LARGURA EFETIVA DE DISTRIBUIÇÃO DE FERTILIZANTES EM
COBERTURA NO ALGODOEIRO
Luan Ali Matos (1); Fábio Henrique Rojo Baio (2); Aguinaldo José Freitas Leal (3); Rafael Santos Faraun(4);
José Paulo Molin (5) Moacyr Toshimitsu Maekawa(6)
(1)
Graduando em Agronomia, UFMS, Campus de Chapadão do Sul (CPCS), Bolsista PET, [email protected] (2) Prof. Dr. UFMS/CPCS,
[email protected]. (3) Prof. Dr. UFMS/CPCS, Tutor PET, Zona rural, Caixa postal 112 – Chapadão do Sul / MS – 79560-000,
[email protected] (4) Graduando em Agronomia, UFMS (5), Prof. Dr. ESALQ/USP, [email protected] (6) Graduando em Agronomia.
Resumo – O algodoeiro exige o parcelamento da
aplicação de fertilizantes, principalmente nitrogenados.
O objetivo do presente trabalho foi avaliar a influência
da altura das plantas de algodoeiro sobre a largura
efetiva de distribuição de fertilizantes com aplicação a
lanço, regulado para aplicar 200 kg ha-1 de um adubo
comercial. Os tratamentos avaliados foram: Aplicação
em dois estágios fenológicos de desenvolvimento da
cultura V1 e B5. Sistemáticas de caminhamento da
máquina em campo: três sistemáticas, continuo,
alternado direito e alternado esquerdo. Em cada
tratamento realizou-se 3 repetições (consideradas
blocos), seguindo a Norma ASAE S341.3/99. Os
coletores foram alinhados transversalmente nas
entrelinhas do algodoeiro, posteriormente os materiais
coletados foram pesados, utilizando o programa
Adulanço 3.0 realizou-se a definição da largura efetiva,
considerando três coeficiente de variação aceitáveis 10,
15 e 20%. Quanto maior a altura da planta menor é a
largura efetiva da aplicação e que o limite estabelecido
pelo CV 10% é mais restritivo.
Palavras-Chave: distribuidor a lanço; fertilizante;
algodão.
INTRODUÇÃO
No Brasil, a tendência da utilização de adubação
distribuída a lanço é crescente, e as máquinas
comumente utilizadas têm como característica
principal grande dependência em relação à qualidade e
à condição física do produto a ser aplicado. Para a
qualificação da sua deposição, é necessária a análise da
regularidade da distribuição transversal, que, de acordo
com as normas ASAE S341.3/99 (ASAE, 2003), pode
ser efetuada baseando-se no coeficiente de variação
(C.V.) da distribuição dos materiais empregados.
A aplicação de fertilizantes pode considerar-se
como um dos principais impulsionadores do conceito
de Agricultura de Precisão, em termos econômicos e,
principalmente, ambientais. A imprecisão reflete-se na
prática na falta de correspondência entre as densidades
de adubo pretendido e aplicado numa determinada
parcela (SERRANO et al., 2007).
A pesquisa tem mostrado que o algodoeiro tem
baixo requerimento nos primeiros dias após a
emergência, aumentando rapidamente a demanda por
ocasião do aparecimento dos botões florais e alcançando o
pico de absorção entre a emissão da primeira flor e o pico
do florescimento, de 75 a 80 dias após emergência. Assim,
geralmente recomenda se que a aplicação do N seja feita
com pequenas quantidades no plantio (10 kg ha-1), sendo o
restante aplicado em cobertura aos 35 a 40 dias após
emergência (SILVA, 1999), em dose única ou parcelada
em até duas vezes, no máximo até os 55-60 dias após
emergência (ROSOLEM, 2001).
O objetivo do presente trabalho foi avaliar a influência
da altura das plantas de algodão sobre a largura efetiva de
distribuição de fertilizantes sólidos, com aplicação a lanço.
