UNIVERSIDADE FEDERAL DE CIÊNCIAS DA
SAÚDE DE PORTO ALEGRE – UFCSPA
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HEPATOLOGIA
Cibele Silva Molski de Ávila
Validação Cultural do Questionário
Post–Liver Transplant Quality of Life
(pLTQ) para população brasileira.
Porto Alegre
2014
Cibele Silva Molski de Ávila
Validação Cultural do Questionário
Post–Liver Transplant Quality of Life
(pLTQ) para população brasileira.
Dissertação submetida ao Programa de PósGraduação em Hepatologia da Universidade
Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
como requisito para a obtenção do grau de
Mestre.
Orientador: Prof. Dr. Ajácio Bandeira de Mello
Brandão
Coorientadora: Profa. Dra. Rita Mattiello
Porto Alegre
2014
Cibele Silva Molski de Ávila
VALIDAÇÃO CULTURAL DO QUESTIONÁRIO POST–LIVER TRANSPLANT
QUALITY OF LIFE (PLTQ) PARA POPULAÇÃO BRASILEIRA.
Dissertação de Mestrado submetida à Comissão Julgadora do Programa de PósGraduação em Hepatologia da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto
Alegre, como parte dos requisitos necessários à obtenção do Grau de Mestre em
Medicina. Área de Concentração: Hepatologia.
Aprovada em _______ de __________ de 2014.
Banca examinadora:
_______________________________________
Dr (a). ___________________________________
_______________________________________
Dr (a). ___________________________________
_______________________________________
Dr (a). ___________________________________
______________________________________
Porto Alegre
2014
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus. Pelas pessoas que foram colocadas em
meu caminho que me apoiaram e colaboraram para a realização desta dissertação;
por superar os obstáculos a mim impostos; por não desistir quando tudo parecia
impossível de se realizar.
Aos meus pais, Orlando e Neiva, por todo amor que sempre me dedicaram,
responsáveis por tantos ensinamentos. Muito obrigada por todo apoio, dedicação e
incentivo.
Ao meu marido, João Alexandre, meu companheiro e melhor amigo, obrigada
pela paciência, compreensão e amor.
A minha irmã Cíntia, que será sempre minha amiga.
Ao meu orientador, Dr. Ajácio Bandeira de Mello Brandão, obrigada pela
contribuição intelectual, estímulo contínuo, disponibilidade e atenção.
A minha coorientadora, Dra. Rita Mattiello, obrigada pelo incentivo, paciência
e dedicação.
A minha colega e amiga, Renata Medeiros, pelo apoio, dedicação e
contribuição nas coletas e organizações de dados.
Aos funcionários do Programa de Pós- Graduação, em especial a Luciani
Spencer, pelas palavras de otimismo, carinho e dedicação de sempre.
A secretária do Ambulatório de Transplantes da Irmandade Santa Casa de
Misericórdia de Porto Alegre, Jozi Sutil, pelo apoio e carinho dedicado nas longas
manhãs de coleta de dados.
Aos médicos do Grupo de Transplante Hepático coordenado pelo Dr. Guido
Cantisani, pela paciência no aguardo das consultas e compreensão durante as
entrevistas com os pacientes.
Aos mestres e professores do Serviço de Gastroenterologia e Hepatologia da
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre pelo convívio e
aprendizado.
Aos membros da banca que gentilmente aceitaram o convite para avaliar o
trabalho.
Em especial, agradeço a todos os pacientes que de maneira pronta e gentil
aceitaram responder aos questionários propostos, tornando possível a realização
deste trabalho.
A todos aqueles que mesmo não sendo citados aqui fizeram ou fazem parte
da minha vida e torcem ou contribuem para o meu progresso pessoal e profissional.
RESUMO
Objetivo: Validar o Questionário post-Liver Transplant Quality of Life (pLTQ) na
população brasileira. Pacientes e Métodos: A tradução e a adaptação cultural
foram realizadas de acordo com as normas internacionais para validação de
questionários. A validade foi mensurada mediante a validade convergente
(correlações entre os domínios do pLTQ com aqueles do WHOQOL-Bref). A
confiabilidade foi avaliada determinando-se a consistência interna (coeficiente α de
Cronbach), sensibilidade à mudança (tamanho do efeito), reprodutibilidade
(coeficiente
de
correlação
intraclasse),
e
os
efeitos
teto
e
chão.
Resultados: Foram avaliados 160 transplantados hepáticos, com média de idade de
56,9±10,4 anos, a maioria (62,5%) homens e transplantados por carcinoma
hepatocelular (49,4%) atendida no ambulatório de hospital terciário no Sul do Brasil.
Na etapa de tradução e de adaptação cultural, foram modificadas apenas duas
questões. A média do escore total do pLTQ foi 5,58 ±0,9, com efeito mínimo/máximo
< 20%. O coeficiente α de Cronbach para o escore total foi 0,91 (IC 95%: 0,89-0,93),
variando de 0,51 a 0,77 nos domínios. A sensibilidade à mudança de 0,84 e
reprodutibilidade foi de 0,90. A correlação entre os domínios do pLTQ e aqueles do
WHOQOL-Bref foram aceitáveis (r=0,40). Para as dimensões semelhantes, as
correlações entre WHOQOL-Bref e pLTQ foram estatisticamente significantes
(p<0,001). Conclusão: A versão em Português do Brasil do pLTQ demonstrou bom
desempenho psicométrico do instrumento, sugerindo que é uma ferramenta útil para
uso no contexto cultural brasileiro.
DESCRITORES: Qualidade de vida; Transplante Hepático; Estudos de validação.
ABSTRACT
Objective: To validate the questionnaire post-Liver Transplant Quality of Life (pLTQ)
in the Brazilian population. Patients and Methods: The translation and cultural
adaptation were performed according to international standards for validation of
questionnaires. The validity was measured by convergent validity (correlations
between the domains of pLTQ with those of the WHOQOL-Bref). The reliability was
evaluated by determining the internal consistency (Cronbach's coefficient α),
sensitivity to change (effect size), reproducibility (coefficient of interclass correlation),
and the ceiling and floor effects. Results: 160 liver transplanted patients were
evaluated, with an age average between 56.9 ± 10.4 years, the majority (62.5%) men
and transplanted for hepatocellular carcinoma (49.4%) attended in the outpatient
clinic of a tertiary hospital in the South of Brazil. In the stage of translation and
cultural adaptation were modified only two questions. The average of pLTQ was 5.58
± 0.9 with minimum / maximum effect <20%. In the global scores the coefficient α of
Cronbach for the total score was 0.91 (95% CI: 0.89-0.93), ranging 0.51 to 0.77 in
the domains. The sensitivity to change of 0.84 and the reproducibility was 0.90. The
correlation among the domains of pLTQ and those of the WHOQOL-Bref were
acceptable (r = 0.40). For the similar dimensions, the correlations between
WHOQOL-Bref and pLTQ were statistically significant (p <0.001). Conclusion: The
Portuguese
version
from
Brazil’s
pLTQ
demonstrated
good
psychometric
performance of the instrument, suggesting it as a useful tool for using in the Brazilian
cultural context.
KEYWORDS: Quality of life; Liver Transplantation; Validation studies.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Características Demográficas dos Transplantados Hepáticos ............................ 54
Tabela 2 - Características do Post Liver Transplant Quality of Life Questionnaire (pLTQ)
na população Brasileira....................................................................................... 55
Tabela 3 - Correlação dos escores do questionário WHOQOL-Bref com o instrumento
Post-Liver Transplant Quality of Life (pLTQ)....................................................... 56
LISTA DE ABREVIATURAS
-C
Coeficiente Alfa de Cronbach
ABTO
Associação Brasileira de Transplante de Órgãos
CCEB
Critério de Classes Econômicas Barsil
CIC
Coeficiente Intra-classe
CLDQ
Chronic Liver Disease Questionnaire
EQ-5D
Euro-QOL
FPQ
Ferrans and Powers Questionnaire
IPAQ
International Physical Activity Questionnaire
LDQOL
Liver Disease Quality of Life
MELD
Model for End-Stage Liver Disease
NHP
Nottingham Health Profile
NIDDKQOL
National Institute of Diabetes, Digestive and Kidney Diseases
Liver Transplantation Questionnaire
NIH
National Institutes of Health
OMS
Organização Mundial da Saúde
pLTQ
post-Liver Transplant Quality of Life
QV
Qualidade de Vida
QVRS
Qualidade de Vida relacionada à Saúde
SF-36
36-item Medical Outcomes Study, Short-Form General Health
Survey
SUS
Sistema Único de Saúde
TE
tamanho do efeito
TxEQ-D
Transplant Effects Questionnaire
TxH
Transplante Hepático
WHOQOL- Bref
World Health Organization Quality of Life – Bref
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 13
2 REVISÃO DA LITERATURA ....................................................................................... 14
2.1 TRANSPLANTE HEPÁTICO.................................................................................. 14
2.1.1 Histórico........................................................................................................... 14
2.1.2 Sobrevida pós-transplante hepático ................................................................ 15
2.1.3 Qualidade de vida depois do transplante hepático.......................................... 16
2.1.4 Qualidade de Vida Relacionada à Saúde........................................................ 18
2.2 ASPECTOS METODOLÓGICOS INSTRUMENTOS MEDIÇÃO QVRS................ 19
2.2.1 Processo de Tradução .................................................................................... 20
2.2.2 Propriedades Psicométricas ............................................................................ 20
2.2.2.1 Confiabilidade ........................................................................................... 21
2.2.2.2 Validade .................................................................................................... 21
2.2.2.2.1 Validade de Conteúdo ........................................................................ 21
2.2.2.2.2 Validade de Critério............................................................................ 22
2.2.2.2.3 Validade de Constructo ...................................................................... 22
2.3 QUESTIONÁRIOS GENÉRICOS & ESPECÍFICOS .............................................. 23
2.3.1 Instrumentos genéricos ................................................................................... 23
2.3.2 Instrumentos específicos................................................................................. 24
2.4 ADAPTAÇÃO CULTURAL ..................................................................................... 25
3 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................... 28
4 OBJETIVOS ................................................................................................................. 29
4.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................ 29
4.2 OBJETIVO ESPECÍFICO....................................................................................... 29
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 30
6 ARTIGO EM PORTUGUÊS.......................................................................................... 37
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS E PERSPECTIVAS ......................................................... 61
ANEXOS.......................................................................................................................... 62
ANEXO A - QUESTIONÁRIO “POST LIVER TRANSPLANT QUALITY OF
LIFE” ............................................................................................................................ 63
ANEXO B - QUESTIONÁRIO SOBRE QUALIDADE DE VIDA APÓS TRANSPLANTE
DE FÍGADO.................................................................................................................. 70
ANEXO C - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO..................... 74
ANEXO D - WHOQOL ABREVIADO............................................................................ 75
ANEXO E - CRITÉRIO DE CLASSIFICAÇÃO ECONÔMICA BRASIL ........................ 78
ANEXO F - INQUÉRITO MUDANÇAS......................................................................... 81
ANEXO G - FICHA DE COLETA.................................................................................. 82
ANEXO H - CONTATO AUTORES .............................................................................. 85
13
1 INTRODUÇÃO
O transplante hepático (TxH) fornece uma medida terapêutica definitiva para
pacientes em estágio final de doença hepática1. Nas últimas décadas, tem ocorrido
melhoras incrementais no paciente e na sobrevida do enxerto2. Devido a este
aumento na sobrevida, a preocupação com a qualidade de vida relacionada à saúde
(QVRS) desses indivíduos passou a tornar-se essencial.
A avaliação da qualidade de vida (QV) é uma ferramenta que auxilia no
diagnóstico e na atenção global à saúde do indivíduo3. Atualmente, muitos esforços
têm sido direcionados para avaliar o bem-estar geral, os aspectos sociais, físicos
para uma melhor QVRS dos pacientes4. A QV fornece uma melhor medida do
impacto de eventos sobre o bem-estar geral do paciente e pode auxiliar na avaliação
do impacto do tratamento no dia a dia da vida de um paciente5,6.
A aplicação dos instrumentos de medida de QVRS está limitado a alguns
critérios
que
incluem:
validade,
fácil
interpretação,
formas
alternativas,
reprodutibilidade, capacidade de sofrer adaptação cultural e linguística7. Quando tais
instrumentos são desenvolvidos em outros países que não o país no qual serão
aplicados, a adequação do processo de validação (tradução para o idioma local e
adaptação para uso no contexto cultural do país em questão) é tão importante
quanto a seleção do instrumento8. As versões locais desses questionários devem
ser equivalentes, linguística, avaliativa e operacionalmente, com as originais.
Em transplantados hepáticos, não existe questionário específico validado para
a população brasileira, somente para portadores de doenças hepáticas. Devido à
ausência de questionário específico para avaliação de QV em transplantados
hepáticos, estudos têm utilizado questionários genéricos e questionários específicos
de doentes hepáticos crônicos7. Pesquisadores americanos desenvolveram um
questionário específico para pacientes transplantados post-Liver Transplant Quality
of Life (pLTQ) 9. O instrumento demonstrou ser válido e consistente na população de
origem. Apesar da sua importância clínica, o instrumento ainda não foi validado na
população brasileira.
14
2 REVISÃO DA LITERATURA
Nesta revisão, analisa-se, fundamentalmente, as consequências do TxH na
QV dos pacientes e a necessidade de se dispor de um instrumento adequado para
avaliá-la. Considerando que o objetivo do estudo foi o de validar, para o Português,
instrumento norte-americano desenvolvido para avaliar a QV de transplantados
hepáticos, revisaram-se, também, tópicos relacionados com as técnicas de
validação de questionários.
2.1 TRANSPLANTE HEPÁTICO
2.1.1 Histórico
O professor Thomas Starzl realizou os primeiros TxH, em humanos, na
Universidade do Colorado em 1963, mas, apenas em 1967, conseguiu registrar
sobrevida de um ano depois do procedimento. Nos anos subsequentes,
relativamente poucos TxH foram realizados, sendo que a sobrevida em um ano era
apenas em torno de 30% nos final dos anos 70 e início dos 80. Com a introdução da
ciclosporina no TxH, uma droga imunossupressora até então empregada no
transplante renal, os resultados do TxH passaram a ser significativamente
melhores10. Os avanços registrados a partir de então motivaram o National Institutes
of Health (NIH) dos Estados Unidos a convocar, em 1983, uma reunião de consenso
para discutir essa forma de tratamento. Na época, cerca de 500 TxH haviam sido
realizados em centros norte-americanos e europeus. A conclusão do encontro foi a
de que o TxH não deveria ser mais considerado um tratamento experimental e que
poderia ser incorporado na prática médica11. Essa reunião iniciou a era moderna do
TxH e resultou no estabelecimento de vários centros que passaram a realizar o
procedimento em todo o mundo. A partir de então, foram registrados significativos
15
avanços nas técnicas cirúrgicas e anestésicas, nos cuidados intensivos, nos
esquemas de imunossupressão, e na prevenção e no tratamento de infecções póstransplante, o que resultou em melhoras dos desfechos nos anos subsequentes10.
