MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA
DIRETORIA DE CURRICULOS E EDUCAÇÃO INTEGRAL
COORDENAÇÃO-GERAL DE EDUCAÇÃO INFANTIL
Reunião Técnica: “O cotidiano dos bebês e das crianças nas práticas pedagógicas da
Educação Infantil: reflexões sobre potências e especificidades”
Data: 20 e 21 de agosto de 2015
Local: Brasília, Sede da OEI – SHS 6 conjunto A bloco C sala 919 – Complexo Brasil 21
Objetivos:
 Debater a especificidade exigida para o trabalho pedagógico com os bebês e
crianças bem pequenas na educação infantil
 Possibilitar um trabalho de reflexão e intercâmbio com foco na formação continuada
dos professores e das professoras enquanto sujeitos na construção de sua
competência destacando e respeitando os “saberes da experiência”, os “saberes
pedagógicos” e os “saberes das múltiplas linguagens”;
 Analisar perspectiva de um trabalho conjunto OEI, MEC, Prefeitura Municipal de São
Paulo, Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Associació de Mestres Rosa
Sensat.
Participantes:
 Peterson Rigato da Silva - Movimento Interforuns de Educação Infantil do Brasil
 Beatriz de Oliveira Abuchain – Fundação Carlos Chagas
 Ligia Aquino – Universidade do Estado do Rio de Janeiro
 Taciana Ramos – Universidade Federal de Sergipe
 Márcia Aurea de Oliveira - representante da UNDIME Nacional
 Maria Vinuesa – Asociación de Maestros Rosa Sensat, Espanha, convidada
internacional.
 Maria Carmen Barbosa– Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Consultora da
SEB/MEC
 Paulo Fochi - Unisnos e PUC Rio Grande do Sul - Consultor SEB/MEC
 Lenira Hadad – Universidade Federal de Alagoas
 Vital Didonet– Rede Nacional pela Primeira Infância
 Silvia Cruz - Universidade Federal do Ceará – Consultora da SEB/MEC
 Bruna Ribeiro - Assessora para o campo avaliação na e da Educação Infantil –
Consultora SEB/MEC
 Damaris Maranhão – Enfermeira/UNISA – Consultora SEB/MEC
 Zilma Ramos de Olivera – Instituto Superior de Educação Vera Cruz
 Maria Aparecida Peres – Município de São Paulo
 Levindo Diniz Carvalho – Universidade Federal de São João del Rei
 Ivone Garcia Barbosa – Universidade Federa de Goiás – GT07 da ANPED
 Adriana Rigon Weska – OEI
 Claudia Baena – OEI
 Rita Coelho – MEC
 Luciana Nascimento – MEC
 Sonia Larrubia Valderde – Secretaria Municipal de Educação de São Paulo
 Ordália Alves Almeida – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e Rede
Nacional Primeira Infância
 Ana Paula Gaspar Melim – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
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Programação:
Dia 20/08/2015
9h – Abertura – OEI, MEC/SEB, Secretaria Municipal de São Paulo
10h – Palestra “Desafios atuais do currículo da educação infantil” – Zilma de Moraes Ramos
de Oliveira. Coord: Rita Coelho (MEC)
12h – Debate
13h – Brunch
13h30 – Mesa Redonda “Práticas pedagógicas da educação infantil: potências e
especificidades” – Sonia Larrubia (SME/SP) e Maria Assunción Vinuesa Arbos (Rosa
Sensat). Coordenação: Paulo Fochi
16h30 – Coffee Break
17h – Debate
Dia 21/08/2015
9h30 – Mesa Redonda “A cooperação da OEI no campo da educação infantil: situação e
perspectivas de trabalho” – Carlos Abicalil -OEI/Madri e Maria Carmem Silveira Barbosa
(UFRGS)
10h30 – Coffee Break
12h30 – Encaminhamentos – Levindo Diniz Carvalho (relator)
13h– Encerramento
Relatoria
9h – Abertura – OEI, MEC/SEB, Secretaria Municipal de São Paulo
Adriana Rigon Weska - OEI
Dá as boas-vindas aos especialistas brasileiros e agradece a presença especial da
convidada espanhola. Destaca que a OEI tem entre seus objetivos prioritários a cooperação
com os países ibero-americanos para a atenção integral à infância, expressa no projeto
comum das Metas Educativas 2021. Apresenta brevemente um conjunto de programas e
ações que a OEI vem desenvolvendo para a Educação Infantil e o trabalho junto à COEDI,
tanto por meio de Projeto de Cooperação Técnica quanto pelo apoio a ações pontuais como
esta reunião técnica. Ressaltou, por fim, o papel das IFES na elaboração conjunta de
políticas públicas para a Educação Infantil e o espaço fundamental que a formação
continuada de professores deve ocupar na academia.
