programa duplo) (18 anos)
* A ÁRVORE
DOS TAMANCOS
(L'Albero degli Zoccoli)
De Ermano Olmi (Itália.
1978)
Hste filme ganhou a
Palma de Ouro no último
Festival de Cannes. Ele traz
uma série de episódios que
os últiprocuram retratar "civiliza
mos momentos da
ção agrícola", antes da industrialízação. O mais imespécie
portante deles é uma
"perda do
de parábola da
paraíso", mostrando uma
família expulsa da fazenda
por ter derrubado uma árvore para fabricar um par de
tamancos.
Belas Artes (Sala VillaLobos) e Belas Artes (Centro 2)
Horários: 12h, 15h, 18he21
horas. (10 anos)
* POR QUE NAOV
(Pourquoi Pas?)
De Coline Serreu (França,
1977)
Sobre dois jovens homossexuais e uma mulher divorciada que convencem uma
moça a viver com eles um
curioso ménage à quatre.
Com Samy Frey e Christine
Murilo.
Paramount 2
Horários: 13h20. 15h40.
J7h50, 20h e 22h 10 (18
anos)
*PAR
OU ÍMPAR
(Oddes and Evens)
De Sérgio Corbucci (EUA.
1978)
Volta a insuportável dupia Trinity e Babino. Com
Tcrence Hill e Bud Spencer.
Astor, Vila Rica, Cinespaciai, e Paissandu (Sala Independência)
Horários: I3h, 1 5 h 2 0,
17h40, 20h'e 22h20 (No Astor. Vila Rica e Paissandu) e
ás 12h30.15h, 17h30, 20h e
22h30 (No Cinespacial). (16
anos)
OS
MENINOS
DO BRASIL
(The Boys From Brazil)
De Franklin, J. Schafiher
(EUA, 1978)
O autor da história é o
mesmo Ira Levin de O Bebê
de Rosemary. Ele imagina
que Mengele se tenha refugiado na Amazônia,
dedicando-se a produzir ciones (réplicas biossintéticas)
de Adolf Hitler. Com Gregory Peck, Laurence Olivier,
Rosemary Harris.
Marrocos e Palmella
Horários: às 9h30, 12h,
14h30, 17h, 19h30e22h(16
anos)
PORTEIRO
DA NOITE
(Portieri di Notte)
De Liliana Cavani
1974)
com uma antiga prisioneira
(Charlotle Rampling). Com
Gabriele Ferzetti e Philipe
Lcròy.
Uma aventura cômica
cuja ação se passa em
agosto de 1944. quando um
avião é derrubado pelos alemães em Florença e Rita Povone se põe em ação para
salvar O jovem piloto.
Com Rita Pavone. Francis
Blanche, Aroldo Tieri,
Mário Girotti e Jess Hhn.
Windsor, Rio e Lumière
Horários: á partir das 14 horas (livre)
Paramount 3, Gazeta e Barão. Augustus c Cal Center
Horários: 14 h 30. 17h.
19h30 e 22h (18 anos)
* ROMANCE
POPULAR'
(Roman/o Popolare)
De Mário Monicelli (Itália)
Ugo Tognazzi é um ope
ràrio militante de meiaidade, casado com unia niocinha (Ornella Muti) que o
trai justamente com o policiai que o enfrentara numa
manifestação de rua. Monicelli aparece com os costumeiros e sempre competen
tes colaboradores: Age e
Scarpelli, no roteiro, e Ruggero Mastroianno na montagem.
Belas Artes (Sala Portinari)
e Centro 1
Horários: 13h. 15h20.
17h40. 20h e 22h20. (18
Baseado num texto de
Aguinaldo Silva, o filme
conta a história de um policiai corrupto c violento. Ma
teus Romeiro - o bastante
para que Mariel Maryscotte
de Mattos, o ex" Homem de
Ouro" da policia carioca,
atualmente cumprindo pena
no Rio de Janeiro, julgandose retratado, abrisse um processo contra o diretor. Flá
quem identifique outros personagens tomados diretamente da vida real, como a
cantora Marlene Graça, que
seria Darlene Glória. Nos
papéis de Mateus c Marlene
Tarcísio Meira e Sandra
Bréa.
Ouro, Metro 2, Gemini I
Horários: ás I3h30, I5h40,
I7h50. 20he22hlO(noMetro 2 e Gemini I) e à partir
das 12h (no Ouro) (18 anos)
COPA-78
O PODER DO
FUTEBOL
De Maurício Sherman (Brasil. 1978)
Um dos melhores filmes
já realizados sobre o trinómio violéncia-poder-futcbol.
Uma radiografia perfeita da
Argentina Copa 78 - um
imenso campo de concentraçáo - e alienação do povo
em função do futebol, mostrando, por exemplo, uma
entrevista com um lider
montoncro. César Menotti,
o técnico da Argentina, da
um show de lucidez. Enquanto isso. Coutinho enche
?TOMMY
(Tommv)
De Kcn Russel (EUA, 1974)
Ópera rock
RLPÚBLICA
DOS ASSASSINOS
De Miguel Farias Jr. (Brasil,
1978)
baseada na
Os Melhores
Com este filme, Bergman
reconciliou-se com a critica
que fora quase unânime em
repudiar O Ovo da Serpente.
Os velhos temas do cineasta
são agora retomados. Mãe
(Ingrid Bergman) e filha (Liv
Ullmann) se encontram na
hora do lobo e ultrapassam
o silêncio, trocando gritos c
sussurros, que as colocam
face a face numa situação
que se inicia repleta de vergonha, mas termina como
uma lição de amor, Com
Halva Bjork e Erland Josephson.
