a revista da caixa Ano II 2011 Número 6 caixa geral de de p ósi tos capital europeia da cultura em 2012, todos os caminhos vão dar a guimarães ler é o melhor remédio entrevista a Fernando pinto do amaral comissário do plano nacional de leitura Tamil nadu passagem para a índia saiba tudo sobre o pap - plano automático de Poupança € 1,50 CoNtinente e ilhas periodicidade Trimestral e editorial Um outro 2012 a revista da caixa Director Suzana Ferreira Editores Luís Inácio e Pedro Guilherme Lopes Arte e projecto Rui Garcia e Rui Guerra Colaboradores Ana Ferreira, Ana Rita Lúcio, Andreia Simões, Helena Estevens, João Paulo Batalha, Leonor Sousa Bastos, Paula de Lacerda Tavares, Rita Neves (texto); Agência AFFP, Estúdio João Cupertino, Miguel Manso, Rita Chantre, com agências Corbis, Getty Images, iStockPhoto e Reuters (fotos); Dulce Paiva (revisão) Secretariado Teresa Pinto Gestor de Produto Luís Miguel Correia Produtor Gráfico João Paulo Font REDACÇÃO TELEFONE: 21 469 81 96 FAX: 21 469 85 00 R. Calvet de Magalhães, 242 2770-022 Paço de Arcos PUBLICIDADE TELEFONE: 21 469 87 91 FAX: 21 469 85 19 Impresa Publishing R. Calvet de Magalhães, 242 2770-022 Paço de Arcos Director Comercial Maria João Peixe Dias ([email protected]) Director Coordenador Luísa Diniz ([email protected]) Coordenador Maria João Jorge ([email protected]) Contacto Ana Dória ([email protected]) Eduarda Casa Nova ([email protected]) Assistente Florbela Figueiras ([email protected]) Coordenador de Materiais José António Lopes ([email protected]) Neste ano que agora começa, acreditamos que existem muitas razões para manter um estado de espírito positivo e aproveitar o que de melhor temos para nos darmos mais a conhecer à Europa e ao Mundo. Desde logo, o evento Guimarães 2012 – Capital Europeia da Cultura, que, ao longo de 2012, permitirá que a cidade berço de Portugal mostre muito do que de bom se faz no nosso País, além de trazer alguns dos nomes maiores do panorama cultural internacional. E porque 2012 vai ficar marcado, sobretudo, por esse evento, dedicamos, neste início de ano, grande parte desta edição à cultura. Fomos conversar com Fernando Pinto do Amaral, Comissário do Plano Nacional de Leitura, e com Cesário Costa, maestro da Orquestra Metropolitana de Lisboa. Mas como a cultura também é tradição e preservação, recomendamos uma visita às Aldeias de Xisto e damos a conhecer o charmoso Hotel da Estrela, que já foi um palácio de condes e uma escola secundária. Nestes tempos difíceis, também é bom saber que temos a melhor incubadora de empresas do mundo – é portuguesa e actua em Coimbra, mas acolhe projectos de todo o País. E como, para assegurar o futuro, é preciso prepará-lo no presente, nada melhor do que garantir uma boa poupança para algo inesperado. O PAP – Plano Automático de Poupança foi criado, justamente, com essa finalidade, pelo que é importante conhecer todas as soluções de poupança e de investimento que a Caixa preparou para si. Em 2012, vai, assim, poder continuar a contar com a Caixa. Com Certeza. Votos de Bom Ano Novo. Suzana Ferreira Editora Medipress - Sociedade Jornalística e Editorial, Lda. NPC 501 919 023 Capital Social: €74 748,90; CRC Lisboa Composição do capital da entidade proprietária Impresa Publishing, S. A. - 100% Rua Calvet de Magalhães, 242 2770-022 Paço de Arcos Tel.: 21 469 80 00 • Fax: 21 469 85 00 Foto de capa: Frederic Pacorel/Getty Images Impressão Lisgráfica - Impressão e Artes Gráficas, S. A. Propriedade Caixa Geral de Depósitos Av. João XXI, 63, 1000-300 Lisboa Periodicidade Trimestral (Edição n.º 6, Outubro/Dezembro 2011) Depósito Legal 314166/10 Registo ERC 125938 Tiragem 85 000 exemplares Correio do leitor [email protected] A Cx é uma publicação da Divisão Customer Publishing da Impresa Publishing, sob licença da Caixa Geral de Depósitos cx a re v i s ta d a c a i xa 3 i interior 06Pormenor Notícias seleccionadas Pessoas DESTAQUES 10 Histórias de sucesso O design segundo Nini Andrade Silva 12 Talento A música de David Santos e a moda de Susana Bettencourt estilo 18 Design A marca Manjerica; Caixa é Banco do Design 20 Automóveis É um carro? É uma nave? É o Twizy! 21 Culto Escolhas com assinatura 22 Gourmet Do Story ao Arcadas da Capela 23 Prazeres Papos-de-anjo de chocolate 37 Observatório João Serra e a Guimarães 2012 destinos 44 Roteiro Descobrir as Aldeias de Xisto 46 Fugas 30 A cultura saiu à rua Média no tamanho, mas grande na ambição, Guimarães pega no compasso da Cultura, da qual é capital europeia, para se dividir e multiplicar 2012 em tempos de encontros, criações, sentimentos e renovações, devolvendo à cidade o seu maior património: a(s) cultura(s) das gentes O charme do Hotel da Estrela 50 Saúde Inverno rima com depressão 56 Sustentabilidade A melhor Incubadora de Ideias do mundo está em Coimbra; Floresta, a Nossa Herança Global; o novo site do Co-Lab cultura 62 Agenda + Ler & Ouvir Espectáculos, livros e discos 64 Metropolitana 20 anos Entrevista ao maestro Cesário Costa 66 Vintage As célebres cadernetas 4 cx a rev i s ta d a ca i xa 16 Design & arquitectura Na encruzilhada onde confluem dois rios e uma cidade banhados pela História, o Riverside Museum convida a entrar a bordo de uma alucinante viagem com a assinatura de Zaha Hadid 24Entrevista Fernando Pinto do Amaral, Comissário do Plano Nacional de Leitura, abre-nos as portas do seu gabinete para uma conversa onde cabem livros e onde se sublinha a importância de recuperarmos a nossa identidade 38Grande viagem Em Tamil Nadu, no Sul da Índia, aos nossos olhos desfilam deuses de múltiplas formas, templos imponentes, mercados de especiarias, tecidos brilhantes, sorrisos verdadeiros 52Finanças Fique a saber mesmo tudo sobre o PAP – Plano Automático de Poupança, a melhor solução para reaprender a gerir e a rentabilizar o seu dinheiro, e sobre as alterações no IRS Foto: Bruno Barbosa viver p pormenor Diz-me como acampas, dir-te-ei quem és O ano que ainda há pouco terminou mostrou que o campismo voltou a fazer parte do conceito de férias de muito boa gente. Confirmando a tendência, a FieldCandy lançou uma colecção de tendas personalizadas, que prometem não passar despercebidas seja qual for o cenário escolhido. à conquista de hollywood Candidato de Portugal a uma nomeação para o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro, José & Pilar, conta com dois novos motivos para poder estar em destaque na cerimónia agendada para 26 de Fevereiro: está entre as 265 longas-metragens que podem vir a ser nomeadas para o Óscar de Melhor Filme; o fado Já não estar, interpretado por Camané, parte da banda sonora do filme realizado por Miguel Gonçalves Mendes, foi pré-seleccionado para o Óscar de Melhor Canção Original. Da invicta para o moma O arquitecto Pedro Gadanho, professor na Faculdade de Arquitectura do Porto (FAUP) é o novo curador de Arquitectura Contemporânea, no Departamento de Arquitectura e Design, do Museu de Arte Moderna (MoMA), de Nova Iorque. Será, igualmente, responsável pela supervisão de um programa de jovens arquitectos e pela organização de exposições baseadas no acervo do museu, podendo sugerir novas aquisições. pa p e x p e r i e n ce Um presente com futuro Saiba como tirar partido desta oportunidade e partilhá-la com quem lhe é querido Já pensou que, hoje, mais do que assinalar um momento com a oferta de um presente efémero, é importante reforçar as condições que podem contribuir para um futuro bem melhor daqueles de quem mais gosta? Por exemplo, o inicio de uma poupança. É justamente a pensar nisso que lhe propomos a oferta do kit PAPEXPERIENCE. Em que consiste? Trata-se de uma experiência de poupança que lhe permite oferecer, directamente, 25 euros para abertura ou reforço de uma conta de poupança e a possibilidade de activação dos mecanismos de poupança automática que mais se adeqúem ao seu beneficiário. Quem receber este presente, pode beneficiar, ainda, de 35 euros de bónus – oferta da Caixa. Como funciona o bónus? Se o beneficiário deste presente assegurar uma nova domiciliação de rendimentos(1) na Caixa ou reforçar/constituir uma poupança a um ano com um montante vindo de outra instituição de crédito(2), a Caixa oferece-lhe 25 euros adicionais. Entretanto, pode, também, receber dez euros suplementares oferecidos pela Caixa, se for um dos Clientes que mais poupar através do mecanismo de arredondamento dos cartões da Caixa(3) (ver objectivo 6, da página 53). Como adquirir? Basta dirigir-se a uma Agência da Caixa ou aceder à loja on-line do serviço Caixadirecta on-line e adquirir o PAPEXPERIENCE. 6 cx a re v i s ta d a c a i xa Poderá, assim, distinguir aqueles de quem gosta com um presente com futuro. Ofereça, também, um PAPEXPERIENCE a si próprio e conheça todos os detalhes em qualquer Agência da Caixa ou em www.cgd.pt. Válido para novas domiciliações de salário, pensão ou reforma no mínimo de 500 euros líquidos. (2) Mínimo de 1000 euros. (3) Válido para os 20 mil Clientes que mais poupem, com um mínimo 75 euros, nos extractos de Dezembro de 2011 a Março de 2012. (1) U p2you chal l e nge Desafio aos jovens criativos a cgd e a bolsa de valores sociais (BVS) criaram o desafio Up2You Challenge, uma proposta que desafia os jovens a expressar os seus desejos num passatempo dinamizado através do Facebook. A iniciativa vai beneficiar um conjunto de ONG nacionais e dinamizar a presença da Caixa junto das universidades, do público universitário e da sociedade em geral, numa aposta na geração criativa, empreendedora, arrojada e talentosa. Com o mote «Quantos desejos concretizas com €500?», a campanha desafia os jovens a juntarem-se em equipas de quatro elementos para comprarem um kit Fitas, no valor de quatro euros (o valor reverte na totalidade para os projectos cotados na BVS), numa Agência da Caixa, e a expressarem, de forma criativa, a sua ideia de como multiplicar o dinheiro em 30 dias. Saiba mais em facebook.com/ up2youchallenge. Virtual valentino Foi a prenda de Natal que o famoso criador de moda decidiu oferecer a todos os seus fãs e seguidores. Intitulado Valentino Garavani Archives (www.valentino-garavani-archives.org), trata-se de um museu virtual em 3D, onde, nuns supostos 30 mil metros quadrados, podemos aceder a mais de cinco mil arquivos que nos conduzem pela história de uma das mais icónicas marcas de moda. Raminhos & Barreiro passamos a explicar a associação de nomes: Ana Raminhos e José Barreiro são dois estudantes de design gráfico que arrecadaram o 3.º Prémio do Concurso Europeu Young Creative Chevrolet, na Categoria de Artes Visuais. Como forma de celebrar o seu centésimo aniversário, a Chevrolet desafiou estudantes de design de toda a Europa a captarem o sentimento da marca desde a sua origem. Ana e José, que estudam na Escola Secundária de Cacilhas, desenvolveram um cartaz comemorativo que faz essa viagem no tempo onde o presente são os carros eléctricos. leddie Para assinalar o 20.º aniversário da morte de Freddie Mercury, o site The Living Brick criou um boneco utilizando peças de Lego, onde o «cantor» surge com a roupa usada nos emblemáticos concertos realizados no Estádio de Wembley, em 1986. O fado de nata (ou a nata do fado) agora que o fado foi reconhecido como Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO, apostamos que estas embalagens especiais que uniram dois símbolos da cidade de Lisboa, o Fado e os Pastéis de Belém, não deverão tardar até começarem a surgir em leilões virtuais, como peças de colecção. Pela mão de André Carrilho, os packs surgem ilustrados com as imagens de Amália Rodrigues, Alfredo Marceneiro, Carlos do Carmo, Mariza, Camané e Maria da Fé. Fotos: D.R. código da vinci Até dia 5 de Fevereiro, todos os caminhos vão dar a Londres, mais precisamente, à National Gallery (www.nationalgallery.org.uk), onde está patente uma retrospectiva de pinturas raras de Leonardo Da Vinci relativas ao período em que foi pintor na corte de Milão, já considerada a mais completa exposição de sempre de um dos nomes incontornáveis da história da arte. cx a re v i s ta d a c a i xa 7 p pormenor 1 ensinar a poupar. A CGD promoveu, em diversas Agências, um conjunto de workshops de literacia financeira destinados aos Clientes da Caixa e intitulados «Hora Poupança». 2 conferência. O Auditório Caixa Geral de Depósitos, do ISEG, foi palco da 2.ª conferência do ciclo de Conferências CGD|JN Exportar e Internacionalizar, desta feita, dedicada aos mercados maduros – Europa e EUA. 3 reputação. Segundo o estudo MyBrand Reputation Index 2011, efectuado pelo Reputation Institute, a Caixa é a marca bancária portuguesa com maior reputação. 4 ideias Para falar sobre moda sem ter de ir a Milão, a São Paulo ou a Paris. 1. A New Balance desenvolveu um modelo de ténis feitos a partir de material reciclado. Para cada par, são necessárias oito garrafas PET, que se transformarão em 95% do material usado (o restante é borracha para a sola e cola solúvel em água). c u lt u r a u r b a n a Lisbon Lovers Assume-se como a marca oficial de todos aqueles que amam Lisboa. E merece uma visita atenta «nascida do amor incondicional pela cidade onde nascemos e vivemos, Lisbonlovers é a exaltação desse sentimento.» É desta forma que nos é apresentado o projecto Lisbon Lovers (http://lisbonlovers. com), que permite conhecer a capital muito para além do que vem nos guias turísticos, nas mais variadas temáticas: Comer, Ficar, Comprar, Ver, Arte e Cultura e Noite. Com a permissa de «apenas serem facultados conteúdos sobre aquilo que amamos na nossa cidade», o site permite, por exemplo, criarmos o nosso próprio roteiro. Basta clicar nos links associados aos locais que nos agradam e, no final, descarregar o roteiro para o computador, telemóvel ou notebook. caviar à algarvia se dois portugueses e um ucraniano lhe disserem que, dentro de quatro anos, existirá caviar produzido no Algarve, isso é a ideia vencedora do Prémio Especial Economia do Mar, atribuído no âmbito do concurso Ideias em Caixa, levado a efeito pela Universidade do Algarve e patrocinado pela CGD. Paulo Pedro, biólogo da Universidade do Algarve, Valery Afilov, especialista em aquacultura, e Jorge Raiado, empresário salicultor, são os responsáveis pelo projecto que assenta na criação de esturjão, o peixe cujas ovas garantem um delicioso caviar. 8 cx a re v i s ta d a c a i xa 2. Sabia que, com uma simples écharpe, pode adoptar 25 visuais diferentes? A revelação foi feita pela blogger Wendy, que, num vídeo de quatro minutos, nos dá soluções cheias de estilo para enfrentar o inverno (http://www.youtube.com/ watch?v=5LYAEz777AU) 3. O I’m Watch apresenta-se como o primeiro smartwatch. Desenvolvido pela Blue Sky, permite realizar chamadas e sms, aceder ao e-mail, ouvir música, tirar fotografias, gravar vídeos e navegar na Internet. Vem equipado com sistema andróide e touch-screen e custa 249 euros. 4. Pode um penso rápido ser um acessório de moda? Sim, pode, pelo menos, para os criadores da Brandages (http:// brandages.com) que criaram pensos com padrões inspirados nalgumas das mais consagradas marcas de moda. caneca solidária Marcos Bessa mudou-se para a Dinamarca para concretizar um sonho: ser LEGO designer. Mas como há vida para lá das peças, Marcos criou as Nam’it, um projecto que assenta em canecas cuja venda apoia a Make a Wish, uma fundação que se dedica a realizar os desejos de crianças e jovens, com idades compreendidas entre os 3 e os 18 anos, que sofrem de doenças graves. Saiba mais em www.younamit.com. amor cão ainda faltam alguns meses para a estreia, mas o universo cinematográfico anda num reboliço com a publicação das primeiras imagens de Frankenweenie, o novo filme de Tim Burton que será filmado a preto e branco e adaptado a 3D. Os protagonistas são Sparky, um cão, e Victor, o rapaz que não aceita a perda do seu melhor amigo e recorre aos poderes da ciência para trazê-lo de volta. Locais para perceber o que é um brunch casa de chá de serralves Rua Dom João de Castro, 210, Porto. Aos sábados, domingos e feriados, das 12h00 às 15h00, experimente as várias especialidades, onde cabem algumas de influência nórdica, asiática e vegetariana. pão de canela Praça das Flores, 27/28, Lisboa. Numa das mais bonitas praças da capital, encontra um buffet com ovos mexidos, bacon, salsichas, baked beans, espargos, iogurtes, cereais, pão, croissants, scones, queijo fresco, salmão fumado, salada de frutas, bem como, vários salgados e diversos doces . kuta bar Tv. do Chafariz de El-Rei, 8 (Alfama), Lisboa. Num ambiente que parece retirado das mil e uma noites, delicie-se com um brunch onde há chocolate e croissants quentes, iogurte com baunilha e mel, bruschettas, fruta ou tiramisu, entre muitas outras tentações. E, o melhor, inclui uma massagem shiatsu de 15 minutos. fim de boca Rua da Firmeza, 476, Porto. Um brunch diferente, porque é à carta, mas uma óptima sugestão para misturar o pequeno-almoço e o almoço. Nos segundos sábados de cada mês existe um brunch buffet com live cooking, onde os cozinheiros de serviço preparam, ao vivo, iguarias ao sabor da inspiração. estufa real Jardim Botânico da Ajuda, Calçada do Galvão, Lisboa. Para quem quer afrontar a palavra «crise», um brunch digno dos reis, onde nem faltam ostras e champanhe. vo lu n ta r i a d o Praias mais limpas Fotos: D.R. A caixa tem promovido várias acções de limpeza de praias, no âmbito da sua política de dinamização do voluntariado. Foi nesse sentido que 160 voluntários participaram numa iniciativa na ilha de Faro, deixando os seus areais mais limpos, tanto do litoral, como da Ria Formosa. Provenientes do Algarve e de algumas unidades do Alentejo, os voluntários – onde se incluíam colaboradores da Caixa, familiares e amigos – recolheram mais de 750 quilos de resíduos. Organizada pela Caixa, esta acção contou com o apoio da HPP Saúde, da Fidelidade Mundial, da Império Bonança e da Fagar – Faro, Gestão de Águas e Resíduos, EM, que contribuiu com a logística de apoio. Algumas semanas depois, cerca de 45 colaboradores, amigos e familiares participaram numa iniciativa semelhante, agora na praia do Guincho, em Cascais. A acção resultou na recolha de 60 sacos de lixo variado, numa iniciativa que contou com o apoio dos serviços da EMAC – Empresa de Ambiente do Município de Cascais. saldo ainda mais positivo O site do Saldo Positivo – peça central do Programa de Literacia Financeira da Caixa – revela a sua nova cara, proporcionando uma experiência de navegação mais útil e simples. Em destaque, surgem conteúdos ainda mais ricos, como vídeos, fotografias e infografias, além de uma nova área de entrevistas e uma área de opinião. As secções «Casa» e «Saúde», bem como a existência de perfis, são outras das novidades, num projecto que mantém os seus objectivos inalterados: promover a literacia financeira dos portugueses, conferindo mais ferramentas para uma melhor gestão dos orçamentos, e combater o sobreendividamento das famílias, estimulando a poupança e o investimento. Vá a www.saldopositivo.cgd.pt ou a www.facebook.com/ saldopositivo e diga-nos que temas gostaria de ver tratados. cx a re v i s ta d a c a i xa 9 h histórias de sucesso n i n i a n d r a d e s i lv a Vontade de ir sonhadora Quis ser artista de circo, hospedeira, arquitecta, mas foi o design que lhe roubou o coração e a distinguiu com prémios nacionais e internacionais, num reconhecimento merecido e retribuído Por Helena Estevens As tendências procura criá-las, não segui-las, uma aposta que já a catapultou para as páginas da imprensa internacional e dos mais reputados catálogos de design do mundo. No convite para Embaixadora de Guimarães Capital Europeia da Cultura, uma honra, vê o reconhecimento pelo trabalho desenvolvido. Entre o design e as viagens, sempre com retorno à Madeira, há sempre espaço para dedicar às causas em que acredita. A Fundação Garota do Calhau é uma delas. Cx: Sucesso é… Nini Andrade Silva: Concretizar um projecto de vida e ter a felicidade de fazer aquilo que se gosta. Cx: Os gostos aprendem-se ou educam-se? NAS: Educam-se, mas por vezes por mais que se eduquem… há sempre quem pense diferente! Cx: Como vive o sucesso? NAS: Com vontade de fazer sempre melhor. O sucesso é a satisfação dos meus clientes, é a sensação de dever cumprido, de objectivo alcançado e de meta cortada. Trabalho para isso mesmo! Cx: Falhar é… NAS: Já não me posso dar a esse luxo! Cx: Sucesso ou reconhecimento? NAS: As duas coisas são fantásticas. Sucesso, pois o reconhecimento é efémero. Cx: Artista de circo, hospedeira, arquitecta, designer… Quando for grande, o que é que ainda quer ser? NAS: Sou tudo aquilo que desejo. A vontade de ser e ir é o que me move. No entanto, conto sempre com a criança que ainda há em mim. Assim, e quando for grande, quero dedicar-me a tempo inteiro a ajudar os que mais precisam, neste momento, ainda não o consigo fazer a tempo inteiro. Cx: Que prémio guarda com mais carinho? NAS: Todos! Para mim, todos os prémios são sinónimo de muito trabalho, dedicação e empenho. Cada prémio ganho é pertença de uma equipa de profissionais fantásticos que se dedicam de corpo e alma a um trabalho que, tal como eu, consideram parte de si! Cx: E o projecto? NAS: Os projectos são praticamente como filhos, pelo que não pode existir uma predilecção! São parte de mim… de muito trabalho, de sonhos, de projecções de ideias! Guardo todos com o mesmo carinho! Cx: Do trabalho em equipa, o que a surpreendeu mais até agora? NAS: Dos grandes «disparates» criativos, nascem as grandes ideias. Dois pensam sempre mais do que um. 10 cx a re v i s ta d a c a i xa Cx: Qual a inspiração mais estranha? NAS: Não há inspirações estranhas, apenas ousadas, sentidas, inquietas e únicas! O mundo constrói-se de nós todos, e o meu é um pouco de cada pessoa que passou pela minha vida