Capítulo 5 - Dimensionamento : Estados Limites Últimos
116
5.5 Ligações
A madeira por ser um material de origem natural, nem sempre permite a
obtenção de peças com dimensões e formas geométricas desejadas, de modo que
possibilite utilizá-las estruturalmente. Por isso, a ligação entre elementos estruturais
é um dos aspectos que mais ocupa a atenção dos projetistas de estruturas de
madeira, pois, trata-se de um dos pontos de partida para a concepção da geometria
da estrutura.
De acordo com as prescrições da NBR 7190/97, as ligações mecânicas entre
elementos de madeira podem ser feitas segundo três tipos de dispositivos, isto é,
pinos metálicos (pregos e parafusos), cavilhas (pinos de madeira torneados) e
conectores metálicos (anéis metálicos e chapas com dentes estampados).
Conforme o mesmo documento normativo, a ligação também poderá ser executada
com cola, porém, com algumas restrições (ver a seguir).
Além das ligações entre peças de madeira, a NBR 7190/97 permite a união
entre madeira e aço, porém, a segurança dos elementos de aço deve ser verificada
de acordo com a NBR 8800/86 - “Projeto e execução de estruturas de aço de
edifícios.
Para que a ligação seja segura e, conseqüentemente, haja continuidade entre
elementos estruturais de madeira, deve-se evitar o estado limite último por
deficiência do material. Para tanto, verifica-se a resistência do elemento estrutural
de madeira, bem como dos dispositivos de ligação. Em geral, o dimensionamento da
ligação deve obedecer a seguinte condição de segurança,
Sd  Rd .................................................(5.58)
Onde,
*Sd: valor de cálculo das solicitações;
*Rd: valor de cálculo da resistência dos elementos de ligação considerados.
5.5.1 Ligações com pinos
5.5.1.1 Ligações com pinos metálicos
Segundo as recomendações normativas, não deve-se empregar apenas um
pino metálico na ligação entre elementos estruturais. Tal fato se deve à segurança e
a uma melhor distribuição de esforços na região da ligação. Visando ainda promover
maior segurança, a NBR 7190/97 prescreve em seus itens 8.3.2 e 8.3.3, a
Capítulo 5 - Dimensionamento : Estados Limites Últimos
117
obrigatoriedade da pré-furação da peça de madeira em casos de ligações pregadas
e parafusadas, respectivamente.
Nas ligações pregadas, o diâmetro da pré-furação (d0) deve-se respeitar as
condições de segurança a seguir,
*Coníferas: d0  0,85def ;
*Dicotiledôneas: d0  0,98def .
Onde,
*def: diâmetro efetivo dos pregos.
Nestas ligações, o objetivo principal da pré-furação é diminuir o risco de
ocorrência de fendilhamento. Em estruturas provisórias, permite-se a execução de
ligações com pregos sem que haja uma pré-furação da peça. Para isso, é
necessário verificar as seguintes condições:
*espécie de madeira com densidade aparente não superior a 600 kg/m 3;
*diâmetro efetivo (def )do prego menor ou igual a 1/6 da espessura da madeira mais
delgada;
*espaçamento mínimo de 10 vezes o diâmetro efetivo (d ef).
Os elementos estruturais de madeira ligados através de parafusos também
devem ser previamente furados, porém, diferentemente das uniões pregadas. Este
procedimento tem o intuito de facilitar a colocação dos disposotivos e, para tornar a
ligação menos deformável, a pré-furação deve respeitar a condição a seguir,
d0  def  0,05mm .........................................(5.59)
5.5.1.1a Resistência dos pinos metálicos
Geralmente, a análise das ligações é dada em função da resistência de
embutimento (few,d) das peças de madeira interligadas e da resistência de
escoamento (fy,d) do pino metálico.