1, Gazetinha,
Paramount
Copan e Vitrine
A partir das 14h (14 anos)
* MENINA
BONITA
(Pretty Baby)
De Louis Malle
1978)
• SINDROME
DA
CHINA
(The China Syndrome)
De James Bridges (EUA,
1979)
* A COMILANÇA
(La Grande Bouffe)
De Marco Ferreri (França/Itália, 1973)
Um filme só agora libe-
Repórteres de TV, durante uma cobertura numa
usina atômica, descobrem
uma irregularidade capaz de
provocar uma catástrofe nuclear. Este filme estreou nos
EUA. doze dias antes do
acidente nuclear de Three
Mile Island ganhando, assim, um caráter quase profé-
O último escândalo de
Malle mostra a conduta absolutamente livre e amoral
de uma menina de 12 anos
(Brooke Shields), que vive
com a mãe num bordel de
Nova Orleans, em 1917. O
tema da prostituição .infantil
provocou violentas reações
nos Estados Unidos e quase
uma interdição no Canadá.
Com Keith Carradine e Susan Sarandon.
Gemini 2, Ibirapuera I e
Paramount 5
Horários: 13h. 15h20.
171,40, 20h e 22h20
(18 anos)
7\
ri
7
(EUA,
-Miguel Paiva
-Happy Days
.
tico. Com Jack Lemmon, Jane Fonda, Michel Douglas, Scott Brady e James
Hampton
Splendid
Horários: às 17h40. 20h e
22h (14 anos)
rado pela censura brasileira.
Um juiz, um dono de restaurante, um piloto e um produtor de tevê se reúnem num
casarão num bairro de Paris
com o propósito de comer
(literalmente), num processo
de autodestruição. Com Philipc Noiret, Ugo Tognazzi,
Marcello Mastroianni, Michel Piccoli e Andréa Ferreol.
Arouche A
Horários: 14h, 16h30, 19h e
21h30 ("18 anos)
• SONATA
DE OUTONO
(Hostsonat)
De Ingmar Bergman (Alemanha Ocidental. 1978)
£STAO DORMINDO.
I
COMEÇA aW FOR.MAR ÜM Q0AD&Q
bsta;ve.l IA SITIAç£p è&W-toesTA
G^A
(Itália,
Este filme aguardou liberação desde 1974, talvez
pelo caráter chocante de seu
tema. Um ex-oficial da SS
(Dirck Bogarde) trabalha em
Viena como porteiro de hotel e, em 1957, encontra-se
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QUAIUAHIKA .'I Di: NOVIÍMBKO Dl: 1979
REPUBLICA
ESPORTE
IMBRÓGLIO FUTEBOLÍSTICO
fim
mpwímm pooe «ST ifllfia
O futebol paulista está vivendo a maior crise dc todos os tempos. O campeonato dc 79 pode acabar sem vencedor
TÔNICO DUARTE
K) PAl;DAMArÊRI/\
A coerência
dos incompetentes
OSMAR SANTOS
Nos dias dc hoje, não c
Fácil encontrar coerência
nas pessoas, ou no que as
pessoas fazem. Querem
um exemplo? Perguntem
aos eleitores que votaram
nos candidatos do MDB
de São Paulo se eles estão
sentindo coerência nos dcputados. É por isso que
devemos aplaudir quando
pintam atitudes coerentes,
como as últimas dos dirigentes do futebol paulista.
Ontem, nossos dirigen
tes estiveram reunidos na
Federação Paulista de Futebol c. depois de muita
discussão, chegaram a
uma decisão merecedora
de todos os aplausos. Eles
concluíram que o campeonato do Nabi foi um
engano tão grande, foi tão
mal dirigido, tão mal programado, c trouxe tantos
problemas, que. na verdade. não existiu. Existiu
apenas um embuste ao
torcedor, a nós da imprensa, a todos os que estão ligados no futebol.
Os cartolas, então, decidiram que o campeonato não poderia ter um
final de festa. Afinal ele já
perdeu suas caracteristicas esportivas, passou a
ser um campeonato politico- (e não poderia ser diférehte, com um político
como presidente da Federação). Concluíram os dique o torcedor
jígehtés
¦perdeu o direito de ver sua
•equipe marcar gols c co-
memorar a conquista esportiva. i
Como, na última rodada. os gols voltaram e o
futebol virou festa esportiva por alguns momentos, os dirigentes se viram
diante de um novo temor:
o de serem novamente levados ao esquecimento,
banidos das manchetes
dos jornais.
Esse receio fez com
que eles apelassem para a
coerência. E cm nome
dela estão dispostos a impedir que o campeonato
chegue ao seu final. "Vamos parar por aqui, pois
só assim continuaremos a
ser notados, falados e discutidos", pensou alguma
cabecinha mais iluminada. E todos, imediatamente, concordaram. Então. não houve acordo,
não houve solução para
os impasses criados. Assim. os jogos de hoje podem ser os últimos, as
verdadeiras finais do campeonato. No final da reunião, saíram cies todos felizes, contentes com sua
união, alguns até deslumbrados com a sua capacidade.
Uma atitude rigorosamente coerente. Coerente
principalmente no desrespeito ao torcedor, pois foi
isso que eles fiz.eram do
começo ao fim do campeonato - a triste coerência dos incompetentes.
Bons tempos eram aqueles de João Mendonça Falcão, o mais famoso de todos os paredros que já ocuparam a presidência da Federaçáo. Em dias como o
de ontem, ele empertigaria
o peito c puxaria, lá do
fundo d'alma, um pigarro
solene: "Meu anjo, a decisào do campeonato fica
adiada saine-dei". Mas
como Nabi Abi Chedid nào
tem graça nenhuma, o desastre do campeonato de 79
- que sabe Deus quando irá
terminar--perde até cm humor.