Um outro marco na história do TxH foi registrado em 1987, quando Folkert Belzer,
da Universidade de Wisconsin, apresentou uma nova solução de preservação de
órgãos chamada, na época, de solução UW-Belzer. O grande avanço representado
por esta solução foi a possibilidade de preservar o fígado por mais tempo que as
soluções disponíveis, tornando, então, possível a utilização de um maior número de
enxertos12. Na América Latina, o primeiro TxH, com sucesso, foi realizado no
Hospital de Clínicas da Universidade de São Paulo, em 198513. No Rio Grande do
Sul, o primeiro TxH em adultos foi realizado em 1991 pelo Grupo de Transplante
Hepático da Santa Casa de Porto Alegre.
Naturalmente, os anos iniciais do TxH foram destinados ao aperfeiçoamento
das técnicas cirúrgicas, anestésicas, de cuidados intensivos e tratamento das
complicações pós-operatórias, especialmente as infecções oportunistas. À medida
que se estabeleceu um melhor controle dessas condições, outro foco de interesse
surgiu concernente a estes pacientes: a QV após o transplante durante os anos de
vida ganhos com o procedimento14. Portanto, nos dias atuais, o TxH é a medida
terapêutica definitiva para pacientes em estágio final de doença hepática tendo dois
grandes objetivos: prolongar a sobrevida e melhorar a QV1.
2.1.2 Sobrevida pós-transplante hepático
Na Europa, em pacientes transplantados por doenças hepáticas crônicas
(n=66.677), entre 1998-2012, a sobrevida em 5 e 10 anos foi de 74% e 64%,
respectivamente15, enquanto que, nos Estados Unidos, a sobrevida atuarial em 5
anos, de pacientes transplantados entre 1997-2000 com doador falecido, foi de
65,1% (IC 95% 64,3%-65,8%)16. No Brasil, dados da Associação Brasileira de
Transplante de Órgãos (ABTO) apontam que, em 67% dos transplantes realizados,
a sobrevida em quatro anos do paciente e do enxerto foi de 70% e de 68%,
respectivamente17. Na experiência do Grupo de Transplante Hepático da Santa
16
Casa de Porto Alegre, com 436 pacientes transplantados com doador falecido, cerca
de 61% dos pacientes sobreviveram, em média, 14,6 anos18.
2.1.3 Qualidade de vida depois do transplante hepático
Paralelamente ao aumento na sobrevida dos transplantados hepáticos, a
comunidade transplantadora passou a preocupar-se com a QVRS desses
indivíduos, sendo importante lembrar que a Organização Mundial da Saúde (OMS)
define saúde como o estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não
simplesmente a ausência de doença ou enfermidade19. A avaliação da QV pode
fornecer uma melhor medida das implicações de tais eventos sobre o bem-estar
geral do paciente e auxiliar na avaliação do impacto do tratamento no dia a dia da
vida de um transplantado5,6. Portanto, a avaliação da QV é uma ferramenta que
auxilia no diagnóstico e na atenção global à saúde do indivíduo4.
Na última década, o interesse na QV, depois do TxH, tem aumentado
significativamente, o que pode ser ilustrado pelo fato do banco de dados MEDLINE
identificar mais publicações utilizando os termos de busca “transplante hepático " e
''qualidade da vida", desde 2000, do que nas duas décadas anteriores. Instrumentos
genéricos direcionados para QV têm sido utilizados para avaliação tanto em
candidatos a TxH quanto em receptores20.
Um estudo prospectivo mostrou que as limitações nas atividades dos
pacientes devido a problemas de saúde física tendem a melhorar marcadamente
após o primeiro ano de TxH21, enquanto que uma revisão apontou que pacientes
que se submetem ao TxH recuperam sua capacidade de levar uma vida normal
alguns meses após a cirurgia, mas às custas de seguir um tratamento
imunossupressor para a vida toda e necessitar acompanhamento regular22,23.
Adicionalmente, é importante que sigam uma dieta equilibrada e exercício físico
regular para impedir, restringir ou atrasar potenciais complicações cardiovasculares,
que influenciam o prognóstico a longo prazo22. No entanto, outros estudos
observaram que, embora a QV e a função física melhorem após o transplante,
17
muitos pacientes permanecem com limitações, tais como fadiga, dificuldade em
andar e incapacidade laboral21,24.
Quando se compararam transplantados hepáticos que realizavam ou não
atividade física regular antes do transplante, observou-se que os primeiros tinham
uma QV melhor em relação aos que não a realizavam25. Estes dados levantam a
questão sobre a inatividade causada por problemas de saúde concomitantes e viceversa, porque é indiscutível que muitas doenças crônicas (como, por exemplo,
hipertensão arterial, diabete mellitus e/ou insuficiência cardíaca) resultam em
redução da performance individual26. Certamente, a percepção total da QV aumenta
após o TxH, mas permanece mais baixa em comparação à população em geral27.
Outro estudo26 avaliou a QV e a atividade física em transplantados hepáticos em
comparação com a população em geral. O estudo foi do tipo caso-controle e
realizado por meio de dois questionários: 36-item Medical Outcomes Study, ShortForm General Health Survey (SF-36) para QV e International Physical Activity
Questionnaire (IPAQ) para estimar a atividade física. Os autores observaram que os
transplantados hepáticos apresentaram QV e capacidade atividade física inferiores à
população em geral. Portanto, o TxH possibilita a recuperação integral do estado de
saúde, mas, em alguns pacientes, podem persistir problemas físicos e sociais.
Assim, são importantes as intervenções destinadas a melhorar programas de
reabilitação, apoio psicossocial normal e acompanhamento em todas as fases de
tratamento a fim de dar aos pacientes uma vida mais satisfatória após o
transplante26.
As causas de inatividade após o TxH, comumente, são incapacidade física,
desemprego e aposentadoria precoce28, mas o TxH bem sucedido permite a um
número considerável de pacientes retornar à atividade laborativa, reassumindo suas
funções sociais29. Recentemente, foi publicada revisão sistemática de publicações, a
partir do início do milênio, com o objetivo de investigar a QV, em longo prazo, após o
TxH em adultos, em comparação com pacientes em fase pré-operatória, com a
população em geral e com outros tipos de transplantes30. As variáveis de QV foram:
saúde física, saúde mental e funcional, trabalho e saúde sexual. Foram incluídos
vinte e três estudos (5.402 pacientes). As conclusões foram muitas: a) a QV, depois
do TxH, é superior em relação ao período pré-operatório em até 20 anos de pósoperatório; b) mais complicações pós-operatórias previram escores piores de QV,
18
especialmente nos domínios físicos; c) os benefícios nos domínios funcionais
persistem a longo prazo, com a independência no autocuidado e na mobilidade; d)
as taxas de emprego se recuperaram em curto prazo, mas declinam após 5 anos e
se diferem significativamente entre as várias etiologias da doença hepática; e) a QV
global melhora para níveis semelhantes ao da população em geral, mas a função
física permanece pior; f) a participação em atividade física pós-transplante está
associada à melhora dos resultados da QV nos receptores de TxH em comparação
com a população em geral; e g) a melhora da QV é semelhante independente do
órgão transplantado (pulmão, rim ou coração). A heterogeneidade entre os estudos
não permitiu uma análise quantitativa. Observou-se que a taxa de sobrevida póstransplante foi de 51-92% até 10 anos e de 37-56% com 18 a 20 anos30.
2.1.4 Qualidade de Vida Relacionada à Saúde
No contexto da prática clínica, o interesse pela QV está relacionado àqueles
aspectos afetados pela doença ou tratamento, daí o termo “Qualidade de Vida
relacionada
à
Saúde
(QVRS)”.
Estes
aspectos
podem
incluir
inclusive
consequências indiretas da doença, como, por exemplo, o desemprego ou
dificuldades financeiras31. A QVRS descreve as repercussões que a doença e seu
tratamento ocasionam no estilo de vida, equilíbrio psicológico e grau de bem-estar
do paciente, segundo ele mesmo julgue e valorize32. Também definida como o termo
“valor atribuído à vida”, ponderado pelas deteriorações funcionais, as percepções e
condições sociais que são induzidas pela doença, agravos, tratamentos e a
organização política e econômica do sistema assistencial33.
Tendo em vista a variabilidade do conceito, as escalas de QVRS incluem
medidas de capacidade funcional, do estado de saúde, de bem-estar psicológico, de
redes de apoio social, de satisfação e estado de ânimo de pacientes. Diversos
instrumentos têm sido utilizados para mensurar a QVRS, a maioria deles
desenvolvida, principalmente, na Europa e Estados Unidos. Em relação ao campo
de aplicação, estes podem ser divididos em dois grandes grupos: genéricos e
específicos31. Instrumentos genéricos são desenvolvidos com a finalidade de refletir
19
o impacto de uma doença sobre a vida do paciente, e podem ser aplicados a várias
populações. Os instrumentos específicos, por sua vez, são capazes de avaliar de
forma pontual determinados aspectos da QVRS, proporcionando uma maior
sensibilidade na detecção de melhora ou piora do aspecto em estudo34,35.
O resultado dos cuidados de saúde pode ser dividido em três categorias
fundamentais: sobrevivência (quanto tempo as pessoas vivem), custo (quais os
custos de intervenção) e QV (como as pessoas vivem). Enquanto QV é um resultado
importante e estabelecido de cuidado de saúde36,37 – a sua medição em receptores
de TxH não foi padronizada ou rigorosamente estudada. No entanto, a medição da
QV tem a capacidade de obter ''uma apreciação completa do impacto da doença e
do tratamento"36, dada a sua dependência em relação à perspectiva do paciente. A
premissa de transplante de órgãos em geral e, em particular, do TxH, é a de
devolver às pessoas um estado de saúde que lhes permita serem produtivas, com
uma existência plena. Este é o enfoque principal da medida da QV20.
2.2 ASPECTOS METODOLÓGICOS INSTRUMENTOS MEDIÇÃO QVRS
A avaliação da QV pode ser feita por meio de duas abordagens básicas: por
questionários genéricos ou por questionários específicos para a doença32,38,39.
Quando o objetivo do estudo é avaliar a QV em geral, pode optar-se por um
questionário genérico. Porém, caso o objetivo do estudo seja avaliar apenas a
frequência, intensidade e duração dos sintomas de uma determinada doença, deve
optar-se por um questionário específico. Quando o objetivo é avaliar a QVRS, é
correto escolher um questionário multidimensional específico para a doença, que irá
analisar outras dimensões além dos sintomas físicos, tais como o impacto sobre as
atividades sociais, emocionais e/ou outras atividades diárias. A seleção do
instrumento deve ser determinada pelo seu conteúdo e contexto de uso, já que não
há ferramentas de avaliação únicas; deve ser procurado, portanto, aqueles que
melhor se adequam à meta desejada, uma vez que cada instrumento tem as suas
vantagens e suas desvantagens40.
20
O questionário quando traduzido e validado em outro idioma deve ter
aplicação prática e geral, para poder ser aplicado, posteriormente, em diferentes
locais, sem perder a suas características básicas41,42.
2.2.1 Processo de Tradução
A primeira etapa de um processo de tradução formal de um instrumento
envolve dois ou mais tradutores trabalhando separadamente ou em conjunto, para
produzir uma versão consensual do questionário. Outra abordagem é o método de
retrotradução ou tradução inversa, que também deve ser acordado, com a
participação de, pelo menos, duas pessoas proficientes no idioma no qual o
instrumento foi publicado, que tem o objetivo de traduzir o texto recém-traduzido
para língua de origem e conferir a equivalência semântica43,44.
Estudos de validação têm usados recomendações para tradução dos
questionários44,45, que deverão ser sistematicamente seguidos40,43,46. O processo de
tradução e retrotradução deve ter foco principal na avaliação da equivalência
semântica40,47. É conveniente usar palavras mais adequadas, em uma maior
amplitude de áreas geográficas e regiões culturais, pois, raramente, um instrumento
será utilizado somente no país ou região cultural em que foi criado ou adaptado para
uso40.
2.2.2 Propriedades Psicométricas
A validação de um questionário também deve seguir etapas bem definidas,
para que sua utilidade seja comprovada e segura para aplicação em pesquisa
clínica, o que ocorre com a mensuração das propriedades avaliação clínica,
chamada “propriedades psicométricas”, que tem por objetivo medir os constructos
da QVRS48,49. Diferentes requisitos psicométricos devem ser abordados no processo
de validação linguagem, tais como: confiabilidade e validade50.
21
2.2.2.1 Confiabilidade
Confiabilidade é a primeira característica que um instrumento deve possuir.
Refere-se ao grau em que a aplicação repetida de um instrumento em um mesmo
sujeito produz resultados iguais, ou seja, indica a reprodutibilidade de uma medida51.
A confiabilidade pode ser avaliada pela consistência interna, reprodutibilidade e
validade discriminante. A validade pode ser avaliada pelo valor de conteúdo, de
critério e de constructo48,49. A resposta à intervenção é considerada como uma
propriedade distinta e separadas as propriedades psicométricas de validade e
confiabilidade nos questionários de QV, para avaliar questões relacionadas com a
sua sensibilidade32,52.
2.2.2.2 Validade
A validade de um instrumento pode ser definida como a sua capacidade de
realmente medir aquilo que se propõe a medir. Há três tipos principais de validade:
de conteúdo, de critério e de constructo31.
2.2.2.2.1 Validade de Conteúdo
Refere-se ao julgamento sobre se o instrumento realmente abrange os
diferentes aspectos do seu objeto de medição e não contém elementos que possam
ser atribuídos a outros objetos. Um instrumento deve ter representados todos os
itens do domínio da variável que se deseja medir. Há duas maneiras de se avaliar a
validade de conteúdo: a representatividade do conjunto de itens escolhidos e o tipo
de construção usado para medir o conceito em questão53.
22
2.2.2.2.2 Validade de Critério
Evidência que mostra a extensão na qual os escores de um instrumento são
relacionados a uma medida de critério. Avalia-se o grau com que o instrumento
discrimina sujeitos que diferem em determinada(s) característica(s) de acordo com
um critério padrão31.
2.2.2.2.3 Validade de Constructo
É a evidência de que uma interpretação proposta dos escores baseada no
referencial teórico está associada ao constructo a ser mensurado. O método mais
comum para se obter a validade de constructo inclui o exame de relações lógicas
que poderiam existir com outras medidas e/ou padrão de escores para grupos
conhecidos. Para medir a validade de constructo, pode-se utilizar: a evidência
correlacional – estabelece em que grau o instrumento se correlacionará (validade
convergente) ou não se correlacionará (validade divergente) com outros que medem
o mesmo constructo, demonstrando que o instrumento é válido para avaliar o que se
pretende. A validade convergente avalia a sensibilidade do instrumento, por meio
das correlações do escore total com os domínios quantitativos e desses entre si. A
validade divergente, a especificidade31,54.
A elaboração de um instrumento de medida é um processo complexo e
demorado. No entanto, temos disponível uma gama enorme de instrumentos, porém
de origem europeia e/ou americana. Para utilizá-los, o pesquisador deve fazer, além
da tradução, a adaptação cultural dessa medida, segundo um conjunto de etapas
padronizadas para atingir a equivalência idiomática, cultural e conceitual, assim
como avaliar as propriedades psicométricas do instrumento em questão55.