Rita Coelho – COEDI/MEC
Agradece os presentes e ressalta a importância da parceria com OEI em diferentes
momentos da construção da política de Educação Infantil no Brasil, destaca reuniões
técnicas mais recentes ligadas à discussão da avaliação na Educação Infantil e à Leitura e
Escrita. Ressalta também a presença de representantes da UNDIME nacional, Prefeitura de
São Paulo e especialistas. Apresenta os objetivos da Reunião, que incluem o diálogo sobre
o desafio da construção da Base Curricular Nacional Comum para Educação Infantil, a
discussão sobre práticas pedagógicas com bebês e o desafio de ampliação desse
atendimento em nível nacional. Quanto à Base Nacional Comum, afirma que a Educação
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Infantil, como primeira etapa da Educação Básica, precisa estar contemplada em suas
especificidades. Menciona o processo de consulta nacional e sua contextualização. Afirma
ainda a necessidade de uma política de formação associada a implementação da Base
Nacional Comum. Finaliza sua fala destacando a importância da parceria com OEI nesse
processo e perspectiva de se definir na reunião as formas e estratégias sistemáticas para a
cooperação técnica.
Sonia Larrubia Valverde – Secretaria Municipal de Educação de São Paulo
Saúda os presentes e destaca o grande desafio do exercício da docência com bebês.
Ressalta que tem grande expectativa da parceria com a OEI e Rosa Sensat e a importância
da rede de São Paulo no cenário nacional, cuja complexidade abrange a diversidade
brasileira.
10h – Palestra “Desafios atuais do currículo da educação infantil” – Zilma de Moraes Ramos
de Oliveira. Coordenação: Rita Coelho (MEC)
Rita Coelho– Apresenta o modelo de construção da Base Nacional Comum escolhido pelo
MEC que é basicamente: a produção, por especialistas, de documentos preliminares que
irão para consulta pública nacional garantindo um processo de construção democrática.
Após essa consulta o documento final será enviado ao Conselho Nacional de Educação
para validação e normatização. Ressalta que é a LDB que determina que Educação Infantil
deve estar organizada a partir da Base Nacional Comum. A COEDI entende que são os
gestores e especialistas que devem construir essa base coletivamente, em um processo de
discussão, com múltiplas posições e abordagens. Afirma que espera que nessa mediação a
sociedade seja capaz de construir e também implantar uma proposta coerente com a
identidade da Educação Infantil. assim como a avaliação nacional da educação infantil e a
base nacional comum é uma grande oportunidade consolidação da concepção da educação
infantil. mas não podemos negar que há também um risco..
Zilma Ramos–Apresenta brevemente a concepção de currículo expressa nas Diretrizes
Curriculares Nacionais para Educação Infantil a partir da qual discute-se a Base Nacional
Comum da Educação Infantil. Situa brevemente o processo de construção do material, que
será uma primeira versão para Base Nacional Comum da Educação Infantil.Basicamente o
material se organiza em seis direitos de aprendizagem: conviver, brincar, explorar,
participar, conhecer-se e comunicar.Afirma que a ideia desse modelo é baseada na
compreensão de que conhecimento não está descolado da vida, rompendo a lógica
conteúdista.
Afirma ainda que nas outras etapas da Educação Básica o material da BNC está organizado
a partir das quatro áreas: Ciências Humanas / Ciências Naturais / Matemática / Linguagem e
que o esforço da equipe foi no sentido de extrapolar/superar essa lógica.
Assim, são apresentados quatro contextos de experiências: “O eu e o outro”; Linguagem
oral e escrita: cultura e comunicação”; O corpo e movimento “Natureza e Sociedade”. Para
cada um desses campos o documento detalha ações/intenções divididas nos seis direitos
citados acima.
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Silvia Cruz - Destaca que todo processo buscou dar centralidade a criança.
VitalDidonet – Aponta uma preocupação em não pensarmos apenas na criança mas nela no
grupo situado.Nesse sentido questiona se o documento estaria levando em conta a
dimensão social.
Maria Carmem - Esclarece que a demanda da base é demanda do direito de aprendizagem
da criança. E que o currículo é mais do que uma lista de conteúdos.