A partir de ontem, como
uma V-2 que explodisse em
plena avenida brigadeiro
Luis Antônio, o futebol
paulista passou a viver sua
maior crise de todos os
tempos. Reunidos na Federação, os cartolas - especialmentc de Corinthians e
Ponte Preta - não aceitaram as ponderações do presidente do Juventus, José
Ferreira Pinto Filho. Depois das 23 horas de hoje,
quando termina a última
rodada do terceiro turno,
ninguém mais sabe o que
irá acontecer.
Ferreira Pinto queria
uma semifinal com seis clubes, e que Corinthians e
Ponte disputassem um
novo jogo. esquecendo-se o
episódio da medida cautelar da Justiça comum, que
impediu a realização da
partida. Corinthians e
Ponte nâo transigiram c a
coisa degringolou: o campeonato nào tem data certa
para chegar ao fim.
A única hipótese de soluçào para o problema coloca
certas honestidades sob
suspeita. Entraria em
campo o famoso "jeitinho"
para maneirar as coisas e,
como a corda
'o sempre eslado mais
toura para
fraco, adeus Ferroviária.
Nos jogos de hoje, os resultados necessários para desatar o nó sâo: vitórias do
Corinthians e Ponte sobre,
respectivamente, São Paulo
e América, e uma derrota
da Ferroviária, em Araraquara, para o Botafogo.
Depois disso, Corinthians e
Ponte fariam o chamado
"jogo de compadres" e, mediante um empatezinho,
ambos estariam na semffinal, totalizando sete pontos
ganhos, um a mais do que a
Ferroviária.
Pelo menos a tradição
parece estar do lado do desastrado Nabi. Há quatro
anos o Sào Paulo nào consegue uma vitória sobre o
Corinthians. c o Botafogo
costuma vencer a Ferroviária quando os jogos sào
realizados cm Araraquara,
sendo que o vice-versa também é válido. Espera-se que
a Ponte cumpra com a sua
obrigação. Convém lembrar, entretanto, que no dia
em que Charles Miller desembarcou no porto dc Santos, sobraçando exótica es-
li por que tudo isso?
liem. o presidente da Ponte,
um fracassado político cha
mado Lauro de Moraes Filho, quer garantir a classiRcação independente do re
sultado do jogo contra o
Corinthians. Por sua vez, o
corintiáno Mário Campos,
mais conhecido como
"Olavo Bilac do Tatuapé",
está disposto n abdicar da
Justiça comum desde que
tenha a garantia de que a
Desportiva - o TJD - não
lhe comerá os pontos do
jogo não realizado.
fera de couro trazida da In
glaterra, preveniu os nativos com a propriedade de
um Caramaru: "Dears,
football is a little box of
surprises".
A frase pegou e ale hoje,
insistem os fariseus, continua sendo a tal "caixinha
de surpresas", conforme
avisou Miller no melhor sotaque oxtbrdiano. Em todo
o caso. a partir dos rumores que corriam ontem na
Federação, alguns dirigentes da Ferroviária já ameacavam:
"O clima em Araraquara
anda úmido é insalubre
malpara
juizes
intencionados. Ninguém
pode conter a massa
quando esta sente que resultados estão sendo fabricados. Além disso, cm tais
casos, os refletores do estádio costumam apresentar
súbitos defeitos".
Márcio lamenta a
incompetência
Entre a matriz do
Banco Lavra e a Federa
çào Paulista dc Futebol
nào existem só algumas centenas de metros. A mais
forte barreira é a incorripátibilidade entre o ban
queiro Márcio Papa. vice
da FPF. e o presidente
Nabi Abi Chedid. Márcio
acompanhou atentamente
o desenrolar dessa crise
sesquipedal que tomou
conta do futebol - consta
que teve um frouxo de
riso - e deu sua opinião,
com a propriedade dc
possui o rabo
quem nào
"Abriram-se
definipreso:
tivamente, os esgotos. A
incompetência grassa".
Na federação, o presidente do Juventus. José
Ferreira Pinto Filho, cocava a cabeça desesperado. Ele. com sua formidável habilidade política,
havia oferecido uma soluçào para o impasse, caminho ignorado por quase
todos os cartolas presentes à reunião de ontem na
federação. E. como uma
cartomante diante de um
ás dc espadas, o doutor
José previa dias nigérrimos para o futebol paulista: "Como vamos saldar nossos compromissos,
cobrir as nossas folhas de
pagamento se não contarmos com as rendas dos
jogos? A teimosia não
pode tomar o lugar do
bom senso. Se o campeo-
Com o sempre, o saldo
da crise acaba sendo a
mastodôntica incompeténcia de Nabi que, depois que
a tempestade varreu o fute
boi paulista, admitia [rivola
e cinicamente:
"Teremos um campeão
dc 79. só que nào sei
quando".
Nabi Chedid
na boca do povo
OS CARTOLAS NA FPF
Ferreira Pinto (ao centro) não conseguiu convencer seus colegas
astsn hâram
Houve de tudo na reunião da FPF e só Nabi não
apareceu. Foi como se dc repente sentissem
falta de Doca Street no julgamento de Cabo Frio
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M0AC1R JAPIASSU
"grande circulo", imensa
Reunido no
mesa redonda que atravanca a sala da presidência.da FPF, um escolhido plantei de
cartolas decidiu ontem à tarde que, se não
ocorrerem novidades pela madrugada, o
campeonato paulista de 1979 terminará depois da rodada de hoje à noite. E sem que
se saiba o nome do campeão, para misturar
bem misturadas as tintas do mistério. A imprensa alvoroçou-se, foi um corre-corre dos
diabos no segundo andar do prédio da av.
