CIRCULAÇÃO DE CULTURA LETRADA E A COMUNIDADE DE LEITORES EM CAETITÉ-BA (1897-1930) Joseni Pereira Meira Reis1 Introdução Neste estudo pretende-se investigar e analisar o processo de circulação da cultura letrada em Caetité2, no final do século XIX e início do XX, a partir dos indícios da existência de algumas bibliotecas, de tipografia, de clube literário, entre outros espaços que possibilitaram o ir e vir dos diversos materiais de leitura. A definição pelo período da pesquisa entre os anos de 1897-1930 se justifica pela implantação na cidade de algumas bibliotecas, como a da Escola Normal, a do Centro Espírita, a Magalhães, entre outras particulares. Ao pensar a existência de espaços destinados à leitura numa cidade no interior da Bahia, no final do século XIX e início do XX, inquieta-nos questionar: que interesses mobilizavam essa comunidade ou esses grupos específicos a criarem espaços voltados para a leitura? Quem eram essas pessoas ou grupos de pessoas que se dedicavam à leitura? Essas são algumas das questões que nos mobilizam neste artigo. Este estudo se insere na área de pesquisa conhecida como cultura escrita desenvolvida numa abordagem histórica que tem como referência as pesquisas de Chartier (2001, 2002). O conceito de cultura escrita é pensado na dimensão antropológica, entende-se como produto da atividade humana, resultado das interações da vida material e simbólica, portanto cultura escrita ―é o lugar que o escrito ocupa em/para determinado grupo social, comunidade ou sociedade‖ (GALVÃO, 2010, p.218). Deve-se destacar que essa definição não está isenta de polêmicas, sendo, portanto, uma questão ampla e complexa. Ao utilizá-la, não se pode perder de vista que as sociedades são complexas e não homogêneas, portanto a autora considera mais adequado utilizar o termo ―culturas do escrito‖, que permite pensar que não existe um lugar ou espaço definido para o escrito na sociedade, mas entender que o escrito está difuso e permeia todas as produções da vida cotidiana. Baseando-se em Chartier (2002), a autora relaciona as vias ou dimensões que permitem ―ao pesquisador apreender, por meio de indícios, aspectos 2 do lugar que o escrito ocupa em determinado tempo e espaço‖(2010, p.221). Assim, ela considera a família e a escola como a primeira ―instância ou instituição‖ que possibilita a circulação do escrito. Entretanto, relaciona outros espaços que também podem assumir esse papel de propiciar tal circulação. Pode-se destacar as bibliotecas, as associações, as sociedades literárias, teatro, cinema, rádio, trabalho, enfim, existem outras instâncias de sociabilidade3 que também contribuem com a circulação da cultura escrita. Para a realização deste estudo, recorremos às edições microfilmadas do jornal A Penna4, acervos pessoais que se encontram no APMC (Arquivo Público Municipal de Caetité), atas da Câmara de Vereadores, atas do Centro Espírita Aristides Spínola, jornal Lux entre outros indícios que nos permitissem reconstituir os espaços destinados à leitura na cidade. No primeiro momento, buscamos mapear, de forma panorâmica, alguns dos espaços de leitura tanto públicos quanto privados que favoreceram a formação das comunidades de leitores. Em seguida, buscamos identificar formas e modos que promoveram a circulação do escrito em Caetité. Passamos, então, a mapear alguns desses espaços que favoreceram a formação de comunidades de leitores em Caetité. Espaços públicos da leitura A biblioteca Magalhães foi um dos espaços de leitura da cidade de Caetité. Segundo informações que constam num cartão timbrado da referida biblioteca, ela foi fundada em 12 de outubro de 1916 e funcionava em espaço próprio localizado na rua 2 de Julho 1(centro da cidade). Constam ainda, no cartão, os reconhecimentos que o espaço obteve, sendo ―premiada pelo Presidente da República, pelo Governador do Estado da Bahia, pelo Ministro da Agricultura, pelo Governo do México e por S. S. o Papa Pio XI‖. Isso nos permite inferir que era um espaço de leitura socialmente e politicamente referendado, considerando que as autoridades que concederam os prêmios à biblioteca vão desde o governador do Estado, ministro, presidente do Brasil, governador de outro país até o Sumo Pontífice. No entanto, faltam-nos dados que permitam entender em que condições se deram essas premiações. Seriam essas premiações uma forma de incentivar e estimular a divulgação e a implementação de novos espaços de leitura? 