INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE FUNORTE / SOEBRAS LUIZ HENRIQUE BULCHI EXTRAÇÕES ATÍPICAS EM ORTODONTIA Santo André 2013 LUIZ HENRIQUE BULCHI EXTRAÇÕES ATÍPICAS EM ORTODONTIA Monografia apresentada ao colegiado de Pós-graduação da FUNORTE (Núcleo Santo André, Faculdades Unidas do Norte de Minas), como pré-requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Ortodontia. Orientador: Profº. Ms. José Eduardo dos Santos. Santo André 2013 EXTRAÇÕES ATÍPICAS EM ORTODONTIA LUIZ HENRIQUE BULCHI Monografia apresentada ao Instituto de Ciências da Saúde FUNORTE / SOEBRÁS – Núcleo Santo André como parte dos requisitos para obtenção do título de ESPECIALISTA pelo Programa de Pós-Graduação em ODONTOLOGIA – Área de Concentração Ortodontia. Data de aprovação _____/ _______/ _____ COMISSÃO EXAMINADORA __________________________________________________ Orientador: Prof. Ms. José Eduardo dos Santos _________________________________________________ Prof. Ms. Fabio Trevisan _________________________________________________ Prof. Rita Catia Bras Bariani CONCEITO FINAL :_________________________ DEDICATÓRIA Dedico este trabalho aos meus pais, Luiz e Marilena, por todo sacrifício para que a odontologia se tornasse possível na minha vida. A minha namorada, Ana Laura, pela ajuda, companheirismo e compreensão. AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus, pela oportunidade de mais uma conquista. Ao professor José Eduardo, pelos ensinamentos e dicas durante a especialização. As amigas da turma 6, pelos momentos de descontração, aprendizagem e cooperação. A minha tia Dirce, pelo incentivo e apoio constantes. RESUMO Frequentemente, há a necessidade de extrações de dentes para corrigir o posicionamento em sua base óssea. Durante o planejamento do tratamento ortodôntico com extrações, a decisão crítica é escolher qual dente deverá ser extraído, pois cuidados com a mecânica ortodôntica, alterações funcionais e estéticas, saúde periodontal e estabilidade do tratamento devem ser considerados. As extrações de pré-molares são as mais comuns, mas há ocasiões em que extrações atípicas facilitam a mecânica, diminuindo o tempo de tratamento. Um planejamento ortodôntico que envolva extrações atípicas não é um procedimento totalmente aceito e comumente realizado. Encontram-se na literatura trabalhos sobre extrações atípicas para diferentes tipos de más oclusões com resultados satisfatórios em relação a estética, função, saúde e estabilidade, desde que bem planejado. Este trabalho monográfico visa revisar a literatura sobre extrações de incisivos, molares, caninos e extrações assimétricas, além de apresentar alguns casos clínicos com diferentes tipos de extrações. Palavras chave: Tratamento ortodôntico, extrações atípicas, extrações de incisivos, extração de molares, planejamento. ABSTRACT Often, there is a need for extraction of teeth to correct positioning in its bony base. During the planning of orthodontic treatment with extraction, the critical decision is choosing which tooth should be extracted as mechanical orthodontic care, functional and aesthetic periodontal health and stability of treatment should be considered. The extractions of premolars are the most common, but there are occasions when atypical facilitate mechanical extraction, decreasing the treatment time. An orthodontic treatment involving extractions atypical for is not totally accepted and commonly performed. It is found literature, studies on atypical extractions for different malocclusions, with satisfactory results in relation to aesthetics, function, health and stability, since well planned. This monograph aims to review the literature on the extraction of incisors, molars, canines and asymmetric extractions, and present some clinical cases with different types of extractions KEYWORDS: Orthodontic Treatment, Extractions atypical, extraction of incisors, molars extraction, planning LISTA DE FIGURAS Figura 01- ..................................................................................................................15 Figura 02- ..................................................................................................................16 Figura 03- ..................................................................................................................23 Figura 04- ..................................................................................................................24 Figura 05- ..................................................................................................................24 Figura 06- ..................................................................................................................25 Figura 07- ..................................................................................................................26 Figura 08- ..................................................................................................................28 Figura 09- ..................................................................................................................28 Figura 10- ..................................................................................................................31 Figura 11- ..................................................................................................................32 Figura 12- ..................................................................................................................32 Figura 13- ..................................................................................................................38 Figura 14- ..................................................................................................................38 Figura 15- ..................................................................................................................39 Figura 16- ..................................................................................................................39 Figura 17- ..................................................................................................................41 Figura 18- ..................................................................................................................42 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO...................................................................................................9 2. PROPOSIÇÃO.................................................................................................11 3. REVISÃO DE LITERATURA...........................................................................12 4. DISCUSSÃO....................................................................................................46 5. CONCLUSÃO .................................................................................................49 6. REFERÊNCIAS...............................................................................................50 9 1. INTRODUÇÃO Extrações atípicas na ortodontia ainda são estigmatizadas por muitos profissionais, mas sua realização quando corretamente indicada, auxilia na correção de diversas más oclusões e alcança resultados estéticos e funcionais bastante satisfatórios, além de estabilidade. No passado era comum a indicação de extração dos primeiros pré-molares, com finalidade ortodôntica, e ela é tão clássica, que a opção por extrair qualquer outro dente ganha conotação de extração atípica na disciplina ortodôntica. Atualmente, devido aos avanços das técnicas, têm-se diversificado as opções de extrações, individualizando cada caso, e não tratando todos de maneira similar. Quando planejamos a extração de um ou mais dentes devemos observar uma série de fatores, como a quantidade de discrepância de modelo; discrepância cefalométrica; relação entre os arcos dentários; perfil facial; condições dentárias e periodontais; e claro, a queixa principal do paciente. Se, por um lado as extrações vieram facilitar a mecânica ortodôntica; por outro elas abriram opções de tratamento e, para que o melhor seja praticado, é necessário um diagnóstico completo com radiografias periapicais, panorâmica, oclusal, telerradiografia, fotografias e modelos, e a realização do setup de diagnóstico é imprescindível. (MATSUMOTO et al, 2010). Os ortodontistas estão preocupados com estabilidade a longo prazo de seus tratamentos. A expansão tem se mostrado instável. Extração de pré-molares tem sido um desapontamento e muito criticado por achatar o perfil. (OWEN, 1993). As extrações atípicas muitas vezes facilitam o tratamento, podem perfeitamente ser usadas como recurso para tratamento de más oclusões, porém necessitam de uma análise de todos elementos de diagnóstico, para que haja um planejamento seguro com utilização de mecânica eficiente. É importante salientar que efeitos colaterais podem ser observados, como: aumento da sobremordida e sobressaliência; reabertura do espaço da exodontia; intercuspidação insatisfatória; perda da papila gengival na região da extração de um incisivo inferior; entre outras. Por essa razão é uma indicação polêmica do ponto de vista de alguns autores. 10 Por ser um tema controverso e pouco explorado, uma revisão da literatura se torna necessária, com objetivo de esclarecer os critérios que devem ser avaliados para indicar ou contraindicar as extrações atípicas como opção terapêutica do tratamento ortodôntico, mostrando suas vantagens e desvantagens. 11 2. PROPOSIÇÃO A proposta deste trabalho foi revisar a literatura a fim de avaliar os aspectos necessários para indicações e contraindicações de extrações atípicas no tratamento ortodôntico, além de conhecer vantagens e desvantagens dessa terapia. 