especial Ela foi uma das estrelas da Agrishow 2012 (19ª Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação), realizada entre o fim de abril e começo de maio. Em quase todos os estandes existia um espaço dedicado especialmente à Agricultura de Precisão (AP) que, segundo Carlito Eckert, diretor Comercial da Massey Ferguson, empresa de máquinas agrícolas do grupo AGCO, teve sua procura dobrada. “Temos observado um crescimento grande na procura por agricultura de precisão e novas tecnologias e conceitos. A demanda por este tipo de evolução no trabalho de campo tem dobrado nos últimos três anos.” O termo Agricultura de Precisão deriva do inglês Precision Agriculture, também conhecido como Site-especfic-crop-manegement, Precision Farming ou ainda, VRT (Variable-Rate Tecnology). Existem inúmeras definições para agricultura de precisão, mas os especialistas admitem que até hoje não se chegou a um consenso em relação ao seu conceito. 6 No entanto, o professor do Departamento de Agricultura de Precisão da Faculdade de Tecnologia (Fatec) de Marília (Campus de Pompéia), SP, Carlos Otoboni, afirma que, apesar das várias definições para a agricultura de precisão existentes na literatura, pode-se dizer que ela é o manejo localizado da lavoura considerando as variações espaciais e temporais dos fatores que afetam a produtividade na busca de melhorias e mais eficiência do processo produtivo. “Não é uma ideia tão recente. Em 1929 alguns agricultores já tinham conseguido reduzir a aplicação de calcário na ordem de 40% com a análise do solo em malhas de 100 m por 100 m. Há relatos de que o primeiro mapa de produtividade foi confeccionado em 1938 na Austrália”, conta. Jose Paulo Molin, pesquisador e professor associado do Departamento de Engenharia de Biossistemas da Esalq-USP (Escola de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo) conta que, apesar de o conceito ter sido adaptado mais fortemente na área de grãos, em 1999 algumas usinas sucroenergéticas já começavam a aplicar agricultura de precisão com o uso da taxa variável. “Nos anos 2000, o Grupo Cosan deslanchou e facilitou algumas coisas. Mas em 2002 e 2003, vimos o papel importante que as consultorias de agricultura no Brasil, algumas especializadas em cana, tiveram na expansão deste conceito. Elas foram responsáveis pela divulgação do processo nas usinas que começaram a montar equipes para cuidar disso. Hoje temos um enorme grupo de usinas que já possuem equipes de agricultura de precisão dentro de suas unidades”, destaca Molin. De acordo com Otoboni podem ser consideradas como ferramentas de agricultura de precisão: - a amostragem georreferenciada de solo em grade; - os programas computacionais que permitem a análise espacial, os chamados Sistemas de Informações Geográficas; especial Molin: “Hoje temos um enorme grupo de usinas que já possuem equipes de agricultura de precisão dentro de suas unidades” - imagens aéreas e de satélites; - sensoriamento direto e remoto; - equipamentos que possibilitam a aplicação de insumos a taxas variáveis; - sistemas Globais de Navegação por Satélite (GPS, Galileo, GLONASS) e outros. Pegando carona no conceito da agricultura de precisão, surgiram as chamadas tecnologias de precisão em máquinas, tais como o piloto automático, barra de luzes e controle de seções. “Estas tecnologias são consideradas mais como tecnologias de precisão em máquinas do que o manejo localizado na agricultura de precisão. No entanto, ao final das operações, estas tecnologias também permitem que sejam gerados mapas passíveis de análises pontuais”, afirma Otoboni. Para Rafael Antônio Costa, gerente de Marketing de Produto ATS AGCO, a integração de itens como piloto automático, volante elétrico, barra de luzes, sistemas de telemetria e outros junto às ferramentas de agricultura de precisão tornam o trabalho das máquinas mais efetivo no campo. Segundo Victor Paschoal Cosentino Campanelli, proprietário da