3 Em 1926, o proprietário, Sr. Otoni Magalhães, transfere para um município vizinho, Guanambi, que passa a funcionar na rua Ipiranga. O fato foi marcado por ―festiva e brilhante comemoração‖, que contou com a participação de autoridades da cidade. Interessante destacar a condição social das pessoas que estão envolvidas na realização do evento. Presidiu a reunião o Major Antonio M. das Neves, escrivão dos feitos (ilegível) e redactor do Arrebol. Foi orador oficial o Sr. Cesar Castro, advogado prático aqui residente e falou sobre a data memorável, uns factos da historia mundial e sobre o facto particularmente comemorado n‘aquella sessão, seguindo com a palavra o major Antonio Mariano de Magalhães Junior, fundador da Biblioteca, conhecido advogado; o Sr. Camerino Baptista, Escrivão do grande e do pequeno júri e, por ultimo, o Sr. Antonio Otonni (...)(A Penna, n 329, p.1, 16/10/1926)5. Vê-se que as pessoas que fazem parte desse espaço de sociabilidade em torno da leitura são sujeitos provenientes da classe favorecida da sociedade que certamente dispõem de poder aquisitivo que lhes permite possuir algum nível de inserção na cultura escrita. Entretanto, acreditamos que esse círculo de sociabilidade não se restringia apenas às pessoas que apresentavam essa proximidade com a cultura escrita. Em pesquisa realizada sobre proprietários de bibliotecas em Mariana-MG, Luiz Carlos Villalta destaca que há um predomínio de proprietários de livros com um perfil elitizado, entretanto ressalta que esse fato ―não exclui totalmente a possibilidade de indivíduos situados em posição inferior da escala social, terem acesso à propriedade de bibliotecas‖ (2007, p.195). Possivelmente, a biblioteca Magalhães também foi visitada por pessoas de vários níveis econômicos e sociais. Consta ainda, na notícia veiculada pelo jornal A Penna, que, a partir daquele momento, disponibilizava o acervo da biblioteca para o uso da comunidade local. Informa também a notícia sobre os documentos que há biblioteca ―já consta grande numero de obras, algumas de valor, e muitas (...), assim como recebe muitos jornnaes de differentes estados (...)‖ (A Penna, n 329, p.1, 16/10/1926). Para entender um pouco da lógica de funcionamento desse espaço, necessário se faz conhecer quais eram as condições que viabilizavam a sua existência. Seria uma biblioteca criada com auxílio do poder municipal? Ou funcionava apenas com recursos próprios, mantida por um grupo de pessoas leitoras? Devido à escassez das fontes, não 4 foi ainda possível conhecer as especificidades da sua fundação e funcionamento. Os indícios encontrados num cartão timbrado da biblioteca datado de 1927, destinado ao Dr. Deocleciano Pires Teixeira6, sócio benemérito da instituição, indicam que a referida biblioteca, assim como outros espaços de leitura existentes na cidade de Caetité, provavelmente foram criados por um grupo de pessoas que possuíam interesses em comum, homens providos de condições econômicas, geralmente vinculados à política local, portanto, detentores de certa distinção na sociedade da época. O Club Caetiteense constitui outro espaço também destinado à leitura. Os indícios encontrados apontam que no Club existiu uma biblioteca que era aberta ao público. Entretanto, ainda não foi possível localizar fontes que permitam conhecer as funções que desempenhou, bem como o seu tempo de funcionamento. Nas Atas do poder Legislativo, consta que: (...) em seguida foi lida uma petição dos directores do club caetiteense, fundado nesta cidade pedindo ordem para a transferência para a sede do mesmo Club da bibliotheca que presentemente se encontra em um dos salões do paço Municipal, comprometendo-se os peticionários a tratarem com o maximo cuidado os livros recebidos, zelando por sua conservação; catalogarem e darem recibo; promoverem o recebimento dos que acharem extraviados, augmentarem, finalmente cada vez mais, o seu número, afim de que, caso o club venha a extinguir-se, possa a Bibliotheca ser devolvida ao município consideravelmente augmentada. Atendida a transferência todas as obras deverão ser assinadas pela diretoria. (Ata de 09/04/1922, p.366) Não ficou explícito se a biblioteca pertencia ao município e, a partir daquele momento, ficava sob a responsabilidade do Club literário, ou foi constituída pelo Club. Além de promover a circulação dos materiais de leitura, o club promovia também a realização de sessões literárias que tinham como objetivo ―comemorar as datas nacionais, os grandes e felizes acontecimentos da história, não só para despertar os sentimentos cívicos (...)