12 3. REVISÃO DE LITERATURA BAHREMAN (1977) relatou que os melhores casos para extração de incisivo inferior são más oclusões dentárias Classe I com as seguintes especificações: boa dentição, perfeita interscupidação e grave apinhamento ântero-inferior com ausência de espaço para quase um incisivo inferior. Também indicado em pacientes com mordida cruzada anterior. As contraindicações são para todos os casos que requerem extração superior e inferior, mordida profunda, casos em que os caninos estão em Classe I e requer extração de pré-molares superiores, apinhamento bi maxilar, discrepância do incisivo devido ao seu tamanho. Como vantagens o autor citou o menor o tempo de tratamento, a mecanoterapia é simplificada, a largura intercaninos é mantida sem qualquer desvio, o período de contenção é reduzido e, geralmente, não há problema de ancoragem devido ao suporte dentário sólido. Segundo KOKICH & SHAPIRO (1984) para avaliar na decisão da extração de incisivo inferior devemos observar o tamanho da discrepância, em geral maior que 3 milímetros; o formato das coroas de incisivos superiores e inferiores (pois com formatos triangulares poderão ser realizados desgastes interproximais); espessura de esmalte nas coroas dos incisivos superiores; largura da raiz dos incisivos superiores e inferiores; inclinação de incisivos superiores e inferiores; estado da coroa dos incisivos inferiores e estabilidade no tratamento. A extração de um incisivo inferior, numa má oclusão de Classe l, sem discrepância de Bolton, diminui a chance de se obter overjet e overbite apropriados. Os autores acrescentaram que tal abordagem terapêutica não é mais considerada comprometedora, mas altamente benéfica em casos bem selecionados. Muitos dos efeitos colaterais podem ser controlados durante a mecanoterapia, com a obtenção de uma adequada intercuspidação das arcadas. Além disso, se incisivos inferiores forem extraídos sem um planejamento cuidadoso, a discrepância oclusal, muitas vezes não é resolvida de forma satisfatória. Concluíram que, com escolha cuidadosa do caso, a extração do 13 incisivo pode permitir que o tratamento seja simplificado ao utilizar mecânica e alcançar bons resultados, além de uma oclusão aceitável e consistente. Segundo TAYER (1992) o principal objetivo do tratamento ortodôntico é a obtenção de uma relação normal dos dentes e das estruturas de tecido mole ao seu redor. A dentição deve ser colocada numa posição sadia e estável para que não haja problema no mecanismo de mastigação. O autor relatou três procedimentos de diagnóstico que considera indispensável para um correto diagnóstico em casos de extração assimétrica: Análise de tamanho de dente (Bolton); determinação do espaço disponível/espaço necessário; e um modelo de diagnóstico construído em laboratório. Concluiu que uma variedade de possibilidades podem surgir quando se planeja um tratamento, mas que pacientes adultos frequentemente apresentam problemas dentários atípicos, determinando processos singulares para o tratamento, além disso, os objetivos do tratamento quase sempre são específicos, no entanto, uma constante deveria permanecer: o resultado do tratamento deve ser consistente com a oclusão estável, estética e sadia, além de um perfil facial agradável. OWEN (1993) descreveu que quando há um tratamento com extração de um único incisivo inferior, deve ser feito um conjunto de modelos de diagnóstico, e que essa é a melhor maneira de prognóstico da oclusão final. Em seus casos clínicos o autor seguiu um padrão de diagnóstico específico que consiste em analisar a relação molar em Classe I, incisivos inferiores moderadamente apinhados, apinhamento mínimo ou nulo no arco superior, perfil do tecido mole aceitável, sobremordida e trespasse horizontais aceitáveis e nenhum potencial de crescimento. Além disso, usou alças de fechamento na linha média para acelerar o fechamento do espaço da extração, posteriormente, elásticos para corrigir o trespasse horizontal. O autor concluiu que o perfil facial do tecido mole se tornou aceitável e a oclusão final ficou quase a mesma, exceto pela correção da sobremordida. ISAACSON, LINDAUER & RUBENSTEIN (1993) relataram um caso em que uma paciente de 15 anos tinha como queixa principal apinhamento dentário anterior. Ela usava uma placa de mordida removível com parafuso expansor e tinha ausência dos quatro segundos molares, além do incisivo lateral superior direito, que o clínico 14 havia extraído a fim de tratar o apinhamento. A paciente apresentava apinhamento de 6 milímetros inferior e 10 milímetros superior, ocorreu recessão gengival significativa sobre a face do incisivo central direito superior e as linhas médias dentárias superiores e inferiores estavam à direita, as relações inter-arcos era de classe II completa, e havia presença de sobremordida anterior e trespasse horizontal. Os autores optaram por extrair o outro incisivo lateral, já que era necessário um controle de ancoragem posterior e havia apinhamento dos incisivos. O tratamento transcorreu calmamente e incluíram torque lingual na raiz dos incisivos centrais superiores. A mesialização do canino foi esteticamente agradável. Também foi necessário minimizar a sobremordida. Concluíram que uma vez que o espaço da extração estava tão próximo do apinhamento, deveriam ser usados elásticos de Classe III e alças de força de Classe I, durante o fechamento de espaço para garantir o movimento mesial dos dentes posteriores superiores. BASDRA, STELLZIG & KOMPOSCH (1996) relataram que extrações de segundos molares causam menor mudança no perfil facial, eficácia da terapia com aparelho funcional, erupção dos terceiros molares sem intercorrências e menor tempo de tratamento. Estão indicadas para correção de Classe II, divisão 1, com excessiva inclinação vestibular dos incisivos superiores, sem espaçamento, overbite mínimo, e terceiros molares superiores em boa posição e com forma adequada. Em alguns casos, a extração dos segundos molares superiores, quando combinado com um aparelho extra-oral mecânico de Classe II, facilita a distalização dos primeiros molares para correção má oclusão. Por outro lado, os autores salientaram como desvantagem o enorme espaço a ser fechado, o paciente tem que estar motivado e cooperar na distalização e mecânica. Após a correção da relação de Classe II o tempo de tratamento pode ser prolongado até que os terceiros molares superiores estejam em oclusão. Concluíram que a extração de segundos molares superiores é uma ótima alternativa para tratamento compensatório de Classe II dentoalveolar, porém esse tratamento está ligado a uma rigorosa indicação. Após utilizarem de tal procedimento, observaram melhoras significativas tanto cefalométricas quanto no perfil do paciente, além disso, acrescentaram que, em 88% dos casos, os terceiros molares superiores apresentam forma e posição favoráveis. 15 BOLTON apud RAMOS et al. (1996) elaborou uma análise de tamanho dentário, que estabeleceu proporções ideais tanto para a região anterior como total do arco dentário, evidenciando as discrepâncias. Utilizando as somas mesiodistais dos 12 dentes superiores (primeiro molar à primeiro molar) e dos 12 inferiores, propôs índices ideais para região total. O índice é obtido da seguinte forma: dividese a soma dos inferiores pela soma dos superiores, e multiplica por 100, resultando num valor que ficará em torno de 91,3 em condições de normalidade (Figura 01). Se a proporção total for maior que 91,3 a discrepância deve-se a um excesso de material dentário inferior e se, por outro lado, for menor que 91,3, a discrepância será devida a uma quantidade excessiva de material dentário superior. Um desvio padrão na faixa de 1,91, tanto para mais quanto para menos, foi considerada aceitável por Bolton. Uma proporção similar também é realizada para os seis dentes anteriores. A proporção anterior de 77,2 com um desvio padrão de 1,65. (Figura 02). Se a proporção anterior for superior a 77,2 haverá excesso de material dentário inferior; se for menor que 77,2, haverá excesso de material dentário superior. Figura 01 – Valores ideias para a somatória total do arco inferior em relação ao superior. Fonte: RAMOS A. L.; SUGUINO R.; TERADA H. H.; FURQUIM L. Z.; SILVA FILHO O. G. Considerações sobre análise da discrepância dentária de Bolton e a finalização ortodôntica. Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Maxilar, v. 1, n. 2, pp. 86-106, Nov./Dez., 1996. 16 Figura 02 – Valores ideais para a somatória anterior do arco inferior em relação ao superior. Fonte: RAMOS A. L.; SUGUINO R.; TERADA H. H.; FURQUIM L. Z.; SILVA FILHO O. G. Considerações sobre análise da discrepância dentária de Bolton e a finalização ortodôntica. Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Maxilar, v. 1, n. 2, pp. 86-106, Nov./Dez., 1996. Segundo RAMOS et al. (1996) é frequente que nas últimas fases do tratamento ortodôntico verifique-se que a finalização do caso não será adequada, pois os dentes superiores e inferiores não apresentam uma proporção adequada para permitir uma boa relação vertical e horizontal (sobremordida e sobressaliência). Se os comprimentos mesiodistais dos incisivos superiores são maiores que os inferiores, o caso apresentará uma tendência de sobremordida e sobressaliência excessivas. Se forem os inferiores maiores que os superiores, haverá uma tendência de mordida topo-a-topo. Pode-se ainda haver a necessidade de solucionar um apinhamento ântero-inferior com uma discrepância de tamanhos dentários, com a extração de um incisivo inferior. Os autores acrescentaram que um diagnóstico e planejamento detalhado, com a avaliação das discrepâncias do tamanho dentário, permitirá que o tratamento seja mais específico e consciente, consequentemente apresentará uma finalização apurada, com adequados trespasses horizontal e vertical. 