ESTRATÉGIAS DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA VIA INTERNET Shirley Doweslei Bernardes Borja Belo Horizonte 2013 Shirley Doweslei Bernardes Borja ESTRATÉGIAS DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA VIA INTERNET Dissertação apresentada ao Mestrado em Educação Tecnológica do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção de Mestre em Educação Tecnológica. Linha III: Educação Tecnologias da Informação e Orientadora: Profª. Drª. Márcia Gorett Ribeiro Grossi Belo Horizonte 2013 À minha família. AGRADECIMENTOS Primeiramente, agradeço a Deus, que foi o maior mestre ao longo da minha vida, permitindo-me realizar meus sonhos de acordo com Seus propósitos, fazendo-me crescer com tudo que aprendi, enxergar que os degraus que ainda hei de encontrar são obstáculos transponíveis, e colocando na minha caminhada oportunidades e pessoas especiais, às quais também quero agradecer: Ao Erasmo, que com amor e paciência, sempre esteve ao meu lado me incentivando, me apoiando e me consolando nos momentos de fraqueza, ajudando-me a ter forças para enfrentar as tarefas como profissional, dona de casa, esposa, mãe e mestranda. Aos meus filhos Artur, Marcela e Samuel, que nos momentos em que estive ausente, dedicando-me à pesquisa, tiveram paciência e compreenderam a minha falta. Aos meus pais, que sempre expressaram o orgulho de ver as conquistas por mim alcançadas e, por menor que fossem, para eles parecia tão grande, que me faziam acreditar que eu era capaz de mais. À Profª Márcia, minha orientadora, pelas boas horas de conversas sérias, mas sempre descontraídas, que com tanta dedicação e carinho, soube mais que me orientar, foi conselheira, companheira, amiga.... em todos os momentos. Ao Ademir e ao Marcos, amigos que encontrei no mestrado. Às pessoas desta instituição que, com presteza, ética e competência, recebem os mestrandos a cada ano. Enfim, deixo registrado o meu agradecimento a todos que fizeram parte direta ou indiretamente desta minha jornada. “Talvez não tenha conseguido fazer o melhor, mas lutei para que o melhor fosse feito. Não sou o que deveria ser, mas Graças a Deus, não sou o que era antes.” (Marthin Luther King) RESUMO O ensino e aprendizagem de língua estrangeira on-line surge como mais uma dentre as muitas possibilidade de educação a distância, que abre oportunidades para o aluno que pretende avançar nos seus estudos de língua estrangeira, possibilitando o desenvolvimento profissional, pessoal e cultural, principalmente para os que, por diversos motivos, não deram seguimento ao curso presencial. Neste sentido, esta pesquisa descreve o uso dos recursos tecnológicos tendo como objetivo identificar as estratégias utilizadas no ensino de língua estrangeira a distância, via internet, as quais têm levado os alunos a optarem por esta modalidade de ensino, bem como os motivos que favorecem a permanência dos mesmos neste curso. Entende-se que esta pesquisa seja relevante, pois proporcionará novos conhecimentos sobre as necessidades dos alunos, apontando as estratégias que melhor se adequam aos usuários desta modalidade de ensino. Esta pesquisa se encaixa como sendo exploratória devido ao levantamento bibliográfico e descritiva quando da exposição das características do curso escolhido, bem como as características de um determinado grupo e as relações existentes entre as variáveis. Para tanto, foi adotado por meio de levantamento ou survey o processo de coleta de dados, utilizando questionário on-line. Os questionários foram enviados a 625 alunos de curso de língua estrangeira on-line e obteve 195 retornos. A partir da coleta dos dados e posterior análise, verificou-se que dentre as diversas ferramentas disponibilizadas pelo curso, as ferramentas que favorecem a interação entre os participantes são as que têm principal fator motivacional no curso on-line, pois além de proporcionar o contato com o idioma estudado, possibilita a aprendizagem da estrutura da língua estrangeira. Apesar de o computador ter grandes potencialidades pedagógicas, ele possui limitações e deve ser visto apenas como um instrumento capaz de ajudar no ensino e aprendizagem, um recurso pedagógico no ensino de línguas estrangeiras e não um substituto do professor. Palavras-chave: Educação a Distância; Recursos Tecnológicos; Ensino de Línguas Estrangeiras; Internet. ABSTRACT Teaching and learning foreign languages online emerge as one more among many possibilities of distance education. It opens up opportunities for students who want to improve their foreign language abilities, providing professional, personal and cultural development, especially for those who, for several reasons, had to quit traditional classes. Therefore, this research describes the use of technological resources in order to identify the strategies used in foreign language online classes. These strategies have both led students to choose this kind of teaching and arisen as one of the reasons that favor their permanency in such courses. It is assumed that this research is relevant since it will provide new knowledge on students’ needs, pointing out the strategies that best suit users of this kind of education. This research can be considered exploratory, due to the bibliographic research, and descriptive since it shows characteristics of the course chosen, as well as the characteristics of a particular group and the existing relationships among the variables. Therefore, through survey, it was adopted the process of data collection, using online questionnaire. The questionnaires were sent to 625 students of foreign language online courses and received 195 responses. By using the data collection and the subsequent analysis, it was found that the several tools provided by the course favor the interaction among participants and represent the primary motivational factor of the online course because they provide contact with the language and enable students to learn its structure. Although computers have great pedagogical potential, they have limitations and should be seen only as a tool to assist in teaching and learning, i. e., they are a pedagogical resource for foreign languages education, not a teacher’s substitute. Keywords: Distance Education, Technology Resources, Foreign Language Education, Internet. LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS A.c. - Antes de Cristo ABED - Associação Brasileira de Educação a Distância AVAs - Ambientes Virtuais de Aprendizagem BBC - British Broadcasting Corporation CD-ROM - Compact disk - Read Only Memory CMC - Comunicação Mediada por Computador DVD - Disco de Vídeo Digital EaD - Educação a Distância e-mail - Eletronic mail - Endereço Eletrônico FTP - File Transfer Protocol IC - Inteligência Coletiva IngRede - Inglês em Rede LDBEN - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LE - Língua Estrangeira MEC - Ministério da Educação MSN - Microsoft Network N/A - Nenhuma Alternativa Pnad - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios TDICs - Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação UFG - Universidade Federal de Goiás UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro UFSJ - Universidade Federal de São João del-Rei UFSM - Universidade Federal de Santa Maria UFU - Universidade Federal de Uberlândia UFJF - Universidade Federal de Juiz de Fora UFPA - Universidade Federal do Pará UFPEL - Universidade Federal de Pelotas UOL - Universo on-line URL - Uniform Ressource Locator WWW - World Wide Web ZDP - Zona de Desenvolvimento Proximal LISTA DE QUADROS - Recursos Tecnológicos para EaD e as habilidades desenvolvidas para cursos de línguas...................................................................... 17 Quadro 2 - Classificação das estratégias............................................................ 22 Quadro1 Quadro 3 - Definição de Educação a distância................................................... 27 Quadro 4 - Recursos Tecnológicos utilizados no ensino de LE.......................... 34 Quadro 5 - Vantagens e Desvantagens das ferramentas................................... 41 Quadro 6 - Cursos de língua estrangeira disponíveis na internet....................... 51 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Escolha do curso....................................................................... 55 Figura 2 - Itens de menu da página principal............................................. 56 Figura 3 - Item de menu: Cursos............................................................... 56 Figura 4 - Apresentação das unidades do curso....................................... 57 Figura 5 - Revisar envios........................................................................... 58 Figura 6 - Início da unidade 1 - Lição 1: Introdução.................................. 59 Figura 7 - Aprender.................................................................................... 60 Figura 8 - Revisão...................................................................................... 61 Figura 9 - Escrever..................................................................................... 62 Figura 10 - Falar........................................................................................... 63 Figura 11 - Ler.............................................................................................. 64 Figura 12 - Ouvir......................................................................................... 65 Figura 13 - Chamariz................................................................................... 66 Figura 14 - Questionário.............................................................................. 67 Figura 15 - Conclusão.................................................................................. 68 Figura 16 - Livemocha Tutors...................................................................... 69 Figura 17 - Ítem de Menu: Procurando Praticar........................................... 70 Figura 18 - Procurando praticar................................................................... 70 Figura 19 - Flashcards................................................................................. 71 Figura 20 - Pratique Escrevendo................................................................. 72 Figura 21 - Pratique falando........................................................................ 74 Figura 22 - Ítem de menu: Pessoas............................................................. 76 Figura 23 - Pessoas..................................................................................... 76 Figura 24 - Explorar a cultura...................................................................... 77 Figura 25 - Bate-papo.................................................................................. 78 Figura 26 - Meus amigos............................................................................. 78 Figura 27 - Encontre novos amigos............................................................. 79 Figura 28 - Convidar amigos........................................................................ 80 Figura 29 - Ítem de menu: Ajudar os outros................................................ 81 Figura 30 - Revisar envios........................................................................... 81 Figura 31 - Pedidos de revisão.................................................................... 82 Figura 32 - Traduzir..................................................................................... 83 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Número de respondentes ao longo do questionário.............. 85 Tabela 2 - Facilidade de acesso às ferramentas do site do curso.......... 86 Tabela 3 - Grau de importância da facilidade de acesso às ferramentas............................................................................ 86 - Nível de dificuldade de entendimento dos alunos................... 88 Tabela 4 Tabela 5 - Grau de importância para o nível de dificuldade de entendimento dos alunos....................................................... - Possibilidade de as ferramentas auxiliarem nos estudos ..... 88 90 Tabela 8 - Grau de importância para a possibilidade de as ferramentas auxiliarem nos estudos...................................... - Perfil – Gênero dos respondentes......................................... Tabela 9 - Perfil – Idade dos respondentes............................................ 92 Tabela 10 - Perfil – Escolaridade dos respondentes................................ 93 Tabela 11 - Fatores importantes do curso................................................ 93 Tabela 12 - Região de localização dos respondentes.............................. 94 Tabela 13 - Questões relacionadas ao idioma......................................... 95 Tabela 14 - Habilidades que mais motivam os respondentes.................. 96 Tabela 15 - Nível de interação do curso para os respondentes............... 96 Tabela 16 - Fatores importantes no curso................................................ 97 Tabela 17 - Idiomas escolhidos pelos respondentes................................ 98 Tabela 18 - Tempo dedicado às atividades do curso............................... 98 Tabela 19 - Horário de maior frequência do aluno no curso..................... 99 Tabela 20 - Local de acesso dos respondentes para as atividades do curso..................................................................................... - Frequência de troca de informações entre os alunos do curso..................................................................................... - Preferência por um professor on-line numa sessão particular............................................................................... Tabela 6 Tabela 7 Tabela 21 Tabela 22 89 91 99 99 100 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO................................................................................ 16 1.1 Questões de Pesquisa.................................................................. 18 1.2 Objetivos........................................................................................ 19 1.2.1 Objetivo Geral................................................................................. 19 1.2.2 Objetivos Específicos...................................................................... 19 1.3 Hipóteses....................................................................................... 20 1.4 Justificativa................................................................................... 21 1.5 Estruturação da Dissertação........................................................ 25 2 REFERENCIAL TEÓRICO.............................................................. 26 2.1 Educação a Distância................................................................... 26 2.1.1 Educação a Distância: Contexto histórico...................................... 2.2 Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação............... 29 Contexto Histórico de Tecnologia no ensino de língua estrangeira..................................................................................... Estratégias de Ensino.................................................................. 34 2.4.1 Estratégias de ensino e aprendizagem nos ambientes virtuais...... 2.5 Interatividade no processo de ensino e aprendizagem............ 39 3 METODOLOGIA............................................................................. 44 3.1 Tipo de Pesquisa utilizada neste trabalho................................. 44 3.2 Procedimentos Metodológicos.................................................... 45 3.2.1 Primeira Etapa................................................................................ 3.2.2 Segunda Etapa............................................................................... 46 3.2.3 Terceira Etapa................................................................................ 3.2.4 Quarta Etapa.................................................................................. 47 3.2.5 Quinta Etapa.................................................................................. 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS.............................. 47 4.1 Resultados e Análise da 1ª etapa.............................................. 51 4.2 Resultados e Análise da 2ª etapa............................................... 51 4.3 Resultados e Análise da 3ª etapa............................................... 53 Resultados e Análise da 4ª etapa............................................... 4.4.1 Análise do levantamento das estratégias de ensino e aprendizagem................................................................................ 4.5 Resultados e Análise da 5ª etapa............................................... 55 2.3 2.4 4.4 31 36 42 47 47 51 85 90 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................... 104 REFERÊNCIAS.......................................................................................... 112 APÊNDICE A - CARTA-CONVITE AOS MEMBROS LIVEMOCHA......... 116 APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO............................................................. 117 APÊNDICE C – GRÁFICOS E TABELAS................................................ APÊNDICE D - OPÇÃO DE BUSCA DO SITE LIVEMOCHA................... 