‖, mas, como esclarece o presidente do Club em 1922, ―dar uma nota alegre do nosso clan, riscando de luz o halo de marasmo e tédio que infelizmente quase sempre nos envolve‖ (12/10/1922, p.1)7. Fica explícito, no discurso do presidente do club, que, para além da promoção das discussões literárias, as sessões visavam a promover a sociabilidade entre os pares, numa região desprovida de entretenimentos. 5 Podemos pensar que as leituras realizadas no âmbito do club, bem como nos outros espaços a elas dedicados, atendiam a diferentes interesses e funções, a depender do espaço em que aconteciam, conforme destaca Chartier: Diferentes modos de leitura e de relações com o livro definem assim práticas ligadas, sociabilidades entrosadas: a leitura solitária alimenta o estudo pessoal e o comércio intelectual: a sociedade amistosa baseia-se na leitura em voz alta, na glosa, na discussão, porém estas também podem reunir um auditório mais amplo que se instrui ouvindo os textos lidos e os argumentos expostos‖ (2009, p.149) A biblioteca da Associação União Operária Beneficiente8 constituiu mais um espaço que promovia a circulação do escrito na cidade. Uma nota do jornal A Penna, divulgada pelo seu bibliotecário, refere-se ao movimento da biblioteca no mês de fevereiro de 1912. Foi visitada a bibliotheca por 210 pessoas, sendo consultadas 128 obras, resvistas e jornaes. Foram emprestados 47 volumes, voltaram 38 e restam 9 no emprestimo. Foram recebidos 18 livros offerecidos pelos Ilmos. Srs.: Capitão Francisco de José de S. Anna. 2- Dr. Nelson C. de Senna, de B. Horisonte, 2- Tenente Raymundo Pereira Chaves, 1- A Sociedade Benef. União das Classes de Itabuna, 1 e um extatuto -União Cristã da mocidade de Lisboa, 2- Capitão José Pereira da Costa Zuca, 1-Capitão Adelino Rodrigues dos Santos, 1-Ministerio da Agricultura, Rio de Janeiro, 2 –Gemeninno Coelho dos Santos, 2Colegio Sallesiano S. Rosa, de Nicteroy, 2 e um Almonack illustrdo. Recebeu mais jornaes revistas de diversas procedências. Pedem-nos agradecer aos cavalheiros que tanto vão concorrendo para a vida e desenvolvimento dessa útil bibliotheca. (A PENNA, 14 de Dezembro de 1912, nº116, Anno V, p. 2) Percebe-se que a biblioteca mantinha, para a época, um fluxo considerável de frequentadores, bem como de leitores. Interessante atentar para a origem dos livros recebidos, geralmente eram doações que provinham de diferentes lugares do Brasil, bem como de diferentes áreas do conhecimento. Esse fato reafirma a ideia de que essa biblioteca também mantinha intercâmbio com outras instituições. Outra prática adotada por algumas das bibliotecas públicas em Caetité era divulgar em nota, no jornal A Penna, o nome do doador do livro e o seu respectivo título. Pode-se inferir que essa estratégia talvez visasse a agradecer publicamente ao doador, bem como a dar visibilidade tanto a biblioteca como ao doador, incentivando outras pessoas a doarem 6 livros. Dá a perceber, ainda, que a leitura fazia parte do cotidiano da comunidade caetiteense. A biblioteca do Centro Espírita foi outro espaço de leitura. O jornal Lux9 de 25/01/1930 convida a população caetiteense para frequentá-la, comunicando: Franqueada ao público todas as noites das 19 às 21 horas, a Biblioteca do Centro Espírita Aristides Spinola, conta já com grande número de obras de valor sobre o Espiritismo, assim como muitos jornaes e revistas espíritas do Brasil e estrangeiro. Frequentai-a e podereis estudar a consoladora doutrina (Lux 25/01/1930, Anno 17, nº73). A nota retirada do jornal Lux de 1930 faz um convite à comunidade para frequentar a biblioteca do Centro Espírita Aristides Spinola à noite, período em que as pessoas teriam mais disponibilidade para leitura, já que possivelmente, durante o dia, todos estavam envolvidos nos seus afazeres. A nota divulga, também, que o Centro contava com um número considerável de livros, que eram tidos como relevantes para a doutrina, assim