mais toda a paixão que nasceu comigo empreendedora dedicada Cx: Olhando para trás, o que vê em primeiro plano? E lá bem ao fundo? NAS: Os meus pais e a força que me deram para perseguir e acreditar nos meus sonhos! Vejo, também, um grupo de pessoas que estão comigo há vários anos e me apoiam em cada desafio e novo projecto. Cx: De que imagens se constrói o mundo? E o seu? NAS: O mundo constrói-se de nós todos, e o meu é um pouco de cada pessoa que passou pela minha vida mais toda a paixão que nasceu comigo. Cx: O que representa ser Embaixadora da Capital Europeia da Cultura? NAS: É uma imensa honra, pois significa o reconhecimento de tudo o que tenho feito. Print lugar no coração solidária As paixões e as resoluções. leal A Madeira é o local ao qual anseia sempre regressar, o seu porto de abrigo, como lhe chama. Mesmo apesar do percurso académico e profissional estar dividido entre Lisboa, EUA, Inglaterra, França, África do Sul e Dinamarca, entre outras paragens. «Sou, sem dúvida, uma cidadã do mundo, mas a Madeira vive no meu coração», afirma. ousada O melhor país para trabalhar no mundo «é o nosso mundo, pois só assim podemos ter certezas para dar aos outros, o país não é importante». Fotos: Pedro Rodrigues(Nini); ANunes photo (Madeira) Branco e preto é a dupla de cores que prefere e neutros os tons que ficam sempre bem. Cx: O que falta, ainda, fazer entre nós pela cultura? NAS: Sinceramente, julgo que ainda falta fazer muito! Temos excelentes artistas, arquitectos, músicos, cineastas, estilistas, escritores… não consigo perceber como não há projecção internacional do País a nível cultural. Falta ousadia em nome individual, e também um pouco de estratégia global, eu diria ousadia estratégica! Cx: A partilha de experiências reflecte-se no seu trabalho? De que forma? NAS: Reflecte-se no dia-a-dia! É com essa partilha que crescemos e que aprendemos a ser diferentes. Tenho por hábito pedir à minha equipa que investigue e que tenha experiencias diferentes, veja o fundo do mar, os planetas, tudo o que nada tem a ver com o nosso métier, mas experimente outros mundos! Cx: Como nasceu a Garota do Calhau? NAS: A Garota do Calhau nasceu da enorme vontade que tenho de fazer algo de bom e em prol de terceiros. O nome, como se sabe, surgiu da designação que, antigamente, se dava aos miúdos que deambulavam livres pelas praias do Funchal. Como era uma criança um pouco travessa, a minha mãe costumava dizer-me que eu era parecida com os garotos do calhau, o que eu adorava! Anos mais tarde, e também pela paixão que tenho pelos «calhaus», surgiu a ideia de criar uma fundação (ainda em desenvolvimento) com esse nome e todas as minhas criações – como mobiliário e pintura – têm também o nome de Garota do Calhau Collection. A resolução de ano novo é acreditar, ter fé e não desistir. Dar um sorrido a quem menos tem e ajudar . Sempre fomos grandes e é nestas alturas que não podemos esquecer, temos uma História para respeitar e continuar em grande. Os calhaus são uma presença constante na sua vida. Traduzem a força das marés e da natureza! São representações da sua ilha, das suas memórias. São, também, uma fonte de inspiração, pois tem uma verdadeira paixão por calhaus. cx a re v i s ta d a c a i xa 11 t talento Noiserv Os sons do barulho Aqueles que em nada perturbam o rumor de um silêncio musicado pelo homem que é toda uma orquestra em palco, em busca da melodia perfeita Por Ana Rita Lúcio Fotografia Miguel Manso Quando quer chamar a música, David Santos não ergue o tom nem precisa de se aventurar para lá do portão de sua casa. Afinal, os acordes que vai cosendo como retalhos de um patchwork sonoro conduzido pelo fio do timbre grave e doce brotam no estúdio anexo ao quintal. Cruzada a pesada porta de ferro, é lá que Noiserv – o alterego do engenheiro electrónico que disparou como uma bala na parada musical portuguesa – compõe versões de si próprio e de um mundo reinventado pela música feita de uma miríade de instrumentos. Dois é bom. Três são de mais. A conta certa é mesmo um. Falamos da experiência que é repartir por um pequeno estúdio uma orquestra completa de dezenas de instrumentos, um cantor, um compositor, um letrista e um responsável pelos arranjos, aos quais se soma, hoje, a visita de dois repórteres. Curta no espaço, mas desafogada no talento musical que alberga, a oficina onde se entrelaçam as texturas que dão corpo às melodias de Noiserv parece não chegar para todos os sons que dali emergem. Há palavras que se empurram, ritmos que se revezam e ruídos vindos de onde menos se espera. Vigiados pelas centenas de cartazes e posters que proliferam como hera pelas paredes até colonizar o tecto, acompanhados pela guitarra, pelos sintetizadores, teclados, vibrafones e pela minúscula sanfona (e outros tantos aparelhos musicais) e iluminados pelo foco de um único candeeiro, há ainda olhares que se entrecortam entre poses nervosas. Estamos perante o retrato de uma banda – ou de uma orquestra, melhor dizendo – de um homem só. Esse homem é David Santos. É neste armazém de sonoridades que, aos 29 anos, o jovem artista cresce lado a lado com o alterego, Noiserv, nascido em 2005. A inspiração para o título foi colhê-la à vontade de compor versões do compasso do quotidiano. Para isso, inverteu a palavra «version». E algures na confusão de letras viu soar a palavra «noise». Um barulho sem ruído, em tom confessional. «No princípio, 12 cx a rev i s ta d a ca i xa era só voz e guitarra, e a ideia era criar essa antítese com o nome», adianta. Enquanto uma explosão de sorrisos e as conversas que se soltam como folhas de Outono destoam com a inquietação perante a fotografia iminente, percebemos que é exactamente de contrastes que se faz o caminho de David – em rectas que são curvas, como no tema Palco do Tempo. Os primeiros passos deu-os na Matemática, pela qual se encantou «na 4.ª classe», logo seguidos por uma corrida na área de Ciências, até ao 12.º ano. A meta foi a licenciatura e o mestrado em Engenharia Electrotécnica, na qual trabalhou até Janeiro de 2011. E como é que um engenheiro electrotécnico vai parar à música? «A partir dos 20 anos, de cada vez que via um concerto percebia que gostava mesmo de um dia ser músico», confessa. E agora é-o. Todos os dias. A palavra «sonho» aplica-se e, cedo, embarcou nele, ainda antes das aulas de guitarra, entre os 12 e os 14 anos, e as de piano, a que se dedica com fervor de há três anos para cá. «Desde pequeno, quando via concertos e videoclips, imaginei como é que seria estar no palco», recorda. A proximidade com a música chegou a levá-la até na pasta, para a faculdade, como quando ajudou a fundar a Rádio Interna do Instituto Superior Técnico (actual Rádio Zero), e nas várias bandas a que emprestou a voz e o dom. Print Língua Franca Os rótulos e as palavras feitas não se lhe colam à pele e à música, entoada em inglês para português ouvir. É vê-lo acender as ruas, à medida que a luz de Lisboa se apaga. No videoclip de Palco do Tempo, emprestado ao documentário José e Pilar, canta pela primeira vez na língua de Camões. Acontece que as referências anglo-saxónicas sempre lhe falaram ao ouvido, acabando por fazer do inglês uma constante nas suas músicas, nem por isso menos portuguesas. A melancolia «tipicamente nacional» está lá nas sonoridades e na voz, «seja ela cantada em inglês ou português». Com «honestidade», independentemente da língua. Hoje, divide-se entre os You Can’t Win Charlie Brown, onde se juntou a cinco amigos, e o projecto a solo no qual se estreou com o EP 56010-92, em 2005. Avançou depois para o álbum One Hundred Miles of Thoughtlessness, três anos mais tarde. Já em 2010, emprestou o seu tempo para levar a palco o EP A Day in the Day of the Days, banda sonora de um dia em que todas as horas se tocam. Porém, o sinal de multiplicar surge retumbante quando voltamos a olhar em redor. Talvez porque os Radiohead lhe tenham «aberto a cabeça para o facto de que a música é bem mais do que uma guitarra, uma bateria, um baixo e um vocalista» ou porque a maneira como lhe soa o mundo «é um tema dos Sigur Rós», encheu a sua de harmonias inesperadas. O mais certo é deixarmo-lo a dedilhar o raro omnichord, comprado com orgulho no eBay, a experimentar o toque de abertura de uma caixa registadora de brincar ou a puxar o ruído arreganhado de uma máquina fotográfica a correr o filme. Com muito som. E pouco barulho. cx a rev i s ta d a ca i xa 13 t talento Susana bettencourt A portuguesa que vestiu Lady Gaga Aos 5 anos, já criava roupa, enquanto os primos brincavam no quintal. Aos 18, decidiu arriscar e ir para Londres Por Rita Neves Fotografia Rita Chantre nascida em São Miguel, nos Açores, Susana Bettencourt foi sempre «muito recatada». Enquanto os primos brincavam no quintal, ficava fechada em casa a aprender crochet e renda de bilros com a avó. Nessa altura, a jovem portuguesa não sonhava vir a pertencer um dia ao mundo da moda. «Nunca fui fascinada por esse mundo. Não conhecia os nomes da moda, não conhecia as marcas e sempre fui meio aluada.» Mas o gosto por criar roupa estava lá. No final do secundário, decide levar o seu talento mais a sério e fazer dele a sua vida. Com média insuficiente para entrar no curso de Design de Moda, da Faculdade de Arquitectura de Lisboa, influenciada pelo pai, decidiu ir estudar para fora. Escolheu Londres pela facilidade que tinha em falar inglês. «Gosto de pensar que foi o destino que me trouxe aqui», diz. Aos 19 anos, começou a frequentar a licenciatura em Fashion Knitwear (especialização em Malhas), na prestigiada Universidade Central St. Martins, e, desde cedo, destacou-se entre os colegas pelo talento de trabalhar as peças à mão. Artesanal meets tecnologia Filha de uma professora de Matemática e de um economista, Susana sabia bem que o trabalho artesanal é pouco rentável. Decidiu, então, candidatar-se ao mestrado em Moda Digital. «Na altura foi difícil. Eu sempre fui de fazer tudo à mão e, quando tinha de passar para o computador, era sempre com um sacrifício enorme. Mas aprendi a gostar.» Gostou tanto que foi o equilíbrio entre os dois extremos – o trabalho de mãos excessivo, com técnicas artesanais, e a tecnologia digital – que lhe conferiu um estilo único e que captou a atenção dos professores. Influenciada pela estilista francesa Sónia Rekyel, faz das malhas o 14 cx a rev i s ta d a ca i xa centro da sua criação. «Gosto de fazer o meu próprio tecido, em vez de ter de me adaptar aos já existentes. Tendo o controle pelo fio e criando os pontos, consegue-se uma manipulação da peça muito maior.» O resultado é uma «geometria orgânica», como gosta de lhe chamar, em que utiliza técnicas antigas com uma nova visão. «A renda de bilros é, normalmente, feita com um fio normal de algodão. Eu faço com cordas metálicas, o que faz com que a técnica seja mais rápida e espectacular.» A joalharia está também sempre presente nas «gosto de pensar que foi o destino que me trouxe aqui » suas colecções. «Normalmente é uma coisa hereditária: nós ganhamos peças das nossas avós e bisavós... Quero deixar a minha marca no mundo e achei que a joalharia era a maneira mais eficaz de deixar essa marca.» A junção entre o artesanal e a tecnologia marcou a diferença e não tardou a captar a atenção da imprensa de moda britânica. O convite para participar na Semana da Moda de Londres, que decorreu em Setembro, na Somerset House, foi o prémio por um caminho de «persistência, teimosia e espírito de sacrifício», diz. Até porque, para a sua colecção sair do computador e passar para a passerelle, teve de investir do Print MODA NACIONAL ALÉM-FRONTEIRAS Pontos altos da carreira de uma jovem portuguesa que tem como próxima paragem Nova Iorque. O convite para a Semana de Moda de Londres surgiu depois do sucesso alcançado no desfile apresentado no Victoria & Albert Museum, para o qual são escolhidos os melhores alunos de Design de Moda. Entre os muitos agentes de celebridades presentes estava o da cantora Lady Gaga. A artista apaixonou-se pelo trabalho da jovem portuguesa e encomendou algumas peças para a tour de 2011. Depois da presença na Semana de Moda de Londres, seguiu-se um showroom na de Paris. Em Outubro, Susana Bettencourt viu desfilar, pela primeira vez, a sua colecção Primavera/Verão 2012 na 29.ª edição do Portugal Fashion. Foi, também, convidada para a Semana de Moda de Nova Iorque, em Fevereiro de 2012. Falta-lhe, ainda, um patrocinador. seu próprio bolso e bater à porta de várias fábricas. O casamento foi feito com a fábrica espanhola Parrilus, sediada em Barcelona, mais perto de Portugal, e o sonho de apresentar o seu trabalho no País de origem foi concretizado em Outubro, com um desfile no Portugal Fashion, no Porto. O próximo passo é cimentar a marca Susana Bettencourt, já presente em vários países, como Chipre, Itália, Inglaterra, Líbano e, mais recentemente, em Barcelona, Espanha. E, aos 26 anos, Susana Bettencourt tem bem definida a sua ambição: «O meu objectivo final é conseguir ter as minhas próprias lojas. Se não for sonhar muito, muitas lojas.» cx a rev i s ta d a ca i xa 15 d design & arquitectura Riverside Museum Glasgow connection Na encruzilhada onde confluem dois rios e uma cidade banhados pela História, o Riverside Museum convida a entrar a bordo de uma alucinante viagem com o passado na bagagem e o futuro à vista Por Ana Rita Lúcio Há acenos e conversas que se atropelam perante a solenidade da hora, aproximando-se em marcha apressada depois de uma espera de pouco menos de uma década. Há uma corrente de quase sete mil almas curiosas, saudosas ou ansiosas, que desaguam em pleno cais para entrar na moldura de um dia que ficará na memória da Escócia e do mundo. Há a brisa que bafeja a sorte do encontro entre os plácidos leitos dos rios Clyde e Kelvin, reflectindo-se sobre o testemunho cinzento do céu de Glasgow. Há, até, uma garrafa de champanhe quebrada contra o «casco» de um emblemático edifício pela mais alta autoridade da capital, como se fora uma embarcação de primeira jornada, antes de se lançar às águas. Ancorados no local que serviu de porto a navios e vapores, só falta mesmo escutar-se o silvo que apregoa a iminência da partida. 16 cx a re v i s ta d a c a i xa Print E, no entanto, Eles movem-se Apesar de aprisionados no Riverside Museum, os mais de 3000 objectos ligados à história dos transportes em Glasgow continuam o seu movimento perpétuo. No ambiente do museu que o ateliê de Zaha Hadid desenhou e os engenheiros da Buro Happold ergueram, não ecoa o sucesso musical The Loco-Motion, mas bem podia. É lá que se põe em marcha o cortejo de meios de transporte, que teve início em Agosto de 2010 – o antigo museu fechara em Abril do mesmo ano – com a chegada das primeiras e mais pesadas carruagens, às quais se seguiram veículos de menor dimensão, até à inauguração em Novembro de 2011. As exposições também podem mudar de lugar, havendo sempre a possibilidade de as seguir nos modernos ecrãs touchscreen que compilam toda a informação. E para abrandar o passo, nada como rematar a visita com uma incursão pela réplica de uma rua do final do século XIX. Inaugurado a 11 de Novembro último, o Riverside Museum – o museu escocês dos transportes e turismo, ao qual o ousado traço de Zaha Hadid ofereceu um bilhete de ida (sem volta) para os anais da arquitectura contemporânea – acabou de zarpar. E ninguém quer ficar de fora da viagem que nos leva desde o glorioso passado industrial hora de ponta Convidando à circulação, o espólio do Riverside Museum reúne mais de 3000 peças ligadas à história dos transportes agitação Quase se pode sentir o frenesim de uma rua da Glasgow oitocentista bom porto O histórico Glenlee atracado ao largo do museu onda O imponente edifício replica um movimento fluído Fotos: Lenny Warren/Warren Media (geral interior); D.R. (rua interior); Culture & Sport Glasgow Museums (exterior) até ao futuro regenerador de uma frente ribeirinha pulsante, mostrando que a cidade onde a construção naval fez tradição não perdeu o barco da vanguarda da engenharia, do design e da tecnologia mais avançada. E por falar em viagem É uma odisseia no tempo que se vislumbra em Pointhouse Quay, um antigo estaleiro no braço setentrional do Clyde. Nela se embarca recuando até ao século XIX, a bordo do Glenlee, um dos cinco veleiros – e o único no Reino Unido – forjados nestas margens, que ainda cruzam águas internacionais. Uma verdadeira peça de coleccionador, ancorada lado a lado com a onda futurista do museu que se enrola e rebenta junto a uma vizinhança ilustre onde espreitam o Clyde Auditorium, de Normal Foster, ou a sede da BBC Scotland, de David Chipperfield. O movimento é, precisamente, a grande tour de force do Riverside Museum, cujo design parece que flui da cidade para os rios e dos rios para a cidade, reconciliando-os. Movimento que, aprisionado para a posteridade no sinuoso telhado de zinco, pulsa como se registasse o batimento cardíaco vibrante das mais de 1200 pessoas que nele trabalharam, desde que o projecto teve luz verde, em 2002. Encimando, assim, o espaço deste gigantesco armazém que se dobra como um tubo curvilíneo. Ironicamente, cristalizada na correnteza fluída das linhas deste icónico edifício, é, porém, a memória da circulação das antigas carruagens de metro e comboio, locomotivas, eléctricos, carros, bicicletas e, até, de uma agitada rua da Glasgow oitocentista que aqui faz andar a lista de visitantes. E parar o trânsito. cx a re v i s ta d a c a i xa 17 d design & arquitectura manjerica Selva urbana Por entre o verde extravagante da vegetação, há zebras que se apressam, crocodilos que deslizam e leopardos que arrebatam num desfile de padrões de trazer pela… mala Por Ana Rita Lúcio a inspiração para o nome da marca, que se queria «fresco» e que ficasse no ouvido. Como não dão ponto sem nó, baptizaram-na de Manjerica: uma planta regada pelas memórias familiares. «Como, desde pequenas, o meu pai nos chamava, a mim e à minha irmã, de “manjericas”, pareceu-nos o nome ideal», recorda Teresa, encarregue do desenvolvimento das colecções, do marketing e da comunicação, enquanto Carlos fica com a gestão e as finanças sob a sua alçada. Da mão para o pé E já depois de terem posto mãos às malas, contra ventos, marés e até a crise, foi das mãos (não deles, mas de outros) que os seus modelos exclusivos foram nascendo, conquistando pela diferença. O fabrico A Manjerica ataca com uma conjugação de linhas clássicas com um toque edgy exótica A colecção Jungle Drums mistura padrões e texturas de inspiração selvagem urbana Sem abdicar do glamour clássico e do toque citadino artesanal português sobrepôs-se aos materiais nobres espanhóis e às ferragens italianas como pano de fundo para tornar os produtos ainda mais distintos e cativantes. Porque o instinto predador nunca os abandonou, resolveram atacar com uma conjugação de linhas clássicas com um toque mais edgy, misturando texturas, cores e pormenores arrojados. Tudo para tomar como presa uma «mulher urbana que gosta de aliar a elegância à funcionalidade», com glamour e atrevimento quanto baste. No ambiente clean da boutique online, desfilam estampados de zebras e leopardos, texturas de crocodilos, formas de borboletas sob os tons exóticos das frutas sumarentas e do verde-esmeralda da vegetação, mostrando que a colecção Jungle Drums – a primeira – se entregou praticamente à lei… da selva. Ainda assim, com ambições na medida certa: «gostaríamos que a Manjerica seguisse o caminho da internacionalização e de expandir a linha para o calçado». Pelo próprio pé e sem dar passos maiores do que as pernas. Conheça o Cartão Design da Caixa, nas versões pré-pago e crédito(1), exclusivo para estudantes e profissionais do design. Ao utilizar este cartão de crédito, contribui para a sua poupança, através da devolução de até um por cento do valor efectuado em compras, a partir de um montante de cem euros, com o limite máximo de 50 euros mensais. Saiba todas as condições em www.cgd.pt. (1) TAEG de 23,7%, para um montante de 1500 euros, com reembolso a 12 meses, à TAN de 20,75%. 