Redação e Interpretação
de textos
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REDAÇÃO PARA CONCURSOS PARTE I
TIPOLOGIA TEXTUAL
Narração
Dissertação
Redação técnica
II PARTE -TEXTO DISSERTATIVO/ARGUMENTATIVO
RESUMO / SÍNTESE
CONSTRUINDO O TEXTO
COESÃO E COERÊNCIA
Vocabulário semântico de conseqüência, fim e conclusão.
Exercícios
Exercícios
ESPELHO DA AVALIAÇÃO DA PROVA DISCURSIVA- MODELO
CESPE/UnB
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II - ESTRUTURA TEXTUAL DISSERTATIVA
PARTE I – O conteúdo da redação
PARTE II – Forma
III PARTE - REDAÇÕES DE ALUNOS
PROPOSTAS DE REDAÇÃO
IV Parte -AS COMUNICAÇÕES OFICIAIS
TESTES - QUESTÕES DE CONCURSOS
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO
QUESTÕES DE CONCURSOS
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Redação e Interpretação de textos
Redação e
Interpretação de textos
REDAÇÃO PARA CONCURSOS
I PARTE
TIPOLOGIA TEXTUAL
As formas de expressão escrita podem ser classificadas em formas literárias, como as descrições e
as narrações, e não literárias, como as dissertações
e redações técnicas.
Descrição
Descrever é representar um objeto (cena, animal, pessoa, lugar, coisa etc.) por meio de palavras.
Para ser eficaz, a apresentação das características
do objeto descrito deve explorar os cinco sentidos
humanos – visão, audição, tato, paladar e olfato-, já
que é por meio deles que o ser humano toma contato com o ambiente.
A descrição resulta, portanto, da capacidade
que o indivíduo tem de perceber o mundo que o
cerca. Quanto maior for sua sensibilidade, mais
rica será a descrição.
1.Texto Literário
A CASA MATERNA
Há, desde a entrada, um sentimento de tempo
na casa paterna. As grades do portão têm uma velha ferrugem e o trinco se oculta num lugar que só
a mão filial conhece. O jardim pequeno parece mais
verde e úmido que os demais, com suas palmas, tinhorões e samambaias que a mão filial, fiel a um
gesto de infância, desfolha ao longo da haste.
É sempre quieta a casa materna, mesmo aos
domingos, quando as mãos filiais se pousam sobre
a mesa farta do almoço, repetindo uma antiga imagem. Há um tradicional silêncio em suas salas e um
dorido repouso em suas poltronas. [...]
A imagem paterna persiste no interior da casa
materna. Seu violão dorme encostado junto à vi-
EDITORA APROVAÇÃO
trola. Seu corpo como que se marca ainda na velha
poltrona da sala e como que se pode ouvir ainda o
brando ronco de sua sesta dominical. Ausente para
sempre da casa materna, a figura paterna perece
mergulhá-la docemente na eternidade, enquanto as
mãos maternas se fazem mais lentas e mãos filiais
mais unidas em torno à grande mesa, onde já vibram também vozes infantis
2.Texto Não-Literário
“Com a finalidade de compensar as possíveis irregularidades do piso, o seu freezer possui, na parte
inferior dianteira, dois pés nivelados para um perfeito apoio no chão.”(Manual de Instrução)
“Este pequeno objeto que agora descrevemos
encontra-se sobre uma mesa de escritório e sua
função é a de prender folhas de papel. Tem o formato semelhante ao de uma torre de igreja. É constituído por um único fio metálico que, dando duas
voltas sobre si mesmo, assume a configuração de
dois desenhos (um dentro do outro), cada um deles
apresentando uma forma específica. Essa forma é
composta por duas figuras geométricas: um retângulo cujo lado maior apresenta aproximadamente
três centímetros e um lado menor de cerca de um
centímetro e meio; um dos seus lados menores é, ao
mesmo tempo, a base de um triângulo eqüilátero, o
que acaba por torná-lo um objeto ligeiramente pontiagudo.(descrição de um clipe)”
Narração
O relato de um fato, real ou imaginário, é denominado narração. Pode seguir o tempo cronológico,
de acordo com a ordem de sucessão dos acontecimentos, ou o tempo psicológico, em que se privilegiam alguns eventos para atrair a atenção do leitor. A escolha do narrador, ou ponto de vista, pode
recair sobre o protagonista da história, um observador neutro, alguém que participou do acontecimento de forma secundária ou ainda um especta-
Redação e Interpretação de textos 3
dor onisciente, que supostamente esteve presente
em todos os lugares, conhece todos os personagens,
suas idéias e sentimentos. As falas dos personagens
podem ser apresentadas de três formas: discurso direto, em que o narrador transcreve de forma
exata a fala do personagem; discurso indireto, no
qual o narrador conta o que o personagem disse, e
discurso indireto livre, em que se misturam os
dois tipos anteriores.
O conjunto dos acontecimentos em que os personagens se envolvem chama-se enredo. Pode ser
linear, segundo a sucessão cronológica dos fatos,
ou não-linear, quando há cortes na seqüência dos
fatos. É comumente dividido em exposição, complicação, clímax e desfecho.
Elementos da Narrativa
* Personagens -Quem? Protagonista/Antagonista
*Acontecimento
-O quê? Fato
*Tempo
-Quando? Época em que ocorreu o fato
*Espaço
-Onde? Lugar onde ocorreu o fato
*Modo
Como? De que forma ocorreu o fato
*Causa
-Por quê? Motivo pelo qual ocorreu o fato
Com a fúria de um vendaval
Em uma certa manhã acordei entediada. Estava
em minhas férias escolares do mês de julho. Não pudera viajar. Fui ao portão e avistei, três quarteirões
ao longe, a movimentação de uma feira livre.
Não tinha nada para fazer, e isso estava me
matando de aborrecimento. Embora soubesse que
uma feira livre não constitui exatamente o melhor
divertimento do qual um ser humano pode dispor,
fui andando, a passos lentos, em direção àquelas
barracas. Não esperava ver nada original, ou mesmo interessante. Como é triste o tédio! Logo que me
aproximei, vi uma senhora alta, extremamente gorda, discutindo com um feirante.
O homem, dono da barraca de tomates, tentava
em vão acalmar a nervosa senhora. Não sei por que
brigavam, mas sei o que vi:a mulher, imensamente
gorda, mais do que gorda (monstruosa), erguia seus
enormes braços e, com os punhos cerrados, gritava
contra o feirante. Comecei a me assustar, com medo
de que ela destruísse a barraca (e talvez o próprio
homem) devido a sua fúria incontrolável. Ela ia gritando e se empolgando com sua raiva crescente e
ficando cada vez mais vermelha, assim como os tomates, ou até mais.
De repente, no auge de sua ira, avançou contra
o homem já atemorizado e, tropeçando em alguns
tomates podres que estavam no chão, caiu, tombou,
mergulhou, esborrachou-se no asfalto, para o divertimento do pequeno público que, assim como eu,
assistiu àquela cena incomum.
Dissertação
A exposição de idéias a respeito de um tema,
com base em raciocínios e argumentações, é chamada dissertação. Nela, o objetivo do autor é discutir um tema e defender sua posição a respeito
dele. Por essa razão, a coerência entre as idéias e a
clareza na forma de expressão são elementos fundamentais.
A dissertação é a forma de composição que
consiste na posição pessoal sobre determinado assunto. Quanto à formulação dos textos, o discurso
dissertativo pode ser:
a) expositivo: consiste numa apresentação ,
explicação, sem o propósito de convencer
o leitor. Não há intenção expressa de criar
debate, pela contestação de posições contrárias às nossas.
Ex.: “Eu, se tivesse um filho, não me meteria
a chefiá-lo como se ele fosse um soldado de
chumbo. Teria que lhe dar uma certa autonomia, para que pudesse livremente escolher o seu clube de futebol, procurar os seus
livros, opinar à mesa, sem que esta aparência de liberdade fosse além dos limites. Não
queria que parecesse um ditador, nem tampouco um escravo. Os meninos mandões e
os meninos passivos são duas deformações
desagradáveis.”
(Edições O Cruzeiro – O Vulcão e a Fonte)
EDITORA APROVAÇÃO
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Redação e Interpretação de textos
b) argumentativo: consiste numa opinião que
tenta convencer o leitor de que a razão está
do lado de quem escreveu o texto. Para isso,
lança-se mão de um raciocínio lógico, coerente, baseado na evidência das provas.
Ex.: “Em geral as pessoas morrem em torno dos trinta anos e são sepultadas por volta dos setenta. Leva quarenta anos para os
outros perceberem que aquela pessoa está
morta. Lembre-se: a vida é sempre uma incerteza. Somente o que é morto é certo, fixo,
sólido.”
(Revista Motivação&Sucesso, Empresa ANTHROPOS
Consulting)
Redação técnica
Há diversos tipos de redação não-literária,
como os textos de manuais, relatórios administrativos, de experiências, artigos científicos, teses, monografias, cartas comerciais e muitos outros exemplos de redação técnica e científica.
Embora se deva reger pelos mesmos princípios de objetividade, coerência e clareza que pautam qualquer outro tipo de composição, a redação
técnica apresenta estrutura e estilos próprios, com
forte predominância da linguagem denotativa. Essa
distinção é basicamente produzida pelo objetivo
que a redação técnica persegue: o de esclarecer e
não o de impressionar.
II PARTE
TEXTO DISSERTATIVO/
ARGUMENTATIVO
Dissertar é o mesmo que desenvolver ou explicar um assunto, discorrer sobre ele. Assim, o
texto dissertativo pertence ao grupo dos textos expositivos, juntamente com o texto de apresentação
científica, o relatório, o texto didático, o artigo enciclopédico. Em princípio, o texto dissertativo não
está preocupado com a persuasão e sim, com a
transmissão de conhecimento, sendo, portanto,
um texto informativo.
Os textos argumentativos, ao contrário, têm
por finalidade principal persuadir o leitor sobre
o ponto de vista do autor a respeito do assunto.
EDITORA APROVAÇÃO
Quando o texto, além de explicar, também persuade o interlocutor e modifica seu comportamento,
temos um texto dissertativo-argumentativo.
O texto dissertativo argumentativo tem
uma estrutura convencional, formada por três partes essenciais.
•
introdução, que apresenta o assunto e o
posicionamento do autor. Ao se posicionar,
o autor formula uma tese ou a idéia principal do texto.
Teatro e escola, em princípio, parecem ser
espaços distintos, que desenvolvem atividades complementares diferentes. Em contraposição ao ambiente normalmente fechado da sala de aula e aos
seus assuntos pretensamente “sérios” , o teatro se
configura como um espaço de lazer e diversão. Entretanto, se examinarmos as origens do teatro, ainda na Grécia antiga, veremos que teatro e escola
sempre caminharam juntos, mais do que se
imagina. (tese)
•
desenvolvimento, formado pelos parágrafos que fundamentam a tese. Normalmente, em cada parágrafo, é apresentado
e desenvolvido um argumento. Cada um
deles pode estabelecer relações de causa
e efeito ou comparações entre situações,
épocas e lugares diferentes, pode também
se apoiar em depoimentos ou citações de
pessoas especializadas no assunto abordado, em dados estatísticos, pesquisas, alusões históricas.