como jornais e revistas, tanto nacionais como estrangeiros. Deve-se esclarecer que a nota do jornal Lux de 1930 trata de um período bem posterior à fundação do Centro, em 1905, mas desde a sua instalação a instituição já contava com um certo número de obras espíritas, talvez o acervo ainda não fosse tão amplo, mas existia, já que era necessário ao estudo da nova doutrina. Logo no início da sua fundação, segundo consta, uma das primeiras manifestações de um espírito orientou o grupo para que se dedicasse ao estudo da nova doutrina. Consta, em ata do dia 25/01/1925, a doação feita ao Centro por dr. Aristides Spinola de material de escrita e leitura, haja vista que o estudo é considerado uma condição primordial e permanente, pois ele é que fornece a base de sustentação da doutrina. Assim estabelece o Livro dos Espíritos: ―Sede, além do mais, laboriosos e perseverantes nos vossos estudos, sem o que os Espíritos superiores vos abandonarão, como faz um professor com os discípulos negligentes‖ (1997, p.32). A biblioteca da Escola Normal10 constitui também um dos espaços de leitura existentes em Caetité no final do século XIX e início do XX. O seu acervo foi constituído por meio de doações feitas por moradores da cidade, principalmente pessoas de elevado poder 7 aquisitivo, vinculadas à política local, constam também doações de professores, Senhoras da cidade, vigário, bem como de pessoas de outras cidades e instituições, conforme notas divulgadas no jornal A Penna nos anos de 1900, 1901 e 1902. Embora fosse uma biblioteca escolar, o seu acervo não se restringiu aos conhecimentos pedagógicos, os indícios apontam que era frequentada pela comunidade e recebeu doações de livros das mais diversas áreas do conhecimento. Darnton (1992, p.215) considera que a leitura, no início da Europa moderna, ―era uma atividade social‖. Acontecia nos locais de trabalho, nos celeiros e nas tavernas. De acordo com o autor, essa leitura ―era quase sempre oral, mas não necessariamente doutrinadora‖. Além de ocorrer nos espaços públicos, acreditamos que a leitura em Caetité se fazia presente no aconchego das residências; infelizmente não podemos precisar a intensidade e quantidade dessas leituras, mas acreditamos que, em maior ou menor proporção, a comunidade caetiteense mantinha determinado contato com materiais escritos nas suas residências. A leitura nos espaços privados Outros espaços de circulação do escrito eram as bibliotecas particulares. Os indícios encontrados permitem inferir que, no século XIX, em Caetité, os materiais necessários ao processo de leitura e escrita se faziam presentes nos ambientes familiares, já que havia na cidade uma demanda por materiais tanto de leitura como de escrita. Um dos indicadores que permitem afirmar isso é a existência na cidade, em 1842, de três professores públicos, que naturalmente deveriam dispor e utilizar-se de livros de leitura. Isso permite inferir que havia uma elite culta e letrada que cultivava o gosto pela leitura, tanto em função das atividades profissionais que realizava, como pela necessidade de se manter informada. Merecem destaque algumas bibliotecas particulares, como a que pertenceu a João Gumes11 (1858-1930); entre as atividades que Gumes desempenhou foi tipógrafo, escritor, advogado prático, escriturário. O acervo da sua biblioteca era formado das mais diversas áreas do conhecimento, principalmente direito, literatura nacional e estrangeira, história, doutrina espírita entre outros. Outra biblioteca foi a de Marcelino Neves, sobre a qual Marieta Lobão Gumes12, rememorando a casa do avô materno, relata que, num salão, ao lado de um corredor que levava à sala de jantar, funcionava o gabinete dele. 8 [...] Com boa biblioteca, mesa redonda onde se espalhavam os seus papéis, livros, dicionários, jornais, lápis, tinteiros, canetas, um candeeiro de centro de chama forte, enfim, tudo que o homem intelectual e escritor precisa ter à mão [...] (Lobão Gumes 1975, p.22). Marcelino Neves era colaborador do jornal A Penna e professor de pedagogia da Escola Normal. Além dessas bibliotecas particulares, podemos destacar, ainda, a biblioteca do dr. Deocleciano Teixeira13 (pai de Anísio Teixeira), que mantinha uma ampla e atualizada coleção composta de diversos títulos, bem como assinatura de periódicos. Essa prática