Órgão Internacional dos Adventistas do Sétimo Dia Ju n h o 2 0 0 8 Conexão sem F o com a Salvacao 12 Por que a Vida é Tão Confusa? 24 O Mundo Está Esperando 27 O Sábado e o Tempo do Fim Junho 2008 A IGREJA AÇÃO EM Editorial ....................... 3 Notícias do Mundo 3 Fotos & Notícias Visão Mundial W I L L I A M S C O S TA , J R . 8 “Viver Bem” ARTIGO DE C A PA Conexão sem Fio com a Salvação Por Williams Costa, Jr. ................................................................ 16 Usando tecnologia de ponta para falar aos outros sobre Jesus. DEVOCIONAL Por que a Vida é Tão Confusa? Por Israel Banini ............ 12 Tentando conciliar um Deus que é todo amor e todo poder. VIDA ADVENTISTA Daqui para Lá Por Lee Dunstan ............................................ 14 Cada sábado quase todo adventista ao redor do globo está lendo a mesma página. CRENÇAS 10 Rumo ao Uruguai SAÚDE NO MUNDO Doenças Cardiovasculares ....... 11 Por Allan R. Handysides e Peter N. Landless PERGUNTAS BÍBLICAS Lutando Contra Demônios ................... 26 Por Angel Manuel Rodríguez ESTUDO BÍBLICO O Sábado e o Tempo do Fim ............ 27 Por Mark A. Finley INERCÂMBIO MUNDIAL 29 Cartas 30 O Lugar de Oração 31 Intercâmbio de Idéias FUNDAMENTAIS O Grande Conflito Por Douglas Matacio ............................ 20 A luta entre o bem e o mal é real e já está sendo decidida. ESPÍRITO Janela DE PROFECIA O Segundo Grande Mandamento de Cristo Por Ellen G. White ...................................................................... 22 O Lugar das Pessoas ........................ 32 Tradução: Sonete Magalhães Costa O Mundo Está Esperando Por H.M. S. Richards, Sr. ........ 24 EVANGELISMO PELA INTERNET: Duas das três mulheres da foto ouviram a mensagem e foram batizadas, após assistirem a uma série evangelística adventista pela Internet. Da esquerda para a direita: Tatiana, Cristina e Márcia. Márcia, adventista há muitos anos, convidou a irmã Cristina para assistir às reuniões, online. Adventist World (ISSN 1557-5519) é editada 12 vezes por ano, na primeira quinta-feira do mês, pela Review and Herald Publishing Association. Copyright (c) 2005. Vol. 4, nº 5, Junho 2008. www.portuguese.adventistworld.org Temos deveres para com os outros e para com Deus. SERVIÇO Sua vida reflete o caráter de Deus? 2 Adventist World | Junho 2008 A Igreja em Ação EDITORIAL Maravilhosa Graça, Maravilhosa Trajetória Na meia-luz de uma madrugada chuvosa, fico curvado sobre a brilhante tela do meu computador, com olhos úmidos de lágrimas de gratidão, enquanto leio as mensagens que lotam minha caixa de entrada. “Estou orando por você hoje... apresentando-o diante do Pai... Peço a Deus que lhe dê alegria e paz neste sábado.” As mensagens de graça e amor foram enviadas, em algum momento da noite, por amigos da África do Sul, Filipinas, Nova Zelândia, Noruega. Do outro lado do mundo, como costumamos dizer, eles intercedem por um amigo, à medida que a bondade deles acompanha a Web ao redor do globo. Sou abençoado, de modo real, em tempo real. A solidariedade que compartilhamos em Cristo é aprofundada, fortalecida, envolvida pelas expressões digitais de fé. Sei que meu Redentor vive, inclusive porque Ele tem tais seguidores na Terra. Se não fossem as novas tecnologias que encurtam distâncias entre nações, raças, religiões e línguas, ficaríamos desesperados por nunca poder ir “a todo o mundo” com o evangelho. Milhões, sem conta, nunca saberão do amor de Jesus se, para falar-lhes sobre a mensagem de salvação, dependermos apenas de botes, aviões, rádios e até de meios de distribuição em massa, como a revista Adventist World. A menos que caminhemos agressivamente em direção às novas mídias que Deus tem disponibilizado, o inchaço da população mundial irá superar nossa capacidade de contar “a velha, velha história” que tanto amamos. Neste mês, ao você ler o artigo de capa, ore por um coração aberto e imaginação aguçada. Deixe que o irrestrito Espírito do Deus vivo lhe mostre as mídias, as tecnologias de comunicação pelas quais você pode compartilhar a sua fé com vizinhos e com aqueles que, talvez, nunca veja pessoalmente até chegar ao Céu. Suas palavras de amor, uma vez digitadas, podem penetrar qualquer condomínio fechado, os altos prédios de apartamentos onde nunca receberá permissão para entrar. Seu testemunho pela Web e suas incríveis plataformas de áudio e vídeo podem cruzar desertos, escalar montanhas, atravessar rios e tocar corações de uma maneira como nunca foi possível a nenhuma outra geração de missionários. — Bill Knott NOTÍCIAS DO MUNDO F O T O / R A J M U N D Junho 2008 | Adventist World A N N ORAÇÃO: “Ajuda-nos a ser mais sensíveis à Tua direção”, foi a oração final do presidente mundial da Igreja Adventista do Sétimo Dia, durante as Reuniões Administrativas da Primavera de 2008. D A Reunidos na Universidade Andrews, em Berrien Springs, Michigan, Estados Unidos, os delegados votaram outros itens importantes, como a nomeação de alguns administradores. Os delegados escolheram Gary R. Councell, ex-capelão do Exército dos Estados Unidos e atual diretor associado do Ministério Adventista de Capelania, para dirigir o mesmo departamento, devido à jubilação de Martin W. Feldbush. Mário Ceballos, atual vice-presidente do Kettering Medical Center, em Ohio, EUA, foi nomeado para preencher a vaga de Councell, que assume a função de Feldbush. A R Q U I V O S ■ Apesar dos desafios que aguardam a Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD), os adventistas não devem ter “atitude de derrotados”, disse Jan Paulsen, presidente mundial da Igreja aos seus quase 150 administradores, no encerramento das reuniões administrativas da Primavera. Em vez disso, ele desafiou os adventistas a ser “positivos” e a “seguir em frente, centrados na missão”. Paulsen também convocou “discussões inclusivas” e de cooperação entre os líderes da Igreja, cujos delegados votaram, em 6 de abril, fazer do ano de 2009 o “Ano do Evangelismo” da Igreja. D A B R O W S K I IGREJA MUNDIAL: Líderes Adventistas Encerram Reuniões da Primavera com Foco na Missão 3 A Igreja em Ação IGREJA MUNDIAL: Planos de Evangelismo Regional Para Fazer Frente à Missão Inacabada da Igreja ■ Para alertar a Igreja Adventista do Sétimo Dia para sua missão inacabada, os administradores votaram, nas reuniões administrativas da Primavera, do dia 7 de abril, o desenvolvimento de um plano criativo e financeiramente responsável para alcançar os grupos não alcançados, em seus territórios. Os delegados foram informados, por meio do relatório do dia 6 de abril, o “desconcertante” volume de trabalho que aguarda a Igreja. Desde 1990, a Igreja criou o departamento, hoje co- 4 Adventist World | Junho 2008 nhecido como Missão Adventista, que são adventistas trabalhando em mais de 19 países. Até agora, a Igreja não possui trabalho organizado em 26 países, incluindo o Afeganistão e a Somália. Em 2006, quando a população (hoje de 6,5 bilhões) aumentou em 95 milhões, apenas um milhão de pessoas uniu-se à Igreja Adventista. Há hoje, 2,1 bilhões de pessoas a mais a serem alcançadas em relação a 1990, quando a Missão Global foi organizada. “Nosso Deus é especialista em realizar o impossível”, disse Homer Trecartin, diretor de planejamento para a Missão Adventista. Trecartin citou dezenas de dados estatísticos “encorajadores”, das últimas duas décadas, como, por exemplo, no Camboja, onde a porcentagem da população adventista saltou de zero para 8 mil e, de cada 12 jamaicanos, um é adventista. Essa porcentagem na Arábia Saudita, entretanto, é bem mais desencorajadora, disse Trecartin, sugerindo R A J M U N D REUNINDO PENSAMENTOS: Michel L. Ryan, à direita, vicepresidente da Igreja mundial, e Gary Krause, diretor da Missão Adventista, discutem a necessidade de a Igreja acelerar o trabalho entre os grupos de pessoas não alcançadas. Ryan, Krause e outros administradores foram desafiados, durante as Reuniões Administrativas da Primavera de 2008, a desenvolver planos criativos para finalizar a missão da Igreja. F O T O : Os delegados ainda elegeram Paul Brantley, diretor do recém-criado Programa de Avaliação e Eficácia, como secretário geral de campo. Paulsen agradeceu a Brantley por seu trabalho “habilidoso e efetivo” na sede mundial da Igreja. Brantley, ex-consultor no Hospital da Flórida, foi também diretor do Departamento de Educação na Universidade Oakwood, em Huntsville, Alabama, EUA, e lançou uma revista de referência em pesquisa na educação cristã, quando era professor na Universidade Andrews. Em sua nova função, Brantley tem o desafio de ajudar a Igreja a alcançar a excelência em suas operações: “Meu papel é promover, na Igreja mundial, uma cultura pela excelência, cheia do Espírito, baseada em evidências, de forma que inspire cada obreiro a ver, com entusiasmo, o potencial e a alegria de ser parte da organização mais bem administrada do mundo”, disse ele. Em sua oração, no fim das reuniões administrativas da Primavera, Paulsen estimulou os líderes a estarem atentos à direção de Deus para a Sua igreja. “Se, apesar do que decidimos aqui, o Senhor tiver um caminho melhor, ajudanos a ser mais sensíveis à Tua direção”, ele orou. —Rede Adventista de Notícias, com equipe da AR D A B R O W S K I / A N N NOTÍCIAS DO MUNDO que, embora as pessoas com convicções cristãs vejam o Adventismo como historicamente relevante, a Igreja deve trabalhar de forma mais eficaz na abordagem aos mulçumanos, judeus, budistas, hindus e outros grupos com diferente orientação religiosa. Fazer amizade com os vizinhos e colegas de trabalho que adotam outras crenças, é, talvez, tão difícil quanto enviar missionários para países não alcançados, disse Trecartin, referindose às estatísticas, as quais mostram que quase 80% dos indianos na América no Norte “não conhecem um cristão a quem possam chamar de amigo”. Esse tipo de iniciativa local pode ter a mesma eficácia, disse Trecartin, ressaltando que “mais muçulmanos vivem no Reino Unido do que no Kuwait”. Essas tendências, disse ele, são comparáveis com outras sociedades “livres” e com outros grupos religiosos. “Se não os conhecermos no lugar em que moram, como levaremos [a mensagem da Igreja] aos países de onde vieram?”, perguntou. “Precisamos, desesperadamente, fazer mais pelas regiões difíceis. Mas como esperar ser efetivos lá, se ainda estamos falhando nos lugares seguros?” Os meios de comunicação social, como a Rádio Mundial Adventista, que atua em “regiões difíceis”, não podem dar-se ao luxo de abrandar seus esforços, assim como os membros de igreja não podem enclausurar-se em grandes círculos cristãos, disse Trecartin. A programação da Rádio Mundial está disponível em apenas 70 dos 13.540 idiomas falados no mundo. Outras rádios da Igreja elevam o total para 108, mas “esperamos que os que falam 95% dos idiomas do mundo, também falem outras línguas. Se não falarem, não estarão sendo alcançados”, disse ele. As estatísticas são também desalentadoras para muitos dos leitores potenciais da Bíblia. Pouco mais que “porções das Escrituras” estão traduzi- das para 50% dos maiores idiomas do mundo, disse Trecartin. “Se somos o povo do Livro, o que estamos fazendo?” perguntou ele. “Não estamos falando de analfabetos; estamos falando de pessoas que lêem e escrevem, mas que não têm mais que um pedaço da Bíblia em sua língua. Se eles não falam outro idioma, não podemos compartilhar a Palavra de Deus com eles.” Mark Finley, vice-presidente mundial da Igreja, disse que, apesar das estatísticas desanimadoras, os adventistas não devem concluir que é impossível terminar o trabalho da Igreja ou pensar que só esforços redobrados serão suficientes para superar o desafio: “A primeira [reação] nos leva ao desespero; a segunda, à exaustão física, emocional e espiritual.” Em vez disso, o relatório deveria estimular “uma reflexão mais cuidadosa, mais aguçada e estratégica” entre os líderes da Igreja. Finley também sugeriu que uma reorientação em Deus e na missão conduziria os líderes a “reajustar as finanças e renovar a prioridade da missão da Igreja”. Resumindo, disse L. Ryan, vicepresidente da Igreja: “Quando sairmos desta reunião, teremos o que contar ao mundo todo.” —por Elizabeth Lechleitner, assistente editorial da Rede Adventista de Notícias, com a equipe da AR IGREJA MUNDIAL: O Projeto Igreja em “Um Dia” Ajuda Adventistas ■ A congregação adventista do sétimo F O T O : R A J M U N D D A B R O W S K I / A N N dia, no Equador, acostumada a freqüentes mudanças entre igrejas alugadas, alimentou a esperança de realizar seus cultos em um prédio permanente, a partir do fim de abril. As vigas de aço de uma igreja, prontas para serem montadas, chegaram numa camionete. A montagem levará não mais que seis horas. O prédio é parte do projeto destinado a ajudar cerca de 80 mil pedidos feitos à Maranatha International, organização cristã leiga que constrói igrejas e escolas para a Igreja Adventista, em todo o mundo. Empreendimento que une a Adventist-Lamen’s Services e Industries e Maranatha, o projeto Igreja em “Um Dia” espera ajudar a recuperar o atraso na infra-estrutura da Igreja, nas regiões em que ela tem crescimento galopante, informaram líderes adventistas, durante IGREJAS EM UM DIA: Don Noble, presidente da o Concílio da Primavera de 2008. Maranatha, à direita, explica as características “Esta é a resposta da igreja de um dia a Barry Oliver, presidente da que esperávamos”, disse Igreja Adventista na região do Sul do Pacífico. Geoffrey Mbwana, líder O modelo da igreja foi exposto no dia 6 de abril, da Igreja Adventista na no Concílio da Primavera, em Berrien Springs, África Centro-Oriental. Michigan, EUA, onde os delegados da igreja “Nossos recursos de base dedicaram o projeto. são tão escassos que não conseguimos acompanhar o ritmo e acomodar todos os membros”, acrescentou ele, explicando os desafios do crescimento rápido da Igreja em países como o Congo. Igrejas permanentes encorajam a conservação dos membros e isso funciona como “investimento para o futuro” da Igreja, disse Garwin McNeilus, membro da ASI e empresário adventista que ajudou a desenvolver o projeto da Igreja em Um Dia. “Toda vez que uma congregação se muda, perdemos cerca de 30% dos membros originais”, disse o presidente da Maranath, Don Noble. “Se mudássemos três vezes em um ano, perderíamos todos os membros originais.” Essas igrejas de um dia não apenas promovem um senso de estabilidade nos membros, como também necessitam de membros para “investir” na própria estrutura, disse McNeilus. Os membros precisam terminar as paredes da igreja com cimento, bambu ou qualquer outro material de construção que seja resistente. Desenvolvidas por engenheiros, as estruturas de aço, que são resistentes a ferrugem, podem resistir a cupins, terremotos, furações da classe 3, que afetam a parte mais dispendiosa do templo: o telhado, disse McNeilus. Muitas igrejas parcialmente construídas durante curtas viagens de estudantes missionários, são deixadas imcompletas porque os membros locais não têm dinheiro ou recursos para finalizar o telhado, explica. “Em alguns desses lugares, ao passar pela rua, pode-se observar prédio após prédio construído até o nível do telhado, e estão ali, apenas se deteriorando”, diz Robert E. Lemon, tesoureiro mundial da Igreja, ao se referir ao tempo em que morou na África. Cada igreja padrão acomoda aproximadamente 150 pessoas, mas pode ser expandida e até mesmo ser adaptada para escola ou casa pastoral, disse McNeilua. Enquanto os líderes do Maranatha ainda não podem avaliar o Junho 2008 | Adventist World 5 A Igreja em Ação NOTÍCIAS DO MUNDO F O T O : I A D custo da Igreja de Um Dia − devido à flutuação do câmbio, dos produtos importados e variação nas estimativas de preço do aço – disse Noble, estima-se um custo entre 3 a 4 mil dólares americanos por igreja. Enquanto a ASI controlar a construção das igrejas de um dia, Maranatha irá garantir a entrega das igrejas construídas, disse Noble. “Nós não despachamos a igreja e dizemos: ‘Boa sorte!’ Haverá supervisão a princípio, mas nossos membros são criativos e dão conta do recado.” —By Elizabeth Lechleitner, Rede Adventista de Notícias ACAMPANTES FELIZES: “Gostaria de lhes dizer que nunca estive em um evento em que pudesse perceber tanta alegria no rosto de todos os presentes”, disse o presidente da República Dominicana, Leonel Fernández, às centenas de adventistas do sétimo dia reunidos em Najayo, terreno localizado a 30 quilômetros da capital, Santo Domingo, no dia 28 de março, durante evento histórico. Adventistas Dominicanos Ganham Terreno ■ O presidente da República Dominicana doou 31 alqueires de terreno público – já utilizado pelos jovens adventistas 6 Adventist World | Junho 2008 do sétimo dia para retiros anuais – à Igreja, no mês de março. Durante a cerimônia de doação, o presidente Leonel Fernández aplaudiu o trabalho e a imagem da igreja no país. “Há uma amabilidade natural em cada um de vocês, a qual é resultado de ter a Deus como guia de suas atitudes e comportamento”, disse Fernández a centenas de líderes e membros da igreja reunidos para a cerimônia. “Gostaria que o mesmo espírito fosse estendido para toda a nação dominicana.” O terreno doado (parte do campus de uma universidade de propriedade pública) por decreto do governo nacional dominicano, está localizado na ilha de San Cristóbal, província fora da capital, Santo Domingo. Em 2006, na República Dominicana, a Igreja promoveu uma campanha de relações públicas para chamar a atenção dos líderes do governo para seu ministério e atividades. No ano passado, Fernández tomou conhecimento da missão da Igreja (hoje com 250 mil membros), num país de 9.4 milhões de habitantes, e seu impacto positivo na comunidade, no envolvimento de seus jovens e administradores. A igreja construirá novos prédios para acomodar milhares de jovens adventistas que já freqüentam os retiros anuais, disse Silvestre González, portavoz da Igreja Adventista na República Dominicana. González disse também a um líder nacional que não é comum o reconhecimento de uma denominação não católica, e a Igreja agradeceu. A Igreja Adventista na República Dominicana administra seis escritórios regionais, mais de mil congregações e cerca de 100 escolas fundamentais e de ensino médio, uma universidade, um hospital e oito estações de rádio. O país ocupa metade de ilha caribenha Hispaniola; a República do Haiti ocupa a outra metade. —Libna Stevens, Divisão Interamericana/ANN com equipe da AR Dízimo Aumenta Para as Elizabeth Lechleitner, assistente editorial da Rede Adventista de Notícias, de Berrien Springs, Michigan, EUA. A pesar da turbulenta economia mundial, a Igreja Adventista do Sétimo Dia continua crescendo financeiramente, informou Robert E. Lemon, tesoureiro da igreja mundial. “Não foi apenas um aumento nos dízimos e ofertas”, disse ele, “mas a igreja foi abençoada e recebeu milhares de dólares de ‘dízimo extraordinário’.” O relatório financeiro de Lemon, no dia 6 de abril, nas reuniões administrativas da Primavera, reflete cerca de metade desse dízimo extraordinário, que foi anunciado à igreja, pela primeira vez, nas reuniões administrativas do Outono de 2007. Esse dízimo, proveniente de uma única família, como resultado da venda de seu negócio, foi doado à igreja, em nível mundial, levando-se em conta que o procedimento, feito por uma única Associação distorceria, em grande parte, o potencial de uso da doação. O presidente da igreja mundial, pastor Jan Paulsen, descreveu o dízimo extraordinário como um “privilégio” a ser administrado e disse que ele permitirá que a igreja trabalhe de tal modo que, de outra forma, seria impossível. Parte do dízimo já está alocada para áreas específicas do ministério, relata Juan Prestol, tesoureiro assistente para a igreja mundial. Quanto à distribuição do Extraordinário Orçamento da Igreja Missões Igreja Adventista recebeu 1, 78 bilhão de dólares em dízimos, no ultimo ano fiscal, e está tomando “medidas cautelosas e conservadoras” em meio à crise econômica atual. dízimo adicional, os delegados concordaram com uma lista de diretrizes para avaliar iniciativas em potencial. Paulsen disse que a Igreja iria aguardar propostas de cada região eclesiástica, para, em seguida, distribuir “rapidamente” os fundos. “A Igreja está traçando planos cuidadosos e diligentes para a utilização desses fundos na missão, em particular nas áreas sem presença adventista”, disse Paulsen. Para a Igreja em nível global, o dízimo recebido subiu 9% em 2007, chegando a 1,78 bilhão de dólares americanos, em comparação com os 1,6 bilhão, na mesma moeda, em 2006, informou Lemon. Pela primeira vez, o dízimo retornado das regiões do mundo quase se equiparou à quantia recebida da região norte americana. Embora a taxa de câmbio, conjugada ao enfraquecimento do dólar americano tenha contribuído para essa elevação, Lemom declarou que a Igreja teve expressivo aumento no retorno do dízimo em moedas locais. Apesar de o enfraquecimento do dólar americano ter aparentemente inflado os relatórios financeiros da Igreja, isso mostra o que esses recursos podem fazer nos territórios das missões, disse Lemon. Ele mencionou ainda o crescimento “muito encorajador” de 12% nas ofertas ATUALIZAÇÕES FINANCEIRAS: Robert E. Lemon, tesoureiro da Igreja, apresenta relatório financeiro, no dia 6 de abril, na Universidade Andrews, em Berrien Springs, Michigan, Estados Unidos. Lemon disse que o dízimo e outras somas doadas aumentaram neste ano, apesar da flutuação da economia mundial. F O T O : R A J M U N D D A B R O W S K I / A N N para as missões, doadas pela Igreja na região norte-americana, durante os últimos quatro anos. No último ano fiscal, esses valores totalizaram 24 milhões de dólares americanos vindos da América do Norte e 38 milhões das outras regiões do mundo. O total de ofertas para as missões aumentou 199% nas regiões fora da América do Norte, nos últimos 20 anos. Paulsen denominou os aumentos de “testamento” para a ênfase da Igreja no evangelismo. “Se nossos membros virem que estamos focados na missão, eles nos apoiarão”, disse ele. Lemon afirmou que o crescimento das ofertas para as missões e dos dízimos, juntamente com a moderação da sede mundial da Igreja, na região de Washington, D.C., EUA, fez com que a Igreja fechasse o ano fiscal com um aumento de 23 milhões de dólares americanos, no total do ativo líquido – não contando o dízimo extraordinário. Alguns desses fundos são limitados a atribuições específicas ou designados para fins especiais, mas o saldo não será mantido na sede mundial da Igreja. Os administradores da área financeira direcionaram os investimentos da Igreja em função da flutuação do mercado. Referindo-se especificamente ao fundo de aposentadoria da Igreja, o tesoureiro as- sociado Roy Ryan disse que, pelo fato de os investimentos da Igreja serem de longo prazo, diversificados e conservadores, os riscos são “administráveis”. Devido à volatilidade dos mercados, “ninguém está à espera de um exercício financeiro robusto em 2008”, acrescentou Ryan, “mas a força internacional e dos mercados emergentes é alvissareira para os investidores que vivem nos Estados Unidos”. “Com base nos relatórios financeiros, o auditor externo da Igreja, Jim Nyquist, sócio da empresa Maner, Costerisan & Ellis, deu uma opinião clara e sem reservas” dos registros financeiros da Igreja. Ele sugeriu pequenos ajustes necessários para manter os balanços da Igreja em consonância com as normas de auditoria adotadas recentemente nos Estados Unidos. As reuniões administrativas da primavera deste ano foram realizadas, pela primeira vez, na Universidade Andrews, de propriedade da Igreja. Reuniões de negócios são periodicamente realizadas em outros lugares fora da sede mundial da Igreja. Foi anunciado que, em outubro, os líderes da Igreja se reunirão para o Concílio do Comitê Executivo da Associação Geral, em Manila, nas Filipinas. Junho 2008 | Adventist World 7 A Igreja em Ação VISÃO MUNDIAL V ver ’’ em B ‘‘ Este artigo é uma adaptação de uma mensagem apresentada por Michael Ryan, vice-presidente da Associação Geral. − Os Editores E arl Weiss foi um “gangster” em Chicago, conhecido por sua brutalidade e paixão pelo conforto. Durante a década de 1920, ele subornou e matou até conseguir alcançar o topo do “ranking” do crime, no submundo do jogo, extorsão e violência, em Chicago. Weiss tentou, repetidas vezes, matar o líder da gangue rival, Al Capone. Curiosamente, foi ele o inventor da frase “caminho sem volta”, depois de assassinar um adversário a sangue frio. Mas o que tornou Earl Weiss uma lenda foi seu apetite para o que ele chamava de “viver bem” – referindo-se como as “melhores” coisas da vida: mulheres, comida, carros velozes e entretenimentos. Aos 28 anos, Earl Weiss estava morto e seu corpo perfurado pelas balas da arma automática usada por um dos capangas de Al Capone. Ele trilhou seu próprio caminho sem volta. O Que nos Motiva? Cada um, particularmente, deve definir o que significa “viver bem”. Quais são nossos sonhos e valores? O que nos motiva? O que consome nosso tempo, pensamentos e energia? E, no fim da vida, como será a contabilidade da maneira como usamos as oportunidades que tivemos? Há não muito tempo, os adventistas do sétimo dia identificam três valores básicos que ajudam a definir quem somos como movimento mundial: unidade, crescimento e qualidade de vida. Esses valores descrevem nossa identidade coletiva e ajudam a moldar nossos planos e o uso de nossos recursos, tanto em nível local como internacional. Unidade: Somos uma família, unida pela fé em Cristo, o amor por Sua verdade e esperança no Seu breve regresso. Crescimento: Somos comprometidos a compartilhar com os outros a alegria e segurança que encontramos. Mas o que, realmente, significa “qualidade de vida”? Dentre esses três conceitos, esse é o que, talvez, mais necessite ser definido. Certamente, não significa ser “consumista” 8 Adventist World | Junho 2008 – acumulando o que há de mais novo e melhor; ou de desfrutar conforto, no sentido material. Não é ainda uma preocupação exclusiva de como nos sentimos: na saúde, educação ou na sensação de bem-estar. Para um adventista do sétimo dia, a busca da qualidade de vida – viver bem – significa algo singular. Isso tem raízes nos principais fundamentos que moldam nossa vida – diretrizes, geralmente inconscientes, de como vivemos, as quais dirigem as grandes e pequenas decisões que fazemos a todo o momento. Para um adventista, qualidade de vida significa viver com o olhar voltado para algo grandioso, para o drama cósmico entre o bem e o mal, do qual todos somos atores. O profeta Miquéias descreve a definição divina de “viver bem” da seguinte maneira: “Com que me apresentarei ao Senhor e me inclinarei ante o Deus excelso? Virei perante Ele com holocaustos, com bezerros de um ano? Agradar-Se-á o Senhor de milhares de carneiros, de dez mil ribeiros de azeite? Darei o meu primogênito pela minha transgressão, o fruto do meu corpo, pelo pecado da minha alma?” (Mc 6: 6-8). Viver bem – na busca de qualidade de vida – em seu nível mais básico, significa uma vida de serviço. Significa, em primeiro lugar, pensar nos outros e colocar suas necessidades acima das nossas. Significa olhar ao redor com compaixão, participando na solução dos problemas essenciais que assolam as comunidades. Mais do que isso: viver bem significa colocar o coração e a vida nas mãos de Deus. Exemplo Prático Jesus contou muitas histórias sobre viver bem. Uma de minhas favoritas encontra-se em Lucas 10 – a história do bom samaritano. É uma história com a qual estamos bastante familiarizados: um homem que viaja de Jerusalém para Jericó é atacado por ladrões e deixado para morrer na estrada. O sacerdote e o levita passam por ele sem oferecerlhe ajuda. Aproxima-se, então, um samaritano – suposto “inimigo” – que pára e oferece ajuda. Ele conduz o homem a um hotel e paga para que ele receba tratamento e remédios. Por esse exemplo, Jesus nos dá um vívido e prático exemplo de “viver bem”. Às vezes, penso no sacerdote e no levita passando. O que os levava a Jericó? Por que eles julgaram que seus compromissos eram tão importantes que não podiam ser interrompidos? Certamente, não eram homens maus; eram pilares da comunidade, líderes importantes. Talvez o sacerdote tenha sido chamado para uma missão urgente, para ministrar às necessidades espirituais de alguém. Talvez, o levita estivesse com pressa, pois precisava preencher algum cargo importante relacionado com o serviço do templo. Entretanto, qualquer que fosse o motivo que os levou à estrada de Jericó, eles tinham prioridades que os mantiveram tão apressados que passaram ao largo do homem que quase morria de tanto sangrar. Eles passaram rapidamente, racionalizaram suas ações, relembrando quão importante era sua missão. É possível ser um escrupuloso membro da igreja adventista do sétimo dia e, mesmo assim, falhar ao tentar entender completamente o plano de Deus com respeito ao “viver bem”. Os últimos versos de Matheus 5 dizem : “Se vocês amam somente aqueles que os amam, por que esperam que Deus lhes dê alguma recompensa? Até os cobradores de impostos amam as pessoas que os amam! Se vocês falam somente com os seus amigos, o que é que estão fazendo de mais? Até os pagãos fazem isso! Portanto, sejam perfeitos em amor, assim como é perfeito o Pai de vocês, que está no Céu” (Mt 5:46-48 NTLH). Que bela prescrição do que significa viver bem! Os pioneiros de nossa igreja entenderam essa visão. Suas histórias são marcadas por sacrifício e serviço. Lembro-me de pessoas como Jorge