23
2.3 QUESTIONÁRIOS GENÉRICOS & ESPECÍFICOS
Em doenças hepáticas crônicas, o instrumento de QV específico da doença
avalia estado físico e mental do paciente relacionado a sintomas, tratamento e
prognóstico da enfermidade em questão. As ferramentas comumente usadas na
avaliação de QV são Chronic Liver Disease Questionnaire (CLDQ)56, Liver Disease
Quality of Life (LDQOL)
57
, Transplant Effects Questionnaire (TxEQ-D)
58
, Ferrans
and Powers Questionnaire (FPQ)59 e National Institute of Diabetes, Digestive and
Kidney Diseases Liver Transplantation Questionnaire (NIDDKQOL) 60.
Instrumentos genéricos de QV, como Medical Outcomes Short Form-36 (SF-36)
61
, EuroQOL (EQ-5D)62 e Nottingham Health Profile (NHP)63, são utilizados para
avaliar domínios amplos de QV. Avaliações de QV genéricas e específicas da
doença em paralelo facilitam análise da QV global e quantitativa30.
2.3.1 Instrumentos genéricos
São aqueles desenvolvidos com a finalidade de refletir o impacto de uma
doença sobre a vida do paciente, e podem ser aplicados a várias populações.
Podem avaliar o perfil de saúde e as medidas que indicam a preferência do paciente
por determinado estado de saúde, tratamento ou intervenção. Os instrumentos
genéricos são úteis para comparar a QVRS entre pacientes com diferentes doenças
crônicas, ou mesmo para avaliar a QVRS de uma única população em relação a
uma doença. Como são globais, eles podem não detectar situações importantes
experimentadas por pacientes com doenças específicas a um mesmo grupo de
pessoas depois de um momento34,35.
Dentre os instrumentos genéricos, o SF-36 parece ser o mais utilizado para
avaliar QV em receptores de TxH. O número de estudos longitudinais utilizando o
SF-36 é limitado; no entanto, vários estudos têm demonstrado capacidade de
resposta do instrumento para mudanças na saúde ao longo do tempo, por meio de
melhorias nos escores após o transplante64,65,66. A capacidade do SF-36 para
24
detectar as diferenças consideráveis na área da saúde entre pacientes em fase
terminal de doença hepática e receptores de transplante ainda deixa dúvidas sobre a
sensibilidade do SF-36 para detectar pequenas alterações ao longo do tempo. Além
disso, a medição com o SF-36 não identificou diferenças significativas na QV em
pacientes transplantados que permanecem com cuidados intensivos prolongados ou
necessidade de hemodiálise em comparação com aqueles com recuperação e sem
complicações67. Da mesma forma, outros estudos demonstraram a falta de
correlação entre a QV medido em pacientes que aguardam o transplante e a
gravidade da doença hepática avaliada pelo escore de gravidade Model for EndStage Liver Disease (MELD)5,69. Estes resultados destacam possíveis deficiências
no SF-36 para capturar os aspectos relevantes da saúde e específicos para o TxH20.
2.3.2 Instrumentos específicos
Os instrumentos específicos, por sua vez, são capazes de avaliar de forma
pontual determinados aspectos da QVRS, proporcionando uma maior sensibilidade
na detecção de melhora ou piora do aspecto em estudo34,35.
No Brasil, de nosso conhecimento, não existe um questionário validado para
avaliar QV em transplantados hepáticos, somente para portadores de doenças
hepáticas. Assim, para avaliar a QV depois do TxH, os pesquisadores têm utilizado
questionários genéricos69,70.
Nenhum dos instrumentos atuais desenvolvidos para esse público em
específico aborda aspectos-chave para pacientes transplantados, incluindo questões
relacionadas como queixas pós-cirúrgicas, dor na ferida operatória, formação de
hérnia, cicatrizes e desfiguração. Além disso, os pacientes podem experimentar
estresses relacionados a preocupações com eventuais complicações associadas da
anestesia geral, o próprio processo ou preocupações com a transmissão de doenças
por meio do doador. Receptores de TxH também podem ter ansiedade relacionada à
falência do enxerto, aguda ou crônica. O risco de câncer, infecções oportunistas,
outros efeitos colaterais de agentes imunossupressores (por exemplo, surgimento de
25
diabetes mellitus), e o risco de recorrência da doença de fígado primária são outras
preocupações altamente relevantes20.
Além disso, o panorama das possíveis complicações mudou ao longo do
tempo devido ao aumento na utilização de enxertos com critérios expandidos, ou
seja, enxertos que, anteriormente, não eram considerados adequados para uso, mas
que, em face da discrepância entre o número de candidatos sobrepujar muito o de
doadores, têm sido empregados. Por exemplo, os transplantes intervivos, bem como
doação após morte cardíaca, estão associados com o aumento das taxas de
complicações biliares, o que pode resultar em efeitos negativos significativos sobre a
QV71. Em um certo sentido, o TxH tornou-se vítima de seu próprio sucesso,
resultando em uma maior demanda no contexto de uma limitada oferta de doadores
de órgãos adequados. Como consequência dessa discrepância crescente, os
receptores mais doentes estão a receber enxertos com critérios expandidos,
definidos, genericamente, como enxertos de qualidade intrínseca inferior72,73,74.
Embora o uso de enxertos com critérios expandidos em pacientes mais doentes
possam se associar com taxas de sobrevida aceitáveis, muitos desses pacientes
necessitam de retransplante ou sobrevivem com complicações crônicas – portanto,
com QV diminuída. Além disso, preditores de risco em pacientes transplantados,
incluindo a etiologia da doença hepática, idade do receptor e associado a comorbidades têm mudado ao longo das últimas duas décadas. Como o campo da
transplantação continua a evoluir, resultados de QV relatados pelo paciente
precisam ser sensíveis às consequências de diferentes tipos de enxerto, fatores
técnicos e cirúrgicos, em tratamento com imunossupressores e características de
receptores que podem afetar a sobrevida20.
2.4 ADAPTAÇÃO CULTURAL
Historicamente, a adaptação de instrumentos elaborados em uma outra
cultura e/ou idioma se detinha à simples tradução do original ou, excepcionalmente,
à comparação literal desta com uma retradução. Há algum tempo, sugere-se que a
avaliação semântica constitua apenas um dos passos necessários ao processo de
adaptação cultural8,44. Recomenda-se que o processo seja uma combinação entre
26
um componente de tradução literal de palavras e frases de um idioma ao outro, e um
processo meticuloso de sintonização que contemple o contexto cultural e estilo de
vida da população-alvo da versão47,75.
A medição da QVRS, com frequência, pressupõe a utilização de um
questionário desenvolvido originalmente em outro contexto cultural. Nesse caso, é
necessário adaptar o instrumento a língua ou cultura em que pretenda utilizá-lo,
mediante um processo de adaptação cujo objetivo principal deve ser o de preservar
o conteúdo semântico no uso habitual da linguagem da nova tradução, atingindo,
assim, uma equivalência de significados dos questionários em ambas culturas76. A
adaptação cultural é o processo no qual produz um instrumento equivalente
adaptado para outra cultura40. Portanto, é diferente de tradução, que é um processo
simples. A tradução não demonstra o significado no contexto. A adaptação cultural
pode significar, às vezes, mudanças na estruturação dos itens no questionário e na
modelagem, próprios domínios para preservar as hipóteses dos constructos76. A
proposta de Herdman et al.77 na área de desenvolvimento de instrumentos de
aferição sobre QV se alicerça em uma interessante revisão sobre o tema, na qual os
autores identificam a pletora terminológica encontrada na literatura e a confusão que
a consequente superposição gera entre os pesquisadores da área7. No primeiro de
dois importantes artigos, também apontam quatro perspectivas que tendem a reger
os programas de investigação de adaptação cultural7. A primeira, denominada
”ingênua” (naive), se baseia apenas no processo de tradução simples e informal do
instrumento original. A segunda, denominada “relativista”, afirma a impossibilidade
do uso de instrumentos padronizados em diferentes culturas e propõe que somente
aqueles concebidos localmente devam ser utilizados. Nesse caso, a noção de
equivalência não é pertinente e, por extensão, a possibilidade de interlocução. A
terceira perspectiva, cunhada de “absolutista”, assume que a cultura tem um impacto
mínimo nos constructos a serem mensurados e que estes são invariantes em
diferentes contextos. Em termos metodológicos, a ênfase é toda no processo de
tradução e retradução do instrumento. A última perspectiva, denominada
“universalista”, não assume a priori que os constructos são os mesmos em
diferentes culturas. Nesse sentido, é necessário primeiro investigar se um conceito
efetivamente existe ou se é interpretado similarmente na nova cultura, para, depois,
se estabelecer sua equivalência cultural por meio de metodologia própria47.
27
Posteriormente, Herdman et al.77 propõem um roteiro básico. Assumindo a postura
”universalista”, apresentam um modelo de avaliação do processo de adaptação
cultural que abrange a apreciação de equivalência entre o instrumento original e
aquele a ser adaptado. Definições e detalhes são oferecidos a respeito de seis tipos,
a saber, equivalência conceitual, de item, semântica, operacional, de mensuração e
funcional47.
28
3 JUSTIFICATIVA
Em números absolutos, o Brasil é um dos países que mais realiza TxH em
adultos, a maioria deles custeada pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em
consequência, há um importante contingente de pessoas vivendo com um fígado
transplantado, dos quais ainda desconhecemos a QV, um dos objetivos do
procedimento. Tal lacuna deve-se ao fato de inexistirem instrumentos adequados,
confiáveis e de fácil aplicação. Pesquisadores norte-americanos desenvolveram um
questionário específico para pacientes transplantados, denominado post-Liver
Transplant Quality of Life (pLTQ)9, que demonstrou ser válido e consistente na
população de origem, mas ainda não validado na população brasileira. Portanto,
justifica-se realizar a validação linguística e adaptação cultural do questionário “postLiver Transplant Quality of Life (pLTQ)” em um grupo representativo de
transplantados hepáticos para uso em nosso meio.
29
4 OBJETIVOS
4.1 OBJETIVO GERAL
Realizar adaptação cultural para Língua Portuguesa do Questionário postLiver Transplant Quality of Life (pLTQ) em um grupo representativo de pacientes
adultos transplantados hepáticos na população brasileira.
4.2 OBJETIVO ESPECÍFICO
Avaliar o desempenho no questionário de qualidade de vida em pacientes
transplantados hepáticos realizado por diferentes etiologias de hepatopatia e com
diferentes graus de insuficiência hepática por meio das propriedades psicométricas.
30
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Neuberguer J. What is the real gain after liver transplantation? Liver
Transplant. 2009:15 (Suppl 2):S1-S5.
2. Roberts MS, Angus DC, Bryce CL, Valenta Z, Weissfeld L. Survival after liver
transplantation in the United States: a disease-specific analysis of the UNOS
database. Liver Transpl. 2004;10:886-97.
3. World Health Organization. The prevention of perinatal mortality and morbidity.
Geneva, Switzerland, Who Technical Report Series.1970; Report 457.
4. Glise H, Wilklund I. Health-related quality of life and gastrointestinal disease. J
Gastroenterol Hepatol. 2002;17(Suppl):S72–S84.
5. Kanwal F, Hays RD, Kilbourne AM, Dulai GS, Gralnek IM. Are physicianderived disease severity indices associated with healthrelated quality of life in
patients with end-stage liver disease? Am J Gastroenterol. 2004;99:1726-32.
6. Gralnek IM, Hays RD, Kilbourne A, Rosen HR, Keeffe EB, Artinian L, et al.
Development and evaluation of the liver disease quality of life instrument in
persons with advanced, chronic liver disease-the LDQOL 1.0. Am J
Gastroenterol. 2000;95:3552-65.
7. Gill T, Feinstein AR. A critical appraisal of the quality of quality of life
measurements. JAMA.1994, 272(8):619-26.
8. Herdman M, Fox-Rushby J, Badia X. ‘Equivalence’ and the translation and
adaptation of health-related quality of life questionnaires. Qual Life Res.
1997;6(3):237-47.
9. Saab S, Ng V, Landaverde C, Lee S-J, Comulada WS, Arevalo J, et al.
Development of a Disease-Specific Questionnaire to Measure Health-Related
Quality of Life in Liver Transplant Recipients. Liver Transplantation.
2011;17:567-79.
10. Starzl T, Murase N, Marcos A, Fung J. History of Liver and Multivisceral
Transplantation. In: Busuttil RW, Klintmalm, editors. Transplantation of the
Liver. 2th edition. Philadelphia: Elsevier Saunders; 2005. p. 3-22.
11. National Institutes of Health Consensus Development Conference Statement:
liver transplantation. June 20-23, 1983. Hepatology. 1984;4(suppl): 107S110S.
12. Jamieson NV, Sundberg G R, Lindell S, Claesson K, J Moen, Vreugdenhil PK,
et al. Successful 24-hour liver preservation: a preliminary report. Proceedings
of the International Organ Transplant Forum, Pittsburgh, EUA, 1987:74.
31
13. Mies S. Transplante de Fígado. Rev Ass Med Brasil.1998;44:127-34.
14. Gotardo, DRM. Qualidade de vida e TxH: avaliação comparativa em
diferentes fases pré e pós cirurgia. [Tese de doutorado]. São Paulo:
Faculdade de Medicina de São Paulo, 2007.
15. European Liver Transplant Registy [online] Villejuif, França; 2014. [Capturado
em 01 abr. 2014]. Disponível em: http://www.eltr.org/spip.php?article161.
16. United Network for Organ Sharing (UNOS). [online] Virginia, EUA; 2014.
[Capturado
em
01
abr.
2014].
Disponível
em:
http://www.unos.org/donation/index.php?topic=data.
17. Associação Brasileira de Transplante de Órgãos. Registro Brasileiro de
Transplantes. 2013 p. 3.
18. Brandão A, Fuchs SC, Gleisner AL, Marroni C, Zanotelli ML, Cantisani G on
behalf of the Liver Transplantation Group. MELD and others predictos of
survival after liver transplantion. Clin Transplant 2009; 23: 220-7.
19. OMS. The World Health Organization Quality of Life Assessment (WHOQOL):
position paper from the World Health Organization. Social science and
medicine. 1995;41(10):403-9.
20. Jay LC, Butt Z, Ladner PD, Skaro AI, Abecassis MM. A review of quality of life
instruments used in liver transplantation. J Hepatol. 2009; 51:949-59.
21. Gross CR, Malinchoc M, Kim WR, Evans RW, Wiesner RH, Petz JL, et al.
Quality of life before and after liver transplantation for cholestatic liver disease.
Hepatology. 1999; 29:356-64.
22. Cannesson A, Boleslawski E, Declerck N, Mathurin P, Pruvot FR, Dharancy S.
Daily life, pregnancy, and quality of life after liver transplantation. Presse Med.
2009; 38:1319-24.
23. Invernizzi P, Mackay IR. Transplantation in autoimmune liver diseases. World
J Gastroenterol. 2008;14: 3374-87.
24. Van Ginneken BT, Van den Berg-Emons RJ, Kazemier G, Metselaar
HJ,Tilanus HW, Stam HJ. Physical fitness, fatigue, and quality of life after liver
transplantation. Eur J Appl Physiol. 2007; 100:345-53.
25. Painter P, Krasnoff J, Paul SM, Ascher NL. Physical activity and health-related
quality of life in liver transplant recipients. Liver Transpl. 2001;7(3):213-9.
26. Masala D, Mannocci A, Unim B, Del Cimmuto A, Turchetta F, Gatto G, et al.
Quality of Life and Physical Activity in Liver Transplantation Patients: Results
of a Case-Control Study in Italy. Transplant Proc. 2012: 44: 1346-50.