18 cx a re v i s ta d a c a i xa Fotos: D.R. «Cuidado com as malas!» O aviso devia aconselhar quem se atreve a colocar o pé (ou a mão, mais precisamente) na loja online da Manjerica. Mas descanse: na floresta de formas clássicas e cores audazes onde esta jovem empresa de design de moda plantou morada na Internet, não há a menor hipótese de sofrer um assalto. Corre, porém, o sério risco de ser caçado. Exóticas e sofisticadas, exclusivas e misteriosas, as it bags com génio português vestem-se com as mais variadas peles para fazer uma emboscada ao mercado nacional, ao qual chegaram em Setembro deste ano. Porém, antes de se tornarem caçadoras de alma e confecção, as criações de Teresa Bettencourt e Carlos Elavai – vindos da ilha Terceira, nos Açores, para assentar malas e bagagens em Lisboa – levaram um ano e meio a preparar-se. Cosendo «a veia artística de um com a veia empreendedora de outro», contam a designer e o economista, alinhavaram «o sonho e o desejo de construirmos a nossa própria empresa e, através dela, ter algum impacto no desenvolvimento da moda em Portugal». Ao País que é o seu, foram, ainda, buscar design & arquitectura concurso Roberto Cremascoli, director do Remade in Portugal, e Francisco Providência, dois dos membros do júri remade in portugal Caixa, Banco do Design Peças vencedoras do Concurso de Design integradas nas comemorações do quinto aniversário do projecto Remade in Portugal Por Ana Ferreira Fotografia Anabela Trindade Foi a vez de o Porto ser palco das peças vencedoras do Concurso de Design de Equipamento Urbano com Materiais Reciclados e/ou Recicláveis, promovido pela Caixa Geral de Depósitos. Depois de terem passado pelo Edifício-Sede da Caixa e pelo Centro Comercial Colombo, em Lisboa, os três projectos vencedores foram enquadrados na exposição Retrospectiva, comemorativa do quinto aniversário do projecto Remade in Portugal, que esteve patente na Fundação EDP, no Porto, de 5 de Novembro a 4 de Dezembro. O Concurso de Design com Materiais Reciclados foi criado pela Caixa Geral de Depósitos em 2007, com o objectivo de dar a conhecer novos talentos nacionais na área do design, potenciar a sustentabilidade e a responsabilidade social e ambiental, incentivando novas alternativas de produção de eco-design. Este ano, o desafio proposto aos alunos de Design foi a produção de uma peça de equipamento urbano nas categorias de Mobiliário de Espaços Verdes, Iluminação Pública e Sistemas de Comunicação. Roberto Cremascoli, director do Remade in Portugal e um dos elementos do júri do concurso, reconheceu que ficou «muito surpreendido com a elevada qualidade das propostas entregues. Este ano, o desafio era mais difícil em relação aos dois anteriores, pois tratava-se de criar uma peça de design de equipamento urbano, o que obrigava a ter maiores condições de durabilidade». Jovens talentos Granito foi o protótipo vencedor, da autoria de um estudante da ESAD de Matosinhos, André Campos. «A peça que ganhou o primeiro lugar, a nível de desenho, era a peça mais contemporânea, e o André conseguiu juntar a qualidade formal das linhas e a escolha do material que utilizou – a borracha de pneu reciclado – para criar um bloco, um banco de jardim», explicou Roberto Cremascoli. Mais do que ter a peça exibida e o prémio monetário, no valor de 15 mil euros, André Campos confessou que «o maior prémio foi mesmo ter conseguido fazer o banco de jardim». Bango, de Hugo Santos, e Deblio, de Pedro Teixeira, ambos estudantes da Universidade Lusíada do Porto, foram classificadas com o segundo e o terceiro lugares do concurso, respectivamente. Para Roberto Cremascoli, esta iniciativa, promovida pela Caixa Geral de Depósitos, é importante para fomentar os jovens talentos nacionais. «A Caixa Geral de Depósitos é o Banco do Design», afirmou o arquitecto. Para André Campos, outras entidades deveriam seguir o exemplo da d Caixa no Lisboa Design Show A Caixa marcou presença na segunda edição do Lisboa Design Show, realizado entre 11 e 16 de Outubro, na FIL, uma iniciativa integrada na Intercasa, este ano, em simultâneo com o Salão Imobiliário de Lisboa. O Lisboa Design Show define-se como uma montra de novidades, de criatividade, de inovação e das tendências do design, num efeito hi-low, do luxuoso ao simples e económico. Torna-se, por isso, um evento de relevo no panorama nacional, que visa promover o design enquanto elemento diferenciador na competitividade, como componente de uma nova cultura empresarial e ponto de intersecção entre a inovação, o desenvolvimento tecnológico, cultural, social e económico da sociedade. A Caixa esteve presente num espaço de 100 m2, onde foram expostas as 11 peças finalistas da edição 2010/2011 do Concurso de Design com Materiais Reciclados, cujo vencedor foi André Campos, com a peça Granito. Além disso, o espaço incluiu, ainda, uma área destinada à promoção do cartão de Design da Caixa Geral de Depósitos. A presença da Caixa neste evento vem, assim, reforçar o seu posicionamento como Banco do Design. Caixa. Por um lado, apoia o design e os jovens designers ao «divulgar o nosso nome e enriquecer o currículo»; por outro lado, ajuda os jovens que estão a acabar o curso a conhecer o mercado de trabalho e as pessoas do meio». Já Francisco Providência, que também integrou o júri, considerou que falta estabelecer uma «ponte mais directa com o tecido empresarial», para que estes jovens não vejam só as peças expostas, mas ganhem outra expressão no mundo do trabalho, até porque «os nossos alunos estão muito bem preparados». cx a rev i s ta d a ca i xa 19 a automóveis twizy Motocarro O novo Renault parece uma nave. Uma solução zero emissões que tem tudo para triunfar, sobretudo no trânsito citadino Por Luís Inácio Fotografia R. Schoehuys É uma sensação estranha. À primeira vista, o Renault Twizy parece um daqueles veículos saídos das séries de ficção científica. Um carro que veio do futuro? Podia bem ser. Só que o Twizy não veio do futuro e... não é bem um carro. Com apenas 2,33 m de comprimento – dimensão semelhante à de uma moto – e 1,91 m de largura, este Renault inaugura, sem sombra de dúvida, um novo conceito de mobilidade. Fácil de estacionar e com um raio de viragem bastante reduzido, o Twizy é totalmente eléctrico – circula sem emissões de CO2 –, transportando o condutor e um passageiro, que seguem viagem sentados um atrás do outro. Ou seja, as quatro rodas remetem para um automóvel, mas, na verdade, de um automóvel convencional o Twizy não herda muito. Nem sequer as portas, já que quer essas, em plexiglas, quer as protecções laterais são vendidas como acessório. Espécie de fusão (para utilizar um termo tão em voga) de uma moto futurista com um automóvel eléctrico, o novo Renault tem capacidade para circular cerca de 100 quilómetros com as baterias totalmente carregadas e é uma grande alternativa a ter em conta nas deslocações citadinas. Fácil de conduzir – divertido, até –, o Twizy é uma boa alternativa para quem conduz maioritariamente em circuito urbano e não precisa de muito espaço. Chega a Portugal no primeiro quadrimestre de 2012, com um preço de 6 990 euros. 20 cx a rev i s ta d a ca i xa energia Eléctrica O que custa e o que oferece o novo veículo sem emissões de CO2 da Renault. 1. Versões Ainda não está definido o leque completo da oferta, mas, à partida, sabe-se que estarão duas disponíveis – Urban e Technic. A transmissão automática e o airbag são de série em todas as versões, mas esqueça «mordomias» como o ar condicionado ou a direcção assistida. Baterias Estarão disponíveis no regime de aluguer. Ou seja, o preço desse aluguer acresce ao da viatura. Um carregamento completo das mesmas (necessário para que possa percorrer cerca de 100 quilómetros) demora 3,5 horas. Preços O Renault Twizy estará à venda a partir de 6990 euros (versão Urban 45, que pode ser conduzida a partir dos 16 anos de idade). A versão Urban fica por 7690 euros e a Technic por 8490. Atenção ao valor de aluguer das baterias – 45 euros/mês para 7500 km/ano. 2. 3. Caixarenting Sabia que pode utilizar, constantemente, um carro novo e deixar os serviços de gestão e manutenção a profissionais? Com o CaixaRenting pode escolher qualquer viatura nova – ligeiras de passageiros, mistas e comerciais – até 3500 kg de peso bruto e com lotação até nove lugares, entre 12 e 54 meses. Para tal, basta pagar, mensalmente, uma renda fixa pela utilização da viatura, sem ter de dar entrada inicial. E no fim do contrato não precisa de se preocupar em vender o automóvel. Se assim o desejar, iniciará outro contrato para uma nova viatura, entregando a anterior nas condições acordadas. Além da utilização automóvel, com o CaixaRenting tem acesso a um conjunto de serviços de gestão e de manutenção: utilização de uma viatura sem ter de pagar entrada inicial; seguro de responsabilidade civil e de danos próprios (contra todos os riscos); encargos de manutenção da viatura; serviços de apoio e reparações; serviços fiscais (selo de circulação, entre outros); serviços de assistência 24 horas por dia; gestão de sinistros e de outras ocorrências, bem como serviços de reboque de viaturas avariadas. Além disso, poderá, ainda, contratar outros serviços: substituição de pneus; viatura de substituição; viatura de pré-entrega; consultoria geral e outros. Para obter mais informações, visite o site da Caixa Geral de Depósitos, em www.cgd.pt, ligue o número 707 24 24 24 (disponível 24 horas) ou dirija-se a qualquer Agência da Caixa. c culto BULLE D’ARGENT Champanhe gelado A nova colecção Cocktail, da Christofle, recorre à forma de uma bolha de champanhe. Em época de festas, o design contemporâneo da peça promete uma mesa de sucesso. Com muita elegância. Para conhecer a Christofle e os benefícios que atribui aos titulares de cartões da Caixa, entre em www.vantagenscaixa.pt e descubra tudo o que os cartões da Caixa podem fazer por si. Vantagens na Caixa. Com certeza. yamaha thr10 Som retro Remete para outros tempos a imagem deste amplificador Yamaha dedicado a todos os guitarristas, que, para além de um som estéreo com qualidade hi-fi, se insere bem em qualquer espaço. Quando ligado, emite uma luz âmbar que ajuda a criar um ambiente cozy. Portátil, é fácil de transportar, pode funcionar a pilhas, tem ligação AUX IN mini-jack para iPod e ligação via USB. Para apreciadores de um bom som que não prescindem da estética. valentina Toque italiano Da casa de alta costura italiana Valentino, chega um perfume inspirado por Roma e pela figura da mulher, Valentina. O frasco, com três rosas, é uma verdadeira obra de arte e a fragrância, pensada pela dupla de perfumistas Olivier Cresp e Alberto Morillas, assume-se exótica e provocante. Disponível em Eau de Parfum, 50 ml. Smile Gira e volta a girar Desenhada por Marko Macura para a marca italiana BRF, esta poltrona giratória, cuja forma lembra a de um sorriso, está disponível em diversas cores. Com estrutura em metal e base em inox, pode ser revestida a tecido ou pele sintética. Os Clientes titulares de cartões CGD têm 10% de desconto na aquisição em www.loja.inexistencia.com, apresentando o código SMILE. Não acumulável com outras promoções. 1 J1 Memória fotográfica É a primeira câmara compacta da Nikon que permite a possibilidade de mudar lentes. Com uma irrepreensível qualidade de construção, a 1 J1 apresenta um sensor de 16,1 megapixels e responde muito rapidamente à pressão do obturador. Entre as suas características, destacamos um selector de fotografia inteligente que tira 20 fotografias em sucessão rápida, recomendando a melhor e guardando mais quatro para escolha do utilizador. Um luxo. Usufrua das vantagens que o cartão de crédito Caixa Gold proporciona. Além de poder aderir à função de arredondamento e poupar sempre que o utiliza em compras, este cartão tem associado um programa de pontos para obtenção de descontos nas agências de viagens da TAGUS, benefícios em vários parceiros e um completo pacote de seguros. Saiba mais em www.cgd.pt. TAEG de 27,3%, para um montante de 2500 euros, com reembolso a 12 meses, à TAN de 20,75%. cx a re v i s ta d a c a i xa 21 g gourmet Arcadas da Capela O mercador de Coimbra. story Uma história de sabor Há sonhos que se prolongam por uma noite de Verão adentro. Outros há que despontam em noites onde a Primavera entra de mansinho, como se resistisse a perpetuar-se na memória. Tornado realidade em Abril deste ano, um mês depois de, por entre um pequeno bosque de pinheiros e jardins perfumados, ter despontado o exclusivo Onyria Marinha – Edition Hotel & Thalasso, o sonho à la carte do chef Fernando Monteiro eterniza-se, porém, no paladar de fusão do novíssimo Story. Brilhando à luz das cinco estrelas deste hotel-boutique que a Quinta da Marinha acolhe, o enredo deste lugar de sabor começa a esboçar-se nas sofisticadas linhas interiores traçadas por Cristina Santos Silva e Ana Menezes Cardoso. Com a elegância dourada, ocre e branca dos tons que se acentua na vertigem dos candeeiros-cortina suspensos no tecto, o bom gosto escreve-se, finalmente, com todas as letras na reinterpretação da tradição culinária portuguesa à luz de influências vindas de outras paragens. Numa carta criativa que tanto dá a provar os típicos peixinhos da horta, como as mais mediterrânicas bruchettinhas de funghi porcini, atreva-se, ainda, a provar o caldo verde desconstruído (com broa de milho e alho), antes do pargo mulato braseado em azeite extra-virgem sobre fricassé de batata-doce, rebentos de soja e cebola roxa ou do bife do lombo com queijo de Azeitão, banhados pela farta carta de vinhos nacionais e internacionais, antes de rematar com o desconcertante Onyria moment à sobremesa. Porque há histórias que não podem ficar por degustar. ARL Os amores são como os frutos. Quanto mais proibidos, mais apetecem. E que sítio melhor para provar o gosto aos amores proibidos do que na Quinta das Lágrimas, onde a memória do malogrado romance entre Pedro e Inês se debruça das amplas janelas sobre o jardim deste palácio do século XVIII? Coroando este hotel de charme, o Arcadas da Capela – que ocupa o lugar da antiga capela – faz os produtos frescos, diariamente colhidos no mercado, reinar na carta renovada ao sabor das estações. Nos pratos em que o chef Albano Lourenço reinterpreta algum do antigo receituário da Quinta das Lágrimas, com pitadas de contemporaneidade, são ainda reabilitados ingredientes produzidos na própria quinta. Uma frescura à mesa aprimorada pelos mais de 600 vinhos nacionais e internacionais, que até já valeu a tão cobiçada estrela Michelin a esta «cozinha de mercado». Morada Rua do Clube Quinta da Marinha, Quinta da Marinha, Cascais Telefone 214 860 151 Horário Das 19h30 às 22h30 Preço Médio € 25 22 cx a rev i s ta d a ca i xa Morada Hotel Quinta das Lágrimas, Rua António Augusto Gonçalves, Coimbra Telefone 239 802 380 Horário Das 19h30 às 22h30 Preço Médio € 55 Fotos: D.R. story p prazeres papos - de - an j o de c h oco l ate a delícia de... Caídos do céu Leonor de Sousa Bastos Pecado delicado São pequenos bolos, de uma delicadeza divina, que ganham vida numa calda aromatizada com citrinos e canela e nos fazem acreditar que o céu é um lugar doce e está tão próximo de nós. Para cerca de 22 unidades Calda > 400 g de açúcar > 300 g de água > 1 pau de canela > Casca de limão e laranja Papos-de-anjo de chocolate > 7 gemas > 1 ovo > ¼ de colher de chá de fermento químico (2,5 g) > 1 colher de sopa rasa de cacau em pó (8 g) Calda Num tacho, levar ao lume a água com o açúcar e os aromatizantes e deixar ferver durante cerca de cinco minutos. Retirar do lume e deixar arrefecer completamente. Papos-de-anjo de chocolate Pré-aquecer o forno a 180ºC. Untar com manteiga cerca de 22 formas com 5 cm de diâmetro e 2 cm de altura. Bater as gemas e o ovo até triplicarem de volume e estarem brancos e firmes. Adicionar o cacau peneirado com o fermento, envolvendo, delicadamente, com uma espátula, para que a massa perca o mínimo de volume possível. Encher as formas e levar ao forno cerca de cinco minutos. Desenformar e deixar arrefecer completamente. Mergulhar os papos-de-anjo na calda e guardar refrigerados durante cerca de uma semana. Quinta da Gaivosa 2008 Um vinho elegante, para bons momentos à mesa. Este tinto, do produtor duriense Domingos Alves de Sousa, tem demonstrado sempre grande consistência de elegância e concentração nos anos em que é lançado, desde a primeira colheita, que surgiu em 1992. O de 2008 foi feito com base em uvas colhidas de vinhas velhas com idade superior a 80 anos, onde se incluem, entre outras, as castas Touriga Franca, Touriga Nacional e Sousão. Apresenta aroma intenso com notas a frutos pretos maduros, violetas e hortelã-pimenta. Na boca, é aveludado e elegante, com boa estrutura e algumas notas de tosta. O final é longo e agradável. Pode ser guardado por mais alguns anos ou apreciado agora. Mas antes de ser servido, a 18ºC, deve ser decantado cerca de uma hora antes. Aprecie-o com pratos como assados no forno, por exemplo. José Miguel Dentinho Importante: mergulhar os papos-de-anjo frios na calda fria, para que não se desfaçam. Os papos-de-anjo são uma iguaria da doçaria conventual portuguesa com um lugar especial à minha mesa de Natal. Esta versão é tão simples como a receita original e é perfeita para aqueles que não imaginam uma festa sem o guloso sabor do chocolate. Antes de ser servido, a 18ºC, deve ser decantado cerca de uma hora antes cx a re v i s ta d a c a i xa 23 e 24 cx entrevista a re v i s ta d a c a i xa fernando pinto do amaral Ler é o melhor remédio Em arranque de ano C, onde as palavras «crise» e «cultura» prometem andar de mãos dadas, o Comissário do Plano Nacional de Leitura fala da importância dos livros e da redescoberta da nossa identidade Por Pedro Guilherme Lopes Fotografia João Cupertino Num final de tarde frio, dirigimo-nos ao edifício onde está o «quartel general» do Plano Nacional de Leitura (PNL). Aqui, entre salas onde os livros são reis e senhores e um pátio onde esquecemos estar no coração de Lisboa, Fernando Pinto do Amaral, Comissário do PNL, recebe-nos com um sorriso franco, antecipando o tom de uma conversa onde, como num bom romance, as páginas se viram e, quase sem darmos por isso, damos connosco a analisar a conjuntura à luz de um projecto que deseja que os portugueses leiam cada vez mais. O epílogo, esse, segue dentro de momentos. Cx: Há dias ouviu uma conversa entre uma rapariga e um rapaz, em que ela lhe perguntava se já tinha lido um determinado livro, ao que ele respondeu «achas que eu tenho dinheiro para andar a comprar livros?». Que espaço estará destinado à leitura, neste cenário de crise? Fernando Pinto do Amaral: Julgo que, num contexto de crise, os livros podem ter um papel ainda mais relevante do que têm num contexto dito normal. Em termos económicos, os livros mantêm o IVA reduzido de 6%, ou seja, comparativamente aos preços de outros bens culturais, como bilhetes de concertos, para espectáculos e para o cinema, os livros acabam por ser muitas vezes mais baratos. Por outro lado, ao adquirirmos um livro, estamos a adquirir algo que podemos guardar, que perdura no tempo e não apenas na memória, que é o que acontece a outro tipo de espectáculos. E, algo que me parece importantíssimo, numa altura de dificuldades, os livros podem ser aquele confidente, o amigo… Cx: Uma espécie de antidepressivo? FPA: Exactamente! Até quase como uma terapia, e atenção que não estou aqui a defender os chamados livros de auto-ajuda que, regra geral, têm pouca qualidade. Estou a falar de uma boa obra literária, cx a re v i s ta d a c a i xa 25 e entrevista de um livro que nos faça pensar, que nos faça sentir, que nos mergulhe nas personagens. É uma forma de crescermos e, muitas vezes, de consolarmos os nossos sentimentos, portanto, de um ponto de vista individual, até afectivo, um livro pode ser uma resposta para a crise. E é incontornável não sublinhar outra questão, a da existência das bibliotecas. São espaços gratuitos onde cada um de nós pode entrar e ler um livro ou requisitá-lo e lê-lo em casa, ou seja, aqui não se coloca a possível falta de dinheiro como entrave à leitura. Cx: Foi esse lado quase mágico dos livros, capaz de ficcionar a realidade e, muitas vezes, de nos fazer sonhar, que o «roubaram» ao curso de medicina? FPA: (risos) Foi um bocadinho… Sabe, a medicina tem aspectos muito interessantes e existiam disciplinas que, realmente, me cativavam, como foi o caso da farmacologia, mas, no conjunto, senti que a medicina não me cativava assim tanto. Nessa altura, como o meu pai era médico, quando faleceu, senti quase que uma obrigação de continuar a estudar nessa área. Não me arrependo minimamente, até porque, desses quase quatro anos, ficaram muitos ensinamentos que, hoje, me permitem ter uma leitura do mundo e dos seres humanos que, com toda a certeza, não teria se não tivesse passado pela medicina. Acontece que, nos meus tempos livres, comecei a perceber que aquilo que eu realmente gostava de fazer era de ler, de escrever, ir ao teatro, ao cinema… era tudo relacionado com letras e artes. Até acho que não teria dado um mau médico, mas seria um médico regular sempre com tendência a fugir para outras áreas, nomeadamente para a escrita. O meu pai faleceu quando eu tinha apenas 17 anos, mas lembro-me perfeitamente que ele, mesmo nos tempos livres, ainda lia mais livros de medicina. Tinha aquela paixão que eu considero ser própria de quem é médico por vocação e eu devo confessar que essa paixão tenho-a muito mais pela escrita, pela literatura e pelas artes. Cx: Essa paixão pela escrita e pela leitura vem desde muito cedo? FPA: Vem, vem… Eu sempre gostei muito das palavras, achava muita graça, quando era miúdo, a fazer a decomposição das palavras, dividi-las em várias partes, perceber de onde vinham e como se tinham formado… Aliás, um dos primeiros presentes que me lembro de receber, tinha 8 ou 9 anos, foi uma máquina de escrever. Cx: Ainda se recorda dos primeiros textos que escreveu nessa máquina? FPA: Lembro-me que eram textos de ficção, pequenas aventuras com protagonistas inventados com base noutras figuras que já existiam, como, por exemplo, o Pinóquio ou o Astérix. Já não tenho esses textos comigo, mas provavelmente a minha mãe guardou alguns e ainda deve tê-los. Cx: E como é que aparece a poesia? FPA: A poesia apareceu mais tarde, por volta dos 14 ou 15 anos, altura em que começo a sentir vontade de escrever poemas, nomeadamente, para desabafar. Como é próprio dessas idades, eram poemas que tinham a ver com primeiros amores, com amar sem ser correspondido. às páginas tantas Escritor, poeta, professor na Faculdade de Letras, tradutor e, claro, Comissário do Plano Nacional de Leitura. Os livros são parte incontornável na vida de Fernando Pinto do Amaral, que defende que quem lê mais lê melhor 26 cx a re v i s ta d a c a i xa Cx: É também por essa altura, ou já vem de trás, o seu contacto com a literatura estrangeira, que depois aprofundou enquanto tradutor? FPA: Esse contacto ia sendo tido de acordo com a biblioteca dos meus pais. A minha mãe mais virada para a poesia, para uma maior sensibilidade e para as artes, pois ela era atriz de cinema [Maria Eugénia, sobre quem foi recentemente editado o livro A Menina da Rádio]; o meu pai mais virado para os clássicos, para o Júlio Dinis, o Eça de Queirós, o Camilo Castelo Branco, tinha muita coisa de Fernando Pessoa. No que toca à literatura estrangeira, existiam