Riffel, pioneiro e missionário leigo na Argentina, e Abram LaRue, outro membro leigo que foi nosso primeiro missionário na Ásia. E hoje, ao redor do mundo, pioneiros da Missão Global, missionários e voluntários, continuam a inspirar vidas focadas nas necessidades ao seu redor, e não nas próprias necessidades. Quando conhecemos alguém que “vive bem” para Cristo, somos impactados. Na noite de Natal de 1944, meu pai era prisioneiro de guerra num campo de concentração japonês. Enquanto ele e seus companheiros de cela estavam sentados juntos, desejando estar em casa, abriu-se a porta do quarto e um dos guardas entrou. A primeira reação dos prisioneiros foi de medo: uma visita ao quartel durante a noite era algo inesperado. O guarda permaneceu parado por um instante e, logo depois, começou a cantar em inglês: “Tudo é paz, tudo amor, calmo está ao redor...” Quando a música acabou, ele disse: “Eu sou um cristão. Feliz Natal!” Deixou uma pequena mala de doces no chão e saiu pela porta. Meu pai nunca se esqueceu do carinho daquele homem que, sob terrível risco pessoal, tentou levar conforto para aqueles que eram seus inimigos. Hoje, não é a definição de Earl Weiss sobre “viver bem” que tem sentido. Também não é a maneira como a igreja define “qualidade de vida” que conta. Não é também a opinião da pessoa que se assenta ao nosso lado, no banco da igreja, a cada sábado. Cada um de nós, individualmente, deve definir o que é “qualidade de vida” para nós mesmos. Devemos decidir como usamos nosso tempo e como responderemos às necessidades das pessoas à nossa volta. Será que escolheremos viver bem somente para nós mesmos até que, finalmente, tomemos o inevitável “caminho sem volta”? Ou será que escolheremos viver bem para Cristo, pela eternidade? Michael Ryan é vice-presidente geral da Associação Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Junho 2008 | Adventist World 9 A Igreja em Ação M I LT O N JANELA Rumo ao S A U R I N A Uruguai R O M E R O O Uruguai por dentro Brazil Uruguay Capital Montevidéu Língua Oficial Espanhol Religiões Católicos Romanos – 47%; Protestantes – 11%; Ateus e Agnósticos – 17%; outros – 25% População 3.460.607 Membros adventistas 6.750 Número de adventistas per capita 1:513 Lagoa Mirim Embalse de la India Muerta Rio de la Plata Montevideo Argentina South Atlantic Ocean À semelhança de um sanduíche, entre o Brasil ao norte e a Argentina ao sul, o Uruguai é o segundo menor país independente da América do Sul (maior apenas que o Suriname). De sua população de mais de 3,46 milhões de pessoas, 1,7 milhão moram na capital, Montevidéu, e seus arredores. Noventa por cento da população é de descendência européia, a maioria espanhola e italiana. O explorador espanhol Juan Díaz de Solís, em 1516, foi o primeiro europeu a pisar a região onde hoje é o Uruguai. Pouco mais tarde, naquele mesmo ano, Solís e seus exploradores foram mortos pelos indígenas Charrúas. Nenhuma tentativa séria foi feita para colonizar a região até 1624, quando os jesuítas espanhóis e missionários franciscanos estabeleceram missões na área. Pelos 100 anos seguintes, a região foi alvo de uma série de disputas entre a Espanha e Portugal, com o resultado a favor da Espanha, em 1726. Montevidéu foi fundada pelos espanhóis como uma fortaleza militar, no começo do século XVIII. A luta do Uruguai pela independência começou em 1810, sob o comando de José Gervasio Artigas. Mas só catorze anos mais tarde, os uruguaios, sob a liderança de Juan Antonio Lavalleja, promoveram uma 10 Adventist World | Junho 2008 insurreição que libertou o país e declarou sua independência em 25 de agosto de 1825. O Uruguai é considerado a nação mais secular da América do Sul. Embora metade da sua população se identifique como católica (47%), quase um quarto (23%) se denomina “crentes em Deus, mas sem religião”, e aproximadamente um quinto (17%) identifica-se como ateus ou agnósticos. Os uruguaios, em sua maioria, não são religiosos praticantes. R O C K Lago Artificial de Rincon del Bonete Laguna Merin I S L U Lago Artificial de Paso del Palmar Adventistas no Uruguai De acordo com alguns relatos, o primeiro adventista do sétimo dia, no Uruguai, foi o Sr. Juan Rivoir, que, quatro anos antes de imigrar para o país em 1890, ouviu Ellen White pregar em Piedmont, na Itália. Em 1891, os primeiros colportores adventistas A. B. Stauffer, E. W. Snyder e C. A. Nowlen foram a Montevidéu, onde ficaram pouco tempo, antes de prosseguir viagem até Buenos Aires. Em 1893, Stauffer e Snyder retornaram com um jovem britânico chamado Lionel Brooking. Stauffer começou trabalhando entre a população que falava alemão; Snyder com os imigrantes que falavam inglês e Brooking, com os colonos que falavam francês. Um dos primeiros indivíduos no Uruguai a responder à mensagem adventista foi John McCarthy, superintendente do “Seamen´s Mission”, em Montevidéu. Outros missionários adventistas da época incluem Lucy Post, Jean Vuilleumier e F. H. Westphal. Em 1906, a Missão da América do Sul recomendou que o Uruguai fosse organizado como uma missão. Naquela época, a igreja no Uruguai tinha apenas 48 membros e John McCarthy foi nomeado superintendente da nova Missão. A primeira Escola Adventista foi organizada em 1908, na casa de Julio Ernst, com Otto Heydeker como professor. O Colégio Adventista do Uruguai foi fundado em 1944. Em 1909, duas enfermeiras, Meda Kerr e Francisca Brockman, vieram dos Estados Unidos para o Uruguai. Dois outros enfermeiros da Argentina se uniram ao time: Armando Hammerly e sua esposa. Os quatro trabalharam juntos para acabar com o preconceito entre a população, provendo serviço médico à comunidade. Os primeiros programas de rádio adventista foram veiculados por A. R. Sherman, em 1925. Hoje, La Voz de la Esperanza Uruguay (A Voz da Esperança Uruguai) é transmitida de Montevidéu. Cerca de sete mil adventistas no Uruguai reúnem-se em 49 igrejas espalhadas pelo país. Para saber mais sobre a linha de frente do trabalho missionário ao redor do mundo, visite www.adventistmission.org. S A Ú D E N O M U N D O Doenças Cardiovasculares Por Allan R. Handysides e Peter N. Landless Quão problemática é a doença cardiovascular para as pessoas que não vivem nos países do Ocidente? ua pergunta é muito importante porque os problemas cardiovasculares são normalmente descritos como doenças encontradas em países desenvolvidos ou ocidentais. Infelizmente, os maus hábitos são aprendidos muito mais rapidamente do que os bons e, conseqüentemente, vemos agora um número crescente de mortes por problemas cardiovasculares nos países em desenvolvimento. Os índices aumentam enquanto a taxa de mortalidade por doenças cardiovasculares cai ligeiramente nos Estados Unidos. O estilo de vida é um fator muito importante. Vários estudos mostram que há poucas mortes devido a problemas cardiovasculares nos dois a três por cento dos indivíduos que adotam dieta vegetariana, incluindo castanhas, grãos integrais, frutas e vegetais, e que se exercitam regularmente. Há, porém, cada vez mais provas de que a nossa história de colesterol, tanto herdada como adquirida, não é tão simples como se pensava. Além do colesterol, outros fatores como os níveis de vitamina D e indicadores de inflamação como a proteína C-reativa podem ser tão significativos para o prognóstico quanto os níveis de colesterol. É preocupante o aumento da taxa de doenças cardiovasculares em mulheres. De modo geral, as doen- S F O T O S : S A N J A G J E N E R O / M O D I F I C A D O ças cardiovasculares são, na verdade, um problema muito mais grave que a infecção pelo HIV. A China tem uma das taxas de derrame mais altas, e esse fato está principalmente relacionado ao hábito de fumar. Geralmente, pensamos que os Estados Unidos têm os maiores índices de doenças cardiovasculares (derrames e ataques do coração). Mas isso não é verdade. Muitos outros países têm índices mais altos de mortalidade por doenças cardiovasculares, como a Índia, China, Argentina e Escócia, com índices elevados. A dieta é, com certeza, um dos fatores, mas não o único. Em 2020, o tabaco será a maior ameaça à saúde em todo o mundo. Embora tenha havido um declínio no tabagismo no mundo ocidental, há níveis estratosféricos no mundo em geral. O exercício faz maravilhas – mesmo nas pessoas obesas. Indivíduos obesos que se exercitam são apenas metade dos inativos atingidos por doenças vasculares. Não faz sentido ser fanático por dieta. Isso não quer dizer que o exercício compensa a obesidade, porque ambos – dieta desequilibrada e falta de exercícios – são fatores de risco das doenças vasculares. Frutas e vegetais ajudam definitivamente a evitar doenças cardiovasculares, assim como o consumo de alguns gramas de castanhas pelo menos algumas vezes por semana. Alguns defendem o consumo de peixe, que é tão maléfico quanto a carne D I G I TA L M E N T E vermelha, por causa do câncer de cólon. Não importa onde você vive; o fato é que os cinco elementos clássicos de um estilo de vida saudável (exercícios regulares, dieta baseada em plantas, grãos integrais, castanhas e água como o principal líquido) ajudam a reduzir o risco de doenças cardiovasculares. O maior desafio do estilo de vida enfrentado pela população do mundo é a redução do consumo de tabaco. A eliminação deveria ser nosso alvo, mas para aqueles que não são motivados, como os adventistas – por questões espirituais – a expectativa da total eliminação do uso do fumo, em termos globais, não é realista. A segunda mudança no estilo de vida mais gratificante, numa base global, seria exercitar-se mais. São necessários 150 minutos de exercício moderado por semana. Isso significa que o exercício, para ter intensidade efetiva, deve provocar um pouco de suor. Allan R. Handysides, M.B., Ch.B., FRCPC, FRCSC, FACOG, é diretor do Departamento do Ministério da Saúde da Associação Geral. Peter N. Landless, M.B., B.Ch., M.Med., F.C.P.(SA), F.A.C.C., ICPA, é diretor executivo e diretor associado do Ministério da Saúde. Junho 2008 | Adventist World 11 D E V O C I O N A L é Tão N U R E T T I N Por que a Vida Confu Por Israel Banini Reflexões sobre a onipotência Lição de um Jogo Eu estava assistindo a um jogo de futebol de dois times africanos, Accra Hearts of Oak e Kumasi Ashanti Kotoko, no estádio Accra Sports, em Gana. Apenas cinco minutos após o apito do árbitro para iniciar o jogo, os Hearts of Oak levaram um gol. Seu treinador, eleito o melhor da África esse ano, permanecia ao lado do campo, vendo seus jogadores cometendo todo tipo de falta, por ignorância ou simplesmente por displicência. Notei que o treinador não invadiu o campo para ajudar seus jogadores. Ao contrário, ele sofreu o desapontamento de ver seu time perder, enquanto dava, com muita paciência, todos os conselhos e dicas que lhe vinham à mente. Agindo assim, ele ajudou seus jogadores a virar o jogo. Deus é como um treinador do lado de fora do campo. Ele sofre por causa de nossos erros, ignorância, insensatez, pecados e sofrimentos. Seria muito mais fácil entrar no cam- 12 K AYA E rupção vulcânica, tsunamis, morte acidental de um ente querido, tempestade, redemoinho, furacão, terremoto – todos, de certa forma, imprevistos – levam muitos a questionar se realmente existe um Deus de amor sentado em Seu trono no Universo, ou se Ele perdeu o controle de todas as coisas. Pessoas atingidas por grande pesar, perda de familiares e outras calamidades levantam as mãos, em angústia, e exclamam: “Onde está a onipotência de Deus?” “Será que Ele está no controle?” Os sumo sacerdotes, escribas e anciãos foram apanhados na mesma situação durante a crucifixão de Jesus. Lemos suas palavras em Mateus 27:42,43: “Salvou os outros, a Si mesmo não pode salvar-Se. É rei de Israel! Desça da cruz, e creremos nEle. Confiou em Deus; pois venha livrá-Lo agora.” Eles estavam impressionados com o fato de que Deus, com todo o poder em Suas mãos, fosse tão lento para mover Seu braço e salvar Seu Filho, com a força de um relâmpago, se necessário. Por que tinha que ser assim? Adventist World | Junho 2008 po e jogar em nosso lugar, mas isso seria uma fraqueza. Seria contra as regras do jogo. Assim, Ele assiste enquanto nós, Seus jogadores, levamos cartões amarelos e vermelhos. Meu filho morre; minha esposa agoniza; meus irmãos perdem a casa num incêndio; e vão acontecendo uma e outra calamidade. Algumas, como resultado de nossa tolice, outras, sem que tenhamos culpa. Mas, por meio de todas essas coisas, Deus chega até nós – ajudando, aconselhando, guiando. Correr para dentro do campo seria confessar Sua falha como treinador – admitir que Seu plano para a partida, como planejada no início, foi inadequado. Nosso Deus não é descuidado, um intrometido caprichoso. Ele nos ajuda a jogar de acordo com as regras de Sua infinita sabedoria. Mas, como expressão de Sua onipotência, Ele impôs uma limitação a Si mesmo, dando-nos o livre arbítrio, algo que Ele nunca tira de nós; e há coisas que Ele simplesmente não faz sem nossa cooperação. Agentes Humanos Quando Deus quer fazer algo importante no mundo, Ele não mobiliza os anjos. Ao contrário, reúne duas pessoas, não pela força, mas pela atração do amor. Eles têm um bebê que se torna um Davi ou Sansão, um Abraão ou Noé. Se Ele quer construir um templo, dá instruções a Salomão. E quando deseja construir um mundo livre, ele pergunta no contexto das limitações que Ele impôs a Si mesmo: “A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Até respondermos: “Eis-me aqui, envia-me a mim”, esse Deus onipotente é, por assim dizer, impotente para revelar completamente Sua natureza ou para realizar Seu propósito, por ter condescendido tão profundamente para cooperar conosco. Ele pode expressar Seu extraordinário poder por meio de uma poderosa cachoeira, do vento cortante, de ondas furiosas e de um relâmpago rasgando o céu. Ele pode prover água suficiente para as necessidades de toda a humanidade. Porém, o sa? ciedade e edificação da humanidade? Não estamos nos isolando em um mundo perfeito? Mesmo em meio ao sofrimento, será que podemos admitir, no silêncio de nossa alma, o fato de que erramos em vez de apontar onde Deus errou?” Peçamos a Cristo para colocar Seu dedo naquele lugar de nossa vida onde nosso coração está resistente ao Seu poder, nossos pecados poluindo o rio, nossa ignorância construindo um muro numa área de terremotos. Se deixarmos de resistir a Deus, Ele liberará Seu imenso poder como no dia de pentecostes, quando “de repente, veio do céu um som, como de um vento impetuoso” (At 2:2). Se pudermos fazer isso, o resultado final não será apenas uma vitória completa para Deus e uma vitrine de Sua onipotência, mas nosso caminho para ela, pois o que agora parece derrota será transformado em vitória. Na verdade, a grande humilhação de Cristo – a cruz – é agora o maior