121 122 1 INTRODUÇÃO A chegada dos computadores pessoais (PCs), e a vasta disponibilização de recursos tecnológicos pela internet em ambientes educacionais a distância, em crescente demanda e utilização, mobilizaram os educadores em busca de novas propostas para o processo de ensino e aprendizagem, utilizando o meio digital e as Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDICs), viabilizando, a construção de conhecimento, que segundo Vygotsky (2003) se dá através da linguagem, numa ação com o outro. A construção do conhecimento, numa perspectiva sócio-histórica-cultural, na visão de Vygotsky (2003), implica em interação mediada por várias relações. Na troca de experiências com outros sujeitos, os conhecimentos vão se internalizando, se ampliando e propiciando novas trocas, ou seja, o conhecimento vai se construindo socialmente e esta construção passa a ter papel fundamental na aprendizagem. Desta maneira, percebe-se a ampliação de novas oportunidades de aprendizagem para todas as modalidades de ensino, como na Educação a Distância (EaD), bem como para as diversas opções de cursos a distância, como os cursos de Língua Estrangeira (LE), os quais vêm mostrando um aumento crescente por sua procura. Segundo dados da Associação Brasileira de Ensino a Distância (ABED), em 2010 o número de instituições brasileiras que ofereceram cursos on-line dobrou em relação ao ano de 2008, chegando a 82 cursos na internet. Esta evolução também se encontra no ensino de idiomas, acompanhado pelo número de alunos. Uma das escolas mais tradicionais nesse segmento de ensino virtual registrou que, em apenas um ano, teve um aumento de 50% no número de alunos. Percebe-se que esta proliferação de cursos e a crescente procura tornam os recursos tecnológicos oferecidos relevantes para a educação a distância (EaD), via internet, pois possibilitam a ampliação de oportunidades novas de 16 aprendizagem, tanto para quem quer dar continuidade aos estudos, como para aqueles alunos que, por diversos motivos, não deram seguimento a seus estudos enquanto aula presencial. Em se tratando de novas oportunidades na aprendizagem, Paiva (1999) entende a EaD como um processo educativo, que envolve meios de comunicação capazes de ultrapassar os limites de tempo e espaço e tornar acessível a interação com as fontes de informação e/ou com o sistema educacional; de forma a promover a autonomia do aluno através de estudo independente e flexível, bem como um ambiente de estudo diferenciado, com ampla variedade de opções de interatividade. Esse cenário atualmente é proporcionado pelas novas tecnologias, sendo o compromisso e a disciplina, por parte do aluno, características importantes que se fazem indispensáveis, pois o desenvolvimento da EaD não é apenas a tecnologia. Assim, a possibilidade de aprendizagem pela internet é bastante diversificada. Para Warschauer e Meskill apud Franco (2010), cada método ou abordagem do ensino, no caso do ensino de línguas, conta com o apoio de uma tecnologia própria, como pode ser observado no Quadro 1. Neste sentido, a Comunicação Mediada por Computador, do inglês Computer-Mediated Communication (CMC), apresenta uma possibilidade de comunicação direta entre alunos da língua-alvo1 e outros alunos ou falantes nativos. QUADRO 1 - Recursos Tecnológicos para EaD e as habilidades desenvolvidas para cursos de línguas Recursos Tecnológicos para EaD Habilidades desenvolvidas Computador, internet, biblioteca digital, realidade virtual, CD-ROM, DVD, satélite, softwares especializados. Gramática Computador, internet, quadro branco eletrônico, caderno eletrônico de curso, realidade virtual, CD-ROM, DVD, satélite, softwares especializados. Escrita / Vocabulário Computador, internet, caderno eletrônico de curso, biblioteca digital, realidade virtual, CD-ROM, DVD, fitas de áudio, vídeo em broadcast, vídeo de mesa (desktop vídeo), softwares especializados. Leitura 1 Lingua-alvo - A língua estrangeira, segunda ou mesmo materna que o aluno se esforça por aprender, adquirir ou aperfeiçoar. Língua colocada para ser desenvolvida pela aprendizagem ou aquisição. Fonte: www.sala.org.br/l/lingua-alvo. Acesso em: 02 jun. 2011. 17 continua Recursos Tecnológicos para EaD Habilidades desenvolvidas Computador, internet, videoconferência, audio-conferência, chat, fórum, lista de discussão, telefone, quadro eletrônico de aviso, MSN, skype, email, vídeo em broadcast, vídeo de mesa (desktop vídeo), microfone, gravador, webcam, realidade virtual, satélites, softwares especializados. Conversação / Interação Fonte: Elaborado pela autora De acordo com o Quadro 1, pode-se perceber que existem diversas tecnologias que são utilizadas para o suporte da EaD, especificamente para os cursos de línguas estrangeiras. Assim os ambientes de EaD podem reunir estas tecnologias para a administração e coordenação dos cursos, tais como: controle de acesso, calendário de cursos, grupos de alunos, autoria, utilitários, pesquisa de curso, homepage dos alunos, relatórios e estatísticas, pesquisa de conteúdos, além dos diversos e específicos softwares para cada tipo de curso. Outra característica dos cursos EaD, segundo Warschauer apud Franco (2010), é a possibilidade de a língua-alvo poder ser praticada em qualquer lugar, 24 horas por dia, de forma assíncrona ou síncrona. Na modalidade assíncrona existe a presença dos atores envolvidos no processo além de não ocorrer em tempo real, ou seja, não ocorre simultaneamente, o que pode favorecer a produção de mensagens mais elaboradas, como por e-mail. A comunicação síncrona, por sua vez, ocorre em tempo real, podendo um aluno comunicar-se com outros alunos e/ou professores ao mesmo tempo, bem como com várias pessoas, por meio de chats, telefone e videoconferência. 1.1 Questões de Pesquisa Partindo do pressuposto que há uma crescente procura por cursos de língua estrangeira a distância, neste caso on-line, surgiram as seguintes questões: 1. Quais são os motivos do aumento da procura por esta modalidade de curso? 2. Como este curso tem motivado os alunos a permanecerem nele? 18 3. Quais são as estratégias de ensino utilizadas pelos atores envolvidos nesta modalidade de curso? 1.2 Objetivos 1.2.1 Objetivo Geral O objetivo desta dissertação foi identificar as estratégias utilizadas no ensino de língua estrangeira a distância, via internet, que têm levado os alunos a optarem por esta modalidade de ensino, bem como os motivos que favorecem a permanência dos mesmos no curso. 1.2.2 Objetivos Específicos A fim de alcançar o objetivo geral descrito acima, foram seguidos os seguintes objetivos específicos: a. Fazer o levantamento bibliográfico sobre as novas tecnologias nos cursos de língua estrangeira; b. Identificar os sites que oferecem ensino de língua estrangeira à distância via internet; c. Selecionar dentre os sites identificados no item b, qual será o site a ser analisado; d. Escolher a língua estrangeira ensinada nos sites identificados, a qual será pesquisada; e. Verificar dentre as ferramentas disponíveis no site selecionado, quais auxiliam no desenvolvimento do curso; f. Levantar o perfil do aluno que escolhe esta modalidade de ensino; g. Levantar as estratégias de ensino e aprendizagem utilizadas no site escolhido; 19 h. Verificar dentre as estratégias levantadas no item anterior (g), quais tem motivado os alunos a optarem pela EaD nos cursos de língua estrangeira; i. Identificar os motivos que influenciam na permanência ou desistência dos alunos nestes cursos. 1.3 Hipóteses Para resolver os problemas de pesquisa e alcançar os objetivos desta pesquisa foram geradas as seguintes hipóteses: Hipótese 1: Os sites dos cursos de língua estrangeira on-line oferecem estratégias metodológicas diversificadas; Hipótese 2: Não existe predominância de gênero entre os alunos que cursam línguas estrangeiras a distância via internet; Hipótese 3: Existe predominância de idade entre os alunos que cursam esta modalidade de ensino; Hipótese 4: A procura por esta modalidade de ensino é devido ao fato de que existe maior flexibilidade em relação a tempo e espaço; Hipótese 5: A educação a distância desperta no aluno o interesse para estudar a partir do seu próprio esforço, sua autonomia, tendo este uma facilidade para um estudo independente; Hipótese 6: Os alunos que procuram esta modalidade de ensino não têm inicialmente conhecimentos sobre os recursos tecnológicos dos sites dos cursos; Hipótese 7: É uma modalidade de ensino adequada para pessoas adultas e com necessidades de formação para aperfeiçoamento na vida profissional; Hipótese 8: A interatividade influencia positivamente os alunos dos cursos de língua estrangeira a distância via internet. 20 1.4 Justificativa Devido ao aumento do interesse pela modalidade de EaD, especialmente nos cursos de línguas estrangeiras, destaca-se a relevância de pesquisar sobre o uso das novas tecnologias para ensino de línguas estrangeiras a distância via internet. Uma aprendizagem a distância, mediada pela internet, permite que o aluno tenha acesso aos recursos tecnológicos, contribuindo para aprendizagem de uma língua-estrangeira, de uma forma flexível e interativa. Dessa forma, surge o interesse em estudar as novas possibilidades e estratégias utilizadas por sites especializados em ensino e aprendizagem de língua estrangeira a distância, mediados pela internet, para analisar qual a influência que este tipo de aprendizagem tem sobre seus alunos, como mostram os autores Paiva (2008) e Franco (2010), quando apontam a preocupação das pessoas em acompanhar essas novas tecnologias. Algumas escolas e/ou professores de língua estrangeira têm buscado em sites da internet material pedagógico e estratégias para o ensino de língua estrangeira para serem utilizados em sala de aulas presenciais. Há também alunos que buscam os sites de ensino e aprendizagem de idiomas para aprendizagem individual a distância que, por algum motivo, preferiram as aulas mediadas pela internet às aulas presenciais em escolas formais de idiomas. Observa-se que os sites oferecem estratégias variadas para auxiliar o aluno na aprendizagem de língua estrangeira a distância. Nessa perspectiva, é importante ressaltar que, segundo Paiva (2008b), há pessoas com diferentes estilos de aprendizagem, e que é preciso pensar em atividades que contemplem os vários estilos e que estimulem o desenvolvimento do ser humano de forma integral, buscando uma metodologia que contribua com a aprendizagem do estudante e não a tecnologia em si. A autora sintetiza dizendo que estilos de aprendizagem são características internas nem sempre conscientes. Associadas aos estilos estão as ações utilizadas pelos alunos, geralmente, de forma consciente, para impulsionar sua 21 aprendizagem. Essas ações são as estratégias de aprendizagem que o aluno utiliza para ampliar sua aprendizagem. As estratégias são usadas para memorizar vocabulário e estruturas lingüísticas, para organizar a aprendizagem, para usar e analisar a língua. Quando uma pessoa se depara com um problema e tenta solucioná-lo a partir de meios que estão à sua disposição, ou traçar planos e se preparar para alcançar uma meta, esta pessoa está agindo estrategicamente. No que diz respeito à estratégia de aprendizagem, pode-se dizer que a estratégia é a forma como o aluno planeja seu próprio aprendizado, planejando e buscando meios e recursos para atingir sua meta. “Estratégia de aprendizagem são ações específicas tomadas pelo aprendiz com o objetivo de tornar o aprendizado mais fácil, mais rápido, mais agradável, mais independente, mas efetivo, mais flexível e mais transferível para novas situações.” (OXFORD, 1990, p.8) Paiva (2008b) diz que para aprender uma língua, usam-se estratégias indiretas que são aquelas que estão relacionadas ao planejamento da aprendizagem, e que dizem respeito à organização da aprendizagem, às suas emoções e a interação com outros aprendizes ou professores. Estas se dividem em metacognitivas, sociais e afetivas e as estratégias diretas estão intimamente associadas à própria aprendizagem, que se dividem em estratégias de memória, cognitivas e de compensação. De acordo com o exposto e com base na classificação de Oxford (1989), que é a classificação mais utilizada para a descrição destas estratégias, apresenta-se a seguir o Quadro 2 com o que cada grupo e subgrupo englobam: QUADRO 2 – Classificação das Estratégias ESTRATÉGIAS DIRETAS Estratégias de Memória Armazenagem e recuperação de informações novas Criação de elos mentais Fazer frases Utilização de imagens e sons Usar imagens e gravuras Revisão efetiva Fazer revisão em intervalos regulares 22 Continua ESTRATÉGIAS DIRETAS Estratégias Cognitivas Compreensão e produção de novos enunciados através da manipulação e da transformação da língua alvo pelo aluno Praticar a língua estrangeira Reconhecer ou usar frases prontas ou expressões idiomáticas Transferir palavras conceitos ou estruturas de uma língua para outra Analisar e refletir Traduzir Criar estrutura para o insumo e para a produção linguística Fazer anotações, Fazer destaques no texto Estratégias de Compensação Auxílio na compreensão e produção da nova língua apesar das limitações no conhecimento Adivinhar de forma inteligente Superar limitações da fala e da escrita Usar pistas lingüísticas (cognatos, prefixos), Usar outras pistas: estrutura do texto, conhecimento do mundo, conhecimento dos alunos. Solicitar ajuda, Usar circunlocução ou sinônimo ESTRATÉGIAS INDIRETAS Estratégias Metacognitivas Planejamento, controle e avaliação da aprendizagem Centrar a aprendizagem Associar o conteúdo novo com o já conhecido, Prestar atenção Organizar: espaço físico, horário... Organizar e Planejar a aprendizagem Estabelecer metas e objetivos, Identificar o propósito de uma atividade ouvir, falar, ler, escrever com um propósito definido, Planejar tarefas Avaliar a aprendizagem Identificar os erros (Auto-monitoração), Avaliar o próprio progresso (Auto-avaliação) 23 continua ESTRATÉGIAS INDIRETAS Estratégias Afetivas Regulagem de emoção, atitudes, valores e motivação Relaxar, Diminuir a ansiedade Usar música, Rir: assistir uma comédia, ouvir/ler piadas Usar "check lists" (auto-avaliação), Medir a temperatura emocional Escrever um diário (data/lição do livro/ atividades principais/ como foi meu desempenho/quais foram minhas dificuldades), Discutir seus sentimentos com alguém (Que dificuldades ainda tenho?) Estratégias Sociais Interação e cooperação com os outros Fazer perguntas Cooperar com os outros Solicitar esclarecimentos e correções, Cooperar com os pares e com falantes proficientes, Desenvolver comprensão cultural Fonte: Elaborado pela autora, com adaptação de Oxford (1989). No entanto, é relevante verificar o perfil e o motivo que levam os alunos a escolherem esta modalidade de ensino, pois é comum encontrar pessoas que iniciam um estudo a distância tendo a impressão equivocada de EaD ser a maneira mais fácil de concluir um curso, no entanto cursar EaD demanda muito esforço. Tarcia (2008), ao afirmar: “Aquela premissa que diz ‘se você não tem tempo, faça um EaD’ não é verdadeira”, explica que quem estuda a distância deve ler mais textos, fazer reflexões elaboradas e participar de foros virtuais, o que requer força de vontade e empenho do aluno. Para a autora, a vantagem é que não existe rigor de horário, há flexibilidade. No entanto, os alunos leem mais, fazem mais atividades, são mais pró-ativos e produtores de seu próprio conhecimento. 24 1.5 Estrutura da Dissertação A dissertação encontra-se estruturada em 5 capítulos da seguinte forma: O Capítulo 1 é introdutório, trazendo a contextualização da pesquisa, o tema, as questões de pesquisa, os objetivos (geral e específicos), as hipóteses, a justificativa, bem como a estrutura do trabalho. Em seguida, no Capítulo 2, referencial teórico apresenta definições e conceitos que dão suporte à discussão teórica e à interpretação dos dados obtidos. Na sequência, no Capítulo 3, estão apresentados os procedimentos metodológicos, descrevendo a técnica utilizada na pesquisa, juntamente com seus detalhes, o universo e amostragem da pesquisa, os instrumentos de coleta de dados, além da natureza da pesquisa e dos procedimentos que foram adotados para análise dos dados coletados. O Capítulo 4 contém a apresentação e análise dos dados coletados e seus resultados. No Capítulo 5, estão as considerações finais, limitações da pesquisa e possíveis trabalhos futuros. E finalmente, as referências utilizadas nesta pesquisa e os apêndices. 25 2 REFERENCIAL TEÓRICO Neste capítulo, estão apresentados os principais conceitos e definições que ofereceram suporte teórico para esta pesquisa. 2.1 Educação a Distância Os primeiros relatos quanto à Educação a Distância2 comparavam-na com a educação presencial, e por isso, acreditava-se que para ser Educação a Distância bastaria ser única e exclusivamente aquela que não fosse presencial. Keegan apud Nunes (1994) afirma que o termo genérico de educação a distância inclui um conjunto de estratégias educativas referenciadas por: educação por correspondência, utilizado no Reino Unido; estudo em casa (home study), nos Estados Unidos; estudos externos (external studies), na Austrália; ensino a distância, na Open University do Reino Unido. E, também, téléenseignement, em francês; Fernstudium/Fernunterricht, em alemão; educación a distância, em espanhol; e teleducação, em português. O autor complementa que em português, educação a distância, ensino a distância e teleducação são termos utilizados para expressar o mesmo processo real. Contudo, teleducação pode ser confundida como sendo somente educação por televisão, esquecendo que tele vem do grego, que significa ao longe ou, no nosso caso, a distância. Sendo assim, faz-se necessário um levantamento sobre o que alguns autores da área consideram essencial, no que se refere à Educação a Distância. Na definição de Moran (2002), a Educação a Distância é um processo de ensino e aprendizagem, mediado por tecnologias, onde professores e alunos estão separados espacial e/ou temporalmente. Nesta modalidade de ensino, os professores e alunos não estão normalmente juntos, fisicamente, mas podem estar conectados, interligados por tecnologias, principalmente a internet. Mas 2 Nunes (1994) na expressão “educação a distância”, pode-se ou não usar a crase, pois ela é facultativa neste caso, sendo obrigatória somente quando define-se a distância, por exemplo: à distância de três metros. 26 também podem ser utilizadas a comunicação por correio, rádio, televisão, vídeo, CD-ROM, telefone, fax e tecnologias semelhantes. Segundo Moore e Kearsley (2007), a definição mais citada de educação a distância é a criada por Keegan em 1980, baseada nas definições dos autores Moore, Peters e Holmberg e apresentada no Conselho Internacional de Educação por Correspondência. As definições de EaD estão expostas no Quadro 3 a seguir e demonstram como tem sido diversas ao longo de vários anos. QUADRO 3 - Definição de Educação a distância Autores Definição de EaD M. Moore O ensino a distância é o tipo de método de instrução em que as condutas docentes acontecem à parte das discentes, de tal maneira que a comunicação entre o professor e o aluno se possa realizar mediante textos impressos, por meios eletrônicos, mecânicos ou por outras técnicas. O. Peters Educação/Ensino a Distância (Fernunterricht) é um método racional de partilhar conhecimento, habilidades e atitudes, através da aplicação da divisão do trabalho e de princípios organizacionais, tanto quanto pelo uso extensivo de meios de comunicação, especialmente para o propósito de reproduzir materiais técnicos de alta qualidade, os quais tornam possível instruir um grande número de alunos ao mesmo tempo, enquanto esses materiais durarem. É uma forma industrializada de ensinar e aprender. B.Holmberg O termo "educação a distância" esconde-se sob várias formas de estudo, nos vários níveis que não estão sob a contínua e imediata supervisão de tutores presentes com seus alunos nas salas de leitura ou no mesmo local. A educação a distância se beneficia do planejamento, direção e instrução da organização do ensino. M. Moore e G.Kearsley A. Niskier Ano 1972 1973 1977 O aprendizado planejado que normalmente ocorre em lugar diverso do professor e como consequência requer técnicas especiais de planejamento de curso, técnicas instrucionais especiais, métodos especiais de comunicação, eletrônicos ou outros, bem como estrutura organizacional e administrativa específica. 