Seção: Entrevista
Os desafios das nações do Sul para a cooperação internacional
O seminário Relações Sul-Sul: Coalizões Políticas e Cooperação para o Desenvolvimento será
realizado nesta segunda-feira, 13, e terça-feira, 14, no Everest Rio Hotel, em Ipanema. As
professoras Letícia Pinheiro (IRI/PUC-Rio) e Maria Regina Soares de Lima (IESP/UERJ) que –
juntamente com a professora Monica Hirst (Univ. Torcuato di Tella) – organizaram o ciclo de
debates, destacam nesta entrevista os seus principais pontos.
Qual é o objetivo do seminário?
Maria Regina Soares de Lima: Nós
pretendemos focalizar dois eixos que
consideramos importantes nas relações do
"Sul Global" atualmente. Um deles é a
dimensão política, de formação de coalizões
em diversos âmbitos. Queremos discutir a
participação desses países nos fóruns de
governança global. Esses assuntos serão
abordados no primeiro dia do
seminário. Letícia Pinheiro: No outro eixo, chamado "Cooperação para o Desenvolvimento",
que será tratado no segundo dia, nós tentamos pensar em que medida a participação dos
países do Sul no debate sobre cooperação mudou de natureza, já que esses países passaram
a tentar cooperar entre si e têm – ou deveriam ter – uma voz maior nos regimes que regulam a
cooperação internacional. Vamos tentar entender o que se altera com essa mudança de perfil.
De que maneira o seminário se relaciona com a comunidade PUC-Rio?
Letícia: Acho que são temas que interessam tanto à comunidade da PUC, quanto aos
estudiosos de Relações Internacionais e de Políticas Públicas em geral. O seminário discute
assuntos que condensam inúmeras possibilidades de pesquisas que precisam ser feitas. É
uma tentativa de mobilização de estudantes em torno do tema, de modo a estimulá-los a
aprofundar a discussão a partir dos diversos campos que isso pode ser encaminhado. Os
assuntos, da forma como foram associados, atendem a uma demanda de diferentes aspectos.
Por isso, eles se relacionam com a área de Relações Internacionais e também com outras
áreas de graduação e pós-graduação. Há diálogo com as disciplinas de Economia, Sociologia,
História e, quando entra-se no terreno da cooperação técnica para o desenvolvimento, essas
possibilidades se expandem ainda mais.Maria Regina: É importante dizer que esse seminário
não é apenas de política externa ou de organizações internacionais. Ele cobre diversos temas
e arenas em que esses países estão presentes.Como os palestrantes foram selecionados?
Maria Regina: Nós tentamos trazer nomes representativos do Sul. Da Índia e da África do Sul,
por exemplo. E não nos preocupamos em convidar pesquisadores que são conhecidos. O
próprio seminário, por querer estimular o diálogo Sul-Sul, opta por isso. É que ainda existe a
tradição de pensar apenas no diálogo Norte-Sul, reflete-se muito mais sobre o que se faz no
Norte do que sobre o que se faz no Sul.Letícia: Isso não significa que não haja reflexões
vindas do Norte, mas, sem dúvida, nós tentamos abrir a possibilidade de troca com colegas da
Índia, da África do Sul e da América do Sul. A nossa intenção é expandir o diálogo sobre esses
temas.
Como os alunos do Instituto de Relações Internacionais (IRI) se envolveram na
organização do seminário?
Letícia: Nós conseguimos mobilizar os alunos do IRI em torno do assunto. Eles não só fizeram
o trabalho operacional pesado, de logística, como também se envolveram muito com a
temática. Eles entenderam a importância de debater esses assuntos. Acho que esse é um
ponto que deve ser registrado: desde a organização até a realização do seminário, essa
mobilização já começou e só tende a ser reforçada.
■ Mateus
Publicada em: 13/06/2011 às 08:02 Seção: Entrevista
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Entrevista com Leticia Pinheiro e Maria Regina S. de Lima