Lígia Aquino – Afirma que não sentiu ausência da dimensão social. Destacou a pertinência
da ideia de espiral e da lógica integrada. Entretanto questiona como aparecem as diferentes
linguagens e o risco delas serem transformadas em disciplinas. Destaca que as diretrizes
não estão sendo interpretadas como previsto.
Beatriz Abuchain - Questiona se existe uma relação direta desse novo documento com as
DCNEI.
Damaris Maranhão - Ressalta a necessidade da discussão do conceito de cuidado.
Paulo Fochi -Relembra que as seis palavras que compõe os direitos foram “garimpadas”
nas diretrizes.
Lenira Hadad -afirma ter um certo incômodo ao ver que a proposta dialoga pouco com as
diretrizes. “A briga é trazer para essa cultura já posta ou é afirmar a diferença, de onde vêm
os direitos de aprendizagem? Temos que dizer como é que a educação é interpretada na
primeira infância”.
Levindo Carvalho – Sugere que fique claro no documento que se deve criar espaços para a
construção de hipóteses pelas próprias crianças em todos os processos educativos.
Ressalta a qualidade da ideia da espiral e afirma como a BNC pode contribuir positivamente
na construção de outro modelo de escolarização da infância. Sugere ainda que se incorpore
no textoconceito de identidade.
Maria Vinuesa – Entende que a participação e protagonismo das crianças é essencial e que
é necessário distinguir áreas e capacidades, para ela não é fundamental que tenhamos
áreas. Há uma grande dificuldade em implementar essa lógica uma vez que áreas são da
cultura e da forma escolar.
Lígia Aquino– Aponta que ter grades não é um equívoco, pode ser uma escolha, pois no
campo do currículo existem projetos em disputa.
Maria Carmem: Situa a origem da ideia dos “campos de experiências” italianos, em princípio
pode parecer um tipo de organização por área mas constituem um enredo diferente.
Zilma Ramos – Dá continuidade a evidenciando do material da BCNCEI. Explicitando a
organização dos objetivos dentro de cada “Contexto de Experiência”.
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Vital Didonet - Retoma o debate sobre a importância da visão holística para criança e seu
pertencimento na sociedade.
Fez-se nesse momento uma discussão sobre específica do ítem o “Eu e o Outro”, da qual
participam Maria Carmem, Vita Didonet, Ligia Aquino, Paulo Fochi, Damaris Maranhão. O
debate se concentrou acerca das relações das crianças de diferentes idades e sua interação
com o mundo social e com elas mesmas. O consenso do grupo é que tais dimensões devem
estar incorporadas a BNCEI.
Zilma Ramos – Dá continuidade a apresentação apresentando que dentro de cada contexto
de experiência retoma-se os objetivos a partir dos direitos de aprendizagem.
Maria Carmem - Chama atenção para a necessidade de discutir o conteúdo, mas também
a forma do documento.
Zima Ramos - Apresenta brevemente o item “Corpo” e em seguida o item “Linguagem oral
e Escrita”.
Ivone – Problematiza sobre o que é escrita de 0 a 3.
Maria Carmem - Afirma que a escrita não é só a escrita convencional e que é necessário
compreendermos qual é o propósito da Educação Infantil em relação à leitura e a escrita.
Sonia Larrubia – Destaca que a Educação Infantil deve promover a inserção da criança na
cultura escrita, “para se criar na criança a vontade de saber do porque se lê e se escreve.
Lenira Hadad - Afirma não ser contra as áreas. Mas entende que “é importante que a
apareça os eixos interações e brincadeiras”. Destaca uma preocupação em como o
professor irá interpretar o documento e o risco de compartimentar em áreas ou conteúdos.
Levindo Carvalho – Manifesta preocupação em como documento vai contemplar a
diversidade e o campo da inclusão.
Rita Coelho – Afirma que as crianças querem, perguntam, têm curiosidade e criam
hipóteses sobre a escrita; elas tem direito a ter acesso a cultura escrita; a educação infantil
tem praticas muito equivocadas nesse campo é preciso qualificar essas práticas e não
apenas condená-las.
MariaVinuesa - Afirma que o interesse das crianças sobre a escrita é evidente. Entretanto
para ela “uma coisa é contemplar esse interesse outra é criar objetivos e sequências de
atividade visando um fim”. Ela expressa preocupação de que partindo da cultura escrita
poderiamos sobrepor uma formação integral.
PauloFochi - Afirma que o desafio é fazer boas escolhas para superar as praticas
equivocadas.