1996 A EAD parte de um conceito extremamente simples: alunos e professores separados por uma certa distância e, as vezes pelo tempo. A modalidade modifica aquela velha idéia de que, para existir ensino, seria sempre necessário contar com a figura do professor em sala e de um grupo de alunos. 2000 27 continua Autores Legislação Brasileira (decreto nº 5.622 de 19 de dezembro de 2005) Ministério da Educação (MEC) Definição de EaD Ano Caracteriza a educação a distância (EAD) como modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com alunos e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos. 2005 Educação a distância é uma “forma de ensino que possibilita autoaprendizagem com a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de comunicação” (MEC, 2006). 2006 C. Maia e A EaD é uma modalidade de educação em que professores e alunos estão separados, planejada por instituições e que utiliza diversas tecnologias de comunicação. 2007 J. Mattar Fonte: Elaborado pela autora, com adaptação de Moore e Kearsley (2007). Pelo Quadro apresentado, percebe-se que há diferença da definição de EaD apresentada por Moore em 1972 e a apresentada por Moore e Kearsley em 1996, que menciona a importância de meios de comunicação eletrônicos e a estrutura organizacional e administrativa específica. Como afirmaram Moore e Kearsley (2007) que Keegan, em 1980, a partir das 4 definições de educação a distância, geralmente aceitas e citadas por Moore, Peters, Holmberg, como especificadas no Quadro 3 acima, e a lei francesa de julho de 1971 que regulamentou a educação a distância na França, concluiu que os seis elementos a seguir são considerados como essenciais para toda definição abrangente: 1. Distância entre professor e aluno; 2. Influência de uma organização educacional, especialmente no planejamento e na preparação dos materiais de aprendizado; 3. Uso de mídias técnicas; 28 4. Disponibilidade de comunicação nos dois sentidos; 5. Possibilidade de seminários ocasionais; 6. Participação na forma mais industrial da Educação. Analisando as diferentes definições de Educação a Distância, verifica-se que cada uma corresponde a um contexto e/ou a uma instituição. A validade de cada uma depende do quanto representem o significado de seu trabalho junto aos alunos e a comunidade onde atuam (RODRIGUES, 1998). 2.1.1 Educação a Distância: Contexto histórico A educação a distância vem crescendo em todo o mundo e essa modalidade de ensino, que era somente um suporte para a aprendizagem, tem se tornado cada vez mais utilizada como recurso necessário e de grande importância para a educação, como expressa Levy (1999, p. 170): “A aprendizagem à distância foi durante muito tempo o “estepe” do ensino; que em breve irá tornar-se, se não a norma, que menos a ponta de lança”. No Brasil, a educação a distância também está cada vez mais presente, o que pode ser confirmado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) de 1996, que normatiza a EaD como modalidade válida e equivalente para todos os níveis de ensino. Também possui as suas dificuldades e barreiras, como: a própria tecnologia, como a questão do acesso para os alunos; a falta de informação sobre os recursos oferecidos para a EaD, o receio do desconhecido e o preconceito. Para Moore e Kearsley (2007), a educação a distância não iniciou recentemente com o advento da internet; ela evoluiu ao longo de cinco gerações. Esta evolução é identificável pelas principais tecnologias de comunicação empregadas, de acordo com os autores, como relacionados a seguir: 1. A primeira geração de estudo por correspondência/em casa/independente proporcionou o fundamento para a educação individualizada a distância. Seu início está na década de 1880 e foi 29 viabilizado pela criação de serviços postais mais baratos e confiáveis, resultantes da expansão das redes ferroviárias. 2. A segunda geração, de transmissão por rádio, surgiu no início do século XX e desenvolveu-se com o surgimento da televisão, na década de 1940. Teve pouca ou nenhuma interação de professores com alunos, exceto quando relacionada a um curso por correspondência; porém, agregou as dimensões orais e visuais à apresentação de informações aos alunos a distância. 3. A terceira geração, denominada como universidade aberta surgiu no final da década de 1960, de experiências norte-americanas que integravam áudio/vídeo e correspondência com orientação face a face, usando equipes de cursos e um método prático para a criação e veiculação de instrução em uma abordagem sistêmica. 4. A quarta geração, que surgiu por volta da década de 1980, utilizou a teleconferência por áudio, vídeo e computador, proporcionando a primeira interação em tempo real de alunos com alunos e instrutores a distância. O método era apreciado especialmente para treinamento corporativo. 5. A quinta geração foi possível com o desenvolvimento do computador de uso pessoal (PC), em 1975 e da internet, em 1993. Uma geração de classes virtuais on-line com base na internet, tem resultado em enorme interesse e atividade em escala mundial pela educação a distância, com métodos construtivistas de aprendizado em colaboração, e na convergência entre texto, áudio e vídeo em uma única plataforma de comunicação. Conforme mostram Moore e Kearsley (2007), nestas cinco gerações apresentadas, esta evolução está ligada à utilização de instrumentos, as quais proporcionam, cada vez mais, maior possibilidade de transformação do meio e do sujeito e tem se configurado ao longo da história à medida que o sujeito as utiliza. 30 2.2 Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação. Castells (1999) define as grandes mudanças tecnológicas ocorridas nas últimas décadas como a revolução da tecnologia da informação, e que esta tem influenciado diversas esferas da atividade humana, principalmente a educação, na qual a Educação a Distância ganha destaque com o uso das ferramentas disponibilizadas pelas novas tecnologias utilizadas no processo de ensino e aprendizagem. O autor complementa que as novas tecnologias da informação não são simplesmente ferramentas a serem aplicadas, mas processos a serem desenvolvidos. Os usuários e criadores podem se tornar a mesma coisa. Dessa forma, os usuários podem assumir o controle da tecnologia como o caso da internet. Num primeiro momento, o progresso da tecnologia na educação baseou-se em aprender usando e logo, os usuários aprenderam a tecnologia fazendo, o que resultou na reconfiguração das redes e na descoberta de novas aplicações. O século XXI está imerso no processo de explosão informacional, das novas tecnologias de informação e comunicação e do ciberespaço3, do mercado globalizado, do uso da comunicação digital e a internet. (Castells, 2000). Levy (2009) relata em palestra4 que muitos séculos se passaram desde a invenção do alfabeto até a construção de uma civilização da escrita. Quando o alfabeto foi inventado, por volta do ano 1.000 A.c., não foi imediatamente que as pessoas aprenderam a ler e escrever. Esse autor recorda que somente há cerca de 10 anos tinha-se a maioria da população mundial sabendo ler e escrever. Foram necessários, portanto, 3 mil anos até chegar a essa situação. A web existe há pouco mais de 10 anos, portanto, não se pode ser impaciente e escandalizar-se com o fato de que a maioria da população não esteja 3 O ciberespaço é definido como “o espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial dos computadores e das memórias dos computadores” (LÉVY, 1999, pág. 92). 4 Em agosto de 2009, Lévy realizou a palestra "Internet e Desenvolvimento Humano", promovido pelo SESC-SP, na unidade Vila Mariana. Disponível em: http://www.crmariocovas.sp.gov.br/esp_a.php?t=001. Acesso em: 19 jul. 2011. 31 conectada. O que é preciso observar é a velocidade com que a curva de conexões aumenta, e isso, já é notável. Surge então na década de 1990 os ciberespaços, como um novo espaço de socialização, organização e difusão do conhecimento e da informação, como conseqüência do grande número de pessoas e computadores conectados à rede e também do desenvolvimento tecnoeconômico da sociedade (LÉVY, 1999). Para Lévy apud Anjos e Andrade (2008), juntamente com a formação institucional, o ciberespaço tem plenas condições de contribuir para o reconhecimento de saberes pertinentes, segundo o interesse do usuário da rede. A comunicação realizada pelo ciberespaço, acessível à coletividade, pode contribuir na resolução de questões relacionadas à gestão de competências. Com o ciberespaço, o conhecimento em rede e a relação do sujeito tanto com as novas tecnologias, como com o outro sujeito, tem proporcionado formas diferentes de buscar o saber. Segundo Levy (1999), o saber está agora codificado em base de dados acessíveis on-line. Já Assman (2005) alerta sobre as novas “formas de saber” que se apresentam como uma parceria dos aspectos cognitivos com as máquinas: [...]as tecnologias da informação e da comunicação se transformaram em elemento constituinte (e até instituinte) das nossas formas de ver e organizar o mundo. Aliás, as técnicas criadas pelos homens sempre passaram a ser parte das suas visões de mundo. Isto não é novo. O que há de novo e inédito com as tecnologias da informação e da comunicação é a parceria cognitiva que elas estão começando a exercer na relação que o aprendente estabelece com elas. (ASSMAN, 2005, p.19) Segundo Paiva (2008b), o aparecimento de uma nova tecnologia implica, num primeiro momento, desconfiança e rejeição. A autora recorda a história do livro, cujos precursores foram o volumen, um rolo de papiro e o codex, uma coleção de folhas costuradas que lembra o formato do livro atual. O livro é um exemplo de ferramenta tecnológica usada para o ensino de línguas, que também foi rejeitado antes de ser completamente aceito pela sociedade. 32 O novo traz um pouco de receio e faz com que haja rejeição e distância até ser mais conhecimento. No entanto, esta rejeição ao que se refere à internet parece ter sido muito curta, como mostram os dados do National Center for Policy Analysis (2000), que fazendo uma comparação entre algumas invenções em termos do tempo que elas levaram para serem utilizadas por mais de 50 milhões de pessoas. Dentre essas invenções está a eletricidade (1873), que levou 46 anos; o automóvel (1886), que levou 55 anos; o rádio (1906) que levou 22 anos; a televisão (1926), que levou 26 anos; o computador pessoal (1975), que levou 16 anos e a internet (1993), que levou apenas 4 anos para ser utilizada por mais de 50 milhões de pessoas. Todas essas invenções trouxeram grandes mudanças para a sociedade e contribuíram para que a comunicação chegasse com maior rapidez a diferentes localidades. No entanto, a internet através da Comunicação Mediada por Computador, proporcionou a extensão de várias capacidades naturais, pois há 47 anos já se tinha essa ideia, como se pode observar nos estudos de McLuhan (2000), que os meios de comunicação atuam como extensões das capacidades naturais dos seres humanos. Assim, não apenas pode-se ver o que os olhos naturalmente não vêem - como na televisão - mas pode-se interagir com elas, tocá-las em sua realidade virtual, construir o próprio raciocínio não linear sobre a informação. Entende-se, então, que a rapidez com que a internet alcançou seus usuários em espaço menor de tempo, em comparação às outras invenções, deve-se à velocidade com que estas informações chegam ao outro, tornando assim, mais rápida sua descoberta, logo, a absorção das novidades e consequentemente a aquisição de tecnologias novas. A aquisição dessas tecnologias pode ser considerada como responsável pela satisfação das necessidades básicas da comunidade e pela utilização efetiva da comunidade na expansão da sua infra-estrutura. Com isto, a evolução crescente das novas tecnologias envolvidas na comunicação de dados permite uma transmissão rápida e segura, como exemplo os roteadores, as redes sem fio e a popularização das tecnologias de acesso à internet por Banda Larga. 33 Portanto, estes fatos podem vir a ser uma das razões para que as rejeições aos cursos a distância, utilizando internet, estejam diminuindo. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), O número de usuários de internet no Brasil teve um crescimento de 14,7%, entre 2009 e 2011, com o aumento, 77,7 milhões de pessoas acessaram a rede mundial de computadores no período, mais de quatro em cada dez brasileiros (46,5%). É um dado promissor a rapidez com que as pessoas passam a ter acesso à internet. A preocupação das pessoas em adquirir informações variadas é cada vez maior em um menor espaço de tempo. Com intuito de acompanhar a velocidade das tecnologias, houve também uma diminuição das barreiras geográficas que dificultavam a penetração das tecnologias em locais de difícil acesso, podendo-se, por exemplo, levar o aprendizado para dentro das residências ou do trabalho, como pode ser visto com os cursos de educação a distância. 2.3 Contexto histórico de tecnologia no ensino de língua estrangeira Com base no levantamento realizado por Paiva (2008b) e Franco (2010), é importante conhecer um pouco da história e suas contribuições tecnológicas mais relevantes para o ensino de língua estrangeira, pois vê-se que a aprendizagem à distância não é tão atual, como mostra o Quadro 4. QUADRO 4 - Recursos tecnológicos utilizados no ensino de LE Ano Recurso Tecnológico Descrição Primeira gramática para estudo individualizado: gramática do hebraico pelo Cardeal Bellarmine. 1578 Impresso - Gramática 1658 Impresso ilustrado 1878 Áudio - Fonógrafo Aparelho para registrar e produzir som Invenção do fonógrafo, por Thomas Edson. Impresso e Áudio Primeiro material didático gravado por The International Correspondence Schools of Scranton. O material era composto por livros de conversação acompanhados de cilindros (recurso de áudio) de Thomas Edson. 1902 1903 – Livro Primeiro livro ilustrado, O Orbis Sensualim Pictus, de Comenius. Livro de vocabulário em latim para a educação infantil. 34 continua Ano Recurso Tecnológico Descrição 1930 Vídeo e Áudio - Filmes Walt Disney produziu os primeiros cartoons para o ensino de inglês básico. Em 1943, os estúdios de Walt Disney produziram uma série de filmes com atores, intitulada The March of Times. 1940s Audio - Gravador Surgimento do gravador de fita magnética. 1943 A British Broadcasting Corporation (BBC) iniciou transmissões em rádio com pequenas aulas de inglês. Somente na década de 60, transmitiu cursos de inglês em 30 línguas para quase todo o globo terrestre. Áudio – áudio 1950 Laboratório de Áudio Criação de laboratórios de áudio. 1926 Vídeo e Televisor Áudio – 1960 Áudio e Vídeo Computador - 1980s Áudio e Vídeo Computador individual 1991 Computador 1997 Computador e internet 1998 2001 2004 2008 - 2012 Invenção da televisão por John Baird. No entanto, somente em 1950 a TV chegou ao Brasil. Início do ensino de línguas mediado por computador com o projeto PLATO (Programmed Logic for Automatic Teaching Operations), na Universidade de Illinois. Surgimento dos primeiros computadores pessoais (PCs) no Brasil. Acesso à rede mundial de computadores no Brasil, interligando várias universidades e professores universitários. O acesso público à rede só aconteceu em 1994. Introdução à WWW nos moldes que conhecemos hoje. Acesso a novas formas de comunicação como e-mail, listas de discussão e fóruns. Computador internet e alguns recursos Aparecimento da ferramenta de busca como o Google. tecnológicos Com a plataforma wiki o conhecimento colaborativo vira Wiki realidade. Redes de relacionamento como o Orkut, blogs, podcasts, repositório de vídeo como o Youtube, enciclopédia mundial Redes Sociais feita por usuários (a Wikipédia), entre outros. Início da WEB 2.0 Tablets, Android, IOS A tecnologia a distância passa para dispositivos móveis e se populariza em dispositivos de baixo custo. Fonte: Elaborado pela autora, adaptado de Paiva (2008b). O Quadro 4 apresenta os recursos tecnológicos utilizados no ensino de língua estrangeira (LE) de acordo com Paiva (2008b). Percebe-se que não é novo o interesse de divulgação de um idioma, como exemplo, tem-se em 1930 a Walt Disney produzindo cartoons para ensino de inglês básico, e, em 1943, com a BBC (British Broadcasting Corporation), transmitindo em rádio pequenas aulas de inglês. Isso permitiu diversificar cada vez mais a forma de levar o ensino a 35 um maior número de pessoas e lugares, mostrando que as tecnologias digitais de informação e comunicação, com seu alto potencial de motivação e concentração, oferecem estratégias de ensino que estimulam o desenvolvimento da criatividade e de habilidades intelectuais, o raciocínio, a capacidade de resolver problemas, e de desenvolver a autonomia (PAIVA, 2008b). 2.4 Estratégias de Ensino Estratégias de ensino são caminhos utilizados pelo professor para conduzir e auxiliar o aluno, dentro das práticas educacionais propostas e das necessidades deste aluno, com intuito de facilitar o processo de aprendizagem do mesmo. Partindo desse pressuposto, Masetto (2003) conceitua estratégia de ensino e aprendizagem, como os meios utilizados pelo professor para facilitar o processo de aprendizagem dos alunos. Nesta definição, entram a organização do espaço utilizado como sala de aula, os materiais necessários, os recursos audiovisuais, as visitas técnicas, os estudos de casos, as discussões em grupos, o uso da internet e de programas educacionais para computadores, dentre inúmeras outras opções. Do ponto de vista social, tem-se o projeto IngRede5 (Inglês em Rede), que é um projeto de curso de Inglês on-line, com metodologia de ensino a distância que permite oferecer oportunidades de aprendizagem individualizada, atendendo a mais pessoas e adequando o aprendizado ao ritmo, à 5 O IngRede (Inglês em Rede) é um projeto de ensino e pesquisa sobre aprendizagem de inglês instrumental em ambiente virtual, via internet, desenvolvido por um consórcio de 10 universidades federais brasileiras: (UFG, UFMG, UFMT, UFRJ, UFSJ, UFSM, UFU, UFJF, UFPA e UFPEL). Este projeto faz parte das atividades da UNIREDE, primeira universidade virtual pública do país, que tem por objetivo potencializar o acesso ao ensino público universitário mediante a otimização de recursos humanos e de infraestrutura física, bem como contribuir para o aprimoramento do processo de ensino/aprendizagem em diversas áreas.. O projeto IngRede envolve uma equipe multidisciplinar, que fornecem conteúdo e metodologias de ensino/aprendizagem para uma equipe de alunos de iniciação científica da FUNREI, atualmente chamada de Universidade Federal de São João del-Rei – (UFSJ), para que estes possam desenvolver applets Java e introduzi-los na forma de exercícios interativos na web. O IngRede foi criado em 1999/2000, tendo um grupo liderado por Vera Menezes, que foi ampliado com a adesão de outros colegas. Disponível em: http://www.veramenezes.com/projingrede.pdf. Acesso em: 12 abr. 2010. 