De acordo com a NBR 7190/97, a resistência total da ligação entre duas
peças de madeira ou entre uma peça de madeira e outra de aço, cuja quantidade de
pinos metálicos não seja superior a oito e estejam dispostos em linhas paralelas aos
esforços atuantes, é calculada pela soma algébrica das resistências de cada um dos
pinos. Porém, para uma ligação com um número de dispositivos superior ao
especificado anteriormente, admite-se que os pinos metálicos suplementares devem
118
Capítulo 5 - Dimensionamento : Estados Limites Últimos
ser considerados com apenas 2/3 de sua resistência. Neste caso, considera-se um
número convencional (n0) de pinos para o cálculo da resistência da ligação,
n0  8 
2
n  8 .............................................(5.60)
3
Para,
*n: número efetivo de pinos metálicos.
Obviamente, a resistência total da ligação no que diz respeito aos pinos
metálicos, depende da quantidade e do diâmetro dos mesmos.
Conforme as prescrições da NBR 7190/97, os pinos metálicos empregados
estruturalmente devem ser feitos de aço e respeitarem as seguintes condições:
a)Pregos
Resistência característica ao escoamento (f y,k) - valor não inferior a 600 MPa;
Diâmetro - valor mínimo de 3 milímetros.
b)Parafusos
Resistência característica ao escoamento (f y,k) - valor não inferior a 240 MPa;
Diâmetro - valor mínimo de 10 milímetros.
O valor da resistência ao embutimento dos elementos de madeira são
determinados através de ensaios padronizados especificado no Anexo B, da NBR
7190/97. Na ausência de valores experimentais específicos, a mesma norma admite
a utilização das expressões a seguir, para que tais valores sejam quantificados.
Veja:
fe 0,d  fc 0,d
..............................(5.61)
fe 90,d  fc 90,d  0,25fc 0,d e
Tendo,
*fe0,d; fe90,d: valor de cálculo da resistência ao embutimento paralelo e normal às
fibras da madeira, respectivamente;
*fc0,d; fc90,d: valor de cálculo da resistência à compressão paralela e normal às fibras
da madeira, respectivamente;
*e: coeficiente que varia em função do diâmetro do pino metálico.
Os valores do coeficiente “e” são apresentados na tabela XX.
119
Capítulo 5 - Dimensionamento : Estados Limites Últimos
TABELA 5.6 - Valores do coeficiente “e”
Diâmetro do pino
(cm)
0,62
0,95
1,25
1,6
1,9
2,2
2,5
3,1
3,8
4,4
5
7,5
Coeficiente “e”
2,5
1,95
1,68
1,52
1,41
1,33
1,27
1,19
1,14
1,1
1,07
1
Fonte: NBR7190/97
Com referência aos elementos de madeira que compõem as ligações, devese considerar a resistência acima mencionada, bem como uma espessura
convencional (t), tomando-a como sendo a menor dentre aquelas das peças unidas.
Para situações onde as ligações entre elementos estruturais são efetuadas
entre chapas de aço e peças de madeira, a determinação da resistência referente
ao contato do pino e a peça de aço deverá ser feita de acordo com os critérios
prescritos na NBR 8800/86.
De posse dos conceitos básicos, o dimensionamento das ligações
parafusadas e pregadas entre peças estruturais de madeira é realizado, tomando-se
como referência o valor de cálculo da resistência de um pino metálico,
correspondente a uma única seção transversal de corte. Para tanto, tal valor é
determinado conforme o parâmetro,

t
.................................................(5.62)
def
Sendo,
*t: espessura convencional (adotar a menor espessura das peças de madeira
interligadas);
*def: diâmetro nominal do dispositivo de ligação (pino metálico).
Como referência, estabelece-se um valor limite, ou seja,
lim  125
,
Tomando fy,d 
fy,k
s
fy,d
few,d
...........................................(5.63)
, sendo  s  110
,
Para,
*fy,k; fy,d: valor característico e de cálculo da resistência ao escoamento do pino
metálico, respectivamente;
*s: coeficiente de ponderação da resistência;
*few,d: valor de cálculo da resistência ao embutimento.
