A DIDÁTICA DO ENSINO DA LÍNGUA ESTRANGEIRA NA
EDUCAÇÃO INFANTIL
GUEBERT*, Mirian C. Castellain
[email protected]
TRAUTWEIN**, Mariana Medeiros - PUCPR
[email protected]
Resumo
Na busca de analisar a didática utilizada no ensino da língua estrangeira e sua importância no
desenvolvimento infantil, propõe-se aqui uma primeira reflexão quanto às diferentes
metodologias do ensino da ensino de uma LE, às quais se destinam ao processo de
aprendizagem nas crianças de 2 a 5 anos, isto é na Educação Infantil levando em consideração
diferentes aspectos da criança e do próprio ensino de LE. Caracteriza-se aqui a LE como
recurso de formação de cidadania e de estímulo cultural, além de elemento facilitador entre as
diferentes culturas e povos. Cabe ressaltar os cuidados e planejamentos que se devem ter ao
trabalhar com crianças nesta faixa etária, não deixando de lado as peculiaridades necessárias
para a aquisição de uma língua. Considerando as teorias de Piaget, Vygotsky, Montessori e
Chonsky, traçam-se aqui os objetivos e algumas informações importantes para a
aprendizagem da LE na Educação Infantil.
Palavras-chave: Língua Estrangeira; Construção de Conhecimento; Criança; Educação
Infantil.
Ao pensarmos em trabalhar com o ensino de uma língua estrangeira com crianças
existem inúmeros fatores que devem ser levados em consideração, dentre eles a maturidade
cognitiva, relações sociais, desenvolvimento orgânico, que nos remete a um encaminhamento
pedagógico que atenda às características da Educação Infantil, priorizando a aquisição da
linguagem oral e escrita, bem como o seu desenvolvimento global. Considerando estes
aspectos a criança de Educação Infantil, possui uma bagagem cultural em língua materna que
pode facilitar o processo de aprendizagem de uma nova língua. Logo nesta faixa etária se faz
necessário o desenvolvimento de atividades lúdicas para efetivar a construção da LE (língua
estrangeira). Outra característica é a motivação do profissional mediador deste processo, bem
como do aluno percebendo a funcionalidade da LE.
*
**
Mestre em Educação; professora da PUCPR
Aluna de graduação no Curso de Letras – Português da PUCPR e professora de Língua Francesa na Educação
Infantil do Colégio Nossa Senhora de Sion
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O Estudo das Línguas e a Psicolingüística
Sempre se deve ter em mente que cada criança possui seu próprio ritmo de maturação
e de desenvolvimento, e que cada passo dado por esta em qualquer área do conhecimento
possibilita a construção das seqüências lingüísticas. Ao trabalhar com a língua, seja esta a
materna ou não, faz-se uma referência direta com as teorias de aquisição de linguagem e com
a análise psicológica do comportamento verbal, pois ao tratarmos de língua como objeto de
estudo, tem que considerar a habilidade e os estilos de aprendizagem da expressão lingüística
pelo aluno, respeitando seu tempo e seu processo de construção.
Para tal estudo recorremos à psicolingüística, já que esclarecemos que linguagem e
psicologia estão diretamente ligadas, pois a linguagem se constrói resultando da interação do
indivíduo com o meio, e suas relações funcionais. Ao trabalhar com aprendizagem de uma
segunda língua, sem estarmos aqui a analisar o bilingüismo, deparamo-nos com um complexo
panorama de problemas que ainda não puderam ser solucionados quando relacionados à
aquisição de uma segunda língua. Um destes problemas refere-se ao tempo necessário da
apreensão dos elementos em uma segunda língua e a relação destes com o concreto. Em
língua materna relacionamos cada palavra com um objeto concreto existente, ou muito
conhecido pela memória auditiva do falante, já em uma segunda língua acaba por
estabelecerem-se ligações de tradução, impossibilitando a organização mental desta
linguagem e favorecendo somente a estrutura fonética entre os elementos das duas línguas, o
que muitas vezes dificulta uma compreensão geral da língua não fazendo com que o aluno
realmente se expresse e se encontre na fala deste segundo idioma.