AgroPastoril Paschoal Campanelli, as tecnologias de precisão podem ser utilizadas nas seguintes operações nos canaviais (por ordem de maior utilização): - correção do solo (calagem, gessagem, fosfatagem); - adubação de base; - adubação de cobertura; - aplicação de herbicida. “Existem outras possibilidades sendo estudadas. Estive recentemente no Estado da Louisiana, um dos braços de pesquisa dos EUA, que está estudando a possibilidade de utilizar doses variáveis de maturador na cana-de-açúcar de acordo com o índice atual de sacarose”, afirma Campanelli. POR QUE USAR Otoboni afirma que as pesquisas e a realidade dos agricultores e consultores comprovam benefícios na produtividade e rentabilidade. No entanto, os ganhos podem variar bastante. “Existem casos em que não houve ganho econômico, mas não podemos descartar os ganhos ambientais conseguidos pela AP na racionalização do uso dos insumos. Tudo dependerá da variabilidade dos fatores no campo e de como esta será trabalhada (co- nhecimento, análises, métodos, tecnologias, equipamentos etc). De acordo com o diretor da consultoria agronômica APagri, Leonardo Menegatti, com o uso das tecnologias de precisão é possível economizar em média 30% na quantidade da aplicação de corretivos de solo, principalmente no uso de fósforo, calcário e gesso. “O solo responde muito bem à aplicação em taxa variada, pois podemos uniformizar o potencial produtivo e aumentar a produtividade do solo”, diz. Tiago Oliveira, engenheiro Agrônomo e especialista da AMS Soluções em Gerenciamento Agrícola para América Latina da John Deere e José Luís Coelho, engenheiro Agrônomo, gerente de Marketing Estratégico para América Latina no segmento Cana da John Deere apontam que a agricultura de precisão vem sendo amplamente popularizada no setor, uma vez que vem produzindo bons resultados, tais como: - redução do custo com corretivos e fertilizantes, pois através da aplicação em taxa variada, as usinas trabalham de forma localizada nos talhões; - controle do tráfego que proporciona a redução do pisoteio de lavouras com o uso do piloto automático; - sistematização de área de colheita mecanizada já que há uma tendência no setor de áreas que estão sendo preparadas para 7 especial Piloto Automático da John Deere serem colhidas mecanicamente já começarem a ser plantadas com piloto automático, uma vez que o custo destas áreas ao longo de cinco anos reduz em torno de 5% em função, principalmente, da redução do indíce de perdas; - aumento da quantidade de cana plantada, pois, segundo estudos, o erro médio de um operador bem treinado pode chegar a 14 cm. Este erro é acumulativo, ou seja, ele abre a sulcação ou o plantio colocando menos cana por hectare. Com o uso do piloto automático, o erro no solo pode ser reduzido para menos de 3,5 cm. FERRAMENTA DE GESTÃO As tecnologias disponíveis para agricultura de precisão, segundo Otoboni, nada mais são do que ferramentas de gestão. “São excelentes ferramentas de gestão porque trabalham em cima de informações que são geradas para que o agricultor possa tomar decisões mais embasadas no processo produtivo. Ao final de um ciclo, ele pode confeccionar o mapa pontual de lucratividade da sua lavoura, envolvendo tudo o que foi feito naquele ponto, o que é extraordinário para a tomada de decisões futuras”, afirma. De olho neste mercado, empresas fornecedoras de implementos e máquinas agrícolas vêm não só incorporando em suas máquinas sistemas para agricultura de precisão oferecidas por empresas especializadas como também desenvolvendo sistemas próprios. 