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Lígia Aquino – Aponta que a maneira como documento está apresentado oscila entre um
caminho e outro, seria importante encontrar uma forma de nomear que não se deixasse
margem para que as experiências infantis sejam empobrecidas.
Ordália Almeida – Destaca a importância do documento se implementado no diálogo com
formação de professores. Ela afirma que “ganhamos muito quando trazemos as diretrizes
curriculares na formação de professores”. Aponta ainda que se levarmos em conta o Art.3
das DCNEI não há conteúdo na educação infantil e que currículo compõe-se de práticas que
articulam saberes e experiências das crianças com conhecimento que se encontram no
patrimônio cultural mais ampla. Ela sugere que se reafirme os eixos das interações e da
brincadeira e defende que o documento tenha detalhamentos específicos para os
segmentos etários de 0 a 3 e 4 e 5.
Maria Carmem - Reafirma que a DCNEI se mantém como referência e que currículo é
produzido na escola, no cotidiano. Para ela “na construção de um currículo existe
claramente uma epistemologia, mas na base não, a base tem que ser ampla, incorporar o
conjunto de patrimônio cultural, artístico, tecnológico e aberta o suficiente para contemplar a
diversidade. A base é parte do currículo, mas não é a responsável pelo que vai ser vivido na
escola”.
Silvia Cruz - Também afirma que a referência são as DCNEI e que o esforço foi não dar um
peso maior em uma área ou outra.
Lígia Aquino – Aponta que “talvez a DCNEI cumpram melhor esse papel”. E que no formato
apresentado“os campos da arte ou das outras linguagens estão menos contemplados”. Ela
entende a “Linguagem como constituição de subjetividade” e que “corremos o risco de ter
como o ponto de partida a aprendizagem e não o sujeito”.
Lenira Hadad – Entende que o que está sendo feito vai afetar o currículo e que é necessário
“ter em conta o que as DCNEI já apontam como concepção e tem força de lei”. Segunda ela
“a coordenação geral da EI luta para entremos na base com nossa identidade, e que desde
que EI entrou na educação estamos lidando com esse lugar de afirmação da especificidade.
Para ela “a BNC não pode ser argumento para uma proposta amarrada”. Ela mencionou
brevemente o trabalho de construção de curricular para Educação Infantil em Maceió que foi
baseado nas Diretrizes.
Ordalia Almeida – Aponta que a DCNEI é a base para discussão dos currículos nos diversos
municípios. Para ela, por exemplo “falar do eu do outro pode ser uma abstração”, sugere
que documento aponte para a especificidade do trabalho pedagógico.
Rita Coelho – Esclarece que, em um primeiro momento (2012), a Educação Infantil não
entrou na discussão da base porque estava estruturada nas chamadas “expectativas de
aprendizagem”. E que partir de 2015 houve uma mudança na sistemática de construção
BNC pelo MEC, e orientada para a construção de “direitos” e para um processo de
consulta pública nacional, “A COEDI, ao defender esse trabalho vem concebendo um
trabalho de produção de proposta para formação de professores, como uma política
associada ao currículo”. Ainda que “o MEC não tenha uma ação universal de formação
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continuada como ocorre com os pactos da Alfabetização e do Ensino Médio, é uma função
da coordenação propor uma política de formação. Assim o trabalho da BNC, que no ensino
médio será detalhado ano a ano, por disciplina, na EI deverá ter um material de formação
baseado nas diretrizes e nos Campos de Experiência. Essa é a segunda etapa: uma
orientação para implementação. O trabalho da BNC é um trabalho para reafirmar a
especificidade e a organização do trabalho pedagógico na EI.”
Maria Carmem - Apresenta a parte inicial do texto que retoma a questão legal e as DCNEI.
O texto recupera princípios e a própria concepção de currículo para educação básica que
ultrapassa lista de conteúdos”.
Rita Coelho – Afirma que o MEC tem um papel indutor importante e que o mesmo na
educação infantil é difuso.
Maria Carmem – Esclarece ainda que a ideia dos “Contexto de Experiência” amplia a
perspectiva do “Campos de Experiência” pois não são construídos a partir das disciplinas. “a
nossa ideia é que o contexto é composto pelas praticas sociais, linguagens e área de
conhecimento. Com uma dimensão metodológica que passa pelos diferentes âmbitos dos
saberes e essa escolha rompe com a ideia de área.