reforça a ideia da existência de uma comunidade de leitores em Caetité. Corroborando a presença de materiais de leitura no cotidiano das famílias caetiteenses durante o século XIX, encontram-se, na residência que pertenceu ao coronel Cazuzinha14, vários livros do final do século XIX e início do século XX, bem como livros franceses; vê-se, também, um móvel que foi especialmente produzido para acomodar os livros. Em período posterior, no início do século XX, a cidade contava também com a biblioteca do professor Alfredo José da Silva15, esta com a presença de um maior número de materiais de leitura instrucionais e pedagógicos. A existência desses espaços de leitura implica pensar que havia uma certa ordenação da leitura no espaço e um espaço destinado à leitura, ou seja, existia de alguma forma uma valorização da leitura nessa sociedade, uma vez que a ela se dedicava um espaço reservado; a existência dessas bibliotecas ou gabinetes particulares de leituras, sem dúvida, expressa algo dos hábitos de leitura e das possíveis práticas de escrita de parte da população caetiteense. De certo modo, a posse de um acervo de livros, no final do século XIX, deveria conceder a seu proprietário uma forma de distinção social16, determinado status e reconhecimento perante a comunidade, o que implica, também, a posse de capital cultural. Conforme ressalta Gisele Venâncio: Colecionar livros era uma etapa importante na formação de um intelectual. Possuir um gabinete de leitura, estantes cobertas de livros, uma quantidade de raridades ou de livros pertencentes aos cânones literários nacionais ou estrangeiros simbolizavam para seus pares sua importância intelectual (VENÂNCIO, 2006, p.90). Ainda com relação à relevância de se possuir um gabinete de leitura, a autora destaca que o ―tamanho das bibliotecas era frequentemente associado ao refinamento intelectual de seus proprietários‖ (2006, p.90); o tamanho e a posse de um acervo considerado 9 legítimo eram condições que garantiam ao seu proprietário a oportunidade de ser reconhecido como um ―intelectual erudito‖, sendo, também, uma forma de ―registro das suas atividades intelectuais‖. A autora recorre ao estudo realizado por Márcia Delgado referente a sebos e livros em Minas Gerais, para questionar os motivos que levam um sujeito a formar uma biblioteca pessoal. Segundo Delgado, os motivos ‗são de ordem arbitrária e variada, indo desde o amor pelos livros de determinado gênero ou assunto até o interesse mercadológico pelo livro como fonte de investimento‘ (apud VENÂNCIO: 2006, p.90). Nesse sentido, as bibliotecas que existiram em Caetité, em meados do século XIX e início do XX, certamente estavam vinculadas a alguns desses motivos, desde o gosto pelo hábito da leitura, ou talvez fossem uma condição de demonstrar a erudição ou, ainda, uma necessidade de vinculação às atividades profissionais de seu proprietário. No caso, as bibliotecas citadas de Caetité pertenciam a um médico, a professores e a um coronel que tinham filhos estudantes. Esses indícios nos levam a afirmar que existiam, em Caetité, no interior das residências, espaços destinados à leitura, embora fossem privados; os indícios mostram que havia permuta de livros, fato que corrobora a perspectiva da circulação do escrito na cidade. Como já se viu, era comum a existência de bibliotecas em Caetité, quer fossem particulares, quer institucionais, e havia de algum modo circulação do escrito, através da produção local dos periódicos e da circulação de gazetas que chegavam da capital por meio do correio, dos viajantes que vinham à cidade ou mesmo de moradores que iam à capital do estado com certa frequência. Isso nos leva a pensar que essas bibliotecas cumpriram funções mais complexas vinculadas ao contexto dessa sociedade. Podemos pensar nas formas de acesso e condições de circulação do material escrito em Caetité, no final do século XIX e início do século XX. Quais as maneiras que a população tinha para conseguir livros editados no Rio de Janeiro e fora do país? Que outras formas de comércio existiam? Como eram adquiridos esses livros? Segundo informações de um livro de matrículas (1858) que pertenceu à escola do professor João Gumes Sênior, consta que, no armazém de D. Maria Theodora, se adquiriam os mais diversificados gêneros de consumo, como