36 disponibilidade de tempo e às características de cada aluno. Esse projeto permite criar seu próprio roteiro de aprendizagem, conforme seu estilo, interesse e limitações de tempo e espaço, com horários flexíveis, adaptado às suas necessidades e possibilidades, o que seria impossível em uma aula presencial. Criando assim, um contexto mais propício à aprendizagem de língua estrangeira. Compreende-se, então, que as estratégias de ensino são muito importantes, pois são recursos que facilitam o processo de ensino e aprendizagem, mas que devem estar atreladas aos objetivos previamente estabelecidos, norteando o caminho que deve ser seguido. Vygotsky (1991) afirma que a aprendizagem se realiza sempre em um contexto de interação, através da internalização e, assim, levando a uma apropriação do conhecimento. O desenvolvimento depende da aprendizagem na medida em que se dá por processos de internalização de conceitos, que são promovidos pela aprendizagem social. Ao compreender desta forma as relações entre aprendizagem e desenvolvimento, este autor confere uma grande importância à escola (lugar da aprendizagem e da produção de conceitos científicos); ao professor (mediador desta aprendizagem); às relações interpessoais (por meio das quais este processo se completa), o que torna a aprendizagem um processo de construção compartilhada, uma construção social. (CARVALHO, 2008). Na área de desenvolvimento da aprendizagem, Vygotsky aborda o conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP)6, que se refere à condição que uma 6 Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP): A zona de desenvolvimento proximal refere- se, assim, ao caminho que o indivíduo vai percorrer para desenvolver funções que estão em processo de amadurecimento e que se tornarão funções consolidadas, estabelecidas no seu nível de desenvolvimento real. A zona de desenvolvimento proximal é, pois, um domínio psicológico em constante transformação; aquilo que uma criança é capaz de fazer com a ajuda de alguém hoje, ela conseguirá fazer sozinha amanhã. É como se o processo de desenvolvimento progredisse mais lentamente que o processo de aprendizado; o aprendizado desperta processos de desenvolvimento que, aos poucos, vão tornar-se parte das funções psicológicas consolidadas do indivíduo. (Oliveira, 1995, p.60). Disponível em: http://www2.funedi.edu.br/revista/revistaeletronica3/artigo9-3.htm. Acesso em: 12 ago. 2011. 37 criança tem para aprender a partir de um suporte, ou seja, com a ajuda de outra pessoa. Associando a importância do suporte que Vygotsky aborda com o que Paiva explicita sobre estilo de aprendizagem, vê-se a necessidade da utilização de estratégias diferentes como suporte, pois as pessoas têm estilos diferentes de aprendizagem. Não há uma pessoa igual à outra. As preferências individuais dos alunos não são exatamente as mesmas, mas isto não quer dizer que sejam melhores ou piores. (PAIVA, 2005). A autora ressalta, ainda, que os alunos têm temperamentos diferentes: introvertidos e extrovertidos; há os que gostam de observar e os que gostam de experimentar; os que agem mais pela emoção e os que utilizam mais a razão. Quanto à percepção, há alunos que aprendem melhor ouvindo; outros, utilizando a visão; outros, usando as mãos ou fazendo movimentos com o corpo. No que se refere à cognição, há alunos que aprendem passo a passo, que têm maior facilidade ao ver o conteúdo em uma seqüência e analisar os fatos, e que aprendem melhor de forma individual; e os que aprendem de forma global, contextualizada e intuitiva. Esses têm maior facilidade de interagir com os outros e de realizar experiências concretas. Conforme Freitas (2005), seja qual for o estilo de aprendizagem, motivação é o elemento chave que auxilia os alunos a vencerem barreiras e obter sucesso acadêmico. Por isto, coordenadores e administradores de programas de ensino a distância vêm utilizando, cada vez mais, técnicas de motivação desenvolvidas por psicólogos e educadores. Inúmeras pesquisas veem sendo desenvolvidas nesta área, visando minorar as dificuldades comumente apresentadas pelos cursistas. O desenvolvimento da tecnologia e as novas descobertas no campo das ciências do comportamento humano, durante os últimos 35 anos, trouxeram novas possibilidades aos programas de ensino a distância. Estes se tornaram mais competentes para atender às necessidades dos alunos e mais voltados para a interação entre aluno e professor ou cursista e tutor, visando beneficiar o desempenho acadêmico. 38 2.4.1 Estratégias de ensino e aprendizagem nos ambientes virtuais Vygotsky (2003) enfatiza que as relações sociais contribuem para o desenvolvimento do ser humano e o ciberespaço resgata esta relação que era somente presencial e de desenvolvimento mais lento com o advento das novas tecnologias. Com a evolução da internet e seus espaços de redes sociais (ciberespaço), criou-se um novo meio de relação social, ampliando e diversificando o conhecimento, que é o que Levy chama de inteligência coletiva7. Lévy (1999) pontua que a EaD explora determinadas técnicas de ensino a distância, incluindo a hipermídia, as redes de comunicação interativas e todas as tecnologias intelectuais da cibercultura. Mas o essencial se encontra em um novo estilo de pedagogia, que favorece ao mesmo tempo as aprendizagens personalizadas e a aprendizagem coletiva em rede. Para Anjos e Andrade (2008), os conhecimentos proporcionados pela cibercultura exercem influência, no sujeito, de forma positiva quando há um planejamento ou direcionamento do estudo, visando ao aprimoramento de conhecimentos. No processo imprescindível educativo, porque a cibercultura possibilita a representa ampliação e uma ferramenta melhoramento dos conhecimentos do sujeito. Na medida em que o educando manipula as ferramentas, (o computador e ciberespaço) de forma consciente, estabelece outra via para aperfeiçoar-se. (ANJOS e ANDRADE, 2008). 7 Inteligência Coletiva (IC): Para Levy, a inteligência coletiva (IC) é, basicamente, a partilha de funções cognitivas, como a memória, a percepção e o aprendizado. “Elas podem ser melhor compartilhadas quando aumentadas e transformadas por sistemas técnicos e externos ao organismo humano”, explicou Lévy, referindo–se aos meios de comunicação e à internet. Porém, o escritor deixa claro que a IC não é só isso: “ela só progride quando há cooperação e competição ao mesmo tempo”. Para exemplificar, Lévy citou a comunidade científica, capaz de trocar idéias (= cooperar) porque tem a liberdade de confrontar pensamentos opostos (= competir) e, assim, gerar conhecimento. “É do equilíbrio entre a cooperação e a competição que nasce a IC”. Disponível em: webinsider.uol.com.br/vernoticia.php/id/1420. Acesso em: 13 ago. 2011. 39 São vários os recursos e ferramentas disponibilizados na internet que oferecem aprendizagem à distância. O aluno pode utilizar todos os recursos ou pode escolher o que é de seu interesse e/ou maior facilidade na aprendizagem. É grande a procura desses recursos também por professores que querem motivar seus alunos tanto em aulas presenciais quanto à distância. Dentre os diversos recursos tecnológicos existentes citam-se os Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVAs), que disponibilizam variados tipos de ferramentas que contribuem neste processo de construção do conhecimento. Segundo Martins Junior (2006), as ferramentas mais comuns que favorecem a interatividade entre os alunos dentro do processo de ensino e aprendizagem estão divididas basicamente em dois tipos: as síncronas e as assíncronas. As ferramentas síncronas devem proporcionar uma comunicação simultânea entre os participantes. Apresenta-se a seguir as ferramentas encontradas com maior freqüência nos AVA’s (PETERS apud MARTINS JÚNIOR, 2006): Chat (bate-papo) – Do ponto de vista da educação significa dizer que é um momento de conversação on-line entre alunos e professores ou entre alunos e alunos, que visa proporcionar o esclarecimento de tópicos ou assuntos que por ventura não foram assimilados de forma parcial ou até mesmo na sua totalidade; Whiteboard – É um espaço de trabalho na internet que permite duas ou mais pessoas SE comunicarem usando imagens gráficas e ferramentas básicas de texto e desenho. Possui basicamente as mesmas características do chat, porém o chat não disponibiliza gráficos em sua comunicação; Videoconferência – É a comunicação bidirecional através de envio de áudio e vídeo em tempo real via WEB, por meio de câmeras acopladas ao computador; Áudio-conferência – É um sistema de transmissão de áudio recebido por um ou mais usuários simultaneamente. 40 As ferramentas assíncronas, por definição, são ferramentas que provêem a comunicação em tempos diferentes. Peters apud Martins Júnior (2006) relaciona as que mais são utilizadas: E-mail – É um tipo de comunicação assíncrona baseada em mensagens um-para-um e um-para-vários, pode possuir arquivos digitais anexados às mensagens. Também tem como característica o baixo custo e disponibilidade 24h. Permite a formação de grupos de discussão com troca de mensagens (bulletin boards); Fórum – É um espaço de discussão coletiva organizado em tópicos e contribuições. Permite discussões assíncronas em grupos, ou seja, existe certo tempo para que ocorra a troca de experiências entre os participantes. Mantém o histórico das discussões para posterior consulta e arquivamento, e possui também a característica de poder ser mediados ou livres; File Transfer Protocol (FTP) - Protocolo de Transferência de Arquivos e Download – É a disponibilização de arquivos contendo áudio, texto, imagens ou vídeos. Tanto as ferramentas síncronas como as assíncronas possuem vantagens e desvantagens, conforme apresentado no Quadro 5: QUADRO 5 - Vantagens e desvantagens das ferramentas Ferramentas Síncronas Assíncronas Vantagens Possuem encontro virtual (socialização); comunicação rápida (menos atraso); Comunicação em tempo real com o professor e/ou outros participantes do grupo. Possibilita analisar e rever o material a ser enviado; Possibilita um ritmo de aprendizagem individual; Flexibilidade de horário, Mantem o histórico para futuras consultas. Desvantagens Dificuldade em grandes grupos; Confusão na comunicação devido aos tempos de digitação; Necessidade de horário préestabelecido. Falta de respostas imediatas, tanto para as atividades, quanto para problemas tecnológicos; Necessidade de maior esforço para motivação dos alunos; Gera menores vínculos relacionais. Fonte: Elaborado pela autora Ressalta-se que embora o que pode ser vantagem para uns pode ser desvantagem para outros, como por exemplo, pré-estabelecer horário para 41 interações, pois nem sempre há um acordo conjunto. Enquanto uns preferem a flexibilidade de horários, trabalhando com e-mail e fórum, outros se sentem mais seguros com respostas imediatas utilizando o chat ou videoconferência. Então, de maneira geral, um AVA é a integração de vários recursos de comunicação e colaboração em um só sistema, dotado de controles e segurança para quaisquer que sejam os usuários. Um ambiente que permite a interação dentro do processo de ensino e aprendizagem. 2.5 Interatividade no processo de ensino e aprendizagem De acordo com o dicionário Aurélio (1999), interação é uma ação que ocorre mutuamente entre duas ou mais coisas, ou duas ou mais pessoas. Já interatividade é a capacidade (de um equipamento ou sistema de comunicação ou sistema de computação, dentre outras) de interagir ou permitir a interação. O mesmo dicionário também define o termo interatividade relacionado a interativo, que é a possibilidade de um recurso, meio, ou processo de comunicação permitir ao emissor interagir ativamente com o receptor. A interação ocupa um papel importante no processo de desenvolvimento do conhecimento dos indivíduos. Quando existe uma relação de troca, o processo de ensino e aprendizagem será efetivamente produtivo e é por meio da interação, ou seja, dessa troca, que o indivíduo vai construindo novos conhecimentos, habilidades e significações. Davis e Oliveira apud Sousa (2010) dizem que a aprendizagem é o processo pelo qual a criança se apropria ativamente do conteúdo da experiência humana, daquilo que seu grupo social conhece. Para que a criança aprenda, ela necessitará interagir com outros seres humanos e, gradativamente, ampliará suas formas de lidar com o mundo e construir significados para as suas ações e para as experiências que vive. Com a necessidade de interação com o outro, a separação entre professores e alunos no processo de ensino e aprendizagem é afetada na educação a distância. Entretanto, a partir dessa distância física e mesmo temporal, surge um novo espaço pedagógico e psicológico, em que ocorre uma forma diferente 42 de comunicação, uma nova transação. Esse novo espaço, criado pela EaD, Moore chama de distância transacional. Um dos pontos essenciais para determinar a distância transacional em um projeto de EaD é o grau de interação entre alunos e professores. (MOORE, 1989). Moore (1989) cita 3 tipos de interação nas relações entre aluno, professores e conteúdo, sendo estas aluno/professor, aluno/aluno, aluno/conteúdo. Para Valente e Mattar (2007) este modelo de interação pode ser ampliado: interação do aluno, professor e conteúdo com o ambiente de aprendizagem. Na educação presencial, a interatividade professor-aluno-aluno pode ocorrer de maneira mais espontânea. Já na EaD, essa interação parece ter que ser motivada, e o uso de recursos tecnológicos, podem favorecer essa motivação (QUEIROZ, 2004). Esses recursos podem fazer com que o processo ensino e aprendizagem seja cada vez mais interativo, disponibilizando recursos como: jogos, voz, imagens, textos, animações, links, dentre outros. No AVA, é necessário elaborar estratégias que permitam ao professor se fazer presente (ou, em determinadas situações ausente), a fim de motivar os alunos a interagir, a buscar informações, a ter uma atitude de autonomia diante de seu processo de aprendizagem, característica que confere, assim, grande valor ao tipo de ferramenta e linguagem utilizada. (GABRIELLI, ROZENFELD e SOTO, 2010). O projeto IngRede mostra que os cursos via rede computacional podem representar uma experiência de aprendizagem colaborativa, envolvendo a interação do aprendiz com o instrutor e com os outros aprendizes através de comunicação entre múltiplos interlocutores. A construção do conhecimento e a produção de experiências de aprendizagem respondem a um processo de negociação e discussão. Nesse sentido, os cursos via rede computacional propiciam o desenvolvimento de estratégias de socialização, tão relevantes quanto as habilidades de raciocínio lógico, pesquisa, e criações envolvidas no processo educacional que utiliza essas novas tecnologias. 43 3 METODOLOGIA Neste capítulo, estão apresentados os tipos de pesquisa e os procedimentos metodológicos desta dissertação. 3.1 Tipos de Pesquisa utilizados neste trabalho: Segundo Mattar (1996), pode-se classificar os tipos de pesquisa em exploratória, causal ou experimental e descritiva. Nesta dissertação, foram escolhidas as pesquisas exploratória e descritiva: a) Pesquisa exploratória: Esta pesquisa tem como objetivo proporcionar uma visão geral de tipo aproximativo acerca de determinado fato, oportunizando maior familiaridade com o problema, tornando-o mais explícito. Envolve levantamento bibliográfico e análise de exemplos, permitindo ao pesquisador a cobertura de uma gama maior de fenômenos, com a finalidade básica de desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias, formulando problemas mais preciosos ou criando hipóteses que possam ser pesquisadas por estudos posteriores. (Gil, 1999). b) Pesquisa descritiva: Tem como objetivo descrever as características de determinada população ou fenômeno ou estabelecer uma relação entre as variáveis, como, por exemplo, as pesquisas eleitorais que indicam a relação entre o candidato e a escolaridade dos eleitores. Uma de suas características está na observação sistemática. Destacam-se, também, na pesquisa descritiva aquelas que visam descrever características de grupos (idade, sexo, procedência etc.), como a descrição de um processo numa organização, o estudo do nível de atendimento de entidades, levantamento de opiniões, atitudes e crenças de uma população, etc. A pesquisa descritiva usa padrões textuais como, por exemplo, questionários para identificação do conhecimento. (Gil, 1999). Por isso, segundo a conceituação acima, esta pesquisa se encaixa como sendo exploratória, ao fazer o levantamento bibliográfico sobre as novas tecnologias no ensino de línguas, visando determinar os principais trabalhos de 44 pesquisa relacionados com o tema, proporcionando assim maior compreensão e familiaridade com o assunto. Pode-se considerar que esta pesquisa também se mostra com características descritivas ao expor as características e as estratégias do curso de línguas estrangeiras à distância, bem como se deseja conhecer as características de um determinado grupo, estabelecer, conhecer relações existentes entre variáveis. (FERNANDES e GOMES, 2003). 