17 Para CANUT (1996) as indicações para a extração de um incisivo inferior resumem-se a quatro tipos de situações clínicas: anomalias no número dos dentes anteriores; anomalias de tamanho dos dentes; erupção ectópica de incisivos; e má oclusão tipo Classe III moderada. A extração de um incisivo representa limitações que devem ser levadas em conta. Acentuado overjet é uma contraindicação para a extração de um único incisivo inferior, na presença de sobressaliência positiva, o fechamento do espaço inferior a aumentará. Ao extrair um incisivo, há uma mesialização do canino, e esse perde a proteção funcional. Em certos casos, e em particular entre os adultos o espaço ou não se fecha ou então abre-se com facilidade. CAPPELLETTE, CAPPELLETTE JR. & MUNIZ (1997) relataram um caso clínico em que a paciente iniciou o tratamento com 15 anos e 5 meses. Apresentava discrepância de modelo de -4 milímetros inferior e – 3 milímetros superior, mordida cruzada unilateral do lado direito, perfil harmônico e distância intercanino inicial de 25 milímetros. Os autores optaram por realizar o descruzamento com quadri-helix e posteriormente extração do incisivo central inferior do lado direito. O tempo de tratamento foi de um ano e quatro meses e o resultado muito satisfatório. A distância intercanino diminuiu para 23 milímetros, não houve comprometimento do perfil e nem aprofundamento da mordida. O tempo de contenção total foi de um ano, sendo que nos primeiros seis meses o uso foi de 24 horas, passando posteriormente ao uso apenas noturno, tanto no arco superior quanto no inferior, apresentando estabilidade após o período de contenção. Os autores concluíram que os elementos de diagnóstico são fundamentais para chegar-se a um planejamento ortodôntico correto, principalmente em casos de extrações. Acrescentaram que a extração de um incisivo inferior quando bem indicada, pode levar a resultados estéticos e funcionais satisfatórios e com uma mecanoterapia simplificada. SILVA FILHO et al. (2002) relataram que a extração de um incisivo inferior elimina cerca de cinco milímetros de massa dentária neste segmento, e que além de alterar a relação inter-arcos na região de incisivos, aumenta o trespasse horizontal e vertical. Embora seja motivo de crítica, isto pode ser desejável no planejamento da finalização quando existe excesso de massa dentária inferior ou deficiência de 18 massa dentária superior, ou nos casos de mecânica compensatória para correção da relação de topo dos incisivos. Se esta desproporção não for conveniente, uma possibilidade de resolução do problema seria a redução da massa dentária no segmento ântero-superior, com desgastes interproximais. Acrescentaram que a extração de dois incisivos inferiores tem a vantagem da correção imediata do apinhamento, sem alteração na relação inter-arcos na região posterior e anterior, já que os caninos inferiores funcionariam como incisivos laterais e os primeiros prémolares exerceriam a função de caninos. MARCHIORO, BELLATO & HAHN (2002) relataram um caso clínico em que optaram pela extração de um incisivo inferior com o objetivo de manter as relações de caninos e de molares em classe I e overjet e overbite satisfatórios, favorecendo assim a estética. Paciente masculino, braquicefálico, portador de Classe I dentária com overjet e overbite nulos, severos desgastes dos bordos incisais e apinhamento anteroinferior (discrepância de modelo de -4 milimetros). Após diagnóstico, foi planejada a necessidade de extração do elemento 41. O tempo de tratamento foi de 12 meses, sendo a barra lingual utilizada como contenção, colada de canino a canino. Posteriormente, foi sugerido ao paciente a realização de restaurações dos bordos incisais dos incisivos centrais superiores com o intuito de obter melhor estética. Os autores concluíram que no caso clínico descrito, o paciente se enquadrava nas indicações para extração de um incisivo inferior, além disso, a análise de modelos mostrou uma discrepância anterior favorável ao tratamento com extração. Dessa forma, eliminaram a necessidade de extrair quatro pré-molares ou desgaste interproximal, já que seria insuficiente para correto alinhamento, nivelamento e retração dos incisivos. Segundo BRAGA et al. (2002) o setup é um importante recurso na correção ortodôntica com extrações pois consiste no reposicionamento dos dentes, previamente removidos dos modelos, sobre a base remanescente. Quando confeccionado corretamente, o setup possibilita a simulação do resultado final. Os autores relataram um caso clínico de uma paciente com 3 milímetros de desvio de linha média, discrepância de modelo inferior de -5 milímetros, sobressaliência de 3 milímetros e sobremordida de 40%. Optaram pela extração do elemento 41 para 19 obter espaço para alinhamento e nivelamento da arcada inferior, e o plano de tratamento foi confirmado após a montagem do setup. Acrescentaram que tratar essa paciente com extrações em ambas as arcadas poderia comprometer a harmonia facial. Tratar sem extrações poderia alterar o perfil pela projeção dos incisivos. A extração do incisivo inferior captou as vantagens de ambas as abordagens, além de maior rapidez no fechamento do espaço da extração. MARTINS et al. (2002) descreveram que a movimentação dentária no sentido vestibulolingual pode ocasionar perda de crista óssea alveolar e da inserção gengival, dependendo de fatores mecânicos como intensidade da força; velocidade e tipo de movimento; e da espessura do osso alveolar. Por conta disso, a longevidade do periodonto e a excelência do tratamento podem ser condenadas. Os autores realizaram uma análise onde compararam 25 pacientes que fizeram tratamento ortodôntico com extrações e 25 sem extrações. Os estudos mostraram uma maior perda óssea alveolar no grupo tratado com extrações, mas com magnitude irrelevante clinicamente. Sendo assim, os autores concluíram que não houve diferenças entre os grupos no que diz respeito a sangramento e recessão gengival. O grupo tratado com extrações demonstrou maior profundidade de sulco gengival e a crista óssea alveolar teve uma maior distância à margem gengival, mas que clinicamente é insignificante. Finalizaram afirmando que desde que a força seja controlada, a largura da sínfise seja considerada e não tenha excesso de retração ântero-inferior, a mecânica ortodôntica nos casos de extração não ocasionam iatrogenias ao periodonto dos incisivos inferiores. Segundo NAGANO et al. (2003), a extração de segundos molares é um assunto controverso e tem sido discutido na literatura desde 1939. A escolha de qual dente extrair exige do profissional um estudo criterioso, além de requerer a observação da idade e características individuais aliadas à dedução e bom senso. Além disso, acrescentaram que o mais importante na extração de segundos molares quanto ao controle vertical é o padrão de crescimento, pois a extração pode tanto promover o fechamento da mordida aberta anterior quanto corrigir a mordida profunda. Os autores concluíram que o diagnóstico seletivo e criterioso é indispensável. Está indicada em casos no quais não se deseja alterar o perfil facial 20 ou paciente com maloclusão de classe II com presença de sobremordida. O momento certo para realizar a extração é imediatamente após sua irrupção, com a coroa do terceiro molar completa. PANHÓCA (2004) descreveu que a classificação de Angle e as medidas cefalométricas obtidas em norma lateral, não dão valor devido a problemas no sentido transversal, e que o desvio de linha média dentária exige diagnóstico atento aos diversos fatores etiológicos, como mordida cruzada; discrepância congênita do tamanho dos dentes; alteração das coroas por restaurações; giroversões; inclinações axiais; ausências; diastemas; e apinhamentos, de maneira que se possa definir um plano de tratamento a fim de se obter excelência na estética facial e oclusão funcional. Após apresentar dois casos clínicos de más oclusões de classe II, divisão 1, subdivisão com linha média desviada, o autor concluiu que após exame clínico, cefalométrico e análise de simetria de modelos, a linha média desviada pode ser corrigida com extração de apenas um dente na arcada superior, desde que o problema seja exclusivamente dentário, sendo restabelecida estética e função dos pacientes. Em casos de fatores etiológicos esqueléticos, o tratamento cirúrgico ortognático deve ser considerado. De acordo com ALVES JÚNIOR, ROSSI & PACHECO (2005), fatores como época do início do tratamento, padrão de erupção dentária, estágios de formação radicular, posição da linha média dentária, quantidade de sobremordida e tendência de crescimento facial podem influenciar diretamente no plano de tratamento, alterando ou não a sequência de dentes a serem extraídos. A extração de dentes permanentes, em casos de discrepância dentária severa, parece ser a melhor opção, porém o diagnóstico tem de ser diferenciado para cada tipo de caso. Deve-se observar o grau de apinhamento dentário, o padrão de crescimento facial e a morfologia de ambos os arcos dentários. FERNANDES et al. (2005) apresentaram um caso clínico de uma paciente do gênero feminino, 26 anos de idade, que apresentava discreta assimetria facial, terços proporcionais, perfil inferior e ângulo nasolabial retos e selamento labial passivo. No exame intrabucal foi observado Classe I de Angle, overjet e overbite 21 levemente aumentados em relação ao padrão normal, linha media inferior ligeiramente desviada para a direita, apinhamento anteroinferior e arcada superior com os incisivos posicionados como na Classe II, divisão 2, ou seja, com os incisivos superiores com inclinação aparentemente normal e os incisivos laterais com acentuada mésio-vestíbulo versão. Na análise cefalométrica, a posição dos incisivos, apresentava pequena inclinação vestibular, com discrepância cefalométrica de -3,5 milímetros, associada à discrepância de modelo de -6,0 milimetros. Foi observada então a falta de espaço para alinhamento, nivelamento e inclinações dos dentes. Na radiografia panorâmica os terceiros molares inferiores estavam inclusos, em posição horizontal, os segundos pré-molares inferiores e o canino superior direito, além de tratamento endodôntico, apresentavam severo comprometimento coronário; inclusive o canino superior direito estava reabilitado com prótese coronária. Dessa forma, os autores decidiram pelas extrações dos caninos superiores, segundos pré-molares inferiores, além dos quatro terceiros molares. O tratamento foi concluído em um ano e seis meses. Os autores acrescentaram que extrações não convencionais, apesar de polêmicas, podem ser utilizadas para solucionar um caso clínico em particular, naturalmente, dependendo do diagnóstico. Além disso, deve ser observado no final do tratamento se os objetivos estéticos e funcionais foram alcançados, mas o sucesso ou insucesso do caso só pode ser avaliado e comprovado com a estabilidade dele. LIMA, LACET & MARQUES (2005) descreveram que a extração de um incisivo inferior poderia ser uma opção de tratamento bastante eficaz para alguns casos cuidadosamente selecionados. Os autores indicaram o tratamento para pacientes com má oclusão de classe I, com apinhamento ântero-inferior que se aproxime das dimensões de um incisivo inferior, com dentição superior normal e boa intercuspidação. Outro caso indicado seria o de pacientes com má oclusão de classe II leves, onde a discrepância de modelos seja menor que o tamanho do incisivo, para que tenha espaço remanescente para chave de canino. Eles acrescentaram que pacientes adultos classe III leve a moderada, com overjet e overbite