IMPRESSO
Vida Missionária
ANO XV - No. 54 - Junho - Julho - Agosto / 2009
Uma Publicação Conjunta dos Missionários do Verbo Divino e das Missionárias Servas do Espírito Santo
N
Polikarpus Rangga
ossa Senhora ocupa um lugar
especial no coração do povo
brasileiro. Nas horas difíceis somente uma mãe como Maria para nos
proteger. Uma mãe da cor de nossa
gente, Nossa Senhora Aparecida é a
companheira de todas as horas.
A religiosidade faz parte da vida de
cada dia.Está presente na música,
nas rezas, nas procissões, nas crendices e nas festas religiosas. Às
vezes tudo anda misturado, pois a fé
e a vida não se separam... Mostram o
quanto Deus é importante, e os
santos também!As festas juninas,
com bandeirinhas coloridas e o som
alegre das quadrilhas, tem cheiro de
pipoca e quentão. Procissões e
festas do padroeiro... Isso está na
raiz do povo que se agarra em Deus,
pede força para o caminho e ainda
faz quermesse para ajudar os que
passam necessidade. É isso aí, quem
ama a Deus e os santosé solidário
com os que sofrem!
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NOVOS PADRES
Até o final de julho serão sete
novos sacerdotes enviados em missão
Pág. 2
PELO MUNDO
Campanha Missionária Verbita deste ano
é para ajudar a população do Zimbabwe
Pág. 5
JUSTIÇA E PAZ
Romaria protesta contra construção de
presídio no Vale do Ribeira (SP)
Pág. 7
VOCAÇÕES
Como se faz a animação vocacional nas
três congregações da Família Arnaldina
Pág. 4
MÚSICA E CULTURA
As letras das músicas expressam o que
acontece com os jovens e com a cultura
Pag. 6
MISSÃO NA TANZÂNIA
Pe. José Eudes partilha seu trabalho
missionário junto ao povo massai
Pág. 8
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Vida Missionária 2
• Junho - Julho - Agosto / 2009
FAMÍLIA ARNALDINA
Espaço do Leitor
SVD ordena 7 novos padres
N
EDITORIAL
EDITORIAL
Pe. Cristóvão ergue suas mãos ungidas em sinal de benção a todos que participaram de
sua ordenação sacerdotal na vila das Belezas (SP)
nou para completar os estudos.
No momento Pe. Cristóvão está
esperando o visto para ser enviado à
Colômbia. “Tudo tem sido muito gratificante para mim, pois conquistei um
lugar no mundo onde posso transformar sonhos em realidade e fazer minha parte na vida daqueles (as) que
Deus por em meu caminho” - afirma
com entusiasmo.
Giro pelas Províncias
Compromisso
Vocacional
Esta edição traz dois temas importantes para a ação missionária do povo
de Deus nas comunidades: a religiosidade popular e a promoção vocacional.
O povo brasileiro possui uma fé muito viva e ao longo do tempo adaptou as
tradições religiosas vindas de Portugal
e de outros lugares à sua maneira própria de festejar e expressar seu amor a
Deus, aos santos e a Nossa Senhora.
Junho é particularmente rico no calendário popular com as festas juninas.
Nas comunidades sempre há quermesse, quadrilha, e muitos comes e bebes
em torno das festas de Santo Antônio,
São João e São Pedro.
Acolher os festejos populares como
expressão da alma do povo e aprofundá-los como oportunidades de vivenciar o mistério do amor de Deus e da salvação faz parte do nosso compromisso
missionário e de diálogo com a cultura.
Mas, para animar a festa da vida,
precisamos cuidar das vocações e,
como agosto é o mês vocacional, trouxemos algumas reportagens sobre a promoção vocacional na Família Arnaldina.
Trabalhar para que haja mais vocações religiosas, sacerdotais e missionárias faz parte do seguimento de Jesus. Ele mesmo disse: “a messe é grande e os operários são poucos. Rogai,
pois, ao Senhor da messe que envie
operários” (Mt 9,37-38; Lc 10, 2).
Rezar pelas vocações, divulgar o trabalho dos e das missionárias e convidar os jovens para conhecer mais de
perto as diversas possibilidades de responder ao chamado de Jesus é parte
integrante de nossa missão cristã.
Que tenhamos o coração aberto para
perceber, acolher e apoiar todos aqueles e aquelas que sentem dentro de si o
chamado a servir e contribuir para que
este mundo seja melhor.
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“Que o Espírito Santo conduza sempre o trabalho de vocês e toque o coração de todos os leitores para que o espírito missionário cresça e se fortaleça sempre mais através do Jornal Vida Missionária.” Ir. Maria Elizabeth – Missionárias
Servas do Espírito Santo da Adoração
Perpétua , Ponta Grossa (PR).
Arquivo: SVD
este primeiro semestre já foram
ordenados cinco sacerdotes e até
final de julho serão ordenados mais
dois, num total de sete novos padres
verbitas a serviço da missão no Brasil e no mundo.
Foram ordenados os padres Anderson Luís de Souza, Ademar Lino de
Souza, Cristóvão Gonçalves, Cláudio
Alberto Eichinger e Antônio da Rocha
Monteiro. Em breve será a vez de William Paiva que receberá a ordenação
sacerdotal em Ibipeba, (BA) no dia 18
de julho, e de Wagner Apolinário, dia
25 de julho em Belo Horizonte (MG).
Pe. Cristóvão, um dos neo-sacerdotes, é natural de Pirpirituba (PB), e
foi ordenado dia 07 de março, na Vila
das Belezas, em São Paulo (SP). Em
depoimento ao Vida Missionária ele
conta um pouco de sua luta para realizar sua vocação.
Aos 16 anos Cristóvão deixou sua
família e sua comunidade e partiu para
São Paulo em busca de sobrevivência. Em 1998 entrou para o propedêutico em Araraquara, dando início à
sua formação. Passou por todas as
etapas: a filosofia, o noviciado e a teologia. Fez experiência missionária de
dois anos no Paraguai e depois retor-
2
“Trabalho com grupo de jovens, pastoral social e com o sindicato dos trabalhadores rurais. Recebo a algum tempo o
jornal e ele tem me ajudado muito no
meu conhecimento religioso e missionário. Ele traz um conteúdo muito rico
para nos manter informados e as mensagens são verdadeiras reflexões espirituais e solidárias com o povo sofrido.