vários livros de autores franceses, mas sempre no universo dos clássicos, como Balzac, Stendhal… Com o passar do tempo, fui construindo a minha própria colecção de literatura estrangeira, obviamente, com autores mais vanguardistas. Cx: Essa predominância do francês é algo que, hoje em dia, se alterou completamente… FPA: Sem dúvida. A língua francesa está em efectivo declínio, substituída pela inglesa, que se tornou fundamental nos mais diversos mundos: no dos negócios e da economia, no mundo da informática e das novas tecnologias, no do entretenimento. Os termos utilizados são sempre em inglês, por isso, penso que o inglês deve ser considerado o latim da época contemporânea. No entanto, aproveito para dizer que, em termos de educação, os jovens deviam ter, para além do português e do inglês, a aprendizagem de uma terceira língua. Cx: A propósito de novas tecnologias, não sente que muito do tempo que, há uns anos, era ocupado a ler livros é, hoje, preenchido a navegar na Internet, a frequentar redes sociais, a aproveitar as potencialidades dos novos dispositivos? FPA: Existem estudos que demonstram que o efeito da Internet nos jovens tem de ser visto sem colocar num mesmo saco toda a Internet. Eu costumo dizer que temos de funcionar com a Internet um pouco á semelhança da forma como funcionamos com o colesterol: existe um colesterol bom e um colesterol mau. Existe, também, uma Internet boa e uma Internet má. A má é aquela que é utilizada em mais de 90 por cento do tempo de uma forma passiva, em jogos mecânicos e repetitivos, em que não se aprende e em que não se investiga. Por outro lado, existem jovens cujo tempo passado na Internet é ocupado, em 80 por cento, em investigação e ou tentativas de comunicar de uma forma que estimula a aprendizagem. Aliás, basta pensar que, hoje, podemos chegar à Internet e ler os grandes clássicos da literatura universal em versão PDF, para confirmar que o bom e o mau depende da utilização que lhe damos. Cx: Ao olhar para o seu percurso, temos, por um lado, um escritor, poeta, tradutor e crítico e, por outro, um leitor, professor e empenhadíssimo «promotor de leitura». Para além de deixar as suas escritas e as suas leituras em herança à sociedade, sente essa necessidade de deixar as de outros autores, cultivando a semente das letras junto do público em geral e dos mais pequenos em particular? FPA: Sem dúvida que eu adoro escrever. Seja poesia, sejam contos, sejam romances, sejam fados, onde até tenho alguns projectos em carteira com a Mariana Bobone e com o Pedro Caldeira Cabral. É um lado criativo que representa uma faceta da minha vida. Mas, depois, há a noção de que aquilo que faço enquanto autor é apenas uma gota de água num oceano composto pelos restantes trabalhos de outras pessoas. Penso que este projecto do Plano Nacional de Leitura é cx a re v i s ta d a c a i xa 27 e entrevista muito transversal, que abrange as bibliotecas públicas e as escolares e os professores na sala de aula, e é um projecto descentralizado. Nós aqui delineamos o trajecto a seguir, mas o verdadeiro trabalho de campo é feito pelos professores nas salas de aula, e isto é fundamental. Apenas faz sentido se existir essa autonomia dos professores e das escolas no que toca ao trabalho a desenvolver com os alunos. Os professores, muitas vezes criticados e desvalorizados, são peças fundamentais em todo este processo. O papel de um bom professor junto de um aluno pode mudar tudo. Cx: É um pouco como pegar no título do seu poema Tenta Ler outra Vez? FPA: É muito importante não desistir e continuar a tentar instalar o hábito da leitura, mas é tão ou mais importante dar aos jovens as ferramentas que lhe permitam ter acesso aos livros. É importante que eles sintam que, se quiserem ler um livro, ele está na sua biblioteca escolar, não os deixando reféns de discrepâncias económicas, sociais ou culturais, no fundo, das desigualdades que, infelizmente, continuam a fazer-se sentir em termos de ensino e aprendizagem. Cx: Foi essa consciência e esse conhecimento de causa que o motivaram a associar-se ao Plano Nacional de Leitura desde o início? FPA: Também contribuiu, sem dúvida, e á medida que o tempo tem passado, nomeadamente nos últimos três anos em que tenho desempenhado o papel de Comissário, tenho sentido que esta é uma actividade muito gratificante e que acabamos por conhecer o País de forma completamente diferente. Ao desempenhar esta função, posso falar da realidade das escolas, dos professores e da educação de uma forma totalmente diferente. Cx: Conhecedor dessa realidade, que balanço faz destes primeiros cinco anos de Plano Nacional de Leitura? FPA: Os números apontam para que, no geral, os índices de leitura andem à volta dos 50 por cento, ou seja, uma em cada duas pessoas ainda não é leitor de livros. Mas tem-se feito muito no sentido de chamar a atenção para a leitura. Hoje, os jovens têm uma percepção da leitura e da importância da leitura muito superior à que tinham e o próximo passo é conseguir diminuir a quebra que existe entre o terceiro ciclo e o ensino secundário. É este o caminho que pretendemos seguir nesta segunda fase do projecto, muito provavelmente, apostando mais na qualidade da leitura do que na quantidade da mesma, até pela situação do País. Vamos ter orçamentos menores, mas acredito que vão ser dignos e vão permitir fazer coisas interessantes, como acções de leitura e de formação de professores, projectos-piloto, clubes de leitura... Cx: Essa aposta na qualidade em detrimento da quantidade não coloca em causa a ideia de que «quem lê mais lê melhor»? FPA: Não creio que a coloque em risco, e acredito muito nessa frase, que acaba por ser o nosso lema. Esta aposta na qualidade resulta, também, da noção de que muito material, sejam computadores, sejam livros para as bibliotecas, já existe nas escolas e dá, hoje, condições totalmente diferentes aos alunos. Agora, obviamente que continuamos a acreditar que quem lê mais lê melhor, não só porque 28 cx a re v i s ta d a c a i xa quem lê mais acaba por ter um critério de selecção mais apertado, mas, principalmente, pelo incremento da capacidade de leitura. Eu costumo dar o exemplo da condução: um condutor que conduz regularmente tem, à partida, todas as condições para conduzir melhor do que uma pessoa que pega no carro uma vez por mês. E existem hábitos que devem ser adquiridos desde pequeno. Por exemplo, é muito importante que os pais se sentem com os filhos e lhes leiam uma história, de forma a criar rotinas. Cx: É para transmitir essa vontade de pegar no livro que são importantes os vários encontros em que tem participado? FPA: Os encontros das nossas equipas estão muito baseados numa rede que existe no terreno, que tem a ver com os professores bibliotecários, ou seja, nas escolas com determinada dimensão, existe uma professora ou um professor que está encarregue da biblioteca, dinamizando actividades de leitura com os alunos. Nós, quando vamos às escolas, encontramo-nos com os alunos, mas, muitas vezes, encontramo-nos com os professores para podermos trocar impressões. É fundamental não perder essa ligação às escolas, dando-lhes apoio sem limitar a sua autonomia. Cx: Também fundamentais na estratégia do Plano Nacional de Leitura são os clubes de leitura… Top 10 O Comissário do Plano Nacional de Leitura revela quais os dez livros que mais o marcaram. Lírica, de Camões Contos, de Eça de Queirós Ana Karenina, de Leo Tolstoi Poesia de Álvaro de Campos, de Fernando Pessoa A Montanha Mágica, de Thomas Mann As ondas, de Virginia Woolf Ficções, de Jorge Luis Borges 1984, de George Orwell Fanny Owen, de Agustina Bessa-Luís Para Sempre, de Vergílio Ferreira FPA: Sem dúvida, até porque se dirigem àquela faixa etária em que se nota uma quebra nos hábitos de leitura. São clubes dirigidos a jovens a partir dos 15/16 anos, sempre numa base voluntária, ou seja, eles sabem que vão falar de livros com os seus colegas e que ninguém está ali para ter melhor nota. Estão ali porque gostam de livros, de ler e de conversar uns com os outros. Acaba por ser um modelo não muito distante daquele que é apresentado no famoso filme Clube dos Poetas Mortos. E, lá está, volto a sublinhar a importância dos professores, pois estes clubes só são possíveis se existir voluntariado da parte dos professores. Tal como é incontornável a sua presença e o seu trabalho junto dos mais pequenos, para instituir hábitos de leitura. Devem ter, diariamente, pelo menos, uma hora de leitura orientada. está de alma e coração com o Plano Nacional de Leitura e com a rede de bibliotecas escolares. Felizmente, trabalhamos com uma equipa que entende que a educação é um projecto nacional, é um desígnio nacional que não tem carácter partidário. Cx: As mudanças governamentais, de alguma forma, dificultaram o seu trabalho? FPA: De forma alguma. Devo dizer que, com esta equipa do Ministério da Educação, existe uma relação excelente, quer com o professor Nuno Crato, que foi sempre uma pessoa muito aberta às questões da aprendizagem da leitura e do português, quer com o secretário de Estado, João Casanova, quer com a secretária de Estado, Isabel Leite, relativamente à qual existe a feliz coincidência da sua actividade estar bastante ligada à leitura e de sentirmos que Cx: Este é um ano em que a palavra «cultura» se associa, obrigatoriamente, a Portugal, devido à Guimarães 2012. Qual a importância de, num cenário de crise, termos os holofotes apontados a nós? FPA: Pode ser muito positivo, sobretudo, para se perceber que, em Portugal, existe uma cultura rica, variada, muito antiga, enraizada nas pessoas, ultrapassando os motivos que, ultimamente, têm feito notícia de Portugal. É muito importante perceber e fazer perceber o que é que nós somos para além destas crises conjunturais. Cx: A presença de Francisco José Viegas, como secretário de Estado da Cultura, pode ser preciosa no objetivo de abrir o Plano Nacional de Leitura à área da cultura? FPA: Penso que pode ser importante, sim, pois trata-se de uma pessoa com ligação aos livros e à leitura. Tal como será importante, nesta segunda fase do Plano, abri-lo à cultura aproveitando equipamentos já existentes, como museus, bibliotecas públicas ou cineteatros. Cx: Quase parece que voltamos ao início da entrevista, mas esse perceber o que é que nós somos pode ter como aliados perfeitos os livros… FPA: Não só a leitura, os livros, os nossos grandes autores que perduram no tempo, mas a própria língua portuguesa. Nós temos uma relação muito forte com um país que tem uma população de quase 200 milhões de pessoas, o Brasil, e que apresenta um enorme crescimento económico. Temos a ligação a África… No fundo, a nossa língua tem uma relevância no mundo muito superior à que tem na Europa, por isso, penso que seja importante percebermos que a nossa identidade tem outras valências para lá da questão europeia. Cx: Nessa perspectiva de criar laços, não o choca o novo acordo ortográfico? FPA: Isso seria uma longa conversa (risos). Como escritor, não o tenho estado a aplicar e considero que deveria ter existido uma maior ponderação sobre as consequências do acordo, que ainda me choca bastante. Mas também devo dizer que não devemos dramatizar em demasia a questão, até porque toda a nossa literatura até ao século XX funcionou sem ortografia e não foi por isso que deixaram de existir grandes escritores. Este acordo apresenta várias palavras com dupla grafia o que, em meu entender, poderá levar a uma certa desvalorização da ortografia, mas ai de nós se as pessoas pensarem que o valor literário de um texto está dependente da ortografia. Cx: E, também como escritor, que título daria a 2012? FPA: Essa é boa… Olhe, a Odisseia, de Homero, que é um clássico grego. Porque o ano 2012 promete ser uma odisseia e porque acho que, este ano, ainda vamos ouvir falar muito da Grécia... cx a re v i s ta d a c a i xa 29 h 30 história de capa cx a rev i s ta d a ca i xa Guimarães 2012 A Cultura saiu à rua Média no tamanho, mas grande na ambição, Guimarães pega no compasso da Cultura, da qual é capital europeia, para se dividir e multiplicar 2012 em tempos de encontros, criações, sentimentos e renovações, devolvendo à cidade o seu maior património: a(s) cultura(s) das gentes Por Ana Rita Lúcio cx a rev i s ta d a ca i xa 31 h história de capa J á o poeta, espreitando para lá do que a vista alcança, garantia ser do tamanho do que via e não do tamanho da sua altura. No lirismo colhido nas palavras do heterónimo de Fernando Pessoa, Alberto Caeiro, os versos escondem um tamanho que se avalia não na dimensão do corpo, mas na grandeza das aspirações de quem ousa olhar e sonhar, querer e realizar mais adiante. Porém, nem só as pessoas têm a oportunidade de provar serem maiores do que aquilo que aparentam. Lugares há, também, que se recusam a ser medidos aos palmos. Na prosa onde se escreve a história da cidade que, às primeiras horas de 2012, se vai erguer como Capital Europeia da Cultura (CEC), lado a lado com a cidade eslovena de Maribor, no Leste da Europa, mencionar o tamanho é pronunciarmonos sobre uma ambição sem medida. Extravasando as muralhas do berço regional minhoto e procurando saltar para além das próprias fronteiras da pátria portuguesa que se expandiu a partir daquelas terras, 32 cx a rev i s ta d a ca i xa Guimarães rejeita abraçar a Europa e o mundo como um pequeno ou médio aglomerado urbano de uma nação europeia periférica. Antes, prefere assumir-se como a encruzilhada onde, durante o próximo ano (e seguintes), se prevê que possam convergir as idiossincrasias, as histórias, os saberes, as artes, as tradições e o(s) futuro(s) dos povos e dos territórios do Velho Continente, tendo a narrativa cultural como eixo condutor. E porque é de olhares ambiciosos e renovadores que aqui se trata, foi na própria incubadora vimaranense, muito antes de se perspectivar no horizonte a candidatura à mais alta iniciativa cultural comunitária, que começaram a eclodir os primeiros sinais no caminho de reabilitação urbana posto em marcha com a chegada do novo século. O tiro de partida foi dado a 13 de Dezembro de 2001: 10 anos antes da programação relativa à Capital Europeia da Cultura (CEC) – Guimarães 2012 ter vindo a público (quase um mês antes de ter o seu tão aguardado início). Património em mudança Uma década se desenrolou desde que a UNESCO elevou o Centro Histórico de Guimarães a Património Mundial, dando relevo ao trabalho de preservação do seu traço medieval. E embora esses resquícios longínquos na História tenham sabido resistir ao tempo, as marcas da passagem dos anos revelam que o mais assinalável tesouro performance Os catalães La Fura dels Baus prometem pôr a sua arte em marcha na renovada Praça do Toural real A área envolvente ao Castelo de Guimarães e ao Paço dos Duques de Bragança vai ver os percursos pedonais e os espaços verdes melhorados património O Largo da Oliveira, no Centro Histórico da cidade, faz parte dos 22 hectares eleitos Património da Humanidade Print Guimarães em festa Dos responsáveis pela FCG se percebe que a cidade «está longe de querer competir com outros festivais». Apesar disso, e ao longo de um ano, não faltarão momentos em que a festa, a arte e a cultura sairão à rua, para fazer casa junto das populações. Destacamos alguns deles. Ao longo de 2012, 600 espectáculos vão animar a CEC, na qual são privilegiadas residências artísticas e a produção original feita a partir da cidade. 21 de Janeiro: La Fura dels Baus abrem as hostes; 28 de Janeiro: Ante-estreia do filme Os Marretas; 11 de Fevereiro: O Centro Cultural Vila Flor é palco para oito espectáculos de dança no festival Guidance; 9 de Março a 15 de Abril: Exposição de fotografia sobre Francisco Martins Sarmento; Fotos: Bruno Barbosa (Guimarães); Dani Cardona/Reuters (La Fura dels Baus) Abril: A Casa da Memória recebe um projecto museológico desenvolvido por Bia Lessa; da cidade – em número e importância – está guardado nas suas gentes. Não foi, aliás, por acaso, que à série de eventos realizados para a comemoração da efeméride, já nos derradeiros momentos antes do arranque da CEC, se deu o lema de «o Património somos nós». «Da mesma forma como o processo de reabilitação do Centro Histórico foi colectivo, também quisemos que a celebração envolvesse toda a cidade», justificou, no início de Dezembro, Francisca Abreu, vereadora da Cultura, da Câmara Municipal de Guimarães, envolvida na CEC desde a primeira hora. É, precisamente, o trunfo das forças dos vários actores sociais conjugadas num único esforço, que os núcleos citadino, rural e industrial – em torno dos quais Guimarães gira – têm sabido jogar a seu favor. Afirmando que não lhe basta apenas ganhar em termos de notoriedade e trazer nomes sonantes exclusivamente com o propósito de atrair muitos visitantes, a CEC tem ousado vencer em peso (e em tamanho) no contexto europeu, manifestandose, como faz questão de sublinhar João Serra, presidente da Fundação Cidade de Guimarães (FCG), a entidade responsável 1 de Julho: Das 20 produções cinematográficas encomendadas pela Guimarães 2012, estreia o filme de JeanLuc Godard ; 28 de Julho: No novo espaço Plataforma das Artes, a alemã Ute Lemper vai actuar lado a lado com a Fundação Orquestra Estúdio, sob a direcção do maestro Rui Massena; 3 de Agosto: O Fado também marca presença na CEC, com actuações de Carminho, Ricardo Ribeiro e Cuca Roseta; 21 de Dezembro: Espectáculo de «Não-encerramento». cx a rev i s ta d a ca i xa 33 h história de capa pela gestão da CEC, como «uma pequena cidade que propõe uma agenda de inovação, acreditando que o motor da economia é o conhecimento e o da política é a cidadania». Falar de política e cidadania pode parecer estranho, quando o que está em cima da mesa é um mega-acontecimento de índole cultural, mas é, justamente, esse o principal efeito de mudança imprimido pela Cidade Berço. Ao fazer recair a tónica sobre as sinergias geradas na cidade, «contributo específico de Guimarães para o projecto europeu das CEC», salienta o responsável máximo pelo órgão que tutela a FCG, está, assim, a accionar-se uma «alavanca importante para a regeneração social, urbana e económica» que tem consequências não só sobre os tecidos social, empresarial e cultural portugueses, mas sobre o pano de 34 cx a rev i s ta d a ca i xa fundo europeu. É, inclusivamente, já posta em equação a hipótese de se estar a dar continuidade a um movimento encetado nos últimos anos, que faz acender o rastilho cultural comunitário noutros territórios de dimensão semelhante à de Guimarães, invertendo a tendência de se dar palco, neste tipo de iniciativas, quase exclusivamente às grandes metrópoles. Exemplo disso mesmo é o galardão Melina Mercouri, atribuído recentemente pela Comissão Europeia a Guimarães, que assinala «o esforço organizativo» e a «estratégia de envolvimento» da cidade na implementação da CEC. Outra das novidades mais expressivas passa por dizer não à lógica do espectáculo pelo espectáculo, trazido de fora sem uma linha condutora que permita identificar uma marca distintiva na programação e no espírito da iniciativa. Privilegiando as residências artísticas e a produção original realizada em Guimarães – assim se compreende que 60 a 70 por cento da produção artística tenha cunho nacional – e defendendo os conceitos de colaboração, arte Um dos mais vibrantes pólos artísticos e culturais da cidade é o Centro Cultural Vila Flor, inaugurado em 2005, que ganha nova vida com a Capital Europeia da Cultura música Rão Kyao junta-se a Cristina Branco, Chico César e Danças Ocultas na abertura, depois da actuação dos catalães La Fura dels Baus Print capital da regeneração Mais do que ficar no passado, a CEC traz o cenário urbano para o futuro. Fotos: Bruno Barbosa (Centro Cultural Vila Flor); D.R. (Rão Kiao e marca Guimarães) A tradição e a modernidade juntam-se sob o mesmo tecto na capital que faz da requalificação urbana uma prioridade. Uma das iniciativas mais emblemáticas é a do projecto Pop up Spaces, que convidou artistas a apresentar propostas para ocupar e dinamizar espaços devolutos. Outros exemplos de reabilitação, desta feita a cargo da CEC, também não faltam, como o da Praça do Toural, onde um chafariz do século XVI se ergue sobre um piso redesenhado por Ana Jotta. A regeneração das principais artérias do Centro Histório está igualmente concluída, incluindo a Alameda de S. Dâmaso, a Rua de Santo António ou o Largo da Oliveira. No espaço onde em tempos se pôde visitar o antigo mercado municipal, revela-se uma das faces mais ambiciosas do projecto de requalificação, com a nova Plataforma das co-criação e co-curadoria, a agenda denuncia uma preocupação forte com o empreendedorismo, a renovação urbana, o design e a relação com a indústria. Deste modo, «a cultura empresta à cidade um conjunto de novos estímulos e fornece o contexto para uma economia criativa», remata João Serra. Não é de hoje que a cultura, em Guimarães, se escreve com o mesmo «c» de cidadãos. Isso mesmo já era patente, pelo menos desde 2005, com a proximidade evidente entre a pujante agenda do Centro Cultural Vila Flor (agora ainda mais forte) e as populações, sobretudo as mais urbanas. Mas a vontade expressa de devolver à região e aos seus habitantes o investimento realizado, reconhecendo «ao espaço público um papel transversal Artes, onde será construído um Centro de Arte para acolher a obra de José de Guimarães. Já o quarteirão de Couros, um dos centros da indústria de curtumes, vai transformar-se num bairro criativo, no qual coexistirão o Instituto do Design, o Centro de Formação Avançada e Pós-Graduada e o Centro de Ciência Viva, contando com a colaboração da Universidade do Minho. Quanto ao Castelo e ao Paço dos Duques de Bragança, será feita a