8 Rodrigo Tubino da Rocha, gerente Comercial da Falker, diz que a agricultura de precisão pode ser dividida em três fases: coleta de dados, análise de informações e a intervenção agronômica. “Em cada uma se usa diferentes ferramentas. Na coleta de dados temos os amostradores de solo, GPS, PDAs, penetrômetros, clorofilômetros, medidores de biomassa e imagens de satélite. Na análise, temos os softwares geoestatísticos e softwares de geração de mapas. E, por fim, a intervenção agronômica que tem como ferramentas o piloto automático, as barras de luzes e os distribuidores de insumo em taxa variável.” A Falker, empresa focada em soluções para fase de coleta, fornece uma linha com quadriciclos Honda, amostradores de Solo (SoloDrill), medidores de compactação (PenetroLOG, SoloTrack e SoloStar), medidores de umidade do solo (Hidrofarm para o uso em irrigação de precisão), medidores de clorofila (Clorofilog), GPS e PDAs. Na fase de análise de solo, a empresa também oferece o FalkerMap, software para geração de mapas. “Tirando o quadriciclo, todos os equipamentos citados são de desenvolvimento próprio da Falker”, diz Rocha. “Usa-se um PDA com GPS para determinar o contorno do talhão e os pontos em que se fará a amostragem na área (grade amostral). Usa-se o Solodrill para coleta de solos e análise de fertilidade, e o SoloStar para avaliação física do solo nos pontos da grade amostral. O Falkermap é usado para gerar os mapas e analisar as informações”, explica Rocha. Segundo ele, um kit básico para coletar solo (com quadriciclo, amostrador, GPS, software, PDA) fica na faixa de R$ 40 mil. Com análise de compactação inclusa, o valor aumenta em R$ 15 mil. A Geo Agri Tecnologia Agrícola, empresa especializada em agricultura de precisão, traz uma linha de equipamentos que oferece ao setor piloto automático RTK Trimble para tratores e colhedoras de todas as marcas, sistemas de taxa variável para adubo e muda de cana no plantio mecanizado, estação de referência RTK, que serve tanto para a topografia como para a agricultura, imagens de satélite para previsão de safra e acompanhamento do desenvolvimento da lavoura, Vant (Veículo Aéreo Não Tripulado) Sense Fly para relatório de falha e detecção de problemas no plantio, sistemas de telemetria para envio das linhas de plantio do escri- tório para o campo e software para criação de projetos de plantio. “Além disso, temos sistemas de gerenciamento da água para evitar erosão e aumentar o aproveitamento da água dentro do talhão”, enfatiza Rodrigo Tamani, gerente geral da Geo Agri. Segundo ele, os custos das tecnologias variam de acordo com o sistema, o modelo de máquina e da topografia para instalação das estações de referência. A Arvus, também especializada em desenvolvimento e fabricação de tecnologias para agricultura de precisão, oferece para o setor canavieiro o sistema Titanium. De acordo com Gustavo Raposo Vieira, diretor Comercial da Arvus, a plataforma Titanium conta com um novo design e novo software, mas continua agregando todas as funções como piloto automático, taxa variável, guia virtual e corte de sessão. Tudo em um mesmo equipamento. “As usinas precisam mais do que simplesmente o piloto automático. Precisam saber o rendimento da operação, que horas ela foi feita, qual talhão foi trabalhado, quanto tempo a máquina ficou parada. Então, nosso equipamento, além da função do piloto automático, ainda traz do campo para o escritório o rendimento da máquina. O operador joga as informações em um software web para que o responsável acesse as informações do computador de onde ele estiver. Esses dados podem ainda ser jogados direto no SAP ou no PIN, que são os softwares de gestão. Esse é o grande diferencial em relação ao que já tem no mercado”, destaca Vieira. Vieira afirma que o uso da aplicação em taxa variável, solução também oferecida pela empresa, pode trazer uma economia de até 25% na aplicação de insumos e aumento de produtividade em torno de 20%. A Alezi Teodolini tem quase 40 anos de mercado e resolveu, em 2011, entrar no segmento de agricultura de precisão. De acordo com Rafael Guandalini, diretor de Operações da Alezi Teodolini, a empresa fechou em janeiro de 2012 um contrato de exclusividade com a Outback, que é uma marca já bastante conhecida mundialmente em agricultura de precisão. Além da base RTK, a empresa oferece barras de luzes, sistemas de aplicação em taxa variável, desligamento de sessão e piloto automático. “A nossa base RTK tem conseguido trabalhar durante 24h, ao contrário de outras. 