O teatro grego apresentava uma função
eminentemente pedagógica. Com suas tragédias,
Sófocles e Eurípides não visavam apenas à diversão
da platéia, mas também, e sobretudo, pôr em discussão certos temas que dividiam a opinião pública
naquele momento de transformação da sociedade
grega. Poderia um filho desposar a própria mãe, depois de ter assassinado o pai de forma involuntária
(tema de Édipo Rei)? Poderia uma mãe assassinar
os filhos e depois matar-se por causa de um relacionamento amoroso (tema de Medéia e ainda atual,
como comprova o caso da cruel mãe americana que,
há alguns anos, jogou os filhos no lago para poder
namorar livremente)?
Naquela sociedade, que vivia a transição dos valores místicos, baseados na tradição religiosa, para
os valores da polis, isto é, aqueles resultantes da formação do Estado e suas leis, o teatro cumpria um
papel político e pedagógico, à medida que punha
Redação e Interpretação de textos 5
em xeque e em choque essas duas ordens de valores e apontava novos caminhos para a civilização
grega. “Ir ao teatro”, para os gregos, não era apenas uma diversão, mas uma forma de refletir sobre
o destino da própria comunidade em que se vivia,
bem como sobre valores coletivos e individuais.
Deixando de lado as diferenças obviamente
existentes em torno dos gêneros teatrais (tragédia,
comédia, drama), em que o teatro grego, quanto
a suas intenções, diferia do teatro moderno? Para
Bertold Brecht, por exemplo, um dos mais significativos dramaturgos modernos, a função do teatro
era, antes de tudo, divertir. Apesar disso, suas
peças tiveram um papel essencial pedagógico
voltadas para a conscientização de trabalhadores e
para a resistência política na Alemanha nazista dos
anos 30 do século XX.
O teatro, ao representar situações de nossa própria vida – sejam elas engraçadas, trágicas,
políticas, sentimentais, etc. – põe o homem a nu,
diante de si mesmo e de seu destino. Talvez na instantaneidade e na fugacidade do teatro resida todo
o encanto e sua magia: a cada representação, a vida
humana é recontada e exaltada. O teatro ensina,
o teatro é escola. É uma forma de vida de ficção que ilumina com seus holofotes a vida real,
muito além dos palcos e dos camarins.
* Conclusão, que geralmente retoma a tese,
sintetizando as idéias gerais do texto ou propondo
soluções para o problema discutido. Mais raramente, a conclusão pode vir na forma de interrogação
ou representada por um elemento-surpresa. No
caso da interrogação, ela é meramente retórica e
deve já ter sido respondida pelo texto. O elemento surpresa consiste quase sempre em uma citação
científica, filosófica ou literária, em uma formulação irônica ou em uma idéia reveladora que surpreenda o leitor e, ao mesmo tempo, dê novos significados ao texto.
Que o teatro seja uma forma alternativa
de ensino e aprendizagem, é inegável. A escola
sempre teve muito a aprender com o teatro, assim
como este, de certa forma, e em linguagem própria,
complementa o trabalho de gerações de educadores,
preocupados com a formação plena do ser humano.
(conclusão).
Quisera as aulas também pudessem ter o encanto do teatro: a riqueza dos cenários, o cuidado
com os figurinos, o envolvimento da música, o bri-
lho da iluminação, a perfeição do texto e a vibração
do público. Vamos ao teatro? (elemento-supresa)
( Teatro e escola: o papel do educador: Ciley Cleto, professora de Português).
Atenção: a linguagem do texto dissertativoargumentativo costuma ser impessoal, objetiva
e denotativa. Mais raramente, entretanto, há a
combinação da objetividade com recursos poéticos,
como metáforas e alegorias. Predominam formas
verbais no presente do indicativo e emprega-se o
padrão culto e formal da língua.
ORDEM LÓGICA
Na dissertação, é importantíssima a ordenação lógica das idéias. Pode-se iniciar o parágrafo
por uma generalização, acrescentando-se-lhe fatos
que a fundamentem, ou partir dos detalhes para
chegar à conclusão.
No parágrafo a seguir, a ordem lógica é evidente. Ele se inicia com uma generalização(tópico
frasal),seguindo-se as especificações que a fundamentam, e termina por uma conclusão claramente
enunciada, em que amplia o sentido da declaração
introdutória:
A mocidade é essencialmente generalizadora. Os casos particulares não interessam. A análise,
exigindo demora e paciência, repugna ao espírito
imediatista da mocidade, que não quer apenas mas
quer já. E quer em linhas gerais que tudo abranjam.
Esse espírito de fácil generalização leva os moços a
concluírem com facilidade e a julgarem de tudo e de
todos com precipitação e vasta dose de suficiência.
Tudo isso, porém, é utilíssimo para os grandes empreendimentos que exigem certa dose de temeridade
para serem levados avante. A mocidade é naturalmente totalitária e as soluções parciais não lhe interessam ou pelo menos não a satisfazem.
(A.Amoroso Lima, Idade, sexo e tempo.p.72).
Como se vê, pelo trecho citado, a ordem lógica depende em grande parte do encadeamento dos
componentes da frase por meio da associação de
idéias. Mas não é ordem apenas verbal ou sintática,
pois implica um processo de raciocínio.
(Othon Garcia, Comunicação em prosa moderna)
EDITORA APROVAÇÃO
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Redação e Interpretação de textos
RESUMO / SÍNTESE
à poluição e apenas onerar as contas públicas.
O resumo é uma condensação fiel das idéias
ou dos fatos contidos num texto. Para reduzir um
texto ao seu esqueleto essencial, não se deve perder
de vista as suas partes principais, a ordem em
que aparecem e a correlação estabelecida entre as
idéias. Não podem ser introduzidos comentários
ou conclusões pessoais. O resumo, com redução
de um texto, deve evitar ser apenas uma colagem
de frases retiradas do original, precisa procurar um
estilo objetivo com vocabulário próprio de quem o
redige. Deve-se flexionar os verbos na 3ª pessoa.
Observe que todo o parágrafo se organiza em
torno do primeiro período, que expõe o ponto de
vista do autor sobre como combater a poluição. O
segundo período desenvolve e fundamenta a idéianúcleo, apontando como cada um dos setores desenvolvidos pode contribuir. O último período
conclui o parágrafo, reforçando a idéia-núcleo.
ESTRUTURANDO O PARÁGRAFO
Além da estrutura global do texto dissertativoargumentativo, é importante conhecer a estrutura
de uma de suas unidades básicas: o parágrafo.
Parágrafo é uma unidade de texto organizada
em torno de uma idéia-núcleo, que é desenvolvida por idéias secundárias. O parágrafo pode ser
formado por uma ou mais frases, sendo seu tamanho variável. No texto dissertativo-argumentativo,
os parágrafos devem estar todos relacionados com
a tese ou idéia principal do texto, geralmente apresentada na introdução.
Embora existam diferentes formas de organização de parágrafos, os textos dissertativo-argumentativos e alguns gêneros jornalísticos apresentam
uma estrutura-padrão. Essa estrutura consiste em
três partes: a idéia-núcleo, as idéias secundárias (que desenvolvem a idéia-núcleo), a conclusão. Em parágrafos curtos, é raro haver conclusão.
Conheça a estrutura-padrão a seguir, observando sua organização interna.
(idéia-núcleo) A poluição, que se verifica
principalmente nas capitais do país, é um problema relevante, para cuja solução é necessária uma
ação conjunta de toda a sociedade.(idéia secundária) O governo, por exemplo, deve rever sua
legislação de proteção ao meio ambiente, ou fazer
valer as leis em vigor; o empresário pode dar sua
contribuição, instalando filtro de controle dos gases
e líquidos expelidos, e a população, utilizando menos o transporte individual e aderindo aos programas de rodízio de automóveis e caminhões, como
já ocorre em São Paulo. (conclusão) Medidas que
venham a excluir qualquer um desses três setores
da sociedade tendem a ser inócuas no combate
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Elemento Relacionador
Esse elemento não é obrigatório, mas geralmente está presente a partir do segundo parágrafo;
visa a estabelecer um encadeamento lógico entre as
idéias e serve de “elo” entre o parágrafo entre si e o
tópico que o antecede.
Exemplo de um parágrafo e suas divisões:
“Nesse contexto, é um grave erro a liberação
da maconha, pois provocará de imediato violenta
elevação do consumo; o Estado perderá o precário
controle que ainda exerce sobre as drogas psicotrópicas e nossas instituições de recuperação de viciados não terão estrutura suficiente para atender à
demanda. Enfim, viveremos o caos.”
(Alberto Corazza, Isto É, com adaptações)
Elemento relacionador : Nesse contexto.
Tópico frasal: é um grave erro a liberação da
maconha.
Desenvolvimento: Provocará de imediato
violenta elevação do consumo. O Estado perderá o precário controle que ainda exerce sobre
as drogas psicotrópicas e nossas instituições de
recuperação de viciados não terão estrutura suficiente para atender à demanda
Conclusão: Enfim, viveremos o caos.
(Obra consultada: MOURA,Fernado. Nas Linhas e Entrelinhas, 6ª edição, 2004. Ed.Vestcon)
OUTRAS FORMAS DE ESTRUTURAÇÃO DE
PARÁGRAFO
1. Retomada da palavra-chave
a) O contribuinte brasileiro precisa receber um
melhor tratamento das autoridades fiscais.
b) Ele é vítima constante de um Leão sempre
descontente de sua mordida.
Redação e Interpretação de textos 7
c) Não há ano em que se sinta a salvo.
d) É sempre surpreendido por novas regras,
novas alíquotas, novos assaltos ao seu bolso.
A palavra-chave do parágrafo é contribuinte
brasileiro (frase A), ela é retomada nas frases seguintes pelo mecanismo de coesão. Na frase B, contribuinte brasileiro é substituído pelo pronome ele.
Nas frases C e D, aparece como sujeito oculto de se
sinta e de é sempre surpreendido.
Em resumo: O termo contribuinte está presente em todos os enunciados; basta retomar a palavrachave a cada frase (sem repeti-la), acrescentando
sempre uma informação nova a seu respeito. Um
texto todo escrito dessa forma se tornaria monótono e o leitor logo se cansaria.
2. Por encadeamento
a) A Receita Federal precisa urgentemente estabelecer regras constantes que facilitem a
vida do brasileiro.
b) Essas regras não podem variar ao sabor da
troca de ministros.
c) Cada um que entra se acha no direito de alterar o que foi feito anteriormente.