reduzidos, também podem ser indicados para tal procedimento. Para completar o diagnóstico deve-se observar: discrepância de modelo; cefalométricas; curva de spee; e principalmente discrepância de Bolton para que tenhamos a 22 decisão correta a seguir. Os autores ainda acrescentaram que a distância intercaninos normal é outro importante fator a ser avaliado, pois é responsável pela estabilidade pós-tratamento. Além disso, deve-se avaliar com cautela qual incisivo será escolhido para exodontia - é importante avaliar a quantidade de deficiência de espaço; a relação entre linha média superior e inferior; saúde periodontal, indicando a extração do incisivo mais ectópico. A exodontia deve ser feita quando não houver mais potencial de crescimento e é plenamente possível ter uma excelente relação incisal através do controle de overbite e redução de overjet com desgastes interproximais de incisivos superiores. CARVALHO (2005) descreveu a confecção de um setup de diagnóstico para planejamento de um caso com extração de incisivo inferior. Inicialmente, os dentes devem ser numerados para que não sejam confundidos após terem sido removidos do modelo. A linha média dentária deverá ser marcada tanto no modelo superior quanto no inferior. A remoção dos dentes tem início fazendo-se túnel na altura das raízes dos incisivos, com broca esférica número 6. Por meio do túnel passa-se a serrinha que é presa ao arco de ambos os lados. Os dentes são serrados com uma fresa tanto no sentido horizontal como no vertical, sempre acompanhando a anatomia das raízes, e sem tocar nos pontos de contato dos dentes para que não seja alterada as suas dimensões mésio-distais. Os dentes então são soltos por meio de uma leve pressão digital, para que não se perca material no sentido mésio-distal. Após a remoção dos dentes as raízes recebem uma forma mais natural, desgasta-se o gesso com uma fresa em forma de pera, evitando-se desta forma interferências quando os dentes forem reposicionados. Nas bases dos modelos e na porção apical das raízes são feitas retenções que são preenchidas com cera. A montagem do setup é iniciada pelos incisivos, a seguir são montados os caninos e outros dentes, dependendo do plano de tratamento. Após terem sido montados com a oclusão considerada a melhor possível, adiciona-se cera número 7 para fixar os dentes nas posições definitivas. Para finalizar, faz-se a escultura gengival. (Figura 03). 23 Figura 03 – Confecção do setup: A) Vista frontal do modelo; B) Vista lateral do modelo; C) Modelo de trabalho, arco, serra e troquel; D) Modelo de trabalho com os dentes serrados; E) Remoção dos dentes com leve pressão digital; F) Modelo e os dentes serrados; G) Broca para melhorar o formato dos dentes que serão reposicionados; H) Modelo de trabalho após montagem dos dentes nas posições ideais e modelo de estudo; I) Vista oclusal do modelo setup e modelo de estudo; J) Vista frontal do setup finalizado. Fonte: CARVALHO S. M. B. Setup: um valioso recurso na decisão da exodontia de incisivo inferior. Revista Científica do I.E.P.C., v. 1, n. 1, pp. 20-31, 2005. 24 MAZZOTINNI, CAPELOZZA FILHO & CARDOSO (2005), descreveram que a extração de incisivos inferiores tem sido mais utilizada na ortodontia, muito por causa do aumento de pacientes adultos no cotidiano da clínica. Os autores acrescentaram que o mesmo cuidado que se tem para indicar a extração de um incisivo inferior, deve se ter para o procedimento cirúrgico, e que uma fratura óssea, por exemplo, pode acarretar prejuízos para movimentação dentária (Figura 04, 05, 06). Isso quer dizer que o ortodontista depende de um procedimento cirúrgico bem executado para que possa realizar a movimentação ortodôntica após a extração. Os autores concluíram que qualquer sequela causada por um procedimento cirúrgico mal executado influencia no sucesso do tratamento. O tempo para recuperação óssea na região será maior e as limitações estéticas se fazem presentes. Figura 04 - Fotografias intrabucais de um tratamento ortodôntico corretivo parcial, dois meses após a extração do dente 31. Observa-se um defeito ósseo na região da extração. Fonte: MAZZOTTINI R.; CAPELOZZA FILHO L.; CARDOSO M. de A. Técnica cirúrgica conservadora para extração no segmento de incisivos inferiores. R Clin Ortodon Dental Press, Maringá, v. 4, n. 5, out./nov. 2005. Figura 05 - Fotografia do elemento 31 após a extração. Observa-se tecido ósseo alveolar aderido à superfície radicular vestibular e distal. Fonte: MAZZOTTINI R.; CAPELOZZA FILHO L.; 25 CARDOSO M. de A. Técnica cirúrgica conservadora para extração no segmento de incisivos inferiores. R Clin Ortodon Dental Press, Maringá, v. 4, n. 5, out./nov. 2005. Figura 06 - Após 13 meses o caso foi finalizado com limitações pelo defeito ósseo criado no procedimento de extração do dente 31. Fonte: MAZZOTTINI R.; CAPELOZZA FILHO L.; CARDOSO M. de A. Técnica cirúrgica conservadora para extração no segmento de incisivos inferiores. R Clin Ortodon Dental Press, Maringá, v. 4, n. 5, out./nov. 2005. SILVA FILHO et al. (2006) relataram que a extração de pré-molares é tão clássica, que qualquer outra é denominada atípica, além disso, os autores acrescentaram que os objetivos oclusais de um tratamento ortodôntico devem apresentar estética, função e saúde periodontal, com a presença de caninos ou não. Para eles a função canino pode ser exercida pelo pré-molar quando, por exemplo, o canino é mesializado para substituir a ausência do incisivo lateral superior em casos de agenesia, e isso não oferece nenhum prejuízo periodontal a longo prazo. Em casos de caninos impactados deve-se avaliar com bom senso, e diante de um perímetro de arco suficiente, a extração do canino está indicada quando sua posição tem prognóstico desfavorável ou quando põe em risco dentes adjacentes no caso de realizar o tracionamento. PINTO et al. (2006) relataram o caso clínico de uma paciente do gênero feminino, 19 anos e 10 meses, bom estado de saúde, deglutição e fonção normais, simetria facial, com dois implantes de níquel-titânio na região dos incisivos centrais superiores, apinhamento anteroinferior, relação molar de Classe I de Angle com tendência a classe III, linha média desviada e overjet e overbite 0 milímetro (mordida de topo) e discrepância ântero-inferior de -6 milímetros. Ao traçarem o plano de tratamento, os autores consideraram a harmonia facial. Após estudo do caso foi executado um setup (Figura 07) para servir como guia no planejamento e possibilitar uma visão mais próxima do resultado final do tratamento. Foi realizado o tratamento 26 ortodôntico com a extração do incisivo central inferior esquerdo devido a sua posição desfavorável e à discrepância de Bolton. O tratamento foi executado com aparelho ortodôntico fixo total preescrição Edgewise .022” na arcada superior e inferior com todos os acessórios colados aos dentes, exceto o dente 31, que foi indicado para a extração. Após a exodontia, seguiu-se ao alinhamento e nivelamento. Os ajustes no aparelho foram realizados em intervalos de três semanas. Na avaliação final a discrepância dentária e o apinhamento do arco inferior haviam sido eliminados, e o overbite e o overjet foram normalizados, com a permanência saudável dos tecidos periodontais. O aparelho foi removido após 10 meses. Após um ano de contenção, a utilização da placa superior foi apenas de uso noturno, pois a oclusão apresentavase bem estabelecida. Dois anos após removido o aparelho fixo a paciente foi liberada do uso da placa de Hawley e a barra inferior foi removida, continuando com visitas semestrais. Os autores concluíram que no caso citado, a oclusão e estética foram satisfatórias, mas que para isso, a construção do setup foi importante tanto no diagnóstico quanto no planejamento, além disso a forma dos incisivos e a correta aplicação de força e torque, contribuíram para o posicionamento dos incisivos, tendo um mínimo de reabsorção e preservação da papila interdentária. Figura 07 – Setup como guia no planejamento do caso. Fonte: PINTO M.; MÓTTIN L. P.; DERECH C. D.; SOUZA ARAÚJO M. T. Extração de incisivo inferior: uma opção de tratamento. R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 11, n. 1, pp. 114-121, jan./fev. 2006. LÓPEZ, SOUZA & JÚNIOR (2007) descreveram que a mordida aberta é uma má oclusão que pode acarretar alterações estéticas; dificultar apreensão e corte de alimentos; e prejudicar a pronuncia de fonemas, além de condições psicológicas desfavoráveis. O tratamento da mordida aberta é um desafio por causa de muitos 27 fatores etiológicos diferentes, tais como: hábitos deletérios; tonsilas palatinas e faringeanas hipertróficas; respiração bucal; interposição lingual; macroglossia; fatores hereditários; anquilose dentária; traumas; entre outras, e esses fatores interferem no crescimento e desenvolvimento das estruturas faciais, modificando a morfologia e a função do sistema estomatognático. Andrade apud López et al afirma que a extração de molares está indicada nos casos em que a discrepância esquelética é o fator preponderante na manutenção da mordida aberta. A exodontia dos contatos na região dos primeiros molares permanentes promove a mesialização dos segundos molares permanentes, o que favorece a mudança do fulcro de contato, obtendo assim uma rotação anti-horária da mandíbula, isto resulta num posicionamento mais elevado e anterior da mandíbula. Para isso, alguns fatores devem ser observados, tais como: perfil facial; colaboração do paciente em casos que necessitem de ancoragem; situação clínica dos molares periodontal e periapical; problemas unilaterais; segundos molares totalmente irrompidos e presença de terceiros molares; além de discreta protrusão, apinhamento e AFAI aumentado. Os autores relataram um caso de um paciente de 32 anos e 9 meses, apresentava perda dos elementos dentários 36 e 46, relação de caninos em Classe I, mordida aberta anterior caracterizada pelo aumento da dimensão vertical em desarmonia com as dimensões transversal e ântero-posterior, trespasse vertical negativo de 3mm com queixa de dificuldade de apreensão dos alimentos e mastigação (Figura 08). Ao exame telerradiográfico em norma lateral, observou-se: desoclusão dos incisivos e ausência de discrepâncias sagitais de maxila e mandíbula. Ao exame radiográfico panorâmico foi diagnosticado que os elementos 18, 28, 38 e 48 estavam irrompidos em posições favoráveis. Optou-se, portanto, por exodontia dos elementos 16 e 26 e mesialização dos elementos posteriores, favorecendo o fechamento do plano mandibular. A estratégia de mesialização reestabeleceu o trespasse vertical devolvendo as guias de caninos e relação de normo oclusão dos molares (Figura 09). 