sinal de vitória do cristianismo. O livre arbítrio humano tornou-se obstáculo para um Deus onipotente. de Deus livre arbítrio (e a tolice) do ser humano torna-se um obstáculo, colocado por Ele mesmo, à Sua onipotência. Por exemplo, Deus não pode ajudar um estudante de medicina a se tornar médico, se ele se recusar a aprender. Cada decisão é nossa decisão; cada escolha é nossa escolha. O fato de Deus recusar-Se a interferir na liberdade humana custou-Lhe o Calvário. Se Seu poder entrasse em ação toda vez que necessitássemos dele, acabaria com nosso problema e, em conseqüência, arruinaria o plano de Deus para nos educar e desenvolver nosso caráter. Qual, então, é o propósito de Deus? Podemos ter um mundo sem pobreza, sem doença, sem tristeza ou morte? Podemos ter total condição de felicidade e prosperidade? Da Perspectiva de Deus Devemos, francamente, perguntar a nós mesmos: “Estamos cumprindo a nossa parte do contrato de trilhar nosso caminho no mundo, envolvendo-nos em trabalho útil para o bem da so- Os acontecimentos que agora rotulamos como “catástrofes” se transformarão, com a nossa cooperação, em glória a Deus, muito além do que pensamos ou imaginamos. Cooperar com Deus é ajudá-Lo a cumprir Seu maravilhoso propósito – propósitos vastos e gloriosos, além de qualquer imaginação, além dos nossos sofrimentos, tristezas e desastres que nos sufocam e ameaçam a nossa fé nEle. Finalmente, com Sua onipotência disponível e Seu poder em ação, poderemos cantar: “Glória, glória a Deus nas alturas.” Israel Banini trabalha há vários anos como repórter de linha de frente em muitas operações das Nações Unidas e, mais recentemente, atuou na Missão das Nações Unidas, em Serra Leoa. Junho 2008 | Adventist World 13 V I D A A D V E N T I S T A Lee Dunstan Daqui Para Lá Material Precioso Para muitas pessoas, em partes remotas do globo, como na Divisão do Sul do Pacífico, de onde estou escrevendo, a Lição da Escola Sabatina é preciosa e muito apreciada. As pessoas que falam inglês no Sul do Pacífico (embora o francês também seja falado), consideram que seu valor intrínseco é 14 Adventist World | Junho 2008 Uma vez confirmada a aprovação final da lição pela comissão da Associação Geral, ela é preparada para a produção. Em formato eletrônico, é distribuída para os tradutores autorizados pela igreja e para as muitas casas publicadoras da igreja, em várias divisões do mundo. Na Divisão do Sul do Pacífico, por exemplo, ela é impressa pela Sings Puglishing Company, em Melbourne, Austrália. Uma vez impressa, a lição é embalada para ser despachada. Parece que, na linha de produção, é sempre corrido aprontar tudo para o malote seguinte, e o pessoal da expedição freqüentemente trabalha até tarde ou nos fins de semana para cumprir o prazo, às vezes até deixando para trás outras produções urgentes. A lição é despachada de Melbourne para uma viagem de mais de três semanas até as ilhas de Fiji, Papua-Nova Guiné, Taiti, Vanuatu e Nova Caledônia. Os barcos para esses países são relativamente freqüentes e regulares, mas esse não é o caso para muitos outros lugares. PA C Í F I C O D O S U L D O D I V I S Ã O O Início da Jornada A incrível jornada da Lição da Escola Sabatina D A maior do que seu preço. Para alguns, é a única literatura adventista a que têm acesso, além da Adventist World. Para eles, a lição vale “ouro”. Na economia em desenvolvimento do Pacífico, há pouca infra-estrutura fora da capital e em algumas cidades do interior. Para chegar a tempo às muitas comunidades, a lição precisa iniciar sua jornada meses antes do início do trimestre. O crédito deve ser dado à igreja que trabalha para que, a cada sábado, em todo o mundo, seus membros estudem o mesmo assunto, que é enriquecido por uma grande diversidade de idéias. C O R T E S I A D esde seu planejamento até chegar aos bancos da igreja, a Lição da Escola Sabatina requer cerca de três anos para ser produzida. Primeiro, é escolhido o autor, ou a pessoa a quem o Departamento da Escola Sabatina da Associação Geral, em Silver Spring, Maryland, Estados Unidos, chama de colaborador principal. Então, a lição é escrita, revisada e editada; finalmente, é impressa. Tudo isso leva tempo. Aproximadamente 2,7 milhões de lições da Escola Sabatina – o que inclui todas as cinco edições (alunos, professores, lição fácil, lição condensada e uma versão em letras grandes) em 85 línguas e dialetos – são impressas e distribuídas ao redor do mundo, a cada trimestre, por meio das lojas de livros adventistas e igrejas locais, segundo Gary Swanson, diretor associado do Departamento de Ministério Pessoal e Escola Sabatina. Entretanto, a maioria dos membros de igreja que usam a Lição da Escola Sabatina, ao abrirem a lição no início do trimestre, provavelmente não têm conhecimento do longo processo de produção, nem imaginam quão trabalhoso ele é. Entretanto, embora a maioria de nós nunca se tenha preocupado com o processo de criação da lição, essa mentalidade não é universal. Acima: TRABALHO DE AMOR: Alguns missionários locais, pastores e anciãos das regiões remotas da Divisão do Sul do Pacífico, caminham de dois a três dias para buscar a lição da Escola Sabatina. Esquerda: LIÇÃO COPIADA A MÃO: Essa lição para adultos foi copiada a mão por um membro de igreja na Romênia, durante o tempo em que usar esse tipo de literatura era ilegal naquele país. C O R T E S I A D O D E PA R TA M E N T O D E E S C O L A S A B AT I N A E M I N I S T É R I O P E S S O A L D A A S S O C I A Ç Ã O G E R A L Para Regiões Distantes A maioria das nações do Pacífico está espalhada por uma vasta extensão de oceano, pontilhada por pequenas ilhas. Assim, quando as lições chegam aos escritórios da união ou missão, a remessa precisa ser dividida em lotes menores para cada ilha e remetida para o destino seguinte – os escritórios das missões locais – por meio de embarcações que navegam entre ilhas. Desde que a lição é impressa, é necessário um período de dois a três meses até ela chegar ao destino. Esse, porém, é apenas o início do processo. Agora, uma mensagem é enviada por rádio UHF e radiotelefonia para os diretores dos distritos e pastores das igrejas no alto das montanhas e em postos de fronteira sob seu cuidado: o precioso suprimento de lições chegou. Nessa etapa, missionários locais, pastores e anciãos de igreja fazem sua jornada para a missão ou sede de distrito, para buscar as lições. Para os moradores das montanhas de PapuaNova Guiné, onde não existem estradas interligando a maioria das vilas, isso pode significar de dois a três dias de difícil caminhada, somente de ida. Se tiverem sorte, um avião da missão pode entregar os pacotes em um campo de pouso do outro lado do vale, o que requer apenas um a dois dias de dura caminhada pelos precipícios de PapuaNova Guiné. Embora seja possível lançar uma seta através do vale, a descida e subida nas duas direções são realmente “de matar”. Para as igrejas nos atóis da grande Lagoa Marovo, nas Ilhas Salomão, por exemplo, pode significar lotar uma canoa e ir de ilha em ilha por vários dias. Embora haja lanchas a motor, o preço do combustível, quando disponível, é inacessível. Uma vez que a igreja adventista mais distante do escritório central do Sul do Pacífico está na Ilha Pitcaim, a República de Kiribati, composta por 33 ilhas dispersas numa área de 3.5 milhões de quilômetros quadrados, ela é provavelmente o melhor exemplo de lugar remoto, tanto em distância como em acesso. A ilha mais próxima que tem escritório de missão é Fiji, que dista 1.500 quilômetros, enquanto a mais distante está a 3.300 quilômetros. Além da distância, há dificuldades em relação ao acesso, uma vez que poucos barcos navegam entre as ilhas em horários regulares, fazendo com que as lições esperem pacientemente. Mas, vale a pena. O Pão e a Manteiga do Estudo da Bíblia Piuki Tasa, diretor do SELS (loja de livros e revistas) da União-Missão de Papua-Nova Guiné, diz que a lição da Escola Sabatina é o pão e a manteiga do estudo da Bíblia e do culto familiar diário, naquele campo. Ele já morou e trabalhou como pastor e administrador de uma loja de livros adventistas, tanto em Papua-Nova Guiné quanto nas Ilhas Salomão e sabe que isso é verdade. Ele diz que as lições não chegam às comunidades mais remotas antes da quarta ou quinta semana do trimestre, os adventistas sentem muita falta. Tasa considera a lição como uma “grande bênção” para os membros da igreja em sua região, e diz que os membros apreciam muito seu estudo. “O estudo da lição da Escola Sabatina, cada trimestre, traz força espiritual e discernimento aos membros”, diz Tasa. Ele acrescenta que a lição sempre chega aos lugares mais difíceis. Os membros de muitas outras denominações compram lições regularmente, quando há exemplares disponíveis nas lojas, uma vez que, à semelhança de seus amigos adventistas, têm pouca publicação espiritual acessível financeiramente e de fácil compreensão. costa sudoeste, para participar de um seminário de treinamento seguido da venda de literatura. Para ir da vila onde moram até o lugar do seminário, tiveram que caminhar por três dias através da floresta, cruzando rios inundados e infestados de jacarés, e ainda precisavam de dinheiro para voltar para casa, mas logo ficaram sem livros para vender. Foi quando alguém se lembrou de haver visto pacotes de lições de trimestres anteriores em um depósito da loja adventista local. As lições haviam chegado muito tarde para o trimestre correspondente e haviam sido abandonadas. De posse desse material, os homens foram, mais uma vez, de porta em porta vendendo os panfletos para pessoas que ignoravam a data e a má aparência das lições. Os dois homens, ao voltarem para casa, ainda venderam lições. Já ouvi outras histórias, como a de pessoas que usaram a lição da Escola Sabatina para enrolar cigarros, arrancando página por página, à medida que iam fumando, até começarem a ler as páginas restantes e, posteriormente, encontraram a igreja. O Fim da Jornada – ou Não? Damos mais valor às coisas que são mais caras. Por isso, os pescadores das ilhas do Pacífico e os camponeses das montanhas de Papua-Nova Guiné que sabem quanto custa uma lição em termos de esforço para obtê-la, a consideram um tesouro precioso. Para eles, a lição não é descartável no fim do trimestre. Pelo contrário, passa a fazer parte de suas bibliotecas, sendo manuseada e compartilhada até se tornar tão gasta e rasgada que seu uso se torna praticamente impossível. Resgate por Meio da Lição da Escola Sabatina Brian Brunton, gerente do Departamento de Publicações de Papua-Nova Guiné até 2005, relata como, certa ocasião, dois colportores evangelistas visitaram Daru, um remoto país na Lee Dunstan é editor- chefe da Signs Publishing Company, em Vitória, Austrália. Junho 2008 | Adventist World 15 A R T I G O D E C A PA Por Williams Costa, Jr. Conexão com a sem Fio Salvaçao Tecnologia digital leva campanha evangelística aos lares e internautas aceitam a Jesus. P ara muitas pessoas, os avanços tecnológicos fazem mais mal do que bem. Com quase 196 BATISMO: Tatiana (direita) bilhões de e-mails rodando diariamente nas e o esposo de sua irmã, redes de computadores, a luta para ficar livre de Edmilson (não fotografado), mensagens indesejáveis toma minutos preciosos no foram batizados no final da trabalho e nos lares. série evangelística realizaAo mesmo tempo, os avanços tecnológicos esda pela Igreja Adventista tão aumentando a habilidade dos adventistas do séno Brás, São Paulo. As reutimo dia de proclamar e levar as boas novas sobre niões foram transmitidas, Jesus a pessoas em todo o planeta. Algumas vezes, ao vivo, pela Internet para a tecnologia é usada por evangelistas que não estão buscando prioritariamente grandes massas, mas um chamar a atenção coração sedento da verdade. das pessoas ocupadas, Aqui está um exemplo: Em agosto de 2007, no sem sair de casa. populoso bairro do Brás, na cidade de São Paulo, Brasil, o evangelista Luís Gonçalves apresentava na igreja local uma mensagem baseada em Apocalipse Nesse momento, o celular da Cristina tocou. Ela olhou 12. As mensagens eram captadas por câmeras de televisão para a tela do telefone e exclamou: e transmitidas, ao vivo, pela Internet. Isso foi feito para atrair − É meu marido! os moradores do Brás − bairro com a maior comunidade mu− Atenda à ligação − disse Gonçalves. çulmana do Brasil −, os quais poderiam ter o interesse em ir − Oi, querido! −Cristina disse a Edmilson. às reuniões dessa série evangelística, mas que estavam muito − Quando você saiu de casa e foi para a igreja, liguei o ocupados ou cansados no fim do dia. computador e assisti a toda a programação pela Internet − No fim do sermão, o pastor Gonçalves fez um apelo ao disse Edmilson. público, mas também olhou diretamente para uma das câO pastor Gonçalves pediu a Cristina que o deixasse falar meras de televisão, apelando especialmente aos que estavam com o marido. O pregador fez um apelo direto e especial assistindo pela Internet, para atenderem ao chamado. a essa única pessoa. Isso foi verdadeiramente “interativo”: Cristina, presente na igreja, levantou-se de seu assento e foi Edmilson estava ouvindo a mensagem ao vivo pela Web e o à frente. Quando o pastor Gonçalves a viu, perguntou: pastor estava fazendo um apelo personalizado por um telefone − Onde está seu esposo? − Edmilson, o marido dela, não celular! estava ao seu lado, e ela respondeu: Gonçalves perguntou a Edmilson se ele poderia colocar o − Eu vim sozinha. − Que pena! Estamos sentindo a falta dele – disse Gonçalves. telefone nas “caixas de som” da igreja, e ele consentiu. Dessa 16 Adventist World | Junho 2008 F O T O S : C O R T E S I A D E L U Í S G O N Ç A LV E S FRUTOS DA TECNOLOGIA: O evangelista Luís Gonçalves entrevista Cristina, logo após o apelo. Durante a conversa, o esposo de Cristina, Edmilson, ligou para o celular da esposa. Gonçalves colocou a conversa no “viva-voz” e fez um apelo pessoal a Edmilson, que tomou sua decisão de aceitar a Jesus como seu Salvador. maneira, toda a congregação pôde ouvir o diálogo. Momentos depois, Edmilson, profundamente movido pelo Espírito Santo, decidiu entregar o coração a Jesus. Lágrimas vieram aos olhos de Cristina. A congregação explodiu de alegria, aplaudindo com entusiasmo. Fazia muito tempo que Cristina estava orando por aquela decisão. Agora, seu marido estava fisicamente longe do prédio da igreja, mas perto da família de Deus. Edmilson foi profundamente tocado ao ver tudo na tela do computador de sua casa. Foi uma combinação abençoada de ministério pessoal e tecnologia para alcançar um homem por meio da Internet e um telefone celular. Tudo começou de um jeito pouco tecnológico. Márcia, fiel adventista do sétimo dia que vive na Bahia, a mais de dois mil quilômetros de São Paulo, ligou para sua irmã Cristina. Márcia