A estrutura do parágrafo é diferente do anterior. A frase B retoma a palavra regras da frase A, e a
frase C retoma ministros (cada um) da frase B, num
encadeamento de frase para frase. Por esse método,
o parágrafo pode prolongar-se até onde acharmos
conveniente. A escolha da palavra a ser retomada é
puramente pessoal.
3. Por divisão
a) Agindo assim, a única coisa que se faz de
concreto é perpetuar dois tipos de contribuintes que bem conhecemos.
b) O que paga em dia seus tributos e o que sonega a torto e a direito.
c) Enquanto este continua livre de qualquer
punição, aquele é vítima de impostos cada
vez maiores.
d) A impressão que se tem é de que mais vale
ser desonesto que honesto.
Nesse tipo de estrutura, a frase inicial delimita o campo explanatório ao dividir os contribuintes
em dois tipos. Quando isso acontece, o desenvolvi-
mento do parágrafo restringe-se a explicar os componentes dessa divisão. A frase B esclarece quais
são esses dois tipos de contribuintes. A frase C explica o que acontece com cada um deles. E a frase D
conclui o assunto.
4. Por recorte
a) Se o brasileiro é empurrado para a sonegação é porque há razões muito fortes para
isso.
b) Ninguém sabe para onde vai o dinheiro arrecadado.
c) O que deveria ser aplicado na educação e na
saúde some como por milagre ninguém sabe
onde.
d) Há muitos anos que não se fazem investimentos em transportes.
e) Grande parte da população continua sofrendo por falta de moradia.
f ) Paga-se muito imposto em troca de nada.
A frase que inicia o parágrafo tem sentido muito amplo. A palavra razões leva-nos a pensar muita
coisa de uma só vez. Quando isso acontece, devemos
fazer um recorte nas idéias que ela suscita, escolher
apenas um ângulo para ser explorado, fazendo uma
enumeração dos exemplos mais pertinentes. As frases seguintes (C,D e E) exemplificam as áreas para as
quais deveria convergir o imposto. A frase F conclui,
afirmando que há tanta sonegação.
Com intenção puramente didática, foram passadas algumas formas de se construir um parágrafo. O ideal é combinar com habilidade no mesmo
parágrafo duas técnicas diferentes, usar estrutura
mista, conforme o exemplo seguinte:
Todos nós lidamos diariamente com os números. Todavia, poucos são aqueles que percebem
que os números têm um sentido muito mais amplo
que o de simples instrumento de medição. Na verdade, os números têm características e significados
que lhes são próprios. A compreensão dessas características e significados leva a um caminho de
descoberta, ainda que apenas de autodescoberta.
Esse caminho, quando acertado, pode trazer grande
compensação em termos de felicidade e sucesso.
(Obra consultada: Roteiro de Redação, Antonio Carlos
Viana(coord.))
EDITORA APROVAÇÃO
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Redação e Interpretação de textos
SUGESTÃO DE PRODUÇÃO DE TEXTO
COM BASE EM ESQUEMAS
Os esquemas apresentados a seguir servirão de
roteiro para a estruturação de seu texto dissertativo. Ao selecionar os seus argumentos, você deve
articular as suas idéias com coerência seqüencial e
consistência argumentativa.
ESQUEMA BÁSICO DA DISSERTAÇÃO
Esquema de dissertação nº 1
1º parágrafo: TEMA + argumento 1 + argumento 2 +argumento 3
2° parágrafo :desenvolvimento do argumento 1
3° parágrafo: desenvolvimento do argumento 2
4° parágrafo: desenvolvimento do argumento 3
5° parágrafo: expressão inicial + reafirmação do
tema + observação final.
EXEMPLO:
TEMA: Chegando ao terceiro milênio, o homem
ainda não conseguiu resolver graves problemas que
preocupam a todos.
POR QUÊ?
*arg. 1: Existem populações imersas em completa miséria.
*arg. 2: A paz é interrompida freqüentemente
por conflitos internacionais.
*arg. 3: O meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequilíbrio ecológico.
Texto definitivo
Chegando ao terceiro milênio, o homem ainda não conseguiu resolver os graves problemas
que preocupam a todos, pois existem populações
imersas em completa miséria, a paz é interrompida freqüentemente por conflitos internacionais
e, além do mais, o meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequilíbrio ecológico.
Embora o planeta disponha de riquezas incalculáveis – estas, mal distribuídas, quer entre Estados, quer
entre indivíduos – encontramos legiões de famintos
em pontos específicos da Terra. Nos países do Terceiro
Mundo, sobretudo em certas regiões da África, vemos
com tristeza, a falência da solidariedade humana e da
colaboração entre as nações.
Além disso, nesta últimas décadas, temos assistido, com certa preocupação, aos conflitos in-
EDITORA APROVAÇÃO
ternacionais que se sucedem. Muitos trazem na
memória a triste lembrança das guerras do Vietnã e
da Coréia, as quais provocaram grande extermínio.
Em nossos dias, testemunhamos conflitos na antiga Iugoslávia, em alguns membros da Comunidade
dos Estados Independentes, sem falar da Guerra do
Golfo, que tanta apreensão nos causou.
Outra preocupação constante é o desequilíbrio ecológico, provocado pela ambição desmedida de alguns, que promovem desmatamentos desordenados e poluem as águas dos rios. Tais atitudes
contribuem para que o meio ambiente, em virtude
de tantas agressões, acabe por se transformar em
local inabitável.
Em virtude dos fatos mencionados, somos levados a acreditar que o homem está muito longe de
solucionar os graves problemas que afligem diretamente uma grande parcela da humanidade e indiretamente a qualquer pessoa consciente e solidária.
É desejo de todos nós que algo seja feito no sentido
de conter essas forças ameaçadoras, para podermos
suportar as adversidades e construir um mundo
que, por ser justo e pacífico, será mais facilmente
habitado pelas gerações vindouras.
Sugestão de exercício:
TEMA: Em todo o mundo, verifica-se um
aumento generalizado da violência.
AS RELAÇÕES DE CAUSA E CONSEQÜÊNCIA
Esquema de dissertação n° 2
1° parágrafo: apresentação do TEMA (com ligeira
ampliação)
2° parágrafo: Causa (com explicações adicionais)
3° parágrafo: Conseqüência (com explicações
adicionais)
4° parágrafo: Expressão inicial + reafirmação do
TEMA + observação final.
Para encontrarmos uma causa, perguntamos
POR QUÊ? ao tema.
No sentido de encontrar uma conseqüência
para o problema enfocado no tema, cabe a seguinte
pergunta: O QUE ACONTECE EM RAZÃO DISSO?
Redação e Interpretação de textos 9
EXEMPLO 1:
TEMA: O Brasil tem enfrentado, nestes últimos
anos, gravíssimos problemas econômicos.
CAUSA: Nosso país contraiu uma dívida externa de proporções incalculáveis.
CONSEQÜÊNCIA: Durante muito tempo canalizaremos uma enorme verba para o pagamento dessa dívida, em vez de utilizar esse capital em
obras que beneficiem a população.
EXEMPLO 2:
TEMA: A maior parte da classe política brasileira não goza de muito prestígio e confiabilidade
por parte da população.
CAUSA: A maioria dos parlamentares preocupa-se muito mais com a discussão dos mecanismos
que os fazem chegar ao poder do que com os problemas reais da população.
CONSEQÜÊNCIA: Os grandes problemas que
afligem o povo brasileiro deixam de ser convenientemente discutidos.
Sugestão de exercício:
TEMA: O aumento dos preços tem sido superior ao reajuste salarial concedido aos trabalhadores.
A ABORDAGEM DE TEMAS POLÊMICOS
Esquema de dissertação nº 3
1° parágrafo: apresentação do TEMA.
2° parágrafo: análise dos aspectos favoráveis.
3º parágrafo: análise dos aspectos contrários.
4° parágrafo: expressão inicial + posicionamento pessoal em relação ao TEMA + observação final.
para o planejamento da sua prole. Assim, os pais,
impedindo o crescimento exagerado de cada família, teriam melhores condições de subsistência.
ASPECTOS CONTRÁRIOS: Ao Estado cabe,
em vez de tentar impor o controle da natalidade,
criar condições satisfatórias de vida para as famílias pobres que possuem um grande número de filhos, principalmente em países de grande extensão
territorial e de áreas ainda não ocupadas.
EXEMPLO 2
TEMA:Deveríamos permitir que os jovens maiores de dezesseis anos pudessem conseguir a carteira
de habilitação, mediante a permissão dos pais.
ASPECTOS FAVORÁVEIS: Muitos adolescentes, aos dezesseis anos, encontram-se capacitados
para dirigir veículos dos mais diferentes tipos. Apresentam-se por vezes como excelentes motoristas,
melhores até que muitos que já ultrapassaram a
idade exigida pela lei atual.
ASPECTOS
CONTRÁRIOS:
Embora o
adolescente(dentro da faixa etária compreendida
entre dezesseis e dezoito anos) possa apresentar-se
apto para a condução de veículos, poderiam faltarlhe, pelas condições psicológicas que caracterizam
a adolescência, certos pré-requisitos indispensáveis
para a obtenção da carteira de habilitação. Entre
eles citamos: senso de responsabilidade e equilíbrio
emocional constante.
Sugestão de exercício:
TEMA: O alto índice de criminalidade, em
nossos dias, deve-se basicamente às péssimas
condições de vida da maioria dos brasileiros.
A RETROSPECTIVA HISTÓRICA
Esquema de dissertação n° 4
1º parágrafo: estabelecimento do TEMA
EXEMPLO 1
TEMA: O controle da natalidade é de fundamental importância nos países subdesenvolvidos.
ASPECTOS FAVORÁVEIS: Nos países onde
grande parte da população vive em estado de miséria absoluta, é imprescindível que o governo possibilite às famílias carentes os mecanismos necessários
2° parágrafo: retrospectiva histórica (época
mais distante)
3° parágrafo: retrospectiva histórica (época
mais próxima e época atual)
4° parágrafo: expressão inicial + retomada do
TEMA (agora sob uma perspectiva histórica)
EDITORA APROVAÇÃO
10
Redação e Interpretação de textos
EXEMPLO:
TEMA: A mulher tem conseguido um grande
avanço na luta pela sua emancipação, em nossa sociedade.
ÉPOCA MAIS DISTANTE: No passado, a mulher não tinha qualquer direito a uma participação
maior na vida socioeconômica de sua comunidade.
Seu papel era limitado às funções domésticas.
ÉPOCA MAIS PRÓXIMA: Foi somente neste
século que conseguiu firmar-se como um ser participante. Adquiriu o direito de instruir-se, de votar,
de ocupar postos governamentais, podendo prestar
sua colaboração na construção de uma nova sociedade.
Sugestão de exercício:
TEMA: A capacidade destrutiva do homem
cresce na exata proporção em que a Ciência
possibilita o avanço tecnológico.
