A perspectiva da formação continuada no espaço escolar
JULIANA CRISTINA*
TAYNARA GOMES**
Resumo
Este trabalho diz respeito à experiência de caracterização da Escola Estadual Prof. José da
Silveira Camerino em conjunto com a equipe do PIBID Matemática. O estudo se deu a partir de
leituras de artigos científicos que servem de fundamento à compreensão da instituição a partir da
observação e acompanhamento de suas reuniões pedagógicas, dos projetos em andamento, das suas
diversas atividades didático-pedagógicas e da interação que a mesma estabelece com a comunidade.
É pretensão de este trabalho colaborar com o funcionamento da escola, e, ao mesmo tempo, constituirse oportunidade de aprendizagem e de formação para os licenciando, futuros profissionais que atuarão
no espaço escolar trazendo as respectivas referencias da instituição e práticas vivenciadas pelos
profissionais atuantes frente a formação docente para utilização futura na profissão em que a
observação da escola frente ao programa trazem respectivas reflexões: onde a instituição está inserida,
se o aluno participa dos projetos da escola e os sujeitos que compõem a mesma na construção do
conhecimento trazendo um olhar crítico perante a sociedade e a instituição observada se auxilia na
contemplação dos saberes do aluno. Diante disso o trabalho proposto é resultado de analises
documentais que constitui o processo do bom funcionamento da instituição.
Palavras-chaves: caraterização. Espaço- escolar - Formação continuada
The prospect of continuing education at school
abstract
This work concerns the characterization of the experience of Prof. State School. José da Silveira
Camerino together with the team PIBID Mathematics. The study took place from readings of scientific articles that form the basis for understanding the institution from observation and monitoring of
their pedagogical meetings, ongoing projects, their various didactic and pedagogical activities and
interactions that it establishes with the community. Intention of this work is to collaborate with the
school run, and at the same time, be a learning opportunity and training for undergraduates, future
professionals who will work at school.
Keywords: characterization - space - School - Training - continued
Introdução
É inegável a importância da formação de vínculos entre a comunidade escolar formada por
pais e por aqueles que, de algum modo, participam da vida do aluno ou fazem parte do entorno da
escola. Isso se dá porque a existência de tais vínculos suscita nesta comunidade uma relação de
pertencimento em relação à escola, fazendo com que a reconheçam como elemento integrante dela,
essencial à sua sobrevivência, através da qual pode assegurar aos seus filhos o acesso à cultura, ao
conhecimento, tornando-se, portanto, porta de acesso para uma vida produtiva e garantia de um futuro
melhor.
Não há polêmica nem divergência em relação à importância dessa participação, pois nas
sociedades mais evoluídas está demonstrado que esse foi o caminho trilhado para se alcançar a
qualidade na e da educação. Quanto mais próxima da escola, a comunidade torna-se mais vigilante e
exigente no acompanhamento das ações por ela realizadas e, mais do que isso, ela se torna partícipe
do processo educacional, desempenhando importante papel, tanto objetivamente na realização
concreta de ações, quanto atuando no nível simbólico, passando para os alunos a mensagem
fundamental de importância da escola como um dos maiores bens que uma sociedade possui, de que
ela é em si algo de valor inegociável para aquela coletividade. Talvez seja este o maior e melhor efeito
dessa participação da comunidade na vida da escola.
Nesse sentido, Gandim (2002, p. 56) afirma que:
A participação é, do ponto de vista metodológico e para quem pensa em uma
sociedade com justiça social, uma das grandes questões do mundo atual:
todos nela falam todos a desejam. Qualquer cidadão, incluindo políticos,
religiosos, empresários, filósofos, educadores [...] vão estar de acordo sobre
a necessidade de participação. Mais significativo ainda é o fato de que essa
concordância de todos independe da tendência política, da ideologia ou das
crenças das pessoas envolvidas.
1. Caracterização da escola.
Nessa perspectiva, a realidade escolar aparece mediada, no
cotidiano, pela apropriação, elaboração, reelaboração ou repulsa
expressas pelos sujeitos sociais (Ezpeleta & Rockwell,1986).
A caracterização da escola decorreu, em um primeiro momento, da leitura de documentos que
consubstanciam o trabalho da instituição, a partir dos quais pôde-se observar o seu funcionamento
em anos anteriores. Essa análise possibilitou a verificação de que ocorreram várias reformulações que,
via de regra, são determinações da Secretaria Estadual de Educação, a quem compete organicamente
nortear as ações e políticas de ensino na Rede pública do estado de Alagoas. Nem sempre, portanto,
essas reformulações passam pelo crivo de aceitação da escola, cabendo a esta apenas executar o que
foi decidido pelo órgão gestor hierarquicamente superior. Cabe salientar que tais reformulações não
são pequenas ou simples e produzem grandes impactos no cotidiano da instituição, uma vez que
algumas propostas diz respeito, inclusive, à mudança de matriz curricular no andamento do ano letivo.