28 Figura 08 – Fotografias extraoral e intraoral iniciais. Fonte: LÓPEZ A. C. P.; SOUZA J. E. P.; JÚNIOR P. A. Tratamento da mordida aberta anterior em adultos por meio de extração dos primeiros molares permanentes – caso clínico. Rev. Clin. Ortodon. Dental Press, Maringá, v. 6, n. 2, abr./maio 2007. Figura 09 – Fotografias extraoral e intraoral pós-tratamento. Fonte: LÓPEZ A. C. P.; SOUZA J. E. P.; JÚNIOR P. A. Tratamento da mordida aberta anterior em adultos por meio de extração dos primeiros molares permanentes – caso clínico. Rev. Clin. Ortodon. Dental Press, Maringá, v. 6, n. 2, abr./maio 2007. 29 BAYRAM & ÖZER (2007) relataram que várias abordagens para apinhamento de dentes anteriores inferiores estão atualmente empregadas: distalização dos dentes posteriores, o movimento lateral dos caninos, vestibularização dos incisivos, desgaste interproximal de esmalte, extração dos pré-molares ou extração de um ou dois dos incisivos. O tratamento com extração de um único incisivo inferior não é popular na ortodontia, apesar das vantagens evidentes da extração na região de apinhamento, efeitos colaterais indesejados foram observados com essa alternativa, tais como: aumento de trespasse vertical e horizontal além dos limites aceitáveis, reabertura de espaço, oclusão posterior insatisfatória, apinhamento recorrente nos três incisivos, e perda de estética da papila interdental na região anterior mandibular. Os autores concluíram que uma única extração de incisivo inferior pode ser uma opção de tratamento eficaz para a má oclusão com discrepância de Bolton, entretanto, vários fatores devem ser considerados antes tomar a decisão de tratamento final. Além disso, a avaliação de um setup de diagnóstico em cera permitirá o ortodontista prever o sucesso do plano de tratamento. Segundo MARTINS et al. (2007) o tratamento ortodôntico visa alcançar resultados estéticos e oclusais satisfatórios. A obtenção da estabilidade em longo prazo das correções alcançadas é um dos objetivos na busca do sucesso dos casos clínicos. No entanto ocorrem as recidivas, que contribuem consideravelmente para o insucesso do tratamento ortodôntico. Os procedimentos mais acometidos pela recidiva são a expansão rápida da maxila e o apinhamento dentário da região anterior, tanto superior como inferior. Nos casos em que ocorre a recidiva do apinhamento ântero-inferior, as principais causas são a quebra do ponto de contato, o aumento da distância intercaninos, a protrusão dos incisivos, a instabilidade oclusal, a persistência da etiologia da má oclusão, o crescimento tardio da mandíbula e o tempo de contenção inadequado. São citados também a idade, o gênero, hábitos bucais, fibras periodontais, tamanho e forma dos dentes e a ação do lábio inferior. O apinhamento ântero-superior possui etiologia semelhante ao inferior, a expansão rápida da maxila, a severidade do apinhamento inicial, as fibras periodontais e a diminuição do comprimento e largura do arco dentário superior são as causas mais comuns de insucesso. O tratamento pode ser realizado com desgastes interproximais, ou com extrações dentárias, dependendo da severidade 30 da má oclusão. Os autores acrescentaram que casos com maior quantidade de apinhamento são tratados com extrações dentárias, enquanto aqueles com baixo índice de irregularidade apresentam tratamento mais conservador, ou seja, com desgastes interproximais. Nos casos tratados sem extrações, os incisivos ficam mais protruidos. Esta condição deve ser evitada pois se os dentes não estiverem em harmonia com as forças da língua e dos lábios, pode haver recidiva. Os autores concluíram que a recidiva de um tratamento com apinhamento ântero-superior é multifatorial e imprevisível. A severidade inicial da má oclusão, as alterações dos arcos dentários e as alterações na fisiologia do ligamento periodontal após remover o aparelho ortodôntico são os principais fatores etiológicos da recidiva. Além disso, a atresia do arco dentário superior consiste em um fator predisponente de recidiva. A expansão da maxila pode influenciar na estabilidade da correção do apinhamento no arco superior, no entanto, não há estudos que comprovem esta afirmação. LEE et al. (2008) citaram indicações para extração de segundos molares superiores, são elas: relação classe II canino e molar com bom perfil facial e sobremordida profunda que tenha cárie e/ou problemas periodontais nos segundos molares, apinhamento posterior e leve apinhamento anterior, além de, terceiros molares em posição favorável. Como contra-indicações os autores descreveram perfil facial excessivamente protrusivo, agenesia de dentes permanentes, primeiros molares com restaurações extensas, cariados ou com problema periodontal e agenesia de terceiros molares. As vantagens dessa opção de tratamento é que não há necessidade de excessiva retração anterior, tem uma melhor estabilidade, evita impactação de terceiros molares, facilita a mecânica de distalização do primeiro molar superior. Porém, pode haver algumas desvantagens que são: o local da extração está distante do apinhamento, ou não ajudam na correção ântero-posterior sem a cooperação do paciente, além disso, o terceiro molar pode não erupcionar. FREITAS et al. (2009) relataram um caso clínico de uma mulher de 19 anos de idade com queixa principal de apinhamento de incisivos. Clinicamente apresentava equilíbrio facial aceitável e selamento labial. Ela tinha uma má oclusão de Classe II severa de molar e canino, apinhamento ântero-superior e aumento de trespasses horizontal e vertical. Os primeiros molares inferiores estavam ausentes e 31 os terceiros molares superiores e inferiores estavam em posições favoráveis. O perfil facial era convexo (Figura 10). Como objetivo, o tratamento deveria corrigir a relação classe II, o apinhamento ântero-superior e o trespasse horizontal e vertical para melhorar o perfil. A opção de tratamento escolhida foi a extração dos segundos molares superiores com distalização dos primeiros molares superiores e retração dos dentes anteriores com mecânica de elásticos para classe II. Os terceiros molares foram alinhados e nivelados após sua erupção. O tempo de tratamento foi de 3 anos. As fotografias faciais mostraram que o perfil pós-tratamento foi satisfatório, mantendo a sua forma original. Os resultados finais mostram Classe I canino e molar em ambos os lados, sobressaliência e sobremordida normais, e os terceiros molares superiores e inferiores em boas posições. Houve uma rotação no sentido anti-horário do plano oclusal, os incisivos superiores foram retruídos e inclinados para vestibular, e os incisivos inferiores foram projetados e inclinados para vestibular (Figura 11). Os resultados foram estáveis 7 anos após tratamento (Figura 12). Os autores concluíram que a extração de segundos molares superiores é uma alternativa para compensação dento-alveolar de pacientes com má oclusão de Classe II e que apesar de não ser um protocolo de indicação rotineira pode trazer benefícios oclusais e estéticos. Figura 10 – Fotografias pré-tratamento extraoral e intraoral. Fonte: FREITAS M. R.; LIMA D. V.; FREITAS K. M. S.; JANSON G.; HENRIQUES J. F. C. Strategic maxillary second-molar extraction in Class II malocclusion. American Journal of Orthodontics and Dentofacial Orthopedics. V. 136, n. 6, Dec. 2009. 32 Figura 11 – Fotografias pós-tratamento extraoral e intraoral. Fonte: FREITAS M. R.; LIMA D. V.; FREITAS K. M. S.; JANSON G.; HENRIQUES J. F. C. Strategic maxillary second-molar extraction in Class II malocclusion. American Journal of Orthodontics and Dentofacial Orthopedics. V. 136, n. 6, Dec. 2009. Figura 12 – Fotografias extraoral e intraoral sete anos pós-tratamento. Fonte: FREITAS M. R.; LIMA D. V.; FREITAS K. M. S.; JANSON G.; HENRIQUES J. F. C. Strategic maxillary second-molar extraction in Class II malocclusion. American Journal of Orthodontics and Dentofacial Orthopedics. V. 136, n. 6, Dec. 2009. TAFFAREL et al. (2009) descreveram que frequentemente há necessidade de extrações para corrigir apinhamentos e posicionar os dentes corretamente na base óssea, e que durante o planejamento ortodôntico em casos com extrações, a decisão crítica é escolher qual dente deverá ser extraído, pois deve-se ter cuidado com a mecânica ortodôntica; alterações funcionais e estéticas; saúde periodontal; e estabilidade do tratamento. Há ocasiões em que extrações atípicas facilitam a 33 mecânica, diminuindo o tempo de tratamento, e atingindo os objetivos. TWEED apud TAFFAREL et al. evidenciou que casos clínicos tratados sem extrações tinham mais de 80% de insucesso, e passaram então a reconsiderar as extrações de pré-molares nesses casos. Dessa maneira, quando ocorre discrepância entre bases ósseas e dentárias, extrações são indicadas para o correto posicionamento dos incisivos e conseqüentemente estética facial. Os autores acrescentaram que o set-up, ou montagem de diagnóstico, é um recurso importante no planejamento e auxilia nas decisões quanto às exodontias, porque possibilita a simulação dos resultados que podem ocorrer com o tratamento, principalmente em extrações de incisivos inferiores com discrepância negativa de modelo para sabermos qual incisivo deve ser extraído e a relação oclusal final, além da quantidade da redução de esmalte interproximal nos incisivos superiores. Os autores concluíram que tratamentos ortodônticos com extrações de incisivos inferiores tem sua indicação específica, que são casos de classe I de Angle, com boa intercuspidação na região posterior, apinhamento moderado na região antero-inferior com pequeno ou nenhum apinhamento no arco superior, overbite e overjet moderados, mínimo potencial de crescimento e classe III de Angle com relação anterior de topo e perfil facial agradável, e quando planejado com critério, poderá apresentar estética, saúde, função e estabilidade. De acordo com CELÓRIA et al. (2010) a exodontia dos segundos molares superiores é uma opção a ser considerada para a correção da má-oclusão de Classe II. Quando há extração dos segundos molares permanentes, pode-se conseguir um