A psicolingüística questiona a reação entre o aprendizado visual, ocorrido na primeira
língua, e o auditivo, geralmente ocorrido na segunda, e até que ponto esta diferença pode
dificultar o processo de aprendizagem. A diferente relação estabelecida na segunda língua
entre significante e significado, faz com a criança constantemente questione a funcionalidade
da segunda língua que aprende. O desenvolvimento cognitivo da criança de Educação Infantil,
especificamente de 2 a 5 anos, necessita de um processo concreto o qual viabilize o processo
de assimilação e acomodação da informação, a construção da linguagem em outra língua
torna-se abstrata por não relacionar-se com o significado e sim com o significante da língua
materna. Exemplificando este conceito vemos que a criança não possui uma noção da
existência de milhares de línguas espalhadas pelo mundo, para ela quando alguém vem com
um outro nome para algo que ela já havia nomeado, seria como se estivesse negando seu
conhecimento prévio e refutando o antigo nome. Para a criança entender que em cada lugar se
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fala de uma maneira diferente requer-se uma forte noção de tempo e espaço, pois para uma
criança de que tamanho seria o mundo? A resposta mais apropriada seria que o mundo é do
tamanho do seu conhecimento de mundo, assim o mundo se resume à escola, à família, ao lar
e quem sabe à casa de alguns amigos e algumas partes da cidade que a marcaram por algum
motivo específico.
Ao fazer-se esta primeira análise, já podemos ver o grau das questões existentes
quanto ao ensino de língua: como inserir novos valores de verdade sem retirar os que já
acompanham a criança, recebidos pelo contato direto com sua língua materna?
Se
conceituarmos língua como uma habilidade, uns hábitos automáticos referente à
comunicação, temos a primeira língua como algo mecânico diferente do processo de
construção da segunda língua. Por isso trata-se de um processo demorado, sistemático,
seqüencial e que deve considerar a etapa do desenvolvimento cognitivo para que esta
construção seja funcional para que o aluno sinta-se a vontade com estas novas expressões e
entenda que uma língua não restringe a outra, pelo contrário a complementa.
Ainda existe o obstáculo da aptidão lingüística, um fato praticamente irrefutável de
facilidade, para a construção de um conhecimento em uma determinada área. Isto nos
possibilita entender a construção da língua estrangeira quando as motivações do professor e
do aluno se completam. Para Titone (1983) o tipo de aprendizagem influencia também na
aptidão lingüística. Esta aptidão encontra-se presente em todos os grupos que estabelecem
relações com línguas estrangeiras J.B.Carrol (1960, p. 14) afirma que:
Extensos estudos por mim realizados evidenciaram diferenças notáveis na aptidão
para o estudo das línguas estrangeiras. Isto é verdadeiro no que se refere tanto a
crianças, quanto a adolescentes e a adultos. Mesmo que ficasse provado que as
crianças aprendem as línguas mais rapidamente do que os adolescentes, permanece
de qualquer modo o fato de que muitas entre ela encontram uma grande dificuldade.
Assim, podemos até preestabelecer que as crianças de educação infantil tenham uma
maior facilidade de apreensão da língua, mas nunca se deve esquecer que esta não é uma
regra, e que podemos nos deparar com dificuldades com as quais não esperávamos.
A aptidão lingüística está provavelmente associada a habilidades áudio-orais como
imitar as séries de sons da diferente língua, poder construir uma memória mecânica e auditiva
para com esta língua discriminarem os sons além de reproduzi-los.
Podemos ainda relatar a teoria chomskyana na qual cada indivíduo nasce com uma
carga inata de estruturas lingüísticas biologicamente programadas, forma fonética,
morfológica, e até mesmo sintática, o que muitos chamam de gramática internalizada, porém
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possuir-se-ia a gramática internalizada de todas as línguas do mundo e apenas ativar-se-ia a
que lhe fosse conveniente, no caso da infância, a da língua materna. Este seria o motivo pelo
qual crianças tenderiam a ter mais aptidão lingüística que adultos. Para Godard a criança com
menos de 11 anos possui os esquemas cerebrais com maior flexibilidade, o que a predispõe
para a aquisição de conhecimentos. Temos ainda Vygotsky que afirmou que o conhecimento
se dá por meio da interação do pensamento com a linguagem, sendo necessário a influencia
do meio para a efetivação deste processo. Consideramos a arbitrariedade aparente da aptidão
lingüística ou os aspectos do desenvolvimento como fatores que poderão influenciar na
processo de construção da língua estrangeira. Este trabalho busca compreender quais são os
aspectos pedagógicos necessários para a construção da LE com alunos da Educação Infantil,
tendo como eixo norteador a psicolingüística.