reformulação dos percursos pedonais e a melhoria dos espaços verdes. e unificador» – «Tu fazes parte», é um dos grandes motes de Guimarães 2012. O que é sintomático de que os pressupostos que levaram a candidatura vimaranense a merecer a eleição para o evento máximo da Cultura comunitária não só continuam presentes, como estão a ser cumpridos. Até porque, reclamam as entidades envolvidas, se têm mantido os compromissos de dotar a comunidade local com novos recursos e competências, estimulando o seu envolvimento no projecto, valorizar a qualidade de vida urbana, transformando um espaço de preservação da memória num espaço de oferta de novas experiências culturais, e, numa óptica abrangente, transformar a cidade, incentivando a malha económica a virar-se para a criatividade, tornando-se «internacionalmente cx a rev i s ta d a ca i xa 35 h história de capa As culturas na capital E porque, em Guimarães, a Cultura se rege pelo compasso do relógio, o programa apresentado, a 14 de Dezembro, no edifício ASA, onde outrora operou uma antiga fábrica têxtil – e que passará a albergar um reduto multidisciplinar de criação, ensaio, apresentação artística e encontro de criadores –, decompõe os 600 eventos culturais que se avizinham em quatro ciclos que evocam quatro tempos. Tempo Para Encontrar, de 21 de Janeiro a 24 de Março, Tempo para Criar, de 25 de Março a 24 de Junho, Tempo para Sentir, de 25 de Junho a 15 de Setembro, e Tempo para Renascer, de 16 de Setembro a 21 de Dezembro, são balizas que marcam uma continuidade regulada a ritmos diferentes para, como explica Carlos Martins, director executivo da FCG, «voltar a dar às comunidades os tempos certos». A memória colectiva dos lugares e das populações é revivida através não só das tradições, mas também graças à intervenção cívica em torno da CEC. Assim o demonstram o programa Outra Voz, que faz a recolha do repertório musical tradicional das várias freguesias ou as plataformas de cidadãos unidas na discussão pública face ao que tem sido levado a cabo. Dando azo a que os ideais de colaboração, co-criação e co-curadoria se instalem na rede urbana, as associações locais, a Universidade do Minho e os criadores desta ou de outras paragens foram, também, convidados a instalarem-se na cidade para encetar parcerias criativas e impulsionar a a capella Bobby McFerrin fez parte da programação de «aquecimento» para a CEC, em Julho de 2011 cultura(s), A exposição Mãos Dadas apresentou arte feita em comunidade universidade Na Biblioteca Interactiva no Campus de Azurém, da Universidade do Minho, desenvolvem-se diversas iniciativas 36 cx a rev i s ta d a ca i xa valorização do território e do património comuns através da cultura. A programação de proximidade é mesmo a grande estrela do firmamento da Capital da Cultura, onde se vedou a entrada a actuações que não se coadunassem com o espírito global do evento. Traz-se, assim, a cena o cruzamento das identidades regionais, nacionais e europeias, num ciclo pensado «para a cidade real», diz Carlos Martins. Os primeiros a fazer de Guimarães palco serão os catalães La Fura dels Baus, a 21 de Janeiro, inaugurando a cerimónia de abertura com uma performance de rua seguida de um concerto onde se revezarão Cristina Branco, Chico César, Rão Kyao e os Danças Ocultas. Em Janeiro, no cenário minhoto, ecoarão, ainda, Buraka Som Sistema, Legendary Tigerman e Rita Redshoes, além do tom imperdível da novíssima Fundação Orquestra Estúdio. Mostras fotográficas e de arte e arquitectura, ciclos de cinema, dança, laboratórios artísticos, exposições, espectáculos de rua e intervenções urbanísticas completam ainda o rol de uma Capital que se quer prolongar no tempo, fazendo do passado e do presente uma chave combinada para o futuro. Talvez por isso se despeça, a 21 de Dezembro de 2012, com um espectáculo de «não-encerramento». Afinal, Guimarães é do tamanho do que vê, encontra, cria e renova, e não do tamanho da sua altura. Fotos: D.R. competitiva e geradora de emprego». Guimarães parece, assim, preparar-se para entrar em 2012, não esquecendo o passado, mas fazendo da preparação do futuro uma prioridade no tempo mais imediato. o observatório Serra joão Presidente da Fundação Cidade de Guimarães A programação de Guimarães 2012, Capital Europeia da Cultura, tem em vista qualificar a cidade no médio e longo prazo Em primeiro lugar, cumpre o alinhamento com os desígnios da política cultural da cidade: cuida da memória singular e do património, qualifica a cidade e a região, valoriza as pessoas e as suas organizações. Concebe a cidade como um ponto de encontro, atribuindo ao espaço público um papel transversal e unificador. Percebe a cultura como motor de regeneração urbana. Compatibiliza a história com a contemporaneidade, adoptando uma leitura do território como um processo de construção, destruição, reconstrução, em que as marcas do tempo são entendidas como suportes de uma inteligência colectiva e de um desejo de futuro. Declina o princípio do face to face, confrontando visões e pontos de partida, espaços e tempos, imaginários e gerações, interior e exterior, que tanto pode ser detectado no eixo profissional ou amador, como no global ou local, como no contemporâneo e histórico ou no criativo e educativo. Pretende-se inclusiva, em relação à comunidade concreta que abarca e em relação aos actores locais, sem deixar de ser aberta à colaboração e à nova criação, e garantindo a relevância internacional. O programa dá expressão aos projectos que a candidatura destacava: o reforço dos festivais da cidade, a valorização dos contributos de Guimarães – os seus pensadores, artistas, empreendedores – para a Europa e para o Mundo; o reconhecimento do lugar da cultura popular sem perda do destaque a conferir à cultura urbana; o recurso a modalidades de colaboração criativa entre Guimarães e outras cidades portuguesas e europeias, nomeadamente Maribor. Trata-se de um programa de cidade e da cidade. Não é um programa desta ou daquela instituição, desta ou daquela geração, desta ou daquela visão particular. É um programa das pessoas e para as pessoas, dos lugares e para os lugares, das competências e para as competências de que se faz uma cidade. Não é um programa de compromisso com os grandes públicos, é um programa de compromisso com a cidade. Guimarães será, depois deste programa, uma das cidades mais bem preparadas para compreender os desafios futuros na área da cultura e para actuar sobre eles. Durante um ano, fará a experiência de construir uma orquestra internacional. No final de 2012, terá três novos cursos de nível superior: Design, Artes Performativas e Artes Visuais. Disporá de uma Plataforma das Artes com um acervo de referência internacional e módulos atractivos para artistas emergentes. Terá mudado qualitativamente as estruturas de produção teatral e do audiovisual. Quantas cidades portuguesas disporão, em 2013, de uma estrutura de produção audiovisual com a experiência de produção de várias dezenas de filmes? Guimarães terá acumulado, ao longo de um ano, uma das mais ricas experiências de curadoria artística internacional. Terá reforçado, a um plano sem paralelo, o serviço educativo da área das artes e da cultura e aumentado, substancialmente, o património editorial com referência a Guimarães. É por isso que comparar este projecto de Guimarães 2012 com qualquer outro não é muito pertinente. Guimarães 2012 não se limitou a aproveitar uma oportunidade para aumentar a notoriedade de Guimarães ou a qualificar a oferta cultural existente, mas combina o reforço do património comum com um impulso regenerador. Dá-se, assim, corpo a uma nova agenda para as Capitais Europeias da Cultura. O empreendedorismo, o design e a economia criativa são novas agendas. A regeneração – urbana, económica e social – é uma nova agenda. A acção programática pelo lado das estruturas de produção artística é uma nova agenda, assim como a vinculação entre o ensino superior e as artes e o design. A adopção de uma programação orientada pela leitura do local e não determinada pela intermediação é uma nova agenda. A prioridade à residência, à criação em contexto, ao serviço educativo é uma nova agenda, que é a que melhor se adequa ao papel das cidades, sobretudo das de pequeno e médio porte, na Europa destes tempos sombrios e esquinados. Guimarães 2012, com a sua nova agenda, representa um contributo singular e de sentido estratégico para a Europa de que somos parte. cx a re v i s ta d a c a i xa 37 v grande viagem Ta m i l N a d u As cores da fé Em Tamil Nadu, no Sul da Índia, aos nossos olhos desfilam deuses de múltiplas formas, templos imponentes, mercados de especiarias, tecidos brilhantes, sorrisos verdadeiros. Aqui tudo continua num estado natural, à espera de ser descoberto É Por Patrícia Maia madrugada quando aterramos em Chennai (ou Madras, como era conhecida até há pouco), a capital de Tamil Nadu, região que durante mais de um milénio, do século III a. C até ao século XIII, foi o reino da dinastia Chola, cujos monarcas mandaram erguer alguns dos mais imponentes templos e monumentos do país. Apesar da hora, o ar continua escaldante e abafado. No aeroporto esperam-nos colares de jasmim, que nos penduram ao pescoço, perfumando o ambiente à nossa volta. O nosso motorista, o sorridente Saru, está sentado ao volante. «Namaste!», diz, em sinal de cumprimento. A carrinha arranca e começa a aventura. O trânsito da Índia é uma experiência transcendental para o comum dos ocidentais. E, muitas vezes, um verdadeiro milagre. Além de a condução ser feita pelo lado esquerdo, de acordo com a herança britânica, a única regra que parece imperar é a buzina. Na traseira da maior parte dos veículos, lê-se em letras gordas: «Please horn» («por favor apite»). E, obedientes, os condutores cumprem escrupulosamente o pedido, apitando freneticamente e a toda a hora. Mas, surpreendentemente, esta «ordem» parece funcionar: ao contrário do que acontece entre nós, na Índia, é raro ver-se condutores encolerizados e, ao longo de vários dias de viagem, também não testemunhámos acidentes. O mais próximo a que assistimos foi ao leve choque de duas motas, num cruzamento. Resolvido de forma célere e civilizada: os dois condutores olharam um para o outro, corrigiram a posição e seguiram o seu caminho. Este episódio revela-se, aliás, um retrato perfeito da Índia de hoje: um caos organizado, onde a prioridade é seguir em frente. A maior praia urbana do mundo Situada na baía de Bengala, Chennai é uma típica cidade portuária, mas com as nuances próprias da sua geografia e história. Aqui, há uma forte comunidade católica que convive pacificamente com os hindus. No Bairro Mylapore, habitado pelos portugueses no século XVI, fica a Catedral de São Tomás, onde indianas de saris prestam, diariamente, devoção aos seus santos católicos. Segundo a lenda, esta é uma das três basílicas do mundo que contém um túmulo com apóstolos de Jesus Cristo, neste caso, São Tomás, responsável pela introdução do cristianismo na Índia no longínquo ano de 52. Mylapore tem, ainda, fama de ser um dos bairros de Chennai mais activos a nível cultural, sendo palco de encontros regulares de música carnática (música tradicional do Sul da Índia). Ao lado de Mylapore, é obrigatório visitar o Bairro Thyagaraya Nagar, famoso pelo intenso comércio de joalharias, lojas de saris, vendedores de flores e comércio popular. Um pouco à frente da basílica começa aquela que é considerada uma das maiores praias urbanas do mundo e que se estende até ao famoso Forte St. George. São 13 quilómetros 38 cx a rev i s ta d a ca i xa cx a rev i s ta d a ca i xa 2 0 1 1 39 v grande viagem de areia pulsantes de animação, com carrosséis, cartomantes, barraquinhas de comida, pescadores, namorados. Apesar dos esforços do governo e das associações ambientais, o mar da praia da Marina continua poluído e o banho está interdito. Mas, graças a esta praia, os dias em Chennai acabam sempre em festa. Para testemunhar o legado artístico dos chola, bastará visitar a galeria nacional de Chennai, que alberga cerca de 1500 estátuas de bronze daquela dinastia. Entre elas, Nataraja, a espectacular dança cósmica de Shiva, ocupa um lugar de destaque. Shiva é um dos deuses da trindade hindu – ao lado de Brahma e Vishnu – e um dos mais populares em toda a Índia, embora, nos últimos anos, Ganesh, o filho primogénito de Shiva, tenha vindo a roubar o protagonismo do pai, por prometer sucesso e prosperidade aos seus seguidores. Por todo o país – nas lojas, nos carros, nas portas das casas –, surgem pequenas figuras de Ganesh, com o seu corpo humano e cabeça de elefante. Deixamos Chennai e seguimos para Kanchipuram, também conhecida como a «cidade da seda», uma pequena vila que, em tempos, foi sede da dinastia chola e que hoje é considerada uma das sete cidades sagradas da Índia. Pessoas de toda a Índia, sobretudo noivas, deslocam-se, propositadamente, a Kanchipuram para comprar os requintados tecidos elaborados à mão, com seda e ouro da mais alta qualidade. Os saris, alguns com nove metros de comprimento, e os lenços são uma tentação irresistível. 40 cx a rev i s ta d a ca i xa Praia, templos e peixe grelhado Na estrada para Mamallapuram, há palmeiras, longos arrozais e pequenas casas de telhado de colmo. São 60 quilómetros que passam depressa e de forma agradável. Mas tudo melhora ainda mais quando chegamos a Mamallapuram. É refrescante sentir o cheiro e a brisa do mar. Aqui, a grande atracção de Mamallapuram são as enormes esculturas gravadas em monolíticos de granito rosa, esculpidas no século VII, durante a dinastia Pallava. O Arrependimento de Arjuna (personagem mítica hindu) é das mais impressionantes. São 30 metros de comprimento e 19 metros de altura de rocha esculpida em baixo-relevo, com centenas de figuras de deuses, criaturas celestiais, pássaros e outros animais. Entre os monolíticos de Mamallapuram destacam-se, também, as Panch Rathas, cinco blocos gigantescos de rocha esculpidos na forma de carruagens, que prestam homenagem aos heróis do épico hindu Mahabharata. No centro das Rathas, duas esculturas de elefantes em tamanho real espantam os visitantes. De volta à estrada, afastamo-nos da costa de Bengala para dar início a um percurso pelos maiores templos hindus do país. A nossa «peregrinação» começa pelo Sri Ranganathaswami, na cidade de Tiruchirappalli (ou Trichy, como é conhecida entre os locais). Dedicado a Ranganatha, o deus Vishnu, na sua forma reclinada e com uma área de 631 mil metros quadrados, este é um dos maiores templos hindus do mundo em funcionamento. À porta deste e de outros templos do sul há elefantes 1 cores A pedra do Templo Brihadeeswarar contrasta com as cores das vestes das mulheres 2 e mais cores A impressionante fachada do Sri Meenakshi 3 simpatia Os sorrisos acompanham-nos ao longo de toda a viagem 4 pedra Em Mahabalipuram, a pedra domina a paisagem 5 protagonista Ganesh, metade homem, metade elefante, é uma divindade incontornável cuidadosamente pintados e enfeitados com colares e pulseiras de metal. Em troca de algumas moedas, podemos receber a bênção do animal sagrado. Mas esta exótica tradição, que atrai hindus e deslumbra turistas, pode ter os seus dias contados: o elefante foi declarado património nacional pelo governo indiano, como forma de o proteger. Nomeadamente deste tipo de práticas. Ainda em Trichy, seguimos para o Templo do Forte, situado a 83 metros de altura, no topo de uma rocha considerada uma das mais antigas do mundo, com cerca de 3,8 mil milhões de anos. A subida é exigente, mas o esforço é compensado pela magnífica vista sobre a cidade, o rio Kaveri e o templo Sri Ranganathaswami. Fora dos templos, Trichy é uma cidade poeirenta e ruidosa, com pessoas, vacas e cabras a caminhar entre o lixo que se espalha pelas bermas das ruas. cx a rev i s ta d a ca i xa 41 v grande viagem 1 saris Imagem de marca do país, chegam a atingir nove metros de comprimento 2 tuk-tuk Andar de táxi pode ser uma verdadeira aventura 3 rituais Diariamente, os templos são invadidos por habitantes em orações e oferendas aos deuses O lixo é, de resto, uma «praga» que atinge a maior parte das cidades indianas, com maior ou menor intensidade. O nosso guia garante que o governo está a fazer esforços para lidar com o problema. Mas, por enquanto, resta aos turistas «fechar os olhos» e não deixar que estas visões ofusquem o brilho da sua viagem. Mais 60 quilómetros de estrada e chegamos a Tanjore, para a visita ao templo Brihadeeswarar, um dos maiores de granito em todo o mundo. Construído no século XI, na sequência de um sonho do grande monarca Chola Raja Raja I, este templo assume a magnificência da poderosa dinastia. Lá dentro, um gigantesco touro, Nandhi, protege a estátua de Shiva, irradiando o carácter divino da religião hindu. A torre central do templo, com 66 metros de altura, foi construída de maneira a nunca projectar a sua sombra no chão. Bênçãos, preces de amor e de dedicação São mais de 150 quilómetros até Madurai. Numa breve 42 cx a rev i s ta d a ca i xa paragem para descansar as pernas, temos oportunidade de conhecer os vendedores de estrada, que, até aí, só tínhamos avistado da janela do autocarro. Vendem-se cajus assados, ao momento, no carvão (uma iguaria capaz de impressionar qualquer gourmet), pequenos pepinos crus, deliciosas bananas. Saru aproveita a pausa para visitar o pequeno templo de estrada e receber a oração do dia. Fundada no século IV a. C., Madurai é uma das cidades mais antigas da Índia. No coração da cidade, o templo Meenakshi Amman, restaurado em 2009, é uma autêntica explosão de cores e movimento. Meenakshi tem 14 torres templárias (as chamadas «Gopurams») gigantescas, com cerca de 50 metros de altura. Os corredores do templo convergem para o enorme tanque de água que atrai os visitantes. Há dezenas de pessoas sentadas à beira deste lago artificial, a meditar ou a conversar. Aqui, não se ouvem penitências nem confissões, mas sim bênçãos, preces de amor e de dedicação. Lá fora, a cidade desdobra-se em torno de Meenakshi Amman. Na zona comercial de Madurai, há inúmeras lojas e centros comerciais, com produtos tipicamente indianos, como os famosos tapetes e lenços de caxemira. A rua North Chitrai, uma das mais movimentadas, alberga o Cottage Arts Imporium, um dos maiores armazéns de artesanato da cidade. O terraço desta loja oferece uma ampla vista, de onde se vê Meenakshi e as suas torres. O passeio por Madurai termina com a visita ao palácio do rei Thirumalai Nayak, desenhado no século XVII por um arquitecto italiano, numa fusão de estilos europeu, islâmico e hindu. Embora esteja um pouco votado ao abandono, ao passear entre os longos corredores, sustentados por colunas monumentais, conseguimos imaginar o esplendor que terá tido nos seus tempos áureos. Todos os dias, ao fim da tarde, é possível assistir a um espectáculo de luz e som [em inglês e na língua tamil] que explora as virtudes do rei Thirumalai. Disputada ao longo dos séculos por inúmeros impérios, a Índia de hoje continua a ser um mosaico de muitas cores. São quase 1200 milhões de habitantes. Vinte e nove línguas oficiais. Dezenas de religiões e seitas. Pobreza e luxo. Progresso e ruralidade. Nos dias de hoje, a Índia vai imprimindo um futuro que, apesar dos desafios, se prevê auspicioso, com uma das economias mais fervilhantes do mundo e um crescimento exponencial na área das novas tecnologias. É esta fusão, onde o progresso mais sofisticado e a pobreza ostensiva andam lado a lado, que faz da Índia um destino tão singular. Numa só viagem será impossível assimilar toda a história e todo o presente deste país que se reinventa a cada momento. Fica a inevitável sensação de que muito ficou por descobrir. E a certeza de que um dia teremos de lá voltar. Guia de Viagem Como ir Não há voos directos de Lisboa para Nova Deli. A Lufthansa, com escala em Frankfurt ou em Munique, e a British Airways, com escala em Londres, Heathrow, têm os voos mais baratos para Nova Deli e Mumbai. Internamente, pode-se usar os voos das companhias Indian Airlines e Jet Airways. Para entrar no país, é necessário passaporte com validade de seis meses e visto de turista, que deve ser obtido na Embaixada da Índia (Rua Pero da Covilhã, Restelo, Lisboa; tel. 213041090). Custa 50 euros e é aconselhável ser pedido atempadamente. A prorrogação da duração do visto pode ser feita no país, junto do Ministério da Administração Interna local (Ministry of Home Affairs). Língua Há 22 línguas nacionais reconhecidas pela Constituição da Índia e o hindu é a língua oficial da União. Além destes, existem muitos outros dialectos que são praticados em várias regiões do país. O inglês é a segunda língua oficial. Moeda Rupia indiana, que se divide em 100 paisa. Um euro equivale a cerca de 66 rupias. Os cartões de crédito são geralmente aceites nas lojas e nos bons hotéis. Leve euros em notas pequenas. chuvas): uma de Junho a Setembro, que atinge o sudoeste e o norte do país, e outra de Novembro a Dezembro, que afecta a costa este, incluindo Tamil Nadu. Abril e Maio são os meses mais quentes em toda a Índia, com temperaturas de 40ºC. De uma forma geral, o período de Inverno, entre Novembro e Março, é o mais aconselhado para realizar esta viagem, já que o intenso calor do Verão torna os passeios turísticos mais fatigantes. Saúde Embora algumas agências de viagem aconselhem a profilaxia da malária, não há vacinas nem outras medidas de saúde obrigatórias. Visitar templos Para entrar nos templos, é obrigatório tirar os sapatos (quem não quiser entrar descalço, pode levar as suas próprias meias). Para tirar fotos dentro dos templos, é necessário pagar uma taxa, que varia entre 20 e 100 rupias. Comer Os indianos garantem que há enormes diferenças