Capítulo 5 - Dimensionamento : Estados Limites Últimos
120
Observação: o valor de (few,d) deverá ser considerado em função da posição do
esforço atuante em relação às fibras, ou seja, paralelo, normal ou inclinado. Para o
último caso, emprega-se a fórmula de Hankinson.
O objetivo principal do coeficiente (lim) é quantificar teoricamente os efeitos
provocados nos componentes das ligações, ou seja, interpretar separadamente o
comportamento dos pinos metálicos e dos elementos de madeira. Em outras
palavras, tenta-se explicitar a ocorrência do embutimento na peça de madeira ou a
flexão dos pinos, decorrente da introdução de esforços. Para exemplificar, tem-se os
seguintes casos:
1o Caso
Considerando uma ligação com pino metálico de pequeno diâmetro (prego de
3 milímetros ou parafuso de 10 milímetros) e madeira com elevada resistência ao
embutimento (Ipê, Jatobá, Maçaranduba, Sucupira, Tatajuba, Angelim Ferro,
algumas espécies de Eucalipto, entre outras), verifica-se a tendência da flexão do
pino metálico.
2o Caso
Considerando uma ligação com pino metálico de grande diâmetro (prego de
6,4 milímetros ou parafuso de 16 milímetros) e madeira com baixa resistência ao
embutimento (pinho do Paraná, Quarubarana, Cedro Doce, algumas espécies de
Eucalipto, Pinus spp, entre outras), verifica-se a tendência de embutimento na
madeira.
Portanto, com base em tais parâmetros, isto é, os coeficientes () e (lim),
calcula-se o valor de cálculo da resistência de um pino (Rvd,1), correspondente a
uma seção de corte. De acordo com as condições abaixo, tem-se,
1a Condição - Embutimento na madeira (lim)
t2
Rvd,1  0,40 few,d .......................................(5.64)

2a Condição - Flexão no pino metálico (lim)
Rvd,1  0,625
d2
f com   lim  ...........................(5.65)
lim y,d
121
Capítulo 5 - Dimensionamento : Estados Limites Últimos
“t” é o menor
valor entre “t1”
e “t2”
(“t4” < “t2”)
“t” é o menor
valor entre “t1”
e “t2”
(“t4” = “t2”)
“t” é o menor
valor entre “t1”
e “t2”
Parafusos (“t”  2def)
Pregos (“t4”  12def)
FIGURA 5.19 - Ligação com pinos metálicos em corte simples
Para situações onde há ligações entre elementos estruturais de madeira e de
aço, deve-se fazer duas verificações:
a)Considerar o efeito do pino metálico na madeira, seguindo as mesmas condições
estabelecidas anteriormente;
b)Considerar o efeito do pino metálico na chapa de aço, seguindo as
recomendações da NBR 8800/86.
Assim sendo, o valor de cálculo da resistência (Rvd,1) de um pino metálico,
correspondente a uma seção de corte entre uma peça de madeira e uma de aço, é
determinada pela menor entre os dois valores obtidos, conforme as verificações
acima mencionadas.
Parafusos (“t”  2def)
Pregos
(“t4”  12def)
ou
(“t4” = “t2”)
FIGURA 5.20 - Ligação com pino metálico entre peça de madeira e chapa de aço
Para os casos de ligações entre peças de madeira e pinos metálicos
submetidos a corte duplo, como mostrado na figura (21), aplicam-se os mesmos
critérios anteriores.