3.2 Procedimentos Metodológicos Segundo Gil (2002), dentre as classificações de uma pesquisa em relação à estratégia ou procedimentos técnicos utilizados, estão a pesquisa bibliográfica e a documental, além da experimental, a ex-post fato, o levantamento e o estudo de caso. As duas primeiras se distinguem das demais estratégias pelo fato de seus procedimentos adotados na coleta de dados serem as chamadas fontes de “papel”. Neste sentido, as outras estratégias utilizam dados fornecidos por pessoas (GIL, 2002). Dentro dessas variadas estratégias de pesquisa existentes, adotou-se o levantamento ou survey para fins de desenvolver a pesquisa, por ser a que melhor se adequava ao contexto. A pesquisa survey ou levantamento se constitui como uma das estratégias de pesquisa existentes que é um dos muitos tipos de pesquisa social que: caracteriza-se pela interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. Basicamente, procede-se à solicitação de informações a um grupo significativo de pessoas acerca do problema estudado para, em seguida, mediante análise quantitativa, obterem-se as conclusões correspondentes aos dados coletados. (GIL, 2002, p.50). Aliando-se ao apresentado, o processo de saber como as pessoas pensam sobre determinados assuntos e as técnicas sistemáticas específicas de análise, caracteriza a pesquisa tipo survey (BAQUERO, 2009, p.33). Neste sentido, a pesquisa survey visa identificar características de um grupo de pessoas, suas atividades, opiniões e atitudes. Ainda para o autor, sobre quem utiliza a técnica survey “baseia-se na premissa básica de saber o que outras pessoas pensam. Para isso, utilizam a técnica de fazer perguntas. Nesse sentido, essa técnica, 45 procura descobrir regularidades nas atitudes das pessoas” (BAQUERO, 2009, p.34). Para Babbie (1999), survey é muito semelhante a censos, e a diferença principal entre eles é que um survey, tipicamente, examina uma amostra da população enquanto o censo geralmente implica uma enumeração da população como um todo. No que se refere aos procedimentos metodológicos, para a realização desta pesquisa dividiu-se em 4 etapas, explicadas a seguir: 3.2.1 Primeira etapa Na 1º etapa, que teve início em 2011 e término no 1º semestre de 2012, foi feito um levantamento bibliográfico sobre as novas tecnologias no ensino de línguas, visando determinar os principais trabalhos de pesquisa relacionados com o tema. Também foram apresentadas as fases da evolução histórica do ensino de línguas mediada por computador, por meio de pesquisa bibliográfica e pesquisa documental. Para Gil (1999), pesquisa bibliográfica abrange a leitura, análise e interpretação de livros, periódicos, mapas, manuscritos, dentre outros. Todo material recolhido se submete a uma triagem, a partir da qual é possível estabelecer um plano de leitura. A pesquisa bibliográfica tem por objetivo conhecer as diferentes contribuições científicas disponíveis, sobre o determinado tema. Ainda de acordo com Gil (1999), a pesquisa documental é muito parecida com a bibliográfica. No entanto, há uma diferença na natureza das fontes, pois nela estão os materiais que ainda não receberam tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetos da pesquisa. Além de analisar os documentos primários (documentos de arquivos, igrejas, sindicatos, instituições, entre outras.), existem também aqueles que já foram processados, mas podem receber outras interpretações. 46 3.2.2 Segunda etapa Na 2ª etapa da pesquisa foi feito um levantamento dos principais sites que ofereciam ensino de língua estrangeira a distância via internet. Este levantamento ocorreu durante o primeiro semestre de 2012, através da busca por sites que estão disponíveis comercialmente e os que mais apareciam e mais recebiam comentários. Dentre estes sites, foi feita a escolha do site para análise, baseados nos seguintes critérios: que fosse gratuito, tivesse grande número de usuários, tivesse usuários brasileiros também em outros países, tivesse possibilidade de interação/contato entre seus usuários e tivesse diversidade de idiomas para aprendizagem. 3.2.3 Terceira etapa Na 3ª etapa, realizada no primeiro semestre de 2012, foi feita a escolha do idioma que serviu como referência para a identificação das estratégias utilizadas no ensino de língua estrangeira. Esta escolha foi baseada em um idioma que tivesse maior procura pelos alunos por diversos motivos, tais como: profissional, acadêmico, viagem, entretenimento, entre outros. 3.2.4 Quarta etapa Na 4ª etapa foi feita uma verificação do site escolhido na 2ª etapa, fazendo um levantamento das ferramentas disponíveis nesse site e identificando as estratégias de ensino e aprendizagem utilizadas no curso do mesmo, verificando se essas estratégias são de fácil acesso e entendimento. Esta etapa ocorreu no primeiro semestre de 2012. 3.2.5 Quinta etapa Na 5ª etapa foi feita uma análise do perfil do aluno que escolhe a modalidade de ensino de língua estrangeira à distância via internet, ao invés do presencial, bem como os motivos que favorecem a sua permanência neste curso. Portanto, foi realizada no segundo semestre de 2012 uma pesquisa com os alunos do site escolhido na 2ª etapa, de acordo com os seguintes procedimentos: 47 a) Escolha da população A população selecionada inclui os alunos participantes do curso escolhido para análise. Para seleção utilizou-se a página de busca do próprio site, no qual há a possibilidade de buscar alunos de acordo com o idioma falado pelo mesmo e o idioma que este aluno está aprendendo. Os alunos selecionados foram consultados para participar da pesquisa. A consulta foi feita por meio de uma carta-convite8 e enviada pelo próprio site analisado na opção mensagens. Na escolha desta população, optou-se pela pesquisa levantamento ou survey, por esta fornecer técnicas para estudar quase tudo sobre o universo, a população, a amostra e a amostragem, ou seja, quer dizer que num survey são estudadas as unidades de análise, que se referem a um indivíduo, mas podem ser também famílias, cidades, estados, indústrias, entre outras. Sendo assim, foram aplicados os questionários para 625 alunos. b) Coleta de dados A pesquisa teve como instrumento de coleta de dados o questionário 9, buscando identificar as motivações dos alunos do curso em relação às estratégias de ensino e aprendizagem e as ferramentas disponibilizadas pelo curso. A escolha pelo questionário como instrumento de coleta de dados foi influenciada por permitir o acesso do pesquisador no levantamento de informações, de forma menos dispendiosa para a alocação de recursos financeiros e humanos. Assim, pode abranger áreas geográficas bem amplas e ser aplicado a um grande número de pessoas (BAQUERO, 2009), em menor tempo e coletar do respondente a sua opinião a cerca de si mesmo e as motivações, tanto para 8 9 O modelo da carta-convite está no apêndice A desta dissertação. O modelo do questionário está no apêndice B desta dissertação. 48 sua entrada no curso, quanto para a permanência no mesmo, levando em conta as estratégias de ensino e aprendizagem no curso. Segundo Baquero (2009), a natureza impessoal do questionário assegura certa uniformidade de uma situação de mensuração para outra, embora as frases padronizadas, algumas vezes, possam ter sentidos diversos para diferentes pessoas. Outra vantagem dos questionários, citada pelo autor é quanto ao anonimato dos respondentes, o que pode transmitir às pessoas maior confiança e, por, isso, maior liberdade para expressar opiniões que possam ser reprovadas ou colocar o seu autor em dificuldade. O questionário, segundo Brown (2001) é qualquer instrumento escrito que apresente aos respondentes uma série de perguntas ou declarações que façam com que reajam de modo a escrever suas respostas ou selecionar alguma resposta entre outras já existentes. As perguntas em forma de questionário representam um dos métodos mais comuns de coleta de dados sobre atitudes e opiniões, dentre um grande número de participantes. Dentre as diferentes formas de perguntas elaboradas para um questionário em uma pesquisa de survey, pode-se encontrar o escalonamento Likert, utilizado nesta pesquisa. Este método, desenvolvido por Rensis Likert, baseia-se na suposição de que o valor geral, que resulta das respostas aos vários itens que aparentemente refletem a variável estudada, fornece uma medida razoavelmente boa da variável. Além disso, Babbie (1999) complementa: Estes valores gerais não são o produto final da construção de índices; na verdade, são usados para se fazer uma análise de itens levando a escolha dos melhores itens e, essencialmente, cada item individual é correlacionado à grande medida composta (BABBIE, 1999, p.233). O escalonamento Likert foi utilizado em algumas perguntas do questionário desta pesquisa, as quais encontram-se no apêndice B. No escalonamento Likert desta pesquisa foram utilizadas 2 variações devido aos diferentes tipos de perguntas utilizados no questionário. Diferentemente das demais tabelas que utilizaram graus de 1 a 5, as tabelas 11 e 16, foram utilizados graus com variação de 0 a 4, por haver a possibilidade de colocar 49 grau 0 (zero) de importância para as mesmas, ou seja, caso o respondente considerasse a opção como não importante. Antes do envio do questionário, foi enviada uma mensagem aos alunos selecionados, contendo os seguintes documentos: uma carta informando sobre a pesquisa e solicitando sua participação em um questionário, fornecendo as instruções e o link para acesso ao mesmo. A partir deste link, o usuário tinha acesso ao questionário, que se encontrava on-line no site do Survey Monkey10 por um período de 2 meses, para coleta dos dados. O questionário, cujas questões foram elaboradas buscando analisar os fatores que têm motivado os alunos a optarem pela EaD nos cursos de língua estrangeira e os motivos que influenciam na permanência dos alunos nestes cursos, foi construído e dividido em 5 partes, para melhor organização e distinção dos contextos abordados da seguinte maneira: A 1ª parte: identificação do perfil dos respondentes, tais como: idade, gênero, naturalidade, grau de instrução. A 2ª parte: levantamento do conhecimento prévio dos alunos em relação aos recursos tecnológicos. A 3ª parte: abordagem das questões relacionadas ao idioma. A 4ª parte: abordagem da relação dos alunos com o curso de línguas a distância. A 5ª parte: verificação do processo de ensino e aprendizagem do curso no site selecionado. 10 Site exclusivamente www.surveymonkey.com/ para criação, coleta e análise de questionários: 50 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS 4.1 Resultados e análise da 1ª etapa Os resultados e as análises desta etapa foram apresentados no Capítulo 2, referencial teórico, desta dissertação. 4.2 Resultados e análise da 2ª etapa Para o levantamento dos sites que oferecem cursos de língua estrangeira a distância foram selecionados, através da busca na internet, os cursos que mais apareciam e que mais recebiam comentários, além de uma busca no OpenCourseWare11. Dentre as opções de cursos levantados, foram escolhidos os primeiros 10 sites que mais sobressaíram nessa busca, apresentados no Quadro 6 a seguir: QUADRO 6 - Cursos de língua estrangeira disponíveis na internet Descrição URL Site Livre BBC Brasil A BBC, através de sua filial BBC Brasil, e o UOL Educação disponibilizam um curso de inglês gratuito do básico ao avançado baseado em séries. São várias as maneiras de aprender inglês por meio de Quiz, Vídeos, Podcasts, notícias entre outras opções. educacao.uol.com.br/ingl esbbc/quizzes/quiz01.jhtm Sim Bab.la O portal contém diversas ferramentas e recursos úteis para pessoas que aprendem e se interessam por outras línguas, 15 dicionários bilíngües em inglês, incluindo o português-inglês. Há centenas de lições de vocabulário, fóruns, testes e outros recursos para o aprendizado de idiomas. pt.bab.la/teste/ Sim Curso Básico de Inglês WeBBusca É um curso básico, como o que parece ser uma revisão das aulas de inglês do Ensino Médio. Curso do Mr. Kind É um blog com várias dicas em inglês. Site www.webbusca.com.br/id iomas/ingles/ www.mrkind.pro.br/blog/ Sim Sim 11 OpenCourseWare (http://www.ocwconsortium.org) é um consórcio de colaboração de instituições de ensino superior e organizações associadas de todo o mundo, que reúnem conteúdos educativos abertos, gratuitos e a distância, através de um modelo compartilhado. 51 Continua Descrição Site URL Site Livre Deutsche Welle Curso gratuito para aprendizagem da língua alemã, com vídeos, áudios e podcasts para baixar, ou do jeito clássico, com textos e exercícios para imprimir. Com material para iniciantes ou para quem tem conhecimentos avançados do idioma. www.dw.de/aprenderalemão/s-2199 Sim (em parte) Englishtown Um curso com atividades interativas e com professores de inglês (nativos) em aulas de conversação ao vivo 24 horas por dia. Dos níveis iniciante a pós-avançado. www.englishtown.com. br/ Não Inglês Online É um blog com lições, várias dicas, truques, imagens de como falar inglês, podcast. E um curso para iniciantes. www.inglesonline.com. br Sim Livemocha Um curso de vários idiomas. O diferencial dele é ser uma espécie de Rede Social, onde o aluno pode contribuir com conteúdos, conversar com pessoas. Com lições, exercícios com áudio e vídeo, chat, entre outros recursos. www.livemocha.com Mango Languages O site apresenta cursos para vários idiomas. Os cursos são formados inteiramente por diálogos e inclusive em português. www.mangolanguages. com/ Sim (em parte) Sim Fonte: Elaborado pela autora Todos os sites levantados e apresentados no Quadro 6 têm conteúdos diferenciados e peculiares, abordando temas do cotidiano ou temas para maiores reflexões. As atividades desses sites são diversas, com exercícios, dicas, truques, dicionário, traduções, entre outras. Cada site apresenta um perfil diferente, utilizando diferentes estratégias para o ensino e aprendizagem do idioma abordado. Quanto ao quesito gratuidade, alguns sites começam a cobrar a partir de um determinado estágio da aprendizagem. Foi verificado, também, que nem todos os sites têm a opção de um professor como suporte para as dúvidas, e, quando há um suporte, é uma versão paga. Dentre esses sites levantados, optou-se por analisar o site Livemocha, que é um portal de ensino de idiomas com base no modelo de redes sociais, com aprendizagem em formato mais dinâmico e que atende aos critérios estabelecidos nesta pesquisa, como: gratuidade, 52 grande número de usuários, usuários brasileiros, possibilidade de interação/contato entre seus usuários, principalmente com os nativos da língua que está aprendendo, diversidade de idiomas para aprendizagem. 4.3 Resultados e análise da 3ª etapa A partir da escolha do site Livemocha feita na 2ª etapa, foi realizada a escolha do idioma inglês para análise das estratégias utilizadas no ensino de língua estrangeira a distância. A escolha por este idioma foi devida à sua influência em todo o mundo, como pode-se observar: 1º- O inglês é o idioma mais falado no mundo como língua estrangeira. Em 2009, o British Council12 fez uma estimativa que, em 10 anos, metade da população mundial falará inglês e David Crystal13, afirma, inclusive, que o número de falantes não nativos é 3 vezes maior que o de nativos. 2º- Conforme afirma Rocha (2001), o inglês foi adotado como o idioma oficial do mundo dos negócios, devido à crescente internacionalização dos mercados; e, considerando a importância econômica do Brasil como país em desenvolvimento, dominar o inglês se tornou sinônimo de sobrevivência e integração global. 3º- Em 2011 os profissionais fluentes na língua inglesa receberam salários cerca de 28% a mais que outros sem a mesma desenvoltura. Este dado foi comprovado pela última pesquisa da Catho Online14, empresa de recrutamento que abrange toda América Latina. 12 Fonte: http://www.artigonal.com/linguas-artigos/qual-o-idioma-mais-falado-do-mundo830131.html. Acesso em 31 out. 2012. 13 David Crystal é professor honorário de lingüística da Universidade do País de Gales, em Bangor, é uma das maiores autoridades mundiais em linguagem. Autor de A Revolução da Linguagem, que fala sobre as mudanças que a internet trouxe ao uso da língua e sobre as línguas em extinção. 14 Catho Online – Pesquisa realizada em abril de 2011. Disponível em: blog.catho.com.br. Acesso em: 26 jul. 2012. 53 4º- Com o advento da internet, os conhecimentos de inglês se tornaram fundamentais para aquele que busca fazer uma pesquisa eficiente na Web. Considerando estatísticas analisadas pela “Cambridge Encyclopedia of Language” (in Tollefson, 1995), mais de dois terços dos cientistas do mundo escrevem em inglês e 80% de toda a informação eletrônica mundial é armazenada em língua inglesa. 5º- O idioma inglês tornou-se obrigatório em 1976 somente para o 2º grau. Com a resolução nº 58 de 1º de dezembro e em 20 de dezembro de 1996 foi criada a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) 9394/96 que instituía o ensino de uma língua estrangeira moderna como obrigatório no ensino fundamental e no ensino médio. 6º- A língua inglesa já faz parte do nosso vocabulário. Exemplo: self-service, shopping-center, outdoor, entre muitas outras palavras. Ou seja, o inglês tem uma grande influência e importância em diferentes áreas; significa crescimento e abre portas para o desenvolvimento profissional, pessoal e cultural, tendo grande demanda na área acadêmica, em viagens, entretenimento, entre outras. Por isso, a escolha da língua inglesa para esta pesquisa. Embora já tenha sido feita a escolha pelo site Livemocha na 2ª etapa e pelo idioma inglês nesta etapa, há no site escolhido opções de cursos gratuitos e pagos. Sendo assim, ao iniciar o curso o aluno escolhe o tipo de curso que será realizado, conforme Figura 1. 54 Figura 1: Escolha do curso Fonte: Página aprenda um idioma on-line do site Livemocha Apesar de oferecer crédito para as duas primeiras lições, o curso Active English, mostrado na Figura 1, é pago e por isso não foi analisado. Para tanto, foi escolhido para a realização desta pesquisa, fazer o levantamento e análise do curso Básico Inglês, por ser este um curso de inglês gratuito. 4.4 Resultados e análise da 4ª etapa Na 4ª etapa foram levantadas as estratégias de ensino e aprendizagem utilizadas no site escolhido. A principal estratégia utilizada pelo Livemocha é oferecer diferentes ferramentas em seus cursos, de modo a atender aos diferentes estilos de aprendizagem, o que vem mostrar a afirmação feita na hipótese 1, sobre oferecerem metodologias diversificadas. De acordo com o exposto no Capítulo 1, introdução desta dissertação, sobre as estratégias de aprendizagem, apresenta-se a seguir as ferramentas presentes 55 no Livemocha e as estratégias que estas ferramentas vêm proporcionar ao aluno, auxiliando-o no desenvolvimento do curso. Estas ferramentas estão apresentadas abaixo, mostrando itens de menu que aparecem na página principal do site, conforme Figura 2. Figura 2: Itens de menu da página principal Fonte: página principal do site Livemocha Abaixo, apresentam-se as descrições dos itens de menu da barra principal de ferramentas do Livemocha. 1º- ÍTEM DE MENU: CURSOS Figura 3: Item de menu: Cursos Fonte: Página principal do site Livemocha São SUB-ITEM DE MENU: MEUS CURSOS: diferentes modelos de cursos oferecidos para o processo de aprendizagem do idioma que o aluno escolheu. Nesses cursos, há divisão por nível de conhecimento e a oferta da prática das habilidades de leitura, escrita, compreensão oral e expressão oral, com atividades apropriadas ao nível escolhido, conforme especificados e detalhadas na Figura 4. 