Para mim o jornal é uma luz que nos
ilumina e nos leva à partilha, ao amor e
a harmonia. Nos ajuda a sermos fraternos e nos mostra Deus como guia.”
Edinaldo dos Santos Pinheiro (Tuca), 24
anos. Oriximiná (PA).
“Quero parabenizar à Família Arnaldina por este instrumento de divulgação
da Justiça e Paz que é o Jornal Vida
Missionária. Neste período em que refletimos o tema da Campanha da Fraternidade 2009 o Vida Missionária trouxe
para dentro do nosso lar mais riquezas
para podermos aprofundar. Pelos exemplos de trabalhos dos padres verbitas e
das Irmãs SSpS no mundo inteiro, vemos que já estão cultivando o espírito
de Paz e Justiça. Lendo o jornal posso
sentir que os missionários e missionárias estão preparados, capacitados e
prontos para semear boas sementes no
imenso campo da Evangelização.” Maria Yuriko Matsuoka, Indaiatuba (SP).
Escreva para nós :
S
p
SS Tempo de eleições
As Missionárias Servas do Espírito Santo estão em discernimento para a
eleição da nova equipe de coordenação que irá dirigir cada uma das duas províncias no Brasil durante os próximos três anos. O processo de escolha é feito
com a participação de todas as irmãs e é um momento importante para a vida
da congregação. Os resultados deverão sair até final de julho.
Envie sua carta
ou e-mail para:
Jornal Vida Missionária
Rua São Benedito, 2146
São Paulo - SP Cep 04735-004
[email protected]
Encontro das Escolas
Acontecerá em São Leopoldo (RS), de 13 a 17 de julho próximo, o III Encontro
das Escolas MSSpS com o tema “Educar é Vida... É criar Comunhão”. O encontro
reunirá cerca de 150 pessoas entre irmãs e educadores leigos e leigas que trabalham nas escolas ligadas às Servas do Espírito Santo em todo o Brasil.
Colégio de Canoas celebra Jubileu
O Colégio Espírito Santo de Canoas (RS) comemorou 50 anos de existência
com festa e celebração reunindo a comunidade educativa e as missionárias Servas do Espírito Santo que participaram de sua história desde a fundação.
Estudantes promovem “Um Dia pela Paz”
Aconteceu no dia 7 de junho no Colégio Espírito Santo, em São Paulo (SP),
o evento Um dia pela Paz promovido pela Associação Palavra Viva e os estudantes de Relações Públicas da Universidade Metodista. O encontro que tratou sodre a temática das migrações apontou para a necessidade de políticas
públicas e encerrou com um ato ecumênico e inter-religioso.
D
SV Juventude nas pegadas do Verbo
A comunidade verbita Brasil Centro está organizando uma romaria com os
jovens das paróquias da província e outras do Vale do Ribeira. O tema é: Juventude nas Pegadas do Verbo. A Romaria acontecerá no dia 04 de Outubro de 2009 na
cidade de Iguape (SP) informações com Pe. Jaime Gato, tel.(11) 5181 9655 ou
pelo e-mail jaimemmsss@ yahoo.com.br .
Semana Vocacional
A Paróquia São Sebastião em Barra Mansa (RJ) vai realizar uma Semana Vocacional e de Animação Missionária de 27 de julho a 02 de agosto para celebrar os 80 anos de
sua fundação. A programação prevê, entre diferentes tipos de atividades, de cinco a sete
celebrações eucarísticas diárias distribuídas entre as 44 comunidades da paróquia.
Óbidos recebe novo bispo
Óbidos (PA) com seus 181.308,49 Km 2 é uma das maiores prelazias do mundo e estava sem bispo há quatro anos. Depois da longa espera a população de
Óbidos recebeu com muita alegria a Dom Bernardo Ballman, franciscano que trabalhava no centro de São Paulo e que foi ordenado no dia 09 de maio, na Alemanha. Sua posse aconteceu no dia 23 de maio.
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Vida Missionária
O Jornal da Família Arnaldina
[email protected]
Editado pelos
Missionários do Verbo Divino e pelas
Missionárias Servas do Espírito Santo
Conselho Superior
Pe. Djalma Antônio da Silva SVD-BRN
Pe. Joachim Andrade SVD – BRS
Pe. José Boeing SVD – Região
Amazônica
Ir. Maria de Fátima Kapp - SSpS - BRS
Ir. Maria Inês de Aragão SSpS-BRN
Pe. Miguel McGuinness SVD - BRC
Conselho Editorial
Província Verbita Brasil Norte:
Pe Hélcio Nunes Grespan
Valda Nazareno
Província Verbita Brasil Sul:
Pe. Edward Fernandes
Pe. Alexandre Nogueira
Província Verbita Brasil Centro:
Pe. Manh Le Hong
Ir. Moacir José Rudnick
Região Amazônica:
Pe. Aparecido Luiz de Souza
Pe. José Mapang
Província SSpS Brasil Norte:
Ir. Ana Elídia Caffer Neves
Província SSpS Brasil Sul:
Ir. Eva Bueno
Editora e Jorn. Responsável
Ir. Ana Elídia Neves, MTB 20.383
Diagramação e Arte
Gráfica Unisind (11) 3806-0424
Redação e Revisão
José Manoel Rodrigues - MTB 19.188
Tiragem
25.500 exemplares
Impressão
Gráfica Unisind (11) 3806-0424
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• Junho - Julho - Agosto / 2009
RELIGIOSIDADE POPULAR
Solidariedade marca festejos juninos
Comunidades se unem em favor dos mais pobres, ao comemorar os seus padroeiros.
S
ão Pedro, são João, santo Antônio... O mês de junho entra no calendário de milhões de brasileiros
como a estação das festas que misturam religiosidade e diversidade cultural.
Nas comunidades, em pequenas
e grandes cidades, é a oportunidade
de rezar juntos, de organizar novenas e envolver afetivamente as pessoas, visitando famílias, enfeitando
ruas, tornando o espaço público menos impessoal.
A solidariedade está entre os valores promovidos na celebração dos santos em junho. O apelo para que isso
aconteça sensibiliza o povo, de modo
especial em relação aos necessitados.
Este ano há uma preocupação maior
com as vítimas de catástrofes naturais, como no Nordeste. A CNBB e a
Cáritas realizaram campanhas para socorrer as famílias atingidas pelas fortes chuvas no Piauí e em Pernambuco, entre outros estados da região.