122
Capítulo 5 - Dimensionamento : Estados Limites Últimos
Para tanto, considera-se a espessura convencional (t) como sendo o menor
valor dentre a condição a seguir:
 t1

t
t   2 ..................................................(5.66)
2
t 3
(“t4” < “t3”)
(“t4” = “t3”)
Pregos
(“t4”  12def)
Parafusos (“t”  2def)
FIGURA 5.21 - Ligação com pinos metálicos em corte duplo
Segundo a NBR 7190/97, algumas recomendações construtivas devem ser
respeitadas:
a)Ligações parafusadas
-O diâmetro nominal (def) do parafuso não deve ser superior à metade da
espessura convencional (t), isto é, def 
t
;
2
b)Ligações pregadas
-O diâmetro nominal (def) do prego não deve ser superior à 1/5 da espessura
t
convencional (t), isto é, def 
5
t
-Será permitido adotar a relação def  , desde que, o diâmetro da pré-furação (d0)
4
seja igual ao diâmetro efetivo do prego, ou seja, d0  def ;
-Em ligações localizadas, a penetração (p) da ponta do prego na peça de madeira
mais distante de sua cabeça deve ser no mínimo doze vezes o seu diâmetro ou
igual à espessura desta peça,
p  12def ou p  t 2 ........................................(5.67)
123
Capítulo 5 - Dimensionamento : Estados Limites Últimos
-Em ligações corridas, esta penetração pode ser igual ao valor de (t 1), ou seja,
p  t1 .
5.5.1.2 Ligações com pinos de madeira (cavilhas)
Cavilhas são elementos de ligação feitos de madeira torneada e devem ter
resistência compatível à classe C-60. Tais dispositivos, porém, podem ser
executadas com madeiras com densidade aparente não superior a 600 kg/m 3,
desde que haja a impregnação das mesmas. O efeito da impregnação deve
proporcionar o acréscimo da resistência das cavilhas, de tal modo que atinjam
valores equivalentes aquelas pertencentes à classe C-60.
De acordo com a NBR 7190/97, admite-se para o emprego estrutural,
somente as cavilhas com diâmetros de 16, 18 e 20 milímetros.
Conforme
especificado
para
as
ligações
com
pinos
metálicos,
o
posicionamento das cavilhas é feito a partir da pré-furação das peças de madeira e,
tais furos devem ter o mesmo diâmetro nominal das cavilhas, isto é, d0  def .
5.5.1.2.a Resistência dos pinos de madeira (cavilhas)
O valor de cálculo da resistência (Rvd,1) de uma cavilha, correspondente a
uma seção de corte entre duas peças de madeira, é determinada com base nos
valores a seguir:
*Resistência à compressão normal às fibras (fc90,d) da cavilha, considerando o efeito
do esmagamento;
*Resistência à compressão paralela às fibras (f c0,d) da cavilha, considerando o efeito
da flexão.
Além da dependência das propriedades de resistência, é de fundamental
importância o conhecimento de duas grandezas geométricas, isto é, o diâmetro
nominal (def) das cavilhas e a espessura convencional (t) das peças de madeira
interligadas. Entre as duas espessuras, (t1) e (t2), adota-se o menor valor.
Vale ressaltar que, segundo as recomendações da NBR 7190/97, as cavilhas
em corte simples podem ser utilizadas apenas em ligações secundárias. Desta
forma, implicitamente, permite-se o emprego destes dispositivos somente em corte
124
Capítulo 5 - Dimensionamento : Estados Limites Últimos
duplo. Neste caso, para a obtenção da espessura convencional (t), aplica-se as
mesmas considerações apresentadas na equação (5.66).
Portanto, a resistência de cálculo (Rvd,1) da cavilha, considerando apenas
uma seção transversal de corte, é dada conforme duas condições:
1a Condição - Esmagamento da cavilha (lim)
Rvd,1  0,40
t2
....................................(5.68)
f
 c90,d,cav
a
2 Condição - Flexão na cavilha (lim)
d2
com   lim  ......................(5.69)
Rvd,1  040
f
lim c0,d,cav
Sabendo-se que,
*: coeficiente que relaciona a espessura convencional (t) e o diâmetro nominal (def)
da cavilha;
*lim: valor que define teoricamente o efeito de esmagamento ou flexão sobre as
cavilhas e, determina-se conforme a expressão abaixo,
lim 
fc 0,d,cav
fc 90,d,cav
.............................................(5.70)
Tendo,
*fc0,d,cav; fc90,d,cav: valor de cálculo da resistência à compressão paralela e normal às
fibras da cavilha, respectivamente.