9 especial Vieira afirma que o uso da aplicação em taxa variável pode trazer uma economia de até 25% na aplicação de insumos e aumento de produtividade em torno de 20% Isso porque este ano têm acontecido as chamadas explosões solares, um fenômeno da natureza que faz com que os pilotos automáticos não consigam funcionar por conta da interferência nos sinais de satélite durante o período da noite.” Franz Arthur Pavlu, gerente Comercial e engenheiro agrônomo da Verion, conta que a empresa começou a trabalhar com tecnologias de precisão especialmente para o setor canavieiro. A empresa oferece barra de luz, sistema de desligamento de sessões, piloto automático para plantio e colheita de cana e sistemas para aplicação de adubos e corretivos em taxa variável, tanto em aplicação a lanço, na parte de corretivos, como localizada no sulco de plantio. “Além de outras aplicações, o sistema de orientação VCom Guide possibilita a criação de linhas no computador e pode ser usado na aplicação de vinhaça. Com o uso de um sistema guia, pode-se marcar os locais para esticar os rolos de aplicação. O VCom Guide orienta o trator que estica o rolo, evitando gasto de tempo e mão de obra para a demarcação destas linhas no campo, melhorando a orientação e paralelismo do rolo de vinhaça e garantindo uma aplicação uniforme em toda a área.” Este ano na Agrishow a empresa lançou um novo produto para amostragem. “O novo amostrador é totalmente independente e pode ser tracionado tanto com o quadriciclo e trator, quanto com pick-ups. A gran10 de vantagem é que ele trabalha tanto com sonda quanto com broca. Assim, em solos onde se permite usar sonda, haverá uma amostragem com maior qualidade. Como há regiões muito compactadas em cana, posso trocar e usar a broca. É tudo via GPS. Traz maior rendimento na operação de amostragem e redução de custos com mão de obra”, destaca Pavlu. Fábio Ferreira, coordenador de Produto da Agrosystem, conta que a empresa oferece para o setor sucroalcooleiro o IntelliAg para monitoramento e controle de plantio e aplicação de fertilizantes e inseticidas. “Seu sistema permite monitorar o plantio, controlar a aplicação de sólidos e líquidos em taxa fixa e variável e fazer a pulverização usando apenas um terminal. Havendo um terminal virtual Isobus compatível no trator, as ECUs do IntelliAg poderão ser utilizadas do mesmo modo, sem a necessidade da aquisição de um novo terminal”, afirma. “O equipamento atua na aplicação em taxa fixa e através de sensores de velocidade e de feedback do motor hidráulico e garante precisão na aplicação de sólidos e líquidos. Além disso, é instalado um sensor de levante da plantadora, anulando o trabalho manual de iniciar ou terminar a aplicação de adubo. O mesmo equipamento ainda controla a aplicação de inseticida, atuando na bomba elétrica com o mesmo conceito. Um dos grandes benefícios do sistema IntelliAg são os terminais virtuais, que permitem utilizá-lo para realizar todas as tarefas de controle sem a necessidade de adicionar um outro monitor na cabine”, afirma Ferreira. Segundo ele, em média os equipamentos custam 10% do valor de cada implemento adquirido e adaptado ao sistema de Tecnologia de Aplicação. Marcelo Fercundini, especialista em AP e sócio-proprietário da Soyus, conta que sua empresa oferece desde as ferramentas para amostragem de solo até sistemas para aplicação em taxa variável. A empresa tem em seu portfolio ferramentas de amostragem de solos em grids aleatórios ou através de zonas de manejo definidas a partir de variabilidades de mapas de colheitas e/ou mapas de clorofila e NDVI. “Temos softwares para essa amostragem e também SIG (Sistemas de Informação Geográfica), que são utilizados para confecção dos mapas com as variabilidades