(Técnicas Básicas de Redação, Branca Granatic)
CONSTRUINDO O TEXTO
A ARTICULAÇÃO DOS PARÁGRAFOS
Na organização de um texto, é fundamental a
interligação entre os parágrafos. São eles que conduzem nosso processo reflexivo. Funcionam como
partes de um todo e devem articular-se de forma
perfeita para que a informação não se disperse.
1. Articulação por desmembramento do
primeiro parágrafo
Tomemos o texto de Bertrand Russell, “Minha
Vida” , a fim de melhor aprendermos a forma como
ele está construído:
rei-o, também, porque abranda a solidão - aquela
terrível solidão em que uma consciência horrorizada observa, da margem do mundo, o insondável e
frio abismo sem vida. Procurei-o, finalmente, porque na união do amor vi, em mística miniatura, a
visão prefigurada do paraíso que santos e poetas
imaginaram. Isso foi o que procurei e, embora pudesse parecer bom demais para a vida humana, foi
o que encontrei.
Com igual paixão busquei o conhecimento. Desejei conhecer o coração dos homens. Desejei saber
por que as estrelas brilham. E tentei apreender a
força pitagórica pela qual o número se mantém acima do fluxo. Um pouco disso, não muito, encontrei.
Amor e conhecimento, até onde foram possíveis, conduziram-me aos caminhos do paraíso. Mas
a compaixão sempre me trouxe de volta à Terra.
Ecos de gritos de dor reverberam em meu coração.
Crianças famintas, vítimas torturadas por opressores, velhos desprotegidos - odiosa carga para seus
filhos - e o mundo inteiro de solidão, pobreza e dor
transformam em arremedo o que a vida humana poderia ser. Anseio ardentemente aliviar o mal, mas
não posso, e também sofro.
Isso foi a minha vida. Achei-a digna de ser vivida e vivê-la-ia de novo com a maior alegria se a
oportunidade me fosse oferecida.
O texto é constituído de cinco parágrafos que
se encadeiam de forma coerente, a partir das palavras-chave vida e paixões do primeiro parágrafo:
Palavras-chave:
1º parágrafo - vida / paixões
2º parágrafo - amor
3º parágrafo - conhecimento
Três paixões, simples mas irresistivelmente
fortes, governaram minha vida:o desejo imenso de
amor, a procura do conhecimento e a insuportável
compaixão pelo sofrimento da humanidade. Essas
paixões, como os fortes ventos, levaram-me de um
lado para outro, em caminhos caprichosos, para
além de um profundo oceano de angústia, chegando
à beira do verdadeiro desespero.
4º parágrafo - compaixão
Primeiro busquei o amor, que traz o êxtase êxtase tão grande que sacrificaria o resto de minha
vida por umas poucas horas dessa alegria. Procu-
EDITORA APROVAÇÃO
5º parágrafo - vida
Pode-se dizer que esse é um texto bem estruturado, pois em momento algum Bertrand Russell
foge ao assunto que se propôs desenvolver. Os parágrafos encadeiam-se com naturalidade, fluindo
com clareza para um fim, devido à forma como foram construídos. Tudo está amarrado ao primeiro
parágrafo, que é a base da construção de um texto.
Redação e Interpretação de textos 11
2. Articulação por introdução de elementos novos a cada parágrafo
“ Nascimento e morte do Universo”, de John
Gribbin, vai nos mostrar uma outra maneira de
construir um texto, no que se refere ao encadeamento dos parágrafos:
Os cosmólogos sentem-se hoje muito perto de
poder responder à velha pergunta dos filósofos: de
onde viemos, para onde vamos? Não é necessário
ser um homem de ciência para ter ouvido falar do
BIG BANG, expressão que descreve o nascimento do
Universo sob a forma de uma bola de fogo, há cerca de 15 bilhões de anos. Mas mesmo entre os estudiosos, são poucos os que sabem algo mais acerca
dessa teoria.
A tese que liga o nascimento do Universo a seu
fim deve muito à combinação de duas grandes conquistas da física do século XX: a relatividade geral
e a teoria dos quanta. Pesquisadores como Jayant
Narlikar, da Índia, e Jim Hartle, da Califórnia, assim
como diversos especialista soviéticos, deram sua
contribuição. Mas aquele cujo nome está mais estreitamente associado a essa descoberta é Stephen
Hawking, da Universidade de Cambridge, no Reino
Unido.
Hawking é, certamente, muito conhecido hoje
como o autor de um best-seller sobre a natureza do
tempo, mas também como vítima de uma doença que
o confina a uma cadeira de rodas, podendo comunicar-se apenas com os movimentos de uma das mãos,
da qual se serve para soletrar laboriosamente palavras
e frases com a ajuda de um pequeno computador. Mas
muito antes de ter atingido a celebridade, Hawking já
havia sido reconhecido por seus pares como um dos
mais originais e bem-dotados pensadores de sua geração. Durante 20 anos, seus trabalhos concentraramse no estudo da singularidade - isto é, um ponto de
matéria de densidade infinita e de volume nulo, como
deve existir (segundo a teoria geral da relatividade) no
coração dos buracos negros, ou tal como deve existido
na origem do universo.
O Universo pode ser descrito, na verdade, com
as mesmas equações de um buraco negro. Um buraco negro é uma região no espaço na qual a matéria
está de tal forma concentrada, e exerce uma forma
de atração gravitacional tão poderosa, que a própria
luz não pode se afastar de sua superfície. Os objetos exteriores podem nele aglutinar, mas nada do
que existe em um buraco negro pode ser diretamen-
te percebido do exterior. Um buraco negro pode-se
formar quando uma estrela um pouco mais maciça
que nosso sol, chegando ao fim da vida, contrai-se
sobre si mesma. As equações da relatividade geral
mostram que toda estrela que se “colapsa” no interior de um buraco deve efetivamente se contrair até
o estado final de uma singularidade.
Os estudiosos desconfiam das singularidades, e
mais genericamente das equações contendo quantidades infinitas: eles tendem a considerá-las como
um indício de que há alguma falha em seus cálculos.
Mas, uma vez que a relatividade geral já havia demonstrado brilhantemente sua veracidade, tiveram
que se resignar a aceitar a idéia das singularidades,
das quais ela prediz a existência. É nesse ponto que
Hawking coloca fogo nas cinzas: ele mostra que as
equações em virtude das quais se prova o colapso de
uma estrela produz uma singularidade que levam
igualmente a pensar no nascimento do Universo a
partir de uma singularidade.
As palavras-chave de Gribbin são nascimento do
Universo e Big Bang. Observe que uma dessas palavras aparece sempre direta ou indiretamente a cada
passo do texto. A elas se juntarão outras que darão
especificamente a unidade da cada parágrafo. Vamos
observar como Gribbin foi construindo seu texto:
•
No primeiro parágrafo, ele pergunta de
onde viemos, para onde vamos, e depois
introduz o assunto de que vai tratar:o Big
Bang. Ao final do parágrafo, Gribbin afirma que, entre os estudiosos do assunto, são
poucos os que conhecem algo mais acerca
dessa teoria no nascimento do Universo.
•
O segundo parágrafo começa retomando
essa teoria. Mas, em vez de usar a palavra
teoria, ele preferiu usar o recurso de coesão da palavra quase-sinônima, tese. A essa
tese se associam os nomes de dois pesquisadores: Jayant Narlikar e Jim Hartle. Ao
terminar o parágrafo, Gribbin diz que o
nome que está mais associado a essa nova
teoria sobre o nascimento do Universo é o
físico Stephen Hawking.
•
É com o nome de Hawking que ele começa
o terceiro parágrafo, que só tratará da figura desse físico. Mas, no seu final, já aparece
uma outra palavra - Universo - com a qual
iniciará o parágrafo seguinte.
EDITORA APROVAÇÃO
12
Redação e Interpretação de textos
•
O quarto parágrafo descreve o buraco negro a fim de explicar o Universo. No final
aparece a palavra singularidade, que servirá
de abertura para o quinto parágrafo.
O texto de John Gribbin estende-se por mais quatro páginas, sempre seguindo essa forma de construção: o parágrafo encaminha-se para uma nova palavra
que será o início do seguinte, mas sem perder de vista
as palavras - chave: Big Bang e Universo.
Ao chegar à conclusão, escreve Gribbin:
Desse modo, os cosmólogos responderam à pergunta acerca de onde vem nosso Universo e para
onde vai. Segundo eles, vivemos em um gigantesco buraco negro que encerra todo o cosmo. Surgido do nada
como uma flutuação quântica do vazio, o Universo
continuou sua expansão durante 15 bilhões de anos,
mas em um ritmo bem decrescente. Em um determinado momento de um futuro mais distante, a força da
atração da gravidade dará um fim inevitavelmente a
essa expansão e mudará seu sentido.(...)
Veja que o parágrafo conclusivo retoma o problema suscitado no parágrafo-chave: de onde viemos,
para onde vamos. Gribbin une, assim, as duas pontas
do texto, fechando. É como se o texto desenhasse um
círculo que, depois de sua trajetória, retomasse seu
ponto de origem para alcançar a conclusão.
COESÃO E COERÊNCIA
I - Estrutura Textual Dissertativa
Coesão textual
Todo texto bem escrito obedece a uma hierarquia de informações, que se dividem em parágrafos, isto é, o texto avança em partes semanticamente organizadas de modo que as informações não
se atropelem. Mas o avanço das informações deve
ser costurado, ou então será apenas uma seqüência
avulsa de dados. É como se disséssemos, como no
velho ditado: “uma coisa puxa a outra”.
Para que esta “costura” seja clara e lógica, a língua dispõe de uma série de recursos coesivos, que são
aquelas palavras que estabelecem relação entre o que
foi dito (elementos anafóricos) e o que se vai dizer
(elementos catafóricos) que ligam uma coisa com ou-
EDITORA APROVAÇÃO
tra. Essas palavras são chamadas de relatores.
Preste atenção nas palavras em negrito no texto a seguir:
Pede-se atenção ao teste que se segue. “ Era
uma vez uma terra distante onde todo mundo trabalhava naquilo que mais gostava – e, mesmo assim
só quando acordasse disposto. Nesse lugar, escola e
assistência médica eram gratuitas, ninguém pagava
aluguel e, nas horas de folga, todos se dedicavam à
dança, ao teatro, à música e às artes em geral.”
Veja que em si essas palavras pouco significam
– elas apenas “apontam” para outras palavras. Tais
relatores são elementos extremamente importantes da linguagem escrita: a eles devemos a precisão
e a clareza de um texto.
Os relatores são também fundamentais na costura dos parágrafos. Cada parágrafo novo deve contar com as informações dos parágrafos anteriores,
que não precisam ser repetidas, mas que devem ser
levadas em conta para que o texto não se transforme numa mera colagem de informações avulsas,
sem relação entre si. De alguma forma, o início do
parágrafo seguinte deve relacionar-se com o que foi
dito antes. Por exemplo, o segundo parágrafo de
um texto começa assim: “Quem escolheu a resposta D acertou na mosca (...) “. É claro que isso só faz
sentido para quem já leu o parágrafo anterior. Só
assim sabemos o que é “resposta D”.