As campanhas de arrecadação de
alimentos, roupas e utensílios ganharam espaço nos festejos juninos, em
Apesar da perda das raízes culturais na vida das grandes cidades os santos do mês de junho ainda estão muito presentes na vida dos brasileiros
dado nesta época, por meio das santas missões populares, que se revestem das cores e sabores juninos, não
só no Nordeste, mas no cotidiano das
famílias ribeirinhas do Norte do Brasil. Grandes romarias e gestos de profunda caridade marcam a peregrinação
de comunidades inteiras, em longas
todo o País. O povo se sensibilizou
em ajudar e a solidariedade é essencial ao fazer memória de mártires
como João, Pedro e Tiago. É, no fundo, uma maneira de imitar ou seguir o
exemplo de compaixão e aliança com
os marginalizados.
O tema da solidariedade é aprofun-
Tradição muda
com o inchaço das
grandes cidades
jornadas por terra, rios e mares.
O nordestino procura Juazeiro, em
honra de Padre Cícero, no Ceará; o
povo da região amazônica converge
para a festa do Círio de Nazaré, em
Belém; enquanto a Basílica da mãe
Aparecida, em São Paulo, é parada
obrigatória no centro-sul.
Para refletir em grupo:
Que significados estas festas
alimentam entre os jovens e os adultos de sua comunidade? Que valores promovem?
Você compartilha da preparação
de quermesses e outros eventos em
seu bairro? Por quê?
A sua comunidade vivencia a memória dos santos nos festejos populares? De que maneira?
A economia que gira
em torno de São João
Odair / Paróquia São Marcos
No Brasil, as festas juninas definiram
um grande roteiro turístico, capaz de ativar economicamente cidades como Recife e Caruaru, ambas em Pernambuco.
A indústria da festa gera empregos e
também a corrida pelo lucro.
É talvez o lado menos positivo dos
festejos juninos. É preciso dinheiro
para se adequar à “moda caipira”,
comprar roupas, freqüentar os lugares mais badalados...
Por outro lado, é também o mo-
mento em que milhares de migrantes
revêem a família, fazendo sacrifícios
para retornar à terra natal por um bom
motivo: a saudade.
As rodoviárias de São Paulo e Rio
de Janeiro apresentam estatísticas
que comprovam o esforço feito por
estas pessoas: o mês de junho é o
que mais registra partidas e chegadas
depois do período natalino, em dezembro. O fato segue inalterado há muitos
anos, mesmo em períodos de crise.
Desde que populações inteiras começaram a se deslocar em direção ao
Rio de Janeiro e São Paulo, nos anos
50, observa-se o fenômeno de desenraizamento, ou seja, perda da identidade com a terra e os costumes do rincão
natal. Para os estudiosos das manifestações populares, o fato também tem a
ver com o inchaço das grandes cidades e resultou no empobrecimento da
celebração das festas religiosas.
São João, são Pedro, santo Antônio não seriam mais comemorados
como antes, em municípios ou distritos populosos.
Restaram então as quermesses,
principal ponto de referência da memória junina em muitas vilas e bairros. A
tradição estaria reduzida às demonstrações de danças e da culinária, sem
abandonar totalmente a devoção aos
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santos padroeiros.
Os mais críticos acham que a fé
propagada por estas manifestações
não adquire a devida profundidade.
Quem participa delas teria perdido o
verdadeiro sentido de uma prática religiosa em comunidade.
Mas há que se ressaltar o papel
destas quermesses para a sobrevivência de um sem número de paróquias e para a manutenção de obras
sociais. Festas como a de Nossa
Senhora Achiropita e São Vito, em
São Paulo, realizadas nos finais de
semana, são suficientes para prover
o sustento de projetos o ano inteiro.
O desafio é como resgatar a pureza e alegria dos festejos, com o objetivo de promover os valores do
Evangelho: unir as comunidades em
torno dos ideais de Jesus.
Arquivo
Além das festas juninas é comum a comemoração dos santos padroeiros, a devoção à Nossa
Senhora e muitas outras formas de devoção popular.
A dança de quadrilha, as comidas típicas, as fogueiras de são João e as quermesses ajudam as
comunidades a se encontrarem e a manterem suas tradições.
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Vida Missionária 4
• Junho - Julho - Agosto / 2009
ANIMAÇÃO VOCACIONAL
Ajudando os jovens a descobrir a vocação
O
Serviço de Animação Vocacional
vai muito além do trabalho de divulgação do carisma missionário das
congregações arnaldinas. Há, em primeiro lugar, o compromisso do diálogo junto às comunidades, no sentido de revelar a dimensão missionária perpassando as escolhas de vida, sejam elas no
campo religioso ou profissional.
Este cuidado especial, sobretudo
em relação aos jovens, aponta para a
importância do trabalho desempenhado
nas bases, por agentes da Animação
Missionária e de Pastoral Vocacional.
Ir. Sirley Fátima Weber, animadora
vocacional da província Brasil Sul,
mostra o quanto é abrangente o espectro de atuação destes agentes:
“Há uma ação continuada de visitas
às famílias e de preparação e execução dos cursos vocacionais, inclusive os que ocorrem à distância”. Ir.
Sirley diz que são preparados 18 encontros por correspondência.
“Os jovens recebem este material,
estudam, fazem avaliação e depois o
devolvem. O animador responde e neste processo ajuda o jovem a clarear a
opção pela vida religiosa ou por outro
caminho de realização pessoal”.
O Serviço de Animação Vocacional
é feito em conjunto entre as Servas do
Espírito Santo e Verbo Divino. Uma das
atividades, de acordo com Ir. Sirley, é a
visita às escolas, através das quais já
foram feitos 3.600 contatos com jovens
do ensino médio só neste ano.
O vídeo é um dos recursos utilizados na abordagem dos estudantes, a fim
de motivar a reflexão em sala de aula.
“Algumas perguntas são freqüentes por
parte dos jovens. Eles sentem curiosidade em relação ao modo de vida de
religiosos (as) e suas atividades”, afirma Ir. Sirley.
O trabalho tem continuidade também
nas paróquias e comunidades - “procuramos realizar encontros nos finais de
semana para apresentar a congregação,
o fundador e a espiritualidade”.
Manh Le Hong
Conheça o caminho que leva à formação para a vida religiosa nas três congregações arnaldinas
A presença junto aos jovens e adolescentes é essencial para a Animação Vocacional pois é nessa
etapa da vida que se dá o despertar para a vocação
Ir. Maria Eucharistica celebrou seus votos
perpétuos em maio após uma caminhada
vocacional de muita busca
A maneira como Elis Baumel conheceu a congregação das Missionárias Servas do Espírito Santo da Adoração Perpétua, no interior do Paraná,
se repete na vida de muitas jovens
que, inquietas quanto à própria voca-
ção, procuram dar um passo arrojado
na sondagem de si mesmas.
