VIDA COM VIDA
Irmã Maria degli Angeli
Anotava as palavras do fundador
texto Manuel Carreira | desenho www.anacarvalho.com
Por ter sido superiora durante tantos anos a irmã Maria degli Angeli
Vassalo, missionária da Consolata,
alcançou o título de Madre. Mas,
como era de estatura baixa, alguém
carinhosamente, começou a chamar-lhe “Madre Pequena”. Mas, para o
nosso caso tanto importa, pois se os
homens não se medem aos palmos,
as mulheres também não. E o facto
está em que a madre Vassallo sem
ser uma mulher grande, foi mesmo
uma grande mulher!
Nasceu em Turim em 1884 numa
família nobre. O pai era cavaleiro de
uma ordem militar e a mãe era condessa. Filha de tanta nobreza o que
não se havia de esperar desta menina! Teve porém pouca sorte logo ao
nascer. Nascia ela, morria-lhe a mãe
ao dá-la à luz. A menina foi educada
com todo o esmero por uma precepto­
ra própria como convinha à digni­
dade da família. Quando chegou à
idade de casar, em vez de escolher
um noivo, foi apresentar-se ao padre
Allamano para se fazer missionária
da Consolata. Ao vestir-lhe o hábito o Fundador trocou-lhe o nome,
como se costumava fazer naquele
tempo: Em vez de Maria Vassallo
Castiglione, ficou a chamar-se Maria
degli Angeli. Em Julho de 1913, fez a
profissão religiosa, juntamente com
outras seis companheiras. Passados
quatro meses, dá-se um caso raro: O
Fundador nomeia a jovem religiosa,
superiora da pequena comunidade
das irmãs missionárias da Consolata,
dizendo-lhe: “Para desempenhares
bem o cargo esforça-te por adquirir
e cultivar as virtudes próprias deste
estado, sobretudo a união com Deus
e a caridade para com as irmãs”.
Maria degli Angeli para não se es­que­
cer das palavras e ensinamentos
do Fundador, escrevia num caderno
tudo o que ele dizia nas conferências
que fazia às irmãs. A este respeito
a irmã Nazerena Fissore anota: “Na
pessoa simples e humilde, que era a
madre degli Angeli, as outras irmãs
encontraram um forte apoio e um
guia totalmente identificado com a
doutrina do pai Fundador”.
Partiu para as missões do Quénia
em Dezembro de 1919 e manteve
sempre com o Beato Allamano uma
correspondência bastante assídua. Ele
agradecia as cartas e encorajava-a
dizendo: “Fizeste bem em escrever-me pondo-me ao corrente de tudo
o que se passa contigo e à tua volta.
Espero que continues a informar-me
de tudo, pois desejo que vivais todas
no espírito que vos transmiti. Deves
ganhar coragem para ajudar as outras
irmãs a avançar no caminho da perfeição”. Allamano era mesmo um pai
que, embora de longe e só por escrito,
continuava a dar formação espiritual e missionária às suas filhas que
mourejavam nas missões do Quénia.
FÁTIMA MISSIONÁRIA
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Edição LII | Novembro de 2006
Chegou-se entretanto a 1924 e um
grupo de missionárias da Consolata
foi destacado para abrir uma nova
missão na Somália. Para chefiar o
grupo foi encarregada a madre Maria
degli Angeli. Ao atribuir-lhe esta
responsabilidade o padre fundador
escreve-lhe algumas palavras de
encorajamento e manda-lhe a sua
bênção. Sabia que a mandava para
uma missão difícil. As irmãs que
faziam parte do grupo dão testemunho dessas dificuldades, mas afirmam
que a superiora, a madre Pequena,
nunca desanimou. Antes, sobrava-lhe sempre uma força extraordinária
para encorajar as companheiras que
diziam: “Estamos em boas mãos!”.
E assim, degrau a degrau, foi subindo nas estruturas do seu instituto até que em 1934 foi nomeada
Superiora Geral, cargo que exerceu
durante vários anos com empenho e
grande sabedoria.
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