Anáfora e Catáfora
Uma das modalidades de coesão é a remissão.
E a coesão pode desempenhar a função de (re)ativação do referente. A reativação do referente no texto
é realizada por meio da referenciação anafórica ou
catafórica, formando-se cadeias coesivas mais ou
menos longas.
A remissão anafórica(para trás) realiza-se
por meio de pronomes pessoais de 3ª pessoa(retos e
oblíquos) e os demais pronomes; também por numerais, advérbios, artigos e outros. Exemplos:
1. A jovem acordou sobressaltada. Ela não
conseguia lembrar-se do que havia acontecido e como fora parar ali.
2. Márcia olhou em torno de si. Seus pais e
seus irmãos observavam-na com carinho.
Redação e Interpretação de textos 13
3. O concurso selecionará os melhores candidatos. O primeiro deverá desempenhar o
papel principal na nova peça.
4. O juiz olhou para o auditório. Ali estavam
os parentes e amigos do réu, aguardando
ansiosos o veredito final.
5. Os quadros de Van Gogh não tinham nenhum valor em sua época. Houve telas que
serviram até de porta de galinheiro. (sinônimos)
6. Glauber Rocha fez filmes memoráveis.
Pena que o cineasta mais famoso do cinema brasileiro tenha morrido tão cedo.
(epíteto-expressão que qualifica a pessoa)
7. O ministro foi o primeiro a chegar. (Ele)
Abriu a sessão às oito horas em ponto e (ele)
fez então seu discurso emocionado.(elipse)
8. Lygia Fagundes Teles é uma das principais
escritoras brasileiras da atualidade. Lygia é
autora de “Antes do baile verde”, um dos melhores livros de contos de nossa literatura.
(repetição de parte do nome)
A remissão catafórica (para a frente) realiza-se preferencialmente através de pronomes demonstrativos ou indefinidos neutros, ou de nomes
genéricos, mas também por meio das demais espécies de pronomes, de advérbios e de numerais.
Exemplos:
1. O incêndio havia destruído tudo: casas,
móveis, plantações.
2. Desejo somente isto: que me dêem a oportunidade de me defender das acusações
injustas.
3. O enfermo esperava uma coisa apenas: o
alívio de seus sofrimentos.
4. Ele era tão bom, o presidente assassinado!
Coerência textual “diz respeito ao modo
como os elementos subjacentes à superfície textual
vêm a constituir, na mente dos interlocutores, uma
configuração veiculadora de sentido.”(KOCK, Ingedore Villaça). É a relação que se estabelece entre as
diversas partes do texto, criando uma unidade de
sentido. Está ligada ao entendimento, à possibili-
dade de interpretação daquilo que se ouve ou lê.
Mas não basta costurar uma frase a outra para dizer
que estamos escrevendo bem. Além da coesão, é
preciso pensar na coerência. É possível escrever um
texto coeso sem ser coerente. Observe:
Os problemas de um povo têm de ser resolvidos pelo presidente. Este deve ter ideais muito
elevados. Esses ideais se concretizarão durante a
vigência de seu mandato. O seu mandato deve ser
respeitado por todos.
Ninguém pode dizer que falta coesão a esse
parágrafo. Mas de que ele trata mesmo? Dos problemas do povo? Do presidente? Do seu mandato?
Fica difícil dizer. Embora ele tenha coesão, não
tem coerência. A coesão não funciona sozinha. No
exemplo acima, teríamos que, de imediato, decidir
qual a sua palavra-chave: presidente ou problemas do povo? A palavra escolhida daria estabilidade ao parágrafo. Sem essa base estável, não haverá
coerência no que se escrever, e o resultado será um
amontoado de idéias.
Enquanto a coesão se preocupa com a parte visível do texto, sua superfície, a coerência vai mais
longe, preocupa-se com o que se deduz do todo.
Na verdade a coerência não está no texto, ela
deve ser construída a partir dele, levando-se, portanto, em conta os recursos coesivos presentes no
texto, funcionando como pistas para orientar o interlocutor na construção do sentido.
A coerência exige uma concatenação perfeita
entre as diversas frases, sempre em busca de uma
unidade de sentido. Não se pode dizer, por exemplo,
numa frase, que o “desarmamento da população
pode contribuir para diminuir a violência”, e ,
na seguinte, escrever: “Além disso, o desemprego
tem aumentado substancialmente”. É evidente
a incoerência existente entre elas.
Assim também é incoerente defender o ponto
de vista contrário a qualquer tipo de violência e ser
favorável à pena de morte, a não ser que não se considere a ação de matar como uma ação violenta.
(Obra consultada: Roteiro de Redação- VIANA, Antônio Carlos -coord. et al)
EDITORA APROVAÇÃO
14
Redação e Interpretação de textos
RELAÇÕES LÓGICAS
O texto de opinião (argumentativo), escrito
para se defender ou para se atacar uma idéia, um
ponto de vista qualquer, trabalha fundamentalmente com relações lógicas. E a língua concretiza
essas relações lógicas através de relatores específicos que estabelecem uma ponte lógica entre o que
se disse e o que se vai dizer: mas, porque, pois, se,
quando, no entanto, apesar de, etc.
Observe esse exemplo:
Os problemas sociais não são resolvidos porque não há vontade política de resolvê-los.
Nesse tipo de relação, apresenta-se um fato (os
problemas sociais não são resolvidos) e a causa (
não há vontade política de resolvê-los) . Observe
que a ordem dos elementos pode ser alterada, o
relator pode ser outro, mas a natureza da relação
(causa e efeito direto) permanece inalterada:
Não há vontade política de resolver os problemas sociais e por isso eles não são resolvidos.
Não esqueça: há muitos modos de marcar essa
relação, além dos populares “ porque” e “por isso”.
Veja mais alguns:
INDICAÇÕES DE CIRCUNSTÂNCIAS – RELAÇÕES DE SENTIDO
Chama-se circunstância a condição particular que
acompanha um fato. Um grupo de palavras pertence a
mesma área semântica, quando elas, num determinado
contexto, têm em comum um traço semântico que as
aproxime.
Circunstância de CAUSA- vocabulário semântico
O processo mais comum de expressarmos as
circunstâncias de causa é nos servirmos de conjunções adverbiais ou palavras que significam causa:
* substantivos: motivo, razão, explicação,
fundamento, desculpa, pretexto, o porquê,
embrião e outros.
* conjunções (e locuções): porque, visto que,
pois, por isso que, já que, uma vez que, porquanto, na medida em que, como, etc.
* preposições(e locuções): por, por causa
de, em vista de, em virtude de, devido a, em
conseqüência de, por motivo de, por razões
de, por falta de, etc.
Circunstância de CONSEQÜÊNCIA, FIM,
CONCLUSÃO
Como não há vontade política de resolver os
problemas sociais, eles não se resolvem.
Se o fato determinante de outro é a sua causa,
esse outro é a sua conseqüência. A conseqüência
desejada é o fim (propósito, objetivo). Verifique os
exemplos seguintes:
Já que não há vontade política, os problemas
sociais não se resolvem.
Causa: Os motoristas fizeram greve porque
desejavam aumento de salário.
Podemos também estabelecer relações de causa e efeito pelo uso de alguns verbos. Veja:
Fim: Os motoristas fizeram greve para conseguir aumento de salário.
Conseqüência: Os motoristas fizeram tantas
greves que conseguiram aumento de salário.
A falta de vontade política impede a solução
dos problemas sociais.
Atenção: Em sentido inverso, partindo-se
da conseqüência, chega-se à causa. Observe:
Decorre da falta de vontade política a ausência
de solução para os problemas políticos.
Causa: Os motoristas conseguiram aumento
de salário, porque fizeram greve.
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Redação e Interpretação de textos 15
Vocabulário semântico de conseqüência, fim e conclusão.
1. FIM, PROPÓSITO, INTENÇÃO
* substantivos: projeto,objetivo, finalidade,
meta, pretensão, etc.
* partículas e locuções: com o propósito
de, com a intenção de, com o fito de, com
o intuito de, de propósito, intencionalmente
– além das preposições para, a fim de, e as
conjunções afim de que, para que.
2. CONSEQÜÊNCIA,
CLUSÃO
RESULTADO,
CON-
•
substantivos: efeito, seqüência, produto,
decorrência, fruto, reflexo, desfecho, desenlace, etc.
•
verbos:decorrer, derivar, provir, vir de, ter
origem em, resultar, promanar, etc.
•
partículas e locuções: pois, por isso, por
conseqüência, conseqüentemente, logo, então, por causa disso, em virtude disso, devido a isso, em vista disso, visto isso, à conta
disso, como resultado, em conclusão, em
suma, em resumo, enfim
PRONOMES RELATIVOS: que – quem - cujo
– onde
Ao empregar um pronome relativo, devemos
ter o seguinte cuidado:
1. Observar a palavra a que ele se refere para
evitar erros de concordância verbal
Encontramos um bom número de pessoas que
estavam reivindicando os mesmos direitos dos vinte
funcionários vitoriosos. (que = as quais- pessoas)
2.Observar o fragmento de frase de que faz parte. Pode haver um verbo ou um substantivo que exija uma preposição. Nesse caso, ela deve preceder o
pronome relativo.
Ninguém conseguiu até hoje esquecer a cilada
de que ele foi vítima. (de que= da qual – cilada). A
preposição de foi exigida pelo substantivo vítima.
As dificuldades a que você se refere são normais
dentro de sua carreira. (a que= às quais – dificuldades). O verbo referir-se pede a preposição a.
Vocabulário semântico na área de oposição
AS TRANSIÇÕES
•
substantivos:antagonismo,polarização,r
eação, resistência, competição, hostilidade,
contraposição, obstáculo, empecilho, óbice
impedimento,objeção, contrapeso
•
verbos: ir de encontro a, defrontarse,enfrentar, reagir, impedir, estorvar, obstar, objetar,opor-se, contrapor-se
•
preposições, locuções prepositivas e
adverbiais: apesar de, a despeito de, sem
embargo de, não obstante, malgrado, ao
contrário, em contraste com, em oposição
a, contra, às avessas.
Alguns dos conectores citados também aparecem iniciando frases, como se fossem uma espécie
de ponte entre um pensamento e outro. O conhecimento desses elementos de transição ajuda a dar
maior organicidade ao pensamento, o que faz o
texto progredir mais facilmente. Saber usar os termos de transição deve ser uma preocupação constante de quem deseja escrever bem. Eles são muito
úteis ao mudarmos de parágrafo porque estabelecem pontes seguras entre dois blocos de idéias.
