Bauru, quarta-feira, 17 de agosto de 2011 - Página 3 POLÍTICA Bauru terá 1ª. universidade federal Instituto público vinculado ao MEC deve trazer para a cidade cursos tecnológicos, licenciaturas e de pós-graduação Neto del Hoyo A presidenta Dilma Rousseff (PT) e o ministro da Educação, Fernando Haddad, anunciaram ontem pela manhã a abertura de oito novos câmpus do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP) como parte do projeto de expansão da Rede Federal de ensino (leia mais abaixo e na página 16). Um deles será em Bauru, que passará a contar com mais uma instituição de ensino superior pública. Conforme consta no site do IFSP, recentemente o instituto passou a ter “relevância de universidade, destacando-se pela autonomia”. Com a “carta branca” de Dilma, a expectativa é que esses novos polos educacionais sejam instalados até 2014, ano em que o Brasil receberá a Copa do Mundo. Em fase de estudo, o câmpus local foi pleiteado ainda em 2009 pela vice-prefeita Estela Almagro (PT) e a então secretária de Educação Majô Jandreice. Na próxima semana a vice-prefeita deve viajar até Brasília para se reunir com o secretário executivo do Ministério da Educação, José Henrique Paim Fernandes, para detalhar o projeto do Instituto. Após a escolha do terreno e a assinatura do contrato com o governo, será aberta audiência pública para definição dos cursos implantados inicialmente. Em sequência será estabelecido o processo de licitação para a construção do espaço. Além de Bauru, os outros sete municípios selecionados foram: Itapecerica da Serra, Itaquaquecetuba, Francisco Morato, São Paulo (Zona Noroeste), Marília, Itapeva e Carapicuíba. Ainda fazem parte do plano de expansão 2011/2012 do governo outros quatro câmpus, a serem entregues nas cidades de Jacareí, Campinas, Registro e São José dos Campos. Até o momento já foram entregues unidades em Matão, Avaré, Hortolândia e São Carlos. O IFSP é uma autarquia federal de ensino vinculada di- retamente ao Ministério da Educação (MEC), sendo organizado em estrutura multicampi. A iniciativa visa oferecer acesso à educação pública de qualidade, ou seja, cursos reconhecidos e com acesso gratuito à população. O processo seletivo do instituto baseia-se em vestibulares realizados duas vezes ao ano. As inscrições ocorrem, normalmente, nos meses de maio e outubro, sendo que a aplicação das provas acontece em junho e dezembro. Além do tradicional vestibular, o IFSP destina parte de suas vagas ao Sistema de Seleção Unificada (SiSU), possibilitando aos estudantes que realizarem o Enem inscrever-se para as vagas. Segundo dados oficiais do MEC, o instituto possui hoje “aproximadamente 15 mil alunos matriculados nos 25 câmpus divididos pelo Estado de São Paulo”. História Fundado em 1909 ainda Reunião hoje discute local do terreno Aceituno Jr. Vice-prefeita de Bauru, Estela Almagro deve se reunir ainda hoje com técnicos da Secretaria Municipal de Planejamento (Seplan) para iniciar o processo de análise de terrenos que possam abrigar a primeira universidade federal de Bauru. “Ainda não temos nenhuma área pré-estabelecida. Pedi que os técnicos fizessem uma análise das áreas possíveis, atendendo alguns requisitos básicos. A intenção é que o terreno seja em um local livre de problemas urbanos, com bom fluxo de trânsito e, principalmente, com possibilidade de expansão para podermos reivindicar mais recursos posteriormente”. O terreno, aliás, é a única demanda de responsabilidade do Município. “E não poderia ser diferente. Para manter o princípio de universidade pública federal toda a infraestrutura, bem como a contratação de profissionais, é de responsabilidade do governo. A cidade fica responsável em ceder o terreno”. Em nota, a assessoria do Vice-prefeita Estela solicitou à Seplan análise de áreas MEC explica que “o terreno ideal deve ter 1 mil metros quadrados para escolas urbanas, e 50 hectares em área rural”. A intenção da vice-prefeita é conseguir, ao menos, estabelecer algumas áreas possíveis para a construção e indicá-las em visita agendada ao Ministério da Educação na semana que vem. “Quero mostrar que estamos aptos a receber essa universidade e trazer de lá as diretrizes