32
27. Van den Berg-Emons R, Kazemier G, van Ginneken BC, Nieuwenhuijsen,
Tilanus H, H Stam. Fatigue, level of everyday physical activity and quality and
quality of life after liver transplantation. J Rehabil Med. 2006; 38:124-9.
28. Parolin MB, Coelho JCU, Costa PB, Pimentel SK, Santos-Neto LE, Vayego
SA. Retorno ao trabalho de pacientes adultos submetidos a transplante de
fígado. Arq Gastroenterol. 2001;38(3):172-5.
29. Saab S, Wiese C, Ibrahim AB, Peralta L, Durazo F, Han S, et al. Employment
and Quality of Life in Liver Transplant Recipients. Liver Transplantation.
2007;13:1330-8.
30. Yang LS, Shan LL, Saxena A, Morris DL. Liver Transplantation: A Systematic
Review of Long-term Quality of Life. Liver International. 2014;apr:1-16.
31. Scattolin, FAA. Qualidade de Vida – A Evolução do Conceito e os
Instrumentos de medida. Rev. Fac. Ciênc. Méd. Sorocaba. 2006;8(4):1–5.
32. Guyatt GH. Measuring health-related quality of life. Ann Intern Med.
1993;118:622-9.
33. Auquier P, Simeoni MC, Mendizabal H. Approaches théoriques et
méthodologiques de la qualité de vie a la santé. Rev Prevenir. 1997; 33:77-86.
34. Ciconelli RM. Tradução para o português e validação do Questionário
Genérico de Avaliação de Qualidade de Vida “Medical Outcomes 36 Item
Short Form Health Survey SF- 36” [tese]. São Paulo (SP): Universidade
Federal de São Paulo; 1997.
35. Guyatt GH, Naylor CD, Juniper E, Heyland DK, Jaeschke R, Cook DJ, et al.
Users' guides to medical literature: how to for use article about related quality
of life. JAMA. 1997; 277(15):1232-7.
36. Cella D, Nowinski CJ. Measuring quality of life in chronic illness: the functional
assessment of chronic illness therapy measurement system. Arch Phys Med
Rehabil. 2002;83:S10–S7.
37. Garratt A, Schmidt L, Mackintosh A, Fitzpatrick R. Quality of life measurement:
bibliographic study of patient assessed health outcome measures. BMJ
2002;324:1417.
38. Yacavone RF, Locke 3rd GR, Provenzale DT, Eisen GM. Quality of life
measurement in gastroenterology: what is available? Am J Gastroenterol.
2001;96:285-97.
39. Talley NJ, Wiklund I. Patient reported outcomes in gastroesophageal reflux
disease: An overview of available measures. Quality Life Research.
2005;14:21-33.
33
40. Spilker B. Quality of life and pharmacoeconomics in clinical trials. 2 nd ed.
Philadelphia: Lippincott-Raven; 1996. p. 3-9.
41. Streiner DL, Norman GR. Health measurement scales. A practical guide to
their development and use. New York: Oxford University Press, Inc; 1989.
42. Lauffer A, Soléb L, Bernsteinb S, Lopesa MH, Francisconia CF. Cómo
minimizar errores al realizar la adaptación transcultural y La validación de los
cuestionarios sobre calidad de vida: aspectos prácticos. Revista de
Gastroenterologia de Mexico. 2013;78(3):159-76.
43. Sperber AD. Translation and validation of study instruments for cross-cultural
research. Gastroenterology. 2004;126(1 Suppl 1):S124-8.
44. Guillemin F, Bombardier C, Beaton D. Cross-cultural adaptation of healthrelated quality of life measures: Literature review and proposed guidelines. J
Clin Epidemiol. 1993;46:1417-32.
45. Principles of Good Practice for the Translation and Cultural Adaptation
Process for Patient-Reported Outcomes (PRO) Measures: Report of the
ISPOR Task Force for Translation and Cultural Adaptation published in Value
in Health. 2005; 8(2):95-104. [capturado 07 maio 2014] Disponível em:
http://www.ispor.org/workpaper/research_practices/PROTranslation_Adaptation.pdf
46. Ciconelli RM. Medidas de avaliação de qualidade de vida. Ver Bras Reumatol.
2003;43:4-8.
47. Reichenheim ME, Moraes CL. Operacionalização de adaptação transcultural
de instrumentos de aferição usados em epidemiologia. Rev Saude Publica.
2007;41(4):665-73.
48. Pasquali L. Instrumentos psicologicos: manual prático de elaboração. Brasilia:
LabPAM/IBAPP; 1999.
49. Pasquali L. Psychometrics. Rev Esc Enferm USP. 2009;43, 929-92.
50. Lindeboom R, Sprangers MA, Zwinderman AH. Responsiveness:
reinvention of the wheel? Health Qual Life Outcomes. 2005;3:8.
A
51. Jacobson, SF. Evaluating instruments for use in clinical nursing research. In:
Frank-Stromborg M, Olsen SJ. Instruments for clinical health-care research.
2nd Ed. Boston: Jones & Bartlett, 1997.
52. Noronha APP, Vendramini CMM, Canguçu C, et al. Propriedades
psicometricas apresentadas em manuais de testes de inteligência. Psicologia
em Estudo. 2003;8:93-9.
53. Menezes PR, Nascimento AF. Validade e confiabilidade das escalas de
avaliação psiquiátrica. In: Gorestein C, Andrade LHSG, Zuardi AW. Escalas
34
de avaliação clínica em psiquiatria e psicofarmacologia. São Paulo: Lemos,
2000. P 23-34.
54. Speyer R, Pilz W, Van Der Kruis J, Brunings Jw. Reliability and validity of
student peer assessment in medical education: A systematic review. Med
Teach. 2011; 33(11): e572–e58.
55. Beaton DE, Bombardier C, Guillermin F, Ferraz MB. Guidelines for the
process of cross-cultural adaptation of self-report measures. Spine. 2000;
24:3186-91.
56. Schulz K H, Kroencke S, Ewers H, Schulz H, Younossi Z M. The factorial
structure of the Chronic Liver Disease Questionnaire (CLDQ). Quality of life
research: an international journal of quality of life aspects of treatment, care
and rehabilitation 2008; 17(4):575-84.
57. Kanwal F, Spiegel B M, Hays R D, Durazo F, Han SB, Saab S, et al. Prospective
validation of the short form liver disease quality of life instrument. Alimentary
pharmacology & therapeutics. 2008; 28(9):1088-101.
58. Ziegelmann J P, Griva K, Hankins M,Harrison M, Davenport A,D. Thompson D, et
al. The Transplant Effects Questionnaire (TxEQ): The development of a
questionnaire for assessing the multidimensional outcome of organ
transplantation - example of end stage renal disease (ESRD). British journal of
health psychology. 2002; 7(Part 4): 393-408.
59. Hagell p, westergren a. The significance of importance: an evaluation of
Ferrans and Powers' Quality of Life Index. Quality of life research: an
international journal of quality of life aspects of treatment, care and
rehabilitation. 2006; 15(5): 867-76.
60. Belle S H, Porayko M K, Hoofnagle J H, Lake J R, Zetterman R K. Changes in
quality of life after liver transplantation among adults. National Institute of
Diabetes and Digestive and Kidney Diseases (NIDDK) Liver Transplantation
Database (LTD). Liver transplantation and surgery: official publication of the
American Association for the Study of Liver Diseases and the International
Liver Transplantation Society. 1997; 3(2): 93-104.
61. Ruta D. Short form 36 questionnaire. Journal of epidemiology and community
health. 1995; 49(5): 555.
62. EuroQol--a new facility for the measurement of health-related quality of life.
Health Policy. 1990; 16(3): 199-208.
63. Wiklund I. The Nottingham Health Profile--a measure of health-related quality
of life. Scandinavian journal of primary health care. 1990; 1(Suppl 2): 15-8.
64. Goetzmann L, Klaghofer R, Wagner-Huber R, Halter J, Boehler A, Muellhaupt
B, et al. Quality of life and psychosocial situation before and after a lung, liver
or an allogeneic bone marrow transplant. Swiss Med Wkly. 2006;136:281-90.
35
65. Krasnoff JB, Vintro AQ, Ascher NL, Bass NM, Dodd MJ, Painter PL. Objective
measures of health-related quality of life over 24 months post-liver
transplantation. Clin Transplant. 2005;19:1-9.
66. Ratcliffe J, Longworth L, Young T, Bryan S, Burroughs A, Buxton M. Costeffectiveness of liver transplantation team. Assessing health-related quality of
life pre and post-liver transplantation: a prospective multicenter study. Liver
Transpl. 2002;8:263-70.
67. Hellgren A, Berglund B, Gunnarsson U, Hansson K, Norberg U, Backman L.
Health-related quality of life after liver transplantation. Liver Transplant Surg.
1998;4:215-21.
68. Saab S, Ibrahim AB, Shpaner A, Zobair M, Younossi ZM, Lee C, et al. MELD
Fails to Measure Quality of Life in Liver Transplant Candidates. Liver
Transplantation, 2005;11(2):218-23.
69. Taroncher CA, Marroni CA, Fleck MPA. Avaliação da Qualidade de vida no
pré e póstransplante ortotópico de fígado. [Dissertação de Mestrado].
UFCSPA, 2007.
70. Santos Jr R, Miyazaki MCOS, Domingos NAM, Valério NI, Silva RF, Silva
RCMA.
Patients
Undergoing
Liver
Transplantation:
Psychosocial
Characteristics, Depressive Symptoms, and Quality of Life. Transplant Proc
2008; 40: 802-3.[
71. Chan EY, Olson LC, Kisthard JA, Perkins JD, Bakthavatsalam R, Halldorson
JB, et al. Ischemic cholangiopathy following liver transplantation from donation
after cardiac death donors. Liver Transplant. 2008;14:604-10.
72. Feng S, Goodrich NP, Bragg-Gresham JL, Dykstra DM, Punch JD, DebRoy
MA, et al. Characteristics associated with liver graft failure: the concept of a
donor risk index. Am J Transplant. 2006;6:783-90.
73. Schaubel DE, Sima CS, Goodrich NP, Feng S, Merion RM. The survival
benefit of deceased donor liver transplantation as a function of candidate
disease severity and donor quality. Am J Transplant. 2008; 8:419-25.
74. Harring TR, O’Mahony CA, Goss JA. Extended donors in liver transplantation.
Clin Liver Dis. 2011; 15: 879-900.
75. Behling O, Law KS. Translating questionnaires and other research
instruments: problems and solutions. Thousand Oaks: Sage; 2000.
76. Sarria EE. Validação de campo dos questionários de qualidade de vida,
PAQLQ e PedsQL 4.0 em crianças asmáticas do Rio Grande do Sul. [tese de
doutorado] Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de
Medicina. Programa de pós-graduação em ciências Pneumológicas. Porto
Alegre, BR-RS, 2007.
36
77. Herdman M, Fox-Rushby J, Badia X. A model of equivalence in the cultural
adaptation of HRQoL instruments: the universalist approach. Qual Life
Res.1998;7(4):323-35.
37
6 ARTIGO EM PORTUGUÊS
VALIDAÇÃO CULTURAL DO POST-LIVER TRANSPLANT QUALITY OF LIFE (PLTQ)
PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA.
Cibele Molski
Rita Mattiello
Ajácio Brandão
38
Periódico para submissão: Liver Transplantation
Validação Cultural do post-Liver Transplant Quality of Life (pLTQ) para a
população brasileira.
Cibele Molski¹, Rita Mattiello², Ajácio Brandão1,3
1.
Programa de Pós-Graduação em Medicina: Hepatologia, Universidade Federal de Ciências da
Saúde de Porto Alegre, Porto Alegre, Brasil
2.
Instituto de Pesquisas Biomédicas, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto
Alegre, Brasil
3.
Grupo de Transplante Hepático do Complexo Hospitalar da Irmandade Santa Casa de Misericórdia
de Porto Alegre, Porto Alegre, Brasil
Autoria
Cibele Molski: coleta de dados, análise de dados/interpretação, desenho do artigo, revisão
crítica do artigo
Rita Mattiello: concepção/desenho, análise de dados, revisão crítica do artigo
Ajácio Brandão: concepção/desenho do artigo, análise de dados/interpretação, revisão
crítica do artigo
Palavras-chaves: Qualidade de vida; Transplante Hepático; Estudos de validação.
Correspondência:
Ajácio Brandão
Rua Eng. Álvaro Nunes Pereira 400, apto 402
Porto Alegre, CEP 90570-110, RS, Brasil
Telephone: + 555132253682
Fax: + 555132253682
E-mail: [email protected]
Conflitos de Interesse
Os Autores declaram não haver conflito de interesses.
39
RESUMO
Objetivo: Validar o Questionário post-Liver Transplant Quality of Life (pLTQ) na
população brasileira. Pacientes e Métodos: A tradução e a adaptação cultural
foram realizadas de acordo com as normas internacionais para validação de
questionários. A validade foi mensurada mediante a validade convergente
(correlações entre os domínios do pLTQ com aqueles do WHOQOL-Bref). A
confiabilidade foi avaliada determinando-se a consistência interna (coeficiente α de
Cronbach), sensibilidade à mudança (tamanho do efeito), reprodutibilidade
(coeficiente
de
correlação
intraclasse),
e
os
efeitos
teto
e
chão.
Resultados: Foram avaliados 160 transplantados hepáticos, com média de idade de
56,9±10,4 anos, a maioria (62,5%) homens e transplantados por carcinoma
hepatocelular (49,4%) atendida no ambulatório de hospital terciário no Sul do Brasil.
Na etapa de tradução e de adaptação cultural, foram modificadas apenas duas
questões. A média do escore total do pLTQ foi 5,58 ±0,9, com efeito mínimo/máximo
< 20%. O coeficiente α de Cronbach para o escore total foi 0,91 (IC 95%: 0,89-0,93),
variando de 0,51 a 0,77 nos domínios.
A sensibilidade à mudança de 0,84 e
reprodutibilidade foi de 0,90. A correlação entre os domínios do pLTQ e aqueles do
WHOQOL-Bref foram aceitáveis (r=0,40). Para as dimensões semelhantes, as
correlações entre WHOQOL-Bref e pLTQ foram estatisticamente significantes
(p<0,001). Conclusão: A versão em Português do Brasil do pLTQ demonstrou bom
desempenho psicométrico do instrumento, sugerindo que é uma ferramenta útil para
uso no contexto cultural brasileiro.
DESCRITORES: Qualidade de vida; Transplante Hepático; Estudos de validação.
40
INTRODUÇÃO
O transplante hepático (TxH) é uma opção terapêutica eficaz para pacientes
em estágio final de doença hepática1, sendo que, nos Estados Unidos, por exemplo,
são feitos, aproximadamente, 6000 transplantes2 cada ano e, no Brasil, em torno de
17003. Estudos reportam sobrevida de 73%-75%4,5 em 5 anos, de 68%-72% em
106,7, e de 48%-56% em 18 anos7,8. Portanto, há um aumento na população de
transplantados hepáticos, que requerem acompanhamento – em junho de 2011,
havia, nos Estados Unidos, aproximadamente, 63.000 transplantados hepáticos
vivos9. Contudo, é importante considerar que os pacientes submetidos a TxH
requerem cuidados permanentes, muito em razão de complicações clínicas que
costumam ocorrer depois do procedimento10. À medida que a sobrevida e os
aspectos clínicos relacionados ao Tx apresentaram melhoras expressivas, o foco de
atenção passou a ser, também, a qualidade de vida (QV), defininda pelo
Organização Mundial da Saúde (OMS)11 como “o estado de completo bem-estar
físico, mental e social e não simplesmente a ausência de doença ou enfermidade” e,
principalmente, a qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS), que descreve as
repercussões que a doença e seu tratamento ocasionam no estilo de vida, equilíbrio
psicológico e grau de bem estar do paciente segundo ele mesmo julgue e valorize12.