•
Conjunções:mas, porém, todavia, contudo,
no entanto, entretanto, senão(adversativas);
embora, se bem que, ainda que, posto que, conquanto, em que pese a, muito
embora,mesmo que.
Eis os mais importantes e suas respectivas funções:
1. Afetividade: felizmente, queira Deus, pudera, Oxalá, ainda bem (que).
2. Afirmação: com certeza, indubitavelmente,
por certo, certamente, de fato.
3. Conclusão: em suma, em síntese, em resumo
4. Conseqüência: assim, conseqüentemente,
com efeito.
5. Continuidade: além de, ainda por cima,
bem como, também.
EDITORA APROVAÇÃO
16 Redação e Interpretação de textos
Prática
6. Dúvida: talvez, provavelmente, quiçá.
7. Ênfase: até, até mesmo, no mínimo, no máximo, só.
8. Exclusão: apenas, exceto, menos, salvo, só,
somente, senão.
9. Explicação: a saber, isto é, por exemplo.
10.Inclusão: inclusive, também, mesmo, até.
11. Oposição: pelo contrário, ao contrário de.
12.Prioridade: em primeiro lugar, primeiramente, antes de tudo, acima de tudo, inicialmente.
13.Restrição: apenas, só, somente, unicamente.
14.Retificação: aliás, isto é, ou seja.
15. Tempo: antes, depois, então, já, posteriormente.
Exercícios
1. Os textos abaixo necessitam de conectores para sua coesão. Empregue as partículas que estão entre parênteses no lugar
adequado.
a) Uma alimentação variada é fundamental seu
organismo funcione de maneira adequada.
Isso significa que é obrigatório comer alimentos ricos em proteínas, carboidratos,
gorduras, vitaminas e sais minerais. Esses
alimentos são essenciais. Você esteja fazendo dieta para emagrecer, não elimine
carboidratos, proteínas e gorduras de seu
cardápio. Apenas reduza as quantidades.
Você emagrece sem perder saúde. (assim,
mesmo que, para que)
b) Toda mulher responsável pelos cuidados
de uma casa já teve em algum momento
de sua vida vontade de jogar tudo para o
alto, quebrar os pratos sujos, mandar tudo
às favas, fechar a porta de casa e sair. Já
sentiu o peso desse encargo como uma rotina embrutecedora, que se desfaz vai sendo
feito. Não é feito, nos enche de culpas e
acusações, quando concluído ninguém nota,
a mulher “não faz mais nada que sua obrigação”. (quando, pois, à medida que)
c) Nem sempre é fácil identificar a violência.
Uma cirurgia não constitui violência, visa ao
bem do paciente, é feita com o consentimento do doente. Será violência a operação
for realizada sem necessidade ou o paciente for usado como cobaia de experimento
científico sem a devida autorização. (mas
certamente, se, se, primeiro porque, depois
porque, por exemplo).
EDITORA APROVAÇÃO
2. Reúna as diversas frases num só período
por meio de conjunções e pronomes relativos. Faça as devidas alterações de estrutura.
a) O camembert é um dos queijos mais consumidos no mundo. Só se tornou popular
durante a Primeira Guerra. Conquistou os
soldados nas trincheiras.
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b) As moscas conseguem detectar tudo o que
acontece à sua volta. Têm olhos compostos.
Seus olhos lhes dão uma visão de praticamente 360 graus.
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c) Tratava-se de uma pessoa. Essa pessoa tinha
consciência. Seu lugar só poderia ser aquele.
Lutaria até o fim para mantê-lo.
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d) Ele ficava à cata das pessoas. Queria conversar. As pessoas não lhe davam a menor
atenção.
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e) Ele era auxiliado em suas pesquisas por uma
professora. Ele morava numa pensão. Ele se
casaria mais tarde com essa professora.
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Prática Redação e Interpretação de textos 17
f ) Era um cais de quase dois quilômetros de
extensão. Gostávamos de caminhar ao longo desse cais. O tempo era sempre feio e
chuvoso.
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g) Era um homem de frases curtas. A boca
desse homem só se abria para dizer coisas
importantes. Ninguém queria falar dessas
coisas.
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3. A coesão das frases abaixo está prejudicada por causa da ausência dos pronomes
relativos. Faça a devida conexão, usando as
preposições quando verbo assim o exigir.
a) Enxergo, em atitudes desse tipo, uma questão mais profunda, é a falta de consciência
profissional. Uma sociedade acontecem casos assim nunca será respeitada.
b) A escola é o lugar podem sair futuros cidadãos conscientes se poderá construir uma
nação mais crítica de si mesma.
c) O lixo doméstico a maioria dos países não
reaproveita é um dramático problema. Imaginemos então o lixo atômico não há espaço. Ainda não se chegou a uma tecnologia
adequada para manuseá-lo. Outra questão
muito séria é a do lixo industrial poucos
sabem lidar. São vinte bilhões de toneladas
por ano temos de nos livrar.
d) O arrocho salarial certos governantes tanto
insistem leva o trabalhador ao desespero.
Além disso, os juros os comerciantes tanto
se queixam anulam as vias de crédito. Este
perverso quadro econômico todos vivenciamos há anos não pode continuar indefinidamente.
e) O envolvimento de menores de ambos os
sexos na prática de crimes é uma verdade
não podemos fugir. Os poderes constituídos
deveriam parar e refletir sobre esse fato os
jornais enchem suas páginas diariamente.
De nada adiantou o Estatuto da Criança e
do Adolescente muitos delinqüentes adultos
se valem para incitar menores à prática de
roubos e assassinatos.
f ) Falta dinheiro para tudo no Brasil, mas as
mordomias continuam. A verdade é que os
impostos o governo mantém sua máquina
emperrada são mal empregados. Há notícias
de que órgãos públicos compram copos de
cristal, talheres de prata, porcelanas finas, luxos não querem abrir mão, mesmo sabendo
das dificuldades o povo passa.
g) As pedras portuguesas a prefeitura do Rio
calçou algumas ruas do centro vivem se
soltando. Isto é resultado do trabalho de
calceteiros incompetentes serviços foram
contratados sem nenhum rigor. As ruas se
transformaram numa verdadeira armadilha
você pode torcer o pé ou deixar o salto de
seu sapato.
USO DO “ONDE”
No padrão escrito, a referência de “onde” é
sempre, obrigatoriamente, lugar, espaço.
Observe os exemplos:
Ninguém sabe onde foi parar o dinheiro.(em
que lugar)
Onde fica a praça?(em que lugar)
O policial sabe onde aconteceu o crime, mas
não diz.( em que lugar).
Observe agora o caso em que a palavra Onde
faz referência a alguma coisa que está escrita no
texto.
Abri o cofre onde estava o dinheiro.(em que, no
qual – onde = cofre)
Nos bairros periféricos, onde a pobreza é maior,
a saúde pública não chega.(em que, nos quais- onde
= nos bairros periféricos)
No padrão escrito, muitas vezes o onde traz
junto a preposição exigida pelo verbo, independentemente se faz referência a algo fora do texto ou a
algo que está escrito no texto.
Confira:
Ninguém sabe de onde ele tirou esse dinheiro
.(de que lugar)
Ele explicou por onde a estrada vai passar.(por
que lugar)
O encanador soldou a fenda por onde a água
escapava.(onde = fenda)
EDITORA APROVAÇÃO
18 Redação e Interpretação de textos
Prática
Exercícios
Junte os grupos de orações seguintes usando a palavra onde, de acordo com o padrão
escrito.
1. Ele subiu distraído a arquibancada. Os torcedores estavam se matando na arquibancada.
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2. Fulano vivia no mundo dos sonhos. No mundo dos sonhos não se pagava imposto.
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3. O gato se escondeu na gaveta. O gato não
queria sair da gaveta.
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4. O guarda estava exatamente naquele corredor. Por aquele corredor o assaltante passou.
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5. O ministro entrou no salão. Todos os convidados correram para o salão.
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Exercícios
Nos períodos, elimine os “QUÊS”, alterando a
estrutura fraseológica correspondente, como
no modelo:
Modelo: Espero que me respondas a fim de
que se esclareçam as dúvidas que dizem
respeito ao assunto que está sendo discutido.
R.: Espero me responderes a fim de se esclarecerem as dúvidas do assunto ora em discussão.
EDITORA APROVAÇÃO
1. Quando chegaram, pediram-me que devolvesse os livros que me foram emprestados
por ocasião dos exames que se realizaram
no fim do ano que passou.
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2. Solicitei-lhe que repetisse o recado que lhe
transmitira por telefone, mas ele desligou
sem que me desse maiores explicações.
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3. Camões, que é autor do maior poema épico
que já se escreveu em Língua Portuguesa,
deixou também uma série de sonetos que
são considerados como obra-prima do gênero.
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4. O diretor determinou que a prova fosse
adiada até que se apurassem as irregularidades que o inspetor denunciara.
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5. É indispensável que se conheça o critério
que se adotou para que sejam corrigidas
as provas que se realizaram ontem, a fim
de que se tomem providências que forem
julgadas necessárias.
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6. Creio que tenhamos que suportar as exigências que ela faz.
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Prática Redação e Interpretação de textos 19
7. Sinto que estão acontecendo fatos que poderiam ser evitados.
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8. Quando terminou a sessão, percebi que tinha desperdiçado uma oportunidade que
há muito tempo procurávamos.
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9. As promessas que se faziam ali indicavam
que o novo governo tinha nítido perfil populista.
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10. Se fossem executadas as obras que o candidato prometera, o município assumiria dívidas que várias gerações não conseguiriam
saldar.
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O VOCABULÁRIO
A língua é um código. Se desconhecermos
este código, jamais poderemos escrever de forma
expressiva. Um dos “vícios” mais comuns em quem
possui vocabulário reduzido é o emprego indiscriminado / repetitivo da palavra coisa: “Você comprou essa coisa?!” “Vamos coisar?” , “Que coisa!!”.
Evite esta impropriedade. Utilize o termo
correto. Como treino, sugerimos várias frases, substitua em cada uma delas a palavra
“coisa” por um vocábulo adequado.
1. A mulher do século XXI está pronta para
assumir qualquer coisa.
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2. O casamento é uma coisa que passa por
uma crise.
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3. O homem precisa coisar as exigências de
seu egoísmo.
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4. A juventude é uma coisa muito complexa.
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5. Devemos estar conscientes das coisas de
nosso caminho.
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6. Milhões de brasileiros sofrem com as coisas
da seca.
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7. O teatro proporciona-nos coisas sensacionais.
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8. O futuro da humanidade promete coisas
fantásticas.