físico- Tamani: “Para se ter uma ideia, desde a introdução da tecnologia de direcionamento automático, estamos crescendo a uma média de 150% ao ano no setor sucroenergético” -químicas do solo (Fertilidade e Textura), além de outros mapas, como os de doenças, pragas, aplicações, colheita, clorofila e NDVI”, afirma Fercundini. “A amostragem de solo através de grids ou malhas é onde a maioria dos produtores inicia. Com ela é possível realizar uma espécie de raio-X da área, sabendo todas as variabilidades na fertilidade do solo e também em sua textura. Outra forma de amostragem que tem se tornado comum é a amostragem através de zonas de manejo, que são definidas a partir do mapeamento da colheita e/ou de imagens de satélite. Elas mostram a variação de produção e índices vegetativos, podendo ser previamente marcados os pontos de amostragem, definindo-se zonas de alto, baixo ou médio potencial. A partir disso são gerados os mapas de fertilidade e pode-se definir a melhor forma de ação. Definidas as formas de correção, são gerados mapas de aplicação tanto para calcário e gesso como para os fertilizantes. Depois de digitalizados, eles são colocados nos equipamentos que realizam a aplicação em taxa variável, possibilitando a correção localizada através de cada produto aplicado”, detalha Fercundini. A John Deere oferece um pacote de soluções AMS. Segundo Oliveira e Coelho, neste pacote está incluso o piloto automático, que pode ser adquirido tanto para tratores e colhedoras John Deere quanto para outras marcas. “A grande vantagem operacional 11 especial Jacto lança sistema raio-X para aplicação de nitrogênio Em 2010 a Jacto lançou a Otmis, sua marca em soluções para a agricultura de precisão. Segundo Robson Cardoso Zófoli, diretor Comercial da Jacto, desde então foram desenvolvidos diversos produtos como as barras de luz, controladores de seções, piloto automático para os pulverizadores e o sistema de telemetria, que permite a comunicação do pulverizador Uniport 3030 com um servidor (que pode ser via celular ou via wi-fi), onde o proprietário, de qualquer ponto, pode verificar as condições de trabalho e performance da máquina. nibiliza automaticamente a informação à máquina, que fará a aplicação na dosagem exata. O mais importante desta tecnologia é que, para que ela funcionasse bem nas condições do País, foi necessário desenvolver um algoritmo de aplicação próprio para a agricultura brasileira. Ficamos quatro anos desenvolvendo e pesquisando as condições de agricultura tropical, as culturas e variedades que Este ano, a marca trouxe novos conceitos em termos de pulverização com a esta- são plantadas no Brasil e desenvolvemos um software especifico para essas con- ção meteorológica inbord que, em tempo real, monitora as condições meteorológicas para saber se elas estão dentro dos parâ- dições”, destaca Zófoli. De acordo com ele, todos os sensores de nitrogênio que existem no mercado foram desenvolvidos para condições de metros ótimos para pulverização durante o processo. Durante a Agrishow 2012, lançou um sensor de nitrogênio, o GS6200. O equipamento faz um scan da lavoura e permite que o distribuidor de adubo, o Uniport NPK, faça a dosagem correta de adubo nitrogenado de acordo com a necessidade da planta. “A máquina se desloca pela lavoura e e econômica hoje é comprar as máquinas com o sistema instalado na fábrica. O nosso monitor GS3 2630 já vem equipado com o software de controle de vazão e trabalha na plataforma Isobus, uma plataforma universal que aceita conectores e informações de outros equipamentos que também trabalhem nesta plataforma. Isso permite aos clientes de outras marcas migrarem para as soluções John Deere sem perder todas 12 o sensor de nitrogênio vai escaneando a planta e vendo a condição de nutrição em que ela se encontra. Este sistema dispo- cultura europeia ou americana, ou seja, para condição de clima subtemperado e temperatura de solo e variedades que são