Invenções antigas, práticas contemporâneas. • Ao longo da história, alguns povos desenvolveram ideias e conhecimentos que mudaram a maneira das pessoas viverem ou pensarem . Esse é o caso dos fenícios, um povo antigo sobre o qual sabemos bem pouco ou temos ideias superficiais: eram navegadores, utilizavam a navegação para o comércio; inventaram a escrita alfabética, faziam sacrifícios humanos... Informações que isoladamente não são conhecimento. • Muitas vezes não percebemos como nossa cultura também tem elementos desses povos ou como podemos reinventar nosso modo de vida a partir das experiências que essas sociedades desenvolveram Por esses motivos, essa é uma história que merece ser melhor estudada. • Navegadores comerciantes. Esse é o aspecto cultural mais relacionado aos fenícios. Entretanto, antes de analisarmos a importância da navegação comercial para os antigos fenícios vamos questionar o que ela significa para nós. Cultura comercial marítima na atualidade. • Para começarmos, vamos pensar sobre a importância do comércio marítimo atualmente. Segundo relatório da ONU: O transporte marítimo é fundamental para o comércio e a economia global. Cerca de 80% do comércio mundial em volume e mais de 70% do comércio mundial em valor são transportados por navios e manuseados em portos do mundo todo. Fonte: http://www.onu.org.br/onu-comercio-maritimo-internacional-atinge-92-bilhoes-de-toneladas-pela-primeira-vez-na-historia/ • Segundo o engenheiro Cristiano Cecatto o Brasil não utiliza todo o potencial que possui na navegação comercial: É triste explicar como um país cujo litoral é de 9.198 km e que possui uma rede hidroviária enorme, ainda não explore adequadamente o transporte marítimo. http://www.ecivilnet.com/artigos/transporte_maritimo_importancia.htm Ver reportagem: Deficiência estrutural nas ferrovias e portos faz Brasil desperdiçar bilhões (http://g1.globo.com/fantastico/quadros/brasil-quempaga-e-voce/noticia/2013/04/deficiencia-estrutural-nos-portos-e-ferroviasfaz-brasil-desperdicar-bilhoes.html) Cultura comercial marítima na atualidade. • Em relação ao Piauí, a navegação comercial é ainda mais subutilizada. Mesmo sendo estreito, nosso litoral possui uma localização que poderia ser melhor aproveitada no comércio com a Europa e Estados Unidos, como foi em outros períodos da nossa história. Cultura comercial marítima na atualidade. • Ao contrário disso, nos falta um recurso essencial, um porto. Pense a importância de um porto para o funcionamento da navegação comercial e quais obras precisam ser realizadas no litoral para termos um. Agora, veja como há quase 40 anos um porto é “construído” em nosso litoral. Ver reportagem: http://g1.globo.com/pi/piaui/noticia/2013/05 /obra-do-1-porto-no-piaui-se-arrasta-ha-37anos-e-ja-custa-r-390-milhoes.html Fenícios – vestígios de suas origens e expansão na Antiguidade • A navegação comercial, tão importante para economia mundial e fator de desenvolvimento para muitos países atualmente, ainda enfrenta limitações em nosso país e mais ainda em nosso estado. Muitos argumentos são usados para explicar o não aproveitamento de nosso potencial nessa área. Entretanto, povos de épocas e lugares diferentes nos deixaram experiências e conhecimentos relacionados á navegação e ao uso da navegação no comércio. • A história só tem relevância quando nos faz repensarmos e superarmos nossas limitações e, nesse sentido, a história dos fenícios na Antiguidade é um bom recurso de raciocínio. Geografia e desenvolvimento cultural na história dos antigos fenícios. •Para ampliar nosso conhecimento, podemos começar analisando as condições ambientais da região onde foram encontrados os registros mais antigos de antigas cidades fenícias: na Síria, Ugarit e no Líbano Tiro e Biblos. Cidades localizadas no litoral mediterrâneo em uma região caracterizada: •Cadeia de montanhas; •Clima árido; •Solo pouco apropriado à atividade agrícola; •Florestas de cedro No início, eram pastores, mas a expansão por terra enfrentava a pressão de povos mais poderosos. Por vocação ou necessidade, especializaram-se no comércio marítimo, inicialmente do cedro e depois de produtos manufaturados e até de embarcações. Fenícios – vestígios de suas origens e expansão na Antiguidade A cultura de um povo tem relação com o lugar onde se desenvolve, mas não é só a geografia que explica a cultura de um povo inclusive porque foram pesquisados vestígios desse povo em regiões bem variadas ao longo da costa mediterrânea. São esses vestígios que podem nos ajudar a entender como a cultura deles e história de algumas de suas mais ricas cidades se desenvolveram. VER: http://www.terra.com.br/istoe-temp/edicoes/2036/imprime116019.htm Fenícios – vestígios de uma civilização de mercadores e navegantes. Além da genética, ainda pouco usada pelos historiadores, outros tipos de vestígios são analisados como fontes sobre a história dos fenícios. Relatos escritos, feitos pelos hebreus e expressos na bíblia ou narrativas do grego Heródoto. Além disso, documentação material escavadas em pesquisas arqueológicas. A estrutura das antigas cidades fenícias, como Biblos, Ugarit e Sidon, e objetos escavados nelas são usados como fontes sobre a cultura desse povo. A presença recorrente de imponentes estruturas portuárias, mesmo em ruínas, e de representações de