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EDITORA APROVAÇÃO
20
Redação e Interpretação de textos
ESPELHO DA AVALIAÇÃO DA PROVA DISCURSIVA- MODELO CESPE/UnB
Aspectos macroestruturais
nota obtida faixa de valores
APRESENTAÇÃO TEXTUAL
Legibilidade
x
(0,00 a 2,00)
Respeito às margens e indicação de parágrafos
x
(0,00 a 2,00)
Introdução adequada ao tema/posicionamento
x
(0,00 a 4,00)
Desenvolvimento
x
(0,00 a 4,00)
Fechamento do texto de forma coerente
x
(0,00 a 4,00)
ESTRUTURA TEXTUAL (dissertativa)
DESENVOLVIMENTO DO TEMA
Estabelecimento de conexões lógicas entre os argumentos x
(0,00 a 4,00)
Objetividade de argumentação frente ao tema/posicionamento
x
(0,00 a 4,00)
x
(0,00 a 4,00)
Estabelecimento de uma progressividade textual em relação
à seqüência lógica do pensamento
Aspectos microestruturais
Tipo de erro
123456789 0123456789 0123456789 0123456789 0123456
Pontuação
Construção do período
Emprego de conectores
Concordância nominal
Concordância verbal
Regência nominal
Regência verbal
Grafia/acentuação
Repetição/omissão vocabular
Outros
Nota no conteúdo (NC)
NC=5 : 28 x (soma das notas dos quesitos)
Número de linhas efetivamente ocupadas (TL)
Número de erros (NE)
NOTA DA PROVA DISCURSIVA (NPD): NPD=NC – 3 x NE : TL
Anotações
EDITORA APROVAÇÃO
Redação e Interpretação de textos 21
II - ESTRUTURA TEXTUAL DISSERTATIVA
Bases Conceituais
tadas no caderno da prova discursiva.
- registros indevidos: anotações do tipo
“fim” , “the end”, “O senhor é meu pastor,
nada me faltará” ou recados ao examinador,
rubricas e desenhos.
PARTE I – O conteúdo da redação
Apresentação Textual
- Legibilidade;
Legibilidade e erro: escreva sempre com letra
legível. Prefira a letra cursiva. A letra de imprensa poderá ser usada desde que se distinga bem as
iniciais maiúsculas e minúsculas. No caso de erro,
risque com um traço simples, o trecho ou o sinal
gráfico e escreva o respectivo substituto.
Atenção: não use parênteses para esse fim.
- Respeito às margens e indicação dos parágrafos;
Para dar início aos parágrafos, o espaço de mais
ou menos dois centímetros é suficiente. Observe
as margens esquerda e direita na folha para o texto
definitivo. Não crie outras. Não deixe “buracos” no
texto. Na translineação, obedeça às regras de divisão silábica.
-Limite máximo de linhas;
Além de escrever seu texto em local devido (folha definitiva), respeite o limite máximo de linhas
destinadas a cada parte da prova, conforme orientação da banca. As linhas que ultrapassarem o limite
máximo serão desconsideradas ou qualquer texto
que ultrapassar a extensão máxima será totalmente
desconsiderado.
-Eliminação do candidato;
Seu texto poderá ser desconsiderado nas seguintes situações:
- ultrapassagem do limite máximo de linhas.
- ausência de texto: quando o candidato
não faz seu texto na FOLHA PARA O TEXTO DEFINITIVO.
- fuga total ao tema: analise cuidadosamente
a proposta apresentada. Estruture seu texto
em conformidade com as orientações explici-
a) Estrutura Textual Dissertativa
Não dê título ao texto, começa na linha 1 da
folha definitiva o seu parágrafo de introdução.
b.1) Introdução adequada ao tema / posicionamento
Apresenta a idéia que vai ser discutida, a tese
a ser defendida. Cabe à introdução situar o leitor
a respeito da postura ideológica de quem o redige
acerca de determinado assunto. Deve conter a tese
e as generalidades que serão aprofundadas ao
longo do desenvolvimento do texto. O importante
é que a sua introdução seja completa e esteja em
consonância com os critérios de paragrafação. Não
misture idéias.
b.2) Desenvolvimento
Apresenta cada um dos argumentos ordenadamente, analisando detidamente as idéias e exemplificando de maneira rica e suficiente o pensamento.
Nele, organizamos o pensamento em favor da tese.
Cada parágrafo (e o texto) pode ser organizado de
diferentes maneiras:
- Estabelecimento das relações de causa e
efeito: motivos, razões, fundamentos, alicerces, os porquês/ conseqüências, efeitos,
repercussões, reflexos;
- Estabelecimento de comparações e contrastes: diferenças e semelhanças entre
elementos – de um lado, de outro lado,em
contraste, ao contrário;
- Enumerações e exemplificações: indicação
de fatores, funções ou elementos que esclarecem ou reforçam uma afirmação.
b.3) Fechamento do texto de forma coerente
Retoma ou reafirma todas as idéias apresentadas e discutidas no desenvolvimento, tomando
uma posição acerca do problema, da tese. É também um momento de expansão, desde que se mantenha uma conexão lógica entre as idéias.
EDITORA APROVAÇÃO
22
Redação e Interpretação de textos
c)Desenvolvimento do Tema
c.1) Estabelecimento de conexões lógicas
entre os argumentos.
Apresentação dos argumentos de forma ordenada, com análise detida das idéias e exemplificação de maneira rica e suficiente do pensamento.
Para garantir as devidas conexões entre períodos,
parágrafos e argumentos, empregar os elementos
responsáveis pela coerência e unicidade, tais como
operadores de seqüenciação, conectores, pronomes. Procurar garantir a unidade temática.
c.2) Objetividade de argumentação frente
ao tema / posicionamento
O texto precisa ser articulado com base nas informações essenciais que desenvolverão o tema proposto. Dispensar as idéias excessivas e periféricas.
Planejar previamente a redação definindo antecipadamente o que deve ser feito. Recorrer ao banco
de idéias é um passo importante. Listar as idéias
que lhe vier à cabeça sobre o tema.. Estabelecer a
tese que será defendida. Selecionar cuidadosamente entre as idéias listadas, aquelas que delimitarão o
tema e defenderão o seu posicionamento.
c.3) Estabelecimento de uma progressividade textual em relação à seqüência lógica do
pensamento.
O texto deve apresentar coerência seqüencial
satisfatória. Quando se proceder à seleção dos argumentos no banco de idéias, deve-se classificálos segundo a força para convencer o leitor, partindo dos menos fortes parta os mais fortes.
PARTE II – Forma
Antes de passar a limpo o texto, convém fazer
uma cuidadosa revisão gramatical, que deverá ser
repetida também com a redação já pronta.
Observar especialmente pontuação, ortografia, acentuação, concordância, regência, construção do período e emprego de conectores.
No tocante à construção do período, tome alguns cuidados que ajudarão a melhorar sua redação. Escrever exige paciência e um trabalho contínuo com a palavra.
A FRASE
1. Extensão
Escreva sempre frases curtas, que não ultrapassem duas ou três linhas, mas também não caia no
oposto, escrevendo frases curtas demais. Uma frase
de boa extensão evita que você se perca. Seja objetivo. Exemplo.
A crise de abastecimento de álcool não é apenas
resultado da incompetência e irresponsabilidade
das agências governamentais que deveriam tratar
do assunto, pois ela também foi causada por outro
vício de origem que foi no primeiro caso os organismos do governo encarregados de gerir os destinos
do Proálcool que foram pouco a pouco sendo apropriados pelos setores que eles deveriam controlar,
se transformando em instrumento de poder desses
mesmos setores que através deles passaram a se
apropriar de rendas que não lhe pertenciam.
Quando chegamos ao final da frase, não lembramos o que estava no seu início. O que fazer? Antes de tudo, ver quantas idéias existem aí e separálas.
Uma possível redação para esse texto seria:
A crise no abastecimento do álcool não resulta
apenas da incompetência e da irresponsabilidade do
governo. Ela é também causada por certos vícios que
rondam o poder. Os órgãos responsáveis pelo destino do Proálcool se eximem de controlá-lo com rigor.
Disso resulta uma situação estranha: os órgãos do
governo passam a ser dominados justamente pelos
setores que deveriam controlar. Transformam-se
assim em instrumentos de poder de usineiros que se
apropriam do erário.
2. Fragmentação
Nunca interrompa seu pensamento antes dos
pronomes relativos, gerúndios, conjunções subordinativas.
ERRADO:
O carro ficou estacionado no shopping. Onde
tínhamos ido fazer compras.
O Detran tem aumentado sua receita. Multando carros sem nenhum critério.
EDITORA APROVAÇÃO
Redação e Interpretação de textos 23
Ele tem lutado para manter o status. Uma vez
que perdeu quase toda a fortuna.
Certo:
As mesmas orações sem ponto final, apenas o
emprego da vírgula.
3. Pronome Relativo
Não transforme sem necessidade o pronome
relativo QUE em o qual, a qual , os quais, as quais.
Só o faça quando houver ambigüidade, como neste
exemplo:
Encontramos a filha do fazendeiro que perdeu
todo o dinheiro na Bolsa.
Nesse caso, o QUE pode referir-se tanto à filha
quanto ao fazendeiro.
4. Onde / Aonde
1) Só se deve usar onde quando se referir a lugar.
5. Poluição Gráfica
Não escreva um texto “manchado” , cheio de
travessões, aspas, exclamações, interrogações. O
que dizer de uma seqüência como esta:
Será que Deus é mesmo brasileiro? Então viva o
Brasil! mas pelo visto...
6. Ponderações
Não generalize. Frases do tipo Todo político é
corrupto só fazem dizer que a pessoa escreve irrefletidamente.
7. Emprego exaustivo de Gerúndio
“O contribuinte brasileiro está precisando receber
um melhor tratamento das autoridades fiscais , sendo
ele vítima constante de um Leão sempre descontente
de sua mordida, não se sentindo a salvo e sendo sempre surpreendido por novas regras, novas alíquotas,
assaltando, o seu bolso”. (Observe que , além de constituir um recurso estilístico inadequado, o gerúndio
promove ambigüidade e defeitos de conexão, caso não
seja empregado com propriedade.)
O país onde nasci fica muito distante.
Melhor dizer:
Nos demais casos, use em que
São muito convincentes os argumentos em que
você se baseia.
2)Só se deve usar aonde, quando a regência do
verbo assim o exigir.
Aonde iremos à noite? (ir a) / Aonde você pretende chegar ?(chegar a)
* Não use onde para se referir a datas.
Isto aconteceu nos anos 70, onde houve uma
verdadeira revolução de costumes.
Melhor dizer:
Isto aconteceu nos anos 70, quando houve uma
verdadeira revolução de costumes.
“O contribuinte brasileiro precisa receber um
melhor tratamento das autoridades fiscais. Ele é vítima constante de um Leão sempre descontente de
sua mordida, não há ano em que se sinta a salvo. É
sempre surpreendido por novas regras, novas alíquotas, novos assaltos ao seu bolso.”
IMPORTANTE: MAU USO DO GERÚNDIO
Novo vício de linguagem – o gerundismo –
ameaça tomar conta do nosso idioma. O motivo da
discórdia é o uso do verbo “estar” , acompanhado do
gerúndio, para designar uma ação no futuro, como
“vou estar te ligando” ou “estaremos abrindo”.