plantadas lá. “As necessidades são completamente diferentes das da agricultura tropical, onde você tem temperaturas mais elevadas, níveis de umidade mais altos e variedades de comportamento diferentes.” as informações georeferenciadas por outros produtos.” Segundo Oliveira, o custo das tecnologias, de três anos pra cá, caiu bastante em função da concorrência. “A grande vantagem tem sido agregar na compra de máquinas a utilização do piloto automático, uma vez que o equipamento vem como acessório original da máquina e não como uma tecnologia independente.” A AGCO, detentora das marcas Massey Ferguson, Valtra e agora Santal, por meio de sua divisão de tecnologia, vem trabalhando no desenvolvimento de novas tecnologias para agricultura de precisão. A empresa possui uma divisão corporativa chamada ATS (Advanced Technology Solutions), focada no desenvolvimento, apresentação e suporte dessas tecnologias. Este ano, a marca apresentou algumas 13 especial novidades embarcadas em suas máquinas: Piloto Automático System 150, Piloto Elétrico AES 25 e Sistema de Telemetria Agcommand. De acordo com Costa, o Agcommand é um sistema de telemetria que permite ao proprietário da máquina acessar informações, em tempo real, do seu equipamento. Esse acesso é feito por meio de uma página da web e pode ser feito em qualquer computador ou outro dispositivo com acesso a internet. O usuário recebe um login e uma senha que lhe dá acesso a essa página, onde pode consultar as informações da sua máquina. “Através dessa página ele pode ter acesso à localização das máquinas praticamente em tempo real, horas do motor, velocidade de operação, status atual da máquina e histórico de funcionamento. Além disso, possibilita a comparação de desempenho e eficiência de até cinco máquinas, analisa dados de eficiência operacional por área e por fazenda, gera alarmes regulares de intervalo de serviço e, por fim, alerta a entrada e saída da máquina em áreas pré-estabelecidas”, explica Costa. O sistema também pode servir como canal de comunicação entre o cliente e o concessionário. Isto porque, através dele é possível agendar serviços de manutenção periódica permitindo ao concessionário se antecipar em manutenções preventivas, o que, consequentemente, acaba resultando num menor custo de manutenção e maior disponibilidade do equipamento. O AES 25 é um sistema de piloto elétrico e pode ser instalado em qualquer máquina no campo. “A grande vantagem desse sistema é que, além dele poder ser instalado em qualquer máquina, trabalha com a mesma eficiência e precisão dos sistemas de piloto hidráulico, diferentemente de todos os outros sistemas de piloto elétrico do mercado. O usuário pode trabalhar com o produto durante todas as etapas de sua produção como preparo de solo, plantio, pulverização e colheita. Isso é possível devido a sua precisão, que permite que ele trabalhe em condições que demandem alta precisão, podendo chegar a um erro máximo de 5 cm”, afirma Costa. O Piloto Automático System 150, lançado pela marca Valtra, tem tido boa aceitação por parte do setor canavieiro. Segundo Costa, este piloto é resultado de uma parceria 14 Guandalini: “A grande vantagem da nossa base RTK é que está funcionando 24h” entre a empresa, o fornecedor e o cliente. O modelo foi desenhado especialmente para trazer redução em tempo, custos e mão de obra, além da otimização e melhor planejamento do plantio da cana-de-açúcar na usina. “Essa nova versão tem capacidade para trabalhar nas exigentes condições do setor canavieiro, aumentando a capacidade operacional de plantio em até 20%, otimizando as linhas de cana e reduzindo o consumo de combustível”, explica Costa. A partir desse ano, a Santal também passará a ter as tecnologias desenvolvidas pela AGCO embarcadas em seus equipamentos. A Case IH traz em seu portfolio de tecnologias, segundo Roberto Biasotto, especialista de Marketing de Produto para Agricultura de Precisão da Case IH na