Brigadeiro Luís Antônio, entre os fios dos
radiorrepórteres e cios cinegrafistas da televisão, num dos grandes dias do nosso futeboi.
Havia aquela tensão dos quinze minutos
finais de "A Ponte de Waterloo", quando o
do
cartola José Ferreira Pinto,.; presidente
"Napoleão
Juventus c conhecido como o
do Futebol Paulista", iniciou a reunião do
Conselho Arbitrai, que deveria resolver,
num acordo entre cavalheiros, o problema
entre Corinthians, Federação e-.Ponte Preta.
Mas o primeiro golpe partiu logo do presidente do Palmeiras, o veteranissimo Delfino
Facchina, que soube baixar o nível com
habilidade:
grande
"Se o campeonato acabar quarta-feira,
eu vou processar o responsável por perdas e
danos", disse Facchina, e o Napoleão desabou. Alguém"Cadê
perguntou, com uma ponta de
o Nabi Chedid?" Foi
maldade:
como se de repente sentissem a falta de
Doca Street no julgamento de Cabo Frio, e
os repórteres mais inquietos correram ao
terceiro andar, a tempo de verem o presidente da Federação fechando a porta. Sem
a presença de Nabi e com Ferreira Pinto
prostrado pelo golpe de Facchina, o representante do Corinthians, Mário Campos,
tomou conta do espetáculo, fez um dise terminou citando Oscurso ininteligível
"Este
waldo Aranha:
pais é um deserto de idéias". ;
Estabeleceu-se o tumulto porque os cartolas discutiam e os radiorrepórteres transmitiam a confusão ao vivo, num clima de
arquibancada. O jornalista José Silveira, sobrevivente de outras batalhas, repetia pelos
frase que escreveu há mais de
cantos uma "O
futebol é uma empresa sem
anos:
trinta
empresários", querendo provar que ainda
vivemos os tempos do amadorismo.
A proposta de paz que José Ferreira
Pinto envolv.eu em panos quentes nem che-
gou a ser discutida direito. Ele queria ver
seis times. no turno final, Corinthians e
Ponte disputanto os pontos no campo de
jogo e Palmeiras e Guarani fora do Campeonato Nacional, pela falta absoluta de
datas. Lauro Moraes, presidente da Ponte,
aceitou jogar com o Corinthians, mas só se
vingasse a tese dos seis times no turno final;
Mário Campos citou o general Figueiredo,
reportepediu compreensão e garantiu aos
res que a situação estava boa: "Quando a
reunião começou, a gente estava em zero;
agora, avançamos trinta pontos".
Era realmente impossível saber de que
avanço falava Mário Campos e ele acabou
num bate-boca infernal com um grupo de
jornalistas, no estilo imortal dos Irmãos
Marx. José Ferreira Pinto, que o presidente
"cartola
da Ponte nâo parava de chamar de
entre aspas" (impossível saber se é um elogio), resolveu partir para o mais deslavado
terrorismo, na tentativa de convencer os colegas: "Se nào chegarmos a um acordo aqui
e agora, o campeonato acaba amanhã, e sabem quando vai continuar, se continuar?
Em março ou abril do ano que vem". O
do Santos fez um ar de desprezo:
presidente
"Vamos cumprir o regulamento e
pronto",
disse; c o do Guarani, o acompanhou:
"Ninguém vai mexer em regulamento nenhum".
Pelos corredores espalhou-se imediatamente o boato segundo o qual Nabi Chedid
iria proclamar o Palmeiras campeão de
não chegou ao
1979. mas a
"grande circulo"questão
porque José Ferreira
Pinto, percebendo o fracasso da reunião,
encerrou-a depois dc um discurso em nome
da paz e da fraternidade. "Um jogo entre
Corinthians e Ponte, agora, renderia uns 5
milhões de cruzeiros", disse ele, e Delfino
Facchina, que dava a impressão de cochilar, pulou da cadeira: "Se esse jogo der 5
milhões, o Palmeiras e o Guarani também
querem ganhar; afinal, fomos prejudicados
naquela rodada dupla que não houve". Aí a
reunião foi encerrada mesmo e todos correram para ouvir o que Nabi Chedid tinha a
dizer em sua defesa.
Pegaram-no na porta do salão do terceiro andar e o presidente percebeu como
as coisas mudaram desde a noite de 16 de
fevereiro, quando assumiu o poder. "Eu
continuo otimista", disse ele aos primeiros
microfones que apareceram, mas não es-
São impublicáveis os
adjetivos com os quais os
torcedores paulistanos cstão classificando Nabi
Abi Chedid. Alguns deles,
consultados, chegaram a
pôr em dúvida a honra da
senhora progenitora do
presidente da Federação,
o homem que quer acabar
com o Campeonato Paulista e, quem sabe. com o
futebol desta terra. No
centrão da cidade não se
fala outro assunto, e. pelo
tom da .conversa, é de se
pensar que a vida do cartola máximo não está valendo nem um tostão furado.
Na barbearia Shampoo
Cabelereiro e Criatividade, no Edifício Copan,
o figaro Nelson Azeredo
declara-se são-paulino
doente (e deve ser mesmo,
para torcer por esse time)
e afirma que, se Nabi cair
nas suas garras, fará
barba c cabelo com navalha.
'Teremos
NABI ABI CHEDID
o campeão". Mas quando? Ele não soube Responder
tava falando com'muita convicção. Está
mudado o presidente. Há nove meses ele ria
até dos boatos sobre o golpe que teria
per"Gastou
petrado contra o futebol paulista.
50 milhões para se eleger", diziam uns;
"comprou Deus
e o mundo", juravam outros. Mas todos concordavam num ponto:
era o estilo Maluf que vencia novamente,
numa alusão à rasteira que o governador
aplicou no doutor Laudo Natel.