Elis, que hoje é a Ir. Maria Eucharistica, fez uma experiência de algumas semanas no convento das irmãs,
quando tinha 18 anos. Gostou, mas
ainda não se sentia madura para assumir a vida religiosa.
Ela voltou para a família, continuou
os estudos - formando-se em Agronomia - e em seguida começou a lecionar em uma Escola Agrícola de Ponta
Grossa (PR). O fator determinante para
a opção que viria a fazer é que Elis
não deixou de lado a sua participação
na Igreja. Permaneceu como membro
ativo, o que favoreceu a escuta do chamado vocacional.
Este chamado continuou repercutindo,
atraindo-a para a vida contemplativa. Isto
aconteceu, enfim, em 2001.
No último dia 17 de maio, ocorreu
a celebração dos votos perpétuos de
Ir. Maria Eucharistica, em Ponta Grossa. O papel das irmãs, no contexto
missionário de sua congregação, é
para ela o apoio à Igreja e aos sacerdotes através das orações e sacrifícios do dia-a-dia.
Retiro antecede
tomada de decisão
Arquivo SSpS
Arquivo SSpSAP
Jovens buscam
vida contemplativa
Na sequência dos encontros e dos
cursinhos por correspondência, o próximo passo é o retiro de discernimento,
acompanhado pela equipe de formação.
Nesse retiro, eles decidem se querem entrar na congregação ou se desejam continuar a refletir, antes de tomar
uma decisão.
Falando pelas Servas do Espírito
Santo, Ir. Sirley (foto) diz que é um gran-
de desafio o trabalho de animadora,
“porque a proposta da sociedade vai
na direção contrária. Você apresenta
valores que, aos olhos da sociedade,
são contra-valores”.
Uma dificuldade, para ela, é a falta
de apoio da família, que não quer e vê
a opção da filha como uma perda. “Outras vezes é a jovem que tem vergonha de se expressar no meio dos colegas”, diz Ir. Sirley. “Precisamos ser
mais ousados e ter a coragem de fazer como Jesus, de formular o convite do vem e segue-me”.
O tema vocacional chega às escolas verbitas junto com a formação humana que perpassa o aprendizado geral. O Pe. Alexandre Antônio Nogueira, SVD, afirma que o diálogo mais direcionado para a vida religiosa só
acontece depois, através das visitas
de jovens ao convento ou seminário.
“A maior alegria é se encontrar com a
juventude e sua cultura diversificada.
Aliás, a diversidade vai muito além da
cultura: ela abrange as diferentes linguagens, origens sociais e modos de ser e
pensar”, comenta. Para Pe. Alexandre, há
nesta relação uma riqueza que valoriza
e motiva o jeito de ser Igreja no Brasil.
Convento é aberto à visita de vocacionadas
Ir. Maria Elizabeth, que
dirige este trabalho, diz que
também é comum o interesse de candidatas que ouviram falar sobre a vida contemplativa e buscam mais
informações. “Estas pessoas são encaminhadas por
familiares ou amigos que
conheceram nosso convento - leigos, religiosos, saO Convento Nossa Senhora do Cenáculo, em Ponta Grossa, é a
cerdotes”.
única comunidade da Adoração Perpétua existente no Brasil.
Ir. Mar ia Elizabeth
As Servas do Espírito Santo da
acrescenta que atualmente há uma
Adoração Perpétua realizam continucandidata, religiosa de outra congreamente o trabalho de promoção vogação, que fará uma experiência de
cacional, através de folders e da aberalguns meses, para depois discernir
tura para visitas de jovens ao conveno ingresso definitivo.
to em Ponta Grossa (PR).
Este é o contato para jovens que
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quiserem mais informações: telefone:
(42) 3229-1629; e-mail: cnsdocenaculo@ yahoo.com.br ou através de car-
ta ao endereço: Rua Nunes Machado,
150 – Bairro Colônia Dona Luiza - CEP
84045-410 - Ponta Grossa (PR).
Programação Vocacional SVD e SSpS
Os Missionários do Verbo Divino em São Paulo estarão realizando
encontros vocacionais de 19 a 21 de junho, em Suzano, de 18 a 20 de setembro no Seminário, e de 20 a 22 de novembro em Suzano. Os interessados
deverão entrar em contato com Pe. Jaime Marcelo Gato pelo telefone (11)
5181 6444 ou 5184 0747.
Em Minas Gerais, haverá encontro de 03 a 05 de julho e outro em
novembro na comunidade de Filosofia Dom Helder Câmara, em Contagem.
Mais informações com o Pe. Arturo Calonia pelo telefone (31) 33971955.
Em São Paulo, a responsável pela Pastoral Vocacional das Missionárias Servas do Espírito Santo é a Ir. Nelly Boonen. As jovens interessadas
poderão entrar em contato pelo telefone (11) 5821 2174.
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Vida Missionária 5
• Junho - Julho - Agosto / 2009
ENCONTROS PANAMERICANOS
Animação Bíblica aprofunda espiritualidade
A Palavra de Deus é fonte de inspiração para responder aos apelos de Deus na vida do povo pobre e excluído
A
espiritualidade missionária
centrada na escuta da
Palavra de Deus e na vida do
povo foi o tema inspirador do VI
Encontro Panamericano de Animação Bíblica que reuniu em
Córdoba, na Argentina, representantes da Pastoral Bíblica do
Verbo Divino e das Missionárias Servas do Espírito Santo. O
encontro aconteceu no final de
abril com participantes dos Estados Unidos, Bolívia, Equador,
Colômbia, Nicarágua, Argentina,
Chile, Paraguai e Brasil.
Para Ir. Maria Cristina Krupek, uma das participantes, o
encontro proporcionou a parti-
lha e a troca de experiências a partir da
espiritualidade bíblico-missionária frente aos novos desafios sócio-eclesiais e
congregacionais. Além de rever os objetivos e as metas “todos os participantes nos sentimos agradecidos, fortalecidos e encorajados para seguirmos levando em frente o serviço de Animação
Bíblica em nossas Províncias/Regiões”,
afirmou Ir. Cristina.