Apesar de tais reformulações, a escola enfrenta o desafio de se estruturar em torno da ideia de
desenvolver alguns projetos didático-pedagógicos, que se constituem referência para a execução de
outras tantas ações. Para isso, há um projeto referencial denominado VIDA ESPORTE E CULTURA,
que tem como objetivo buscar meios que visem à redução da evasão escolar, trazendo para o cotidiano
escolar a discussão sobre cidadania, e a realização de atividades que desenvolvam o gosto pelo esporte,
como também o incentivo à cultura, como ferramentas privilegiadas para promover o gosto pela
escola, fortalecendo os vínculos entre alunos, professores e a comunidade.
Como atividades complementares à ideia fundante desse projeto, é oferecida a oportunidade
de aulas de reforço de Língua Portuguesa e Matemática, tendo em vista a minimização das
dificuldades apresentadas pelos alunos dos 6º ao 9ºs anos do Ensino Fundamental, no que tange ao
domínio das habilidades de leitura e de cálculo matemático. Para tanto, a escola possui em sua
estrutura física um laboratório de ensino matemático cuja utilização ainda é precária. Esse
equipamento é importante, pois, se bem utilizado, pode contribuir, na visão de Lorenzato (2006), para
desempenhar várias funções, dependendo do objetivo a que se prestam: apresentar um assunto,
motivar os alunos, auxiliar a memorização de resultados e facilitar a redescoberta. O laboratório, com
o conjunto de materiais práticos de que dispõe constitui-se ferramenta prática para o aprofundamento
de conteúdos explanados em sala de aula.
Por óbvio que tal contribuição só ocorrerá se observadas algumas condições, pois é essencial
que além da disponibilização de materiais, também os professores saibam como utilizar os materiais.
Nesse contexto, o laboratório se insere como o locus de apoio às atividades desenvolvidas em sala de
aula, trazendo, aqui, o que (LORENZATO, 2006, p. 18) assevera em relação a material didático:
“qualquer instrumento útil ao processo de ensino e aprendizagem”. Entram, nessa definição, como o
giz, calculadora, jogos, cartaz, caderno, caneta e etc. Em meio a essa variedade de materiais, o autor
destaca, em especial, o material didático concreto que, de acordo com ele, pode ter duas interpretações:
“uma delas refere-se ao palpável, manipulável e a outra, mais ampla, inclui também imagens gráficas”.
(LORENZATO, 2006, p. 22-23).
Ainda com vistas à caracterização da escola, destaca-se também que a mesma firmou parceria
com outras instituições de ensino a exemplo do IFAL, através do PIBID, Licenciatura em Matemática
e Biologia e CESMAC com o curso de Psicologia na tentativa de assegurar educação de qualidade e
abrigar novos projetos transformando o ambiente educacional e proporcionando aos alunos melhorias
na formação escolar, trazendo atividades práticas com materiais manipuláveis para seu cotidiano e
incentivo pelas respectivas profissões.
O trabalho de acompanhamento nos departamentos, feito ainda de forma tímida pela
coordenação pedagógica, dada as dificuldades apresentadas, sobretudo em relação à rotatividade de
professores, constitui-se importante instrumento de enfrentamento na busca de alternativas que
possam contribuir para melhorar as condições internas da escola, suas relações e seu desempenho nos
âmbitos pedagógicos, administrativo e infra estrutural. Este esforço se fundamenta na perspectiva
apontada por Thompson (1981), “é a experiência vivida que permite apreender a história como fruto da
ação dos sujeitos”.
O perfil da escola e sua consequente caracterização foi realizada através de levantamento de
dados coletados com alunos, professores e gestores a partir dos quais pretende-se contribuir de alguma
forma para continuidade do funcionamento da instituição, observando concepções, posturas e
opiniões. A pretensão é coletar informações para que se possa compreender as verdadeiras razões de
fenômenos como evasão e retenção escolar.
Houve o registro por parte desse estudo de que é urgentemente necessário o envolvimento do
conjunto de professores como também da coordenação pedagógica para alcançar os principais
objetivos da escola.