Nabi, 47 anos, libanês naturalizado, deputado estadual de certa sagacidade (dizem
que, lider da Arena na Assembléia Legislativa, comandava a bancada com movimentos de sobrancelhas), adquiriu toda a sua
experiência de cartola durante dezoito anos
na presidência do Bragantino, time de Bragança Paulista. Não foi uma administração
propriamente brilhante, e embora tenha-se
empenhado na louvável construção de um
estádio, não soube manter seu time na Divisão Especial - o Bragantino caiu e arrastou
Nabi para o mais cruel anonimato esportivo.
Só reapareceu com a ousadia malufiana,
mas futebol é mais complicado que política
nato nâo terminar, será
uma vergonha para todos
nós".
Enquanto isso. o presidente da Ponte Preta,
Lauro de Moraes Filho, e
o representante do Corinthians. Mário Campos,
continuavam irredutíveis.
Já poucos cartolas além
de Ferreira Pinto pareciam ler consciência da
"vergonha". O velho
Delphi no Facchina,
grande don do Palmeiras,
repetia incessantemente:
"Isto nâo
pode acontecer,
o campeonato deve chegar ao fim".
No meio de tudo. ficou
caracterizada a falta de
apoio a Nabi por parte
dos homens de ouro do
futebol paulista. "Afinal"
- perguntavam-se os cartolas -, "o que custava ter
consultado o Corinthians
sobre a rodada dupla?" E
ficou bastante claro que
Nabi tentou faturar politicamente em cima dc Matheus. Tranqüilo como
sempre, o presidente do
São Paulo. Antônio Leme
Galvão. analisava a crise
com profundidade: "Hoje
em dia. qualquer liga de
bairro pode votar nas eleições da federação. Convem lembrar que quem
colocou o Nabi na presidência foram cies, não
nós. os presidentes dos
grandes clubes da Espe
ciai".
e hoje, sempre que move as sobrancelhas, a
secretária pergunta se ele está sentindo aiguma coisa. Os cartolas históricos lhe dispensam profundo desprezo e a Imprensa
costuma chamá-lo de incompetente, dura
palavra que, às vezes, ainda vem acompanhada do exótico adjetivo sesquipedal. E foi
com indisfarçada má vontade que a imprensa cercou-o no final da tarde de ontem.
"Como é. seu Nabi, vamos ter o campeão de 79?", perguntaram-lhe. E o presidente da Federação Paulista de Futebol,
pálido, com os olhos esmurrados por profundas olheiras, arrancou forças não se
sabe de onde e suspirou: "Teremos o camo campeão, e no campo de
peão, teremos
"Este ano ainda?", insistiram, e Nabi
jogo".
nào pôde responder. Então aproveitaram,
de todo desarque aquele homem estava
mado. e o humilharam: "Presidente, se seu
trabalho à frente da FPF fosse julgado
agora, o que aconteceria?" Nabi Chedid veúltilho militante do PSP, 60.860 votos nas "Semas eleições, baixou os olhos e a voz:
ria um desastre".
Seu linguajar é o que
se chama de "picante", e,
com outras palavras, ele
disse mais ou menos isto:
"O Nabi é um bandido.
Agora que ele avacalhou o
campeonato, que mamou
bastante a nossa grana,
deixada na bilheteria de
infinitas partidas dessa
maratona, ele quer acabar
o campeonato. É a
mesma coisa que um náufrago nadar bastante para
morrer na praia. Olha, de
futebol ele não entende
nada, deveria tentar um
circo, ou então a gerência
de um bordel".
O corintiáno Rodrigo
Melo, estudante de contabilidade, endossa as palavras do barbeiro e com"O
governo
plementa:
em segutanto
não fala
rança nacional? Pois
agora é a hora exata de
usar a tal lei: pelo amor
de Deus, prendam esse
subversivo canalha! Ele
está conseguindo deixar
todo mundo intranqüilo:
mexer com futebol nesse
pais é coisa muito séria,
seu moço. Com perdão da
má palavra, esse palhaço
é um grandessissimo .. ."
No Bar Avenida, esquina das avenidas São
João com Ipiranga, um
dos pontos mais tradicionais de debates futebolisticos, os torcedores estão
unidos como se a época
fosse de Copa do Mundo.
O balconista Luiz, que tem
muitos anos de. experiência em contendas esportivas, sentencia: "Um dos
maiores cretinos que conheci em toda a minha
vida.
Esse Nabi é o carrasco de nosso futebol". E
a partir daí ele desanda a
invectivar contra o presidente da Federação. Fala
que em sua cabeça existem duas protuberâncias
pontiagudas; que toda sua
família nào merece o devido respeito; e dá mais
uma série de nomes desaProssegue:
gradàveis.
"Sou corintiáno desde
que
nasci, não costumo perder
boas partidas, e até
mesmo as ruins merecem
ser vistas; pois agora não
tenho mais vontade de ir
ao estádio, não vou
mesmo. Agora, tem uma
coisa; esse campeonato
vai acabar, eu garanto.
Nem que seja para nós irmos até a Federação
e . . ." (o fim que ele quer
dar a Nabi é de arrepiar).
Doze pessoas foram
ouvidas e todas elas, independente de sua paixão
por qualquer time, foram,
digamos, agressivas
quanto à figura e à politica do senhor Nabi Abi
Chedid. Deixaram muito
claro que não vão admitir
o fim antecipado do Campeonato Paulista e ainda
afirmaram o seu desejo de
trucidar o presidente da
Federação.