MATERIAL E MÉTODOS
Foi utilizado um distribuidor de fertilizantes sólidos a
lanço, por discos rotativos, de arrasto, de marca Jan,
modelo Lancer 3000. O implemento foi tracionado por um
trator de marca Valtra, modelo 985 e acionado pela TDP a
540 rpm. A máquina possui mecanismo dosador
gravitacional, composto de dois discos centrífugos com
quatro alhetas reguláveis e um depósito com capacidade
volumétrica de 3,0 m3. O distribuidor estava regulado para
aplicar 200 kg/ha de um fertilizante comercial composto
NPK 33-02-00. O cultivar de algodão foi o FMT 701,
semeado em um espaçamento entre fileiras de plantio de
0,80 m. A área experimental foi localizada no município de
Chapadão do Céu/GO.
O experimento foi realizado com o algodoeiro em dois
estádios fenológicos, V1 e B5 de acordo com escala
proposta por Marur & Ruano (2001), respectivamente 15
(tratamento 1) e 55 dias após a emergência (tratamento 2).
Nestas ocasiões, o algodão estava com 0,15 e 0,80 m de
altura média. Em cada tratamento realizou-se 3 repetições,
de acordo com a Norma ASAE S341.3/99. Esta norma
estabelece os critérios para os ensaios estáticos e
dinâmicos. Os ensaios foram efetivados em condições
meteorológicas satisfatórias, como ausência de chuva,
umidade relativa do ar inferior a 80% e velocidade máxima
do vento inferior a 2,0 m s-1 (7,2 km h-1). Alinharam se
lado a lado os coletores no campo, de forma transversal,
com 81 bandejas distribuidas na cultura do algodoeiro. O
material foi recolhido e pesado em balança de precisão,
marca comercial Marte, modelo AS5500C, que possui
resolução de 0,5 g. O cálculo da Largura Efetiva da
distribuição transversal do material foi feito utilizando o
programa Adulanço 3.0 (MOLIN et al., 2009). Durante os
- XXXIII CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO - Resumo Expandido ensaios, as máquinas foram carregadas a meia carga e
uma distância mínima de 30 m foram adotadas para a
estabilização do fluxo de fertilizantes. A velocidade da
aplicação foi constante em todo o ensaio.
Utilizou-se o compromisso entre um valor abaixo
de 10, 15 e 20% de coeficiente de variação para definir
o um valor da máxima largura efetiva.
O delineamento experimental foi o de blocos ao
acaso (representados por três repetições), em esquema
fatorial (2 x 3), dois estádios fenológicos da cultura e
três sistemáticas de caminhamento da máquina no
campo. Os resultados obtidos foram analisados
estatisticamente através da análise de variância (Teste
F) e teste de comparação de médias (Tukey ao nível de
5%). Estas análises foram realizadas com o auxilio do
programa estatístico SISVAR.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir do gráfico do CV%, como ilustrado nas
Figuras 1 e 2, foram estabelecidas as maiores larguras
efetivas tomando como referência os limites máximos
do CV em 10%, 15% e 20% em cada repetição, para as
diferentes sistemáticas de caminhamento. Estas
distancias representaram as variáveis analisadas.
Os desdobramentos das interações entre estádios de
aplicação e sistemas de caminhamento encontram-se
apresentados (Tabelas 1, 2 e 3). O limite do coeficiente
de variação em 10% é mais restritivo para a largura
efetiva do que a 20%, ou seja, com um coeficiente de
variação maior, a variabilidade do material depositado
é maior (Figuras 3 e 4). Assim, há mais
heterogeneidade, ou variabilidade, da dose do
fertilizante aplicado na área (ha h-1).
Tabela 1. Comparação entre as médias pelo Teste de
Tukey ao nível de 5% de significância entre as médias
das larguras efetivas encontradas (C – Contínuo; AD –
Alternado Direito; AE – Alternado Esquerdo),
utilizando um Coeficiente de Variação da sobreposição
em 10%.