açúcar, arroz, rapadura, dicionário, código criminal, sapatos envernizados e outros. Vê-se que, no armazém de D. Theodora, havia a presença dos mais variados objetos de consumo, alguns vindos de outras regiões, a 10 exemplo do material de leitura, como dicionário e código criminal17. Isso aponta para o fato de que havia, em Caetité, na segunda metade do século XIX, uma circulação de livros impressos18. Pode-se inferir, também, que os livros utilizados para leitura veiculavam diferentes campos do conhecimento, como os que foram adquiridos pelo professor João Gumes para o trabalho na escola de primeiras letras. Esse indício reforça também a ideia de que os livros não se restringiam a um grupo seleto de ―homens de letras‖, podiam ser comprados por pessoas da cidade que dispusesse de recursos para fazê-lo. Nessa direção, Deaecto (2010), ao desenhar uma cartografia das instituições de leitura e comunidades de leitores em São Paulo nas primeiras décadas do século XIX, nos informa que, antes da instalação da Imprensa Régia, em 1808, no Brasil, os autores nacionais mandavam ―imprimir seus escritos na Europa‖ (2010, p.420), geralmente em Portugal. Portanto, a aquisição dos livros ocorria de forma legal, através dos livreiros da metrópole, ou por meio do contrabando. Comenta ainda, que, desde o final do século XVIII, existem registros de comércio irregular de livros, perdurando entre as mercadorias dos estabelecimentos conhecidos como ―vendas‖ e ―armazéns‖. A autora comenta, também, a possibilidade de existência desse comércio em outras cidades do Brasil. Assim, podemos pensar que esse tipo de comércio era uma prática recorrente nos mais diversos lugares do Brasil, a exemplo de Caetité, que em 1858 também comercializava livros variados em espaços denominados de ―vendas‖ ou ―armazéns‖. Guardando as devidas distâncias temporais e espaciais, Hilsdorf (2003, p.31), tratando sobre a circulação de livros no Brasil Colônia, informa que ―mesmo sem imprensa as ideias circulavam em panfletos e cópias manuscritas, em cadernos de notas, em textos embarcados clandestinamente e vendidos com muita rapidez para os interessados‖. Informa, ainda, que foram encontrados, entre os participantes da Inconfidência Baiana ou Conjuração dos Alfaiates em 1798, cadernos com cópias manuscritas de autores franceses proibidos, a exemplo de Rousseau. A prática da circulação ou trocas de materiais escritos entre os leitores em Caetité e com leitores de outros lugares do Brasil, constitui também outra maneira que favoreceu a circulação de materiais escritos na cidade. Além da troca, a oferta do livro a um amigo ou instituição foi uma prática comum na comunidade caetiteense. Constam notas do jornal A 11 Penna agradecendo o recebimento de livro, de jornais ou de revistas. Veja-se, por exemplo, esta nota do periódico: O sr. Antonio Ottoni de Magalhães, da Bibliotheca Magalhães, desta cidade, ofereceu-nos uma edição da magazine ou Printemps, numero dos mais recentes no qual vem estampadas as ultimas modas parisianas quer em vestidos para ambos os sexos, quer em mobiliário e utensílios de luxo que são adotados nos meios elegantes. Muito obrigado. (A PENNA, 27 de Agosto de 1925) A troca de materiais de leitura entre instituições e pessoas fazia parte das redes de socialização mais amplas em nível de Brasil. Batista (2011) estuda as missivas trocadas entre o poeta brasileiro Machado de Assis e o poeta português João Lúcio; nesse intercâmbio de ideias, a autora consegue identificar os hábitos, as práticas de leituras, o costume recorrente entre alguns ―homens de letras‖ de presentear ou trocar livros entre si. Fica explícito que o ―vaivém dos livros entre esses intelectuais demonstra a constante circulação desses objetos portadores de textos e ideias. Essas ideias podiam ser ou não usadas em suas obras, mas eram discutidas nessa troca epistolar‖ (BATISTA, 2011, p.40). Ou seja, essa troca aponta para as práticas cotidianas estabelecidas entre intelectuais nas suas relações sociais e para o reconhecimento entre pares dentro do campo cultural. Referindo-se ao caso de Oliveira Viana, Giselle Venâncio afirma que a doação de seus livros pelo próprio autor ―significa uma forma de auto-propaganda, ao mesmo tempo que indica o reconhecimento do receptor como pessoa autorizada a estabelecer uma leitura legítima‖ (op. cit., 2003, p. 257).