QUARTA-IT;IRA 21 DE NOVI-MHKO DI: 1.979
1'AC.INA M
flfPÜBLíCA
ESPOR1
CARTOLAGEM
RóBEm o marcheR
A CBF sai mesmo, e
Giulite já está eleito
Vilas, favorito
em casa
Menotti
culpa a
imprensa
brasileira
César Mcnotti, o elegante técnico da Seleção
Argentina, campeã do
mundo, descobriu uma
explicação para a atual
decomposição do futeboi brasileiro: os jornalistas pátrios. Em declarações à revista esportiva El Gráfico, Menotti
disse que, "com a loucura dos jornalistas brasileiros dc pretenderem
comparar com Pele
qualquer jogador bonzinho que apareça, o futeboi do Brasil desceu a
um nivel baixíssimo".
Menotti criticou também
seu colega Cláudio Coutinho, treinador do selecionado brasileiro, por
dirigir ao mesmo tempo
a equipe do Flamengo.
O presidente do CND é o candidato do Planalto
MARCELO FAGÁ, do Rio
O empresário Giulite
Coutinho, presidente do
CND, será escolhido presidente da Confederação
Brasileira de Futebol CBF - pela contagem de
18 votos a favor e 8 contra.
Com este desfecho, previsto como favas contadas
até pelo seu rival, o almirante Heleno Nunes, da
CBD, vai encerrar-se até o
dia 10 de dezembro o último capitulo da novela
criada em torno da nova
entidade que vai gerir o futebol brasileiro. Um mês
depois, cm meados de janeiro de 80, começa uma
outra novela: a da "reformulação das estruturas",
conforme pregam hoje todas as vozes desse esporte,
das mais conservadoras às
mais revolucionárias.
"Eu disse a ele
que assim não se consegue fazer um bom trabalho em
nenhuma das duas equi"Não
pes", pontificou.
pode observar nenhum
jogador com atenção, a
não ser quando enfrenta
sua equipe. Toma sempre conhecimento por
intermédio de terceiros.
E, quando convoca
o
jogador, pode
decepcionar-se". Em declarações à mesma revista. Pele, por sua vez,
disse que "durante muitos anos tivemos sorte
no Brasil porque surgiram jogadores do
mesmo nível técnico.
Saiu Didi e chegou Ciodoaldo. Saiu Zito e veio
Gérson. Agora, isso não
acontece mais, e permanece no público - inecntivado pela imprensa - a
ânsia pelo craque".
Até ontem, Giulite Coutinho - o preferido do Palacio do Planalto - mantinha
silêncio sobre sua cândidatura, um silêncio tático que
talvez se justificasse nesse
obscuro mundo por onde
circulam os presidentes de
federações estaduais de futebol.
A partir de agora, no
entanto, no máximo dentro
de dez dias, o seu nome
será lançado oficialmente
pelos dezoito presidentes de
federações que o apoiam.
Giulite - que assumirá,
então plenamente, a sua
candidatura - já nào se
preocupa com a interminável pendenga judicial, que
vem retardando todo o pro-cesso dc lançamento da
nova sigla do futebol brasileiro.
Para que afinal pudessem ser registrados os novos estatutos da CBF,
a meaçados por liminar de
mandado de segurança interposto pelo presidente do
Conselho Fiscal da velha
CBD, Reinaldo Gueraldi para muitos um mero boi
mandado de Heleno Nunes
c para ele mesmo apenas
um inconformado com o
fato de perder o seu mandato que iria até janeiro de
82 -, teve que haver a intervenção federal adiantada
na semana passada pelo
JORNAL DA REPÚBLICA. E, como era de se
esperar, foi uma intervenção branca. Orientado pelo
procuradorgeral da República, Clóvius Ramalhete, o
vice-procurador Augusto
Cotrim procurou o juiz da
9? Vara Cível do Rio, Júlio
Almeida Rocha, na sextafeira, e o aconselhou a
considerar-se incompetente
para julgar medida cauteiar, cassando a liminar que
impedia o registro da CBF
em cartório.
Com o despacho do juiz
na mão, remetendo o caso
para a Justiça Federal,um
funcionário do CND registrou os estatutos, para a
surpresa da cúpula da
CBD, que só soube do fato
na segunda-feira. O advogado Sobral Pinto, nesse
dia, ainda interpôs duas
medidas judiciais - um
agravo contra a decisão do
juiz carioca c uma liminar
idêntica à primeira, só que
dessa vez impetrada a
mando da Federação Capixaba.
Ambas as medidas
serão julgadas rapidamente
pela 9Ç Vara Federal.
Giulite não acredita que
isso astrase novamente as
eleições para a primeira diretoria da nova entidade, e
o presidente da CBD tem
ate sexta-feira para
convocá-las. As eleições,
então, terão que ser marcadas num prazo de até
quinze dias úteis a contar
da próxima segunda-feira.
O maior aliado do presidente do CND é Nabi Abi
Chedid, da Federação Paulista. Ao que parece, foi ele
o presidente de Federação
indicado para contrapor-se
à liminar da Federação Capixaba, tanto que contratou
o advogado Valed Perry,
que circulava ontem no
CND, para requerer à 9"
Vara Federal o indeferimento do recurso. O advogado Sobral Pinto não comentava ontem a disputa
judicial em torno da CBF.
estava
Dizia apenas
"revoltado com que
o fato de o
governo estar usando toda
a sua força e fazendo pressoes de todos os lados para
fazer alterações no futebol
sem ouvir os maiores interessados, os clubes."
Apesar de não contarem com a participação
dos três grandes do tênis
da atualidade - John
McEnroc, Jimmy Connros c Bjorn Borg -, os argentinos andam faceiros
com o Campeonato da
República, que será disputado esta semana em Buenos Aires.