56 Figura 4: Apresentação das unidades do curso Fonte: Página meus cursos no site Livemocha 57 O curso de idiomas Livemocha oferece as 10 primeiras unidades gratuitamente, sendo as unidades 1, 2 e 3 compostas de 6 lições; 4, 5 e 6 compostas de 5 lições; 7 e 8 compostas de 5 lições e as unidades 9 e 10 compostas de 5 lições. Pode-se continuar com o curso gratuito, desde que o aluno ajude na correção das atividades dos colegas, recebendo fichas, que são bônus para novas unidades, conforme Figura 5. Figura 5: Revisar envios Fonte: Página revisar envios do site Livemocha 58 A partir da escolha do curso, apresentam-se as seguintes ferramentas na Figura 6. Figura 6: Início da unidade 1 - Lição 1: Introdução Fonte: Página Inglês 101 do site Livemocha 59 Aprender: É um Learn exercise (exercício de aprendizagem), no qual há uma apresentação de imagens que o aluno lê a frase e ouve o áudio correspondente. (Estratégia de memória). Figura 7: Aprender Fonte: Página Inglês 101: aprender do site Livemocha Revisão: É um exercício de memória referente à apresentação anterior. O exercício de revisão ajuda a testar o conhecimento das palavras do vocabulário, bem como as habilidades de leitura, compreensão oral e classificação de palavras. Há uma mistura aleatória de exercícios de leitura, compreensão oral e chamariz. (Estratégia de memória e Estratégia de cognição): as perguntas de leitura solicitam que o aluno clique na imagem correspondente à palavra que será escrita na tela; as perguntas de compreensão oral solicitam que clique na imagem correspondente com a palavra falada em voz alta; 60 as perguntas de chamariz solicitam que o aluno forme a frase que foi falada em voz alta, coletando e organizando as palavras apresentadas de forma desorganizadas. Figura 8: Revisão Fonte: Página Inglês 101: revisão do site Livemocha 61 Escrever: A parte de escrita combina as habilidades de compreensão e de ordem da escrita e das palavras com sua compreensão do vocabulário de palavras aprendidas. O aluno deve escrever algumas linhas sobre o tema que foi apresentado nesta lição. No enunciado, são apresentadas algumas instruções e dicas de como fazer esta atividade. Depois, o aluno envia esta atividade para revisão dos pares. (Estratégias cognitivas, Estratégias sociais) Figura 9: Escrever Fonte: Página Inglês 101: escrever do site Livemocha 62 Falar: Este item permite praticar as habilidades de expressão oral. O aluno narra a frase exposta ou, se for de nível mais avançado, cita algumas frases referentes ao tema da lição para gravação e envio do áudio para revisão, no qual a comunidade dará dicas e conselhos. (Estratégia de cognição) Figura 10: Falar Fonte: Página Inglês 101: falar do site Livemocha Ainda na lição 1, há os exercícios construtores de habilidades, que são opcionais e servem para a prática do que foi abordado. Caso não seja realizada esta prática, não afetará a conclusão da lição. 63 Exercícios construtores de habilidade: Ler: A parte de leitura ajuda a identificar as palavras do vocabulário com seus respectivos significados. Solicita que o aluno clique na imagem correspondente à palavra que será escrita na tela. (Estratégias cognitivas, Estratégias de memória) Figura 11: Ler Fonte: Página Inglês 101: ler do site Livemocha 64 Ouvir: A parte de compreensão oral ajuda a identificar as palavras do vocabulário com seus respectivos sons. Solicita que clique na imagem correspondente à palavra falada em voz alta. (Estratégia de memória) Figura 12: Ouvir Fonte: Página Inglês 101: ouvir do site Livemocha 65 Chamariz: É a combinação das habilidades de compreensão e de ordem da escrita e das palavras com sua compreensão do vocabulário de palavras aprendidas. Solicita que o aluno forme a frase que foi falada em voz alta no idioma nativo do aluno, para que o aluno colete e organize as palavras apresentadas no idioma de aprendizagem, que estão apresentadas de forma desorganizadas. (Estratégias de compensação) Figura 13: Chamariz Fonte: Página Inglês 101: chamariz do site Livemocha 66 Questionário: O questionário é uma forma divertida de testar o conhecimento sobre o conteúdo da lição que está aprendendo. É um teste de múltipla escolha em que se marca a tradução correta. Deve-se marcar cada resposta em 30 segundos. (Estratégia cognitiva) Figura 14: Questionário Fonte: Página Inglês 101: questionário do site Livemocha 67 Na conclusão de cada lição é enviado ao aluno o progresso da lição com a pontuação alcançada. Figura 15: Conclusão Fonte: Página Inglês 101: conclusão do site Livemocha 68 2º- ÍTEM DE MENU: PROFESSORES: Livemocha Tutors: Oferece lições individualizadas com um professor de idioma de sua escolha. Aula individual, adaptada às necessidades do aluno, com uma introdução rápida e aperfeiçoando suas habilidades usando frases e expressões nativas. Estas são as aulas interativas, oferecidas a partir de pagamento. Suporte com professores. (Estratégias sociais) Figura 16: Livemocha Tutors Fonte: Página Livemocha Tutors do site Livemocha 69 3º- ÍTEM DE MENU: PROCURANDO PRATICAR: Muitas formas de praticar algum conhecimento da língua: fala, audição, leitura e escrita. Centenas de divertidos e práticos exercícios com feedback da comunidade de falantes nativos. (Estratégias cognitivas) Figura 17: Ítem de menu: Procurando Praticar Fonte: Página principal do site Livemocha Figura 18: Procurando praticar Fonte: Página procurando praticar do site Livemocha 70 SUB-ITEM DE MENU: CURSO DE VOCABULÁRIO: É o curso propriamente dito, com vários níveis, que pode ser escolhido dependendo do progresso do aluno; cada nível tem suas atividades de diálogo de vídeo, gramática, vocabulário, leitura e conversações interativas. Com o intuito de solidificar o conhecimento do vocabulário e a construção de sentenças com exercício de escrita, expressão oral e organização de palavras. (Estratégias cognitivas) SUB-ITEM DE MENU: FLASHCARDS: São cartões que os próprios alunos elaboram para facilitar sua aprendizagem, colocando-os em conjunto, à medida em que vai aprendendo, como por exemplo: Expressões Úteis. (Estratégia de memória e Estratégia cognitiva) Figura 19: Flashcards Fonte: Página flashcards do site Livemocha 71 SUB-ITEM DE MENU: PRATIQUE ESCREVENDO: Exercícios de escrita criados pelos próprios alunos do curso, com frases ou textos para completar, para prática de gramática, de diálogos, de redação ou de interpretação de texto e retorno das revisões de falantes nativos. Esta é uma atividade paga. (Estratégias cognitivas) 72 continua Figura 20: Pratique Escrevendo Fonte: Página pratique escrevendo do site Livemocha SUB-ITEM DE MENU: PRATIQUE FALANDO: Exercícios de expressão oral, nos quais o aluno escuta a palavra ou frase e completa ou responde por meio de gravação. São atividades para prática de pronúncia ou elaboração de frases para responder às perguntas realizadas e o aluno recebe comentários de falantes nativos. Esta é uma atividade paga. (Estratégias cognitivas) 73 74 Continua Figura 21: Pratique falando Fonte: Página pratique falando do site Livemocha Todos estes exercícios, depois de realizados, são enviados aos alunos do curso para correção e retornados para consulta e aprendizagem. 75 4º- ÌTEM DE MENU: PESSOAS: Várias maneiras de conectar-se e aprender com pessoas de todos os países do mundo. (Estratégias sociais) Figura 22: Ítem de menu: Pessoas Fonte: Página principal do site Livemocha Figura 23: Pessoas Fonte: Página pessoas do site Livemocha 76 EXPLORAR A CULTURA: Tanto o aluno pode compartilhar sobre a vida em sua cidade, sua história, curiosidades, como ver fotos, histórias culturais e curiosidades de outros alunos do curso do mundo. (Estratégias sociais) Figura 24: Explorar a cultura Fonte: Página explorar a cultura do site Livemocha BATE-PAPO: Sala de bate-papo onde o aluno pode escolher o colega que quer conversar ou clicar em algum aluno que esteja on-line no momento, mesmo fora da sala de bate-papo. Com esta ferramenta, o aluno tem a possibilidade de treinar seu idioma com nativos ou falantes do idioma desejado e esclarecer alguma dúvida sobre o curso. (Estratégia de cognição) 77 Figura 25: Bate-papo Fonte: Página bate-papo do site Livemocha MEUS AMIGOS: Nesta página, o aluno pode selecionar e arquivar outros alunos para um contato posterior. (Estratégias sociais) Figura 26: Meus amigos Fonte: Página meus amigos do site Livemocha 78 ENCONTRE NOVOS AMIGOS: Nesta ferramenta, o site envia uma lista dos alunos que têm relação com o idioma que cada aluno está aprendendo, para que este convide-os para conversar e ajudar a atingir suas metas de linguagem. (Estratégias de cognição, Estratégias sociais) Figura 27: Encontre novos amigos Fonte: Página encontre novos amigos do site Livemocha 79 CONVIDAR AMIGOS: Esta é uma opção que o site oferece para o aluno aprender com pessoas que já conhece, convidando-as para participar deste curso. (Estratégias sociais) Figura 28: Convidar amigos Fonte: Página convidar amigos do site Livemocha 80 5º- ÍTEM DE MENU: AJUDAR OS OUTROS: Ao avaliar e corrigir um exercício escrito ou falado de outros alunos da comunidade, o aluno garante um ambiente de produtividade para todos. Suporte com nativos. (Estratégias sociais) Figura 29: Ítem de menu: Ajudar os outros Fonte: Página principal do site Livemocha REVISAR ENVIOS: Para revisar exercícios escritos ou falados enviados por mensagens dos alunos da comunidade que estão tentando aprender seu idioma. (Estratégias sociais) Figura 30: Revisar envios Fonte: Página revisar envios do site Livemocha 81 PEDIDOS DE REVISÃO: São pedidos de revisão direcionados a este aluno. (Estratégias metacognitivas, Estratégias de compensação, Estratégias sociais) Figura 31: Pedidos de revisão Fonte: Página pedidos de revisão do site Livemocha TRADUÇÕES: Para traduzir o conteúdo das lições do Livemocha para o seu idioma. Quando o aluno ajuda a traduzir as lições ganha ficha bônus para novas atividades gratuitas. (Estratégia cognitiva) 82 Figura 32: Traduzir Fonte: Página traduzir do site Livemocha As ferramentas apresentadas são estratégias desenvolvidas pelo curso com o objetivo de colaborar no processo de ensino e aprendizagem do aluno. São diversos os tipos de ferramentas que oferecem estratégias diversificadas para diferentes estilos de aprendizagem, fazendo com que o aluno identifique a(s) ferramenta(s) que melhor auxilie(m) em seus estudos, para que possa desenvolver suas estratégias individuais de aprendizagem. Para verificar se as ferramentas citadas são de fácil acesso e entendimento para os alunos deste curso, e assim verificar se estão auxiliando em seus estudos, foi aplicado um questionário, a partir de 30 de maio de 2012, quando foram iniciadas as primeiras cartas-convite com os questionários em anexo. Devido ao programa do próprio curso permitir que fossem enviadas somente 50 mensagens por dia, o prazo de envio das mensagens se estendeu até 17 de junho de 2012. 83 O site que hospedava o questionário ficou aberto entre 17 de junho de 2012 à 16 de agosto de 2012, dando um prazo de 2 meses para o preenchimento e recebimento das respostas. Foram enviados 625 questionários, conforme indicado na fórmula apresentada na escolha da população, no Capítulo 3 desta dissertação; desses, 195 foram respondidos, o que corresponde a 31,2% de retorno, o que pode ser considerado um número de respostas razoável, pois este percentual obtido serve para a retirada de conclusões consistentes. Conforme Marconi e Lakatos (2005), questionários que são enviados para os entrevistados alcançam em média 25% de devolução. O questionário foi dividido em 5 partes e, ao longo deste, ocorreu uma variação do número de respondentes por cada parte: 1ª parte - referente ao perfil dos respondentes - 100% de respostas 2ª parte - referente ao conhecimento dos alunos sobre os recursos tecnológicos - 94,3% de respostas 3ª parte – referente ao idioma - 91,7% de respostas 4ª parte - referente ao curso de língua estrangeira a distância - 85,6% de respostas 5ª parte – referente ao ensino e aprendizagem do Livemocha -78,9% de respostas. Ainda na 5ª parte, um último item opcional – comentários e sugestões 28,7% de respostas. 84 Os dados acima descritos foram organizados e apresentados na Tabela 1: TABELA 1 - Número de respondentes ao longo do questionário 15 Quantidade de respostas Porcentagem de respostas (%) 1. Perfil 195 100 2. Questões relacionadas ao conhecimento dos recursos tecnológicos 184 94,3 3. Questões relacionadas ao idioma 179 91,7 4. Questões relacionadas ao curso de línguas a distância 167 85,6 5. Questões relacionadas ao ensino-aprendizagem do Livemocha 154 78,9 56 28,7 Página Comentários e Sugestões (opcional) Fonte: Elaborada pela autora. 4.4.1 Análise do levantamento das estratégias de ensino e aprendizagem: Para fazer o levantamento das estratégias de ensino e aprendizagem, foi utilizado o site de pesquisa SurveyMonkey. Este gerou automaticamente uma série de tabelas e gráficos a partir das respostas coletadas, apresentados no Apêndice D. A partir dessas tabelas e gráficos, foram elaboradas pela autora novas tabelas que mostram mais claramente os resultados da análise. A análise para levantamento das estratégias de ensino e aprendizagem foi desmembrada em 3 partes: Facilidade de acesso; Facilidade de entendimento; Auxílio aos alunos. A apresentação dos resultados desta análise está nas Tabelas 2, 3, 4 e 5 a seguir, sendo que nas Tabelas 2 e 3 foram levantadas algumas questões e analisadas suas respostas sobre a facilidade de acesso às ferramentas do site 15 Porque nem todos alunos responderam todas as perguntas do questionário. 85 do curso e o quanto é importante que o acesso seja de fácil utilização para estes usuários. TABELA 2 - Facilidade de acesso às ferramentas do site do curso Resposta Positiva Resposta Negativa Total 1. Já fez algum curso de treinamento para utilização de computador? 134 50 184 2. Já fez algum curso a distância? 94 90 184 3. Faz-se necessário um nível maior de entendimento para aproveitar os recursos tecnológicos disponíveis no curso de idiomas? 91 93 184 4. É possível ter estudo independente, ou seja, você consegue fazer as atividades sem precisar constantemente de uma orientação (tutor)? 138 46 184 Perguntas Fonte: Elaborada pela autora Embora 91 respondentes (49,5%) tivessem respondido que há necessidade de maior entendimento para aproveitar os recursos tecnológicos oferecidos pelo curso, 138 respondentes (75%) dizeram ser possível haver um estudo independente, sem precisar de alguma orientação, o que permite perceber que as ferramentas disponibilizadas pelo curso são de fácil utilização. TABELA 3 - Grau de importância da facilidade de acesso às ferramentas Quantidade de resposta ∕ Grau de Importância Perguntas 1. É importante que haja facilidade de utilização? praticidade 2. É importante ter suporte técnico? e Total 1 2 3 4 5 1 5 14 28 119 167 9 19 44 28 67 167 Fonte: Elaborada pela autora De acordo com os dados apresentados na Tabela 3, a facilidade de acesso e utilização é um fator importante para os respondentes, pois 119 respondentes (71%) acham que praticidade e facilidade de utilização de ferramentas é um fator com maior grau de importância. Quanto a haver um suporte técnico para alguma dificuldade de acesso, foi considerado um fator importante, visto que 67 respondentes (40%) o colocaram 86 como maior grau de importância, grau 5; ainda com alto grau de importância, grau 4, foi escolhido por 28 respondentes (17%), e outros 44 respondentes (26%) o colocaram com grau 3 de importância. Foi feita uma análise entre as perguntas das Tabelas 2 e 3, sobre a importância da facilidade na utilização das ferramentas, a necessidade de um maior nível de entendimento para utilização das mesmas e sobre a possibilidade de ter um estudo independente, sem necessidade de orientações tutoriais. Dessa análise, pode-se inferir que os usuários que utilizam estas ferramentas, ou seja, os respondentes, possuem maior nível de entendimento dos recursos tecnológicos disponibilizados, talvez pelo fato de que 134 respondentes (72,8%) já ter feito um curso de treinamento para utilização de computador, como mostra na Tabela 2. Isso proporciona maior facilidade para entender as formas de acesso, mas que mesmo assim acreditam ser importante um suporte técnico. Ao contrário do que foi levantado na hipótese 6 desta dissertação, observou-se que os alunos que procuram esta modalidade de ensino têm conhecimento sobre recursos tecnológicos. Não especificamente das ferramentas utilizadas no site deste curso, mas 134 respondentes (72,8%) já fizeram algum curso de treinamento para utilização de computador, e 94 respondentes (51,1%) responderam já ter feito algum curso a distância. Referente à facilidade de entendimento para utilização das ferramentas oferecidas pelo curso Livemocha, mostram-se a seguir os dados coletados e apresentados na Tabela 4. 87 TABELA 4 – Nível de dificuldade de entendimento dos alunos Resposta Positiva Resposta Negativa Total 1. O uso das ferramentas disponibilizadas pelo curso de idiomas para aprendizagem é de fácil entendimento? 179 5 184 2. As orientações solicitadas para fazer as atividades foram claras? 174 10 184 3. É possível ter estudo independente, ou seja, você consegue fazer as atividades sem precisar constantemente de uma orientação (tutor)? 138 46 184 Perguntas Fonte: Elaborada pela autora A partir dos dados exibidos na Tabela 4, pode-se verificar que 179 respondentes (97,3%) acreditam que o curso é de fácil entendimento. Isso nos permite perceber que o curso tem uma forma fácil e clara de expor e orientar seus usuários, o que é confirmado por 174 respondentes (94,6%), quando afirmam que as orientações solicitadas para fazer as atividades foram claras. Também pode-se perceber esta afirmação quando os 138 respondentes (75%) dizem não ser necessárias frequentes orientações do tutor. Na Tabela 5 foi apresentado o nível de dificuldade de entendimento dos alunos para utilização das ferramentas, sendo agora de acordo com o grau de importância. TABELA 5 – Grau de importância para o nível de dificuldade de entendimento dos alunos Quantidades de respostas ∕ Grau de Importância Pergunta É importante que pedagógico seja claro? o conteúdo Total 1 2 3 4 5 2 6 20 36 103 167 Fonte: Elaborada pela autora Na análise da Tabela 5, também fica evidente a avaliação do aluno sobre o conteúdo pedagógico no processo de ensino e aprendizagem, quando é mostrado que 103 respondentes (62%) marcaram como grau 5, 36 respondentes (22%) marcaram como grau 4 e ainda 20 respondentes (12%) marcaram com grau 3, o grau de importância desta pergunta. 