FIGURA 5.22 - Ligação com cavilhas
Capítulo 5 - Dimensionamento : Estados Limites Últimos
125
5.5.1.3 Espaçamentos em ligações com pinos (pregos com pré-furação,
parafusos e cavilhas)
Os espaçamentos(e) mínimos recomendados pela NBR 7190/97 são:
a)Distância entre o centro de dois pinos situados em uma mesma linha paralela à
direção das fibras:
-Pregos, parafusos ajustados e cavilhas: espaçamento não inferior a seis
vezes o diâmetro efetivo dos pinos, isto é, e  6def ;
-Parafusos (com folga): espaçamento não inferior a quatro vezes o diâmetro
efetivo dos pinos, isto é, e  4def .
b)Distância entre o centro do último pino à extremidade de peças tracionadas:
-Pregos, parafusos ajustados, parafusos (sem folga) e cavilhas: espaçamento
não inferior a sete vezes o diâmetro efetivo dos pinos, isto é, e  7def .
c)Distância entre o centro do último pino à extremidade de peças comprimidas:
-Pregos, parafusos ajustados, parafusos (sem folga) e cavilhas: espaçamento
não inferior a quatro vezes o diâmetro efetivo dos pinos, isto é, e  4def .
d)Distância entre o centro de dois pinos situados em duas linhas paralelas à direção
das fibras, medida perpendicularmente às fibras:
-Pregos, parafusos ajustados, parafusos (sem folga) e cavilhas: espaçamento
não inferior a três vezes o diâmetro efetivo dos pinos, isto é, e  3def .
e)Distância entre o centro de qualquer pino à borda lateral da peça, medida
perpendicularmente às fibras, quando o esforço atuante for paralelo às fibras da
madeira: espaçamento não inferior a uma e meia vez o diâmetro efetivo dos pinos,
isto é, e  15
, def .
f)Distância entre o centro de qualquer pino à borda lateral da peça, medida
perpendicularmente às fibras, quando o esforço atuante for normal às fibras da
madeira, do lado onde atuam tensões normal de tração: espaçamento não inferior a
uma e meia vez vez o diâmetro efetivo dos pinos, isto é, e  15
, def .
g)Distância entre o centro de qualquer pino à borda lateral da peça, medida
perpendicularmente às fibras, quando o esforço atuante for normal às fibras da
madeira, do lado onde atuam tensões normal de compressão: espaçamento não
inferior a quatro vezes o diâmetro efetivo dos pinos, isto é, e  4def .
126
Capítulo 5 - Dimensionamento : Estados Limites Últimos
Pregos, parafusos
ajustados e cavilhas
(n=6)
Parafuso (com folga)
(n=4)
FIGURA 5.23 - Espaçamentos em ligações com pinos
5.5.1.4 Cuidados especiais
No decorrer da elaboração dos cálculos e dos detalhes construtivos, certos
cuidados devem ser tomados, de modo a não comprometer a vida útil da estrutura.
A seguir, relata-se os mais importantes:
a)No dimensionamento das ligações não é permitido considerar o acréscimo de
resistência introduzido pelo atrito entre os pinos e as paredes dos furos e nem pela
possível presença de grampos, braçadeiras ou estribos;
b)A pré-furação, bem como os espaçamentos especificados pelo documento
normativo vigente, devem ser rigorosamente respeitados, com a finalidade de evitar
o fendilhamento da madeira em virtude da ação dos dispositivos de ligação;
c)Para evitar a ruptura por tração normal às fibras em regiões de ligações
localizadas, faz-se a seguinte verificação:
vd 
2
b tf .............................................(5.71)
3 e v 0,d
Onde,
*Vd: esforço cortante fictício determinado por
V1  V2  F sen
*be: distância do eixo do pino mais afastado até a borda do lado da solicitação,
be 
h
2
Capítulo 5 - Dimensionamento : Estados Limites Últimos
127
*t; h: espessura e altura da peça solicitada à tração normal às fibras
respectivamente;
*fv0,d: valor de cálculo da resistência ao cisalhamento paralelo às fibras da madeira;
*: ângulo formado entre a linha de ação da força (F) e a direção das fibras.