As Vantagens de Trabalhar com as Le`S
Trabalhar com uma diferente forma de linguagem, uma outra língua nesse caso, na
Educação Infantil leva o aluno a desenvolver-se em diversas áreas como na área cognitiva e
nas capacidades relacionais e afetivas, o que pode levá-lo ao desenvolvimento integral, no
qual ele passa a dominar a linguagem, que se mostrará fundamental para ele, respeitando os
eixos da educação Infantil como o conhecimento de mundo buscando o conhecimento de si
mesmo.
Ao trabalha com uma LE a criança acaba por sentir prazer nesta e passa a buscar uma
funcionalidade doa conteúdos desenvolvidos pelo professor, sendo que em alguns casos há
um aprofundamento considerando a auto-motivação que se encontra como fator primordial do
ensino da LE desde a educação infantil, pois esta leva o aluno a se desafiar, a buscar novos
objetivos e crescer por si só, é essa a diferença entre quem viveu com o desafio e passou a
necessitar deste e de quem nunca o teve a passa a vida acomodado. Acredita-se que a
ampliação do conhecimento lingüístico faz com que haja simultaneamente uma reconstrução
de conhecimentos em outras áreas, desde gostos a comportamentos.
BUENO e LEAL (2003, p. 55) afirmam que “Como elemento de autoconhecimento e
de conhecimento do outro, o estudo e aprendizagem de uma língua estrangeira contribui para
o aperfeiçoamento das relações pessoais e sociais”, sendo assim, a LE, um elemento de
construção social e interação cultural que passa a ser importante ara a formação futura da
criança.
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Percepções da Le
A metodologia para o ensino de uma LE mostra-se claramente diferente das
metodologias para o ensino da língua materna. Segundo Veiga (1991, p.93) “A metodologia
do ensino passa a se preocupar com a atividade teórico-prática da ação didática a partir de
uma concepção histórico-dialética do mundo para a compreensão e a intervenção no processo
educativo”, sendo assim se faz necessária a compreensão do contexto e da valorização dos
fatos históricos para que haja a construção de diferentes conceitos, utilizando de métodos
variados que venham a atender à realidade.
Nos últimos séculos diferentes métodos ou abordagens surgiram para o ensino de
línguas, sendo que normalmente uma era o resultado do rompimento com a outra. Devem-se
citar diferentes abordagens como AGT e AD, as quais são pressupostos teóricos definidos.
A Abordagem da Gramática e da Tradução, conhecida como AGT, consiste no ensino
da segunda língua tendo como referencia a língua materna, sendo essencial três
procedimentos: memorização, conhecimento das regras necessárias para a utilização da língua
e exercícios de tradução e versão. O objetivo desta abordagem é fazer com que o aluno
domine a gramática da LE e aprimore-se na escrita desta.
Em oposição, no séc. XVI surge a Abordagem Direta, AD, que valoriza a linguagem
oral, estimulando o processo cognitivo para a utilização da língua. Nesta abordagem a
linguagem escrita torna-se complemento do processo de aprendizagem que está fundamentado
em ouvir, falar, ler e escrever respectivamente. Ao compreender que esta abordagem quer que
o aluno pense na LE, a tradução não é utilizada como recurso didático e a construção da
língua se dá pela prática ou pelo contexto.
Na Educação Infantil os desenvolvimentos da linguagem e do pensamento estão
atrelados, logo o processo de aprendizagem de uma língua estrangeira necessita de um
encaminhamento didático pedagógico que atenda à especificidade deste nível de ensino.