Largura Efetiva no algodão - CV 10% (m)
Estádio
Algodão
V1
AD
21,33 Aa
AE
14,25 Ba
C
11,50 Ba
B5
10,00 Ab
7,83 Ab
8,00 Aa
Médias seguidas de mesma letra, maiúscula na linha não diferem
pelo teste de Tukey ao nível de 5% de significância Diferença
Mínima Significativa (DMS) de 4,97 m, letras minúsculas na coluna
não diferem pelo teste de Tukey ao nível de 5% de significância
(DMS de 6,11 m) (CV da análise da variância em 22,47%).
Não houve diferença estatística entre o método de
caminhamento do conjunto mecanizado em campo,
quando a cultura já estava instalada e com um porte
maior em altura (Tabela 1). Considerando CV de 10 %,
quanto maior a altura da planta menor é a largura
efetiva da aplicação a lanço do fertilizante quando o
método de caminhamento é pela lateral esquerda ou
lateral direita do conjunto mecanizado. A largura
efetiva
foi
reduzida,
nessas
condições,
aproximadamente
a
metade,
sendo
deveras
significativo, e afetando a capacidade de campo
operacional do conjunto (CCO) (ha h-1).
Na Tabela 2, utilizando um CV da sobreposição de 15%
pode se observar que não houve diferença estatística entre
os métodos de caminhamento do conjunto mecanizado.
Verifica-se também que a altura da planta diminui a largura
efetiva da aplicação a lanço do fertilizante porem não
apresenta diferença significativa.
Tabela 2. Comparação entre as médias pelo Teste de
Tukey ao nível de 5% de significância entre as médias das
larguras efetivas encontradas (C – Contínuo; AD –
Alternado Direito; AE – Alternado Esquerdo), utilizando
um Coeficiente de Variação da sobreposição em 15%.
Largura Efetiva no algodão - CV 15% (m)
Estádio
Algodão
V1
AD
24,00 Aa
AE
18,50 Aa
C
21,50 Aa
B5
17,50 Aa
13,75 Aa
14,50 Aa
Médias seguidas de mesma letra, maiúscula na linha não diferem pelo
teste de Tukey ao nível de 5% de significância Diferença Mínima
Significativa (DMS) de 7,80 m, letras minúsculas na coluna não diferem
pelo teste de Tukey ao nível de 5% de significância (DMS de 9,60 m) (CV
da análise da variância em 23,45%).
Quanto a Tabela 3 onde o CV de sobreposição é de
20%, não houve diferença estatística entre o método de
caminhamento, essa tabela também mostra que quanto
maior a altura da planta menor é a largura efetiva da
aplicação. Somente no método de caminhamento do
conjunto mecanizado continuo, verifica-se que a largura
efetiva foi reduzida nestas condições a 10,50 m, sendo
significativo, e afetando a CCO do conjunto (ha h-1).
Tabela 3. Comparação entre as médias pelo Teste de
Tukey ao nível de 5% de significância entre as médias das
larguras efetivas encontradas (C – Contínuo; AD –
Alternado Direito; AE – Alternado Esquerdo), utilizando
um Coeficiente de Variação da sobreposição em 20%.
Largura Efetiva no algodão - CV 20% (m)
Estádio
Algodão
V1
AD
26,00 Aa
AE
23,25 Aa
C
26,00 Aa
B5
22,50 Aa
16,75 Aa
15,50 Ab
Médias seguidas de mesma letra, maiúscula na linha não diferem pelo
teste de Tukey ao nível de 5% de significância Diferença Mínima
Significativa (DMS) de 6,60 m, letras minúsculas na coluna não diferem
pelo teste de Tukey ao nível de 5% de significância (DMS de 8,12 m) (CV
da análise da variância em 16,73%).
CONCLUSÕES
1. A distribuição transversal de fertilizantes sólidos
aplicados em cobertura e a lanço na cultura do algodão já
instalado é afetada pela altura da planta, ou seja, pelo
estádio fenológico em que a cultura se encontra,
interferindo diretamente na largura efetiva de aplicação
quando o limite estabelecido pelo coeficiente de variação é
de 10%, ou seja, mais restritivo.