Questões emergentes como a nova
conjuntura política do Continente e o movimento indígena, os últimos Capítulos
Gerais, o Sínodo da Palavra de Deus e
a Conferência de Aparecida trouxeram
elementos inspiradores para novas metodologias para o trabalho bíblico junto
aos excluídos/as.
Aconteceu:
Animadores da Pastoral Bíblica em Córdoba buscaram entender os desafios dos novos contextos sócio-político e
eclesiais para animar a missão
O II Encontro Panam de Administradoras SSpS de 11 a 15 de maio
em Buenos Aires, na Argentina. O objetivo foi reunir as irmãs das
diversas províncias do Continente para partilhar suas experiências,
aprofundar a espiritualidade da administradora, renovando-se para
as exigências da missão que passa pela gestão e pelos desafios da
economia num mundo em crise.
PELO MUNDO
Chegando
em Ghana
Ir Adriana Regina da Silva (foto), enviada para Ghana em março, está dando seus primeiros passos na
nova terra de missão, de onde escreve: “A dificuldade
da língua existe, porém a linguagem do amor todos/as
entendem. As africanas são acolhedoras e simpáticas.
Mas não posso negar que estou em outro mundo, porém, feliz!”
Para Ir. Adriana a África é um sonho antigo que teve
início quando era coordenadora do grupo de jovens,
em sua cidade natal – Assis Chateaubriand (PR). Ela
conta que grande parte dos integrantes eram negros.
“Foram eles que me ensinaram quanta beleza, energia, vibração e dinamismo tem esse povo”.
Formada em Direito e em assessoria para jovens,
Ir. Adriana sempre se dedicou à Pastoral da Juventude, o que considera sua vocação pessoal, tanto que
nos últimos três anos fez parte da equipe de coordenação estadual da PJ Paraná.
Durante a preparação para os votos Perpétuos escolheu Ghana como seu país de missão. “Os desafios
me motivam a caminhar com ânimo e coragem”. O
trabalho em Ghana ainda não está definido. As Irmãs
atuam em hospitais, pastorais e Educação, o que abre
a possibilidade de Ir. Adriana continuar seu trabalho
desenvolvido no Brasil com o ensino religioso e com a
juventude.
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De volta
para Angola
Campanha
Missionária
O Pe. Ademar Lino de Souza (foto), missionário do
Verbo Divino e natural de Ponte Nova (MG), onde recentemente foi ordenado sacerdote, está se preparando para
retornar a Angola, na África, onde realizou sua experiência transcultural de 2005 a 2006.
Naquela ocasião desenvolveu diversos trabalhos na
linha da formação pastoral, bíblica e pedagógica, animação missionária e vocacional, enfermagem e ainda ajudou na administração da paróquia e da província.
Pe. Ademar ainda está tentando conseguir o visto e
não quer arriscar dizer o que irá fazer quando retornar em
Angola, mas afirma que estará aberto às necessidades
da Província e às exigências daquela localidade.
Consciente dos desafios que enfrenta seu país de
destino, Pe. Ademar lembra as conseqüências deixadas por mais de 30 anos de guerra e o esforço que
Angola está fazendo para se reconstruir. Sua população bastante jovem está em torno de 12.500.000 habitantes vivendo “um verdadeiro abismo entre a classe rica e a classe pobre que se vê num estado de
miséria alarmante”, explica ele.
Outro desafio que Pe. Ademar terá que enfrentar é a
quantidade de línguas que, com suas variantes, chega a
cerca de 450. Por isso ele pede orações para poder “fazer
da missão o Evangelho vivo de libertação onde de fato
haja a paz e que a mesma seja fruto da justiça”.
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A Campanha Missionária Verbita deste ano será em
favor de um dos países mais pobres do mundo, o Zimbabwe. Localizado na África Austral, com uma população de 13 milhões de habitantes, o país enfrenta o
caos econômico e o conflito entre grupos rivais.
Um dos seus maiores problemas na área da saúde
é a Aids e a Cólera que chegam a dizimar aldeias inteiras. A maior parte dos infectados pelo HIV morrem
entre os vinte e quarenta anos de idade. Em conseqüência disso há muitos órfãos e jovens com menos de
15 anos assumindo a responsabilidade por toda a família. A situação do país piora a cada dia por falta de
remédio e saneamento básico.
Estando próximo da África do Sul que goza de melhores condições de vida, o povo do Zimbabwe, especialmente os jovens e as crianças, buscam fugir da
pobreza e tentam emigrar para o país vizinho. Muitos
morrem nas cercas elétricas colocadas pela África do
Sul ao longo das fronteiras para combater a imigração.
Os missionários verbitas estão no Zimbabwe desde 1987 procurando ser solidários com o sofrimento
daquele povo. Quem quiser fazer sua doação para ajudar o povo do Zimbabwe poderá entrar em contato com
qualquer uma das Províncias Verbitas (ver contatos
na página 8).
Vida Missionária 6
• Junho - Julho - Agosto / 2009
COMUNICAÇÃO
Música que fale de um novo tempo
Letras contribuem para reflexão sobre comportamento e opções do jovem de hoje
A
percepção de que a indiferença e o
individualismo contagiam, em grande medida, o jovem de hoje, preocupa formadores em diferentes níveis de atuação.
O Pe. Aparecido Luiz, da equipe de
Animação Missionária SVD da sub-zona
Brasil, enfatiza a necessidade de conhecer e entender os novos contextos sócioculturais em que os jovens se espelham e
nos quais constroem a sua identidade..
A produção musical sinaliza para um
destes contextos. Durante encontro assessorado pelo prof. Mario Antônio Betiato, da
PUC-PR, realizado em Toledo, em 2006, o
niilismo juvenil retratado nas músicas e
resultado do fim das utopias soou como
um alerta para Pe. Aparecido.
“Vi o quanto é urgente questionar os
rumos que estamos dando ao nosso trabalho na animação missionária”, disse
ele. “A indiferença que se canta em sucessos cada vez mais efêmeros, como
o da cantora Luka (alguém se lembra
dela?) – ‘Tô nem aí, tô nem aí...’ – sublinha este comportamento que nem
sempre ganha a nossa atenção”.
Ficar alheio, sem uma causa porque
Cresceu, ao mesmo tempo, o fetichismo identificado com a violência
das gangues, com o lema do “deixar
a vida me levar”.
Afinal, o que temos a oferecer às novas gerações? Qual é a boa nova?
