Autor: MARIA CECÍLIA ANTUNES DE AGUIAR Doutorado Título: O DESENVOLVIMENTO DO CONCEITO DE ESPAÇO DA CRIANÇA E A EDUCAÇÃO INFANTIL: esquemas e interações socioafetivas em situações problemas. Ano: 2006 Linha de Pesquisa: Didática de Conteúdos Específicos Palavras-Chave: Educação Infantil, Educação Resumo O desenvolvimento do conceito de espaço em crianças foi investigado, com vistas a contribuir para uma proposta pedagógica para a Educação Infantil. Com essa perspectiva, na produção da presente tese, foram realizados dois estudos. O primeiro consistiu numa pesquisa com abordagem da significação, piagetiana, na qual foram entrevistadas 74 crianças, entre 3 e 12 anos, utilizando-se duas tarefas, envolvendo a visualização da localização, a orientação, a organização e a representação de objetos em espaços topográficos. Os resultados deste estudo estão de acordo com as características dos níveis de desenvolvimento, indicados por Piaget e Inhelder (1993), quanto ao conceito de localização e de orientação espaciais, com exceção das que se referiram ao desenho. Esses autores interpretaram que as fases iniciais desse desenvolvimento eram marcadas pelo egocentrismo. Apoiando-se no estudo de Bremner (1989), é possível interpretar que a criança, embora adote seu corpo como referência para situar os objetos, também considera o mundo exterior, quando se orienta por meio da percepção de objetos significativos para ela. A fim de garantir a indicação da localização de objetos em algumas posições, no entanto, a criança precisa considerar referências espaciais, como afirmam os primeiros autores. O segundo estudo permitiu conceber as interações socioafetivas em integração com o desenvolvimento da cognição da criança, ao analisar a sua influência na atualização dos esquemas de ação e representações do campo conceitual do espaço, numa perspectiva vergnaudiana. Foram examinadas duas situações ocorridas em creches do sistema público, envolvendo competências perceptivo-motoras da criança na orientação e localização de objetos e de si mesma, em percursos no espaço. Na situação "Deslocando a Mesa" (DM), com cinco crianças entre 9 a 17 meses, foi possível evidenciar experimentação, percepção e antecipação das crianças em relação a noções geométricas de proximidade, limites dos objetos, orientação e sentido espaciais e estimação da distância entre objetos e pessoas. Incluindo sete crianças, entre 2 anos e 6 meses a 3 anos na situação "Episódio das Carreiras" (EC), observou-se variada amplitude no repertório de esquemas das crianças, expressando-se organizadamente, quando criaram e imitaram arranjos com o corpo ao se deslocarem. Elas dispunham de um repertório de processos mais rápidos, econômicos e menos aleatórios que o das crianças na situação DM ao produzirem coreografias e simulações. As crianças na EC pareciam reconhecer limites, direção, sentido e forma dos roteiros de seus percursos. Demonstraram flexibilidade na alternância de esquemas, para ajustarem-se, de modo mais adequado, à ação grupal, co-regulando-se e compartilhando significados. Os resultados desses estudos, examinados sob o enfoque psicológico e didático, trouxeram evidências para se considerar as brincadeiras das crianças uma manifestação e desenvolvimento de intuições, compreensões e representações de propriedades geométricas do espaço, ao atualizarem competências mais sofisticadas do que as esperadas, de acordo com os estudos piagetianos. Além de aprendizagens concernentes à localização e à orientação espaciais, essas atividades lúdicas proporcionaram a oportunidade de aquisição de noções de outros campos conceituais: tempo, peso, força, medição e mesmo a transgressão, cooperação e cuidado com a integridade física dos parceiros. Orientador: Maria Isabel Patrício de Carvalho Pedrosa