embarcações, além de moedas e outras e variadas documentações são vestígios que fazem os pesquisadores caracterizarem os fenícios como uma civilização de mercadores navegadores e ainda demonstram que esse comércio era monetário e não apenas de escambo. Leia e analise uma dessas narrativas que são construídas com base nessa documentação. Ver: http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/saibatudo-fenicios-sua-importancia-comercio-696522.shtml Fenícios – desenvolvimento comercial e trocas culturais no processo de expansão no Mediterrâneo. Essa documentação também indica que as relações dos fenícios com outras sociedades foi muito além da atividade comercial. O comércio marítimo proporcionou troca e miscigenação cultural entre as civilizações. A produção de sarcófagos indica a influência das crenças egípcias, além da influência na arquitetura com os obeliscos. A escrita foi um saber com muitas referências, Egito e povos mesopotâmicos desenvolveram, mas foram os fenícios que deram um uso prático através do alfabeto, uma instrumentalização da escrita adequada às necessidades de rapidez e praticidade que o comércio mediterrâneo exigia. Sarcófago de Ahiram, rei de Biblos, datado de 800 a.C. onde encontramos a forma original do alfabeto fenício. Templo dos Obeliscos, Biblos Sarcófago fenício encontrado em Cádis, Espanha, atualmente no Tecnologia náutica e a história dos fenícios na Antiguidade. Entretanto, a engenharia náutica foi o mais importante elemento cultural dos fenícios, criador e criação de sua história no Mediterrâneo ao longo da Antiguidade. O uso de embarcações foi desenvolvido por outros povos, como os egípcios que tinha na navegação fluvial um instrumento de transporte e unidade política. Mas foram os fenícios que aperfeiçoaram esse instrumento e deram a ele proporções mais relevantes nos contatos, trocas e conflitos que construíram a história das civilizações na Antiguidade, sobretudo no que se refere ao Mediterrâneo. Analise a inovação fenícia na engenharia náutica. Cientes do valor de seus mercados náuticos, os fenícios guardavam segredo de suas rotas e de seus navios, além de espalharem notícias aterrorizantes acerca dos perigos do mar. Como resultado, sabe-se pouco de seus barcos. Quase todas as reproduções existentes procedem do Egito, da Grécia ou da Assíria: cascos robustos, de madeira, fixados em cavernas; mastro curto, velas redondas; remadores protegidos por uma superestrutura em linha; proa e popa alteadas; remos fixos nas laterais da popa, dando o leme. http://www.museunacionaldomar.com.br/estrutura/historia_navegacao.htm Tecnologia náutica e a história dos fenícios na Antiguidade. A engenharia náutica e os feitos dessa civilização de navegadores desperta muita curiosidade ainda hoje e estimula pesquisas e aventuras, como a reportagem que segue mostra: Ver: Navio de um modelo milenar viaja em torno da África (https://www.youtube.com/watc h?v=LuISD6t_DdM) Tecnologia náutica e a história dos fenícios na Antiguidade. • Para se tornarem os donos do Mediterrâneo, os fenícios fizeram uso de diversas inovações, a maioria delas relacionada à tecnologia naval. Os navios de guerra usados pelos romanos e gregos eram basicamente uma criação fenícia. Foi deles a ideia de construir um navio a partir de um esqueleto posto numa doca seca, a partir da quilha central, outra invenção sua. Seus navios foram os primeiros a ter leme. Também foram eles que tiveram a ideia de distribuir os remadores em duas linhas, criando a birreme, que depois ganharia mais uma linha, tornando-se a trirreme. Esses eram navios de guerra, os remadores extras davam velocidade em manobras de abalroagem, bater em outro navio para afundá-lo, que se tornou a principal forma de guerra naval na época http://www.museunacionaldomar.com.br/estrutura/historia_navegacao.htm Tecnologia náutica e a história dos fenícios na Antiguidade. • Entretanto, uma frota naval tão grandiosa para o comércio e para guerra não poderia ser utilizada pelos fenícios sem uma estrutura de portos adequados nas cidades. Dessa forma, a engenharia náutica fenícia também se desenvolveu na construção. Analisando a qualidade, durabilidade e capacidade dos portos das antigas cidades fenícias podemos ter uma ideia aproximada do tamanho da frota dessas cidades e a importância que a navegação tinha na cultura desse povo. O porto fenício mais estudado fazia parte da estrutura da cidade fenícia mais importante da Antiguidade, Cartago Tecnologia náutica e a história dos fenícios na Antiguidade. O conhecimento humano é uma construção milenar com experiências bem diversas marcadas pela capacidade humana de pensar e criar o novo, mas também marcado pela nossa capacidade de aprender com o outro. Vivemos um outro contexto, no qual a navegação comercial é proporcionalmente tão grandiosa quanto a população mundial e a diversificação das relações comerciais entre as sociedades. Uma época na qual a tecnologia da informática também nos distancia do modo de viver na Antiguidade. Mesmo assim, algumas compartilhamos algumas necessidades e impasses com os antigos. Mesmo assim, a civilização fenícia ainda é uma referência de inovação e aperfeiçoamento tecnológico e a história deles pode ser utilizada como inspiração para repensarmos e reinventarmos nosso modo de vida e superarmos nossas limitações.