“Os grupos de jovens de nossas paró-
quias (aqueles que lotam as nossas Igrejas nos grupos de oração) dizem que é
Jesus Cristo. Até aí tudo bem. O problema
é que é um Jesus Cristo mágico, vago.
Canta-se muito sobre Jesus como uma
‘chave’, um tal segredo: ‘deixa Jesus te
abençoar, deixa Jesus te controlar...’ ou:
‘ainda que vier noites traiçoeiras, Cristo
estará contigo, o mundo pode até fazer você
chorar, mas Deus te quer sorrindo’. Quem
quiser fazer sucesso entre os jovens é só
embarcar nesta espiritualidade. Mas certamente vai arrancar aquela página do
Evangelho em que o jovem triste desiste
de seguir Jesus depois de Ele colocar as
suas condições para o seguimento”.
Tomar consciencia da realidade já é
um bom começo. Fazer a diferença já é
uma atitude. É aí que o nosso papel de
missionários animadores se torna importante, como destaca Pe. Aparecido: “Ao
invés de projetos para acelerar a punição é melhor conscientizar para a prevenção e enfrentamento deste fracasso das utopias. É preciso nos perguntar
se estamos seguindo em direção a
Emaús ou voltando para Jerusalém.”
mundo, a partir de sua
condição de povo escolhido, a proposta da
santificação. Já os judeus que se fizeram
cristãos vivenciaram
a vocação como projeto de salvação. Jesus mesmo já havia
dito “O Espírito do
Senhor está sobre mim, porque ele me
ungiu para evangelizar os pobres” (Lc 4,18).
O Segundo Testamento entende a
vocação à santidade e consagração a
Deus em relação ao Espírito Santo e
Jesus. A comunidade de Lucas (1,35)
afirma: Jesus, concebido do Espírito
Santo é “santo e filho do Altíssimo”. A
fé das comunidades paulinas logo
compreenderam que todos os cristãos,
no Espírito Santo, são santificados.
Por ele participamos todos da morte e
ressurreição de Jesus (Rm 1,4). A vocação do cristão à Santidade exige viver segundo o Espírito de Deus e testemunhar Jesus à comunidade eclesial (1Pd 1,14: 2,5).
Fr. Jacir de Freitas Faria ofm
A música faz parte da vida dos jovens e revela sua maneira de ser, seus sonhos e buscas
lutar, é um fenômeno típico do início
do século XXI. Pe. Aparecido diz que
isso explica, em parte, porque algumas letras como as do compositor
Belchior (‘Ainda somos os mesmos e
vivemos como nossos pais’) deixaram
de fazer a cabeça da juventude.
BÍBLIA E VIDA
Falar da vocação na Bíblia exige uma
análise acurada da vida das pessoas que
fizeram história em Israel. Falar de vocação é falar da experiência de Deus que
eles e elas fizeram. Cada um, a seu modo,
soube experimentar Deus e seus mistérios. Viver a vocação é passar a vida inteira procurando explicar o inexplicável.
A vida é igual para a grande maioria
dos mortais: nascemos, crescemos, realizamos ou não em uma profissão, geramos ou não filhos, e morremos. A diferença, no entanto, para muitos, reside
na experiência de fé em Deus, o Sagrado, o Eterno, Alá. Vários nomes, mas
um único Mistério. Judeus, cristãos,
mulçumanos, hinduístas, indígenas,
etc., procuram demonstrar a presença
de Deus e seu mistério.
Para nós, cristãos, Jesus Cristo, segundo nossa fé, Deus encarnado no meio
de nós, faz o diferencial. Mas Jesus tem
sua origem no judaísmo. Ele foi judeu. Filho de mãe judia, o seu nascimento é envolto em um polêmico mistério de fé.
Compreender a nossa vocação significa mergulhar na vida de Jesus, no judaísmo e na Bíblia. Como a Bíblia registrou o
chamado de Deus a pessoas e comunidades? Como as pessoas, comunidades e
instituições responderam a este chamado? Como Jesus anunciou a sua vocação?
Os escritores (as) da Bíblia não mediram esforços para registrar o modo como
Deus chamou algumas pessoas a serem
suas testemunhas. E todos procuram responder ao chamado. Os judeus tinham a
consciência que o chamado era levar ao
Arquivo SSpS
Vocação na Bíblia
ESPIRITUALIDADE EM FOCO
Viver da Palavra para anunciar a Palavra Viva Jesus
Arquivo SSpS
Pe. Paulo Bubniak e Ir. Ágada Brand falam da experiência de vida e partilha da Palavra de Deus em Curitiba. O
grupo de verbitas e Servas do Espírito Santo (foto) existe há mais de 14 anos e se reúne mensalmente.
Essa convivência com a nossa família Arnaldina nos enriquece, anima na
missão e robustece a nossa vida espiri-
missionaria 54.pmd
6
tual. Nesse diálogo novos caminhos e
novas luzes se abrem para prosseguirmos em nossa caminhada, vivendo mais
profundamente a palavra de Deus. E vivendo a palavra de Deus é que poderemos transmiti-la aos demais.
Os Missionários do Verbo Divino e
as Missionárias Servas do Espírito Santo receberam de seu santo Fundador,
Arnaldo Janssen, a herança de um grande amor à Palavra de Deus. O Fundador
buscava nesta Palavra a luz para o seu
caminho e a força transformadora que o
conduzisse e sustentasse na busca e
vivência fiel e perseverante da vontade
de Deus, apesar dos inumeráveis desafios e contratempos que isto constantemente lhe trazia.
Hoje, nós, que levamos em frente a
sua mesma Missão, necessitamos alimentar-nos desta mesma Palavra, deixando-nos guiar e impregnar por ela em
meio aos muitos desafios que a vida
missionária nos traz. Por isso, além de
buscar sustento nessa Palavra pela me-
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ditação e contemplação individual diária
e, pela partilha em comunidade, um grupo de Verbitas e Servas do Espírito Santo da Região de Curitiba e São José dos
Pinhais, nos reunimos cada mês para
juntos estudarmos e partilharmos esta
Palavra, - agora precisamente o Evangelho de São Marcos.
Para mim pessoalmente, estes encontros tem sido uma rica experiência de
aprofundamento e partilha, abrindo pistas e novos horizontes para melhor compreender e conhecer este Jesus – Palavra Viva do Pai. Somente assim, na medida em que Ele se encarnar em nossas
vidas, poderemos segui-lo mais autenticamente e ser suas testemunhas, anunciando-O a todos como fonte de verdadeira Vida e Felicidade. “E o Verbo se fez
carne e habitou entre nós” (Jo 1,14).