Lenira Hadad – Aponta que a palavra experiência assume mais centralidade o que justifica a
não separação em áreas uma vez que as crianças experimentam essas áreas ao mesmo
tempo. Outra ideia é que a aprendizagem não está relacionada apenas a ação do professor,
mas também a experiência concreta da criança. Ela aponta a fragilidade do formato
apresentado porque se corre o risco do quadro “ser mais assumido que o texto, o
professores irão direto ver o quadro”.
Vital Didonet - Retoma a ideia de que esse contexto de construção da BCN é mais
complexo, inclusive internacionalmente. “A forma que estamos encaminhado pode inclusive
influenciar as outras etapas, e isso é muito positivo. A Educação Infantil, pela sua história, é
muito mais original e tem o que ensinar. A escola instrumentalista e as avaliações
internacionais mostram isso. No fundo que está definindo essa BNC são parâmetros do
PISA. Os testes agora são determinantes para os conteúdos e para as formas de trabalho.
Vivemos uma tensão entre expectativas versus direitos de aprendizagem. Nesse debate
estamos afirmando as funções da Educação Infantil. Nesse momento a Educação Infantil
não pode ser subsidiária, não podemos pedir licença para participar na BCN, chegamos com
um acúmulo”.
Zilma Ramos – Pontua sua compreensão de aprendizagem na concepção histórico-cultural.
“O professor ensina, mesmo quando ensina errado. O nosso problema é de dominar a área
da aprendizagem e de ter metodologia mais adequada. Não podemos cair na idealização
das crianças”.
O Debate trouxe elementos importantes relacionados tanto a função da Base Nacional
Comum para Educação Infantil, sua relação com as Diretrizes Curriculares Nacionais para
Educação Infantil. As divergências mais evidentes se relacionaram ao uso do termo
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“Contexto de Experiências”, por diferir das DCNEI e do uso das expressões “Linguagem
Oral e Escrita “ e “Natureza e Sociedade”.
13h30 – Mesa Redonda “Práticas pedagógicas da educação infantil: potências e
especificidades” – Sonia Larrubia (SME/SP) e Maria Assuncion Vinuesa Arbos (Rosa
Sensat). Coordenação: Paulo Fochi.
Sonia Larrubia - Secretaria Municipal de Educação de São Paulo
Apresenta um panorama da rede de Educação Infantil da cidade de São Paulo, citando
dados de matricula, abrangência, dinâmica de atendimento, perfil dos profissionais.Situa os
desafios para as práticas educativas com bebês. Afirma ser fundamental construir
concepções de crianças e bebês e que essas concepções influenciam o trabalho que se
implementar. Apresenta legislações e orientações normativasespecificas da rede de São
Paulo que estabelecem concepções de Educação Infantil, perfil do educador e
organizaçãodo trabalho na rede. Como exemplo, apresenta um indicador específico acerca
das relações étnico raciais e de gênero que contribui para essa questão esteja presente no
trabalho pedagógico da Educação Infantil.
A partir dessa apresentação centra sua fala na importância da escuta e do reconhecimento
da autoria de bebês e Crianças. Com base da ideia de que as vozes infantis devem fazer
parte do no planejamento e na avaliação ela apresenta alguns pressupostos importantes
para educação e cuidado: (1) adultos precisam acreditar que as crianças são potentes e
capazes; (2) adultos devem demostrar para crianças que elas são capazes; (3) adultos
devem saber escutar, apoiar. Intervir; (4) a criança pequena também deve construir seus
projetos; (5) as escolas devem ser espaços para autonomia.
Finaliza sua fala apresentando a importância da Documentação Pedagógica como forma de
registro do professor e da própria criança “para que ela possa acompanhar seu
desenvolvimento”. Cita os exemplos de semanário e relatórios descritivos. Situa que
questões que considera norteadores na documentação pedagógica: “Quais os interesses
dos bebês e das crianças? Que teorias meninos e meninas elaboram? Como ampliar a as
experiências com as diferentes linguagens? Como constroem suas culturas de pares e com
os adultos? O que as crianças pensam sobre a EI?”
Maria Vinuesa – Asociación de Maestros Rosa Sensat
Agradece o convite e sente-se honrada em contribuir nesse diálogo com a experiência de
formação continuada da Associação. Inicia a fala situando brevemente a história da
Associación Rosa Sensat. Em seguida comenta de como funciona a organização curricular
da Educação Infantil da Catalunha, basicamente: existe uma proposta estatal mas que
permite que as comunidades possamconstruir propostas próprias. Cita que a Espanha vive
um resultado de anos de desvalorização da educação e ainda neste cenário menciona a
presença do setor privado, que “com uma visão neoliberal de educação vem propondo
praticas muito pouco adequadas com matérias prontos, etc”
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Dá continuidade discutindo a participação e protagonismo das crianças no trabalho
pedagógico: “Deixamos que eles opinem sobre como os avaliamos? Buscamos a coerência
do que planejamos e do que fazemos? Não formaremos crianças críticas e com opiniões se
elas não têm espaço para dar opiniões.”