( BATISTA 2011, p.41). O Sr. Deocleciano Teixeira recebia também livros de familiares que residiam em Salvador e no Rio de Janeiro, como o enviado pelo sobrinho Clóvis, de Salvador, em 21/07/1916: ―[...] Remetto-lhe um livro novo que tem feito sucesso extraordinário, ―Exaltação‖ de Albertina Bertha [...] Com páginas de literatura finamente buriladas e dignas de figurar [...]19‖. Breves considerações Percebemos que os espaços públicos ou privados de leitura em Caetité estavam de alguma forma vinculados a interesses quer fossem pedagógicos, religiosos, literários, políticos ou econômicos. Em torno dessas especificidades, formavam-se comunidades de leitores que se 12 reuniam motivados pela ampliação e aquisição de conhecimentos da área, buscavam também ampliar e consolidar as redes de sociabilidades, conforme já anunciado, em uma região carente de entretenimentos. Ao tratar das formas de circulação do escrito na região, é imprescindível pensar que essa trama envolve complexas redes que passam pelo processo de produção, circulação e distribuição dos materiais de leitura. Além dessas questões, são ―complexas também as relações econômicas, sociais, religiosas, políticas e culturais numa dada sociedade, num dado tempo e espaço‖ (LACERDA, 2007, p.613). Portanto, existem outros agentes sociais, sejam vinculados ou não a grupos específicos, que interferem e exercem influência na disseminação do ―gosto‖ e das práticas de leitura em uma comunidade. Assim, podemos destacar que em Caetité vários agentes contribuíram para promover a prática leitora, bem como a circulação do escrito. 1 Professora de História da Educação da UNEB - Campus XII, mestrado em educação, vinculada ao Núcleo de Estudo, Pesquisa e Extensão – Paulo Freire (NEPE) e ao Grupo de Estudos e Pesquisa Cultura Escrita da FAE-UFMG. [email protected] Palavras-chave: Cultura letrada - Biblioteca – Impressos. 2 Caetité localiza-se na região Sudoeste da Bahia, a 750 Km de Salvador. Na época a região era denominada de Alto Sertão bahiano. A cidade exerceu notável influência política e cultural na região a partir de meados do século XIX até as primeiras décadas do século XX. 3 O conceito de sociabilidade será abordado na perspectiva de Maurice Agulhon (1989, p.54), quando propõe que a ―sociedade civil tem sua vitalidade própria‖, conquistou há muito tempo a ―civilização dos costumes‖, desenvolvendo modos polidos de ser, conviver, produzir. Destaca a sociabilidade como uma condição ―normativa, maneira de ser civilizada, isto é, verbalizada, ritual, pacífica. Sistema de regulação das relações sociais cotidianas‖. 4 O jornal A Penna foi fundado por João Gumes em Caetité, 1897, funcionando até 1946. Era uma publicação quinzenal, constava de quatro páginas, formato in-oitavo. Além de circular na região, possuía, também, assinantes em vários estados do Brasil, principalmente em São Paulo. 5 Optamos por manter a grafia dos documentos. 6 Segundo Reis (2010, p.88-89), Deocleciano Teixeira (1844-1930), natural de Ituaçu (região da Chapada Diamantina-BA.), formou-se em Medicina pela Faculdade do Rio de Janeiro, depois voltou à Bahia até fixar residência em Caetité. Mais tarde, abandonou a Medicina para se dedicar à política. Tornou-se chefe político regional, exercendo diversos cargos públicos, como deputado provincial e senador estadual. Deocleciano assumiu também alguns mandatos na Intendência. Deocleciano Teixeira foi pai do educador Anísio Spínola Teixeira. 7 Livreto produzido pela Typografia de A Penna para uma sessão literária do Club Caetiteense realizada em 10/12/1922. 8 Infelizmente, faltam-nos dados que permitam esclarecer em que ano foi fundada a biblioteca da Associação União Operária, tempo de existência (...) entre outros aspectos que nos ajudariam a compreender a relação que a biblioteca da União Operária estabeleceu com a cidade. 