Irmã Agada Brand, SSpS e
Pe. Paulo Bubniak, SVD
Vida Missionária
• Junho - Julho - Agosto / 2009
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JUSTIÇA E PAZ
Para quê ter mais um presídio?
M
ovimentos e pastorais sociais da diocese de Registro (SP) se organizaram em maio, para protestar contra a construção de um presídio de segurança máxima, previsto para ser implantado no município. A manifestação ocorreu junto com a
Romaria do Trabalhador, realizada dia 2, e
também contou com apoio da prefeitura.
Cerca de 200 pessoas participaram da caminhada pela BR-116, em
trajeto que terminou no local onde se
pretende construir o presídio.
Até a chegada, os romeiros entoaram
cantos e rezaram pelo fim da violência,
por medidas governamentais que promovam a educação e a reinserção social, ao
invés da segregação das pessoas.
Ir. Ivo dos Santos Fiúza, um dos
articuladores da romaria, explica que
além da discordância quanto ao método de coibir a violência, as pastorais
e movimentos gostariam que a população fosse consultada antes de uma
decisão tão importante como essa.
“Seria democrático”, afirma Ir. Ivo. “O
debate sempre é mais indicado, uma vez
que esclarece e aproxima do povo as esferas de decisão. Infelizmente, não foi o que
aconteceu”, pondera o missionário SVD.
Segundo ele, a reação dos cidadãos é ao mesmo tempo de incredulidade porque o anúncio da obra veio
junto com promessas de desenvolvimento para a região, mais verba e geração de empregos.
Com o grito de “Queremos educação
e não prisão”, os participantes do ato público reivindicaram outras prioridades para
o Vale do Ribeira, como a implantação de
faculdades, cursos técnicos e investimentos em saúde e moradia.
O ato contribuiu para concretizar o lema
da Campanha da Fraternidade, que este
ano foi “A Paz é Fruto da Justiça”. Ao final
da manifestação, todos participaram de
uma celebração ecumênica que culminou
na partilha do pão entre as mais de 200
pessoas presentes ao local.
Manh Le Hong SVD
População de Registro quer ser consultada antes de o governo construir uma nova penitenciária
Romeiros do Vale do Ribeira protestam contra construção de presídio na região.
ESPORTE
MISSIONÁRIOS LEIGOS
Cresce a presença
leiga na Família
Arnaldina
O Colégio Arnaldo, fundado
pelos missionários do Verbo Divino em 1912, na cidade de Belo
Horizonte (MG) saiu vitorioso no
campo dos esportes em 2009.
A escola, por três vezes campeã de basquetebol no estado de
Minas Gerais e bicampeã brasileira foi a representante do Brasil
no Campeonato Mundial de Basquete Escolar dos dias 3 a 11 de
maio em Istambul, na Turquia.
A delegação, composta do
coordenador de esportes do Colégio José Aloísio Dias, irmão
do Pe. Arlindo Dias, atual conselheiro geral SVD, do técnico
Emerson Rodrigues e 12 jogadores, conquistou o 8º lugar no
mundial das escolas. O time
verbita venceu a China, Eslováquia, Estônia, Servia, Israel e a
Eles vêm de diferentes
áreas profissionais e compartilham o ideal de evangelizar, a partir da inserção em
suas comunidades. Formam
em São Paulo o primeiro grupo de Missionários Leigos do
Deus Uno e Trino, ramo da
Família Ar naldina que já
existe nos Estados do Rio de
Janeiro, Minas Gerais, Tocantins, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
São 11 grupos ao todo com
o acompanhamento das Missionária Servas do Espírito
Santo.
Ainda sem ter completado um ano de atuação, o grupo da capital paulista parte
do testemunho e da troca de
experiências para crescer na
Arlindo Dias svd
Colégio Arnaldo
representa Brasil em
Campeonato na Turquia
A equipe vitoriosa representada pelo Emerson, Raul, Durval e Aloisio recebe
premiação em Stambul
Dinamarca. Além disso conquistou três destaques: melhor rebote do mundo, melhor jogador
de todo o campeonato e o melhor jogador do mundo, com o
maior número de cestas.
Dois dos melhores jogadores, Raul Togni Neto e Durval
Prado Cunha, assim que pisaram em território brasileiro foram
convocados a fazer parte da seleção brasileira de basquete.
espiritualidade missionária.
Textos de apoio à formação
circulam pelo grupo, mas a
ênfase está na busca de uma
fé encarnada no dia-a-dia em
família e no ambiente de trabalho.
Pa ra isso acontecem,
mensalmente, encontros
presenciais. Os participantes se sentem impulsionados
a transformar em serviço a
diversidade de dons, acolhendo as palavras de são
Paulo (1Cor 12, 4-12). Jornalista, advogado, psicóloga,
líder comunitário, assistente
social, todos querem experimentar o que Arnaldo Janssen definiu como a maior prova de amor ao próximo: “o
anúncio do Evangelho”.
POEMAS E CONTOS
É tempo de Festa Junina...
Tá chegando Santo Antonio
e eu vou me animar.
Vou pedir novamente ao Santo
para me ajudar a casar.
Ele que é o Santo Padroeiro
dos que vivem a buscar.
Um amor, que seja verdadeiro
e que possa se perpetuar...
No dia 24, do meu querido São João
vou pedir a esse santinho
uma benção pro meu coração.
Pulo até fogueira
pra receber sua benção.
E no dia de São Pedro
também não vou me esquecer.
Espero que ele possa
meus desejos atender.
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Festas Juninas são por mim
muito esperadas.
Fico numa grande animação.
Danço quadrilha, como pipoca,
não deixo de beber o meu quentão.
Paçoca, pamonha e vinho quente,
adoro essa nossa tradição.
Ao som de uma velha sanfona
acalento o meu coração.
Fico aqui a esperar
comendo um pouco de amendoim.
Espero que esse ano
o meu bem lembre de mim...
E quando as festas juninas chegarem
irei até o amanhancer...
Vou pular até fogueira
para o meu amor me querer.
(Giovânia Correia)
Arquivo SSpS
Tempo de dançar quadrilha e acender a fogueira...