Revisões sistemáticas e metanálises, avaliando pacientes transplantados
hepáticos a curto e longo prazo, mostraram que, em geral, o procedimento melhora
a QVRS13-15. Entretanto, até recentemente, inexistia um questionário específico para
avaliar a QVRS disponível em pacientes transplantados hepáticos.
Com este
objetivo, Saab e cols. desenvolveram, nos Estados Unidos, o post-Liver Transplant
Quality of Life (pLTQ)16, que demonstrou ser instrumento válido e consistente para
avaliação da QVRS na população de origem.
A aplicação dos instrumentos de medida de QVRS está limitada à validade e
à confiabilidade do questionário nas diferentes populações17. Quando desenvolvidos
em outros países que não o país no qual serão aplicados, a adequação do processo
de validação (tradução para o idioma local e adaptação para uso no contexto cultural
do país em questão) é fundamental18.
41
O objetivo desse estudo foi traduzir para o Português do Brasil o pLTQ
desenvolvido nos Estados Unidos16, adaptá-lo à realidade brasileira e validá-lo em
uma coorte de pacientes submetidos a TxH, em um centro de referência no Sul do
Brasil.
PACIENTES E MÉTODOS
Pacientes
Entre setembro 2012 a janeiro de 2013, incluiu-se uma amostra de
conveniência de transplantados hepáticos, com idade superior a 18 anos, atendidos
no ambulatório do Serviço de Transplante Hepático da Irmandade Santa Casa de
Misericórdia de Porto Alegre. Foram excluídos da análise pacientes com
incapacidade cognitiva, submetidos a transplante duplo fígado-rim e ou em
tratamento de infecção pelo vírus da hepatite C.
Questionários
O post-Liver Transplant Quality of Life (pLTQ) é um instrumento relativamente
rápido e de fácil aplicação. Avalia fatores específicos para os pacientes submetidos
a TxH, considerando sintomas, humor, comprometimento das atividades vida diária,
nível de energia e cuidados com o transplante que podem afetar a vida desses
indivíduos. É constituído por 32 questões, distribuídas em oito domínios, sendo a
resposta em forma de escala de Likert de 7 pontos: de 1 (todo tempo) a 7 (nunca). O
pLTQ apresenta um escore por domínio e um total, com caráter multidimensional,
avaliando a percepção geral da QV após TxH. O escore em cada domínio é obtido
pela soma das respostas e dividido pelo número de questões compreendidas. O
escore total é obtido pela soma dos domínios e dividido pelo número de itens 16.
42
WHOQOL-Bref, um questionário que avalia a QV versão resumida, composto
por 26 questões, subdivididas em quatro domínios: físico, psicológico, relações
sociais e meio ambiente, e já validado em Português19.
Processo de tradução e validação
O estudo foi realizado em duas etapas: validação linguística do post-Liver
Transplant Quality of Life (pLTQ)16 e a avaliação das propriedades psicométricas.
Validação Linguística
A
tradução
e
adaptação
cultural
foram
realizadas
conforme
as
recomendações internacionais para validação de questionários de acordo com a
seguinte sequência20: 1) Tradução inicial: os itens da versão em Inglês do pLTQ
foram traduzidos para a Língua Portuguesa do Brasil por dois profissionais da
saúde, bilíngues, independentes e cientes do objetivo desta pesquisa, que
realizaram uma tradução conceitual e não estritamente literária. As traduções foram
comparadas pelos tradutores e por um dos autores originais do questionário, sendo
constituída uma tradução consensual; 2) Avaliação da tradução por retrotradução: a
tradução consensual para o Português foi vertida para o Inglês por dois tradutores
bilíngues, independentes, cientes do objetivo da pesquisa e diferentes dos dois
anteriores. Posteriormente, foi realizada a comparação dessas versões com o
instrumento original em Inglês e as avaliações da tradução indicaram equivalência e
reconciliação dos itens, com equivalência semântica entre as traduções; 3)
Avaliação da equivalência cultural (piloto/pré-teste): com finalidade de identificar as
questões eventualmente não compreendidas por nossa população, a versão final da
tradução do instrumento foi aplicada em 10 participantes (estudo piloto).
43
Validação psicométrica
As propriedades psicométricas estudadas foram validade e a confiabilidade. A
validade foi avaliada pela validade convergente, avaliando se os domínios
mensurados no pLTQ correlacionavam-se bem com os domínios equivalentes do
WHOQOL-Bref.
A validade do pLTQ foi avaliada determinando-se: correlações específicas
entre os itens, total e por domínios.
A confiabilidade foi avaliada determinando-se: a) consistência interna
utilizando-se coeficiente alfa de Cronbach [α – C]); b) a sensibilidade à mudança (se
o instrumento é capaz de identificar diferenças na QV entre as entrevistas, medindose o tamanho do efeito [TE]); c) reprodutibilidade (se o instrumento produz
resultados similares, assumindo-se que as condições são as mesmas, medindo-se a
correlação intraclasses [IC])21; d) e os efeitos teto e chão.
A consistência interna foi avaliada em todo o grupo, porém a sensibilidade e
reprodutibilidade dependeram das respostas do Inquérito de Mudanças (InM). No
grupo “Mudaram”, calculou-se o TE, enquanto que, no grupo “Não Mudaram”,
calculou-se o CIC. Também estimou-se a proporção de participantes com os escores
maiores e menores (efeitos teto e chão) para estabelecer o poder discriminatório do
instrumento22. Este valor deve ser < 15%23-25.
A aplicação dos instrumentos, quando os pacientes vinham ao ambulatório
para suas consultas clínicas habituais, foi realizada por meio de entrevista, efetivada
por dois pesquisadores previamente treinados para a sua aplicação. A reavaliação
ou reteste consistiu na aplicação do questionário em duas ocasiões com um
intervalo médio de um mês entre os dois. Na ocasião, era realizada uma avaliação
clínica e subjetiva com a autoavaliação do nível de saúde e QVRS, utilizando-se a
escala Likert de cinco pontos, chamada de Inquérito de Mudanças (InM), para
avaliar a mudança geral entre as duas consultas. Para análise, os pacientes foram
divididos em dois subgrupos: “com mudanças” (indicaram melhora ou piora entre as
duas consultas) e “sem mudanças” (não percebem mudanças). Dessa forma, foi
possível verificar a sensibilidade a mudanças e a reprodutibilidade do pLTQ. Foram
44
considerados expostos a uma percepção de saúde negativa e QVRS negativa
aqueles que avaliam como sendo “muito pior” ou “pior”.
Característica geral da população
O estado nutricional foi definido por meio do Índice de Massa Corporal (IMC)
e categorizado como: <18,4 baixo peso; ≥18,5 - 24,9 eutrófico; ≥25,0 - 29,9
sobrepeso e ≥30,0 obesidade26. O nível socioeconômico foi determinado por meio
do Critério de Classificação Econômica Brasil
27
, versão 2009, que identifica 5
classes econômicas (A,B,C,D,E), segundo a combinação de elementos seguintes:
educação do chefe de família, posse de certos itens materiais, e contar com
empregado mensalista. O escore de gravidade Model for End-Stage Liver Disease
(MELD) foi utilizado para avaliar a gravidade da doença hepática no momento do
transplante, utilizando-se, para o seu cálculo, a fórmula proposta pela United
Network for Organ Sharing (UNOS)28. O tempo, em meses, transcorrido entre o
transplante e a aplicação do questionário foi categorizado em: 0 até <6 meses; 6 até
12 meses; e > 12 meses.
A presença ou ausência de co-morbidades foram
registradas, com ênfase os diagnósticos de diabetes mellitus, hipertensão arterial
sistêmica, osteoporose e obesidade.
O tamanho amostral calculado foi de 160 participantes, tendo em vista a
inclusão de cinco participantes para cada item do instrumento.
Análise Estatística
As variáveis categóricas foram descritas por frequências absolutas e relativas,
e as variáveis continuas foram descritas mediante médias e desvio padrão ou
mediana e intervalo interquartil, conforme a distribuição das variáveis.
A validade convergente foi medida avaliando se os domínios medidos no
post-Liver Transplant Quality of Life (pLTQ)16 se correlacionaram bem com os
domínios equivalentes em um instrumento genérico de QV, o WHOQOL-Bref
20
. As
45
correlações foram estudadas por meio da correlação de Spearman (r) e
consideramos aceitáveis as correlações com valores de r>0,2 29.
A confiabilidade foi testada mediante a consistência interna e percentagem
dos efeitos teto e chão. Para avaliarmos a consistência interna do instrumento,
utilizamos o Coeficiente Alfa de Cronbach (α – C), considerando adequados os
valores ≥ 0,5 25.
A reprodutibilidade foi estimada mediante da determinação do coeficiente de
correlação intraclasse (CIC) entre as entrevistas no subgrupo “sem mudanças”,
considerando aceitáveis valores 0,60
24
. A sensibilidade à mudança foi estimada
calculando o tamanho do efeito das diferenças entre as duas entrevistas. O
Tamanho Efeito (TE) foi calculado nos indivíduos transplantados de hepático
categorizados como “mudaram” a partir do Inquérito de Mudanças (InM). A
interpretação clássica dos valores de TE é: 0,2 = TE pequeno; 0,5 = TE médio; 0,8 =
TE grande.
O nível de significância adotado foi de 5%.
Aspectos Éticos
Incialmente, enviou-se um e-mail ao autor principal pela criação e validação
do pLTQ (SS) solicitando-se autorização para traduzir e validar o instrumento para o
Português do Brasil. Após a autorização, o estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética
em Pesquisa da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. Todos
os respondentes assinaram um termo de consentimento no momento da entrevista.
RESULTADOS
O estudo incluiu um total 160 participantes e 4 foram excluídos por motivo
incapacidade cognitiva e/ou não quiseram participar.
As características gerais da amostra estudada estão apresentadas na Tabela
1. A maioria dos pacientes era do sexo masculino 100 (62,5%), idade média de 56,7
46
anos (DP± 10,4 anos), 50,6% possuíam escolaridade, pelo menos, até Ensino
Fundamental.
Tradução Linguística
Para a realização da equivalência idiomática e equivalência conceitual, foi
sugerida a inclusão de explicação em um item (colocada entre parênteses) para
melhor compreensão e modificada em outro item a palavra “irritadiço” por “irritado”.
Foram, também, discutidas as questões em relação a sua validade de face e de
conteúdo.
O questionário foi aplicado por entrevista, não foi observada dificuldade dos
pacientes em escolher as respostas. O tempo médio de aplicação do pLTQ foi de 14
minutos. A pontuação média do escore total questionário foi de 5,58 ±0,9 e por
domínios: emocional 5,0±1,2; preocupação 5,2±1,2; medicação 6,0±1,0; capacidade
física 5,4±1,2; saúde 6,3±0,9; rejeição 4,7±1,9; financeiro 6,5±0,9 e dor 5,15±1,3.
Propriedades psicométricas
As características psicométricas gerais do pLTQ estão descritas na Tabela 2.
Validade
As correlações pesquisadas aparecem na Tabela 3. Foram encontradas
correlações significativas entre os escores do WHOQOL-Bref e do post-Liver
Transplant Quality of Life (pLTQ), tanto nas pontuações globais quanto nas suas
dimensões equivalentes. O valor de MELD, tempo de transplante, tipo de indicação
para o transplante, e comorbidades não se correlacionaram com a pontuação pLTQ.
47
Confiabilidade, reprodutibilidade e sensibilidade à mudança
O valor de -C no domínio total foi 0,91(0,89-0,93), sendo que todos os
domínios apresentaram valores de -C ≥0,50.
O tamanho do efeito, a reprodutibilidade, foi 0,90 (0,74-0,96). A sensibilidade
à mudança (coeficiente de correlação intraclasse) foi de 0,84.
O efeito chão foi observado somente no domínio Rejeição e Financeiro.
Porém, em todos os domínios, incluindo o escore total, apresentou efeito teto 3.
DISCUSSÃO
A versão em Português do Brasil do pLTQ demonstrou bom desempenho
psicométrico do instrumento, sugerindo que é uma ferramenta útil para uso no
contexto cultural brasileiro. O instrumento mostrou ser válido e confiável para
avaliação da QVRS em transplantados hepáticos adultos com valores semelhantes
aos achados originais do instrumento original.
A versão avaliada do pLTQ, apesar do baixo nível de escolaridade e da
classe econômica dos pacientes avaliados, apresentaram fácil compreensão do
instrumento, e o tempo de aplicação médio foi de 14 minutos, o que sugere que o
questionário é factível de ser aplicado nessa população.
Há similaridades entre os nossos achados com os de Saab e cols16.
A
confiabilidade da versão traduzida do questionário, estimada pelo valor de Alfa de
Cronbach – 0,91 – foi boa, comparativamente ao pLTQ original, de 0,93 16. Todos os
domínios mostraram valores aceitáveis (Alfa de Cronbach ≥ 0,50), indicando que a
versão traduzida do questionário pode ser considerada, em seu todo, uma
ferramenta confiável para avaliar a QV de transplantados hepáticos em nosso meio.
Os menores escores (efeito chão) foram observados nos domínios Rejeição e
Financeiro, sendo as médias desses dois domínios mais baixas na versão traduzida.
O encontro, em nosso estudo, de menor média no domínio financeiro talvez possa
48
ser atribuído ao sistema de saúde brasileiro em que, diferente do que ocorre nos
Estados Unidos, os medicamentos utilizados depois dos transplantes são fornecidos
gratuitamente pelo Estado. Assim, os pacientes – em princípio – não se preocupam
com essas despesas. Tanto a reprodutibilidade quanto a sensibilidade estiveram
dentro de faixas consideradas aceitáveis (0,90 e 0, 84, respectivamente).
O WHOQOL-Bref e pLTQ apresentaram correlações significativas, tanto nas
pontuações globais quanto nas suas dimensões equivalentes (físico e psicológico),
demonstrando, dessa forma, que o instrumento apresenta características similares
de QV. Porém, há preocupações específicas para a população transplantada
hepática que pode afetar a QV dos doentes e não pode, simplesmente, ser
abordada de um instrumento genérico de QV, como efeitos adversos de
medicamentos imunossupressores, rejeição, e a capacidade de pagar pelos
cuidados e por acompanhamento. Logo, o instrumento é capaz de capturar fatores
específicos para transplantados hepáticos que, geralmente, não são abordados por
questionários genéricos16.
Associações entre o pLTQ e o escore MELD no dia do transplante não foram
significativas, assim como outras variáveis avaliadas, como tempo transcorrido entre
o transplante e a aplicação do questionário, indicação para o transplante e presença
de comorbidades no pós-operatório. Em nossa coorte, a média do MELD no dia do
transplante foi 16,3; o que, então, parece corroborar os achados de Rodrigue et al.30,
que mostraram que o impacto do escore MELD na QV depois do TxH tem relevância
quando > 25, ou seja, indicativo de doença hepática de maior gravidade.