Para ela “A escola é uma instituição democrática, é o lugar para vivências e
experiências.Temos que criar condições idôneas para que se possam criar essas
experiências múltiplas para as crianças. Uma das potencialidades da educação é que as
crianças aprendem, nós temos que ensinar menos para que as crianças possam aprender
mais. Ensinar e aprender podem ser mesma palavra. Nós criamos duas palavras porque
achamos que são duas coisas distintas.”
Situa ainda que “na Catalunha os direitos das crianças não têm destaque nas escolas.
Existe um grande desconhecimento de quais são os direitos das crianças. Para superar
esse desafio o trabalho em rede e a relação com outras pessoas que têm realidades
distintas nos ajuda a pensar e transformar escolas.”
Apresenta o risco de entendermos “a inovação pela inovação”, segunda ela “a inovação tem
que vir acompanhada da reflexão pedagógica e de rigor no planejamento”. Para ela “O
coletivo que trabalha mais para qualidade são as professoras da EI. “Graças a suas doçura
e persistência conseguem uma pratica diferenciada. Ser autêntico pode ser visto pelos “de
cima” como libertação. É preciso o rompimento com as praticas e escolhas pouco refletidas”.
Para ela “qualquer momento da EI deve fazer sentido: Comer, dormir, desenhar, etc.” E o
que vivemos hoje é o fato da formação não ter nada haver com as crianças e suas
práticas.Por isso precisamos investir em formações que busquem o respeito à criança.
A partir dessas reflexões ela apresenta rapidamente um conjunto de imagens que
exemplificam Experiências das crianças em diferentes escolas. Com base nas imagens
aponta alguns princípios para o trabalho: (1) A crianças tem contato com diferentes
materiais; (2) O trabalho do professor é organizar os espaços para que nesses espaços haja
aprendizagens; (3) as crianças precisam viver desafios autônomos. “Não depender do
adulto, buscar colaboração dos companheiros, utilizar materiais de maneira autônoma,
responsabiliza-se por suas decisões”. (4) o papel do adulto é fundamental, mas não é dizer
o que fazer. “É acompanhar, construir hipóteses juntamente com as crianças. O professor
tem que se acostumar a fazer perguntas. Há inclusive um certo desconforto porque as
crianças não estão acostumadas a escolher”. (5) Pode-se mesclar as idades. As crianças
experimentam e exploram, interagem aí vem a observação e em que momento está a
criança”.
Especialmente sobre as experiências em bibliotecas ela aponta tais espaços “tem que ser
agradáveis, tem que tem uma estética. Os livros têm informações, contribuem para que s
crianças tenham interesse pela leitura e pela escrita. Mas elas também são espaços de
construção simbólica.
Ela chama atenção, com base nas imagens, para construção nas escolas de Espaços de
experimentação: com água, terra, etc. Eles ajudam as crianças a respeitar o entorno natural,
entender o processo de crescimento de uma planta etc.
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Aponta ainda breves considerações, a partir de diferentes imaginas, sobre o trabalho com
músicas, diferentes oficinas, relações com as famílias, e chama atenção em com o pátio é
um espaçode relação.
Por fim, chama atenção para os projetos de trabalho como estratégia privilegiada. “É
importante a escuta do professor e o aproveitamento das pequenas experiências que as
crianças vivem. Projetos surgem pelo interesses das crianças ou propostas dos
professores.”
Descreve brevemente como são construídos os projetos e aponta que nas escolas não há
materiais didáticos prontos e
tudo que se utiliza são livros ou a internet.
Afirma que as principais Influências teóricas Pikler-Lócsy e Malaguzzi e que é fundamental
que exista espaço para o debate pedagógico é difícil chegar a um grau denso de discussão,
talvez na Espanha os professores tenham encontrado o lugar de refletir com os
companheiros.”