A dança da quadrilha envolve grandes e pequenos em torno dos festejos dos santos juninos
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Vida Missionária 8
• Junho - Julho - Agosto / 2009
MISSIONÁRIO
TESTEMUNHO MISSIONARIO
De Soweto para as periferias do mundo
A experiência da favela no Quênia, vivida por um missionário verbita, anima outras comunidades que enfrentam a pobreza
oweto, o bairro que ficou conhecido mun
dialmente, por causa da resistência à
segregação racial na África do Sul, batizou
inúmeros outros lugares pelo mundo – favelas, morros, periferias... Quase sempre
cenários de exclusão. Nairobi, a capital do
Quênia, não fugiu à regra.
Foi lá que o Pe. José Eudes Ribeiro dos
Santos, 33 anos, missionário do Verbo Divino, iniciou uma história que já conta seis
anos de convivência com os mais pobres.
Ele morou na favela de Soweto por
quase dois anos, até 2005. Nesse período,
o foco principal do seu trabalho foi com a
juventude e o apoio aos portadores do vírus HIV. O missionário desenvolveu um
programa de terapia ocupacional que também tinha a preocupação de gerar renda
aos pacientes.
“Não havia políticas públicas relacionando tratamento e inclusão social”, comenta.
“O trabalho acontecia sem o reconhecimento do governo. Mas ainda que funcionando
à base de um sistema rudimentar de produção de velas e bijuterias, tivemos bons resultados”, afirma Pe. Eudes.
Em dezembro de 2005, ele voltou ao
Brasil para concluir os estudos de Teologia
no ITESP. A experiência vivida no Quênia
serviu de tema para o seu TCC. “Escrevi
sobre antropologia africana, a ancestralidade de Jesus no contexto religioso de
povos africanos”.
O tema, segundo ele, apontou pistas
para o diálogo entre diferentes culturas e
tradições religiosas. A grande referência
para o trabalho de Eudes foi o povo massai, de forte incidência nômade, originário
do extremo norte do continente e que através de correntes migratórias se estabeleceu entre o Quênia e a Tanzânia.
Estudar os massai é recomendável em
se tratando de missão na África. E Pe.
Eudes explica porque: “É uma tribo que se
mantém intocada. Como não mudou os
costumes nem a língua, requer um esforço maior de inculturação”.
Em 2007, quase pronto para voltar, Pe.
Eudes terminou a formação em Teologia e
no ano seguinte (abril de 2008) se ordenou
na cidade de Santa Lúcia (SP), onde nasceu. Antes de terminar aquele ano, a África voltou ao seu horizonte de vida – desta
vez trabalhando na Tanzânia, país vizinho
do Quênia, onde os verbitas atuam nas
áreas da educação, saúde e pastoral social. “Temos escolas, um pequeno hospital e
alguns projetos de agricultura comunitária.
O grande problema é a falta de água potável”, detecta Pe. Eudes.
“Acompanhei o esforço do povo local e
de nossos missionários para aprovar a
construção de um poço artesiano”.
Na Tanzânia com os massai
Os massai entraram novamente no caminho de Pe. Eudes, no período em que
seu retorno coincidiu com uma grande
escassez de recursos. “É doloroso ver
como as crianças são atingidas, sem
escola, castigadas por doenças”. A dimensão da carência fez os verbitas se
aliarem ao plano de agricultura que ensinou os massai a plantar e resultou na
aquisição de um trator, que hoje os ajuda a arar a terra e obter alimento.
A missão SVD está instalada no povoado Emboreti, no Parque Nacional de Simanjiro, reserva florestal e de vida animal. A cidade mais próxima fica a 100 km, separada
por uma estrada de terra no meio da mata.
Se chove, o percurso fica intransitável.
Ana Elídia Neves SSpS
S
Pe. José Eudes de passagem pelo Brasil prepara-se para retornar ao povoado na Tanzânia onde
trabalha com o povo massai
Pe. Eudes mora em uma vila com cerca de 2 mil habitantes. É vigário auxiliar.
Coopera com o pároco no campo pastoral
e na administração do hospital com apenas
30 leitos e uma equipe reduzida – dois enfermeiros, dois agentes de saúde, dois assistentes de enfermagem e três faxineiros.
Às vezes, Pe. Eudes deixa a função
de administrador e assume a de enfermeiro, nas situações mais inesperadas devi-
do à falta de funcionários – de partos à
coleta de sangue e realização de exames
de laboratório.
“Também preciso plantar para ter o que
comer. Isso faz parte da nossa opção de
vida ao estar junto com aquele povo”.
Pe. Eudes falou da experiência de vida
no Quênia e Tanzânia durante recente vinda ao Brasil, em razão do agravamento da
saúde de seu pai, que veio a falecer.
Animação Vocacional
Missionárias Servas
do Espírito Santo
Deus nos envia aos pobres e não evangelizados
como testemunhas da vida e da esperança. Venha
você também ser uma missionária sem fronteiras.
Província Norte:
Rua: São Benedito, 2146, CEP 04735-004
Santo Amaro, São Paulo, SP
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E.mail: [email protected]
Província Sul:
Rua: Arnaldo Janssen, 320 – Caixa Postal 411
CEP 84001-970 Ponta Grossa, PR
Tel. (0xx42) 3226-4091 – Site: www.mssps.org.br
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missionaria 54.pmd
8
Missionários do
Verbo Divino
Deus está sempre chamando!
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você! Entre em contato conosco:
Província Norte: Rua Halfeld, 1179 - Cep. 36016-000
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Tel.: (0xx32) 3212-8864 e 3229-9820 - Ramal 140
E.mail: [email protected]
Província Centro: Rua: Verbo Divino, 993
CEP 04719-001 - São Paulo, SP
Tel. (0xx11) 5181-6444
E.mail: [email protected]
Província Sul: Rua Prof. Brandão, 155
CEP 80040-010 - Curitiba, PR
Tel. (0xx41) 3023-2893
E.mail: [email protected]
Região Amazônica: Caixa Postal 299
CEP 68100-970 - Santarém, PA
Tel. (0xx93) 3523-2059
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5/6/2009, 22:01
Servas do Espírito Santo
da Adoração Perpétua
“O Senhor, que é Amor, nos chamou para a
vida contemplativa missionária. Com nossas
humildes orações e sacrifícios, apoiamos a obra
missionária da Igreja e os sacerdotes. As
necessidades da humanidade fazem eco em
nossos corações e em nossas preces pedimos as
bênçãos e graças divinas para o mundo”
(Ir. Maria Eucharística).
Convento N. Sra. Do Cenáculo
Rua Nunes Machado, 150
Cx. Postal 405 - CEP 84001-970
Ponta Grossa, PR Tel. (0xx42) 3229-1629
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