Uma limitação de nosso estudo pode ter sido a inclusão de pacientes de um
único centro de transplantes da região Sul do Brasil. Contudo, é um centro em
atividade desde 1991, com mais de 1.000 transplantes realizados e com resultados
satisfatórios no que se refere à sobrevida de pacientes e enxertos31.
No período pós-operatório imediato do TxH, os pacientes estão sujeitos a
uma série de intercorrências associadas, principalmente, ao uso de doses maiores
de imunossupressores e ao ato cirúrgico em si, assim que é esperado que sua
QVRS seja mais afetada nesse período, sendo, então, importante entender as
mudanças de QVRS ao longo do tempo a TxH32. Para transplantadores e
hepatologistas, o questionário validado e disponível no Brasil se tornará um
importante instrumento para clínicos e pesquisadores, uma vez que não se dispõe,
49
em nosso meio, até então, um instrumento específico para avaliar e monitorar a
condição física e emocional dos pacientes transplantados. Desta forma, avaliações
periódicas dos pacientes poderão ser feitas e aqueles com piores escores de QV
poderão ser identificados e, eventualmente, receber suporte especializado.
Em conclusão, a versão em Português do Brasil do pLTQ demonstrou bom
comportamento nas propriedades psicométricas avaliadas: validade convergente,
consistência
interna,
sensibilidade
à
mudança
e
reprodutibilidade.
Consequentemente, a versão do pLTQ parece adequada e aplicável para os
pacientes transplantados hepáticos de diferentes etiologias e graus de gravidade da
doença, o que apoia a utilização dessa versão, agora, disponível na Língua
Portuguesa do Brasil.
50
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
1. Neuberguer J. What is the real gain after liver transplantation? Liver
Transplant. 2009;15 (Suppl 2):S1-S5.
2. Organ Procurement and Transplantation Network. [online] Virginia, EUA;
2014. [Capturado em 01 abr. 2014]. Disponível em:
http://optn.transplant.hrsa.gov
3. Registro Brasileiro de Transplantes. Dimensionamento dos transplantes no
Brasil e em cada estado (2006-2013). 2013; Ano XIX: 4.
4. Roberts MS, Angus DC, Bryce CL, Valenta Z, Weissfeld L. Survival after liver
transplantation in the United States: a disease-specific analysis of the UNOS
database. Liver Transpl. 2004;10:886-97.
5. Berg CL, Steffick DE, Edwards EB, Heimbach JK, Magee JC, Washburn WK,
et al. Liver and intestine transplantation in the United States 1998-2007. Am
J Transplant. 2009; 9:907-31.
6. Kamei H, Al-Basheer M, Shum J, Bloch M, Wall W, Quan D. Comparison of
short- and long-term outcomes after early versus late liver retransplantation:
a single-center experience. J Surg Res. 2013; 185: 877-82.
7. Jain A, Reyes J, Kashyap R, Dodson SF, Demetris AJ, Ruppert K, et al. Longterm survival after liver transplantation in 4,000 consecutive patients at a
single center. Ann Surg. 2000; 232: 490-500.
8. Duffy JP, Kao K, Ko CY, Farmer DG, McDiarmid SV, Hong JC, et al. Longterm patient outcome and quality of life after liver transplantation: analysis of
20-year survivors. Ann Surg. 2010; 252: 652-61.
9. Annual Report of the U.S 2011. Organ Procurement and Transplantation
Network and the Scientific Registry of Transplant Recipients: Transplant Data
1998-2011. Department of Health and Human Services, Health Resources
and Services Administration, Healthcare Systems Bureau, Division of
Transplantation, Rockville, MD; United Network for Organ Sharing,
Richmond, VA; University Renal Research and Education Association, Ann
Arbor, MI.
10. Singh S, Watt KD. Long-term Medical Management of the Liver transplant
recipient: what the primary care physician needs to known. Mayo Clin Proc.
2012; 87: 779-90.
11. The WHOQOL Group. Development of the World Health Organization
WHOQOL-BREF Quality Of Life Assesment. Psychol Med. 1998; 28: 551-8.
12. Guyatt GH. Measuring health-related quality of life. Ann Intern Med.
1993;118:622-9.
51
13. Bravata DM, Olkin I, Barnato AE, Keeffe EB, Owens DK. Health-Related
Quality of Life after Liver Transplantation: A Meta-Analysis. Liver Transpl
Surg. 1999;3:318-31.
14. Tome S, Wells JT, Said A, Lucey MR. Quality of life after liver transplantation.
A systematic review. J Hepatol. 2008;48:567-77.
15. Yang LS, Shan LL, Saxena A, Morris DL. Liver Transplantation: A Systematic
Review of Long-term Quality of Life. Liver International. 2014;apr:1-16.
16. Saab S, Ng V, Landaverde C, Lee S-J, Comulada WS, Arevalo J, et al.
Development of a Disease-Specific Questionnaire to Measure HealthRelated Quality of Life in Liver Transplant Recipients. Liver Transplantation.
2011;17:567-79.
17. Gill T, Feinstein AR. A critical appraisal of the quality of quality of life
measurements. JAMA.1994, 272(8):619-26.
18. Herdman M, Fox-Rushby J, Badia X. ‘Equivalence’ and the translation and
adaptation of health-related quality of life questionnaires. Qual Life Res.
1997;6(3):237-47.
19. Acquadro C, Conway K, Hareendran A, Aaronson N. Literature review of
methods to translate health-related quality of life questionnaires for use in
multinational clinical trials. Value in Health. 2008;11(3):509-21.
20. Fleck MPA, Louzada S, Xavier M, Chachamovich E, Vieira G, Santos L, et al.
Aplicação da versão em português do instrumento abreviado de avaliação da
qualidade de vida "WHOQOL-bref". Rev Saúde Pública. 2000,34(2):178-83.
21. Streiner DL, Norman GR. Health Measurement Scales: A Practical Guide to
Their Development and Use. New York: Oxford University Press; 2003.
22. Fayers P, Machin D. Quality of life: the assessment, analysis and
interpretation of patient-reporte outcomes. West Suxxes: Wiley; 2007.
23. Speyer R, Pilz W, Van Der Kruis J, Brunings JW. Reliability and validity of
student peer assessment in medical education: a systematic review. Med
Teach. 2011;33(11):e572-85.
24. Pasquali L. Psychometrics. Rev Esc Enferm USP. 2009;43:929-92.
25. Soutello ALS, Rodrigues RCM, Jannuzzi FF, Spana TM, Gallani MCBJ,
Nadruz W Jr. Desempenho psicométrico da versão brasileira do Minicuestionario de calidad de vida en la hipertensión arterial (MINICHAL). Rev.
Latino-Am. Enfermagem. 2011;19(4):1-10.
26. Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN). Organização Mundial de
Saúde, 1995 e 1997. [online] [Capturado em 22 out. 2014] Disponível em:
http://abran.org.br/para-o-publico/calculadoras/artigos-parceiros
52
27. ABEP- Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa. [acesso 14 out.
2011]. São Paulo; 2009. Disponível em:
http://www.abep.org/novo/Content.aspx?ContentID=139.
28. United Network for Organ Sharing (UNOS) [acesso 14 de out. 2014] Virginia,
EUA; 2014. Disponível em:http://www.unos.org/
29. Ebel RL. Essentials of educational measurement. New Jersey: Prentice Hall;
1972.
30. Rodrigue JR, Nelson DR, Reed AI, Hanto DW, Curry MP. Is Model for EndStage Liver Disease score associated with quality of life after liver
transplantation? Progr Transplant. 2011;21(3):207-14.
31. Machado A, Fleck Jr AM, Marroni CA, Zanotelli ML, Cantisani G, Brandão A.
Impacto f MELD score implementation on liver allocation: experience at a
Brazilian center. Ann Hepatol.2013;12:440-7.
32. Gross CR, Malinchoc M, Kim WR, Evans RW, Wiesner RH, Petz JL, et al.
Quality of life before and after liver transplantation for cholestatic liver
disease. Hepatology.1999;29:356-64.
53
54
TABELAS
Tabela 1 - Características Demográficas dos Transplantados Hepáticos
_____________________________________________n=160________
Idade (anos), média ± DP
56,9 ± 10,4
Gênero (masculino), n (%)
100 (62,5)
Escolaridade, n (%)
Analfabeto
0(0)
Ensino Básico
3(1,9)
Ensino Fundamental
81(50,6)
Ensino Médio
72(45,0)
Ensino Superior
4(2,5)
Nível socioeconômico, n(%)
Classe A
35(21,9)
Classe B
29(18,1)
Classe C
42(26,3)
Classe D
43(26,9)
Classe E
11(6,9)
MELD, média ± DP
16,3 ± 6,3
Tempo de transplante (meses), mediana
73,5 (25,5-119,7)
(IQ 25-75)
Tempo de transplante, n(%)
0 até <6 meses
15(9,4)
6 até 12 meses
14(8,8)
> 12 meses
131(81,9)
Indicação de transplante, n(%)
Carcinoma Hepatocelular
79(49,4)
Cirrose Alcoólica
15(9,4)
Cirrose Criptogênica e DHGNA
11(6,9)
Hepatite B
8(5)
Hepatite C
29(18,1)
Hepatite Fulminante
3(1,9)
Outros
15(9,4)
DP: desvio padrão; MELD: Model for End-stage Liver Disease; IQ:
intervalo interquartil; DHGNA: Doença hepática gordurosa nãoalcóolica. Outros: Colangite Esclerosante Primária, Cirrose autoimune,
Doença policística, Cirrose Biliar Primária e Metástase carcinoma
neuroendócrino.
55
Tabela 2 - Características do Post Liver Transplant Quality of Life Questionnaire (pLTQ) na população Brasileira
Escores do
pLTQ
Variáveis
Total
Domínio
Emocional
Preocupações
Medicação
Capacidade
Física
Saúde
Rejeição
Financeiro
Dor
32
5,58 ± 0,9
4
5,0 ± 1,2
7
5,2 ± 1,2
4
6,0 ± 1,0
6
5,4 ± 1,2
4
6,3 ± 0,9
2
4,7 ± 1,9
2
6,5 ± 0,9
3
5,15 ± 1,3
Efeito chão, n (%)
0(0)
0(0)
0(0)
0(0)
0(0)
0(0)
11(6,9)
1(0,6)
0(0)
Efeito teto, n (%)
3(1,9)
9(5,6)
14(8,8)
48(30)
12(7,5)
56(35)
39(24,4)
118(73,8)
15(9,4)
0,91(0,89-0,93)
0,69(0,61-0,76)
0,77(0,72-0,82)
0,59(0,48-0,69)
0,72(0,64-0,78)
0,59(0,48-0,69)
0,69(0,58-0)
0,51(0,33-0,64)
0,51(0,36-0,63)
0,93
0,78
0,85
0,70
0,79
0,66
0,72
0,64
0,60
Itens, n
Média ± dp
-C, média IC95%
-C,média*
pLTQ: Post Liver Transplant Quality of Life Questionnaire.
-C: Coeficiente de alfa Cronbach.
* dados do artigo original do Post Liver Transplant Quality of Life Questionnaire
56
Tabela 3 - Correlação dos escores do questionário WHOQOL-Bref com o
instrumento Post-Liver Transplant Quality of Life (pLTQ)
Variáveis
Total
Domínios do
WHOQOL-Bref
Total
Físico
Psicológico
r(p)
Escores do pLTQ,
r(p)
Domínio
Capacidade Física
Emocional
r(p)
r(p)
0,40(<0,001*)
0,37 (<0,001*)
pLTQ: post-Liver Transplant Quality of Life
WHOQOL-Bref: World Health Organization Quality of Life – Bref
* Correlação de Pearson
0,26 (0,001*)
57
ANEXO ARTIGO
Versão em Inglês do questionário Post-Liver Transplant Quality of Life
Questionnaire
Perguntas e escala de respostas do Post-Liver Transplant Quality of Life (pLTQ).
Post-Liver Transplant Quality of Life Questionnaire
This questionnaire is designed to find out how you have been feeling during the past four
weeks. You will be asked about your symptoms and mood related to you being a liver
transplant recipient. In addition, you will be asked about how being a liver transplant recipient
affects your daily activities, energy level, and how much the post liver transplantation followup care affects your life. Please complete all of the questions and select only one response
for each question.
1. In the past four weeks, how often have you felt concerned about having short and/or longterm memory loss?
2. In the past four weeks, how often have you felt depressed?
3. In the past four weeks, how often have you been irritable?
4. In the past four weeks, how often have you been more worried than usual about
your current health state?
5. In the past for weeks, how often have you felt anxious?
6. In the past four weeks, how often have you had a problem following instructions for
taking your transplant medications?
7. In the past four weeks, how often have you felt troubled about needing to make
special arrangements because of frequent doctor visits?
8. In the past four weeks, how often have you felt concerned about needing to have
multiple blood draws?
9. In the past four weeks, how often have you felt the need to clarify everything with
the doctor or transplant coordinator?
10. In the past four weeks, how often have you been bothered by having to take too
many medications?
11. In the past four weeks, how often have you felt limited in your ability to carry out
daily activities (housework, personal hygiene, etc)?
12. In the past four weeks, how often have you been concerned about having
decreased muscle strength?
13. In the past four weeks, how often have you been bothered by changes in your
sleep patterns?
14. In the past four weeks, how often have you been concerned about the length of
recovery from your transplant surgery?
15. In the past four weeks, how often have you been troubled by the fear of having
your disease recur?
16. In the past four weeks, how often have you been concerned about potentially
having a shortened lifespan?
17. In the past four weeks, how often have you been concerned about the cost of your
transplant medications?
18. In the past four weeks, how often have you had trouble with medical billing for
transplant expenses?
19. In the past four weeks, how often have you had joint or back pain?
20. In the past four weeks, how often have you been concerned about learning to walk
after your surgery?
21. In the past four weeks, how often have you been concerned about being able to
58
drive?
22. In the past four weeks, how often have you been concerned about your family
worrying about your illness or state of health?
23. In the past four weeks, how often have you been worried about being a burden on
your family members?
24. In the past four weeks, how often have you been concerned about having to take
better care of your health?
25. In the past four weeks, how often have you feared that your transplanted liver
would be rejected?
26. In the past four weeks, how often have you been worried about developing an
infection due to being immunosuppressed (decreased ability for your body to fight
off infections) as a consequence of being on antirejection medications?
27. In the past four weeks, how often have you been concerned about developing
complications from taking your medications incorrectly or forgetting to take
them?
28. In the past four weeks, how often have you been worried about having difficulty
returning to work?
29. In the past four weeks, how often have you experienced pain related to your liver
transplant surgery?
30. In the past four weeks, how often have you been bothered by side-effects from
your transplant medications?
31. In the past four weeks, how often have you been bothered by having long waits for
doctor appointments?
32. In the past four weeks, how often have you experienced numbness or tingling?
Answers
1. All of the time (daily)
2. Most of the time (about 5 times a week)
3. Good bit of the time (2 to 4 times a week)
4. Some of the time (once a week)
5. A little of the time (close to every other week or twice in a 4 week period)
6. Hardly any of the time (once in a 4 week period)
7. None of the time
Fonte: Saab et al.