gastronómicas em cada região do país, mas, para o paladar português, os pratos parecem ter paletes de sabores Clima Varia bastante entre o norte e o sul. A norte é mais temperado e a sul é mais quente. Nas zonas montanhosas, como os Himalaias, o Inverno traduz-se em temperaturas muito negativas. No norte, as temperaturas baixam depois da monção e o clima fica mais agradável, enquanto o sul tem um clima subtropical todo o ano. A Índia tem duas monções (época de muito semelhantes, sobretudo, devido à combinação de várias especiarias e ervas, as chamadas massalas. Ainda assim, há alguns pratos visivelmente distintos entre o norte e o sul. Em Tamil Nadu, são populares as receitas vegetarianas, como os sambar (guisados) e os chutney (molhos de acompanhamento). Uma típica refeição tamil terá cerca de cinco chutneys, acompanhados de arroz, crepes ou naan e servidos em cima de uma folha de bananeira. Destaque para as idli, pequenos bolos de arroz achatados cozidos a vapor. E os dosa, finos crepes de farinha de arroz que tanto podem ser servidos com chutneys como simplesmente barrados com ghee (manteiga indiana purificada). A sobremesa mais famosa são as gulab: pequenas bolas demasiado doces para serem comidas sozinhas, mas excelentes se forem acompanhadas com gelado. No norte abundam os pratos de carnes, como cordeiro, borrego ou frango, muitas vezes marinados em tandoori (mistura de iogurte com gengibre, coentros, cominhos, cardomomo, paprica, açafrão e outras especiarias). E também as lentilhas douradas e pretas. Um dos pratos famosos é o dal makhani, uma espécie de chili de lentilhas pretas. O jalebi é um doce muito popular, que se vende a cada esquina, semelhante a pequenas farturas alaranjadas. Atenção: Não beber água da torneira e evitar, por precaução, a comida de rua (em especial, legumes crus, fruta previamente descascada, mariscos, ostras e molhos). Dormir Anote esta dica: a GRT Grand é uma rede de hotéis do sul da Índia que oferece estadas confortáveis a preços convidativos. A maior parte dos hotéis tem rede Wireless e restaurantes de comida indiana e internacional. www.grthotels.com/ tamil nadu (Índia) Onde o progresso mais sofisticado e a pobreza ostensiva andam lado a lado, fazendo da Índia um destino tão singular. Onde há templos, sorrisos, praias e tanto mais, impossível de descobrir numa só viagem Cartão Leisure A Caixa, em parceria com a Agência de Viagens Go4Travel, criou o cartão de crédito Caixa Leisure, especialmente vocacionado para quem gosta muito de viajar. Este cartão permite-lhe aceder a benefícios e vantagens exclusivas nesta rede de agências. Saiba todas as condições em www.cgd.pt. (1) TAEG de 23,7%, para um montante de 1500 euros, com reembolso a 12 meses, à TAN de 20,75%. Informação na Net para tirar notas antes de partir. Sites que não deve deixar de consultar: www.tamilnadutourism.org; www.tn.gov.in; www.mapsofindia.com/maps/tamilnadu. cx a rev i s ta d a ca i xa 43 r roteiro aldeias de xisto Pedra sobre pedra Gostaria de sentir-se num conto de fadas e duendes? De provar algumas das melhores iguarias nacionais? Então siga com atenção as nossas sugestões Por Pedro Guilherme Lopes Ilustração Marta Monteiro/www.re-searcher.com lousã Será a forma mais fácil de iniciar este roteiro. Dirija-se a Coimbra e, daqui, para a Lousã. Faça do Quintal de Além do Ribeiro a sua base e não deixe de se sentar à mesa do restaurante O Burgo. 1 2 cerdeira Caminhando por um bosque onde podiam viver hobbits, encontramos uma ponte de madeira, que dá acesso à aldeia. Aqui, um atelier de artesanato e uma produção de ervas (Planta de Xisto) são cartão-de-visita obrigatório. 3 talasnal Há gatos que nos espreitam pelas ruas estreitas e desalinhadas e, quando está nevoeiro, parece que encontrámos uma aldeia assente nas nuvens. A sensação repete-se ao provarmos os doces Talasnicos, os licores caseiros ou o cabrito assado da Ti Lena. 4 benfeita Envolva-se na vegetação luxuriante da Mata da Margaraça e surpreenda-se com a queda de água (gelada, diga-se) da Fraga da Pena. 5 piódão Não pertence ao conjunto das Aldeias de Xisto, antes ao das Aldeias Históricas de Portugal, mas seria impossível não falar nela. Localizada na serra do Açor de forma quase vertiginosa, fica envolta num manto branco durante o Inverno. 6 sobral de são miguel No «coração do xisto», encontramos vários moinhos ainda activos, um delicioso queijo corno e uns habitantes locais prontos a contarem «estórias». 7 fajão Dá-nos vontade de ficar nesta aldeia, onde o tempo parece ter parado e onde a beleza do xisto se revela na plenitude. Visite o Museu Monsenhor Nunes Pereira e marque mesa no Juiz de Fajão, um restaurante com um bacalhau e umas tigeladas que ficam na memória. Se esperar pelo tempo mais quente, aproveite a piscina no cimo da aldeia. 8 janeiro de cima Parece que só vive aqui uma dúzia de pessoas, mas depressa descobrimos muito para fazer: andar de barco no rio Zêzere, visitar a Casa das Tecedeiras, jantar no Fiado, descobrir o Bar Passadiço e dormir na Casa da Pedra Rolada ou na Casa de Janeiro. 9 figueira Ideal para experienciar a vida de aldeia. Pode acordar com o cacarejar das galinhas, dar os bons-dias às cabras e nem faltam carroças com feno. O melhor? O forno comunitário, onde ainda se faz o pão. 44 cx a re v i s ta d a c a i xa cx a re v i s ta d a c a i xa 45 f fugas hotel da estrela Espírito old school Eleito um dos melhores novos hotéis de 2011 pela conceituada Condé Nast Traveler, mistura memórias de sala de aula com quartos estilizados e um restaurante onde somos nós a dar a nota final. Sente-se. A aula vai começar Por Pedro Guilherme Lopes Fotografia Filipe Pombo N um dos bairros mais elegantes da capital, esconde-se um hotel-escola cheio de charme, que nos convida a recuperar memórias de quando aprendíamos a ler ou de quando ficávamos de castigo por falar em demasia. Chama-se Hotel da Estrela e, como não podia deixar de ser, aconteceu-lhe o que acontece aos locais que se destacam: anda nas bocas do mundo, com a conceituada revista Condé Nast Traveler a considerá-lo um dos melhores novos hotéis de 2011 e dezenas de outras publicações (e sites) a falarem deste membro dos Small Luxury Hotels of the World. Mas, então, o que é que distingue este Hotel da Estrela? A luz natural, que entra pelas enormes janelas, e o pé direito muito alto são legados de um espaço que outrora foi o Palácio dos Condes Paraty e, mais tarde, acolheu a Escola Industrial Machado de Castro. Hoje, o Hotel da Estrela é um hotel de aplicação (ou hotel-escola, se assim preferir), onde parte do staff são alunos da vizinha do lado, a Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa, ansiosos por aprenderem a bem receber com os profissionais residentes. Não admira, por isso, que as boas- 46 cx a rev i s ta d a ca i xa -vindas nos sejam dadas a traço de giz, com letra cuidada de quem não esteve distraído durante os ensinamentos no caderno de duas linhas. Curioso é o facto de essas mesmas boas-vindas poderem estar escritas no chão, todo ele de ardósia, prendendo-nos o olhar, que se levanta em direcção a duas pesadas secretárias herdadas das aulas de Química. Atrás delas, mais ardósia, também ela escrita a giz, com mensagens de quem por ali passou ou com um curioso boletim meteorológico desenhado diariamente. A Cantina da Estrela Atrás do hall, onde a recepção é feita com um sorriso e os nomes apontados num livro de ponto, esconde-se a biblioteca, que, dentro em breve, ganhará o nome Fernando Pessoa. «O museu do bairro é a Casa Fernando Pessoa, por isso, e sendo nós um hotel muito virado para o que o bairro oferece, faz todo o sentido adoptar esse nome», explica Isabel Albuquerque, directora do Hotel da Estrela, que, desde Outubro do ano passado, voltou a colocar Campo de Ourique nas bocas do mundo. Vista a biblioteca, onde fica, desde logo, clara a linha de decoração eleita por Miguel Câncio Martins (que conta no seu currículo cx a rev i s ta d a ca i xa 47 f fugas a cantina, um restaurante onde os alunos aprendem e onde os clientes escolhem o que querem pagar jardim Nas traseiras e aberto ao público em geral biblioteca Vai ganhar o nome de Fernando Pessoa e é um espaço de contrastes quarto Sobre uma alcatifa desenhada em exclusivo, o conforto é palavra de ordem com a decoração do Bhuda Bar de Paris, por exemplo), cruzando memórias de bibes, mobiliário de madeira, mapas de parede ou máquinas de escrever com as formas contemporâneas de mobiliário de design, partimos pelos corredores. Novas memórias, desta feita de esperas à porta da sala pela chegada do professor, de um estranho jogo chamado fileiras, que nos deixava o pescoço a ferver, ou de uma troca de olhares com a miúda mais gira da escola, que ia ter aulas na sala da frente. Perdidos nas memórias, quando damos por nós estamos cá fora, nas traseiras, de olhos postos num convidativo 48 cx a rev i s ta d a ca i xa jardim, que confirma o trabalho de quatro estrelas, tantas quantas as do hotel, da arquitecta Teresa Nunes da Ponte. O jardim dá entrada directa para a Cantina da Estrela, o restaurante do hotel, aberto ao público em geral e onde o cliente avalia o que come e o serviço que lhe foi prestado. Assim, numa inspirada ementa de sabores mediterrânicos (ai se as cantinas da escola nos tivessem servido refeições destas…), onde as sobremesas são apenas para os meninos que comeram a papa toda, existe um intervalo de preços para cada prato e para o próprio serviço, cabendo a cada cliente escolher o que quer pagar consoante o seu grau de satisfação (e dentro de um mínimo estabelecido). E, sendo este um hotel de aplicação, o cliente pode, ainda, deixar a sua opinião sobre o que comeu. «As pessoas sentem-se professores e fazem comentários e acabam por entrar neste espírito de formação», explica Isabel Albuquerque. «Para o próprio aluno é bom, porque o cliente sabe que também existem alunos entre o staff.». Da Cantina para o quarto, até porque, diz-se, uma sesta aumenta a concentração. No Hotel da Estrela, encontramos 13 Guia de Viagem Como ir É fácil chegar a Lisboa, é relativamente fácil chegar a Campo de Ourique, já não é assim tão simples chegar ao número 35 da Rua Saraiva de Carvalho, até porque são várias as ruas de sentido único neste que é um dos mais emblemáticos bairros da capital. Os moradores terão todo o gosto em ajudá-lo em caso de dúvida; um GPS ou uma visita ao site (www.hoteldaestrela.com) serão aliados preciosos. Em redor Bairro mais bairro não há É o que diz quem vive em Campo de Ourique, bairro localizado entre a Estrela, as Amoreiras e os Prazeres. Estando no Hotel da Estrela, é obrigatório sair e sentir o pulsar destas ruas, onde as pessoas se conhecem e onde o comércio local ainda dita as regras, misturando lojas tradicionais com outras onde os gostos contemporâneos são figura de montra. Dormir como os reis Duas das suítes do Hotel da Estrela estão equipadas com camas Hästens, nada mais nada menos que uma das mais conceituadas marcas mundiais. Feitas à mão, na Suécia, orgulham-se de utilizar materiais naturais, como crina de cavalo, lã e pinheiro das florestas do Norte, que lhes conferem uma robustez extra. Confortáveis como poucas, preocupam-se, ainda, com a saúde de quem lá dorme, sendo hipoalergénicas. Com tantos pontos a seu favor, não admira que tenham sido oficialmente escolhidas para embalar os sonhos da família real sueca. quartos e seis suítes com convidativas camas XL e cabeceiras verde-lima, decorados com uma exclusiva alcatifa da autoria de Miguel Câncio Martins e da sua filha, ainda criança, que nos permite andar sobre equações matemáticas. Do chão para as paredes, os olhos são surpreendidos por antigos tampos de secretária, agora transformados em telas, onde se mantiveram intactas juras de amor e tantos outros desabafos que confirmam que, num dos bairros mais nobres da cidade de Lisboa, com vista para o Tejo, o espírito old school se preserva em ambiente contemporâneo. Para gulosos Já ouviu falar do Melhor Bolo de Chocolate do Mundo? Assim foi baptizado esta verdadeira «bomba», servida no número 99 da Rua Coelho da Rocha. Ainda para os fãs de chocolate (e o Natal é tempo dele), existe um local obrigatório: a loja da histórica marca Arcádia, junto ao Jardim da Parada. Mas porque nem só de chocolate vivem os gulosos, aproveite a estada para conhecer a «velhinha» Lomar (Rua Tomás de Anunciação, 72), uma pastelaria que se orgulha de continuar a servir bolos e bolinhos artesanais e que serve de ponto de encontro para muitos dos mais antigos moradores do bairro. Obrigatório Desça a rua que conduz à Estrela e contemple a imponente beleza da Basílica. Depois, renda-se aos encantos naturais de um dos mais belos jardins da capital. cx a rev i s ta d a ca i xa 49 s saúde depressão sazonal Sob o sol de Inverno Crê-se que a menor intensidade luminosa está associada à depressão sazonal, a qual pode ser Estima-se que a depressão de Inverno afecte cerca de dez por cento da população europeia, atingindo, sobretudo, pessoas que vivem em regiões onde o Inverno é mais rigoroso. Nas pessoas afectadas pela depressão, este período pode ser particularmente delicado. Na verdade, explica Lurdes Santos, coordenadora da Unidade de Psiquiatria e Psicologia, do Hospital dos Lusíadas, «em algumas pessoas que sofrem de depressão, podemos ver doentes que nos referem que pioram no Outono/Inverno e melhoram na Primavera». Os factores ambientais, como os dias mais sombrios, mais curtos e menos luminosos, têm sido apontados como responsáveis para uma maior ocorrência deste distúrbio sazonal, mas não são os únicos. «Verifica-se uma perturbação genética que cria uma maior vulnerabilidade para as perturbações afectivas», nota Lurdes Santos. «Hoje, os médicos estão não só mais bem informados como dispõem de melhores fármacos para poder reduzir o risco de recaída», afirma a especialista. E nos doentes com história de depressão ou com patologias psíquicas associadas a abordagem mais adequada passa por «um bom e correcto acompanhamento médico e psicoterapêutico, bem como pela redução dos factores de desestabilização», sublinha. Importa clarificar que a depressão é uma doença do foro psiquiátrico, a qual distorce a visão que a pessoa tem do mundo e de si própria. A depressão é, nesta medida, uma patologia que não conhece estações do ano, mas cujos sintomas podem ser acentuados por distúrbios sazonais. Alterações biológicas Conhecida como seasonal affective disorder (SAD), a depressão de Inverno caracteriza-se 50 cx a rev i s ta d a ca i xa Reconhecer os sinais da depressão ›› humor depressivo. ›› alterações do padrão de sono (sono de mais ou insónias). ›› apatia. ›› desinteresse. ›› ansiedade sem motivo aparente. ›› hipervalorização de problemas que anteriormente não eram vividos do mesmo modo. ›› alterações do apetite. ›› isolamento. ›› novas dificuldades relacionais ou agravamento de dificuldades anteriores. ›› mudança sentida ou observada principalmente pelas pessoas mais próximas. por mudanças de humor, alterações nos padrões de sono e falta de energia. Julga-se que esta maior vulnerabilidade aos dias cinzentos esteja associada a desequilíbrios biológicos que têm a ver com alterações na produção de um neurotransmissor responsável pela regulação do humor, apetite e sono, denominado serotomina. Acredita-se que o enfraquecimento da luz solar afecte a sua produção, desencadeando um conjunto de distúrbios que levam a pessoa a sentir-se «em baixo». Também a produção de melatonina parece sofrer alterações. Responsável pelo sono, este neurotransmissor, quando produzido em excesso, provoca a sensação de cansaço e uma quebra de energia. Alguns estudos apontam para uma maior ocorrência da depressão sazonal nas mulheres. Ainda que associada a alterações que se inscrevem nos ciclos da Natureza, com efeitos sobre o equilíbrio biológico e psicológico de algumas pessoas, a SAD, ou distúrbio afectivo sazonal, é um fenómeno que deve ser olhado com seriedade. Em pessoas particularmente vulneráveis ou indivíduos com distúrbios psiquiátricos, como a depressão, este transtorno sazonal pode contribuir para um agravamento do estado de saúde. A atenção e a valorização dos sinais são essenciais para uma intervenção correcta e atempada, minimizando o risco de doença grave. Frequentemente, «são as pessoas mais próximas que notam as alterações de comportamento, e não o próprio», alerta a coordenadora da Unidade de Psiquiatria e Psicologia, do Hospital dos Lusíadas. Muitas vezes confundida com preguiça, lamechice ou pessimismo, a depressão é uma doença séria, que vai muito além do simples estado de tristeza. Com implicações profundas na forma como se vê e interpreta a realidade, é causadora de um sofrimento profundo e, muitas vezes, incompreensível aos outros. Sem feridas visíveis, a depressão é uma doença que pode tornar-se incapacitante, interferindo na qualidade de vida da pessoa e das que a rodeiam. Intervir precocemente é essencial para evitar o progresso e agravamento da doença. Foto: iStockPhoto amenizada se acompanhada correctamente *Suaves prestações mensais sem juros, TAEG 0%, mediante pagamento por cartão de crédito, débito direto ou multibanco. Campanha válida em Portugal até 31/03/2012, salvo erro tipográfico. Façajá o seu check-in AssinearevistaSiriusMagazine e ganhe um desconto até 25% 2 ANOS (12 EDIÇÕES) 25% DESCONTO 4* x 49,00 ou 436,00 1 ANO (6 EDIÇÕES) 15% DESCONTO 2* x 410,20 ou 420,40 Ligue e indique o código ao operador C06C8 f finanças p o u pa N ça Está no PAP Campanha da Caixa divulga soluções de poupança automática, recorrendo a três dos maiores humoristas nacionais Foi no dia 31 de Outubro que o País assistiu ao comunicado de uma troika muito especial, composta pelos humoristas Bruno Nogueira, José Pedro Gomes e Miguel Guilherme. Em simultâneo, na RTP1, SIC e TVI, instantes antes dos respectivos telejornais, esta troika dava, assim, a conhecer a Campanha PAP – Plano Automático de Poupança, um conjunto de soluções e mecanismos que permitem aos portugueses poupar automaticamente na Caixa (ver páginas seguintes). O comunicado ocorreu numa data simbólica, o Dia Mundial da Poupança, após um período de cinco dias durante o qual os portugueses foram convidados a assistir a um comunicado, sem, contudo, ser revelado o tema do mesmo ou a Marca CGD. Além do suspense inicial, o tom descontraído e carregado de humor foi outro dos registos da campanha – ou em causa não estivessem três dos mais talentosos humoristas nacionais –, com direito, inclusivamente, a frangos, máquinas de café e tangas de leopardo. Suzana Ferreira, da Direcção de Comunicação e Marca da CGD, explica os pressupostos da campanha: «conseguimos desenvolver um conceito de comunicação que se destaca pelo seu tom positivo e mobilizador, apresentando uma oferta simples para a generalidade das pessoas, com uma mensagem forte e 52 cx a rev i s ta d a ca i xa pragmática». Uma opção que, em complemento com os três humoristas e a mais-valia da oferta da Caixa, garantia o sucesso da campanha desenvolvida pela McCann Erickson. Na auscultação efectuada durante o processo de desenvolvimento desta campanha, concluiu-se que os portugueses reconhecem que precisam de ajuda para aprender de novo a poupar. «E esse é o nosso território, o território por excelência da Caixa desde sempre. Ser a referência de segurança e solidez para os portugueses, mas, também, de proximidade e disponibilidade», explica Suzana Ferreira. Foi nesse sentido que a Caixa Geral de Depósitos se propôs a ajudar os seus Clientes na gestão e rentabilização das suas poupanças. Para isso, a campanha recorreu a um plano de meios abrangente, onde se incluíram televisão, rádio, imprensa, mupis, meios digitais e Agências da CGD. Trata-se, portanto, de uma aposta arrojada, mas vencedora, no futuro do País e dos portugueses. «Neste momento, o tempo é de oportunidade e de mobilização. O nosso futuro também passa por conseguirmos concretizar um movimento de mudança de atitude e uma prática de racionalidade», conclui Suzana Ferreira. Para ver ou rever a divertida performance dos três actores, visite o site da Caixa Geral de Depósitos em www.cgd.pt. Nove medidas para uma poupança automática Conheça, agora, as medidas do Plano Automático de Poupança e saiba como poupar todos os dias, automaticamente e sem esforço. Está no PAP CONTAS DE POUPANÇA 1.o Objectivo Constituir um pé-de-meia. Caixa Aforro Poupe Mais – premeia, automaticamente, o capital investido e os reforços subsequentes a uma taxa de juro variável, acrescida de um spread semestral crescente. 