Com base na fala da professora foi possível fazer um breve debate do qual participaram:
Zilma Ramos, Maria Carmem, Ordalia Almeida, Paulo Fochi. Basicamente o grupo destacou
a qualidade do trabalho em Rosa Sensat ressaltando que no Brasil temos um problema nas
metodologias de formação e que precisamos criar uma nova cultura de formação inicial das
Universidades. Destacou-se ainda os desafios na docência com bebês e necessidade de
pensarmos essas mudanças a partir da necessidade das crianças. Outro ponto colocado foi
a importância das condições de trabalho para o professor, entendido como chave para
superação das atuais dificuldades.
Maria Vinuesa – Encerra o debate destacando a observação como parte fundamenta da
atuação do professor. Exemplificou ainda que as escolas na Espanha também vivem
disputas culturais e intolerância e que na Educação Infantil, graças à maneira como os
professores acolherem esse tema foi feito um trabalho que contribui para não haver uma
ruptura social.
Dia 21/08/2015
9h30 – Mesa Redonda “A cooperação da OEI no campo da educação infantil: situação e
perspectivas de trabalho” – Carlos Abicalil - OEI/Madri e Maria Carmem Silveira Barbosa.
Coordenação: Adriana Weska
Maria Carmem - Inicia sua fala pontuando brevemente a história da Asociación de Maestros
Rosa Sensat (origem, perspectivas, concepções) e apresentando a revista Infância Latino
Americana. Situa a revista e seu papel na construção de redes afirmando que “a revista
assume importância, também pela sua capilaridade e seu papel integrativo no Equador,
Uruguai. Paraguai etc”. Em seguida menciona alguns temas da revista e aponta os desafios
de garantir impressão e a tradução.
Rita Coelho – Ressalta a representatividade do grupo presente, menciona os desafios
colocados para o fortalecimento das Políticas de Educação Infantil e apresenta a expectativa
de uma cooperação técnica com a OEI envolvendo uma ação sistemática com a rede de
São Paulo, a UFRGS e o MEC/SEB.
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Carlos Abicalil - Destaca o papel da OEI e sua atuação em rede, inclusive com os países de
língua portuguesa na África, similar e convergente com aquela proposta pela Reunião.
Mencionou a convergência e associação da OEI com o Unicef e a Unesco, do grupo das
Nações Unidas e destacou a questão maior do direito à educação, inclusive da educação na
primeira infância, bandeira da Organização. O documento Metas Educativas 2021 da OEI
reafirma esse direito ao dedicar uma meta específica a esse nível de ensino e outra à
formação docente. Citou que o Centro de Altos Estudos Universitários da OEI (CAEU),
voltado para a formação profissional, contar com programa de formação docente na
educação infantil, cuja oferta já abrangeu 12 mil docentes ibero-americanos. Mencionou a
recente criação, pela OEI, do Instituto para a Primeira Infância no Chile, a ser consolidado
ainda em 2015.
Segundo ele “São Paulo tem prerrogativa prioritária”, pelo tamanho e diversidade da rede de
ensino, e pelas boas práticas que vem implementando. Manifesta interesse na parceria e
entende que esse é papel da OEI, no âmbito especifico do Brasil, tendo em vista a meta do
PNE que aponta para obrigatoriedade de atendimento às crianças de 4 e 5 anos e do foco
da Organização em apoiar as políticas públicas com vistas ao pleno êxito e efetivação das
ações governamentais.
Valoriza a natureza do grupo e a qualificação dos presentes e seu papel na decisão e
construção da política nacional. Destaca a importância da parceria proposta sobretudo pelo
risco de retração de decisões políticas internacionais no âmbito da ONU em relação ao
direito à educação, ao excluir a primeira infância desse direito.
Encerra afirmando seu compromisso e interesse na parceria e o papel da OEI nas políticas
de Educação Infantil na América Central e América do Sul.
Adriana Weska - Ressalta a importância do evento que está sendo organizado para
acontecer em São Paulo em 2016 e sugere que o coletivo presente fortaleça a aproximação
com a experiência da Asociación Rosa Sensat.
Rita Coelho - Indica que irá trabalhar no andamento do Projeto de Cooperação Técnica a
ser estabelecido pela SEB e OEI, cujas ações previstas serão implementadas em parceria
com instâncias de grande representatividade no Brasil, como o Movimentos Inter fóruns de
Educação Infantil, a Rede Nacional Primeira Infância e as Universidades Públicas. Se
manifesta confiante no apoio e sugere como interlocutores do desenho do escopo dessa
parceria a Prof. Maria Carmen, na interlocução com as universidades, Sonia Valverde, pelo
município de São Paulo, Adriana Weska e Claudia Baena, pela OEI.