59
Versão em Português do questionário Post-Liver Transplant Quality of Life
Questionnaire
Post-Liver Transplant Quality of Life (pLTQ)-BR piloto (como o instrumento foi utilizado
para tradução e adaptação cultural).
Questionário sobre qualidade de vida após transplante de fígado
Este questionário foi concebido para descobrir como você vem se sentindo nas
últimas quatro semanas. Você será perguntado sobre seus sintomas e humor em relação à
sua condição de receptor de transplante de fígado. Também, será indagado em que medida
ser um receptor de transplante de fígado afeta sua vida diária e seu nível de energia, e em
que grau os cuidados posteriores ao transplante de fígado afetam a sua vida. Responda a
todas as questões e selecione somente uma resposta para cada uma delas.
1. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você se preocupou com ter perda de
memória de curto e/ou longo prazo?
2. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você se sentiu deprimido?
3. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você se sentiu irritado?
4. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você esteve mais preocupado do que o
usual quanto ao seu atual estado de saúde?
5. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você se sentiu ansioso?
6. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você teve problemas em seguir as
instruções para tomar as medicações de transplante?
7. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você se sentiu incomodado por ter que
fazer arranjos especiais em função de consultas médicas frequentes?
8. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você se sentiu afetado por ter que tirar
sangue várias vezes?
9. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você sentiu a necessidade de
esclarecer tudo com o médico ou o coordenador do transplante?
10. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você se incomodou por ter que tomar
muitos remédios?
11. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você se sentiu limitado em sua
capacidade de realizar atividades diárias (tarefas caseiras, higiene pessoal etc.)?
12. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você se sentiu afetado por ter menos
força muscular?
13. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você foi incomodado por mudanças
em seus padrões de sono?
14. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você se sentiu afetado pela duração
da recuperação da sua cirurgia de transplante?
15. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você foi perturbado por medo de que
sua doença volte a ocorrer (reincida)?
16. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você se preocupou com talvez ter um
tempo de vida menor?
17. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você foi afetado pelo custo da sua
medicação de transplante?
18. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você teve problemas com as contas
médicas das despesas de transplante?
19. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você teve dores nas articulações ou
nas costas?
20. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você se sentiu afetado por ter que
aprender a caminhar após a cirurgia?
21. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você se sentiu afetado em relação à
sua capacidade de dirigir?
60
22. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você se sentiu afetado pela apreensão
da sua família quanto à sua doença ou estado de saúde?
23. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você se preocupou com ser um fardo
para seus familiares?
24. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você se sentiu afetado por ter de
tomar mais conta da sua saúde?
25. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você teve medo de que seu fígado
transplantado seja rejeitado?
26. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você se preocupou com desenvolver
uma infecção devido a estar imunodeprimido (capacidade reduzida do seu corpo de
combater infecções) como consequência de estar sob medicação antirrejeição?
27. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você se sentiu afetado por
desenvolver complicações em virtude de tomar sua medicação incorretamente ou esquecer
de tomá-la?
28. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você se preocupou com ter
dificuldades para voltar ao trabalho?
29. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você teve dor relacionada à sua
cirurgia de transplante de fígado?
30. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você foi incomodado por efeitos
colaterais da sua medicação de transplante?
31. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você se sentiu incomodado por longas
esperas para consultas médicas?
32. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você sentiu dormências ou
latejamentos?
Respostas
1. Todo o tempo (diariamente)
2. A maior parte do tempo (cerca de 5 vezes por semana)
3. Uma boa parte do tempo (de 2 a 4 vezes por semana)
4. As vezes (uma vez por semana)
5. Poucas vezes (cerca de uma vez a cada duas semanas, ou duas vezes em 4 semanas)
6. Quase nunca (uma vez a cada período de 4 semanas)
7. Nunca
61
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS E PERSPECTIVAS
Atualmente, há um crescente interesse em avaliar a QVRS em diferentes
cenários. Em consequência, estão sendo desenvolvidas ferramentas que permitam
aos profissionais da saúde avaliar, de forma confiável e reprodutível, a QVRS, de
modo que possam ser usadas no âmbito assistencial, almejando igualdade de
condições com as outras medidas de avaliação em saúde.
A avaliação da QVRS tem como objetivo central oferecer uma atenção em
saúde de maior qualidade, de acordo com as necessidades das pessoas, visando ao
seu “completo bem-estar físico, mental e social”19. Levando-se em consideração que
a população de transplantados hepáticos, geralmente, está sujeita a várias situações
consideradas de risco para inúmeros desfechos, em comparação com a população
em geral e considerando, também, sua QVRS pode ser comprometida, torna-se
necessário
entender
as
mudanças
de
QVRS
ao
longo
do
tempo
no
acompanhamento desses pacientes.
A versão traduzida do pLTQ, culturalmente adaptada e validada para a
população brasileira poderá ser útil nas pesquisas clínicas subsequentes envolvendo
pacientes transplantados hepáticos, uma população de pacientes que vêm
aumentando marcadamente, a qual, no que se refere à sobrevida, experimenta
avanços consideráveis.
62
ANEXOS
63
ANEXO A - QUESTIONÁRIO “POST LIVER TRANSPLANT QUALITY OF LIFE”
64
65
66
67
68
69
70
ANEXO B - QUESTIONÁRIO SOBRE QUALIDADE DE VIDA APÓS TRANSPLANTE
DE FÍGADO
Este questionário foi concebido para descobrir como você vem se sentindo nas
últimas quatro semanas. Você será perguntado sobre seus sintomas e humor em relação à
sua condição de receptor de transplante de fígado. Também, será indagado em que medida
ser um receptor de transplante de fígado afeta sua vida diária e seu nível de energia, e em
que grau os cuidados posteriores ao transplante de fígado afetam a sua vida. Responda a
todas as questões e selecione somente uma resposta para cada uma delas.
Escala:
1
2
3
4
5
6
7
Todo o tempo (diariamente)
Na maior parte do tempo (cerca de 5 vezes por semana)
Uma boa parte do tempo (de 2 a 4 vezes por semana)
Às vezes (uma vez por semana)
Poucas vezes (cerca de uma vez a cada duas semanas, ou duas vezes em 4 semanas)
Quase nunca (uma vez a cada período de 4 semanas)
Nunca
1. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você se preocupou com ter perda de
memória de curto e/ou longo prazo?
1
Todo o
tempo
2
3
4
5
6
Na maior
Em boa
Às vezes
Poucas
Quase
parte do
parte
vezes
nunca
tempo
do tempo
2. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você se sentiu deprimido?
7
Nunca
1
Todo o
tempo
7
Nunca
2
3
4
5
6
Na maior
Em boa
Às vezes
Poucas
Quase
parte do
parte
vezes
nunca
tempo
do tempo
3. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você se sentiu irritado?
1
Todo o
tempo
2
3
4
5
6
7
Na maior
Em boa
Às vezes
Poucas
Quase
Nunca
parte do
parte
vezes
nunca
tempo
do tempo
4. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você esteve mais preocupado do que o usual
quanto ao seu atual estado de saúde?
1
2
3
4
5
6
7
Todo o
Na maior
Em boa
Às vezes
Poucas
Quase
Nunca
tempo
parte do
parte
vezes
nunca
tempo
do tempo
5. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você se sentiu ansioso?
1
Todo o
tempo
2
Na maior
parte do
tempo
3
Em boa
parte
do tempo
4
Às vezes
5
Poucas
vezes
6
Quase
nunca
7
Nunca
71
6. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você teve problemas em seguir as instruções
para tomar as medicações de transplante?
1
2
3
4
5
6
7
Todo o
Na maior
Em boa
Às vezes
Poucas
Quase
Nunca
tempo
parte do
parte
vezes
nunca
tempo
do tempo
7. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você se sentiu incomodado por ter que fazer
arranjos especiais em função de consultas médicas frequentes?
1
2
3
4
5
6
7
Todo o
Na maior
Em boa
Às vezes
Poucas
Quase
Nunca
tempo
parte do
parte
vezes
nunca
tempo
do tempo
8. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você se sentiu afetado por ter que tirar
sangue várias vezes?
1
2
3
4
5
6
7
Todo o
Na maior
Em boa
Às vezes
Poucas
Quase
Nunca
tempo
parte do
parte
vezes
nunca
tempo
do tempo
9. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você sentiu a necessidade de esclarecer tudo
com o médico ou o coordenador do transplante?
1
2
3
4
5
6
7
Todo o
Na maior
Em boa
Às vezes
Poucas
Quase
Nunca
tempo
parte do
parte
vezes
nunca
tempo
do tempo
10. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você se incomodou por ter que tomar
muitos remédios?
1
2
3
4
5
6
7
Todo o
Na maior
Em boa
Às vezes
Poucas
Quase
Nunca
tempo
parte do
parte
vezes
nunca
tempo
do tempo
11. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você se sentiu limitado em sua capacidade
de realizar atividades diárias (tarefas caseiras, higiene pessoal etc.)?
1
2
3
4
5
6
7
Todo o
Na maior
Em boa
Às vezes
Poucas
Quase
Nunca
tempo
parte do
parte
vezes
nunca
tempo
do tempo
12. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você se sentiu afetado por ter menos força
muscular?
1
2
3
4
5
6
7
Todo o
Na maior
Em boa
Às vezes
Poucas
Quase
Nunca
tempo
parte do
parte
vezes
nunca
tempo
do tempo
13. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você foi incomodado por mudanças em
seus padrões de sono?
1
2
3
4
5
6
7
Todo o
Na maior
Em boa
Às vezes
Poucas
Quase
Nunca
tempo
parte do
parte
vezes
nunca
tempo
do tempo
14. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você se sentiu afetado pela duração da
recuperação da sua cirurgia de transplante?
1
2
3
4
5
6
7
Todo o
Na maior
Em boa
Às vezes
Poucas
Quase
Nunca
tempo
parte do
parte
vezes
nunca
tempo
do tempo
15. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você foi perturbado por medo de que sua
doença volte a ocorrer (reincida)?
1
2
3
4
5
6
7
Todo o
Na maior
Em boa
Às vezes
Poucas
Quase
Nunca
tempo
parte do
parte
vezes
nunca
tempo
do tempo
16. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você se preocupou com talvez ter um tempo
de vida menor?
1
2
3
4
5
6
7
Todo o
Na maior
Em boa
Às vezes
Poucas
Quase
Nunca
tempo
parte do
parte
vezes
nunca
tempo
do tempo
72
17. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você foi afetado pelo custo da sua
medicação de transplante?
1
2
3
4
5
6
7
Todo o
Na maior
Em boa
Às vezes
Poucas
Quase
Nunca
tempo
parte do
parte
vezes
nunca
tempo
do tempo
18. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você teve problemas com as contas
médicas das despesas de transplante?
1
2
3
4
5
6
7
Todo o
Na maior
Em boa
Às vezes
Poucas
Quase
Nunca
tempo
parte do
parte
vezes
nunca
tempo
do tempo
19. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você teve dores nas articulações ou nas
costas?
1
2
3
4
5
6
7
Todo o
Na maior
Em boa
Às vezes
Poucas
Quase
Nunca
tempo
parte do
parte
vezes
nunca
tempo
do tempo
20. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você se sentiu afetado por ter que aprender
a caminhar após a cirurgia?
1
2
3
4
5
6
7
Todo o
Na maior
Em boa
Às vezes
Poucas
Quase
Nunca
tempo
parte do
parte
vezes
nunca
tempo
do tempo
21. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você se sentiu afetado em relação à sua
capacidade de dirigir?
1
2
3
4
5
6
7
Todo o
Na maior
Em boa
Às vezes
Poucas
Quase
Nunca
tempo
parte do
parte
vezes
nunca
tempo
do tempo
22. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você se sentiu afetado pela apreensão da
sua família quanto à sua doença ou estado de saúde?
1
2
3
4
5
6
7
Todo o
Na maior
Em boa
Às vezes
Poucas
Quase
Nunca
tempo
parte do
parte
vezes
nunca
tempo
do tempo
23. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você se preocupou com ser um fardo para
seus familiares?
1
2
3
4
5
6
7
Todo o
Na maior
Em boa
Às vezes
Poucas
Quase
Nunca
tempo
parte do
parte
vezes
nunca
tempo
do tempo
24. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você se sentiu afetado por ter de tomar mais
conta da sua saúde?
1
2
3
4
5
6
7
Todo o
Na maior
Em boa
Às vezes
Poucas
Quase
Nunca
tempo
parte do
parte
vezes
nunca
tempo
do tempo
25. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você teve medo de que seu fígado
transplantado seja rejeitado?
1
2
3
4
5
6
7
Todo o
Na maior
Em boa
Às vezes
Poucas
Quase
Nunca
tempo
parte do
parte
vezes
nunca
tempo
do tempo
26. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você se preocupou com desenvolver uma
infecção devido a estar imunodeprimido (capacidade reduzida do seu corpo de combater
infecções) como consequência de estar sob medicação antirrejeição?
1
2
3
4
5
6
7
Todo o
Na maior
Em boa
Às vezes
Poucas
Quase
Nunca
tempo
parte do
parte
vezes
nunca
tempo
do tempo
27. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você se sentiu afetado por desenvolver
complicações em virtude de tomar sua medicação incorretamente ou esquecer de tomá-la?
1
2
3
4
5
6
7
Todo o
Na maior
Em boa
Às vezes
Poucas
Quase
Nunca
tempo
parte do
parte
vezes
nunca
73
tempo
do tempo
28. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você se preocupou com ter dificuldades
para voltar ao trabalho?
1
2
3
4
5
6
7
Todo o
Na maior
Em boa
Às vezes
Poucas
Quase
Nunca
tempo
parte do
parte
vezes
nunca
tempo
do tempo
29. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você teve dor relacionada à sua cirurgia de
transplante de fígado?
1
2
3
4
5
6
7
Todo o
Na maior
Em boa
Às vezes
Poucas
Quase
Nunca
tempo
parte do
parte
vezes
nunca
tempo
do tempo
30. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você foi incomodado por efeitos colaterais
da sua medicação de transplante?
1
2
3
4
5
6
7
Todo o
Na maior
Em boa
Às vezes
Poucas
Quase
Nunca
tempo
parte do
parte
vezes
nunca
tempo
do tempo
31. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você se sentiu incomodado por longas
esperas para consultas médicas?
1
2
3
4
5
6
7
Todo o
Na maior
Em boa
Às vezes
Poucas
Quase
Nunca
tempo
parte do
parte
vezes
nunca
tempo
do tempo
32. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você sentiu dormências ou latejamentos?
1
Todo o
tempo
2
Na maior
parte do
tempo
3
Em boa
parte
do tempo
4
Às vezes
5
Poucas
vezes
6
Quase
nunca
7
Nunca
74
ANEXO C - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
“Validação Cultural do Questionário post-Liver Transplant Quality of Life (pLTQ) para a
população brasileira”.
Versão TCLE 17.06.12
Não existe um questionário validado para a população brasileira que avalie a
qualidade de vida em pacientes transplantados de fígado, sendo assim uma necessidade de
mais estudos que atendam este assunto.