convidou a irmã, não adventista, a assistir a uma série evangelística de 30 noites com o pastor Gonçalves, intitulada: “Apocalipse, a Resposta”. O Brás, onde Cristina mora, sempre foi um lugar “difícil” para o evangelismo adventista, mas os líderes da Associação daquela região decidiram construir um templo numa área sem presença adventista. O Brás é um bairro extremamente comercial, com muitos imigrantes. Além da enorme comunidade muçulmana, há coreanos, italianos, bolivianos e muitos outros que fizeram daquele lugar o seu lar. A série evangelística foi planejada como “pontapé” inicial para a inauguração da igreja. A Grande São Paulo, com mais de 20 milhões de habitantes, possui todos os elementos para induzir as pessoas a ficarem em casa, à noite: muito trânsito, poluição e falta de segurança. Depois de um longo dia de trabalho em uma metrópole, as pessoas estão completamente exaustas. Por essa razão, o pastor Gonçalves tomou a decisão de disponibilizar a série pela Internet. Se as pessoas não podiam, ou não queriam ir à igreja, a mensagem deveria ficar disponível em seus lares, ele pensou. Cristina e Edmilson moram longe da igreja, mas aceitaram o convite de Márcia e começaram a assistir às pregações pela Internet. O casal conhecia o pastor Gonçalves, pois havia assistido a uma série de estudos bíblicos em DVD. Tatiana, outra irmã de Cristina, também decidiu assistir aos programas pela Internet, que causaram grande impacto em sua vida. No dia 22 de agosto, uma semana antes da conclusão da série evangelística, Tatiana decidiu ser batizada e convidou Cristina e o esposo a ir à igreja com ela. Edmilson recusou o convite e preferiu ficar. Depois que Tatiana assinou sua ficha batismal, junto com a irmã, decidiu ficar para o programa da noite, quando Gonçalves pregou sobre a graça de Deus. Foi nesse dia que Edmilson fez o que pode ter sido a chamada telefônica mais importante de sua vida. Três dias depois, Edmilson, a esposa Cristina e a cunhada Tatiana foram batizados na igreja do Brás. Como resultado dessa fantástica combinação de pregação num local com transmissão pela Web, 457 pessoas receberam estudos bíblicos, durante a campanha de testemunho. Desse número, 120 decidiram ser batizadas e 62 já foram batizados. A igreja do Brás, com 300 lugares, por muitas noites acomodou mais de 600 pessoas que lotavam o templo. No fim da série, aproximadamente 900 pessoas superlotaram a igreja para assistir à cerimônia batismal. Muitas campanhas evangelísticas já foram transmitidas pela Internet, mas, dessa vez, o pastor Gonçalves “incluía” os expectadores on-line. Quando mencionava um texto bíblico, virava para a câmera e perguntava: “Você encontrou?” ou dizia: “Vou esperar por você. Já está pronto?” Isso criava uma ligação entre o pregador e os expectadores. No fim da série, 32.619 pessoas acessaram a transmissão pela Internet. Noêmia Mendes, advogada, também tomou a decisão de ser batizada ao assistir à série da igreja do Brás, pela Internet. No dia 15 de agosto, ela foi à igreja e disse com toda a certeza: “Conheço a mensagem adventista desde os 15 anos de idade. Williams Costa, Jr. é diretor dos Serviços de Mídia para o Departamento de Comunicação da Associação Geral. Junho 2008 | Adventist World 17 Esquerda: COMPROMETIDOS COM JESUS: Sessenta e duas pessoas foram batizadas na Igreja Adventista do Brás. Da esquerda para a direita: Edmilson, sua esposa Cristina e a irmã de Cristina, Tatiana. Direita: CONVERSÃO PELA INTERNET: Pastor Luís Gonçalves entrevista outra candidata ao batismo, Noêmia Mendes, advogada, que entregou seu coração a Jesus enquanto assistia à série evangelística da igreja do Brás, transmitida pela Internet. F O T O S : Assisto constantemente à TV Novo Tempo e acompanhei esta série evangelística pela Internet. Estou muito segura ao tomar minha decisão ao lado de Jesus.” Noêmia também foi batizada no fim da série. Alguém disse que existem pelo menos três maneiras de se chegar a Paris. Uma é através dos canais de esgoto, o que pode levar a pessoa a dizer que “Paris é escura, estreita e cheira muito mal.” Outra, é de carro, causando a seguinte reação: “Oh! Paris é linda, seus jardins, maravilhosos! Mas tem um problema: o tráfego é tão intenso que não se consegue andar!” Pode-se, entretanto, chegar a Paris sobrevoando a cidade, e a impressão será inteiramente diferente: “Paris é brilhante, espaçosa, magnífica. É realmente a cidade das luzes!” Dependendo da maneira como se usa a Internet, ela também pode ser brilhante ou escura, estreita ou espaçosa, feia ou bonita. A Internet oferece uma oportunidade única de compartilhar as boas novas da salvação a muitas pessoas confusas, que precisam de respostas. Em alguns países, a Internet é controlada pelas autoridades locais, mas, por sua própria natureza, ela transpõe todas as barreiras. Por isso, é tempo de pensarmos além das velhas rotinas, criando “espaços” na Web e dando oportunidade às pessoas de conhecer Jesus e Seu amor, por meio da Internet. Todos os que acessam a Internet sabem quanto conteúdo ruim existe na Web; a torrente de “spams” é um tsunami de pecado em diversos níveis. Mas, ao mesmo tempo, a Internet é uma oportunidade de comunicar esperança e salvação, e é por essa razão que os adventistas devem usá-la. Se não usarmos essa ferramenta, o inimigo usará. No passado, muitas vezes, ficamos com medo de usar filmes, TV e rádio para compartilhar o evangelho; como resultado, Satanás está usando esses meios de diversas maneiras. Sinceramente, creio que o Senhor inspirou a invenção de todas essas mídias, que são ferramentas de alta tecnologia, para ajudar a expandir o nosso testemunho. Precisamos ter um propósito, sendo até ousados, para conse- 18 Adventist World | Junho 2008 C O R T E S I A D E L U Í S G O N Ç A LV E S guir espaço na mídia secular. Freqüentemente, somos muito acanhados, tímidos e, às vezes, até omissos ao lidarmos com a mídia em geral. No mundo secular, as pessoas lutam para aparecer. As celebridades investem muito dinheiro para ser promovidas, fotografadas, e até para ter seus escândalos divulgados! Como cristãos, não promovemos escândalos. Nossa conduta dever ser sóbria, equilibrada e centrada em Cristo: “o amor de Cristo nos constrange” (2Co 5:14). Precisamos ser motivados a usar a mídia corretamente, não para autopromoção, mas para a causa de Deus. A vida de Paulo de Tarso é bom exemplo. Ele havia abraçado a causa de destruir a igreja cristã que nascia. Após um encontro pessoal com Jesus, virou o mundo de cabeça para baixo, denominando-se “louco para Cristo”. Seu evangelismo mudou a história. Paulo precisou viajar todo o mundo conhecido, enquanto você e eu precisamos apenas de um computador e acesso à Internet em casa. Imagine que alguém do Afeganistão, agora morando no Brasil, comece a enviar e-mails para sua família em Kabul, dizendo algo mais ou menos assim: “Eu descobri Jesus. Você precisa conhecê-Lo. Sei que, se você O aceitar como Salvador pessoal, estará arriscando a vida, mas, por favor, tente. Minha vida mudou, agora sou feliz, estou livre de culpa. Você quer fazer um Curso Bíblico on-line?” Imagine que uma senhora japonesa, que aceitou a Jesus no México, mande uma mensagem para sua tia em Osaka. Ela compartilha a nova vida que descobriu depois de aceitar a Jesus como Salvador e Senhor. Ela convida os parentes para assistir ao Hope Chanel pela TV a cabo ou pela Web. Finalmente, um muçulmano procedente do Oriente Médio aceitou a Jesus através de uma campanha evangelística realizada pelo pastor Mark Finley e decide compartilhar sua experiência com seu filho que ainda vive naquela região. O pai encoraja o filho a ouvir a AWR (Rádio Mundial Adventista). A televisão, o rádio, as publicações, a Internet – tudo isso precisa convergir para o objetivo de alcançar o propósito pelo qual, creio, foram inventados. São ferramentas para levar esperança às pessoas. Deus não precisa de nós para concluir Seu trabalho. Ele poderia usar os anjos voando pelo meio do céu para anunciar a mensagem de salvação a este mundo enfermo. O uso criterioso e agressivo da tecnologia será mais poderoso que a maior campanha publicitária da história. Trilhões de reais, dólares e euros gastos com marketing não fariam o mesmo impacto na vida das pessoas. O poder da presença cristã adventista na mídia somente será calculado, um dia, pelos rostos, cheios de alegria, dos remidos que desfrutarão a eternidade conosco, porque ousamos testemunhar, falando sobre Jesus. Esse mesmo Jesus nos dá o privilégio de compartilhar nosso testemunho pessoal com todos os nossos “vizinhos” – os 6,6 bilhões de moradores do planeta Terra. Não teremos maior alegria nesta vida do que a de levar aos pés de Jesus aqueles que, talvez, nunca encontraremos pessoalmente, mas podem ser alcançados por nosso testemunho pessoal. Ellen White compreendeu a importância imperativa de compartilhar as boas novas: “Disponha-se toda a vez que houver trabalho a ser feito. Não importa se é rico ou pobre, grande ou humilde, Deus o convida para um serviço ativo para Ele.”1 Note esta promessa maravilhosa: “No trabalho pelas almas que perecem, os anjos sempre fazem companhia. Milhares e milhares, e dez mil vezes dez mil anjos estão esperando para cooperar com os membros de nossa igreja na comunicação da luz que Deus generosamente tem dado.”2 Mais de um século atrás, a mensageira de Deus escreveu as seguintes palavras inspiradas: “Há um trabalho missionário a ser feito em muitos lugares sem esperança. O espírito mis- sionário precisa tomar conta de nós, inspirar-nos a alcançar as classes com quem não imaginávamos trabalhar. O Senhor tem Seu plano para a semeadura da semente do evangelho. Ao semearmos, de acordo com a Sua vontade, multiplicaremos as sementes de modo que Sua palavra alcance milhares que nunca ouviram da verdade.”3 A Internet está dando a oportunidade de acessarmos maneiras e lugares com os quais “não imaginávamos trabalhar”. Estou seguro de que “o Senhor tem Seus planos para a semeadura da semente do evangelho”. Precisamos semear “de acordo com Sua vontade”, e Sua Palavra alcançará não somente “milhares”, mas bilhões de pessoas para o caminho da salvação. Embora seja poderosa, a Internet nunca substituirá a importância do contato pessoal. A melhor maneira de compartilhar o plano da salvação é, certamente, por meio do testemunho pessoal. Mas a Internet pode ser usada corretamente, como um meio, não como solução final. Existe um enorme potencial para “fazermos evangelismo” pelo sábio uso do YouTube, Google, e-mail, MSN, blogs, websites, webpages. Usemos essas ferramentas associadas ao poder insubstituível do testemunho pessoal. Por todas essas razões, vamos dar as boas-vindas ao futuro dessa nova mídia; vamos dar as boas-vindas às oportunidades de usar a Internet para o evangelismo. Que Deus abençoe você e o inspire. Que o Espírito Santo use sua vida para conectar as pessoas com a salvação, mesmo se seja por meio de um telefone celular! 1. Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, v. 9, p. 129. 2. Ibid. 3. Ibid. p. 130. Fórum de Internet Incentiva Evangelismo On-line Como aqueles que estão ativamente envolvidos na missão da igreja podem ganhar conhecimento técnico para a utilização eficaz da Internet no evangelismo? A resposta está contida em quatro letras: GIEN. GIEN é a sigla em inglês para “Rede Global de Evangelismo pela Internet”, uma comunidade de evangelistas e técnicos comprometidos em usar a Internet para compartilhar a boa notícia. Além de evangelizar, os membros do GIEN estão empenhados a instruir os crentes no discipulado, preparando pessoas para o retorno de Cristo. O primeiro encontro do GIEN ocor- reu em 2004, na sede mundial da Igreja Adventista do Sétimo Dia, em Silver Spring, Maryland, Estados Unidos. Desde então, eventos anuais foram realizados na Tailândia, San Diego, Califórnia e Inglaterra. A Cidade do Cabo, África do Sul, foi sede do primeiro GIEN regional para o continente africano, em março de 2008. Para abril de 2009, está planejado outro GIEN regional, dessa vez na Alemanha, para os adventistas europeus. A realização de outros GIENs regionais está sendo planejada para levar instrução em tecnologia para mais perto das linhas de frente da missão e do serviço. Neste ano, o quinto GIEN internacional será realizado em Denver, Colorado, EUA, nos dias 9 a 13 de junho. Se o evangelismo on-line é seu objetivo, faça planos para participar. O tema deste ano será: “No Espírito da Internet”. Serão cobertas quatro áreas: 1. O Espírito de Colaboração (desenvolvendo unidade e convergência). 2. O Espírito do Testemunho (desenvolvendo conteúdo para testemunhar). 3. No Espírito da nossa Era (compreendendo a mídia e as novas tecnologias). 4. O Espírito do Criador de Conteúdo Adventista. Para mais informações sobre a conferência on-line, acesse www.gien. adventist.org. Junho 2008 | Adventist World 19 C R E N Ç A S F U N D A M E N T A I S E d, tio de minha esposa, era soldado na Segunda Guerra Mundial. Certo dia, por engano, entrou no terreno inimigo e encontrou as botas de um amigo, perto de uma fogueira extinta. Não vendo o companheiro em nenhum lugar por ali, temeu pelo pior. No desfecho da história, essa foi uma ocasião em que Ed usou definitivamente suas armas. Recentemente, ao retornar de uma visita à casa dos pais, minha esposa trouxe uma das armas do tio Ed: um punhal. Examinei-o cuidadosamente. Media cerca de 40 centímetros de comprimento com uma lâmina medindo pouco mais de 24 por 5 cm, em sua parte mais larga. A alça foi fortemente encordoada para melhorar a aderência e, veja bem, tinha sete nós de latão, conhecidos como ‘soco inglês’, capaz de matar com apenas um golpe. Gravado na bainha de couro, constavam as palavras Denzil Don 1942. Quanta história aquele punhal poderia contar! Mas o próprio tio Ed, tipo reservado, nunca falou muito sobre a guerra. Ele não gostava de falar sobre ela. Não gosto de falar sobre isso também. Não gosto, inclusive, de pensar em jovens, rapazes e moças, saindo para a guerra. E por que estou escrevendo sobre esse assunto? Alguém da Adventist World pediu-me para ser um tipo de correspondente de guerra. Não no Afeganistão ou Iraque, mas da mãe de todas as guerras: O GRANDE CONFLITO ENTRE CRISTO E SATANÁS. Veja como João, o revelador, descreve esse conflito: “Houve peleja no Céu. Miguel e os Seus anjos pelejaram contra o dragão. Também pelejaram o dragão e seus anjos; todavia, não prevaleceram; nem mais se achou no Céu o lugar deles. E foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo, sim, foi atirado para a Terra, e, com ele, os seus anjos” (Ap 12:7-9). Lembro-me da atitude de minha mãe, quando eu era criança e gostava de assistir aos jogos de baseball do Chicago O Cubs, no canal 9. Quando ela ouvia, nos intervalos, o som da propaganda de cerveja começando, ela corria até a sala, abaixava o volume e ficava em frente da TV cobrindo a tela com o vestido, de modo que eu não visse o que estava se passando nela. Você pode achar engraçado, mas funcionou. Até hoje, nunca provei uma gota de cerveja! Desempenhando o Papel Qual é nossa parte no grande conflito? Quando criança, eu evitava brigar na rua, até que um garoto começou a me cercar com provocações. Tentei me desvencilhar dele por alguns dias, NÚMERO 8 Grande Por Douglas Matacio Conflito Douglas Matacio é professor associado de estudos religiosos na Universidade Canadense, em LaCombe, Alberta, Canadá. 