resultado melhor, obtendo-se menor inclinação dos dentes, sem contatos prematuros e nenhum aprofundamento do trespasse vertical dos incisivos, que frequentemente acontece nas exodontias da região de pré-molares. Além disso, a exodontia do segundo molar com finalidade ortodôntica propicia uma melhor relação oclusal em pacientes com má oclusão de Classe II, Divisão 1 de Angle. Acrescentaram que a ATM pode ser beneficiada com a exodontia dos segundos molares, pois, com a distalização dos primeiros molares e pré-molares para aliviar o apinhamento, ocorre a abertura da mordida e, consequentemente, o aumento da dimensão vertical. Os autores realizaram uma pesquisa utilizando telerradiografias em norma lateral da cabeça no início e no final do tratamento, o propósito da pesquisa foi avaliar as possíveis alterações verticais em indivíduos com má-oclusão 34 de Classe II, Divisão 1, de Angle, que foram submetidos a extrações de segundos molares superiores permanentes e tratados pela técnica do arco contínuo. A amostra constou de 12 pacientes tratados na Clínica de Ortodontia do CPO São Leopoldo Mandic, Campinas, brasileiros, dez do gênero feminino e dois do gênero masculino, com idade entre 11 anos e oito meses e 21 anos e oito meses. Embora a grande variação na idade possa implicar variáveis na fase e no estágio de formação radicular dos terceiros molares, este aspecto não foi considerado na pesquisa. De cada indivíduo, foram obtidas três telerradiografias em norma lateral da cabeça: uma no início do tratamento; outra após a obtenção da chave de molar de Classe I de Angle, mesmo que o tratamento não tivesse sido concluído; e outra obtida um ano após a correção da má-oclusão. Os dados foram submetidos à análise estatística, sendo determinadas as diferenças entre os três momentos e estabelecidas às respectivas médias e desvios padrão. Após a análise foi observado que não houve diferença estatística entre os momentos inicial e final, podendo-se afirmar o mesmo para as medidas obtidas um ano após o tratamento. Isto demonstra que houve um controle vertical. MATSUMOTO et al. (2010) relataram que as indicações de exodontia de incisivo inferior são: classe I de Angle com severa discrepância dentária anterior devida a agenesia de incisivos inferiores; classe I com dentição superior normal com falta de espaço para aproximadamente um incisivo inferior; classe I com mordida cruzada anterior devido ao apinhamento e protrusão de incisivos inferiores; casos que em que se deseja evitar o aumento da largura intercaninos; más oclusões com tendência a classe III; situações de recidiva; classe II divisão 1 com protrusão da maxila e e apinhamento dos incisivos inferiores; incisivo mal formado ou comprometido periodontalmente. Os autores acrescentaram que tal tratamento está contra indicado em casos que necessitam de extrações em ambas arcadas; sobremordida severa; crescimento horizontal; apinhamento bi-maxilar; diastemas; e acentuada sobressaliência. A extração de um incisivo inferior tem como vantagens: manutenção da distância intercaninos; manutenção da forma da arcada; redução do período de contenção; menor risco de perda de ancoragem; redução da necessidade de uso de elásticos; espaço na área de maior apinhamento; melhora paralelismo de raízes; estabelece sobremordida esteticamente favorável e 35 funcionalmente efetiva. E Brandt e Safirstein apud Matsumoto et al, descreveram como desvantagem, a possibilidade de reabrir o espaço onde foi realizada a extração, principalmente se for um incisivo central, além disso, pode-se criar uma discrepância de volume dentário; diferença de cor entre os incisivos e caninos; aumento de sobremordida e sobressaliência; oclusão parcialmente insatisfatória; perda da estética da papila gengival interdentaria na área da exodontia. Os autores concluíram que para um tratamento satisfatório é necessário um diagnostico cuidadoso e a montagem de setup de diagnóstico. Salientaram também que tal tratamento pode acarretar algumas dificuldades como a de se obter guia de caninos, mas afirmam que o tratamento com a exodontia de um incisivo inferior tem valiosa contribuição no tratamento das más oclusões anteriormente citadas. RUELLAS et al. (2010) descreveram que diante de qualquer má oclusão, principalmente de um caso limítrofe, é necessário avaliar as características dentárias, faciais e esqueléticas para se ter um diagnóstico correto e um plano de tratamento eficiente. Algumas vezes a extração pode comprometer o perfil facial, entretanto, o perfil também pode ser comprometido nos movimentos de distalização, tornando o terço inferior mais longo prejudicando a estética e o selamento labial. Por conta disso, os autores propuseram sete itens auxiliares para serem avaliados afim de servirem como guia para uma correta decisão: 1) Cooperação: que envolve higiene bucal adequada, não quebrar ou danificar o aparelho e acessórios, comparecer as consultas, uso de aparelho extrabucal ou máscara facial quando necessário e uso de elásticos intermaxilares como auxiliar na correção. 2) Discrepância de modelo: Que deve ser avaliada tanto na arcada superior quanto na inferior, considerando, para fins de diagnóstico, a arcada inferior como principal, pois há maior dificuldade de se obter espaço, quando há um discrepância de modelo negativa acentuada, dificilmente consegue tratar o paciente sem extrações. 3) Discrepância cefalométrica e perfil facial: Em situações de grande inclinação dos incisivos para vestibular, há uma grande discrepância cefalométrica e expressiva convexidade facial, muitas vezes há necessidade de extrações para reposicioná-los, refletindo em um perfil agradável ao paciente. A tendência atual do diagnóstico ortodôntico é de valorizar mais as características faciais e se prender menos a valores cefalométricos. 4) Idade esquelética (crescimento) e relações 36 anteroposteriores: Oclusões com discrepância esquelética, deve-se verificar se o paciente ainda apresenta crescimento facial, e caso o paciente esteja no período de desenvolvimento é possível corrigir a displasia esquelética com o uso de aparelhos ortopédicos. 5) Assimetria dentária: A avaliação dentária e facial é importante no diagnóstico e planejamento, pois um dos maiores desafios é a correção das linhas medianas dentárias superior e inferior. 6) Padrão facial: Pacientes com diferentes padrões faciais necessitam de mecânicas diferenciadas e as respostas ao tratamento também serão diferentes, no caso de dolicofaciais ocorre maior perda de ancoragem, o que auxilia no fechamento dos espaços, porém, necessita de maior controle para evitar a perda excessiva de ancoragem, além do que, mecânicas extrusivas devem ser evitadas bem como distalização de dentes posteriores. Nos braquifaciais a perda de ancoragem é mais difícil de acontecer, porém a musculatura hipertônica dificulta a movimentação dentária. Em pacientes com mordida profunda, as extrações tendem a piorar esse trespasse vertical, necessitando de um bom controle mecânico. 7) Patologias: Deve-se observar agenesias, ectopias, anomalias de forma, processos cariosos e lesões endodônticas que indiquem a extração do dente. Então se um paciente tem indicação de extrações, optar por dentes que já tenham comprometimento a dentes íntegros. MEZOMO et al. (2010) relataram que os melhores resultados em casos de extração de segundos molares superiores, acontecem quando a extração ocorre no estágio de desenvolvimento dos terceiros molares, com sua coroa totalmente desenvolvida. Então segue a distalização dos primeiros molares, de maneira facilitada pois exige forças mais leves com mecânica intrabucal, para que seja obtida a relação de classe I. Quando se realiza a extração de segundos molares, o perfil sofre mínimos efeitos, quando comparado a extrações de pré-molares, além de diminuir a impacção do terceiro molar, que entra em oclusão em uma posição favorável espontaneamente na grande maioria dos casos. Os autores citaram que há uma estabilidade excelente e pelo fato de não ter necessidade de fechamento de espaços, não há problemas de recidiva. Eles salientaram que a supraerupção do segundo molar inferior pode ocorrer e que o uso de aparelho fixo ou arco lingual, bem como de uma placa removível previne que haja esse movimento indesejado. Além disso, outra desvantagem é que ao terminar o tratamento ortodôntico o terceiro 37 molar não está totalmente irrompido, dessa forma, torna-se necessária a retomada do tratamento nos casos em que não estejam em posição ideal para que haja correção no ponto de vista funcional. Acrescentaram que o grande risco dessa alternativa é a não erupção do terceiro molar ou a formação radicular inadequada. As contraindicações são: terceiros molares excessivamente grandes, ou que envolvam área sinusal; em posição horizontal, além de ausência de pré-molares ou incisivos e severa deficiência de espaço anterior. Os autores concluíram que como em qualquer tratamento ortodôntico a cooperação do paciente é importante, principalmente quando há necessidade do uso de aparelhos extrabucais e que se devem utilizar todos os recursos de diagnósticos disponíveis para uma correta seleção de qual caso será submetido a essa terapia. JANSON et al. (2010) relataram um caso de um menino de 13 anos e 11 meses, má oclusão Classe I biprotruso com um incisivo central superior anquilosado devido a um episódio traumático em que o dente foi reimplantado e tratado endodonticamente (Figura 13 - 14). O paciente tinha dentes maxilares largos, e a opção de extrair os incisivos centrais superiores, seguido pelo fechamento do espaço, com incisivos laterais substituindo os incisivos centrais e extração de primeiros pré-molares inferiores foi escolhida (Figura 15). Como conseqüência, os caninos substituíram os incisivos laterais e os primeiros pré-molares fariam a função dos caninos. O paciente voltou 6 meses após o fim do tratamento ortodôntico, com a gengivectomia e o tratamento restaurador estético concluídos (Figura 16). Foram observadas alterações faciais favoráveis com redução da biprotrusão e obtenção de selamento labial passivo. Ao sorrir, uma quantidade ideal de dente foi exposta, e as margens gengivais anteriores foram niveladas. A deficiência foi eliminada em ambos os arcos, o alinhamento satisfatório foi obtido, e a sobremordida e o overjet foram melhorados. Os autores concluíram que a extração dos incisivos centrais superiores não é um protocolo de tratamento usual na ortodontia. No entanto, em alguns pacientes com anquilose do incisivo central superior, pode ser uma boa alternativa para preservar a estrutura dos dentes e evitar próteses permanentes. 