88 No que se refere às ferramentas como auxílio nos estudos do aluno, pode-se verificar na Tabela 6 e 7 alguns dados relevantes. TABELA 6 – Possibilidade de as ferramentas auxiliarem nos estudos Pergunta É possível ter estudo independente, ou seja, você consegue fazer as atividades sem precisar constantemente de uma orientação (tutor)? Resposta Positiva Resposta Negativa Total 138 46 184 Fonte: Elaborada pela autora Baseando-se nas respostas da Tabela 6, percebe-se que as ferramentas oferecidas pelo curso têm auxiliado no processo de ensino e aprendizagem, contribuindo para que o aluno possa ter um estudo mais independente, pois 138 respondentes (75%) acreditam na possibilidade da prática das atividades propostas sem constante acompanhamento. Pela Tabela 7, que se refere ao auxílio das ferramentas nos estudos dos alunos, de acordo com o grau de importância, 139 respondentes (84%) marcaram como graus 3, 4 e 5 em nível de importância para a necessidade de um suporte do tutor, assim como 149 respondentes (90%) optaram como graus 3, 4 e 5 de importância obter a correção das atividades. Embora na Tabela 6 os alunos tenham respondido que não há necessidade de constante orientação, vê-se na Tabela 7 que os respondentes marcaram como graus importantes a necessidade de suporte de tutor e de correção das atividades, provavelmente como forma de reforçar ou garantir que está havendo progresso no curso. 89 TABELA 7 – Grau de importância para a possibilidade de as ferramentas auxiliarem nos estudos Quantidade de respostas ∕ Grau de Importância Perguntas Total 1 2 3 4 5 1. É importante ter um horário flexível? 8 20 37 26 76 167 2. É importante ter contato com nativos? 10 11 25 35 86 167 3. É importante obter correção das atividades? 7 11 26 40 83 167 4. É importante ter suporte do tutor? 10 18 32 36 71 167 1 5 15 31 115 167 5. É importante que aprendizagem? haja diversificação da Fonte: Elaborada pela autora Verifica-se, ainda, que 161 respondentes (97%) acreditam que atividades diversificadas têm alto grau de importância, pois há a necessidades de atingir características particulares de cada aluno e/ou diferentes habilidades de um único aluno. Como uma das diversificações disponíveis nesta modalidade de curso, a flexibilidade de horário é considerada por 139 respondentes (84%) como graus 3, 4 e 5 de importância, assim como a interação - contato com nativos – que foi eleita por 146 respondentes (87%) como graus 3, 4 e 5 de importância para melhor aproveitamento, auxiliando nos estudos dos alunos deste curso. 4.5 Resultados e análise da 5ª etapa Levando em consideração que seria pesquisado somente o idioma inglês, foram selecionados para o questionário somente os alunos brasileiros que têm como língua nativa o português e estavam aprendendo o inglês como língua estrangeira no curso Livemocha. Nesta página do site, apresentada no Apêndice C com a imagem da opção de busca, tem-se a possibilidade de buscar os alunos de interesse da pesquisa. No caso, foram selecionados alunos brasileiros, que têm como língua nativa o português que poderiam ser de qualquer gênero. Sendo assim, o próprio site 90 faz uma busca por este perfil e apresenta os alunos solicitados, coletados para enviar o questionário posteriormente. Nesta etapa foi feito um primeiro contato com os alunos participantes do curso Livemocha que foram convidados a participar da pesquisa. O convite foi feito por carta-convite e enviado pelo próprio site na opção mensagens, em junho de 2012, como mostrado no Apêndice A, desta dissertação. A partir desta seleção de alunos e das respostas aos questionários, observouse o perfil do aluno que escolhe o ensino de língua estrangeira a distância, via internet, ao invés do presencial e os motivos que favorecem a permanência dos mesmos neste curso. Para tanto, apresentam-se os gráficos no Apêndice D, que mostram o levantamento do perfil de quem escolhe esta modalidade e os motivos de permanência, inferidos a partir dos questionários, como apresentados a seguir: 1- Perfil dos alunos que escolhem a modalidade ensino de língua estrangeira na educação a distância via internet: Inicialmente, avaliou-se o gênero dos respondentes, como mostra a Tabela 8 a seguir: TABELA 8 - Perfil – Gênero dos respondentes. Gênero Quantidade Porcentagem (%) Masculino 112 57,4 Feminino 83 42,6 Total 195 100 Fonte: Elaborada pela autora. A análise da Tabela 8 permitiu perceber que há diferença entre o gênero dos usuários, mostrando assim que, de acordo com a hipótese 2, levantada nesta dissertação; e, levando-se em conta que a área tecnológica é de maioria masculina, é importante destacar que não existe grande predominância de gênero entre os alunos que cursam línguas estrangeiras a distância via internet. 91 O próximo passo foi descrever a idade dos respondentes. A Tabela 9 apresentada descreve a distribuição da idade dos respondentes por faixa etária. TABELA 9 - Perfil – Idade dos respondentes Faixa etária Quantidade Porcentagem (%) Abaixo de 25 anos 86 44,1 Entre 26 e 35 anos 64 32,8 Entre 36 e 45 anos 23 11,8 Entre 46 e 55 anos 18 9,2 Entre 56 e 65 anos 4 2,1 Acima de 65 anos 0 0 195 100 Total Fonte: Elaborada pela autora Pela Tabela 9, pode-se constatar que há várias idades interessadas nesta modalidade de curso. No entanto, percebe-se que há uma maioria de alunos em uma faixa etária até 35 anos, sendo a grande maioria abaixo de 25 anos, e, em segundo lugar, estão os de idade entre 26 e 35 anos. É relevante frisar a falta de participação de alunos acima de 65 anos, mostrando que talvez isso ocorra por a geração até 35 anos ser a que conheceu o computador como um recurso natural do seu cotidiano e a geração mais velha tenha ainda um pouco de resistência a estas ferramentas tecnológicas. O que vem a concordar com o que foi levantado na hipótese 3, sobre existir predominância de idade entre os alunos que cursam esta modalidade de ensino e que de acordo com a hipótese 7, se refere a uma modalidade de ensino mais voltada para pessoas adultas e com maior necessidade de formação para aperfeiçoamento na vida profissional. 92 A Tabela 10 refere-se à escolaridade dos respondentes como a seguir: TABELA 10 - Perfil – Escolaridade dos respondentes Escolaridade Quantidade Porcentagem (%) Ensino Fundamental 4 2,1 Ensino Médio Incompleto 16 8,2 Ensino Médio 57 29,2 Ensino Superior 92 47,2 Pós-Graduado 26 13,3 195 100 Total Fonte: Elaborada pela autora. Pela Tabela 10, percebe-se que quase metade dos respondentes possui ensino superior, o que permite inferir que é uma população preocupada com o aperfeiçoamento da sua formação profissional, como foi levantado na hipótese 7, assim como, não é a formação acadêmica sua maior preocupação, como pode ser confirmado pela Tabela 11, que se refere aos motivos de estar neste curso. TABELA 11 - Fatores importantes do curso Grau de Importância Perguntas Aprender pelo desejo de viajar? Aprender para conhecimento profissional? Aprender para conhecimento acadêmico? Total 4 3 2 1 0 Quantidade 107 30 16 11 3 167 Porcentagem (%) 64 18 10 7 2 100 Quantidade 116 18 12 13 8 167 Porcentagem (%) 69 11 7 8 5 100 Quantidade 67 34 26 20 20 167 Porcentagem (%) 40 20 16 12 12 100 Fonte: Elaborada pela autora. Na Tabela 11, utilizou-se uma graduação diferente das demais até então apresentadas, pelo fato de haver nessas perguntas a possibilidade de resposta com grau 0 (zero), caso os respondentes considerassem esta opção como não 93 importante, conforme já citado anteriormente na metodologia, Capítulo 3 desta dissertação. Os dados da Tabela 11, considerando somente o maior grau de importância grau 4 -, indicam que 116 pessoas (69%) responderam que seu maior interesse neste curso é por motivo profissional, 107 pessoas (64%) por motivo de viagem e 67 pessoas (40%) por motivo acadêmico. Ainda referindo-se à Tabela 9 e fazendo-se uma relação com a Tabela 10, percebe-se que apesar da faixa etária “acima de 25 anos” ter um grande número, deduz-se que este grupo não deve ser composto por maioria tão jovem, visto que na Tabela 10 mostra que é uma população com ensino superior. Uma curiosidade nesta pesquisa foi verificar em quais regiões estaria os alunos que fazem um curso de língua estrangeira a distância, especificamente no Livemocha; e observou-se que o sudeste tem uma grande parte desta população e que, em segundo lugar, está o nordeste, como mostra a Tabela 12. TABELA 12 - Região de localização dos respondentes Região Quantidade Porcentagem (%) Norte 3 1,5 Nordeste 53 27,2 Centro-oeste 13 6,6 Sudeste 108 55,4 Sul 18 9,3 Total 195 100 Fonte: Elaborada pela autora. A Tabela 13, a seguir, é composta por algumas perguntas feitas no questionário desta pesquisa, com relação ao idioma escolhido pelo aluno no curso Livemocha. 94 TABELA 13 - Questões relacionadas ao idioma SIM Porcentagem (%) NÃO Porcentagem (%) PERGUNTA Quantidade Você já tinha conhecimento de inglês antes de iniciar este curso? 149 83,2 30 16,8 Sabe algum outro idioma que não seja o inglês? 74 41,3 105 58,7 Já viveu fora do país onde o idioma falado é o inglês? 13 7,3 166 92,7 Quantidade Fonte: Elaborada pela autora. Pela Tabela 13, pode-se verificar que um grande número de alunos desse curso já tinha conhecimentos do inglês antes de iniciá-lo e, além disso, somente um pouco menos da metade do total dos respondentes domina outra língua estrangeira. Porém, do total dos respondentes, somente 7,3% (13 pessoas) respondeu ter vivido em um país onde o idioma falado é o inglês. O que mostra que, apesar do aluno já ter conhecimentos anterior da língua, ele continua o curso, tendo maior interesse na aprendizagem que na interação com outros alunos, e que por diversos motivos, prefere a modalidade a distância à presencial, em uma sala de aula tradicional. Um dos motivos da escolha por cursos on-line, para alguns adultos, é a questão da flexibilidade de horário, considerada por 76 respondentes (46%) com maior grau de importância, como apresentado anteriormente, na Tabela 6. Percebe-se que a interação é de grande interesse dos alunos, principalmente a ferramenta bate-papo, o que se confirma na Tabela 14, mostrando a conversação como a habilidade que mais motiva os respondentes. 95 TABELA 14 - Habilidades que mais motivam os respondentes Quantidade de respostas / Grau de Importância Habilidades Total 1 2 3 4 5 Leitura 4 4 20 37 114 179 Escrita 3 7 28 45 96 179 Gramática 6 9 39 51 74 179 Vocabulário 3 6 16 39 115 179 Conversação 6 1 7 9 156 179 Fonte: Elaborada pela autora. Da mesma forma, a Tabela 15 confirma a interação dentro do curso Livemocha, quando mostra que os alunos afirmam que o nível de interação é de médio para alto; ou seja, 155 pessoas (92,8%) responderam que a interação tem um grau de importância maior ou igual a 3, e somente 4,8% (8 pessoas) respondeu que seria menor que 3, sendo que 4 pessoas não opinaram. TABELA 15 - Nível de interação do curso para os respondentes Grau de Importância Interação Quantidade Porcentagem (%) Total 1 2 3 4 5 N/A 1 7 46 64 45 4 0,6 4,2 27,5 38,4 26,9 2,4 167 100 Fonte: Elaborada pela autora. Levando-se em conta a possibilidade de o aluno fazer um curso de inglês a distância, pelo fato de estar sempre em contato com a língua estrangeira que estuda, apresenta-se a seguir a Tabela 16, que mostra o grau de importância que o aluno escolheu, quando se referia a esse tipo de interação. 96 TABELA 16 - Fatores importantes no curso Grau de Importância Perguntas Ter contato com colegas Ter contato com nativos Relacionou-se com pessoas de outra parte do mundo (não nativos) Total 4 3 2 1 0 Quantidade 52 45 31 26 13 167 Porcentagem (%) 31 27 18,5 15,5 8 100 Quantidade 86 35 25 11 10 167 Porcentagem (%) 51 21 15 7 6 100 Quantidade 91 34 23 11 8 167 Porcentagem (%) 54 20 14 7 5 100 Fonte: Elaborada pela autora. Apesar das 3 opções acima, entendidas como opções de interação, apresentarem alto grau de importância, alguns alunos preferem se relacionar com pessoas de outra parte do mundo, que falam o idioma que está aprendendo, mas que não são necessariamente nativos. Outras pessoas preferem o contato com nativos, e outros ainda preferem se relacionar com os próprios colegas do curso, talvez por poder compartilhar as atividades e dúvidas no seu próprio idioma ou por terem maior afinidade com estes. Pelos dados da Tabela 16, verifica-se que a maioria dos respondentes não está interessada apenas na interação, mas em fazer contatos para aprendizagem de outro idioma, visto que 91 respondentes (54%) votaram como grau 4, ou seja, consideram mais importante se relacionar com pessoas de outra parte do mundo e 86 respondentes (51%) acreditam ser mais importante ter contato com nativos. Somente 31% acredita ser mais importante ter contato com colegas de forma geral. Pode-se notar, ainda, que a diferença na votação dos respondentes, referente à importância, mudou completamente do grau 4 para o grau 3, pois no grau 3, a maioria dos respondentes optou pelo contato com os colegas, além do fato de as outras opções também terem recebido uma porcentagem de escolha bem próximas umas das outras. O que mostra que a interação entre os 97 participantes é um fator de alta importância, independente de qual seja esta interação. Apesar do fato de, nesta pesquisa, ter sido escolhido para análise o curso de língua inglesa, pode-se verificar abaixo, na Tabela 17, que os alunos se preocupam em aprender mais de um idioma. Entretanto, como visto na Tabela 17, a maioria está interessada no inglês, por ser este o idioma universal, o mais procurado por diversos motivos, em diversas áreas, como citado anteriormente na 3ª etapa, sobre a escolha da língua inglesa para esta pesquisa. TABELA 17 - Idiomas escolhidos pelos respondentes Somente inglês Inglês Inglês Inglês e mais + 1 idioma + 2 idiomas de 3 idiomas Quantidade 108 43 25 3 Porcentagem (%) 60,3 24 14 1,7 Total 179 100 Fonte: Elaborada pela autora. A Tabela 18 mostra a dedicação do aluno às atividades do curso semanalmente, conforme Tabela 18. TABELA 18 – Tempo dedicado às atividades do curso menos de 7 horas mais de 7 horas menos de 14 horas mais de 14 horas Total Quantidade 111 41 6 9 167 Porcentagem (%) 66,5 24,6 3,6 5,3 100 Fonte: Elaborada pela autora Embora a maioria dos respondentes, 111 pessoas (66,5%) sejam alunos que se dedicam às atividades menos que 7 horas semanais, se comparado às aulas presencias, que são normalmente de duas horas semanais, é grande o número de alunos que aproveita o curso on-line. Nessa modalidade, ele pode utilizar mais tempo de estudo em comparação com os alunos do curso presencial; pois os 33,6% restantes se dedicam a essas atividades mais de 7 horas semanais, o triplo do tempo dedicado presencialmente, considerando, 98 ainda, que o aluno presencial faça alguma atividade fora de sala de aula presencial. As Tabelas 19 e 20 se relacionam, visto que o horário e o local de acesso para as atividades do curso on-line se afirmam, como mostra as tabelas abaixo: TABELA 19 - Horário de maior frequência do aluno no curso 6h 9h 12 h 14 h 18 h 21 h as as as as 18 as as 9h 12 h 14 h h 21 h 24 h Madrugada Total Quantidade 8 22 6 27 24 59 21 167 Porcentagem (%) 4,8 13,2 3,6 16,2 14,4 35,3 12,5 100 Fonte: Elaborada pela autora TABELA 20 - Local de acesso dos respondentes para as atividades do curso Casa Escola Trabalho Lan House Outros Total Quantidade 154 1 11 1 0 167 Porcentagem (%) 92,2 0,6 6,6 0,6 0 100 Fonte: Elaborada pela autora De acordo com a Tabela 19, a maior frequência no horário das atividades é também um horário em que as pessoas provavelmente estão em suas casas (período noturno), como mostra a Tabela 20, que é o local onde o aluno acessa a internet para fazer o curso, e que foi apresentado como o de maior número de acessos por 154 respondentes (92,2%). A Tabela 21 se refere à interação dos alunos, mostrando a freqüência com que há troca de informações entre si no curso. TABELA 21 - Frequência de troca de informações entre os alunos do curso Diário Semanal Mensal Maior que mensal Nunca Total Quantidade 46 67 20 13 21 167 Porcentagem (%) 27,5 40,1 12,0 7,8 12,6 100 Fonte: Elaborada pela autora A maioria das trocas é diária ou semanal; as trocas mais espaçadas são em menor quantidade. Ou seja, o número de alunos que interagem é grande, e 99 pode-se inferir que este é um recurso muito valorizado neste meio, embora ainda seja bastante o número de alunos que não fazem nenhuma troca de informações, como mostrado na Tabela 21. A partir da Tabela 22, pode-se verificar a preferência do aluno quando escolhe um professor on-line para uma sessão particular, opção permitida, já que é um recurso oferecido pelo curso a distância, desde que seja pago por esse serviço. TABELA 22 - Preferências por um professor on-line numa sessão particular Nativo Graduado no idioma mais formal mais informal N/A Total Quantidade 72 20 8 21 33 154 Porcentagem (%) 46,8 13,0 5,2 13,6 21,4 100 Fonte: Elaborada pela autora. A maioria dos alunos (46,8%) prefere professores nativos, o que permite presumir que o aluno que procura um curso a distância quer falar inglês e acredita que a sessão com um nativo fará com que ele atinja o objetivo mais facilmente. Em segundo lugar, com 21,4%, foi escolhida a opção “nenhuma alternativa” (N/A), que pode ser entendido como sendo indiferente o tipo de professor que o atenderá. Dos respondentes desta questão, somente 20 (13%) preferem que o professor seja graduado no idioma. Isso mostra que a preocupação maior não está na formação e na didática, ou seja, em como vai ser ensinado e sim com a fluência da língua e, talvez, estejam interessados num ensino mais coloquial, preocupando-se mais com a conversação do que com estrutura da língua. Este tipo de resposta também é bem comum nos cursos presenciais. 