2. PIBID Como Referência no Ensino da Matemática
O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência existe para propiciar aos
licenciados, que serão os futuros docentes, a oportunidade de conviver e vivenciar o cotidiano escolar,
observando todos os aspectos que envolvem a prática pedagógica, desde a dimensão infra estrutural
e administrativa até a pedagógica. O referido Programa parte da visão de que esses futuros docentes
conhecendo e se aproximando do cotidiano escolar desenvolvem concepções, posturas e condutas
que servirão como ferramenta de atuação quando da sua prática profissional, devendo constituir-se
profissionais diferenciados. O Programa também favorece a busca, por parte dos alunos envolvidos,
de alternativas para tornar mais atrativo o ensino da Matemática, experimentando práticas inovadoras
de aprendizagem, contribuindo para suscitar nos alunos da escola outro sentimento diferente daquele
que costuma povoar os corações de parte significativa do alunado quando se trata da disciplina de
Matemática.
A importância de tal equipamento é demonstrada no dizer de Lorenzato (2006), segundo o qual:
os materiais didáticos podem desempenhar várias funções, dependendo do objetivo a
que se prestam: apresentar um assunto, motivar os alunos, auxiliar a memorização de
resultados e facilitar a redescoberta.
A escola Prof. José da Silveira Camerino, como já foi neste breve estudo ressaltado possui em
sua estrutura um laboratório de Matemática, dotado de materiais que favorecem o ensino dessa
disciplina em uma perspectiva mais prática, proporcionando ao aluno o exercício do raciocínio
pragmaticamente.
Um dos maiores desafios do ensino de Matemática observado pelos licenciando envolvidos
neste trabalho é conciliar teoria e pratica, ou seja, sair do abstracionismo do cálculo em si e resgatar
a dimensão prática da Matemática na vida. Para isso, faz-se uso de materiais práticos como: ábaco,
material dourado, dominó com quatro operações, dentre outros. Tais materiais estimulam o raciocínio,
aguçam a curiosidade, facilitando o desenvolvimento da aprendizagem fazendo com que o aluno
ultrapasse a dimensão mecânica e reflita sobre a importância das operações ou das construções
mentais que fazem para apreender as questões matemáticas.
Desse modo, constata-se a relevância de proporcionar ao aluno a inserção no ambiente do
laboratório de matemática. Nesse sentido, a presença do PIBID na escola mostra-se extremamente
importante, pois, ao tempo em que se constitui meio para que os alunos tenham acesso a esse
equipamento podendo dele desfrutar com vistas a realizar a aprendizagem, eles mesmos enquanto
futuros docentes também aprendem a lidar com os materiais do laboratório, sendo, portanto, uma
experiência de aprendizagem para ambas as partes envolvidas nesse processo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É inegável que a multidimensionalidade do desenvolvimento humano requer abordagens
diferenciadas para favorecer a aprendizagem em suas diferentes etapas. Nessa perspectiva, o material
didático constitui-se poderoso aliado da prática pedagógica pelo muito que pode contribuir para que
o conteúdo trabalhado possa ser mais bem apreendido pelos alunos. Para tanto, é essencial, como
ficou neste breve estudo demonstrado, que o professor conheça esse material e saiba lidar com ele,
tendo em vista o objetivo que pretende alcançar.
Apesar de a Matemática estar presente na vida de todos em geral, nos mais diferentes espaços
e das mais variadas maneiras, é o espaço escolar o locus privilegiado de apropriação desse
conhecimento de forma mais elaborada, sendo o professor bem como a metodologia e as ferramentas
das quais ele lança mão, o responsável pela qualidade da difusão do conhecimento matemático, como
elemento preponderante na compreensão desse fenômeno.
Neste trabalho, a ênfase da análise se voltou para o material didático e as implicações do seu
uso no processo de ensino-aprendizagem. Não há dúvida de que, utilizado apropriadamente, o
material manipulável é, de fato, um poderoso estímulo à apropriação do conhecimento matemático.
Sabendo que o processo em busca do conhecimento é, por natureza, infindável, e não está restrito a
quem conduz a sala de aula, podemos como Paulo Freire afirma: Ninguém ignora tudo. Ninguém
sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa. Por isso
aprendemos sempre.
REFERÊNCIAS
EZPELETA, Justa & ROCKWELL. Pesquisa participante. SP: Cortez Ed., 1986.
GANDIN, D.; GANDIN, L. A. Temas para um projeto político pedagógico. Petrópolis,
2002.
LORENZATO, S. Laboratório de ensino de matemática e materiais didáticos manipuláveis.
In: LORENZATO, Sérgio. Laboratório de Ensino de Matemática na formação de professores.
Campinas: Autores Associados, 2006. p. 3-38.
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