Considerando que as abordagens AGT e AD podem ser utilizadas simultaneamente, bem
como paralelamente quando necessário. O ecletismo destas propostas metodológicas terá seu
valor desde que utilizado com consciência e objetividade. Afirma Merani (1977, p. 83)
[...]estão em função de experiência empírica, portanto, devem ser superados por uma
nova experiência. É a partir desta visão aliada ao pressuposto de que todo processo
de ensino pressupõe ordenação de princípios e de normas para o seu
desenvolvimento, que surge a importância do método de ensino no âmbito da
educação escolar.
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O Fator Motivação
A criança interage com o meio e a partir desta, busca motivação para suas realizações.
Quando tratamos da língua materna o próprio organismo constrói conhecimento através de
estímulos do meio, é a língua falada por todos entendida por todos e presente em quase todos
os momentos da vida da criança, do jovem e do adulto. Podemos embasar este pensamento
nas teorias de Jean Piaget como assimilação, que é um processo no qual se desestabiliza o
conjunto de informações pré-existentes, o qual recebe a informação que passa ser
internalizada, compreendida e utilizada quando há internalização, entendimento com o
processo de acomodação que é o tempo individual que esta informação necessita para ser
utilizada novamente. Esse processo é cíclico.
A partir de agora podemos discutir os fatores extrínsecos da aprendizagem de uma LE,
que basicamente se resumem a motivação externa.
A motivação vinda do professor deve gerar no aluno curiosidade, interesse e desejo de
aprender para que este perceba a funcionalidade do conteúdo desenvolvido. O professor tem
como seu aliado neste processo diferente metodologias bem como o próprio aluno que é o
foco do seu trabalho. O professor deve estar atento às respostas do aluno para que possa,
quando necessário, se adaptar às diferentes situações de aprendizagem. O aluno funciona
como seu avaliador, quando este se mostra desinteressado o professor necessita mudar sua
didática até que seu aluno demonstre que percebe um significado no que vai aprender e supere
suas dificuldades com a proposta metodológica apresentada pelo professor que deve
conscientizá-lo do esforço necessário para construir uma aprendizagem significativa. As
motivações do professor e do aluno serão os eixos norteadores do trabalho pedagógico, pois
ambas as partes percebem a importância do processo de ensino-aprendizagem.
O encaminhamento didático do professor deve atender aos objetivos definidos
previamente, e os estímulos do meio devem ser considerados quando falamos da construção
de uma LE. Ao aluno, pode parecer que a motivação e/ou a metodologia são fatores
irrelevantes na aquisição da língua. Sendo assim, a motivação deve estar presente através de
jogos, músicas, atividades lúdicas, sempre levando em conta as necessidades das crianças em
uma sala de aula dinâmica em que o professor possa mostrar sua afetividade com a LE,
utilizando-a sempre, pois a partir da sua experiência e da percepção da funcionalidade da LE,
a criança construirá sua própria motivação, já que o professor acaba lhe servindo como
exemplo.
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Os Conteúdos e as Formas de Trabalho
A língua estrangeira, por si mesma, já estabelece uma relação de abstração com o
aluno além de muitas vezes apresentar-se fora de sua realidade, por isso deve-se ter um
cuidado ao trabalhar com esta. Primeiramente na escolha dos eixos temáticos abordados na
Educação Infantil, há necessidade de se verificar os elementos que estejam presentes no
contexto, porém não há problema em inserir aspectos da cultura estrangeira como fator
motivador para a construção de diferentes conceitos, mas deve-se ter em mente que as
crianças de educação infantil possuem de 2 a 5 anos e os encaminhamentos didáticos devem
atender às diretrizes nacionais priorizando o brincar e o conhecimento de mundo para a
formação integral da criança.
O trabalho com a LE, considerado muitas vezes como extracurricular, deve causar
prazer, curiosidade nos alunos, não podendo estabelecer-se como uma obrigação, pois assim
não existirá a motivação de que já tanto falamos. Deve-se, portanto, estar fazendo relações
lúdicas com as crianças, sendo que músicas, acompanhadas ou não de gestos, faz de conta, a
repetição, jogos e brincadeiras devem estar sempre presentes nesta faixa etária.