20 Adventist World | Junho 2008 Essa é uma batalha cósmica na qual todos nós estamos envolvidos. mas ele persistia. Finalmente, concordei e fomos para o chão. Apenas deitei de costas e deixei que ele sentasse em meu peito. Menos de um minuto mais tarde, ele se cansou, pulou fora e saiu correndo. Foi a última vez que ele me provocou. Numa escala muito maior, Lúcifer começou uma briga com Deus por ciúmes da autoridade e poder do Filho. Ele manchou o caráter de amor de Deus, proclamando que Sua lei é injusta. Cristo, com Sua morte na cruz e uma vida sem pecado, provou que a lei de Deus é imutável e pode ser cumprida. A morte e ressurreição de Cristo tornaram possível a vida eterna, demonstrando que Deus realmente ama a todos e a expulsão de Satanás do Céu tinha sentido. Ele, porém, não destruiu o rebelde, pois Seus filhos poderiam servi-Lo por medo e não pelo amor, nutrido pela liberdade. Assim, esperamos para que Satanás seja desmascarado e revelado como realmente é. Esperamos para que o caráter amorável de Deus seja apreciado e Seu governo de justiça vindicado. (Veja O Grande Conflito, Ellen G. White, p. 492-504.) Esperar e observar, porém, é tudo o que podemos fazer? Certa ocasião, fiquei decepcionado com um obreiro e me Vamos em frente, de joelhos, orando uns pelos outros, vestidos com a armadura de Deus e guiados pelo Espírito. opunha a ele sempre que possível. Um desentendimento administrativo transformou-se em uma chama que estava destruindo, não apenas meu relacionamento com meu irmão, mas minha própria experiência como cristão. Desesperado, procurei uma solução na Bíblia. Encontrei-a no Salmo 37. “Descansa no Senhor e espera nEle, não te irrites por causa do homem que prospera em seu caminho, por causa do que leva a cabo os seus maus desígnios. Deixa a ira, abandona o furor; não te impacientes; certamente, isso acabará mal. Espera no Senhor, segue o Seu caminho, e Ele te exaltará para possuíres a terra; presenciarás isso quando os ímpios forem exterminados” (Sl 37:7, 8, 34). Conhecendo o Inimigo É possível que o grande conflito seja realmente entre Cristo e Satanás e não entre o irmão Ferreira e o irmão José? Também não é entre cristãos genuínos e ateus, religiosos do mundo e apóstatas. Somos participantes ou espectadores? Na verdade, o Salmo 37 diz: “Espera e verá o que Deus fará.” Mas o apóstolo diz: “se possível... tende paz com todos os homens; não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: A Mim Me pertence a vingança; Eu é que retribuirei, diz o Senhor” (Rm 12:18,19). Assim, podemos participar vivendo em paz com amigos e inimigos, “seguindo a verdade e o amor” (Ef 4:15), demons- trando o caráter de amor de Deus por meio da bondade, perdão e, se possível, transformando inimigos em irmãos e irmãs na família de Deus. “Porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes” (Ef 6:12). Nossa luta não é contra seres humanos, mas contra Satanás e seus demônios, diz Paulo. Devemos amar nossos semelhantes, tratá-los com gentileza e respeito. Devemos ir adiante, de joelhos, orando uns pelos outros, na armadura de Deus, acompanhados pelo Espírito (Ef 6:13-19). Jesus provou ser mais forte do que Seus adversários espirituais, e Ele lutará contra eles por nós. Praticando a Bondade Ao vermos o mal nos seres humanos, como evitar lutar contra eles? Podemos aprender com os SULADS, do Colégio Mountain View, nas Filipinas. Esses estudantes missionários alcançam as comunidades de Monobo e Tallandig, ajudandoos com saúde, agricultura e alfabetização. Os guerreiros tribais e outros, entretanto, ameaçam seu bem-estar e, por extensão, o daqueles que trabalham com eles. Certa ocasião, um grupo de SULADS encontrou alguns desses “piratas” boiando no mar, após naufrágio de seu bote. Eles não acreditaram, mas foram resgatados e socorridos em vez de abandonados para morrer. Esse incidente abriu as portas para o estabelecimento de uma escola na região. Durante o verão de 2007, um dos SUDADS foi tragicamente baleado e morto; agora, porém, de acordo com a página Web dos SULADS, o assassino foi perdoado. Inacreditável, mas verdadeiro! Os SULADS não lutam com punhais Ranger, mas praticam a bondade e o amor. À sua própria maneira, estão lutando contra os poderes do mal pela dependência diária de Deus, demonstrando, por atos de misericórdia e perdão, que a essência do caráter de Deus é o amor. O Grande Confito Toda a humanidade está agora envolvida em um grande conflito entre Cristo e Satanás, a respeito do caráter de Deus, Sua lei e Sua soberania sobre o Universo. Esse conflito originou-se no Céu, quando um ser criado, dotado de liberdade de escolha, em auto-exaltação tornou-se Satanás, o adversário de Deus e induziu à rebelião uma parte dos anjos. Ele introduziu o espírito de rebelião neste mundo, quando levou Adão e Eva a pecar. O pecado humano resultou na distorção da imagem de Deus na raça humana, a distorção do mundo criado e sua devastação no tempo do dilúvio. Observado por toda a criação, este mundo tornou-se a arena do conflito do Universo, ao fim do qual, o Deus de amor, finalmente, será vindicado. Para ajudar o Seu povo na presente controvérsia, Cristo envia o Espírito Santo e os anjos leais para guiar, proteger e sustê-los no caminho da salvação. (Ap 12:4-9; Is 14:12-14; Ez 28:12-18; Gn 3; Rm 1:19-32; 5:12-21; 8:19, 22; Gn 6–8; 2 Pe 3:6; 1Co 4:9; Heb. 1:14.) Junho 2008 | Adventist World 21 E S P Í R I T O D E P R O F E C I A egundo S Por Ellen G. White O Grande anda M de Cristo “Pensemos uns nos outros a fim de ajudarmos todos a terem mais amor e a fazerem o bem” —Hb 10:24, NTLH “Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como Eu vos amei.” Essas palavras não são de um homem, mas de nosso Redentor; e quão importante é que cumpramos as instruções que Ele nos deu! Não há nada que enfraqueça mais a influência da igreja do que a falta de amor. Cristo diz: “Eis que Eu vos envio como ovelhas para o meio de lobos; sede, portanto, prudentes como as serpentes e símplices como as pombas.” Se é para enfrentarmos oposição de nossos inimigos, que são representados pelos lobos, sejamos cuidadosos para não manifestar o mesmo espírito entre nós. O inimigo sabe muito bem que, se não nos amarmos uns aos outros, poderá atingir seus objetivos ferindo e enfraquecendo a igreja, por causar divergências entre os irmãos... jam em harmonia com a sagrada verdade que Deus nos confiou! As pessoas do mundo estão nos observando para ver o que nossa fé está fazendo por nosso caráter e vida. Eles estão atentos para ver se há um efeito santificador em nosso coração, se estamos sendo transformados à semelhança de Cristo. Estão prontos para descobrir todos os defeitos de nossa vida, cada incoerência em nossas ações. Não demos motivos para criticarem nossa fé. Não é a oposição do mundo que nos coloca em perigo; o mal acariciado em nosso meio torna-se nosso mais grave desastre. São as vidas não consagradas de professores não comprometidos que retardam o trabalho da verdade e trazem trevas sobre a igreja de Deus. Viver a Favor ou Contra Desenvolvendo o Fruto do Espírito Como devemos ser cuidadosos, para que nossas palavras e ações este- Deus coloca cada um de nós individualmente em posição tal que possa 22 Adventist World | Junho 2008 colocar Seu amor sobre nós. Ele pagou alto preço pelo homem, redimindo-nos pelo sacrifício de Seu Filho unigênito, de maneira que vejamos em nosso semelhante o valor do sangue de Cristo. Se tivermos esse amor uns pelos outros, cresceremos em amor por Deus e pela verdade... O amor é uma planta de origem celeste e, se tivermos que florescer em nosso coração, cumpre-nos cultiválo diariamente. Brandura, mansidão, sofrimento, longanimidade, paciência para com todos – esses são os frutos da preciosa árvore do amor. Quando estiverem reunidos, sejam cuidadosos em suas palavras. Que sua conversação seja de tal natureza que não tenham motivos para arrependimentos... Se o amor pela verdade estiver em seu coração, caminharão na verdade. Falarão da bendita esperança que têm em Jesus. Se houver amor em seu coração, procurarão introduzir e firmar seu irmão na fé santíssima. Se R O H R K E V I N mento deveríamos tornar mais leves os fardos uns dos outros, ao manifestarmos o amor infinito de Jesus às pessoas que se acham ao nosso redor. Em vez de procurarmos faltas uns nos outros, sejamos críticos de nós mesmos. A pergunta de cada um de nós deveria ser: Está meu coração diante de Deus? Está o rumo de minhas ações glorificando o Pai que está no Céu? Vivendo o Amor soltarem alguma palavra que prejudique o caráter do seu amigo ou irmão, não incentivem a linguagem do mal. Esse é o trabalho do inimigo. Gentilmente relembre ao que fala que a Palavra de Deus proíbe tal conversação. Devemos esvaziar o coração de tudo o que corrompa o templo da alma, para que Cristo ali habite... É a unidade da igreja que a habilita a exercer consciente influência sobre descrentes e mundanos. Viver por Cristo A igreja de Cristo é considerada um templo sagrado. O apóstolo diz: “Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, sendo Ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular.” Todos os seguidores de Cristo são representados como pedras no templo de Deus. Cada pedra, grande ou pequena, deve ser pedra viva, emitindo luz e ocupando o local a ela determinado na construção de Deus. Como devemos estar agradecidos pelo fato de que um caminho foi aberto para que todos pudessem ter um lugar no templo espiritual! Irá você, meu irmão e minha irmã, pensar nessas coisas, estudá-las e falar sobre elas? À medida que as apreciarmos, nós nos tornaremos fortes no serviço de Deus... e cumpridores das palavras de Cristo. O trabalho de construir um ao outro na mais santa fé é obra abençoada; mas o trabalho de demolição é cheio de amargura e tristeza. Cristo Se identifica com o sofrimento de Seus filhos; pois Ele diz: “Sempre que o fizestes a um destes Meus pequeninos irmãos, a Mim o fizestes.” Se todos pudessem levar avante as instruções de Cristo, que amor e unidade existiriam entre Seus seguidores! Cada coração tem seus próprios pesares e desapontamentos, e Cristo é o nosso exemplo. Ele sempre fez o bem. Ele viveu para abençoar os outros. O amor embelezava e enobrecia todas as Suas ações, e é-nos ordenado seguir Seus passos. Lembremo-nos de que Deus enviou Seu Filho unigênito a este mundo de tristeza para “remir-nos de toda iniqüidade e purificar, para Si mesmo, um povo exclusivamente Seu, zeloso de boas obras”. Procuremos obedecer aos preceitos de Deus e cumprir Sua lei. “O cumprimento da lei é o amor”, e Aquele que morreu para que tivéssemos vida nos deu o mandamento de que devemos amar uns aos outros, assim como Ele nos amou; e o mundo saberá que somos Seus discípulos... Essa matéria foi extraída do artigo editado na The Advent Review and Sabbath Herald, hoje Adventist Review, de 5 de junho de 1888. Os adventistas do sétimo dia crêem que Ellen G. White exerceu o dom profético bíblico por mais de 70 anos de ministério público. Junho 2008 | Adventist World 23 H E R A N Ç A A D V E N T I S T A C risto aguarda com fremente desejo a manifestação de Si mesmo em Sua igreja. Quando o caráter de Cristo se reproduzir perfeitamente em Seu povo, então virá para reivindicá-los como Seus.”1 “ O Mundo Está Maduro para o Reavivamento Muitas pessoas estão em busca de um reavivamento, mas toda a história da Bíblia é uma história de reavivamento. Ouço pregadores dizerem: “Os reavivamentos são temporários.” São, com certeza. Do mesmo modo, é o banho e a refeição, mas muito necessários. Toda a história do Livro Sagrado, meu amigo, é de apostasia e reavivamento. E se já houve maior apostasia que em nossos dias, e maior necessidade de reavivamento, não sei quando houve ou se um dia haverá. [...] Ninguém sabe o que trará o futuro. O mundo, clamando por socorro, diz-nos da necessidade que temos de um reavivamento em nossa vida... Algumas pessoas são como Lutero, que experimentou uma ardente e dramática conversão. Não somos todos iguais. Porém, meu amigo, todos precisamos ser convertidos, nascidos outra vez, regenerados, ou não fertilizaremos a terra com nosso ministério. [...] Esse é um mundo faminto. Se quiser, posso ler mil cartas. Nossa correspondência varia entre mil e três mil cartas por dia. E que testemunho elas dão! As pessoas querem conhecer alguém que conhece a Deus, alguém que pode dizer: “Eu O conheço porque Ele fez isso por mim.” É disso que o mundo tem fome. A Começar por Mim Tenho aqui uma declaração que simplesmente me emociona ao lê-la. É a última mensagem que a Sra. White enviou para a assembléia da Associação Geral, em 1913, a primeira assembléia da Associação Geral da qual participei. Há uma passagem onde ela diz que viu algo – o povo de Deus alinhado... “Fiquei profundamente impressionada pelas cenas que recentemente passaram diante de mim, à noite. Parecia existir um grande movimento – um trabalho de reavivamento – em ação em vários lugares. Nosso povo movia-se em linha e respondia ao apelo de Deus.”2 Foi isso que ela viu: um grande movimento, um grande trabalho de reavivamento acontecendo em muitos lugares, onde eu estou e onde você está. “Nosso povo movia-se em linha.” Oh, graças a Deus que ela viu isso!... Este mundo está maduro para um reavivamento, maduro O Por H.M.S. Richards Mundo spe E Está “Porventura, não tornarás a vivificar-nos, para que em Ti se regozije o Teu povo?” – Salmo 85:6 U N I V E R S I D A D E A N D R E W S C E N T R O D E P E S Q U I S A A D V E N T I S TA M O D I F I C A D O D I G I TA L M E N T E para um tremendo evento, maduro para grandes e maravilhosas conquistas. Digo: Sê forte e corajoso, meu irmão e amigo; vamos nos reavivar. A vida mais feliz na Terra é a vida de consagrado trabalho pelo homem. A mais gloriosa recompensa neste mundo é a recompensa de ganhar almas. Esqueça as recompensas futuras que estão além de nossa imaginação. Há recompensas aqui. Não ande por aí com vida dupla, com um coração “Oh, o que mais desejo hoje, amigos, é um reavivamento em meu coração!” —H.M.S. Richards rando não consagrado, frio e crítico [...] (Vamos) abrir o coração, os braços ao redor uns dos outros, abrir o coração uns aos outros e a Deus. Oração por Restauração e Renovação Querido Pai celestial, ao estarmos juntos, nesta tarde, trazemos nosso coração a Ti. Oh, Senhor, nós nos enverganhamos dele! Nós o trazemos aqui [...] e o colocamos ao pé da cruz. Pai, vê como ele é duro e contaminado. E, ao contemplarmos a Jesus, temos vergonha de olhar para cima e uns aos outros... Dá-nos um coração novo, um coração de carne que anseia pela salvação do mundo todo. Senhor, como podemos observar as nações mergulhadas em sangue e em terror, milhões em desespero e perplexidade? Como podemos nós [...] deixar que isso continue acontecendo sem lágrimas e dor no coração? [...] Lemos que Jesus olhou para a bela cidade de Jerusalém, e que lágrimas rolaram pela Sua face [...] Como podemos olhar para São Francisco, Los Angeles, Londres, Paris, Xangai, Hong Kong e todas essas grandes cidades e não chorar sobre elas?