exigidas. Temos até 2014 para inaugurarmos essa IFSP. Nos- sa meta agora é vencer a burocracia”, diz. Em relação aos cursos a serem destinados ao câmpus de Bauru, Estela pontua que este deverá ser tema de discussões frequentes com a sociedade local. “Temos que ter consciência que as formações terão que acompanhar a demanda da cidade. Deve haver um estudo dos cursos oferecidos em relação ao que a cidade mais necessita em seu mercado de trabalho”, diz. (NH) Deputado federal Marquezelli e o prefeito discutiram assunto em 2009 Em passagem por Bauru em novembro de 2009, o deputado federal Nelson Marquezelli comentou sobre os esforços que à época vinham sendo feitos para que Bauru pudesse ganhar uma universidade federal de tecnologia. Na ocasião, ele participou da cerimônia de posse de Ricardo Oliveira como secretário das Administrações Regionais (Sear). Ao final do evento, o prefeito Rodrigo Agostinho se reuniu com Marquezelli para discutir a possibilidade de trazer à cidade um instituto federal de tecnologia. “Quando eu estive em Bauru, as discussões ainda estavam no início. Eu já tinha conversado com o (ministro da Educação Fernando) Haddad e indicado Bauru como um município potencial para receber o instituto”, relembra o deputado. Em sua avaliação, a primeira universidade federal de Bauru fará com que a cidade - que já é referência em ensino superior - consolide sua vocação como polo universitário. “Não só os moradores de Bauru, mas toda a região terá um ganho muito importante em educação. Fico contente com esta conquista”, afirma. (Tisa Moraes) Arquivo/Quioshi Goto “Fico contente com esta conquista para Bauru”, diz Marquezelli como Escola de Aprendizes Artífices, nesses mais de 100 anos o instituto recebeu, também, os nomes de Escola Técnica Federal de São Paulo e Centro Federal de Educação. Ainda em 1909 a instituição teve seu projeto voltado para a formação de operários e contramestres. Nos anos de 60 a 90, como Escola Técnica, formou técnicos de nível médio, inicialmente para as áreas de Mecânica e Edificações, depois para Eletrotécnica, Eletrônica, Telecomunicações, Processamento de Dados e Informática Industrial. A partir do ano 2000, já consolidada sua transformação em Centro Federal de Educação Tecnológica, houve a remodelação e a expansão da oferta de ensino da instituição. Nove anos depois veio a alteração para Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo. Com a recente transformação, o IFSP passou a ter relevância de universidade. Promessa é de licenciatura em 2 anos Com as mudanças ocorridas em 2009 o instituto passou a destinar, ao menos, 50% de suas vagas para os cursos técnicos e, no mínimo, 20% das vagas para os cursos de licenciatura, sobretudo nas áreas de Ciências e da Matemática. E é exatamente essa destinação que faz das unidades da IFSP serem consideradas universidades, e não apenas faculdades tecnológicas. Apesar disso, o Instituto continua oferecendo cursos de formação inicial e continuada, tecnologias, engenharias e pós-graduação. Segundo a assessoria do MEC, não há definição quanto aos cursos e vagas disponibilizadas para as futuras unidades da IFSP. Porém, estas devem seguir os mesmos processos de implantação de novas unidades adotado pelo governo. A previsão é que cada novo câmpus atenda 1.200 alunos em cursos de longa duração, quando estiver em plena atividade, além dos alunos dos cursos Formação Inicial e Continuada (FIC). Inicialmente, tanto a unidade de Bauru quanto as outras a serem criadas, devem receber cursos técnicos (Construção Civil, Indústria, Informática e Telecomuni- cações, Agroindústria e Agronegócio). A meta determinada é que nos dois primeiros anos de serviço sejam oferecidos além dos cursos técnicos os tecnológicos de qualificação profissional (Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Automação Industrial, Biocombustível, Eletrônica Industrial, Fabri- cação Mecânica, Gestão da Produção Industrial, Gestão de Recursos Humanos, Gestão de Turismo, Processos Gerenciais, Sistemas Elétricos, Sistemas Eletrônicos e Sistemas para Internet) e os de licenciatura (Ciências Biológicas/Biologia, Física, Geografia, Matemática e Química). (NH)