38 Figura 13 – Fotografias extraoral e intraoral pré-tratamento. Fonte: JANSON G.; VALARELLID. P.; VALARELLI F. P.; FREITAS M. R.; PINZAN A. Atypical extraction of maxillary central incisors. Am J Orthod Dentofacial Orthop, 138, pp. 510-7, Oct. 2010. Figura 14 – A - Teleradiografia lateral pré-tratamento. B - Traçado pré-tratamento. C Radiografia panorâmica pré-tratamento. D - Radiografia periapical pré-tratamento. Fonte: JANSON G.; VALARELLID. P.; VALARELLI F. P.; FREITAS M. R.; PINZAN A. Atypical extraction of maxillary central incisors. Am J Orthod Dentofacial Orthop, 138, pp. 510-7, Oct. 2010. 39 Figura 15 - A-D – Fotografias intraoral do progresso do tratamento. Fonte: JANSON G.; VALARELLID. P.; VALARELLI F. P.; FREITAS M. R.; PINZAN A. Atypical extraction of maxillary central incisors. Am J Orthod Dentofacial Orthop, 138, pp. 510-7, Oct. 2010. Figura 16 – Fotografias extraoral e intraoral pós-tratamento. Fonte: JANSON G.; VALARELLID. P.; VALARELLI F. P.; FREITAS M. R.; PINZAN A. Atypical extraction of maxillary central incisors. Am J Orthod Dentofacial Orthop, 138, pp. 510-7, Oct. 2010. De acordo com SCHROEDER et al. (2011) o tratamento ortodôntico com a extração de primeiros molares em pacientes adultos é tecnicamente mais complexo: os resultados satisfatórios são mais difíceis de serem alcançados porque o espaço a ser fechado é maior; a ancoragem é crítica; e normalmente há algum comprometimento periodontal. Além disso, esse tipo de tratamento necessita de maior controle da mecânica e de um tratamento mais longo, é indicado quando os 40 dentes estão excessivamente extruídos; tratados endodonticamente; com problema periodontal acentuado; e nos retratamentos ortodônticos de pacientes com má oclusão de classe II com ausência dos quatro pré-molares, apinhamentos severos, plano mandibular alto e perfil convexo. As contraindicações são para pacientes que não apresentam apinhamento e possuem altura facial inferior diminuída; pacientes não colaboradores, ou que apresentam reabsorções radiculares e/ou raízes curtas; pacientes portadores de bruxismo, porque as interferências oclusais dificultam o fechamento do espaço. Em relação aos segundos molares, a extração com finalidade de distalizar os primeiros molares superiores é uma alternativa viável para corrigir más oclusões de classe II, porque diminui o tempo de tratamento e a projeção de dentes anteriores, além de diminuir a tendência de abertura de mordida em pacientes com terço inferior da face aumentado. Mas não deve ser considerada quando há apinhamento dentário na região anterior ou severa protrusão dos incisivos. Um fator importante ao indicar a extração de segundos molares superiores é confirmar a presença dos terceiros molares, bem como a posição e anatomia coronária e radicular. Já a extração de terceiros molares é indicada por vários motivos, sendo a impacção, o mais comum, ou em um caso que necessita de obtenção de espaço para correção de classe II através da distalização dos molares superiores. Os autores concluíram que o sucesso de um tratamento com indicação de extrações de molares está diretamente relacionado com a queixa do paciente e seu perfil psicológico, além de ausências e patologias de discrepâncias esqueléticas, aplicação de princípios biomecânicos e experiência profissional. Outro fator a ser observado é se o paciente já foi submetido a tratamento ortodôntico com extrações, pois esses pacientes já apresentam reabsorção radicular. PRAKASH et al. (2011) descreveram que a extração de um incisivo inferior não é uma abordagem padrão para o tratamento de má oclusões, mas em algumas situações clínicas os objetivos terapêuticos devem ser ajustados à necessidades individuais de cada paciente, mesmo quando isto significa que a oclusão final não é a ideal. Os autores relataram o caso de uma paciente de 19 anos, que a queixa principal era apinhamento de incisivos inferiores. O exame clínico mostrou lábios competentes e um perfil reto. Sorrindo, ela mostrava 100% de seus incisivos. As relações molares e caninos eram Classe I, a análise de modelos revelou 41 apinhamento de 5 milímetros no arco superior e 7 milímetros no arco inferior, a paciente tinha uma sobremordida de 30% e 3 milímetros de sobressaliência, com a linha média inferior deslocada 3 milímetros para a direita, boa higiene apesar de ligeira retração gengival (Figura 17). A paciente foi encaminhada para extrair o incisivo lateral inferior esquerdo e o pós-tratamento mostrou pequena mudança no perfil facial. A Classe I relação molar e canina foi mantida, e o espaço foi completamente fechado. Boa oclusão, bom trespasses horizontal e vertical apesar da extração de um menor incisivo. Ambos os arcos mostraram um bom alinhamento, com a linha média superior centrada no meio dos incisivos inferiores. (Figura 18). . Figura 17 – Fotografias extraoral e intraoral pré-tratamento. Fonte: PRAKASH A.; TANDUR A. P.; DUNGARWAL N.; BHARGAVA R. Mandibular Incisor Extraction – Case Report. Virtual Journal of Orthodontics. Disponível em: <http://www.vjo.it/wp-content/uploads/2011/09/Mandibular-IncisorExtraction-Case-Report.pdf>. Publicado em: 22/Set./2011. Acesso em: 18/Fev./2013. 42 Figura 18 – Fotografias extrabucal e intrabucal pós-tratamento. Fonte: PRAKASH A.; TANDUR A. P.; DUNGARWAL N.; BHARGAVA R. Mandibular Incisor Extraction – Case Report. Virtual Journal of Orthodontics. Disponível em: <http://www.vjo.it/wp-content/uploads/2011/09/Mandibular-Incisor- Extraction-Case-Report.pdf>. Publicado em: 22/Set./2011. Acesso em: 18/Fev./2013. Segundo MELGAÇO & ARAÚJO (2012) a simetria perfeita é um conceito teórico e raramente encontrado na natureza. As assimetrias dos arcos poderiam ser classificadas como quantitativas ou qualitativas. O desequilíbrio nos números dos dentes em cada lado do arco seria incluído no quantitativo. Diferenças no tamanho dos dentes e posição, associado a relacionamentos no arco dental para o crânio e para si mesmos seriam agrupados em qualitativos. O tratamento do quantitativo, por exemplo, poderia ser por reabilitação protética ou Ortodontia fixa. Stripping, extração de incisivo e extração assimétrica de dentes permanentes seguido de mecânicas assimétricas seriam boas opções para o tratamento das assimetrias qualitativas. Portanto, em casos de assimetrias qualitativa ou quantitativa, a extração de dentes 43 deve ser considerada como uma opção de tratamento para alcançar equilíbrio facial e estabilidade na oclusão final. No entanto, a extração de dentes ainda é um desafio para ortodontistas, especialmente na escolha de qual dente deve ser extraído, neste caso, enfatizaram a importância do modelo de gesso para o planejamento do tratamento ortodôntico e das extrações assimétricas. De acordo com a literatura, extrações assimétricas poderiam simplificar e facilitar o tratamento ortodôntico e mecânico em alguns casos específicos. Em casos de discrepância de Bolton, a extração de um incisivo inferior deve ser considerada. No entanto, o ortodontista deve ter total controle da mecânica utilizada para alcançar os melhores resultados no final do tratamento. BAGGIO et al. (2012) descreveram que as más oclusões de Classe II, subdivisão, tem como principal fator etiológico o posicionamento distal dos primeiros molares inferiores do lado da classe II, e que, também pode ser causada por um posicionamento mesial dos primeiros molares superiores do lado da Classe II. Os autores descreveram um caso que optaram pelo tratamento com extração assimétrica. Realizaram as extrações dos primeiros pré-molares superiores e do primeiro pré-molar inferior do lado esquerdo, além do segundo pré-molar inferior direito para que a ancoragem fosse perdida, alcançando assim uma relação Classe I de molar e canino. Ao final do tratamento houve harmonia no perfil da paciente por conta da redução da biprotrusão, além disso, obtenção de selamento labial passivo, oclusão funcional e estética, dissolução do apinhamento e linha média coincidente. As alterações dentárias anteroposteriores restabeleceram oclusão normal e os incisivos superiores e inferiores ficaram em posição agradável com relação ao perfil. RAJU et al. (2012) apresentaram um caso de uma menina de 14 anos de idade, com queixa de dentes irregulares. Em exame intraoral, ela tinha uma relação de Classe I de ambos os lados, uma irregularidade leve na região anterior da maxila e um apinhamento moderado na região anterior da mandibula. Os autores decidiram tratá-la com extração de um incisivo lateral inferior do lado esquerdo. Após a extração, o nivelamento e alinhamento inicial foram feitos com arcos redondos de níquel-titânio. O espaço para alinhar o incisivo lateral inferior direito foi criado usando mola de bobina aberta entre canino inferior direito e incisivo central direito, a própria 44 mola ajudou no fechamento do espaço de extração. Após o nivelamento e alinhamento, fios de aço inoxidável retangular foram colocados, e, em seguida, o aparelho fixo foi removido. Após conclusão do tratamento a boa classe I molar e canino foi mantida e os espaços mandibulares foram completamente fechados. Um bom trespasse horizontal e vertical foram alcançados, ambos os arcos mostraram um bom alinhamento, e a linha média superior ficou centrada entre os três incisivos inferiores. Os autores concluíram que a extração de um incisivo inferior pode ser um tratamento eficaz em alguns casos com apinhamento na arcada inferior. Em pacientes com apinhamento leve o desgaste interproximal dentário pode ser uma melhor alternativa. A alteração mínima de forma do arco mandibular é o fator chave para tratamentos estáveis. ZANELATO, TREVISI & ZANELATO (2013) descreveram que os pacientes que apresentarem padrão vertical de crescimento com a mordida ligeiramente aberta na região anterior, se enquadraram perfeitamente na proposta de tratamento com extração de segundos molares superiores. Outra recomendação é realizar estas extrações somente em pacientes que apresentarem Classe II significativas, e que possuem um bom germe do terceiro molar, tendo a coroa uma boa forma e um bom tamanho. Acrescentaram