[...] Dá-nos um coração sensível; livra-nos de nossos pecados... Dá-nos, oramos, um reavivamento como nos tempos antigos – como nos tempos dos profetas, nos tempos dos apóstolos. Ajuda-nos a dizer a verdade. Ajuda-nos a amar uns aos outros. Ajuda-nos, ó Deus, a converter-nos. Pedimos em nome de Jesus. 1. Parábolas de Jesus, p. 69. 2. Testemunhos Para Ministros, p. 515. H.M.S. Richards (1894-1985), adventista do sétimo dia, estudioso da Bíblia e evangelista, pioneiro, por mais de 75 anos, no uso do rádio para apresentar o evangelho numa época em que muitos de seus colegas pensavam que a nova tecnologia vinha do diabo. Seus programas O Culto Familiar foram transmitidos, pela primeira vez, em 1929. O estúdio de rádio era um galinheiro reformado, no fundo de sua garagem. O nome do programa foi mudado para Voz da Profecia, em 1937. Richards sempre dizia que a maior emoção de todo o seu ministério foi sua primeira transmissão de um lado a outro do país, em mais de oitenta e nove estações, no domingo, 4 de janeiro de 1942. No mês seguinte, foi inaugurada a primeira Escola Bíblica Adventista do Sétimo Dia por Correspondência, um ministério que abençoou milhões. As lições ainda estão disponíveis em mais de setenta e cinco línguas, e hoje, dezenas de programas associados à Voz da Profecia e à Voz da Esperança produzem, em todo o mundo, programas de rádio que são levados ao ar em mais de mil estações. Esse sermão foi extraído de Aflame for God (Em Chamas para Deus), Review and Herald Publishing Association, 1951. Foi pregado por H.M.S. Richards nas reuniões que antecederam a sessão da Associação Geral de 1950, em São Francisco, Califórnia. Junho 2008 | Adventist World 25 P E R G U N TA S B Í B L I C A S P ara responder à sua pergunta, vou falar sobre uma grande questão – a expulsão de demônios –, a qual faz parte do trabalho ministerial de alguns de nossos pastores em diferentes partes do mundo. Em geral, um dos desafios que os adventistas enfrentam é a fundamentação bíblica, sem deixar que as práticas de outros cristãos determinem como os demônios devem ser expelidos. 1. Agumas Terminologias: O termo “exorcismo” vem do substantivo grego exorkistés, e designa a pessoa que expulsa espíritos malignos. A forma verbal, exorkizó, significa “colocar alguém sob juramento”, “intimar” (Mt 26:63). Isso expressa a idéia de compelir alguém a fazer algo, invocando um poder sobrenatural (“exorcizar”). No Novo Testamento, o verbo não é usado para se referir ao exorcismo, e o substantivo é aplicado somente uma vez a judeus exorcistas (At 19:13). O Novo Testamento usa o verbo “expulsar” (ekballó), domônios, em vez de “exorcizar”. Isso pode ter alguma relação com o fato de que o exorcismo era associado com mágica, com a prática de certos rituais e o uso de fórmulas religiosas específicas. Não é isso que encontramos no Novo Testamento. 2. Possessão Demoníaca: Nas Escrituras, a possessão demoníaca é uma realidade levada muito a sério. Indivíduos possessos são caracterizados por um comportamento agressivo (Mt 8:28); tentativas de auto-destruição (Mt 17:15); incapacidade para falar (Mt 9:32), para ouvir (Mc 9:25) ou para ver (Mt 12:22). Em geral, possessão demoníaca é distinta de doenças (Mt 4:24; Mc 1:32). Um dos aspectos mais controversos da possessão demoníaca é que, em quase todos os casos, é difícil ser distinta da epilepsia, outras doenças físicas ou mentais. Subentende-se, então, que a possessão demoníaca causa um impacto similar a essas condições na mente e no corpo. Mas, comumente, vem acompanhada de elementos de clarividência, fenômenos sobrenaturais, até mesmo levitação de objetos. Como em muitos casos, é muito difícil fazer a diferença entre a possessão demoníaca e doença natural. Sempre que possível, deveríamos pedir a ajuda de um médico ou outras pessoas qualificadas. 3. Abordagem Bíblica: A expulsão de demônios era comum no ministério de Jesus, mas Ele não deu procedimentos específicos aos discípulos. Ele, simplesmente, expulsava os espíritos malignos pelo poder de Sua palavra, sem executar nenhum ritual ou usar fórmulas tradicionais (Mt 8:16). Ele ordenava que saíssem e eles obedeciam (Lc 9:49,50; 10:17). Não havia longos e demorados exercícios, nenhum grito de que tenhamos notícia, nenhum envolvimento físico de Jesus com a pessoa possessa. Na verdade, Ele nunca tocou um endemoninhado e somente uma vez ele dialogou com um deles (Mc 5:7-10). Jesus simplesmente tinha autoridade sobre os poderes do mal, os quais não podiam resistir a Ele. Jesus compartilhou com Seus discípulos essa mesma autoridade (Mt 10:8; Mc 3:15; Lc 9:1). O modo como, provavelmente, eles expulsavam demônios, era como é descrito no livro de Atos. Os apóstolos ordenavam em nome de Jesus para libertar o povo dos demônios. A fórmula era simples: “Em nome P E R G U N TA : de Jesus Cristo, eu te mando: retira-te ...” (At 16:18). Era Cristo quem libertava as pessoas; os apóstolos clamavam pela Sua intervenção. Não havia luta prolongada com o demônio ou diálogo com ele. O poder de Cristo era efetivo por meio das palavras dos Por discípulos. Angel Manuel 4. Exorcismo e Dons Espirituais: Agora a sua perRodríguez gunta: No Novo Testamento, o exorcismo não é mencionado entre os dons espirituais. Ninguém foi chamado por Jesus para estabelecer o ministério do exorcismo. Ele deu a Seus discípulos o poder e autoridade sobre demônios, mas nem uma vez sugeriu que essa deveria ser sua atividade principal. Sua responsabilidade era a de proclamar o reino de Deus, a boa nova da salvação. Ele disse explicitamente: “E, à medida que seguirdes, pregai que está próximo o reino dos Céus. Curai enfermos, ressuscitai mortos... expeli demônios” (Mt 10:7, 8; cf Mc 6:12; Lc 9:2). A proclamação do reino de Deus é a missão de todo crente. Quando, no cumprimento dessa missão, nos depararmos com demônios, levemos em conta que fomos capacitados por Cristo a enfrentá-los. Mas nosso primeiro chamado é para proclamar o evangelho da redenção em Cristo. Lutando Contra Demônios 26 Adventist World | Junho 2008 Existe algum ministério ou dom do exorcismo na Bíblia? Angel Manuel Rodríguez é diretor do Instituto de Pesquisa Bíblica da Associação Geral. O E S T U D O B Í B L I C O Sábado Tempo Fim eo do Por Mark A. Finley O sábado é o sinal eterno de que Deus é nosso amorável Criador. Ele revela o Todopoderoso, compassivo Pai celestial que está interessado nos detalhes de nossa vida. Quando descansamos cada sábado, descansamos em Seu amor e cuidado por nós. No livro de Apocalipse, o sábado do sétimo dia é um sinal de lealdade para com Deus, o sinal visível de nosso compromisso com Cristo. 1. A quem o apóstolo João descreveu como autor do Apocalipse? Circule o nome do autor do Apocalipse no texto abaixo, e preencha os espaços em branco. “Revelação de Jesus Cristo, que Deus Lhe deu para mostrar aos Seus servos as coisas que em breve devem acontecer e que Ele, enviando por intermédio do Seu anjo, notificou ao Seu servo João” (Ap 1:1). a. Quem deu a mensagem do Apocalipse (Revelação) a Jesus? b. A quem Jesus deu a mensagem? c. E para quem o anjo a entregou? O Apocalipse é uma mensagem a respeito de Jesus, enviada a João diretamente de Deus, por um anjo. As profecias do Apocalipse revelam Jesus e o evangelho eterno. 2. Como João identifica a mensagem do último dia trazida para a Terra por meio de três anjos? “Vi outro anjo voando pelo meio do céu, tendo um evangelho eterno para pregar aos que se assentam sobre a Terra, e a cada nação, e tribo, e língua, e povo”(Ap 14:6). a. O anjo traz o b. Para quem eles levam essa mensagem? A mensagem de Deus para os últimos dias, contendo o evangelho eterno – a boa nova de salvação da penalidade e poder do pecado – vai até os confins da Terra, antes que Jesus venha. 3. Que quatro aspectos do evangelho eterno são destacados no Apocalipse? Leia o texto abaixo e preencha os espaços em branco. “Temei a Deus e dai-Lhe glória, pois é chegada a hora do Seu juízo; e adorai Aquele que fez o céu, e a Terra, e o mar, e as fontes das águas” (Ap 14:7). a. Deus. b. glória. c. pois é a do Seu d. Aquele que fez e as Temer significa respeitar e obedecer. Dar a Ele glória significa honrá-Lo em tudo o que fazemos. O julgamento implica sermos criaturas morais, responsáveis por nossas ações. Junho 2008 | Adventist World 27 4. Como adoramos nosso Salvador e Senhor como Criador? Qual é o sinal de Sua autoridade criadora? Preencha os espaços em branco. “Lembra-te do dia de sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR, teu Deus... porque, em seis dias, fez o SENHOR os céus e a Terra, o mar e tudo o que neles há e, ao sétimo dia, descansou ... e o santificou” (Ex 20:8-11). O mandamento diz: “Lembra-te do dia de Por que em para o dias, o .... fez os ea .” Nós adoramos a Deus, cada sábado, porque Ele nos criou. Não evoluímos. A vida é um presente precioso do nosso querido Pai celestial. 5. Enquanto o primeiro anjo de Apocalipse 14 chama a humanidade para “adorar o Criador,” contra o quê o terceiro anjo nos alerta? Preencha os espaços em branco, abaixo. “Seguiu-se a estes outro anjo, o terceiro, dizendo, em grande voz: Se alguém adora a besta e a sua imagem e recebe a sua marca na fronte ou sobre a mão, também esse beberá do vinho da cólera de Deus” (Ap 14:9,10). O terceiro anjo alerta contra a adoração da e da sua . O Apocalipse aponta para dois sistemas de culto: a adoração ao Criador e a adoração à besta. O sinal dos verdadeiros adoradores é o sábado do sétimo dia, um símbolo da suprema fidelidade a Jesus como Criador. O sinal do falso culto é a marca da besta que ignora os caminhos de Deus; pelo contrário, exalta o humano em lugar do divino. 6. Como o povo de Deus, no tempo do fim, é descrito em Apocalipse? Escreva sua própria resposta nas linhas abaixo. “Aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus” (Ap 14:12). O povo de Deus, no tempo do fim, tem duas características inconfundíveis: a. Os que os b. e a de em . . 7. Um dos sinais do povo de Deus, nos últimos dias, é o amor por Jesus que os leva à obediência. O sábado é o símbolo da obediência para Aquele que nos criou. O mandamento do sábado é um chamado para quem? Leia o texto abaixo e preencha os espaços em branco. “E manifestar qual seja a dispensação do mistério, desde os séculos, oculto em Deus, que criou todas as coisas” (Ef 3:9). “Todas as coisas foram feitas por intermédio dEle (Jesus) e, sem Ele, nada do que foi feito se fez” (Jo 1:3). Deus criou todas as coisas por intermédio de Uma vez que Deus criou todas as coisas por meio de Jesus, o sábado do sétimo dia é o sinal de adoração a Jesus no tempo do fim. Ele é o “Senhor... do sábado”(Mt 12:8). Quando adoramos durante o sábado, damos a Jesus o mais elevado louvor e honra. Por que não louvá-Lo com todo o nosso coração e adorá-Lo como Criador no sétimo dia, o sábado? Qual é o conselho dá Bíblia em relação à guarda do sábado? Esse será o assunto do próximo mês. 28 Adventist World | Junho 2008 . Intercâmbio Mundial C A R TA S “Esclarecimentos Sobre Serviço Militar” Na edição de março da Adventist World, Jan Paulsen, presidente da Associação Geral, compartilhou sua preocupação em relação aos adventistas do sétimo dia e o serviço militar. A Adventist World recebeu dezenas de cartas de leitores, inclusive as publicadas abaixo. Será que ao usarmos armas estamos limitando a capacidade de Deus de nos livrar? Uma vez que vivemos em um mundo marcado pelo mal, qual é nossa obrigação moral? Qual é a diferença entre atirar em um cachorro louco, prestes a morder você ou seu filho, e atirar em um ladrão com a possível intenção de matá-lo? Há alguma diferença moral entre possuir um machado ou uma arma? Para muitos outros e para mim mesmo, essa não é uma questão acadêmica. Ermeka Ukegbu Via Fórum Adventista Nigeriano Espero que o artigo “Esclarecimentos Sobre Serviço Militar,” do presidente Paulsen, na página 8 da edição de março de 2008, estimule nova discussão sobre a posição da Igreja concernente aos nossos membros que escolhem essa carreira. Fui persuadido pelos ensinamentos de nossa Igreja a me declarar “cooperador consciencioso”, em 1970, quando era adventista recém-converso. Lembro-me de, algum tempo mais tarde, ter escrito ensaios, na faculdade, defendendo nossa posição tradicional de não combatente. Acredito que, necessariamente, não escreveria do mesmo modo hoje. O tempo e as circunstâncias mudam. Temos justificado outras revisões em nossas crenças e práticas desde a Guerra Civil Americana. Com demasiada freqüência, especialmente nas igrejas conservadoras, nossos membros militares, pela escolha que fizeram, parecem ser considerados cristãos de segunda categoria. Isso também precisa ser mudado. Dennis Murphy Oeste da Virginia, Estados Unidos Quero apenas dizer que estou muito grato por um artigo tão ponderado sobre o tema do não pegar em armas. Esse é um assunto que particularmente tem me preocupado desde o famoso 11 de setembro. O fato de ser pai de dois rapazes (gêmeos) que em breve, ao completarem 18 anos, terão que se alistar, fez com que eu considerasse todo o conceito de modo mais acurado. Isso é algo que poucos dos nossos jovens levam a sério. O fato é que nossa sociedade, a cada dia que passa, está se tornando mais e mais militarizada. Hollywood exalta a guerra como se fosse um grande empreendimento humano. Com o aumento dramático das despesas militares e a violência étnicoreligiosa, não pode haver dúvida de que o alistamento não está muito distante de nós. Temos que deixar que nossos jovens conheçam os ensinos de Cristo – colocar de lado a espada. A nossa espada não é deste mundo. Barry Bussey Oshawa, Canadá Fiquei preocupado quando li que os militares adventistas fizeram “escolhas erradas” e me alegro com o fato de que o pastor Paulsen defende que devemos compreender e aceitar os militares adventistas, “apesar