2.o Objectivo Começar a poupar ou pôr dinheiro de lado. SOLUÇÕES DE POUPANÇA JOVEM Depósitos Caixa PopPrazo – com taxas de juro majoradas, quando comparadas com outros depósitos a prazo mais tradicionais, estes depósitos apresentam, ainda, a vantagem de, no vencimento, o capital e os juros alimentarem, automaticamente, a conta CaixaProjecto. Assim, terá a certeza de que o seu dinheiro será reinvestido, dando continuidade à poupança. Depósitos Caixa PopNet (3M, 6M e 12M) – soluções de curto prazo, com taxas de juro atractivas e de constituição exclusiva através do Caixadirecta on-line, onde também pode agendar a transferência para que, no vencimento, o capital e os juros possam passar, automaticamente, da sua conta de depósitos à ordem para a conta CaixaProjecto. Fácil, cómodo e sempre disponível. CaixaProjecto – a conta de poupança por excelência para crianças e jovens até aos 25 anos, que permite reforços a partir de dez euros, com taxas de juro acrescidas de prémios de permanência até ao quinto ano. Possibilita, ainda, o agendamento automático de reforços no Caixadirecta ou numa Agência. pagamento, possibilitando aos pais controlar os gastos dos seus filhos e permitindo que estes desenvolvam hábitos de poupança, tão importantes nos nossos dias. 3.o Objectivo Pôr algum dinheiro de lado. Poupança Caixa Activa – é alimentada, automaticamente, através da devolução de gastos em compras com cartão de crédito Caixa Activa(1) e da possibilidade de agendamento automático de reforços, no Caixadirecta ou numa Agência. beneficiar do arredondamento das compras realizadas – revertendo o montante do arredondamento automaticamente para a poupança – com os cartões Caixa Activa(2), Caixa Woman(3), cartão Leve(4), cartões Caixa ITIC FNE(5)/Classic FNE(5) e cartões Classic(6), Caixa Gold(7), Soma(8) e Ímpar(9). A Caixa disponibiliza três métodos de arredondamento à sua escolha. A adesão e alterações ao método escolhido podem ser feitas numa Agência da Caixa ou através do serviço Caixadirecta telefone. AEG de 22,2%, para um montante T de 1500 euros, com reembolso a 12 meses, à TAN de 20,75%. (3) TAEG de 23,7%, para um montante de 1500 euros, com reembolso a 12 meses, à TAN de 20,75%. (4) TAEG de 20,5%, para um montante de 1500 euros, com reembolso a 12 meses, à TAN de 20,25%. (5) Caixa ITIC FNE: TAEG de 24,5%, para um montante de 1500 euros, com reembolso a 12 meses, à TAN de 20,75%. Caixa Classic FNE: TAEG de 25,3%, para montante de 1500 euros, com reembolso a 12 meses, à TAN de 21,50%. (6) TAEG de 18,3%, para um montante de 1500 euros, com reembolso a 12 meses, à TAN de 21,50%. (7) TAEG de 27,3%, para um montante de 2500 euros, com reembolso a 12 meses, à TAN de 20,75%. (8) TAEG de 24,2%, para um montante de 1500 euros, com reembolso a 12 meses, à TAN de 21,25%. (9) TAEG de 14,5% a 26,5%, para um montante de 1500 euros, com reembolso a 12 meses, à TAN de 8,90% a 24,90%. (2) (1) AEG de 22,2%, para um montante T de 1 500 euros, com reembolso a 12 meses, à TAN de 20,75%. REFORÇOS NA «POUPANÇA» ATRAVÉS DA UTILIZAÇÃO DE CARTÕES 4.º Objectivo Definir quanto e quando poupar para gerir a mesada dos jovens. Transferências automáticas – os cartões pré-pagos LOL Júnior e LOL podem ter a funcionalidade de poupança associada, que possibilita transferir automaticamente para a conta CaixaProjecto os valores que, mensalmente, não forem utilizados da mesada, a partir de dez euros. Especialmente concebidos para crianças e jovens até aos 15 anos, estes cartões pré-pagos constituem um meio seguro de 5.o Objectivo Converter parte do consumo em poupança. Programas de cashback – a maioria dos cartões da Caixa permite ao Cliente poupar automaticamente, pois uma percentagem do montante gasto nas compras é transferida, automaticamente, para a poupança: Caixa Activa(2) reverte para uma conta de poupança; Caixa Woman(3) reverte para a conta de depósitos à ordem; cartão Leve(4) alimenta o Leve PPR; cartões Caixa ITIC FNE(5)/ Classic FNE(5) alimentam um fundo de pensões ou a conta cartão; e o cartão Classic(6) permite reduzir o valor em dívida do cartão, uma vez que reverte para a conta cartão. 6.o Objectivo Poupança do tipo mealheiro. Programa de arredondamento de compras – ao efectuar compras com determinados cartões, pode cx a rev i s ta d a ca i xa 53 f finanças Reforço automático numa conta de poupança do capital e juros de depósitos a prazo, quando atingem o seu vencimento – as contas de poupança da Caixa asseguram a continuidade da poupança criada pelo Cliente, com liquidez, após a data de vencimento de alguns depósitos a prazo, com reembolso automático do capital e juros nas contas de poupança. É o caso do Caixa Aforro Poupe Mais, Depósito Super Mais - 3 Anos, Depósito a Prazo a 3 anos e Caixa PopPrazo. com o caixa aforro poupe mais, reforça automaticamente a sua poupança no vencimento do depósito FACILITADORES DE POUPANÇA 7.O Objectivo Fixar um objectivo de auto-poupança periódica e automática. Entregas programadas/ automáticas (da conta de depósitos à ordem para contas de poupança) – agendamento automático, através do serviço Caixadirecta ou em qualquer Agência, de entregas periódicas (ex.: todos os meses) ou pontuais (também no Caixautomática), por montantes e frequência adequados a cada Cliente. 8.O Objectivo Reforçar, automaticamente, a poupança no vencimento dos depósitos a prazo. 9.O Objectivo Poupança através da Gestão Automática de Tesouraria. GAT – oferece ao Cliente uma gestão diária de liquidez, através da transferência automática para uma conta de poupança do excedente da conta de depósitos à ordem e vice-versa, de acordo com limites máximo e mínimo de saldo previamente estabelecidos pelo Cliente. Disponível para Clientes Caixazul e Clientes residentes no estrangeiro. Print Educação+ Financeira Até Abril de 2012, milhares de jovens, oriundos de 20 cidades, vão poder visitar uma exposição interactiva de literacia financeira, promovida pela Caixa e pela Universidade de Aveiro. Arrancou no dia 28 de Setembro e promete levar de Norte a Sul vários conteúdos e jogos relacionados com as questões financeiras que a todos se colocam no dia-a-dia. Falamos do projecto Educação+ Financeira, uma exposição itinerante de educação financeira, inserida no PmatE (Projecto Matemática Ensino) e promovida pela Caixa Geral de Depósitos e pela Universidade de Aveiro. A iniciativa visa ajudar os mais jovens a adquirirem os conhecimentos e as competências essenciais a um desempenho consciente, esclarecido e responsável na hora de tomarem decisões de índole financeira. Consulte as datas da exposição na agenda (página 62). Aprender a poupar O Parque Kidzania foi o palco escolhido para a iniciativa Semana da Poupança - Missão: Poupar é possível. O Banco CGD da Cidade das Crianças (na Kidzania) recebeu, no início de Novembro, a iniciativa Semana da Poupança - Missão: Poupar é possível, levada a efeito pela CGD com o objectivo de assinalar o Dia Internacional da Poupança, promover a literacia financeira e incutir hábitos de poupança nos mais jovens. Esta acção, que assinalou a sua 3.a edição, consiste num jogo, que permite às crianças aprenderem hábitos de poupança. Para aquelas que conseguiram cumprir todos os objectivos, houve diversos prémios, como pulseiras, pins, t-shirts, monopólios e um mp4, bem como bilhetes de criança para a Kidzania. E para que, em casa, possam pôr em prática os ensinamentos adquiridos, todas as crianças receberam uma caderneta da Caixa, na qual podem registar o seu plano de gastos e entradas de dinheiro, para que, juntamente com os pais, possam fazer uma gestão mais equilibrada do seu dinheiro, planeando a sua poupança. Sabia que o cartão de crédito Caixa Classic(1) e os cartões Caixa Woman(2) têm um sistema de cashback que lhe devolve uma percentagem do valor das compras que efectuar? Para que esse prémio lhe seja disponibilizado, apenas tem de usar os seus cartões no dia-a-dia. Quanto mais compras efectuar, maior o retorno. Simples e cómodo! Para potenciar ao máximo a sua poupança, pode, também, associar a estes cartões a funcionalidade de arredondamento das compras realizadas, com o remanescente a reverter, automaticamente, para uma conta de poupança que detenha. Saiba mais em www.cgd.pt. (1) TAEG de 18,3%, para um montante de 1500 euros, com reembolso a 12 meses, à TAN de 21,50%. (2) Cartão de crédito: TAEG de 23,7%, para um montante de 1500 euros, com reembolso a 12 meses, à TAN de 20,75%. 54 cx a rev i s ta d a ca i xa finanças f irs Pagar mais, descontando menos No próximo ano, o cinto vai continuar a apertar, também em matéria de tributações: o IRS sobe à medida que os tectos máximos para as deduções baixam Por Ana Rita Lúcio Foto: iStockPhoto poder fazer qualquer abatimento, para além de se pagar uma taxa extra de solidariedade de 2,5 por cento. Sempre que se aproximam as vésperas da noite de passagem de ano, é habitual encontrarmos quem se dedique a matutar em resoluções de ano novo a pôr em prática assim que se puser o pé nas primeiras horas de Janeiro. Variando de mente para mente e de vontade em vontade, há-as mais ou menos elaboradas e mais ou menos exequíveis. Seja curta ou extensa, há, no entanto, um item que não pode faltar na lista de todos os portugueses: fazer contas ao IRS, em 2012. Com as novas regras trazidas a lume pelo Orçamento de Estado para este ano – depois de ter sido discutido no Parlamento, e que pode trazer mais novidades a breve trecho –, há um denominador comum a todos os escalões: as malhas do IRS apertam e não há agregado que escape. Porém, se o sinal é de aumento, este não ocorre por via da subida das taxas de IRS. Ao contrário do que tinha vindo a ser a tendência em anos anteriores, para 2012, não foram actualizados os escalões de rendimento colectável. O corte faz-se sentir, mas por meio da redução dos valores máximos das despesas a abater em sede de IRS. E há mesmo casos em que elas desaparecem: os contribuintes com rendimentos acima dos 66 mil euros deixam de poder abater despesas com saúde e habitação e, no último escalão, para quem tenha rendimentos acima de 153,3 mil euros, deixa de se Limite às deduções Saúde As despesas com saúde poderão ser deduzidas até um máximo de 10 por cento, com limite de dois IAS (Indexante de Apoios Sociais), ou seja, 838 euros. Para os agregados com três ou mais dependentes, acresce uma majoração de 125 euros por cada um dos dependentes, desde que todos tenham despesas de saúde. Educação Não há alterações nesta matéria. Poderá deduzir 30 por cento das despesas de educação e formação que não excedam 670 euros. À semelhança do que acontece nas despesas de saúde, caso o agregado tenha três ou mais dependentes, há uma majoração de 125 euros por cada dependente. Habitação Ao contrário do que aconteceu no ano passado, deixa de ser possível deduzir qualquer percentagem da quantia que se entrega ao banco para amortizar o capital de um empréstimo à habitação. Passa a ser apenas possível amortizar até 15 por cento dos juros pagos, até um máximo de 591 euros. No entanto, mesmo esta percentagem dedutível será progressivamente reduzida até 2016 e os novos contratos de crédito a habitação, celebrados a partir do próximo ano, estão excluídos desta dedução. Pensão de alimentos O limite máximo de dedução passa dos 1048 euros (2,5 IAS) para 429,2 euros, a partir de Janeiro de 2012. Para além do corte, as pensões de alimentos também vão entrar nas contas para o máximo de dedução por escalão, lado a lado com as despesas de saúde, habitação e educação. Print Outras novidades Saiba o que mais esperar na altura de fazer as contas ao IRS, em 2012. Os pais divorciados com tutela partilhada das crianças passam a puder deduzir apenas 50 por cento da dedução específica relativa a cada filho. O valor mínimo para a tributação, em sede de IRS, do subsídio de refeição baixa de 6,41 euros para 5,1 euros. As indemnizações por rescisões do contrato de trabalho que ultrapassem um vencimento mensal por cada ano de trabalho também vão pagar IRS. As profissões de desgaste rápido vão ver as suas deduções reduzidas a um máximo de 2096 euros, correspondentes a seguros de doença, de acidentes pessoais e de vida. Nos rendimentos financeiros, a taxa liberatória sobre as mais-valias bolsistas sobe dos 20 para os 21,5 por cento, enquanto que os rendimentos de capitais vindos de contas off-shore serão taxados a 30 por cento. Os depósitos com prazo de vencimento acima de cinco anos vão deixar de contar com taxas de IRS reduzidas. Já os resgates de Planos de Poupança Reforma fora das condições previstas inicialmente também sofrerão penalizações. cx a re v i s ta d a c a i xa 55 s sustentabilidade i p n – i n c u b a d o r a Ideias que ganham asas Numa altura em que a palavra crise tomou conta do léxico de todos os portugueses, há outra que se lhe opõe: empreendedorismo. E, em Coimbra, o Instituto Pedro Nunes destaca-se na tarefa de permitir que as ideias passem do papel à prática Por Pedro Guilherme Lopes «O empreendedorismo é um dos poucos antídotos de que Portugal dispõe para ultrapassar um período complicado de ausência de crescimento económico.» As palavras são de Pedro Manuel Saraiva, professor catedrático na Universidade de Coimbra e vice-coordenador na Comissão de Assuntos Económicos, Inovação e Energia, por altura do lançamento do seu mais recente livro, Emprendedorismo: do Conceito à Aplicação, da Ideia ao Negócio, da Tecnologia ao Valor. Ainda em declarações à Lusa, Pedro Saraiva defendeu a importância de inverter a tendência de crise, «o que pressupõe uma atitude empreendedora enquanto forma de alterar o status quo e de criar novas realidades capazes de gerar valor económico». 56 cx a re v i s ta d a c a i xa E se é verdade incontornável que, sem iniciativas empresariais válidas, o nosso País corre o risco de estagnar, não é menos verdade que nem sempre é fácil lidar com um caminho repleto de desafios, de oportunidades e de obstáculos. A vontade nem sempre é tudo quando se pretende avançar com um projecto, e é aqui que pode tornar-se fundamental a presença de instituições que funcionam como incubadoras. «as ideias excelentes atraem os recursos necessários» A melhor do mundo E quando se fala em incubadoras é impossível não destacar a do Instituto Pedro Nunes (IPN – Incubadora), considerada, em 2010, a melhor incubadora de base tecnológica do mundo. Criado em 1991, por iniciativa da Universidade de Coimbra, o Instituto Pedro Nunes (IPN) – Associação para a Inovação e Desenvolvimento em Ciência e Tecnologia assenta a sua actuação e missão em três frentes que se complementam: investigação e desenvolvimento tecnológico, consultadoria e serviços especializados, incubação de ideias e empresas e formação especializada e divulgação de ciência e tecnologia. Seguindo uma cultura de inovação, qualidade, rigor e empreendedorismo, o IPN coloca os seus seis Laboratórios de Print completo com a formação dirigida a jovens empreendedores. O sucesso tem sido visível ao longo destes 15 anos de trabalho, não admirando a recente distinção com o selo de qualidade de Business Innovation Centre (BIC), o que faz com que o Instituto Pedro Nunes integre, hoje, a EBN – European Business & Innovation Centres Network, uma rede de centros que têm como objectivo contribuir para a criação de novas pequenas e médias empresas (PME) que se destaquem pela inovação, sem esquecer o desenvolvimento e modernização das empresas já existentes. E é, precisamente, por se apresentar, também, como um agregador de empresas que o IPN e outras incubadoras são uma ferramenta imprescindível para a criação de novas oportunidades e novos negócios. Passo a passo para se candidatar a um lugar na incubadora Ilustração: iStockPhoto Desenvolvimento Tecnológico e o acesso privilegiado a uma rede de investigadores do Sistema Científico e Tecnológico ao serviço da sua incubadora de empresas, criada em 1996. Aqui, as empresas dispõem de fácil acesso ao sistema científico e tecnológico e de um ambiente que proporciona o alargar de conhecimentos em matérias como a qualidade, a gestão, o marketing e o contacto com mercados nacionais e internacionais. E, através da sua incubadora, o IPN promove a criação de empresas spin-offs, apoiando ideias inovadoras e de base tecnológica vindas dos seus próprios laboratórios, de instituições do ensino superior, em particular da Universidade de Coimbra, do sector privado e de projectos de I&DT em consórcio com a indústria. Este ajudar a «sair do ninho» fica Passado, presente, futuro Nestes 15 anos de actividade, a incubadora de empresas do IPN (mais de 1700 metros quadrados, divididos em mais de 50 salas) viu o seu nome associado ao nascimento de cerca de 140 empresas e à criação de mais de 1500 postos de trabalho. Albergando, actualmente, 40 empresas no programa de incubação física e 40 no de incubação virtual, a incubadora caminha a passos largos para duplicar estes números, fruto da abertura da TecBis – Aceleradora de Empresas, agendada para o final de 2012 ou início de 2013. Esta nova infra-estrutura tecnológica do Instituto Pedro Nunes terá como missão apoiar o crescimento e a consolidação de empresas inovadoras de elevado potencial, impulsionando a atracção e fixação de recursos humanos altamente qualificados e prestando auxílio na sua internacionalização. Muitas das empresas que estão, actualmente, na incubadora deverão passar para a aceleradora, abrindo espaço para que novas ideias cresçam no aconchego do «ninho». Porque, como defende João Gabriel Silva, reitor da Universidade de Coimbra, em entrevista à revista Visão, «não podemos estar à espera de financiamentos para ter ideias. Um número muito elevado de empresas que se tem formado no IPN surgiu de ideias. [...] E as ideias excelentes atraem os recursos necessários». 1,2,3… negócio! • Submeta a ficha de pré-candidatura, descrevendo, de forma sintética, a actividade, serviço ou produto que pretende desenvolver e identificando todos os promotores desse mesmo projecto. • Prepare-se para uma reunião com o director da incubadora. • Se, após essa reunião, o seu projecto for considerado enquadrável, terá de submeter uma candidatura formal e mais detalhada, que incluirá um plano de negócios. A incubadora prestará auxílio na elaboração desta candidatura formal, que será apreciada por uma comissão de avaliação. • Se a sua ideia for mesmo vencedora, terá imediatamente reservado o módulo de incubação pretendido. • Agora, é agarrar e lutar pelo seu sonho, sabendo que conta com o apoio de um Instituto que lhe oferece uma rede de contactos privilegiada, o acesso aos laboratórios e, inclusivamente, espaço físico e serviço de logística para o arranque do seu projecto (e isso representa não ter de se preocupar com questões como as contas de electricidade, água ou telefone ou com o acesso à Internet e ter à sua disposição serviços de recepção, secretariado, segurança, limpeza e reprografia, podendo concentrar-se, totalmente, no desenvolvimento da sua ideia). Saiba mais em www.ipn.pt. cx a re v i s ta d a c a i xa 57 sustentabilidade A no I nte r nacional das F lo r estas Floresta, a Nossa Herança Global Concurso fotográfico inserido no âmbito do Ano Internacional das Florestas revela-se enorme sucesso Despertar e promover a sensibilização dos cidadãos para a necessidade de conhecerem, gerirem e preservarem os nossos ecossistemas florestais. Foi esta a ideia que esteve na origem do concurso de fotografia Floresta, a Nossa Herança Global, uma iniciativa da Caixa Geral de Depósitos e da Liga para a Protecção da Natureza (LPN), com o apoio da Autoridade Florestal Nacional, da Olhares e da Yunit. O tema escolhido propunha várias abordagens relativamente à Floresta, permitindo que o registo fotográfico captasse diferentes olhares e aspectos da vida do ecossistema florestal do País: as paisagens florestais de espécies autóctones ou introduzidas; as árvores singulares; a diversidade da vegetação, estratos arbóreos, arbustivos e herbáceos; os animais que habitam as nossas florestas; as vidas e os habitats em perigo de extinção; outras formas de vida na floresta; a intervenção humana; os perigos e as ameaças; o registo de crimes ambientais. E a resposta àquele que foi considerado o concurso de fotografia oficial do Ano Internacional das Florestas não se fez esperar, com 802 pessoas a enviarem cerca de duas mil fotografias. Depois da fase de avaliação de todos os trabalhos recebidos on-line, coube ao júri seleccionar as dez fotografias finalistas e premiar os participantes que souberam, através do seu olhar fotográfico, transmitir a «Melhor Mensagem», a «Melhor Fotografia» e a «Floresta Autóctone». mesa Daniel Campelo, secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural; Paula Viegas, da CGD; Alexandra Cunha, presidente da Liga para a Protecção da Natureza 58 cx a re v i s ta d a c a i xa O anúncio dos vencedores foi feito no dia 23 de Novembro, Dia Mundial da Floresta Autóctone. A data assinalou, igualmente, a inauguração da exposição das melhores fotografias do concurso, que estiveram patentes ao público no átrio central do Edifício-Sede da Caixa Geral de Depósitos até ao dia 7 de Dezembro de 2011. A data serviu, ainda, para a realização do debate «Floresta Portuguesa: que Futuro?», cuja sessão de abertura contou com a presença Print Portugal, a Europa e o Mar CGD patrocinou evento organizado pelo Expresso. No passado dia 25 de Novembro, teve lugar, no Hotel Palácio Estoril, a conferência «Portugal, a Europa e o Mar, uma Estratégia para o Século XXI», uma iniciativa organizada pelo Expresso e que contou com o apoio da Caixa. O evento foi dirigido, sobretudo, a empresários e quadros superiores de empresas e entidades com interesses nas áreas ligadas à economia do mar, tendo registado a presença de cerca de 250 participantes. No papel de oradores, a conferência contou com José Manuel Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia, Álvaro Santos Pereira, ministro da Economia, Manuel Pinto de Abreu, secretário de Estado do Mar, e Tiago Pitta e Cunha, especialista em assuntos marítimos, entre outros. Já António Nogueira Leite, vice-presidente da Comissão Executiva da CGD, assegurou a apresentação «A importância do capital para o desenvolvimento da economia do mar». do secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural, Daniel Campelo, e com os representantes da CGD e LPN. Arminda Deusdado, coordenadora do programa televisivo Biosfera, moderou o debate, onde foram apresentadas comunicações de relevância para o conhecimento sobre a gestão e produção florestal, bem como as estratégias futuras para a prevenção dos incêndios florestais. Fotos: Estúdio João Cupertino s s sustentabilidade lançou o projecto, em Junho passado, foram encarados três problemas sociais específicos: a dificuldade sentida pelos mais velhos na transição da vida activa para a reforma; o problema das famílias sobreocupadas, com dificuldade em conciliar a vida