2- Motivos que favoreceram a permanência dos alunos nos cursos de língua estrangeira na educação a distância, via internet: Muitos alunos que utilizam esta modalidade têm perfil de alunos autônomos, que conseguem ter um processo de aprendizagem independente no curso, pois esta modalidade exige que eles sejam mais organizados e disciplinados em relação ao tempo / horário. Pode-se ver que mesmo estes alunos autônomos 100 têm uma necessidade de estímulo para caminhar, precisam de alguém que lhes esteja apoiando quando necessário. Acredita-se que o maior fator de permanência no curso se dê pela interação entre os alunos, mas outros fatores também contribuem para o interesse em continuar o curso, como mostrado no Apêndice D e especificado abaixo: Gráfico Habilidades Motivantes – mostra que a habilidade eleita por maior número de pessoas e de maior grau de motivação é a conversação, que é uma habilidade de interação. Gráfico Nível de Interação – apresenta que o nível de interação permitido pelo curso de idiomas foi respondido por 64 respondentes (38,3%) como grau 4, que corresponde ao segundo maior grau; sendo os graus 3 e 5 também com grande número de respondentes, com um total de 91 respondentes (54,4%), ficando os graus menores bem distante destes citados. Gráfico Fatores Importantes – percebe-se que, para o aluno permanecer num curso desta modalidade, é importante que as atividades sejam bem diversificadas, pois foi verificado neste gráfico que um número maior de pessoas acreditam que estes itens são importantes, sendo também eleitos com maior grau de importância. A importância das atividades serem diversificadas se deve não somente para atender a um público diverso; mas, para ampliar o leque de opções do aluno. Além disso, é importante que haja praticidade e facilidade de utilização das ferramentas, que seja oferecido um conteúdo pedagógico claro e que haja um suporte, sempre que necessário. Gráfico Frequência de Troca de Informações – verifica-se que mais da metade dos respondentes, ou seja, 113 pessoas (67,6%) trocam informações diária ou semanalmente. Gráfico Comportamento no Ambiente Livemocha – mostra que a busca por novas amizades e interação com os colegas fora do ambiente do 101 curso é recorrente, não por muitos alunos, mas os poucos existentes, o fazem com frequência. Gráfico Avaliação de Atividades do Curso – mostra que as atividades de diálogo do curso e de conversação são conceituadas com “muito bom” pelos respondentes, mostrando, novamente, o quanto a necessidade de interação dos alunos é importante. Um fator importante para permanência de alunos em um curso a distância é a possibilidade de manter um vínculo estreito entre a equipe do curso e seus alunos. Sendo assim, comparando o curso escolhido para esta pesquisa com outros cursos de língua estrangeira on-line, vê-se que o Livemocha espera que seus alunos procurem por suas atividades, busquem seus contatos, ao invés de ter que levar novidades ao aluno, como é o caso do “EnglishKurs16” que todos os dias envia à seus usuários um pequeno texto sobre algum tema diferente, motivando os alunos a entrar no site. Em síntese, a análise efetuada permitiu algumas considerações: São vários os sites que oferecem ensino-aprendizagem de língua estrangeira a distância, mas são poucos que têm grande número de usuários, interatividade entre os alunos, e que são gratuitos, como os sites levantados e mostrados no capítulo 4 desta pesquisa. Dentre vários idiomas oferecidos pelos sites, especificamente pelo Livemocha, viu-se que o inglês é o mais procurado devido à influência da língua no mundo. Dentre as diferentes estratégias apresentadas pelo site do curso, verificouse que grande parte dos alunos tem maior interesse pela conversação, que está na ferramenta bate-papo, o que se pode deduzir como sendo uma necessidade de interação entre os alunos ou mesmo dos alunos com alguma pessoa que dê suporte no curso. Também como estratégia, vê-se a preocupação do curso em viabilizar a aprendizagem do aluno, oferecendo 16 EnglishKurs – Nome fantasia para o curso em questão. 102 maior facilidade para utilização e compreensão das atividades propostas, preocupando-se com a diversificação do seu público alvo. Apesar de os alunos escolhidos terem sido somente brasileiros, verificou-se que estes não necessariamente se encontram no Brasil, mas residem em várias partes do mundo, inclusive em lugares em que a língua local não é o inglês. 103 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste capítulo, apresentam-se as considerações finais, retomando as questões levantadas e as hipóteses elaboradas no início desta pesquisa, bem como a apresentação das limitações ao longo deste trabalho e das possibilidades de trabalhos futuros. De acordo com as questões levantadas no Capítulo 1, conclui-se, na primeira questão, que os motivos do aumento da procura por esta modalidade devemse à: primeiramente, a maior flexibilidade em relação a tempo e espaço, permitindo aos seus alunos fazerem suas atividades à noite, em um horário que as escolas já estão fechadas; outro fator é que a maioria dos que buscam esta modalidade é de adultos que muitas vezes não querem mais estar em uma aula tradicional, ou nem têm disponibilidade para isto. Quanto à segunda questão verificou-se que são vários os fatores que motivam os alunos a permanecer nos cursos: Interação - o maior fator é devido aos recursos do site que possibilitam interação entre os alunos, interação dos alunos com nativos ou dos alunos com os tutores / professores do curso, despertando-lhes o interesse de aprender e conhecer mais sobre o idioma e a cultura. Dentre estas ferramentas estão: bate-papo, tutoria com aulas particulares ou em grupo para praticar a conversação, pratique escrevendo com correções por nativos, pratique falando, com correções dos nativos, revisar envios, cultura, meus amigos, encontre amigos, entre outras. Facilidade de acesso - as ferramentas do site são de fácil acesso, bem disponibilizadas, ou seja, colocadas de forma clara, de modo que o aluno navegue sem se perder ou se confundir e podem ser utilizadas em qualquer computador. Atualmente há recursos para utilização até mesmo pelo i-pad. Facilidade de entendimento - as ferramentas são de fácil entendimento, bem elaboradas, claras e objetivas. 104 Flexibilidade de tempo e espaço – este é um fator que contribui tanto para a procura como para a permanência do aluno no curso, pois este passa a perceber que há possibilidade de fazer suas atividades em diferentes horários, de acordo com suas necessidades, sem perder a continuidade das aulas e ter ajuda dos colegas 24 horas por dia, todos os dias. Retorno dos exercícios – outro ponto observado que motiva os alunos a permanecerem no curso é receberem um retorno sobre o seu aprendizado, para que possam saber onde estão errando e como podem melhorar, já que esta é uma necessidade do aluno. Existem ainda outros fatores que motivam cada aluno de acordo com suas próprias características. Referindo-se à terceira questão sobre quais as estratégias de ensino utilizadas pelos atores envolvidos nesta modalidade de curso, observou-se que são estratégias metodológicas, disponibilizadas pelas ferramentas do site do curso, que facilitam o estudo do aluno, oferecendo diferentes recursos para o estudo, abrangendo as 4 habilidades propostas para se aprender uma língua estrangeira. Estas ferramentas, pelo fato de serem diversificadas, atende a diferentes estilos de aprendizagem e ritmo de estudo de cada aluno, abrindo a possibilidade de flexibilização de horário e espaço, contribuindo com o processo de ensino e aprendizagem. Conforme respondido nos parágrafos acima sobre as questões de pesquisa, que podem ser comprovadas nas análises e resultados dos dados do Capítulo 4, concluiu-se que o objetivo geral desta pesquisa foi cumprido, pois foram identificadas nas estratégias utilizadas no ensino de língua estrangeira a distância, via internet, vários tipos de recursos, facilidade de acesso e entendimento, que têm levado os alunos a optar por esta modalidade de ensino, bem como os motivos que favoreceram a permanência dos mesmos neste curso, seguindo as solicitações dos objetivos específicos. Quanto às hipóteses elaboradas, obteve-se a seguinte conclusão: 105 A hipótese 1 foi confirmada: Foi verificado que esses cursos oferecem diversificadas estratégias metodológicas, disponibilizadas pelas ferramentas do site do curso, que facilitam o estudo do aluno, oferecendo diferentes recursos para o estudo, abrangendo as 4 habilidades propostas para se aprender uma língua estrangeira. É ampla a demanda dos alunos que buscam algo mais atrativo, que os motive para o estudo, bem como é do interesse do aluno buscar melhores formas de aprendizagem de modo a atender aos diferentes estilos de aprendizagem de cada aluno. Diversas são as ferramentas disponibilizadas, facilitando o estudo e auxiliando o desenvolvimento do aluno. Há variações entre os sites, mas concluiu-se que todos eles oferecem metodologias bem diversificadas; sendo assim, para melhorar o aproveitamento, uma estratégia é escolher um curso on-line sério e acompanhar outros sites, blogs e podcasts para ampliar o conhecimento. A hipótese 2 não foi confirmada: Quanto a existência de predominância de gênero entre os alunos que cursam línguas estrangeiras a distância, via internet, levantada na hipótese 2, pode-se afirmar que, apesar de pequena, há uma diferença de 14,8%, predominando o gênero masculino. A hipótese 3 foi confirmada: Quanto à existência de predominância de idade entre os alunos que cursam esta modalidade de ensino percebeu-se pelos dados coletados que há uma maioria de alunos em uma faixa etária até 35 anos, ou seja, concluiu-se que há predominância dessa faixa etária como foi afirmado na hipótese desta dissertação. Faz-se relevante inferir que este fato se deve à impossibilidade dos adultos por mais um horário fixo em suas agendas ou à falta de paciência em voltar à escola para uma aula tradicional, visto que a modalidade a distância possibilita maior flexibilidade de horário e espaço, fazendo com que aumente a procura por esta modalidade. A hipótese 4 foi confirmada: Enquanto uma das questões de pesquisa se refere aos motivos do aumento da procura pela modalidade EaD, foi 106 levantada na hipótese 4 que a procura por esta modalidade se deve ao fato de existir uma maior flexibilidade em relação a tempo e espaço. Levando-se em conta os dados levantados, analisados e apresentados concluiu-se que o aumento da procura por esta modalidade de ensino tem como fator importante a existência de maior flexibilidade em relação ao tempo e espaço como afirmado anteriormente, pois verificou-se no Apêndice D que quase 50% dos respondentes consideram como maior grau de importância (grau 4) ter um horário mais flexível para os estudos neste curso de idiomas a distância. Quanto à maior flexibilidade em relação ao espaço, verifica-se que 92,2% dos respondentes acessam à internet pela possibilidade de realizar as atividades em casa e quanto ao horário que os alunos entram com maior frequência para fazer as atividades do curso, que é no período noturno e madrugada, conforme afirmação de 62% dos respondentes, mais especificamente, 47,9% dos respondentes entram com maior freqüência para fazer as atividades a partir das 21h. Sendo assim, ficam evidentes que o local e o horário são fatores importantes, visto que, a partir das 21h, não há mais nenhum curso de idiomas na modalidade presencial funcionando, somente os cursos na modalidade a distância. A hipótese 5 foi confirmada: Foi levantada na hipótese 5 que o curso despertaria o interesse do aluno em fazer um curso a distância, a partir do seu próprio esforço, sua autonomia. Embora este tipo de modalidade possua recursos que despertam o interesse dos alunos, é preciso mais que vontade e necessidade para esta escolha, requer facilidade para o estudo independente, compromisso em fazer as atividades propostas e, necessariamente, ter disciplina. De acordo com a pesquisa, 71% dos respondentes responderam ser de alto grau de importância, ou seja, 48% responderam como grau 5, e 23% responderam como grau 4, o fato de ser disciplinado para aproveitar melhor o curso, já que não há quem cobre pelas atividades propostas. 107 Faz-se necessário levar em consideração que os respondentes desta pesquisa são pessoas com perfil voltado para educação a distância, visto que quando foi perguntado se já tinham feito algum curso a distância, quase metade dos respondentes (48,9%) marcaram que “sim”, ou seja, já estão acostumados a este tipo de modalidade e acreditam que a disciplina é um fator relevante. Para tanto, fica constatado que há interesse e motivação para o estudo independente, mas o aluno que se interessa pelo curso a distância já possui um perfil voltado para esta modalidade. A hipótese 6 não foi confirmada: Referente à hipótese 6, que foi afirmado que os alunos que procuram esta modalidade de ensino não têm inicialmente conhecimentos sobre os recursos tecnológicos dos sites dos cursos, fica comprovado que os respondentes conhecem sobre recursos tecnológicos, visto que 72,8% dos respondentes responderam que já haviam feito algum curso de treinamento para utilização de computador e 51,1% dos respondentes responderam que já haviam feito algum curso a distância. Esses respondentes podem não ter conhecimento sobre os recursos tecnológicos utilizados por este curso específico, mas têm conhecimento geral sobre tecnologia, permitindo-se concluir que somente quem procura este tipo de modalidade são, especificamente ou maioria, pessoas que têm conhecimento sobre tecnologia. A hipótese 7 foi confirmada: Verificou-se que esta modalidade de ensino é mais adequada para pessoas adultas e com necessidades de formação para aperfeiçoamento na vida profissional, como afirmado na hipótese 7. Esta afirmação pode ser comprovada no Apêndice D: Embora 44,1% dos respondentes sejam de faixa etária abaixo de 25 anos, e não ficar claro se são adultos, ou seja, maiores de 18 anos, pôde-se inferir que a maioria seja adulta. Isso porque, fazendo o cruzamento do gráfico “faixa etária” com o gráfico “escolaridade”, percebeu-se que 60,5% dos respondentes necessariamente são maiores de 18 anos, já que estes possuem ensino superior ou são pós-graduados. 108 Ainda fazendo uma análise entre os gráficos, desta vez com o gráfico sobre um motivo importante para estar fazendo este curso, 80% respondeu que é de alto grau de importância, 69% respondeu como grau 5, 11% respondeu como grau 4 a importância da aprendizagem para crescimento profissional. O que, mais uma vez, leva à conclusão de que os respondentes são adultos e com necessidade de aperfeiçoamento na vida profissional. A hipótese 8 foi confirmada: Considerando a hipótese 8 levantada, pode-se afirmar que a interatividade influencia positivamente os alunos dos cursos de língua estrangeira a distância, via internet, já que a habilidade conversação, que se refere à interação dos alunos do curso, mostrada no gráfico “habilidade mais motivante do curso” como a de maior grau de motivação, grau 5, para 87,2% dos respondentes. Não somente os alunos têm interesse pela interatividade, também o curso deve se interessar e oferecer este recurso. Quando perguntado sobre o nível de interação que o curso de idiomas permite, 38,3% dos respondentes optou por grau 4, 27,5% dos respondentes por grau 3 e 26,9% por grau 5 em nível de interação. No gráfico: troca de informações com outros alunos, mais da metade, 67,6% dos respondentes disseram fazer trocas de informação diariamente (27,5%) e semanalmente (40,1%), o que vem mostrar que há facilidade de criar novos relacionamentos dentro do curso. No gráfico: seu comportamento no ambiente Livemocha, é mostrado que a interação com os colegas ocorre sempre para 27% dos respondentes e freqüentemente para 16% dos respondentes, e a busca por novas amizades ocorre sempre para 35% dos respondentes e freqüentemente para 16% dos respondentes. Além disso, há interação dos alunos na correção das atividades feitas pelos colegas: 57% dos respondentes sempre pedem para corrigir suas atividades e 18% pedem freqüentemente, 43% corrige sempre e 31% corrigem freqüentemente as atividades dos colegas, 66% dos respondentes se sentem úteis corrigindo as atividades dos colegas sempre e 28%, freqüentemente. 109 No gráfico que se refere ao contato dos alunos com outras pessoas através do site do curso, como apresentado no Apêndice D ou pela Tabela 14, verifica-se que é alto o grau de interesse dos respondentes quanto à interação, tanto com os nativos, quanto com pessoas de outras partes do mundo ou mesmo com os colegas do curso. Sendo o suporte técnico e do tutor também uma forma importante de interação para estes respondentes, visto que 41% dos respondentes optaram como grau 5, e 17% como grau 4, ser o suporte técnico um fator importante e 42% como grau 5 e 22% como grau 4, ser o suporte do tutor um fator importante. Analisando-se a habilidade de maior motivação, quais sejam as trocas de informações, a ajuda entre os colegas, o suporte do curso, e fazendo-se um cruzamento com o grau de satisfação do aluno, que é de 44,2% como grau 4, e 41,6% como grau 5 de importância, concluiu-se que a interatividade influencia positivamente os alunos dos cursos de língua estrangeira a distância, via internet. Esta análise levou à conclusão de que o curso nesta modalidade pode ser uma alternativa muito interessante e válida; entretanto, para o aluno ser bem sucedido deve ter familiaridade com os recursos tecnológicos e que o compromisso, a disciplina e a dedicação sejam parte do perfil deste aluno. Com estas características, possivelmente o aluno terá bons resultados com a qualidade desejada. Algumas limitações que ocorreram durante a pesquisa, referentes ao curso Livemocha, devem ser destacadas: Apesar de várias tentativas, por vários meios e pessoas não foi possível manter qualquer contato com o curso, pois não houve nenhuma resposta da equipe, nem para informações básicas sobre o funcionamento do curso, nem para ajuda no contato com os alunos do mesmo. Assim, para buscar as informações, foi necessário fazer uma pesquisa levantando a quantidade de alunos o curso possuía e assim calcular o número de cartas-convite que seriam enviadas aos alunos do curso e que participariam 110 do questionário. Assim, para realizar a pesquisa, teve-se que contar com a boa vontade de cada aluno convidado a responder as questões propostas. Quanto às dificuldades com a coordenação do curso, o único contato que se conseguiu foi com os alunos. Não se conseguiu ouvir do próprio curso (coordenação) quais suas opiniões, expectativas e propostas antes e depois dos questionários. Como aprofundamento ou complementação da pesquisa, sugere-se fazer um levantamento do número e motivos de evasão nos cursos de língua estrangeira a distância. Também, seria importante investigar os obstáculos enfrentados pelos professores de língua estrangeira, presencial e a distância, levando-se em conta a crescente procura por cursos de idiomas a distância. Propõe-se, ainda, estudar a formação e o perfil dos professores de LE que atuam nos cursos de LE a distância, via internet. 111 REFERÊNCIAS ANJOS, Mateus Ubiratan dos e ANDRADE, Cláudio César. A relação entre educação e cibercultura na perspectiva de Pierre Lévy. Revista Eletrônica Lato Sensu – UNICENTRO. Ed. 5 Ano: 2008. Disponível em: web03.unicentro.br/especializacao/Revista_Pos/.../2-Ed5_CH-Relac.pdf. Acesso em: 21 jul 2011. ASSMANN, Hugo (org). Redes digitais e metamorfose do aprender. Petrópolis: Vozes, 2005. BABBIE, Earl. Métodos de pesquisa de Survey. CESARINO, Guilherme (Trad.) Tradução de. Survey research methods. 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