FIGURA 5.24 - Detalhe - verificação para evitar tração normal às fibras
d)Quando ocorrer ligações excêntricas, deve-se considerar as seguintes tensões:
-tensões decorrentes dos esforços axiais nas peças unidas;
-tensões devidas aos binários atuantes no plano da ligação, oriundos das
excentricidades existentes entre os eixos mecânicos das peças interligadas e o
centro de rotação da união.
5.5.2 Ligações com conectores metálicos
5.5.2.1 Ligações com anéis metálicos
Tais conectores, são elementos ocos de aço com formato cilíndrico,
semelhantes a um pedaço de tubo (cano), denominados por anéis metálicos. Desta
forma, os parâmetros que os caracterizam são o comprimento, o diâmetro e a
espessura da parede. As verificações inerentes aos dispositivos de ligação são
submetidos as recomendações da NBR 8800/86.
De acordo com as recomendações da NBR 7190/97, admite-se o emprego
estrutural para os anéis metálicos que possuem as seguintes dimensões:
a)Dispositivos com diâmetro interno de 64 milímetros (acompanhados com um
parafuso central de montagem de 12 milímetros de diâmetro) e espessura não
inferior a 4 milímetros;
b) Dispositivos com diâmetro interno de 102 milímetros (acompanhados com um
parafuso central de montagem de 19 milímetros de diâmetro) e espessura não
inferior a 5 milímetros.
128
Capítulo 5 - Dimensionamento : Estados Limites Últimos
O parafuso inserido no furo central é usado na execução e, não é
considerado como elemento resistente para o dimensionamento da ligação.
5.5.2.1.a Resistência dos anéis metálicos
A resistência da ligação entre duas peças de madeira projetada por um anel
metálico, considerando uma seção de corte, é determinada em função da
resistência ao cisalhamento longitudinal (fv0,d) das peças interligadas. Portanto, o
valor de cálculo da resistência ao cisalhamento é dado pelo menor dos valores a
seguir,
d2
Ranel,1 
f
4 v 0,d
Ranel,2  tdfc,d ...................(5.72)
e
Tendo,
*t: profundidade de penetração em cada elemento de madeira;
*d: diâmetro interno do anel;
*fc,d: valor de cálculo da resistência à compressão inclinada às fibras da madeira.
Anel metálico
Parafuso de montagem
FIGURA 5.25 - Ligação com anéis metálicos
5.5.2.1b Espaçamentos em ligações com anéis metálicos
Os espaçamentos mínimos (e) recomendados pela NBR 7190/97 são os
seguintes:
a)Distância entre o centro de anéis na direção das fibras: espaçamento não inferior
, d.
a uma e meia vez o diâmetro efetivo dos anéis, isto é, e  15
b)Distância entre o centro de qualquer anel à extremidade de peças tracionadas
paralelamente às fibras: espaçamento não inferior a uma e meia vez o diâmetro
, d.
efetivo dos anéis, isto é, e  15
Capítulo 5 - Dimensionamento : Estados Limites Últimos
129
c)Distância entre o centro de qualquer anel à extremidade de peças comprimidas
paralelamente às fibras: espaçamento não inferior a uma vez o diâmetro efetivo dos
anéis, isto é, e  1d .
d)Distância entre o centro de qualquer anel à borda lateral: espaçamento não
inferior a três-quartos o diâmetro efetivo dos anéis, isto é, e  0,75d .
e)Distância entre o centro de qualquer anel à borda lateral da peça, medida
perpendicularmente às fibras, quando o esforço atuante for normal às fibras da
madeira, do lado onde atuam tensões normal de tração: espaçamento não inferior a
uma vez o diâmetro efetivo dos anéis, isto é, e  1d .
f)Distância entre o centro de qualquer anel à borda lateral da peça, medida
perpendicularmente às fibras, quando o esforço atuante for normal às fibras da
madeira, do lado onde atuam tensões normal de compressão: espaçamento não
inferior a três-quartos o diâmetro efetivo dos anéis, isto é, e  0,75d .