que a distalização do primeiro molar superior após a extração dos segundos molares é realizada com facilidade, pois com a extração dentária ocorre uma descompressão da região posterior, facilitando a distalização dos primeiros molares, além de evitar a impactação dos terceiros molares. Os autores concluíram que as extrações dos segundos molares não são um procedimento rotineiro na ortodontia, dependem de um diagnóstico rigoroso, porém quando o caso cumpre todos os requisitos de diagnóstico, torna-se uma válida opção para o tratamento dentoalveolar da Classe II, em pacientes adolescentes. Caso o paciente não esteja na idade ideal para este tratamento e não tenha um bom germe do terceiro molar, os autores recomendam os métodos convencionais de tratamento para a Classe II. Uma das vantagens das extrações dos segundos molares em relação as extrações convencionais dos pré-molares superiores é a não interrupção do perímetro do arco com as extrações dentárias, evitando o aparecimento de espaços durante a contenção ortodôntica. Em relação aos 45 aspectos funcionais, há uma boa estabilidade oclusal, pois o tratamento é concluído com 28 dentes e em normoclusão de molar e canino. CELÓRIA & GARBUI (2013) relataram que exodontias de pré-molares em pacientes com maloclusão de classe II pode levar ao excesso de verticalização do perfil facial; inclinação dos dentes; contatos prematuros; aprofundamento do trespasse vertical dos incisivos; problemas periodontais e da articulação temporomandibular, devido ao posicionamento irregular dos dentes adjacentes; e a abertura do ponto de contato na região. Os autores afirmaram que pacientes com padrão vertical de crescimento e mordida ligeiramente aberta anteriores se enquadram perfeitamente na proposta de tratamento com exodontias de segundos molares superiores, pois o efeito dentoalveolar seria a rotação do arco superior, favorecendo a mordida aberta anterior. Os autores acrescentaram que a exodontia de segundos molares superiores está indicada para casos de classe II divisão 1, que tenham menos de meia cúspide de relação; com excessiva inclinação vestibular dos incisivos superiores; sem espaçamento dentário; sobremordida mínima; presença de terceiros molares na maxila com bom posicionamento; e forma e tamanho adequados. Também é possível indicar nos casos de discrepância negativa, mordida profunda e perfil convexo, em que a exodontia de prés-molares aumentaria a sobremordida e pioraria o perfil, levando assim ao excesso de verticalização, porém, a exodontia dos segundos molares tem 25% de insucesso, e está contraindicada em adultos; pacientes com tendência a mordida aberta, crescimento horizontal, apinhamento ou protrusão; sobremordida aumentada; agenesia de incisivos, prémolares e principalmente terceiros molares, que devem ser criteriosamente avaliados, não podendo ter raízes cônicas, problemas coronários ou posicionamento desfavorável, sendo horizontal ou com envolvimento de seio maxilar, e deve-se aguardar a total irrupção. 46 4. DISCUSSÃO O tratamento com extrações dentárias tem sido a muito tempo aceito para resolver problemas dentoalveolares. A extração de dentes permanentes, em casos de discrepância dentária severa, parece ser a melhor opção, porém o diagnóstico tem de ser diferenciado para cada tipo de caso. Deve-se observar o grau de apinhamento dentário, o padrão de crescimento facial e a morfologia de ambos os arcos dentários. ALVES JÚNIOR, ROSSI & PACHECO (2005). Extrações não convencionais, apesar de polêmicas, podem ser utilizadas para solucionar um caso clínico em particular, naturalmente, dependendo do diagnóstico. Além disso, deve ser observado no final do tratamento se os objetivos estéticos e funcionais foram alcançados, mas o sucesso ou insucesso do caso só pode ser avaliado e comprovado com a estabilidade dele. FERNANDES et al. (2005). Para SILVA FILHO et al. (2006), MARTINS et al. (2007) os objetivos oclusais de um tratamento ortodôntico devem apresentar estética, função e saúde periodontal, seja para um tratamento com ou sem extração. Em casos de más oclusões com linha média desviada, a extração assimétrica após um diagnóstico cuidadoso, pode corrigir o problema da má oclusão, melhorando o perfil facial e reduzindo a biprotrusão, além de corrigir alterações dentárias ântero-posteriores e restabelecer a oclusão normal. (PANHÓCA 2004; BAGGIO et al. 2012). No contexto extrações atípicas, independente do dente a ser extraído, o diagnóstico é o grande responsável pelo sucesso ou insucesso do caso, deve-se ficar atento à análise de tamanho dentário; determinação de espaço disponível/necessário; idade esquelética; padrão facial; patologias; radiografias; e um setup de diagnóstico é indispensável para um planejamento correto e um tratamento seguro. (TAYER 1992; OWEN 1993; RAMOS et al. 1996; BRAGA et al. 2002; CARVALHO 2005; RPINTO et al. 2006; TAFFAREL et al. 2009; RUELLAS et al. 2010; MELGAÇO & ARAÚJO 2012). 47 Segundo (BAHREMAN 1977; KOKICH & SHAPIRO 1984; ISAACSON, LINDAUER & RUBENSTEIN 1993; CAPPELLETTE, CAPPELLETTE JR. & MUNIZ 1997; MARCHIORO, BELLATO & HAHN 2002; LIMA, LACET & MARQUES 2005; MATSUMOTO et al. 2010), as extrações de incisivos inferiores estão indicadas para pacientes Classe I de Angle, com boa dentição, perfeita intercuspidação, grave apinhamento ântero-inferior com ausência de espaço para quase um incisivo e apinhamento nulo a moderado superior. Está contraindicada em pacientes com overjet acentuado (CANUT 1996), ou pacientes que necessitam de extração em ambas as arcadas, sobremordida severa, apinhamento bimaxilar ou diastemas (MATSUMOTO et al. 2010). As vantagens observadas em tratamentos com extração de incisivos inferiores são: resolução do apinhamento; normalização do overjet e overbite; saúde de tecidos de suporte; mecânica facilitada; menor tempo de tratamento; e a Classe I é mantida em molares e caninos (BAHREMAN 1977; PRAKASH et al. 2011; PINTO et al. 2006), além disso, é reduzida a biprotrusão e providencia selamento labial. (JANSON et al. 2010; RAJU et al. 2012). Quando a extração é mal realizada, tem-se problemas no fechamento e a estética fica comprometida (MAZZOTTINI, CAPELOZZA FILHO & CARDOSO 2005); há relatos também de reabertura do espaço da extração; perda da proteção funcional do canino; altera relação interarcos, aumento do trespasse horizontal e vertical (CANUT 1996; SILVA FILHO et al. 2002; BAYRAM & ÖZER 2007). (MARTINS et al. 2002) acrescentou que a movimentação no sentido vestíbulo-lingual pode ocasionar perda da crista óssea alveolar e inserção gengival, porém isso pode ser anulado com uma força controlada. Nos casos de extração de primeiros molares, (SCHROEDER et al. 2011; LÓPEZ, SOUZA & JÚNIOR 2007) relataram como indicado em casos de mordida aberta anterior; dentes extruídos; com tratamento endodôntico; problemas periodontais ou retratamento da má oclusão de Classe II que foram extraídos os primeiros pré-molares. Contraindicam quando não há apinhamento anterior; altura facial diminuída; quando o paciente não é colaborador; ou em casos que haja reabsorção radicular e raízes curtas. 48 Os mesmos autores descreveram que tal terapia diminui o tempo de tratamento; diminui a tendência de abertura de mordida; não há projeção dentária e a mudança de fulcro de contato faz com que a mordida aberta anterior seja fechada. Entre as desvantagens o espaço a ser fechado preocupa em todos os casos de extrações de molares por ser maior; deve-se ter maior controle da mecânica; pode haver comprometimento periodontal e o tratamento torna-se mais longo. Para casos de extrações de segundos molares, (MEZOMO et al. 2010) dizem ser de excelente estabilidade, porém sua indicação é extremamente restrita a pacientes portadores de má oclusão de Classe II, divisão 1, com expressiva vestibularização dos incisivos superiores, sem diastemas, overbite mínimo e terceiros molares com forma e posição adequadas, ou, pacientes com padrão vertical de crescimento e mordida aberta anterior. Contraindicados para pacientes com perfil extremamente protruso, agenesia de dentes permanentes ou primeiros molares comprometidos. (BASDRA, STELLZIG & KOMPOSCH 1996; NAGANO et al. 2003; FREITAS et al. 2009; LEE et al. 2008; CELÓRIA et al. 2010). Menor mudança de perfil; eficácia na terapia; erupção dos terceiros molares sem intercorrência; menor tempo de tratamento; facilidade na mecânica e o não aparecimento do espaço da extração são vantagens relatadas por (ZANELATO, TREVISI & ZANELATO 2013; CELÓRIA & GARBUI 2013). O tratamento prolongado por conta da espera do terceiro molar é tido como uma desvantagem, além disso, precisa-se de grande cooperação do paciente. 49 5. CONCLUSÃO À partir da literatura revisada concluiu-se que: As extrações atípicas são ótimas alternativas para o tratamento ortodôntico, porém sua indicação é bastante específica e criteriosa a determinados casos. Em qualquer opção de qual dente será extraído, há uma série de contraindicações que podem comprometer o tratamento e que a escolha da terapia deve ser feita de maneira cuidadosa para evitar insucessos. O resultado satisfatório em tratamentos com extrações atípicas está ligado ao planejamento, e este depende de um diagnóstico preciso e cuidadoso, utilizando-se de radiografias, fotografias, modelos e muitas vezes um setup de diagnóstico. Independente da má oclusão e do dente que foi extraído, as vantagens do tratamento com extrações atípicas são as mesmas: Facilidade na mecânica, menor tempo de tratamento, reabilitação funcional e estética satisfatórias, além de um perfil agradável. Pode-se considerar que os tratamentos com extrações atípicas são estáveis, mesmo a longo prazo. As desvantagens, quase sempre podem ser controladas durante a mecanoterapia, porém deve-se ter cuidado com a falta de intercuspidações, reabertura do espaço das extrações, perda da estética da papila gengival em casos de extração de incisivos inferiores e aumento de overjet e overbite. 50 6. REFERÊNCIAS ALVES JÚNIOR M.; ROSSI R. R.; PACHECO M. C. T. Extração seriada típica e atípica: fatores influentes e decisórios. Ortodontia Gaúcha, v.IX, n. 2, pp. 97-113, Jul./Dez. 2005. BAGGIO F. B. S.; BIZETTO M. S. P.; ORELLANA B.; JIMENÉZ E. E. O.; COELHO U. Extrações dentárias assimétricas como alternativa na correção da Classe II subdivisão. 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