familiar com compromissos profissionais desgastantes (que às vezes incluem dois ou três empregos), e o desafio das chamadas «famílias-sanduíche», cujos rendimentos são suficientes para as desqualificarem do acesso aos apoios sociais do Estado mas não chegam para pagar todas as contas. Os trabalhos resultaram em seis ideias, que estão a ser desenvolvidas e que darão origem a planos concretos de novos projectos e negócios sociais. co-lab O lugar da inovação O novo site do Co-Lab social quer ser um ponto de encontro para novas ideias, capazes de dar resposta aos grandes problemas sociais do País Por João Paulo Batalha É uma nova vida para um projecto inovador. O Co-Laboratório de Inovação Social, lançado em Junho passado pela Caixa Geral de Depósitos e a associação Tese, reformulou o seu site na Internet (www. colabsocial.com) para se lançar numa nova fase: criar um grande laboratório virtual de debate e partilha de experiências sobre os problemas sociais do País. O objectivo é fazer 60 cx a re v i s ta d a c a i xa deste espaço um rastilho para gerar novas ideias, capazes de reinventar a forma como olhamos para os problemas sociais. A filosofia é a mesma que presidiu ao lançamento do projecto: juntar membros dos sectores público, privado e social para, em conjunto, encontrar novas formas de abordagem às questões sociais. No evento que Numa primeira fase, o novo portal quer colocar em cima da mesa o tema da inovação social, explorando modos de usar o potencial das novas tecnologias e das novas ferramentas de comunicação para criar formas mais participativas de mobilizar esforços no ataque às principais carências e dificuldades sentidas pela população. Para isso, a associação Tese emprega o seu conhecimento da realidade social portuguesa – e dos recursos do terceiro sector –, cabendo à Caixa o papel de «ninho de inovação social», acolhendo e encorajando as ideias e os projectos dos empreendedores sociais. Mais do que apenas gerar debate, todo o Co-Laboratório tem ambições práticas: gerar ideias concretas – e concretizáveis – e dar aos projectos o enquadramento e os recursos de que precisam para vingar. Porque as soluções do futuro dependem das energias do presente. Foto: Jasper White Agora, pretende-se prosseguir o trabalho. A remodelação do site do Co-Lab foi além daquilo que fora já feito e tem, agora, novas áreas e novos conteúdos. No novo portal, podem encontrar-se novidades sobre inovação social, actualizações sobre as ideias em desenvolvimento e um conjunto diversificado de recursos – tais como artigos de imprensa, vídeos com especialistas internacionais na matéria, informações sobre o financiamento de projectos ou estudos de caso. Trata-se de criar recursos de aprendizagem capazes de mobilizar as pessoas, numa lógica de partilha de experiências e de troca livre de ideias. agenda Exposições Sugar Blue Vieira da Silva - Gerardo Rueda: Um Diálogo Convergente 28.1 Fundação CGD – Culturgest, Lisboa Até 22.1 Fundação Arpad Szenes - Vieira da Silva, Lisboa Com a colaboração da Fundação Gerardo Rueda, a Fundação Arpad Szenes - Vieira da Silva apresenta esta exposição, comissariada por Bernardo Pinto de Almeida, que reúne e coloca frente a frente a obra dos dois artistas, revelando o diálogo sensível e intuitivo que transpira deste encontro. Os Clientes da Caixa Geral de Depósitos têm um desconto de 50% na entrada, mediante a apresentação de um cartão de débito ou crédito da CGD (não acumulável com outros descontos). Nesta nova peça, Lia Rodrigues prossegue o seu trabalho sobre a noção de colectivo e as complexas relações entre o grupo e o indivíduo. Este questionamento era já um elemento-chave de Pororoca (que a Culturgest apresentou no seu Grande Auditório, em Abril de 2010), mas neste novo projecto, com 11 intérpretes, a coreógrafa usa como ponto de partida as histórias pessoais, histórias que misturam a vida quotidiana e o sonho, abordando o colectivo do ponto de vista do indivíduo, da sua percepção singular das coisas e dos seus estados corporais singulares. Até 14.4 m|i|mo - Museu da Imagem em Movimento, Leiria EDUCAÇÃO+ Financeira Música O projecto de itinerância da colecção da Caixa Geral de Depósitos apresenta a sua terceira edição. A exposição Zona Letal, Espaço Vital procura aproximar o espectador de algo a que, geralmente, não tem acesso – o processo criativo –, mostrando que as obras não são o resultado de um desenvolvimento linear. O Projecto Educação+ Financeira é uma iniciativa conjunta da Universidade de Aveiro e da CGD, através do Projecto Matemática Ensino, que visa sensibilizar a população para as questões da literacia financeira. Este projecto de educação para as finanças pessoais visa contribuir para a formação de uma geração mais informada e mais consciente dos desafios financeiros do dia-a-dia. Até 26 de Abril passará por: Zona Letal, Espaço Vital Condições exclusivas Para cartões cgd 40% de desconto na aquisição de até 2 bilhetes por espectáculo e exposição aos titulares dos cartões Caixa Fã, ITIC, ISIC, CUP e Caixa Activa. 30% de desconto na aquisição de até 2 bilhetes por espectáculo e exposição aos titulares dos cartões Caixa Gold, Caixa Woman, Visabeira Exclusive, Leisure e Caixadrive. 62 Dança cx a re v i s ta d a c a i xa Piracema 21 e 22.3 Fundação CGD – Culturgest, Lisboa Até 26.4 Exposição itinerante 17 a 19 de Janeiro Trofa 24 a 26 de Janeiro Coimbra 31 de Janeiro a 2 de Fevereiro Óbidos 7 a 9 de Fevereiro Torres Novas 14 a 16 de Fevereiro Sousel 28 de Fevereiro a 1 de Março Alcochete 6 a 8 de Março Évora 13 a 15 de Março Albufeira 20 a 22 de Março Barcelos 10 a 12 de Abril Castelo Branco 17 a 19 de Abril Vidigueira 23, 24 e 26 de Abril Competições Nacionais de Ciência 2012, Universidade de Aveiro Mika Vainio 27.1 Fundação CGD - Culturgest, Porto Figura decisiva na música europeia nas últimas duas décadas, quer enquanto membro dos Pan Sonic ou através do heterónimo Ø, Mika Vainio vem à Culturgest, no Porto, na sequência do seu brilhante e mais recente trabalho, Life (It Eats You Up...). electrónica A música de Mika Vainio oferece paisagens sonoras Em 1978, os Rolling Stones conquistavam, pela oitava vez, um primeiro lugar nos tops americanos, com Miss You, um tema que não era tocado por nenhum dos Stones, mas por um músico nascido no Harlem, em 1949, e que o recentemente entrado para o grupo Ron Wood descobrira tocando... nas ruas de Paris! O seu nome? Sugar Blue. Teatro Forest Fringe 17, 18, 19.2 Vários espaços da Culturgest Forest Fringe é uma organização sem fins lucrativos, gerida por artistas, que começou em 2007. Meia década depois, a sua programação no Festival de Edimburgo tornou-se reconhecida enquanto espaço de experimentação, generosidade e aventura comunitária. Top Models De 7 a 10.3 Fundação CGD – Culturgest, Lisboa Depois de Shoot the Freak, em 2010, a companhia Cão Solteiro e André e. Teodósio regressam à Culturgest com Top Models. «Paula Sá Nogueira será a segunda habitante a tomar uma forma, depois de Susana Pomba (um mito urbano). A forma de um bestiário», refere André e. Teodósio, membro do Teatro Praga e autor de Cenofobia para os PANOS 2010. Top Models é um trabalho dedicado aos «incógnitos, os meus, aqueles que não se sabe se ficarão para a História, mas que passarão a ter um bilhete de identidade e a pagar quotas». Transformar os amigos em protagonistas, por contraponto àqueles que desconhecemos e cujos nomes enchem a História. Às 21h30. Fotos: Sammi Landweer (Piracema); D.R. a cultura 1. O Caso Rembrandt Daniel Silva Bertrand Um grande thriller, com personagens muito bem construídas e uma narrativa que nos levam a não querer parar de ler. Um grande regresso daquele que é considerado um dos melhores jovens autores norte-americanos de literatura de espionagem. 2. O Quarto de Jack Emma Donoghue Porto Editora Impossível resistir à história deste menino para quem o mundo se resume ao quarto onde a mãe tem sido mantida contra a sua vontade. (€ 14,94, na Wook on-line) 3. O centenário que fugiu pela janela e desapareceu as escolhas de... Pedro Abrunhosa Músico Jonas Jonasson Porto Editora No dia em que Allan Karlsson celebra 100 anos, toda a cidade o aguarda para uma grande festa em sua honra. Mas Allan tem outros planos… (€ 14,94, na Wook on-line) (€ 15,98, na Wook on-line) 8. Lioness: Hidden Treasures Amy Winehouse Universal Uma dúzia de canções que incluem inéditos e versões alternativas de canções emblemáticas da autoria da cantora que nos deixou demasiado cedo. c Enquanto prepara dois grandes espectáculos nos coliseus de Lisboa e do Porto, o músico, cantor e compositor deixa-nos algumas sugestões. Com que Voz, um documentário sobre Alain Oulman, o homem que revolucionou o fado ao lado de Amália Rodrigues, é a escolha cinematográfica de Pedro Abrunhosa, que se faz acompanhar pelo recente álbum de Fausto, Em Busca das Montanhas Azuis, e tem na cabeceira o livro de Valter Hugo Mãe, O Filho de Mil Homens. (€ 15,99, na Fnac on-line) 7. Soul is Heavy Nneka Sony Music As batidas do hip-hop, o groove do reggae, uma espectacular secção de metais e a pop africana servem de base à inconfundível voz de Nneka. (€ 16,99, na Fnac on-line) 6. O Que Você Quer Saber de Verdade Marisa Monte EMI Music Chega finalmente até nós o oitavo trabalho de originais de Marisa Monte, nome maior da música brasileira, reconhecida pela sua capacidade de fazer a ponte entre a tradição e a pop contemporânea. (€ 14,99, na Fnac on-line) 5. As Aventuras de Pinóquio Stella Gurney 4. O Caderno de Maya Isabel Allende Porto Editora Com fantásticas ilustrações de Zdenko Bašić e diversas janelas pop up, esta é uma adaptação da clássica história que agradará a miúdos e graúdos. Isabel Allende regressa com uma criativa, divertida e convincente história, onde, uma vez mais, prova a sua mestria para escrever romances em que a personagem central mostra toda a força do sexo feminino. (€ 14,85, na Fnac on-line) (€ 17,01, na Fnac on-line) Arte Plural cx a rev i s ta d a ca i xa 63 c cultura M e t r o p o l i ta n a d e L i s b oa 20 anos a tocar o futuro A comemorar duas décadas de vida, não tem poupado esforços para que a música e o seu ensino chegue a cada vez mais gente. O maestro Cesário Costa explica como e porquê. Projectos não faltam Por Andreia Simões Instituição de referência nos domínios do ensino da música e da promoção da cultura musical, tem, desde a sua fundação, em 1992, como grandes preocupações e responsabilidade social chegar a um público cada vez mais vasto, a excelência e a divulgação da música enquanto agente promotor de desenvolvimento da sociedade, de integração social e de criação de emprego. A sua actividade pauta-se, pois, por uma grande intensidade, inovação e proximidade com a população. Só em 2010, contabilizou quase 500 actuações. Vai a escolas, a empresas e aos mais diversos locais onde a sua presença é requerida. «Em vez de estarmos à espera que sejam as pessoas a vir ter connosco, vamos nós ter com elas, pelo que se revela muito gratificante para nós sermos muito 64 cx a rev i s ta d a ca i xa solicitados por outras entidades, o que nos leva a crer que somos uma referência nesta área», diz o maestro Cesário Costa. E são. Por aqui passaram, como alunos, muitos dos nomes que, hoje, fazem parte do panorama da música clássica no nosso país, como a maestrina Joana Carneiro ou os maestros Alberto Roque, Pedro Neves, Rui Massena, entre outros, bem como excelentes instrumentistas, o que mostra que «estes 20 anos permitiram criar uma nova geração de músicos profissionais e de maestros que, sem dúvida, são fundamentais na actividade musical em Portugal e no que a Orquestra Metropolitana tem sido capaz de inventar ou reinventar em relação à música neste século XXI», explica. E dá exemplos, como a actuação sobre um vulcão desactivado em Cabo Verde, o facto Maestro Cesário Costa Fotos: D.R. (Orquestra Metropolitana de Lisboa); Miguel Manso (Maestro Cesário Costa) «Não devemos ter receio de arriscar» As opiniões são unânimes em considerá-lo um dos mais activos maestros portugueses da actualidade. Pianista de formação, um dia rumou à Alemanha para estudar Direcção de Orquestra. Dirigiu, então, algumas das mais reputadas, como a Royal Philharmonic Orchestra, a Orquestra Sinfónica de Nuremberga, a Orquestra Sinfónica Portuguesa ou a Orquestra Gulbenkian, entre outras. À frente da Metropolitana como presidente e director artístico desde 2008, o balanço que faz não podia ser mais positivo: «tenho a sorte e o privilégio de trabalhar numa instituição única». Além disso, é, também, maestro-convidado da Orquestra do Algarve. Para o futuro, Cesário Costa pretende continuar a desenvolver o seu trabalho aqui e além-fronteiras, de preferência em equipa, e mostrar ao mundo compositores portugueses, nessa linguagem universal que é a música. «O que mais me agrada nesta actividade é, precisamente, usufruir daquilo que a música me permite realizar e poder desenvolvê-la relacionando-me com outros músicos, com outras pessoas», diz. O seu maior desafio… «ser capaz de levar as pessoas a ver e a sentir a música de outra forma, sem nos prendermos a modelos gastos, e tentando sempre surpreender, pois julgo que só dessa forma conseguimos marcar a diferença. Para isso, não devemos ter receio de arriscar nem de pensar em novas formas de apresentar a música, para que ela possa reinventar-se diariamente». de apresentar dezenas de obras em estreia absoluta e a preparação de um concerto com os Deolinda para 2012. A estrutura organizacional da instituição compreende três orquestras: a Metropolitana de Lisboa, que tem um efectivo de 36 músicos profissionais; a Académica Metropolitana, formada pelos alunos que frequentam a academia superior; e a Sinfónica Metropolitana, que junta as duas formações anteriores com o objectivo de trabalhar um tipo de repertório que não pode ser interpretado pelas outras formações separadamente. Relativamente ao ensino da música, tem uma oferta modelada por critérios de grande exigência qualitativa mas diversificada a vários níveis, desde o universitário, com a Academia Superior de Orquestra, ao secundário, com a Escola Profissional, passando pelo conservatório, que dá respostas no domínio do ensino especializado extra-escolar. Disponibiliza, igualmente, um mestrado, em parceria com a Universidade Lusíada, sendo de referir, ainda, o projecto pedagógico que desenvolve na Casa Pia. Pensar a posteridade «20 anos – Tocar o futuro» constitui a ideia-chave para 2012. Mas a intenção do slogan é que seja um ponto de partida para a vivência de outros tantos ou mais anos. Para que isso seja uma realidade, uma das grandes apostas recai na intensificação das parcerias com outras instituições. «A Metropolitana não vive num planeta isolado, tem, exactamente, os mesmos problemas de outras instituições, pelo que tentamos trabalhar em colaboração com outros parceiros, pois achamos que toda a gente fica a ganhar. É a nossa forma de estar e de agir, ou seja, estarmos abertos e sempre disponíveis para construirmos projectos com os outros», refere Cesário Costa. Por outro lado, importa, igualmente, diversificar ao máximo a programação e desmistificar o «elitismo» que possa ainda estar associado à música clássica: «Não temos uma sala de concertos própria, pois somos uma orquestra itinerante, por isso, entendemos que a programação tem de ser muito ampla, indo desde a música barroca até à contemporânea. Além disso, uma orquestra deve estar aberta a todo o tipo de obras e repertório que possa chegar a um público cada vez mais vasto. Há que encontrar formatos de concertos que possam fugir à rotina, de modo a que as pessoas possam ser surpreendidas pela oferta que a música clássica permite e não pensar que esta é só para alguns». Em 2012, e para assinalar duas décadas de existência, a Metropolitana vai repor alguns dos grandes sucessos da temporada anterior, por exemplo, Uma Salada Bizarra, um projecto que envolveu músicos e actores, com textos do autor e comediante Karl Valentin, vai fazer um concerto em Bruxelas, no dia 10 de Junho, e pretende recuperar, de uma forma simbólica, muitas das obras que a orquestra encomendou a compositores portugueses ao longo destes 20 anos para voltar a tocá-las novamente. Print o Projecto Orquestras No âmbito das acções de apoio directo a actividades culturais, a Caixa tem como objectivo principal promover a descentralização cultural e a criação de novos públicos. Resultante de parcerias com a Orquestra Metropolitana de Lisboa, a Orquestra do Norte, a Orquestra do Algarve e a Orquestra Clássica do Centro, o Projecto Orquestras vai ao encontro desses objectivos, consistindo num apoio mecenático da CGD, direccionado, especialmente, para a realização de acções pedagógicas dedicadas às crianças e famílias, bem como à promoção de concertos de música clássica tradicional e de fusão, com outras vertentes artísticas. E se, inicialmente, eram promovidos concertos exclusivos, nos últimos anos, a primazia recai na realização de acções potenciadoras da criação de novos públicos. Para Cesário Costa, este projecto tem ainda permitido que as orquestras possam desenvolver trabalho conjunto não só na área em que estão inseridas como fora dela, destacando a apresentação de peças escritas para duas orquestras. Ao abrigo deste projecto, já se realizaram e/ ou apoiaram mais de 350 concertos, de entrada gratuita ou a preços simbólicos, que visam potenciar a apetência do público para a frequência de eventos culturais e facilitar o acesso à cultura por parte de sectores menos favorecidos, nomeadamente em termos de distanciação dos grandes centros culturais. cx a rev i s ta d a ca i xa 65 v vintage P o u pa n ça Livrinho mealheiro Sinónimo de dinheiro em caixa, as cadernetas que se abrem para o registo de todos os movimentos dos depositantes prestam contas à poupança Por Helena Real factos Assim foi em 1876 Enquanto as primeiras cadernetas da CGD se abriam, virava-se mais uma página da História. 1. O Christiania Theater, em Oslo, recebe, a 24 de Fevereiro, a estreia da peça Peer Gynt, de Henrik Ibsen, pouco mais de uma década depois de ter sido publicada. O título, entregue como garantia de depósitos e onde se registam todos os movimentos accionados pelo depositante, tem uma forte ligação com a origem da própria Caixa Geral de Depósitos. Quando o banco público foi fundado, visava a criação de uma instituição financeira que operasse como estímulo à poupança e como financiadora das despesas do próprio Estado. volta de 1900, a Caixa Económica Portuguesa destacava-se já como o mealheiro das famílias menos abastadas. A diversidade dos titulares de cadernetas de depósito demonstra a popularidade desta actividade. A Caixa Geral de Depósitos atingia, nesta altura, em termos de saldo dos seus depósitos, um quinto do conjunto dos depósitos do sistema bancário. Na aprovação do projecto de criação de uma «caixa de depósitos», já vigorava a vontade de viabilizar a concessão de certos privilégios aos depositantes. O projecto tinha, também, uma função de criar uma instituição que chegasse, através de Agências, às classes menos abastadas. As cadernetas tornaram-se num elemento identificativo das poupanças. Em 1923, a Administração determinou que se distribuíssem 400 cadernetas infantis a favor de menores de 12 anos, para serem atribuídas a crianças provenientes de famílias carenciadas, cujo saldo inicial foi de 10$00. Por ocasião das comemorações do Dia Mundial da Poupança, a 31 de Outubro, a Caixa tem desenvolvido, também, várias iniciativas, nomeadamente a emissão de cadernetas infantis produzidas para o efeito, como forma de incentivo à poupança. As cadernetas sobreviveram até aos nossos dias, variando no tamanho e na cor; têm apenas sofrido alguns ajustamentos de imagem. Mesmo com a extinção da Caixa Económica Portuguesa na lei orgânica de 1969, a Caixa conservou estes títulos emblemáticos, fiéis elementos que caracterizam, de forma particular, os Clientes da Caixa Geral de Depósitos. No Regulamento Provisório da Caixa Geral de Depósitos, de 6 de Dezembro de 1876, era prevista a entrega, a cada depositante, de uma caderneta, onde se registava, por débito e crédito, todas as quantias depositadas e levantadas e respectivos juros, de acordo com os movimentos sucessivos da conta-corrente, como consequência de depósitos voluntários em dinheiro. A Caixa Económica Portuguesa, administrada pela Caixa Geral de Depósitos, foi criada em 26 de Abril de 1880, tendo vindo, desde aí, a promover a actividade do banco. A sua função prendia-se com a angariação de pequenas poupanças. Por 66 cx a rev i s ta d a ca i xa 2. Alexander Graham Bell patenteia a invenção do telefone, a 7 de Março. 3. A rainha Vitória de Inglaterra recebe o título de imperatriz da Índia . 4. O médico, escritor e dramaturgo português Júlio Dantas nasce em Lagos. 5. O centenário da independência dos Estados Unidos é marcado pela inesperada derrota do Sétimo Regimento de Cavalaria do Exército dos EUA perante as forças indígenas das tribos lakota, cheyenne e arapaho. 6. 7. Nasce a célebre espiã e dançarina Mata Hari. Sérvia e Montenegro declaram guerra ao Império Otomano. 8. A 1 de Agosto, o Colorado torna-se o 38.º Estado norte-americano. 9. É publicada a primeira edição das Aventuras de Tom Sawyer, de Mark Twain. 10. Rutherford B. Hayes é eleito o 19.º Presidente dos Estados Unidos da América. QUANTOS DESEJOS _ CONCRETIZAS COM C 500? UP2YOU CHALLENGE A Caixa e a Bolsa de Valores Sociais (BVS) criaram um desafio dirigido a estudantes universitários de modo a expor a sua criatividade e empreendedorismo, com aplicação de métodos reais de gestão, e a fomentar o seu envolvimento em acções sociais sustentáveis. 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