Carlos Abicalil - Agradece os presentes, reafirma o compromisso da parceria e ressalta o
risco de retrocesso eminente na Educação Infantil dada a crise econômica internacional, que
se reflete nos orçamentos públicos. Reafirma a pertinência da celebração de Acordo de
Cooperação entre a OEI, a UFRGS, a Associació Rosa sensat e a Prefeitura de São Paulo.
Sugere também a articulação com o Instituto da OEI no Chile nessa parceria.
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COORDENAÇÃO-GERAL DE EDUCAÇÃO INFANTIL
Adriana Weska- Ressalta a importância desse trabalho e avalia a possibilidade
estabelecimento de parceria concreta até dezembro do corrente ano.
Rita Coelho - Agrade a Claudia Baena e aos parceiros que tornaram possível tão importante
intercâmbio e aponta o desafio da construção de proposta concreta de cooperação técnica e
o papel de cada instituição envolvida.
Sonia Valverde - Agradece a oportunidade e ressalta a importância do intercâmbio. Para ela
“a concepção de criança e infância e o trabalho de Rosa Sensat vão contribuir muitíssimo
com as ações da Rede Municipal de São Paulo, que é imensa, complexa e diversa.
Marcia Oliveira – Destaca que a UNDIME tem dedicado seus esforços para qualificar o perfil
dos dirigentes municipais, dando a eles elementos para que tenham como prioridade uma
oferta de EI de qualidade. A situação da obrigatoriedade de inclusão de crianças de 4 e 5
anos é um dos principais desafios atuais e ressalta a importância desse trabalho na
superação desse desafio.
Rita Coelho –Esclarece que muitas vezes os municípios precarizam o direito a Educação
Infantil (por exemplo, quando abrem concurso para profissionais pouco qualificados). “As
metas de universalização da pré-escola e de atendimento de 50% da população de 0 a 3
anos não pode ser interpretadas de forma burocrática, rígida. Cada município deve
apresentar sua meta, em um processo de negociação democrática” que considere as reais
condições do orçamento, da rede física, do quadro de recursos humanos. Destaca ainda
que a judicialização da educação precisa avançar na perspectiva de tratar a educação
infantil como um direito coletivo.
Maria Carmem - Indica apresenta a página da Asociación de Maestros Rosa Sensat e
alguns materiais nelas disponibilizados.
12h30 – Encaminhamentos – Levindo Diniz Carvalho (relator)
Encerradas as discussões, o relator apresentou brevemente o formato que foi construído
para memória da reunião e os presentes construíram coletivamente os seguintes
encaminhamentos:
Encaminhamentos relativos a discussão da Base Nacional Comum para Educação Infantil:
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Realizar reunião da equipe de consultores com equipe da SECADI para discussão da
dimensão da diversidade na BNCEI (indígena, étnico racial e educação especial).
Enviar texto preliminar para leitura e sugestão do grupo. (Dentre os presentes
manifestaram disponibilidade para leitura: Ivone Garcia, Lenira Haddad, Ordália
Almeida, Levindo Carvalho, Peterson Silva, Beatriz Abuchain, Tacyana Ramos,
Aparecida Peres, Bruna Ribeiro, Ana Paula Melim, Ligia Aquino).
Repensar a denominação “contextos de experiência”/“campos de experiência”.
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Repensar as denominações “Linguagem oral e escrita” e “ Natureza e Sociedade”
Repensar os direitos de aprendizagem propostos buscando sua articulação com os
Campos de Experiências.
Buscar maior relação entre o documento da BNCEIe as DCNEI tendo em conta a
frágil implementação das DCNEI e a necessidade de correspondência entre os dois
documentos.
Encaminhamentos em relação a cooperação técnica MEC/OEI:
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Compromisso da OEI-Madrid de fortalecer a atuação na rede Latino-Americana de
Educação Infantil. Elaboração de minuta de Termo de Cooperação Técnica e apoio à
realização de um encontro no município de São Paulo.
Responsáveis pelo desenho técnico da cooperação - Maria Carmem Barbosa e
Claudia Baena.
Elaboração de um resumo executivo da cooperação por parte da OEI, a ser incluído
no termo de cooperação – Claudia Baena.
Desenhar uma proposta preliminar para o encontro no município de São Paulo Sonia Larrubia.
Buscar articulação da Campanha Latino-Americana pelo Direito à Educação – Clade.
Brasília, 21 de agosto de 2015.
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Reunião Técnica: “O cotidiano dos bebês e das crianças