MEC propõe que Enem substitua vestibular de 55 universidades
federais
Prova deve ter 200 questões e ser realizada em dois dias
O Ministério da Educação anunciou nesta terça-feira (31) uma nova
proposta para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que substituiria
o vestibular das 55 universidades federais e de instituições estaduais que
adotarem a medida. Segundo o ministro Fernando Haddad, o exame teria
200 questões de múltipla escolha e uma redação e seria aplicado em dois
dias. Atualmente, o Enem tem 63 questões e uma redação.
No novo formato, as questões seriam divididas em quatro grupos:
linguagens (incluindo português, inglês e a redação), matemática, ciências
humanas e ciências da natureza. No entanto, como a maior parte das
universidades aplica vestibular duas vezes por ano, não se descarta a
possibilidade de o Enem ser aplicado mais de uma vez no ano.
De acordo com o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Reynaldo Fernandes, os critérios do
exame ainda serão discutidos. Ele, no entanto, adianta que o resultado
obtido pelo estudante em um exame continuará válido mesmo após a
aplicação de outro Enem. “Ele só vai refazer [o Enem] para aumentar a
pontuação”, explicou.
Fernandes acrescentou que o modelo será usado como uma espécie de
“pesca” por parte do estudante, que poderá escolher a universidade onde
deseja estudar, de acordo com a nota que obtiver na prova. Para o ministro
Haddad, o novo formato do Enem permitirá maior mobilidade dos alunos
entre as unidades da Federação.
Segundo ele, apenas 0,04% dos estudantes matriculados no primeiro ano do
ensino superior têm origem em estado diferente da unidade da federação
onde estudam. “Nos Estados Unidos, 20% dos alunos são oriundos de
estados diferentes de onde cursam a universidade”, comparou.
Uma nota técnica com a proposta foi enviada na noite de segunda-feira (30)
para análise da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições
Federais de Ensino Superior (Andifes). A ideia é unificar o acesso às vagas
em universidades federais e estaduais, mas, como têm autonomia, as
instituições podem aderir ou não ao novo Enem.
Segundo o ministro, o presidente da Andifes, Amaro Lins, disse que
pretende fazer uma reunião com os reitores, provavelmente na semana que
vem, para debater o assunto.
"A ideia é superar o vestibular tradicional e que as universidades
participem também do processo de realização do Enem. Já temos alguns
conteúdos que consideramos necessários para serem cobrados, mas a
discussão com as universidades será aberta", disse o ministro.
Haddad, porém, destacou que o Enem não impede a realização de outras
etapas de um processo seletivo para ingresso na universidade. Ou seja, o
Enem poderia servir como uma primeira fase do vestibular e as
universidades teriam a possibilidade de instituir uma segunda fase do
processo seletivo por contra própria.
Haddad disse ainda que o novo Enem poderia acabar com a sobreposição
de avaliações. "Acabaríamos com o Enade [exame do governo federal para
avaliar o aluno do ensino superior] para os ingressantes nas universidades e
também o Encceja do ensino médio [exame do governo federal para os
cursos de jovens e adultos]", disse o ministro, lembrando que o MEC tem
condições de implementar a medida ainda este ano, caso tenha o aval das
universidades.
O ministro explicou que o objetivo da unificação do vestibular é
reestruturar os currículos do ensino médio em todo o país, que, atualmente,
costumam ser focados no vestibular das universidades em cada estado. Ele
defendeu que a mudança criará “um novo conceito de ensino” no país,
deixando de favorecer os candidatos de maior poder aquisitivo, “capazes de
diversificar suas opções na disputa por uma das vagas oferecidas”.
fonte: G1
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