América Latina, o ciclo completo em agricultura de precisão para o setor canavieiro. “Quando falamos de agricultura de precisão, separamos em alguns capítulos. O primeiro é a gestão agrícola e operacional, ou seja, toda a informação de operação das máquinas vem para o nosso software de gestão, o AFS (Advanced Farming Systems). O software permite saber a carga do motor, a velocidade e a produtividade da máquina. Nesse software você consegue fazer o mapeamento e, o mais importante para cana, fazer as linhas de orientação, as quais podem ser transferidas para todos os produtos como trator, colhedora e pulverizador. O pulverizador anda no mesmo rastro da colhedora e trator, então evita sobreposição. Na colheita noturna chegamos a ter 27% a mais em eficiência”, salienta. A próxima etapa é o direcionamento. Para isso, a empresa oferece o AFS Guide, um piloto automático hidráulico que pode ser usado tanto em máquinas Case IH como em outras marcas. Para fechar o ciclo, a empresa trabalha com o controle de sessão. “Ainda não existe no mercado monitoramento de produtividade de cana, um sistema que poderá ser colocado na colhedora. Já oferecemos em grãos, mas estamos trabalhando nesse desenvolvimento em cana. Quando se tem mapa de produtividade, consegue-se investigar o problema e fazer uma análise mais criteriosa do que aconteceu para posteriormente resolver”, revela. TECNOLOGIA TEM, MAS QUEM VAI OPERAR? Para implementar a agricultura de precisão não basta somente jogar a tecnologia na mão do usuário. É preciso treinamento e capacitação. Otoboni acredita que a mão de obra ainda é um fator limitante para adesão das tecnologias de precisão. Oliveira e Coelho concordam e acreditam que, de maneira geral, a mão de obra é um sério problema, uma vez que utilizar máquinas gerenciadas eletronicamente implica em uma radical mudança de filosofia no dia-a-dia do campo. “Deixamos claro que o treinamento é imprescindível para que o sistema funcione corretamente. Mas, só isso não é suficiente. Nos primeiros estágios de implantação do sistema é de fundamental importância o acompanhamento diário de técnicos para garantir um adequado e recompensador funcionamento do sistema. Outro tema vital no que se refere a recursos humanos é a definição do perfil dos colaboradores que deverão ser selecionados, recrutados e treinados, pois, se essas etapas que antecedem o treinamento não forem devidamente planejadas e definidas, o resultado certamente não será o esperado”, enfatiza Coelho e Oliveira. Para Campanelli, a mão de obra é o “calcanhar de aquiles” destas tecnologias. “Apesar de ter passado por certa dificuldade quando começamos a implantar estas tecnologias no Grupo, com um bom treinamento e perseverança, a barreira é completamente transponível. Hoje nossos 15 especial Na Agropastoril Paschoal Campanelli 100% das operações possuem piloto automático e 100% das aplicações de adubos e corretivos são feitas em taxas variáveis colaboradores são verdadeiros fãs destas tecnologias, perceberam seus benefícios e facilidades. Creio que muitos grupos que investem nessas tecnologias tenham que respeitá-las mais. Eu digo isto porque canso de ver usinas que, perante algum problema com o computador de bordo do trator, continuam com a operação do jeito convencional. Esta atitude é um mau exemplo ao funcionário”, destaca. Costa acredita que, apesar de ser um sistema de fácil operação, a adoção dessas tecnologias obriga as usinas a repensarem a forma de trabalhar no campo. “A tecnologia necessita de colaborador treinado e habilitado para interpretar as informações que são coletadas e agir conforme o planejado. A agricultura de precisão gera uma demanda ainda maior de recursos humanos, treinados e capacitados para trabalhar e tirar o máximo de todos os equipamentos e tecnologias.” CURSO SUPERIOR EM AGRICULTURA DE PRECISÃO O tema mão de obra passou a ser tão importante dentro deste setor que motivou a Fatec Marília (Campus Pompéia), localizada no interior de São Paulo, a criar um Curso Superior de Graduação em Tecnologia em Mecanização em Agricultura de Precisão. Otoboni conta que a criação do curso surgiu pela necessidade do mercado, que procurou o Centro Paula Souza para a montagem do curso. “Foi uma demanda do setor produtivo frente à evolução tecnoló16 gica do setor agrícola brasileiro. O curso oferece uma formação tecnológica focada em mecanização agrícola e agriculura de precisão. O perfil esperado para o ingresso do curso é que seja um profissional para atuar no ramo de máquinas e implementos agrícolas com as tecnologias embarcadas e de agricultura de precisão”, explica. Como é um curso superior de graduação, o estudante que deseja ingressar precisa ter concluído o ensino médio. O curso tem a duração de três anos. A primeira turma deve se formar em 2012. Segundo Otoboni, mesmo ainda não formados, os profissionais já tem sido procurados por empresas interessadas. CORRE-CORRE A falta de cana nas últimas safras tem feito com que as usinas busquem nas tecnologias de precisão melhores resultados no campo. Campanelli diz que o que tem visto hoje é um corre-corre para implantação da agricultura de precisão. “O departamento Agrícola das usinas vem sofrendo uma enorme pressão por falta de matéria-prima para o processo. Creio que o investimento nestas tecnologias vem em busca de recuperação na produtividade agrícola.” A Agropastoril Paschoal Campanelli é relativamente nova na cana-de-açúcar: iniciou o seu primeiro plantio no verão de 2001. “Começamos a investir com afinco em tecnologia em 2006. Este investimento veio junto com o processo de mecanização da colheita, quando observamos que a colheita de cana, para ser bem feita, teria que ter auxílio tecnológico, no caso o piloto automático. Investimentos em novas tecnologias viraram uma constante dentro do grupo e hoje 100% de nossas operações possuem piloto automático e 100% de nossas aplicações de adubos e corretivos são feitas em taxas variáveis. Com um canavial com idade média de 3,6 anos, na safra crítica que foi 2011/2012, fechamos com uma produtividade média de 87 t/ha, cerca de 30% a 40% acima das usinas de nossa região. Atribuo esta diferença a todo esse pacote tecnológico que aportamos em nossa lavoura bem como a um manejo agrícola adequado”, revela. Para Oliveira e Coelho, apesar de ter iniciado mais tarde que alguns outros segmentos, a adoção da agricultura de precisão vem crescendo a passos largos na produção canavieira. “Nossas projeções indicam que até 2020, cerca de 90% de todo plantio e colheita mecanizada estarão sendo efetuados com ferramentas de Agricutura de Precisão. Atualmente na região Centro-Sul mais de 40% da sulcação e/ou plantio mecanizado já empregam soluções georeferenciadas e a colheita georeferenciada já se aproxima de 20%”, contam. “Desde a introdução da tecnologia de direcionamento automático, estamos crescendo a uma média de 150% ao ano no setor sucroenergético. As usinas estão priorizando aumento de produtividade e qualquer tecnologia que efetivamente trouxer esse resultado será de suma importância para a usina”, salienta o gerente geral da Geo Agri. “Com o ganho obtido, se consegue ter o retorno do investimento em até um ano. Temos notado uma demanda muito grande por agricultura de precisão e o setor de cana é o que está puxando. Ele começou depois, mas em termos de expansão é o que está mais avançado”, afirma Biasotto. “Se Fernando Pessoa fosse vivo e tivesse que reescrever uma das frases que o imortalizou, certamente seria: ‘Viver continua sendo preciso, mas fazer Agricultura de Precisão na cana-de-açúcar já é tão preciso quanto navegar’”, finaliza Coelho. *A Fatec Marília (Campus Pompéia) abre turmas para este curso duas vezes por ano, uma no meio do ano e outra no final do ano. Para mais informações sobre o curso e as datas de abertura das turmas, basta entrar no site www.fatecmarilia.edu.br.