2. Houve uma tendência de diminuição da largura
efetiva quando o limite estabelecido pelo coeficiente de
variação foi elevado para 15 ou 20%, todavia, não
comprovado estatisticamente.
2
- XXXIII CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO - Resumo Expandido Oleaginosas e Fibrosas, Campina Grande, v.5, n.2, p.243-7,
2001.
3. Recomenda-se que a avaliação da largura efetiva
das faixas de aplicação a lanço de fertilizantes sólidos
em cobertura seja realizada no interior da cultura
instalada.
SERRANO, J. M., PECA, M J. O., SILVA, J. R. et al. Avaliação
de um distribuidor centrífugo de adubo na perspectiva de
utilização em agricultura de precisão. Rev. de Ciências
Agrárias, jan. 2007, vol.30, no.1, p.79-86. ISSN 0871-018X.
REFERÊNCIAS
ASAE Standards (2003) - Procedure for Measuring
SILVA, N. M. Nutrição Mineral e Adubação do Algodoeiro no
Brasil. In: CIA, E., FREIRE, E. C. e SANTOS, W. J. dos.
Cultura do Algodoeiro. Piracicaba: Potafos, 1999. p. 57-93.
SILVA, Nelson Machado da; CARVALHO, Luiz Henrique and
BORTOLETTO, Nelson. Parcelamento da abertura
nitrogenada do algodoeiro. Bragantia [online]. 1986, vol.45,
n.2, pp. 211-222. ISSN 0006-8705.
Distribution Uniformity and Calibrating Granular
Broadcast Spreaders. ASAE S341.3 FEB99, 198-201.
ROSOLEM, C. A. Problemas em nutrição mineral, calagem e
adubação do algodoeiro. Informações Agronômicas,
Potafos, n. 95, 2001. p.10-17 (Encarte Técnico).
MARUR, C.J.; RUANO, O. A reference system for
determination of cotton plant development. Revista de
14.00
12.00
10.00
Seqüência1
Peso(g)
8.00
6.00
4.00
2.00
33.75
33.00
32.25
31.50
30.75
30.00
29.25
28.50
27.75
27.00
26.25
25.50
24.75
24.00
23.25
22.50
21.75
21.00
20.25
19.50
18.75
18.00
17.25
16.50
15.75
15.00
14.25
13.50
12.75
12.00
11.25
9.75
10.50
9.00
8.25
7.50
6.75
6.00
5.25
4.50
3.75
3.00
2.25
1.50
0.75
0.00
Distância (m)
Figura 1 Faixa de deposição transversal do fertilizante acumulado em cada coletor referente à dosagem de 200 kg/ha para o tratamento 1, quando a
planta se encontrava em estagio V1 com altura média de 0,15cm.
9.00
8.00
Seqüência1
7.00
6.00
Peso(g)
5.00
4.00
3.00
2.00
1.00
24.75
24.00
23.25
22.50
21.75
21.00
20.25
19.50
18.75
18.00
17.25
16.50
15.75
15.00
14.25
13.50
12.75
12.00
11.25
10.50
9.75
9.00
8.25
7.50
6.75
6.00
5.25
4.50
3.75
3.00
2.25
1.50
0.75
0.00
Distância (m)
Figura 2. Faixa de deposição transversal do fertilizante acumulado em cada coletor referente à dosagem de 200 kg/ha para o tratamento2, quando a
planta se encontrava em estagio B5 com altura média de 0,80m.
3
- XXXIII CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO - Resumo Expandido -
Figura 3. Gráfico ilustrativo dos Coeficientes de Variação relacionados às larguras efetivas para o ensaio na cultura do algodão em estádio de
desenvolvimento V1.
Figura 4. Gráfico ilustrativo dos Coeficientes de Variação relacionados às larguras efetivas para o ensaio na cultura do algodão em estádio de
desenvolvimento B5.
4
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