A música
A música é um recurso didático que quando utilizado de forma adequada possibilita
aos alunos o desenvolvimento de vários aspectos no que refere a construção de pré-requisitos
necessários para a construção da linguagem oral e escrita da criança após a educação infantil.
Sabemos que a música é uma forma de linguagem, que quando utilizada auxilia a
expressão e a comunicação de sentimentos, sensações, e pensamentos, hoje é considerada
como um suporte no processo educativo, pois possibilita ao aluno a formação de hábitos,
memorizarem conteúdos, a compreender a função de diferentes linguagens existentes, não
podendo ser utilizada de forma impensada, onde a repetição e a imitação são as estratégias
vivenciadas, necessidade de se ter clareza que o objetivo da música na educação infantil é o
reconhecimento de uma forma de linguagem que está ali para que haja conhecimentos sendo
desenvolvidos e ou construídos de uma forma agradável a todos. Ao considerar estes
aspectos se faz necessário aceitar que “a música como linguagem e forma de conhecimento”
( RCN, V.3, p. 48).
Ao trabalhar com a música devemos considerá-la como meio de expressão e forma de
conhecimentos acessível a todos independente a idade. E ao integrar o trabalho musical com a
1374
LE, deve-se ter o cuidado de não deixar de lado os aspectos musicais específicos para que
possamos desenvolver a musicalização.
A música é essencial no processo de aprendizagem e traz inúmeras vantagens ao
aprendizado da língua, independente materna ou estrangeira.
São por meio destas que os alunos, de forma inconsciente, ganham à pronúncia da
língua, de seus sons mais conhecidos e mais peculiares como também enriquecem o
vocabulário, pois a música não pode ser trabalhada isoladamente, quando consideramos que
faz parte do contexto de aprendizagem da criança, caso na seja desta forma considerada perde
uma função importante na área do vocabulário, uma das partes mais difíceis de serem
adquiridas pela criança de educação infantil.
Com a música o professor pode trabalhar com movimentos de expressão, cênicas, artes
visuais, entre outras, o que prioriza a construção do vocabulário, podendo elevar a música a
instrumento auditivo e visual no conhecimento de uma nova linguagem.
A repetição
Nesta idade a capacidade de guardar nomes na memória curta mostra-se ainda em
desenvolvimento, assim é muito comum à criança não lembrar-se do que foi ensinada na
última aula, lembra e relata em sua língua materna, mas lembrar-se dos termos aprendidos em
LE, mostra-se incomum. Por isso a necessidade de estar sempre repetindo os termos já
ensinados é muito comum principalmente quando utilizamos da música. Porém, quando
falamos de repetição não estamos nos referindo ao massacre de oralidade a base de pressão
realizada no sistema tradicional de ensinar, mas deve ser uma repetição espontânea, como
começar a palavra e as crianças acabarem. Em uma situação do contexto a palavra ensinada
deve ser repetida para que haja compreensão do vocabulário no contexto. Um recurso
interessante a ser utilizado no ensino da segunda língua é a lição de três tempos desenvolvida
por Maria Montessori, a qual planeja o ato de aprender e compreender em três tempos:
primeiramente a apresentação, na qual o professor apresenta o item ao aluno e pode fazê-lo
repetir seu nome algumas vezes; em seguida vem o momento do reconhecimento, no qual
cabe ao aluno reconhecer e mostrar o item nomeado pelo professor; por fim cabe ao aluno
nomear o item apresentado pelo professor. Claro que cada uma destas fases de trabalho pode
levar certo tempo, principalmente devido às questões de aptidão que vimos anteriormente e a
complexidade do conteúdo proposto.
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A importância do concreto para a criança
Ao considerar que a criança é um ser histórico social, esta desenvolve seu processo de
construção de conhecimento utilizando diferentes linguagens, exercem a capacidade de
levantar idéias e hipóteses, tendo como referência seu contexto suas experiências.
O
conhecimento é entendido não como uma cópia da realidade, mas sim de um resultado de
interação, significação e resignificação da vivencia com a individualidade. Este pensamento
tem como fundamento as abordagens de Piaget, Vygotsky e Wallon.