Dessa forma, você está sendo convidado a participar do projeto da pesquisa
intitulado “Validação Cultural do Questionário post-Liver Transplant Quality of Life (pLTQ)
para a população brasileira.”, desenvolvido em Porto Alegre sob responsabilidade da
fisioterapeuta Cibele Silva Molski. O estudo pretende testar questionários que ajudem a
melhorar o entendimento de como a vida dos transplantados de fígado é comprometida com
a doença, assim como o tratamento adequado pode melhorar essa situação. Para testar
corretamente os questionários será preciso que respondam os questionários em dois
momentos diferentes. É necessário completar os questionários em duas ocasiões para que
os pesquisadores possam contar com as informações que precisam para completar a
pesquisa. O tempo de aplicação dos questionários será 20-40 minutos dependendo da
objetividade do participante ao informar suas respostas. Os questionários abordam temas
que possam afetar na sua qualidade de vida. A pesquisa não interferirá com o tratamento
indicado no ambulatório de transplante de fígado no qual você está sendo acompanhado,
pelo que a participação na pesquisa não representa riscos e nem custos, e também que o
presente estudo pode contribuir para melhorar a repercussão transplante de fígado em
indivíduos com este problema e nas suas famílias. Os dados coletados durante o estudo
serão tratados em conjunto, ficando resguardado o anonimato dos participantes, e que pelo
fato da participação na pesquisa ser voluntária, caso você decida não continuar
participando, apenas precisa informar aos pesquisadores da sua decisão sem que isso
interfira com o seu acompanhamento no ambulatório de transplante de fígado.
Em caso de dúvidas e eventos adversos ligar:
Investigador Principal: Cibele Silva Molski
Telefone: 51-8534.3674
Em caso de questões sobre a pesquisa e sobre os direitos dos pacientes envolvidos
ou sobre problemas decorrentes da pesquisa:
Comitê de Ética em Pesquisa da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto AlegreCoordenador: Dr. Cláudio Telöken Telefone: 3214.8571
Ao assinar abaixo, você confirma que leu as afirmações contidas neste termo de
consentimento, que foram explicados os procedimentos do estudo, que teve a oportunidade
de fazer perguntas, que está satisfeito com as explicações fornecidas e que decidiu
participar voluntariamente deste estudo. Uma via será entregue a você e outra será
arquivada pelo investigador principal.
Porto Alegre, _____de________________________________de__________.
Nome do participante_______________________________________________
Assinatura participante_______________________________________________
Assinatura do responsável pelo projeto___________________________________
75
ANEXO D - WHOQOL ABREVIADO
Instruções
Este questionário é sobre como você se sente a respeito de sua qualidade de vida,
saúde e outras áreas de sua vida. Por favor, responda a todas as questões. Se você não
tem certeza sobre que resposta dar em uma questão, por favor, escolha entre as
alternativas a que lhe parece mais apropriada. Esta, muitas vezes, poderá ser sua primeira
escolha. Por favor, tenha em mente seus valores, aspirações, prazeres e preocupações.
Nós estamos perguntando o que você acha de sua vida, tomando como referência as duas
últimas semanas. Por exemplo, pensando nas últimas duas semanas, uma questão poderia
ser:
Você deve circular o número que melhor corresponde ao quanto você recebe
dos outros o apoio de que necessita nestas últimas duas semanas. Portanto, você
deve circular o número 4 se você recebeu "muito" apoio como abaixo.
Você deve circular o número 1 se você não recebeu "nada" de apoio.
76
Por favor, leia cada questão, veja o que você acha e circule no número e lhe
parece a melhor resposta.
As questões seguintes são sobre o quanto você tem sentido algumas coisas nas
últimas duas semanas.
As questões seguintes perguntam sobre quão completamente você tem sentido ou
é capaz de fazer certas coisas nestas últimas duas semanas.
77
As questões seguintes perguntam sobre quão bem ou satisfeito você se sentiu a
respeito de vários aspectos de sua vida nas últimas duas semanas.
As questões seguintes referem-se a com que freqüência você sentiu ou
experimentou certas coisas nas últimas duas semanas.
Alguém lhe ajudou a preencher este questionário?..................................................................
Quanto tempo você levou para preencher este questionário?.................................................. 78
ANEXO E - CRITÉRIO DE CLASSIFICAÇÃO ECONÔMICA BRASIL
O Critério de Classificação Econômica Brasil, enfatiza sua função de estimar o poder
de compra das pessoas e famílias urbanas, abandonando a pretensão de classificar a
população em termos de “classes sociais”.
A divisão de mercado definida abaixo é de classes econômicas.
CORTES DO CRITÉRIO BRASIL
CLASSE
A1
A2
B1
B2
C1
C2
D
E
PONTOS
42-46
35-41
29-34
23-28
18-22
14-17
8-13
0-7
PROCEDIMENTO NA COLETA DOS ITENS
É importante e necessário que o critério seja aplicado de forma uniforme e precisa.
Para tanto, é fundamental atender integralmente as definições e procedimentos citados a
seguir:
Para aparelhos domésticos em geral devemos
Considerar os seguintes casos:
· Bem alugado em caráter permanente
· Bem emprestado de outro domicílio há mais de 6 meses
· Bem quebrado há menos de 6 meses
Não considerar os seguintes casos
· Bem emprestado para outro domicílio há mais de 6 meses
· Bem quebrado há mais de 6 meses
· Bem alugado em caráter eventual
· Bem de propriedade de empregados ou pensionistas
Televisores
79
Considerar apenas os televisores em cores. Televisores de uso de empregados domésticos
(declaração espontânea) só devem ser considerados caso tenha(m) sido adquirido(s) pela
família empregadora.
Rádio
Considerar qualquer tipo de rádio no domicílio, mesmo que esteja incorporado a
outro equipamento de som ou televisor. Rádios tipo walkman, conjunto 3 em 1 ou
microsystems devem ser considerados, desde que possam sintonizar as emissoras de rádio
convencionais. Não pode ser considerado o rádio de automóvel.
Empregada doméstica
Considerar apenas os empregados mensalistas, isto é, aqueles que trabalham pelo
menos 5 dias por semana, durmam ou não no emprego. Não se esquecer de incluir babás,
motoristas, cozinheiras, copeiras, arrumadeiras, considerando sempre os mensalistas. Note
bem: o termo empregado mensalistas se refere aos empregados que trabalham no domicílio
de forma permanente e/ou continua, pelo menos 5 dias por semana, e não ao regime de
pagamento do salário.
Máquina de Lavar
Considerar máquina de lavar roupa, somente as máquinas automáticas e/ou semiautmáticas.O tanquinho NÃO deve ser considerado.
Videocassete e/ou DVD
Verificar presença de qualquer tipo de vídeo cassete ou aparelho de DVD.
Banheiro
O que define o banheiro é a existência de vaso sanitário. Considerar todos os
banheiros e lavabos com vaso sanitário, incluindo os de empregada, os localizados fora de
casa e os da(s) suíte(s). Para ser considerado, o banheiro tem que ser privativo do
domicílio. Banheiros coletivos (que servem a mais de uma habitação) não devem ser
considerados.
Automóvel
Não considerar táxis, vans ou pick-ups usados para fretes, ou qualquer veículo
usado para atividades profissionais. Veículos de uso misto (lazer e profissional) não devem
ser considerados.
Geladeira e Freezer
No quadro de pontuação há duas linhas independentes para assinalar a posse de
geladeira e freezer respectivamente. A pontuação será aplicada de forma independente:
Havendo geladeira no domicílio, independentes da quantidade serão atribuídos os pontos
(4) correspondentes a posse fé geladeira;
80
Se a geladeira tiver um freezer incorporado – 2ª. porta – ou houver no domicílio um
freezer independente serão atribuídos os pontos (2) correspondentes ao freezer.As
possibilidades são:
Não possuir geladeira
Possuir geladeira simples (não duplex) e não possui freezer
Possui geladeira de duas portas e não possui freezer
Possui geladeira de duas portas e possui freezer
Possui freezer mas não geladeira (caso raro, mas aceitável)
0 pontos
4 pontos
6 pontos
6 pontos
2 pontos
Sistema de pontos:
0
1
2
3
4
Televisão em
cores
Rádio
Banheiro
Automóvel
Empregada
mensalista
Máquina de
lavar
Videocassete
e/ou DVD
Geladeira
Freezer
(aparelho
independente
ou parte da
geladeira
duplex)
Q1 Grau de Instrução do Chefe da Família
(1)Analfabeto/ Primário incompleto- Analfabeto /Até a 3ª Série Fundamental
(2)Primário completo/ Ginasial incompleto-Até a 4ª Série Fundamental
(3)Ginasial completo/ Colegial incompleto-Fundamental completo
(4)Colegial completo/Superior incompleto-Médio completo
(5)Superior completo-Superior completo
81
ANEXO F - INQUÉRITO MUDANÇAS
Gostaríamos de saber como você se sentiu nos últimos trinta dias e para isso
fizemos algumas perguntas que gostaríamos que você respondesse;
Por favor, preste atenção a cada questão;
Pense em como as coisas têm sido para você nos últimos trinta dias;
Escolha a resposta que pareça mais certa para você;
Não há respostas certas ou erradas;
O que você acha e pensa é o que importa;
Por exemplo: Nos últimos trinta dias, você achou que sua alimentação esteve:
Muito pior / pior/ nem pior, nem melhor/ melhor/ muito melhor
1)
Como tu te sentes, em relação a tua saúde, desde a última consulta?
1.
muito pior
2.
pior
3.
nem pior, nem melhor
4.
melhor
5.
muito melhor
2) De modo geral como você considera a sua qualidade de vida?
1. muito pior
2. pior
3. nem pior, nem melhor
4. melhor
5. muito melhor
82
ANEXO G - FICHA DE COLETA
1-
Data avaliação:_____________
Data da próxima consulta:________________
2-
Código de identificação:_________
3-
Iniciais do nome:____________
4- Nome
Completo:________________________________________________________
5-
Data de nascimento:___________________
6-
Idade: _______________________IH: ______________________Sexo: M (0) F(1)
7-
Naturalidade:_________________________________
8-
Endereço:__________________________________________________________
______________________________________________________________________
9- Número: ____________
Complemento: ___________
10- Bairro: _________________________________________
11- Cidade: ________________________________________ Estado : ______
12Telefone(DDD) :
Nome para contato:
Telefone 01
Telefone 02
Telefone 03
Telefone 04
Telefone 05
Telefone 06
13- Cor da pele: branco (0) não-branco (1)
14- IMC: __________
Peso: _____________
Altura:______________
15- Doença(s) de base(s): Hepatite C (0)
Hepatite B (1)
Carcinoma Hepatocelular
(2) Cirrose Alcoolica (3)
Cirrose Criptogênica e NASH (4) Colangite Esclerosante
Primária (5) Hepatite Fulminante (6) Outros
(7)_____________________________________________
Mais de uma indicação
(8)_____________________________________________________
16- Cálculo MELD no dia do transplante: <10 (0) 10-19 (1) 20-29(2)
≥40 (4)
30-39 (3)
83
17- Caso não identifique o valor do MELD, coletar as seguintes informações para obter o
cálculo:
Bt____
Cr____
INR_____
Na_____
18- Tempo de transplante:_________________
19- Data do transplante: __________________
20- Re-transplante? Não (0) Sim (1)
21- Comorbidades:
obesidade(3)
HAS(0)
IRC (4)
DM(1)
osteoporose (2)
outros(5)_______________________
22- Caso sim para comorbidade IRC na questão anterior, tratamento com diálise? Não
(0) Sim (1)
23- Uso de medicações antidepressivas? Não (0) Sim (1)
24- Uso de medicações para dormir? Não (0)
Sim (1)
Não possui este dado (2)
Não possui este dado (2)
25- Uso de medicação para dor continuamente? Não (0) Sim (1) Não possui este dado
(2)
26- Presença de encefalopatia? Não (0)
27- Presença de ascite? Não (0)
Sim (1)
Sim (1) Não possui este dado (2)
Não possui este dado (2)
28- Presença de rejeição do enxerto? Não (0)
Sim (1)
Não possui este dado (2)
29- Caso responda sim na questão anterior, está respondendo ao tratamento? Não (0)
Sim (1)
30- Dados da última consulta médica, algum acompanhamento especial ou consulta de
rotina? Consulta de rotina (0) Especial (1)
31- Data da última consulta médica __________________
32- Caso responda especial na questão 30, descreva o motivo:
_______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
33- Admissão hospitalar no último ano acima de 24 horas?
Não (0)
Sim ,
internação para realização de exames(1)
Sim, internação clínica (2)
34- No prontuário apresenta algum problema familiar em que a assistente social tenha
que interferir? Não (0) Sim (1)
35- Caso responda sim na questão anterior, o problema foi solucionado? Não (0) Sim (1)
36- Descreva dados pendentes para coletar na entrevista:
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
84
37- Dados preenchidos do prontuário por: C (0) R (1)
38- Check list:
a- Ficha de coleta
b- TCLE
c- Questionário pLTQ
d- Questionário WHOQOL
e- Critério Classificação Econômica Brasil
f-
Questionário para o Reteste - Inquérito Mudanças
39- Perguntar ao paciente no final da entrevista:
O Sr(a) achou o questionário com alguma pergunta difícil ou termo complicado de
compreender? Qual?(pLTQ)
________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
O Sr(a) possui mais alguma observação relevante a fazer sobre o questionário? (pLTQ)
________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
40- Entrevista realizada por: C (0) R (1)
85
ANEXO H - CONTATO AUTORES
From: Saab, Sammy, M.D. [mailto:[email protected]]
Sent: Tue 4/3/2012 3:57 PM
To: Rita Mattiello
Subject: RE: post-liver transplant quality of life Questionnaire
Thank you for your interest. I am delighted to hear you will be using the questionnaire.Best wishes
Sammy Saan
____________________________________________________________________
From: Rita Mattiello [[email protected]]
Sent: Friday, April 27, 2012 7:23 PM
To: Saab, Sammy, M.D.
Subject: RE: post-liver transplant quality of life Questionnaire
Dear Doctor Saan,
We would like to begin the validation process.
Is it possible for you to send us a copy of the official version of the questionnaire?
Thank you
Rita Mattiello, PhD
From: Saab, Sammy, M.D. [[email protected]]
Sent: Tuesday, May 01, 2012 1:45 PM
To: Rita Mattiello
Subject: RE: post-liver transplant quality of life Questionnaire
thank you for your interest in our questionnaire.
Sammy Saab, MD, MPH, AGAF
Associate Professor of Medicine and Surgery
Assistant Professor of Nursing
Head, Outcomes Research in Hepatology
David Geffen School of Medicine at UCLA
-----Original Message----From: Rita Mattiello [mailto:[email protected]]
Sent: Thursday, August 09, 2012 7:04 AM
To: Saab, Sammy, M.D.
Subject: Brazilian version of Post-liver transplant quality of life Questionnaire
Dear Dr. Saab,
We are performed the process of linguistic validation and we are sending you a copy of the backtranslation of the questionnaire so you can evaluate it.
Needless to say that, unless you state the contrary, your name will be included in our future
publications that involve the validation of the questionnaire.
Thank you for your cooperation and we will be looking forward to your replay.
From: Saab, Sammy, M.D. [[email protected]]
Sent: Tuesday, Ago 09, 2012 9:00 PM
To: Rita Mattiello
Subject: RE: Brazilian version of Post-liver transplant quality of life Questionnaire
Very exciting. Congratulations!
I know this was a lot of work
Download

Validação Cultural do Questionário Post–Liver