de suas escolhas erradas”. Mas o uso da palavra “apesar” rotula os militares adventistas como membros de igreja de segunda classe. Essa é uma afirmação, a meu ver, imprecisa. Na minha experiência (quase 24 anos na ativa como capelão do exército e 13 anos como endossante militar e diretor do Ministério Adventista de Capelania, na Associação Geral), tenho visto que, quando há uma igreja adventista perto de alguma instalação militar, muitos dos militares e membros das suas famílias são ativos em vários níveis da liderança, e “apesar” de serem militares, tornam-se, essencialmente, a “espinha dorsal” daquela congregação. Para qualquer crente, o serviço militar é um assunto complexo. Não há dúvida disso. Os cristãos lidam com esse problema desde o primeiro século. Mas precisamos nos lembrar de que havia somente uma voz no Calvário que reconheceu Jesus como o Filho de Deus. Não foi a voz de um líder religioso, nem de um seguidor religioso que deu seu testemunho por Jesus. Foi a voz de um militar. A voz de um soldado que gritou dizendo que o homem que estava morrendo na cruz era o Filho de Deus. Precisamos nos lembrar, também, de que a primeira igreja não judia de que temos registro, nasceu na casa de Cornélio, que era soldado. Como igreja e membros, individualmente, deveríamos sempre estudar, considerar, orar a respeito e trabalhar pela aplicação convincente da fé na vida cotidiana. Creio que deveríamos honrar aqueles que arriscam a vida para nos garantir o direito e a liberdade de fazer tudo isso. R. O. Stenbakken Colorado, Estados Unidos Tive o prazer de ler, na coluna Visão Mundial, o artigo “Esclarecimentos Sobre o Serviço Militar”, do pastor Paulsen. Ele é claro, compassivo e nos liga, fortemente, à nossa própria tradição de não combatentes. Como filho de um militar americano com 34 anos de trabalho, veterano de três guerras, sou profundamente patriota e apreciador do serviço que as forças armadas nos oferecem. Entretanto, sou também, agora, um cristão adventista do sétimo dia. É importante saber que a posição histórica e autêntica de nossa igreja em relação Junho 2008 | Adventist World 29 Intercâmbio Mundial C A R TA S ao envolvimento militar tem sido a de não combatentes. Ekkehardt Mueller, do nosso Instituto de Pesquisas Bíblicas, também publicou um trabalho muito esclarecedor sobre esse assunto (veja em www.adventistbiblicalresearch.org/documents/noncombatancy.htm.). Na página Web da Associação Geral, há três declarações sobre a paz e como fazemos bem em apoiar e encorajar os pacificadores (veja www.adventist.org/ beliefs/statements/index.html.). Com o orgulho nacional tão fortemente generalizado em todo o mundo, as palavras de Paulsen são muito oportunas. Sua liderança sobre o tema é muito importante e adequada. Quero agradecer a ele por escrever e a vocês por publicarem esse artigo. Mark F. Carr Califórnia, Estados Unidos Esse artigo [do pastor Paulsen] saiu com atraso! Sugiro que enfatizemos não apenas a posição de não combatente de nossa igreja mundial, mas também nossa compreensão no que diz respeito a questões nacionalistas, étnicas, etc. Se não assumirmos uma posição clara em relação ao não combate e à prioridade de nossa confissão cristã acima de ufanismos nacionalistas, pode ser que um dia nos encontremos em uma situação em que os adventistas lutarão e matarão uns aos outros. Herbert Bodenmann Winterthur, Suíça Gostaria de ratificar a clara e ponderada declaração de Jan Paulsen sobre a tradição da IASD e os mais amplos princípios cristãos. Estou grato por perceber que a posição histórica dos adventistas em relação à paz é confirmada com simplicidade e clareza. A Igreja tomou uma atitude própria e correta, nos anos 1960, ao disponibilizar aconselhamento e apoio a todos os jovens adventistas que prestavam tanto o serviço militar quanto o alternativo, sendo eles opositores conscientes, “cooperadores conscientes” (como, então, chamávamos os médicos militares), ou soldados portadores de armas. Entretanto, isso não deveria ser confundido com apoio ao porte de armas no serviço militar. O presidente da Associação Geral fez bem em relembrar nossos princípios fundamentais. A. Gregory Schneider Califórnia, Estados Unidos Finalmente! Graças ao Espirito Santo que inspirou o pastor Jan Pausen a escrever sobre o serviço militar, na edição de março da Adventist World! Isso é como as águas refrescantes do Espírito Santo! A linguagem ambígua, local e politicamente correta sobre o assunto, usada durante anos, havia deixado uma porta aberta para o grande enganador, causando trágica confusão em muitas congregações. Tal lacuna na posição oficial da Igreja foi prejudicial para a sua identidade e para o poder da mensagem adventista. Boas-vindas ao retorno do verdadeiro Evangelho! Stéphane Augsburger França Cartas para o Editor – Envie para: [email protected] As cartas devem ser escritas com clareza e ao ponto, com 250 palavras no máximo. Lembre-se de incluir o nome do artigo, data da publicação e número da página em seu comentário. Inclua, também, seu nome, cidade, estado e país de onde você está escrevendo. Por questão de espaço, as cartas serão resumidas. Cartas mais recentes têm maior chance de ser publicadas. Nem todas, porém, serão divulgadas. O LUGAR DE ORAÇÃO Iniciei uma escola para órfãos e crianças de rua em 2006, usando meus próprios recursos. Mas agora estudo e tem sido muito difícil. Estou orando para que Deus abra portas com oportunidades e recursos que me capacitem a realizar o sonho de servir à comunidade. Cornelius, Quênia Poderiam, por favor, orar por mim? Necessito da intervenção de Deus em minha saúde, vida acadêmica, financeira e tudo mais. não recebi resposta. Por favor, orem para que Deus providencie um companheiro para a minha vida, alguém adventista, responsável e temente a Deus. 30 Adventist World | Junho 2008 Emma, Zimbábue Ngozi, Nigéria Por favor, orem por um amigo que tem Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade – TDAH. Ele foi ungido, porém não foi curado. Muitos médicos já foram consultados. Orem por sua cura e para que seja uma testemunha para Deus. Mark, via e-mail Phillip, Zimbábue Quero parabenizá-los pelo belo trabalho. Que nosso poderoso Deus os abençoe e guarde! Gostaria que orassem pelo meu casamento. Tenho orado, mas ainda Meu esposo e eu somos servidores civis. Orem para conseguirmos os recursos para enviar nossos filhos à escola. Por favor, poderiam orar por minha família e por mim? Meu filho gostaria de ir para a universidade. O irmão mais novo não passou em algumas matérias e gostaria de ir para cursar o nível A. Por favor, orem para que meus amigos encontrem acomodações adequadas, no início de setembro, e sejam capazes de conciliar trabalho, estudo e paternidade. Ed, via e-mail Pedidos de oração e agradecimentos (gratidão por resposta à oração). Sua participação deve ser concisa e de, no máximo, 75 palavras. As mensagens enviadas para esta seção serão editadas por uma questão de espaço. Embora oremos por todos os pedidos nos cultos com nossa equipe durante a semana, nem todos serão publicados. Por favor, inclua no seu pedido, seu nome e o país onde vive. Outras maneiras de enviar o seu material: envie fax para 00XX1(301) 680-6638, ou carta para: Intercâmbio Mundial, Adventist World, 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring, Maryland 20904-6600 EUA. “Eis que cedo venho…” INTERCÂMBIO DE IDÉIAS Nossa missão é exaltar Jesus Cristo, unindo os adventistas do sétimo dia de todo o mundo numa só crença, missão, estilo de vida e esperança. Neste mês, a Rádio Mundial compartilha o primeiro encontro de um ouvinte com Jesus. A R Á D I O M U N D I A L A D V E N T I S TA Somália é um país muçulmano que não tem um movimento adventista oficial, mas os programas de rádio podem alcançar lugares na Terra que os missionários e outros não podem alcançar. Aqui está o testemunho de um jovem que, através da Rádio Mundial Adventista, ouviu, pela primeira vez, falar de Jesus. “Minha vida não tinha sentido, antes de eu aceitar a Cristo. Eu estava cansado de religião e de todo o povo “santo”. Não cria que Deus Se importava comigo. Eu precisava desesperadamente de conforto, mas nunca o achei em nossa religião. Encontrei a Rádio Mundial Adventista e ouvi as palavras de vida de Jesus Cristo. Quanto mais eu ouvia, mais queria aprender. “Com a ajuda de Deus, a verdade foi revelada a mim gradativamente, por meio de seus ensinos. Entreguei meu coração a Ele, e Ele mudou minha vida. Ele me deu conforto e esperança. Comecei a falar aos meus amigos e a alguns membros de minha família sobre Cristo e o cristianismo. Disseram que eu estava errado. Riram de mim e me ironizaram com suas palavras. No início, fui capaz de lidar com essas dificuldades, mas, depois de algum tempo, isso começou a me incomodar muito. Uma vez que eu não tinha ninguém que me apoiasse, decidi manter minha fé em segredo. Tudo que eu tinha no mundo era Deus e Jesus. “Em meu primeiro dia de aula na escola de ensino médio, conheci duas garotas que estavam na mesma situação em que me encontrava, antes de me tornar cristão. Elas estavam confusas e preocupadas. Após um ano, quando conclui que éramos amigos sinceros e que podia confiar nelas, compartilhei minha fé em Cristo. Elas abriram o coração e convidaram Jesus para entrar. “Agora tenho, pelo menos, duas amigas cristãs. Elas têm o mesmo propósito que tenho na vida. Juntos ouvimos a Rádio Mundial Adventista. Nunca fomos a uma igreja, mas com esse programa acredito que somos uma igreja para Cristo. Ele está conosco, mesmo em uma sociedade difícil. A cada dia crescemos na fé.” Para mais informações, escreva para Rádio Mundial Adventista, 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring, Maryland 20904-6600 EUA; visite www.awr.org ou ligue para 800-337-4297. Editor Adventist World é uma publicação internacional da Igreja Adventista do Sétimo Dia, editada pela Associação Geral e pela Divisão Ásia-Pacífico Norte. Editor Administrativo Bill Knott Editor Associado Claude Richli Gerente Internacional de Publicação Chun, Pyung Duk Comissão Editorial Jan Paulsen, presidente; Ted N. C. Wilson, vice-presidente; Bill Knott, secretário; Armando Miranda; Pardon K. Mwansa; Juan Prestol; Charles C. Sandefur; Don C. Schneider; Heather-Dawn Small; Robert S. Smith; Robert E. Kyte, assessor jurídico Comissão Coordenadora da Adventist World Lee, Jairyong, presidente; Akeri Suzuki; Donald Upson; Guimo Sung; Glenn Mitchell; Chun, Pyung Duk Editor-Chefe Bill Knott Editores em Silver Spring, Maryland Roy Adams (editor associado), Sandra Blackmer, Stephen Chavez, Mark A. Kellner, Kimberly Luste Maran Editores em Seul, Coréia Chun, Jung Kwon; Choe, Jeong-Kwan Editor Online Carlos Medley Coordenadora Técnica Merle Poirier Assistente Executiva de Redação Rachel J. Child Assistentes Administrativos Marvene Thorpe-Baptiste Alfredo Garcia-Marenko Atendimento ao Leitor Merle Poirier Diretor de Arte e Diagramação Jeff Dever, Fatima Ameen, Bill Tymeson Consultores Jan Paulsen, Matthew Bediako, Robert E. Lemon, Lowell C. Cooper, Mark A. Finley, Eugene King Yi Hsu, Gerry D. Karst, Armando Miranda, Pardon K. Mwansa, Michael L. Ryan, Ella S. Simmons, Ted N. C. Wilson, Luka T. Daniel, Laurie J. Evans, Alberto C. Gulfan, Jr., Erton Köhler, Jairyong Lee, Israel Leito, Geoffrey G. Mbwana, Paul S. Ratsara, Don C. Schneider, Artur A. Stele, Ulrich W. Frikart, D. Ronald Watts, Bertil A. Wiklander Aos colaboradores: São bem-vindos artigos enviados voluntariamente. Toda correspondência editorial deve ser enviada para: 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring MD 20904-6600, EUA. Escritórios da Redação: (301) 680-6638 E-mail: [email protected] Website: www.adventistworld.org A menos que indicado de outra forma, todas as referências bíblicas são extraídas da Versão João Ferreira de Almeida, Revista e Atualizada no Brasil pela Sociedade Bíblica do Brasil, 1993. Adventist World é uma revista mensal editada simultaneamente na Coréia, Austrália, Indonésia, Brasil e Estados Unidos. Vol. 4, No. 6 Junho 2008 | Adventist World 31 Q U E L U G A R É E S S E ? O Lugar Das T T E C H A R LO de presentes. Após decorarem a árvore e arrumarem mesas e cadeiras – e muita guloseima – trouxeram os pequeninos para as brincadeiras e jogos. As crianças desfrutaram cada momento. Entre outras coisas, fizeram sanduíche, biscoito, suco e sobremesa. Mas a fisionomia deles brilhou quando abriram as Caixas de Amor. Logo depois, o grupo foi a outro abrigo, onde distribuíram mais doze caixas. Eles levaram os presentes que sobraram para o Hospital Tembisa, próximo dali, e entregaram para crianças com doença terminal. Já estão planejando o próximo projeto em um asilo da região. — Chrissie Sarvari, secretário de comunicação da Igreja Adventista do Sétimo Dia de Kempton Park, Glen Marais, Kempton Park, África do Sul VIDA ADVENTISTA Voltando de uma de suas viagens ao redor do planeta, Charlotte Ishkanian, editora da revista Missão Adventista e “Inside Story”, chegou trazendo uma novidade. Ela estava na Mongólia e gostaríamos de saber de que modo a Adventist World era disponibilizada naquele país. Apreciamos muito essa foto tirada por ela e decidimos compartilhar com você. Se você viu a Adventist World em algum lugar inusitado, envie-nos uma foto. FRASE DO MÊS “Não podemos encontrar o Deus da Bíblia sem seguir a Bíblia de Deus.” —Pastor Erickson Fabien, durante um sermão na Igreja Adventista do Sétimo Dia da Comunidade, Cingapura, em 19 de janeiro de 2008. RESPOSTA: Na África do Sul, crianças na Creche Pingüim abrem “Caixas de Amor” com itens doados por membros da igreja, em Kempton Park. Os presentes foram doados em dezembro passado. I A N I S H K A N CONHEÇA SEU VIZINHO Nossa igreja está situada perto do Aeroporto Internacional Oliver Tambo, em Kempton Park. Às vezes, aos sábados, temos que competir com os aviões que sobrevoam a área, mas isso não nos incomoda. Nossa igreja é bem pequena, composta em sua maioria por aposentados, mas temos um jovem casal muito dinâmico. Nossos jovens são a minoria, mas graças a Deus, temos ainda quatro lindas moças (três das quais foram batizadas em março de 2007), que também são muito dedicadas. Durante 2007, eles decidiram começar um projeto com seu professor, Liezl Fotiadis, e fazer “Caixas de Amor” para crianças carentes (das quais temos muitas em nossa área). Eles começaram a angariar sabonetes e toalhas de rosto, brinquedos, giz de cera, lenços, pantufas, biscoitos, pasta e escova de dente e pequenas coisas que essas crianças não têm. Decidiram fazer 30 caixas, mas acabaram fazendo 40 pela generosidade dos “idosos” da igreja. No dia 4 de dezembro, o grupo (chamado “Adolescentes para Jesus”) foi à Creche Pingüim, com 22 caixas S A R VA R I AS C H R I S S I E PESS