A aprendizagem da criança de educação infantil passa primeiro pela a forma de
compreender que não aprendemos sozinhos e a interação com o outro é fundamental, depois
temos o resultado desta interação de desenvolve as linguagens a imitação onde a criança
desenvolve a observação, identifica ações e desejos, pois somos modelos uns apara os outros
independente da faixa etária que nos encontramos. Na educação infantil as crianças estão
estimulando o seu desenvolvimento cognitivo, o termo cognitivo nos remete a estruturas do
pensamento, que nesta faixa de idade estão consolidadas nas praticas, nas vivências, ainda não
há abstração, portanto se faz necessário a utilização de estratégias e recursos concretos que
possibilitem a organização do pensamento tendo como foco o significado e funcionalidade
das vivências.
Aprendizagem passa por quatro aspectos relevantes sendo:
A conversação: é o momento em que a criança expressa seus conhecimentos sobre os
temas do seu contexto, sendo posicionando e mediado pelo professor, o segundo é a
atividade coletiva, que juntos as crianças vivenciam atividades, lúdicas, e falam sobre os
conteúdos mediados pelo professor,
seguindo o processo temos a planificação que a
exploração de atividades diversificadas junto à explicação realizada pelo professor sobre o
conteúdo específico, seguindo a execução que o procedimento desenvolvido em pequenos
grupos e o professor atende as necessidades individuais, após este procedimento
a
comunicação do que foi desenvolvido nos pequenos grupos será realizada com o grande
grupo onde surgem novas questões sobre o tema desenvolvido, e para finalizar ao processo de
avaliação, que considera todos os procedimentos, pontuando aos aspectos fundamentais do
professor bem como dos alunos na construção dos conceitos desenvolvidos na educação
infantil.
A construção da LE na educação infantil, precisa estar vinculada ao contexto dos
alunos, bem como atendendo aos processos de construção de saberes, do contexto e da
funcionalidade da língua para cada criança, portanto este processo de ser prazeroso, criativo,
motivador e que possibilite aos alunos a gostarem da LE, outro aspecto de suma importância é
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a reação que a LE necessita manter com as outras áreas do conhecimento para que todos
realizem uma proposta pedagógica coerente, valorizando a especificidade da faixa etária
como das diferentes áreas do conhecimento.
Considerações Finais
A língua estrangeira possibilita algumas reflexões quando utilizada como área do
conhecimento na Educação Infantil, influenciando o desenvolvimento cognitivo, relacional e
acadêmico das crianças de 2 a 5 anos. Além disto, a LE pode trazer uma melhor condição
cultural no futuro da criança, pois proporciona acesso às informações, e assim funciona como
ampliador de conhecimentos. No Referencial Curricular para a Educação Infantil (v. 1) consta
a importância do acesso a estas informações: "... o acesso das crianças aos bens socioculturais
disponíveis, ampliando o desenvolvimento das capacidades relativas à expressão, à
comunicação, à interação social, ao pensamento, à ética e a estética". Pode-se então relacionar
aquisição da LE com a construção do conhecimento do aluno para o convívio em sociedade e
para as trocas culturais, visando assim a experiência educativa na qual a criança atuará no
contexto em que for inserida.
Não se tenta aqui criar uma metodologia para o ensino de uma LE, pois ao considerar
que existem diferentes metodologias e diferentes contextos, se faz necessário desenvolvê-las
para que haja funcionalidade nos conteúdos desenvolvidos no ensino tanto para crianças
quanto para adultos, sendo assim, as metodologias devem ser adequadas à turma, à realidade
da criança, a seus conhecimentos de mundo e ao seu nível de desenvolvimento. Desta maneira
o que se tenta defender aqui é a utilização de uma didática da LE na Educação Infantil para
que se possa garantir o processo de ensino e aprendizagem utilizando de um conhecimento
sistematizado para que haja a formação integral da criança, tendo a LE como um recurso para
a construção de novos conhecimentos.
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VEIGA, Ilma Passos Alencastro. Repensando a didática. 5. ed. Campinas: Papirus, 1991.
158 p. 1991
VYGOTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. Martins Fontes – São Paulo. 1987
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