9 Reis (2010, p.103-104). ―O jornal espírita Lux, fundado em 01/07/1914 em Caetité, possivelmente circulou até março de 1933. Existem, no Arquivo Público Municipal da cidade, 13 edições do período microfilmadas e digitalizadas. Dessas edições, verifica-se que, até a edição de 02/11/1922, nº 49, o jornal vinha identificando-se no editorial como ―Orgam do Centro Psychico de Caetité‖; a partir da edição de 13 03/10/1926 passa a identificar-se como ―orgam do Centro Espírita Aristides Spinola‖, em 1930 é identificado como ―adheso a Federação Espírita Brasileira‖. O jornal tinha 04 páginas, media 17 cm X 24,5 cm, apresentava formato in-oitavo. As matérias do periódico eram escritas por adeptos da doutrina que participavam do Centro, assim como por pessoas da região e de outros estados do Brasil. O jornal mantinha intercâmbio com periódicos similares de diversas partes do Brasil‖. 10 A Escola Normal de Caetité foi criada em 1898, funcionou até 1904, quando foi fechada por questões políticas. Voltou a funcionar apenas em 1926 por influência de Anísio Teixeira. 11 Sobre a constituição e composição da biblioteca que pertenceu a João Gumes, ver REIS, 2010. 12 Marieta Lobão Gumes (1908), autora do livro de memórias: Caetité e o clã dos Neves (1975). 13 Parte dos acervos das bibliotecas particulares do dr. Deocleciano Pires Teixeira foi doada pelos seus familiares ao Arquivo Público Municipal. 14 Segundo Santos (1995, p.224), José Antônio Rodrigues Lima, conhecido como coronel Cazuzinha, ―foi chefe político de grande prestígio, até 1919, quando divergiu do governador José Joaquim Seabra, por causa da candidatura de Rui Barbosa à presidência da República. Retirou-se da política, já adoentado, vindo a falecer em 1923. 15 O acervo da biblioteca que pertenceu ao professor Alfredo da Silva, encontra-se no APMC. 16 A posse dos livros, no final dos séculos XIX e XX, representava bens simbólicos que conferiam aos sujeitos um status social. Márcia Abreu (2002) comenta que era comum os sujeitos, ao posarem para as fotografias, utilizarem livros para compor a cena retratada; tal prática conferia ao sujeito destaque e distinção. Corroborando essa ideia, no Arquivo Público em Caetité, encontram-se fotos de 1911 de sujeitos anônimos que posam para a foto tendo à mão diferentes suportes de leituras. Consulta feita ao www.unicamp.br/iel/memoria/Ensaios/Marcia/marcia.htm 17 Sobre o material utilizado para leitura na escola de instrução pública no Brasil, ver o texto de Galvão (2002), ―O ensino da leitura, escrita e gramática na instrução primária em Pernambuco (1827-1889)‖. A respeito dessa temática, ver também o artigo de Galvão (2005), ―A circulação do livro escolar no Brasil oitocentista‖. 18 Guardadas as devidas distâncias e devidas proporções, sem tentar generalizar, é possível observar que, no Brasil, desde a colônia já havia certa circulação de material escrito. Como nos informa Márcia Abreu (2003), o senso comum afirmava que o Brasil, no século XVIII, carecia de uma cultura literária; ―lamentava-se a ausência de importantes instituições ligadas ao livro‖ (p.13). Entre 1769 e 1826, registram-se em torno de 700 pedidos de autorização para envio de livros para o Rio de Janeiro, outros 700 para a Bahia, 350 para o Maranhão, 200 para o Pará e mais 700 para Pernambuco (os pedidos de envio para outras províncias são em quantidades bastante menores). ―Em cinquenta e poucos anos, por mais de 2.600 vezes, pessoas manifestaram interesse em remeter livros para o Brasil – número que se torna mais impressionante quando se considera que cada um dos pedidos requer autorização para o envio de dezenas e, às vezes, centenas de obras. No total mencionam-se 18.903 obras nos pedidos de licença, contendo sobretudo textos religiosos e profissionais. Assim, os documentos mostram que, ao contrário do que muitas vezes se supõe, a colônia portuguesa na América não desconhecia a utilidade e os encantos dos escritos‖ (p.27). 19 APMC: Fundo: Acervo Particular da família de Dr. Deocleciano Pires Teixeira. Grupo: Deocleciano Pires Teixeira. Série: Correspondências. Caixa:04, Maço:04. FONTES Atas de Sessões do Centro Espírita de 1905-1906. Livreto produzido pela Typografia de A Penna para uma sessão literária do Club Caetiteense realizada em 10/12/1922. Atas de Sessões da Câmara Municipal de Caetité (1847-1849), (1881). Fundo: Escola Particular de Primeiras Letras de João Gumes. Série: Registro de Matrículas de Alunos. Datas–limite: 1853-1866. Maço: 07. Arquivo Público Municipal de Caetité-Ba. Acervo da Família de Deocleciano Pires Teixeira. Jornal A Penna Edições microfilmadas. Período de 1897 - 1912. 14 REFERÊNCIAS ABREU, Márcia. Os caminhos dos livros. 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