Mesmo não atravéssando grande forma,
Guillermo Vilas é sem dúvida o franco favorito da
competição. O chileno
Hans Gildemcister, mais
Victor Pecci, Eddie Dibbs
e José (Olé) Higueras, respectivamente do Paraguai, dos Estados Unidos
e da Espanha, serão seus
maiores adversários. Os
brasileiros Thomaz Koch,
Carlos Kirmayr e Cássio
Motta não podem nem
mesmo ser considerados
como dark horses.
O perigoso azarão do
campeonato é o portenho
José Luiz Clerc. Os tênistas digladiam-se por
23.446 dólares para o primeiro lugar e 12.416 para
o segundo.
Taça Davis
A equipe chilena que
enfrentará o Brasil nos
dias 14. 15 c 16 dedezem,bro próximo, em-algum
lugar ainda não definido
do nosso solo pátrio, está
praticamente definida: as
simples ficarão aos cuidados de Hans Gildcmeister
c Jaime Fillol - que, aliás.
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hoje em dia, está bem
mais para cartola do que
para jogador. Fillol é o
atual presidente da ATP
(Associação dos Tenistas
Profissionais).
Os brasileiros vêm com
força total: Koch e Kirmayr. Isto não quer dizer
nada se estivermos falaudo cm termos da con•
quista do titulo. Mas, conalguma
temos
tra o Chile,
chance.
Koch, que não enfrentou o Equador na durissima vitória em Guaiaquil, no mês passado, praticamente garantiu sua escaiação contra os chilenos
ao massacrar Jaime Fillol
na semana passada, em
Bogotá, por 6/0 e 6/4.
Diga-se também que
Koch em forma é bem superior a Fillol, um tenista
apenas persistente.
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tenísticas
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aliás o primeiro legalizado
no Brasil, procura competente professor de tênis
para a temporada de veraneio que se aproxima. Localizada entre as praias de
Toc-Toc Grande e ToeToe Pequeno, a colônia
possui três ótimas quadras de saibro ao lado da
praia. O professor interessado deve ter mais de
Im80 de altura, ser suficientemente desinibido e
gostar muito de ensinar
tênis.
CIRCUS APRESENTA
finalmente liberada após 10 anos
NAVALHA NA CARNE
de Plínio Marcos
Direção Emilio Di Biasi
com
RUTHINÉA DE MORAES
EDGARD GURGEL ARANHA
ODILON WAGNER
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GRUPO MAMBEMBE apresenta
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"O mínimo
que se pode dizer de Cenas é que é um disco muito bem acabado, com
arranjos assinados por Magro (do MPB-4) e Luís Cláudio Ramos. O nome do disco é
também o título de uma das faixas e reflete a proposta conceituai do autor, mostrando cenas da vida brasileira. Não é um disco que fale de felicidade. É um disco
contestador, mostrando o pensamento de quem está engajado na luta contra o
arbítrio. (...) Riberti mostra que é um músico preocupado com a mensagem a ser
transmitida, mas que não descuida, em nenhum momento, de sua qualidade musical."
(Wladimir Soares T Jornal da Tarde-21/07/79)
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Como um buraco de 6 metros pode
obrigar 2 milhões de
veículos a um dia de tédio e raiva
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caráter de emergência
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A avenida cios Emissários, onde um trecho de 400 metros foi
liberado cm caráter de emergência, é a principal
alternativa entre as pontes do Limão e da Freguesia do 0
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MARGINAL DO TIETÊ
Esta cena custou ao Brasil, só ontem, 600 mil litros de gasolina gastos inutilmente
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congestionamentos
esses
A quem se dev e culpar por
Nem parece verdade. Um simples buraco de 6 metros virou de cabeça para o
ar o trânsito de São Paulo, deixou com
os nervos à flor da pele os milhares de
paulistanos que se envolveram num dos
maiores congestionamentos que esta cidade de 11 milhões de habitantes e 2 milhões de veículos conheceu, foi o responsável por um consumo desnecessário de
ir.ais de 600 mil litros de gasolina e causou enormes transtornos para o comercio, o transporte e a indústria de maior e
mais importante cidade deste pais. Situado junto à ponte do córrego Boqueirão. entre as pontes da Freguesia do Ó_e
do Limão, na marginal direita do Tietê,
ele deixou em pé de guerra, desde a
segunda-feira, a prefeitura e o DSV.
Ontem, por volta das 4 horas da
tarde, cansado e abatido, o diretor do
DSV, Roberto Scaringella, anunciava
cm seu gabinete a adoção de uma alternativa de tráfego para a interdição da via
expressa da marginal direita do Tietê:
"Decidimos liberar em caráter de emergência um trecho inacabado de aproximadamente um quilômetro da avenida
"Com
dos Emissários"; e confessava:
congestionaos
isto, vamos diátribuir
mentos. Mas não tem solução melhor. A
marginal é uma via que não tem substituição".
Às 5h30 da tarde de ontem, desesperadas, Solange Jubileut e Jiuliana Valente, duas jovens donas-de-casa que em
uma perua Belina, cometeram a imprudênria de sair do tranqüilo bairro de Interlagos para fazer compras no Makro,
em plena marginal do Tietê, eram as primeiras usuárias da recém-aberta avenida
dos Emissários. Estacionaram, em busca
de orientação, o carro abarrotado de
compras junto ao meio-fio, próximo a
dois engenheiros do DSV que pintavam.
com uma lata de tinta verde comprada
uma improvisada placa
por eles mesmos,
"Onde é
de indicação.
que nós estamos,
exclamou a desorientada
meu Deus?",
Solange. "Como é que eu faço para chegar em casa? Já estamos há mais de um
hora e vinte minutos presas nesta loucura", arrematou Jiuliana.