FIGURA 5.26 - Espaçamentos em ligações com anéis metálicos
5.5.2.2 Ligações com chapas com dentes estampados
As chapas com dentes estampados (CDE) são peças de aço com dentes
estampados perpendicularmente ao seu plano médio e, são fixados em ambos os
lados do elemento estrutural.
Tais chapas, atualmente, são muito empregadas e consagradas em
quaisquer tipos de estruturas treliçadas para cobertura, em particular nos países da
Capítulo 5 - Dimensionamento : Estados Limites Últimos
130
Europa, na América do Norte e na Austrália. No Brasil, devido à falta de pesquisas e
de divulgação das mesmas, sua utilização ainda não atingiu os mesmos níveis dos
parafusos de aço.
Atualmente no Brasil, sabe-se que existe estudos sobre tal assunto, porém,
não há documentos normativos que regulamentem o dimensionamento de ligações
com CDE. De maneira geral, pode-se dizer que as premissas básicas para o cálculo
destas ligações são dadas através da eficiência de cravação dos dentes das chapas
na madeira e da resistência à tração e ao cisalhamento das chapas de aço.
Para exemplificar, PINHEIRO & ROCCO LAHR (1998), verificaram que tais
dispositivos possibilitam a adoção de seções transversais mais leves e, em alguns
casos, consegue-se uma redução em até 30% no consumo total de madeira.
Quanto ao nível tecnológico, este tipo de ligação facilita a montagem e possibilita a
pré-fabricação de estruturas de madeira.
5.5.3 Ligações com cola
Segundo a NBR 7190/97, as ligações com cola devem seguir as seguintes
recomendações:
a)O emprego de cola nas ligações deve obedecer as prescrições técnicas
comprovadas e tidas como satisfatórias;
b)É permitido o uso apenas em juntas longitudinais de madeira laminada colada,
desde que a madeira tenha o teor de umidade controlado, ou seja, seca em estufa
ou ao ar livre;
c)Ao ser executada a colagem, a resistência na junta colada deve ser maior ou igual
a resistência ao cisalhamento longitudinal da madeira.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. (1997). NBR - 7190 Projetos de estruturas de madeira. Rio de Janeiro.
GANG-NAIL DO BRASIL. - Dados técnicos , 1994.
GESUALDO, F. A.R. Estruturas de madeira. Uberlândia, Universidade Federal de
Uberlândia, 1998.
Capítulo 5 - Dimensionamento : Estados Limites Últimos
131
PINHEIRO, R. V. Emprego da madeira do gênero Pinus na construção de estruturas
de cobertura. São Carlos, 1996. 163p. Dissertação (Mestrado) - Escola de
Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo.
PINHEIRO, R. V.; BARROS, O. Jr. ;ROCCO LAHR, F. A. Racionalização e avaliação
do consumo de madeira em estruturas de cobertura, quanto ao nível
tecnológico. In: ENCONTRO BRASILEIRO DE MADEIRA E ESTRUTURAS DE
MADEIRA, 6., Florianópolis, 1998. Anais. Florianópolis, Universidade Federal de
Santa Catarina, 1998. v.3, p.229-234.
PINHEIRO, R. V.; ROCCO LAHR, F. A. Emprego de espécies de madeiras
alternativas em estruturas de cobertura para construções rurais. In: II
CONGRESO INTERNACIONAL/IV CONGRESO ARGENTINO DE INGENIERÍA
RURAL, 4., Neuquem/Argentina, 1996. Anais. Neuquem/Argentina, Facultad de
Ciencias Agrarias, Universidad Nacional del Camahue, 1996.
UJVARI, W. Z. Ligações em madeira, feitas com conectores dentados “Gang-Nail”.
In: ENCONTRO BRASILEIRO DE MADEIRA E ESTRUTURAS DE MADEIRA, 1.,
São Carlos, 1983. Anais. São Carlos, Escola de Engenharia de São Carlos,
Universidade de São Paulo, 1983. Ligações p.01-25.
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