Título: MODELO EPISTEMOLÓGICO PARA A CONSTRUÇÃO DO PSICODIAGNÓSTICO E DE UMA PSICOPATOLOGIA NA CLÍNICA JUNGUIANA Tema: 2 – Saúde Autor responsável por apresentar o Trabalho: MADDI DAMIÃO JUNIOR Autor(es) adicionais: ELIZABETH CHRISTINA COTTA MELLO Financiador: PÓS-GRADUAÇÃO LATO-SENSU EM TEORIA E PRÁTICA JUNGUIANA Resumo: Objetivos: Para construir-se um modelo de avaliação e psicopatológico baseado numa perspectiva junguiana, nos utilizamos prioritariamente do material considerado por Jung como relevante. Desta forma nos utilizamos dos sonhos como instrumento básico para servir de modelo ao processo psicodiagnóstico. Através do material simbólico, e de uma compreensão prévia do modo de entendimento dos símbolos no pensamento junguiano, assim como sua importância, dividimos o processo psicodiagnóstico em quatro áreas e cinco níveis. São elas: a) os aspectos afetivos, b) os aspectos cognitivos, c) dimensão existencial e d) dimensão religiosa. Quanto aos aspectos abordados e necessários para a construção de um processo psicodiagnóstico, descreveremos conforme segue: a) o nível arquetípico; b) o nível psicodinâmico ou a dinâmica dos complexos, principalmente no que diz respeito à imago paterna e materna; c) o nível interacional, a construção e os usos da persona; d) o nível clínico ou a qualidade das projeções que estabelece; e) como estes aspectos se integram a partir da totalidade do indivíduo. Como podemos ver, existe uma série de aspectos a serem levados em consideração quando um diagnóstico é realizado na prática junguiana. Isto se deve à perspectiva simbólica da estruturação da personalidade, assim como a natureza do material com o qual lidamos. Neste trabalho, utilizo-me do sonho como material para fins avaliativos, pois, como sabemos, ele é uma narrativa simbólica que corresponde de forma mais fidedigna à dinâmica do psiquismo. Assim, através de um sonho, estes aspectos podem ser delineados a fim de proporcionar um melhor entendimento da situação do cliente em questão. Um jovem via-se em uma sala de madeira, no estilo das casas japonesas. Diante de si, sobre uma mesa se encontrava um papagaio-serpente, ou, se como relatado por ele, uma serpente-papagaio. Este animal o fitava e, chamando por ele, pedia-lhe que deixasse morder seu dedo. Não especificava qual dedo, simplesmente pedia para deixar que mordesse seu dedo. O sonhador ficava espantado com isto, se assustava e sentia medo, de tal forma que não se aproximou do estranho animal, ficando paralisado. Porém, sem desistir, o animal pedia novamente que lhe deixasse morder o dedo. Novamente o sonhador recusava, achando tudo aquilo muito estranho. O animal pediu mais uma vez.... Sem saber o porquê, o sonhador se aproxima do animal e estica sua mão. A serpente-papagaio lhe morde o dedo. O medo havia passado, o que restara era a surpresa e a incerteza do que aconteceria. Após morder o dedo do sonhador, o animal vira-se para ele, ainda segurando a mão em seu bico, e pede-lhe para que ele se vire e olhe ao lado. Sobre a mesa, atrás do animal, havia um cutelo. O animal vira-se para o sonhador e lhe diz, então: “Agora que você me permitiu morder seu dedo, pegue este cutelo e me corte em pedaços. Logo após isto, me coma.” O sonho se encerra aí, diante da perplexidade do sonhador que segue as instruções do animal. O símbolo, assim como a experiência simbólica, trazem a possibilidade de autotranscendência e descoberta de sentido. Este seria o processo de construção e desenvolvimento da consciência através de um modelo de organização psíquica que incorpore os aspectos “nativos” da psique latino-americana.