Dentro do carro,
o bebê berra como um
cantor de ópera
Logo em seguida, uma aflita mãe estacionava o seu fusca branco junto a um
guarda do DSV, que tentava desesperadamente ordenar o trânsito no cruzamento da av. Pompéia com a avenida
dos Emissários, em substituição ao farol
curto-circuito na rede
desligado por um"Seu
local.
elétrica do
guarda, eu preciso
ir para casa já, dar a mamadeira para o
meu filho, e eu nem sei onde estou" dizia
ela, enquanto, no banco de trás, um pequeno bebê berrava, com entusiasmo de
fazer inveja a cantor de ópera. E tudo
por causa do buraco de 6 metros.
Na verdade, na terça-feira da semana
passada, ele tinha apenas 40 centímetros
de diâmetro. Foi constatado por um engenheiro de campo do DSV, que imediatamente comunicou o fato à Administração Regional da Freguesia do O. Para
reparar este tímido buraco, a Regional
providenciou então uma demorada concorrência de preços entre diversas empreiteiras.
Quando, na segunda-feira, a empresa
Jofege, contratada enfim para a obra,
enviou ao local meia dúzia de empregados munidos de pás e picaretas, jà encontrou uma robusta cratera de 6 me-
tros. Com as chuvas do final da semana
passada, a erosão, provocada pelas
águas do córrego do Boqueirão, tinha
comido uma boa parte da via expressa
da marginal direita do Tietê.
Toda esta lentidão para se resolver o
problema de um simples buraco deixou
irritadíssimo o próprio prefeito Reynaldo
de Barros (leia texto ao lado) e obrigou o
DSV, já na segunda-feira, a interditar
esta importante via de tráfego, onde trafegam cerca de 6 mil veículos por hora.
Daí para os congestionamentos de até
15km de extensão, foi apenas uma quêstão de horas. Ontem pela manhã, por
exemplo, até a via Dutra foi afetada.
Sem alternativas de tráfego, o trânsito de
grande parte da cidade esteve obstruído.
O Minhocão, a avenida do Estado, a
avenida Antártica, a Francisco Matarazzo, a Heitor Penteado, a Tiradentes
desde o Anhangabau, foram algumas
das muitas vias de São Paulo que ficaram congestionadas.
Hâ quem esteja
sentindo saudades da
estrada de Santos
"Numa cidade
grande como a nossa,
um pequeno evento como este pode mexer com a vida de milhares de pessoas",
explicou o diretor do DSV. Afinal de
contas, ele já está acostumado com a interferência que ocasionam, ao trânsito
da cidade, os milhares de buracos da TeLigth, Comgás e assemelesp, Sabesp,
"Hàuns dois meses atrás, fizelhadas.
mos um levantamento e constatamos
que num só dia São Paulo tinha ao
mesmo tempo 4.750 obras nas suas ruas
atravancando o trânsito". Scaringella
não estava preparado era para a interdição de uma das pistas da mais importante via de tráfego de São Paulo - a
marginal do Tietê, uma avenida sem
substitutos.
"É muito
gozado. Um guarda chegou
a maior bronca e perdando
mim
para
lia jornais nem ouvia
não
se
eu
guntando
rádio e televisão, só porque eu estava
tentando entrar na marginal, junto à
ponte do Limão. Acontece que eu sabia
da interdição da pista, mas o único caminho que conheço para ir ao meu trabalho é passando pela marginal" - desabafou, na manhã de ontem, um irritado
motorista de um chevette marrom, re-
tido, como milhares de outros paulistanos, nos congestionamentos.
E, ao que tudo indica, apesar do sistema de emergência posto em prática
pelo DSV, com a liberação da inacabada
av. dos Emissários, da distribuição de 50
mil folhetos explicativos do novo itinerário, da atitude do prefeito Reynaldo
de Barros, contratando a empreiteira
Firpavi para trabalhar em regime de urgência no concerto do buraco, o paulistano vai ser obrigado a conviver ainda
nos próximos dias com o irritante lengalenga do trânsito em, boa parte da cidade. Logo ele, que mal tinha saído dos
congestionamentos das estradas no último fim de semana.
E o prefeito acusa a prefeitura
E o prefeito Reynaldo de Barros perdeu a paciência. Depois de tomar conhecimento dos intermináveis congestionamentos provocados por um buraco, que só não foi consertado em 24
horas por culpa exclusivamente da
mal-azeitada e enferrujada máquina
burocrática da prefeitura, ele desabafou: "É muito triste ter que falar que
houve uma falha dentro da própria prefeitura.
É inadmissível que uma importante pista seja solapada pelas águas de
um córrego, e a máquina da prefeitura
leve uma semana para reagir e tomar
providências. Um serviço como este
precisa ser feito em 24 horas, no máximo. Fiquei revoltado em verificar a
morosidade com que o serviço de reparo estava sendo feito", disse Reynaldo.
E não poupou criticas aos seus subordinados: "Além disso, não havia a mi-
nima necessidade de se fazer uma tomada de preços para uma obra pequena e tão necessária como esta. Foi
uma verdadeira pixotada dos homens
da prefeitura. Deviam ter contratado
logo uma firma de gabarito para fazer
rapidamente o serviço. Demoraram
uma semana e contrataram, no entanto, uma pequena firma sem expressão. Só espero que coisas deste tipo
não voltem a ocorrer, enquanto eu estiver aqui dentro" prometeu. E concluiu:
"Quero ver se é
possivel liberar a pista
em 24 horas". Para isto. no entanto,
além de contar com a eficiência e a rapidez dos engenheiros, técnicos e trabalhadores da empresa encarregada, o
prefeito terá que torcer para que as
chuvas não caiam sobre São Paulo.
"Se chover", revelou um engenheiro
"nosso trabalho
que estava no local,
abaixo".
água
vai todo por
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