“Sinceramente: nossa paciência está estando a ponto de estar estourando. O próximo “Eu vou estar
transferindo a sua ligação” que eu vá estar ouvindo pode estar provocando alguma reação violenta
da minha parte. Eu não vou estar me responsabilizando pelos meus atos. As pessoas precisam estar
entendendo a maneira como esse vício maldito conseguiu estar entrando na linguagem do dia-a-dia”.
(excerto de Ricardo Freire)
EDITORA APROVAÇÃO
24
Redação e Interpretação de textos
Observe o exemplo :
8. Emprego exaustivo do conectivo QUE
É indispensável que se conheça o critério que
se adotou para que sejam corrigidas as provas que
se realizaram ontem, a fim de que se tomem providências que forem julgadas necessárias.
Melhor dizer:
É indispensável conhecer o critério adotado
para a correção das provas realizadas ontem, a fim
de se tomarem as providências (julgadas) necessárias.
9. Paralelismos: a função do paralelismo é
veicular informações novas através de determinada
estrutura sintática que se repete, fazendo o texto
progredir de forma precisa.
Tomemos a seguinte frase:
Falava-se da chamada dos conservadores ao
poder e da dissolução da Câmara.
O conector E soma duas informações vinculadas ao verbo falar (falava-se de)
Assim, os termos de mesma função devem ser
construídos a partir da mesma forma gramatical.
Observe o exemplo:
“Ele cometeu dois erros: o primeiro foi não
cumprir o acordo estabelecido; o segundo foi a
desvalorização dos procedimentos sugeridos. (faltou paralelismo)
Melhor dizer:
Ele cometeu dois erros: o primeiro foi não cumprir o acordo estabelecido; o segundo, desvalorizar
os procedimentos sugeridos. OU
Ele cometeu dois erros: o primeiro foi o nãocumprimento do acordo estabelecido; o segundo,
a desvalorização0dos procedimentos sugeridos.
(Obs.: a vírgula depois de “o segundo”indica elipse verbal.) “ (MOURA, Fernando, Nas Linhas e Entrelinhas)
As questões de paralelismos devem ser analisadas sob o ponto de vista sintático e semântico.
EDITORA APROVAÇÃO
Ele estava não só atrasado para o concerto,
mas também sua mulher tinha viajado para a
fazenda.
A frase está correta sintaticamente, mas não tem
lógica. Ela pode ser corrigida da seguinte forma:
Ele estava não só atrasado para o concerto, mas
também preocupado com a fila que iria enfrentar.
PARALELISMOS MAIS FREQÜENTES
Os casos mais comuns de paralelismos dentro
da frase ocorrem:
Com as conjunções:
a) e , nem
Ele conseguiu transformar-se no comandante das Forças Armadas e no homem forte do governo.
Não adianta tomar atitudes radicais nem fazer de conta que o problema não existe.
b) não só ... mas também
O projeto não só será aprovado, mas também posto em prática imediatamente.
c) mas
Não estou descontente com seu desempenho,
mas com sua arrogância.
d) ou
O governo ou se torna racional ou se destrói
de vez.
c) tanto ... quanto
Estamos questionando tanto seu modo de ver
os problemas quanto sua forma de solucioná-los.
d)Isto é / ou seja, etc
Você devia estar preocupado com seu futuro,
isto é, com a sua sobrevivência.
g)com as orações justapostas (aquelas que
estão coordenadas sem conectivos)
O governo até agora não apresentou nenhum
plano para erradicar a miséria, não criou nenhum
programa de emprego, não destinou os recursos
necessários para a educação e à saúde
Redação e Interpretação de textos 25
PARALELISMOS – ESTRUTURAS INCORRETAS
1. Não saí de casa por estar chovendo e porque
era ponto facultativo.
Poderia ser adotada a forma: Não saí de casa
não só porque estava chovendo mas também
porque era ponto facultativo ou ainda Não saí
de casa por estar chovendo mas também por
ser ponto facultativo.
2. Nosso destino depende em parte do determinismo e em parte obedecendo à nossa vontade.
Forma adequada, mais simples e mais fácil:
...depende em parte do determinismo e em
parte da nossa vontade.
3. Peço-lhe que me escreva a fim de informarme a respeito das atividades do nosso Grêmio e se a
data das provas já está marcada.
Seria aceitável a seguinte construção: Peço-lhe
que me escreva a fim de informar-me a respeito
das atividades do nosso Grêmio e que me diga
se a data das provas já está marcada.
10. O emprego de APESAR DO....x / APESAR DE O ..
Uma pessoa que entende como ninguém a República dos Tucanos lembra que, apesar de o ministro Bresser Pereira estar sendo acusado de falar
demais, ele nunca foi desautorizado pelo presidente.
Nem pessoalmente.
Observe o detalhe
apesar de o ministro Bresser Pereira estar sendo acusado...
Outros casos
1. Apesar da chuva, ele saiu de casa.
Apesar de a chuva cair torrencialmente, ele
saiu de casa.
2.Ele reclamou desses artigos, que já foram revogados.
O fato de esses artigos terem sido revogados
não vem ao caso.
Norma: Separa-se a preposição quando seu
complemento é sujeito de um verbo.
11. Pontuação nas orações reduzidas
Quanto ao uso das vírgulas nas orações reduzidas, temos as seguintes possibilidades:
a) oração reduzida de gerúndio - se há valor
adverbial, vem normalmente com vírgula.
O Estado, visando ao bem comum, elabora
suas normas.
Visando ao bem comum, o Estado elabora suas
normas.
O Estado elabora suas normas, visando ao bem
comum.
b) oração reduzida de particípio - depende
do valor e da posição:
* nas reduzidas de particípio antecipadas, a
vírgula é obrigatória.
Uma vez preenchidos todos os requisitos legais, o Ministério Público dispõe do processo.
Analisadas as contas na Suíça, pôde-se ter uma
idéia mais evidente do problema.
* nas reduzidas de particípio intercaladas, o
uso da vírgula depende do valor da oração.
- restritivo: As duas propostas classificadas na
primeira fase , serão levadas à frente.
- explicativo: A Constituição Federal, concluída em 1988, trouxe importantes mudanças.
- adverbial: Os eleitores, conferidos seus documentos, votarão em urnas individuais.
c) oração reduzida de infinitivo - se há valor
adverbial e está deslocada, vem com vírgula.
Esse preceito, ao efetivar-se na legislação brasileira, trouxe avanço nas conquistas sociais.
Ao efetivar-se na legislação brasileira, esse preceito trouxe avanço nas conquistas sociais.
12. O Vocabulário
Escreva com simplicidade. Não empregue palavras complicadas ou supostamente bonitas. Escrever bem não é escrever difícil. O vocabulário
deve adequar-se ao tipo de texto que pretendemos
EDITORA APROVAÇÃO
26
Redação e Interpretação de textos
redigir. No nosso caso, só trabalhamos com a linguagem padrão, aquela que a norma culta exige
quando vamos tratar de algum problema de grande
interesse para leitores de bom nível cultural. Dela
deverão ser afastados erros gramaticais, ortográficos, termos chulos, gíria, que não condizem com
a boa linguagem. Observe as inadequações neste
exemplo.
Evite palavras, frases, expressões ou construções vulgares. A renovação da linguagem deve ser
preocupação constante de quem escreve. Não há
boa idéia que sobreviva nem texto cheio de lugarescomuns. Abandone:
a) frases do tipo:
•
agradar a gregos e troianos
•
arrebentar a boca do balão
Os grevistas refutaram o aumento proposto
pelo governo. Enquanto o líder da situação fazia
na Câmara os prolegômenos dos novos índices, os
trabalhadores faziam do lado de fora o maior auê,
achando que o governo não estava com nada.
•
botar pra quebrar
•
chover no molhado
•
deitar e rolar
•
dar com os burros n’água
•
deixar o barco correr solto
É preciso ter muito cuidado com as palavras.
Nem sempre elas se substituem com precisão. Empregar refutar por rejeitar, prolegômenos por exposição não torna o texto melhor. Não só palavras
“bonitas” prejudicam um texto, mas também a gíria ( auê) e expressões coloquiais (não estava com
nada).
•
dizer cobras e lagartos
•
estar em petição de miséria
•
estar com a bola toda
•
estar na crista da onda
•
ficar literalmente arrasado
•
ir de vento em popa
•
passar em brancas nuvens
•
ser a tábua de salvação
•
segurar com unhas e dentes
•
ter um lugar ao sol
O texto poderia ser escrito da seguinte forma:
Os grevistas rejeitaram o aumento proposto
pelo governo. Enquanto o líder da situação fazia na
Câmara a exposição dos novos índices, os trabalhadores faziam do lado de fora uma grande manifestação.
13. Adjetivos certos na medida certa
O emprego indiscriminado de adjetivos pode
prejudicar as melhores idéias. Para que dizer um
vendaval catastrófico destruiu Itu quando vendaval
já traz implícita a idéia de catástrofe?
Outro mau uso do adjetivo ocorre quando empregado intempestivamente, como se o autor quisesse “embelezar” o texto. O que ele consegue , no
mínimo, é confundir o leitor.
Diante do mundo incomensurável, incógnito
e desmedido que nos cerca, o homem se sente minúsculo, limitado, inepto, incapaz de compreender
o menor movimento das coisas singulares, magnéticas e imprevisíveis com que se depara em seu cotidiano impregnado e assoberbado de interrogações.
14. Lugares - comuns e modismos
EDITORA APROVAÇÃO
b) modismos, invenções, como:
Agudizar
//
alavancar
//
exitoso
//
imperdível
//
a nível de
// curtir
//
galera
//
magnificar
//
gratificante
// obstaculizar //
chocante
// apoiamento
c) particularidades léxicas e gramaticais
1. ao nível de: (= à mesma altura) // em nível
de (= hierarquia)
2. ao encontro de: (= aproximação) // de encontro a: (= posição contrária)
3. em princípio : (= em tese) // a princípio:
(= no início)
4. tampouco: (=também não) // tão pouco:
(=muito pouco)
5. acerca de:(= a respeito de) // cerca de:
(=durante) // a cerca de:(idéia de distância
Redação e Interpretação de textos 27
// há cerca de: (aproximadamente no passado)
6. bastantes: (= muitos, suficientes) // bastante : (muito)
7. afim(afins): (=afinidade)
(=para, um objetivo)
//
a fim de:
d) Não Use: ao meu ver / a cores / a nível /
às expensas / comunicamo-lhes / conseguimos nos
concentrarmos / ajoelhamos-nos / face ao / haja
visto / inflingirem / econômicas-financeiras / à rua
/ custei para / haviam(=existiam) / ao par (= ciente) / fazem 15 dias / de sábado / iremos no / intervi
/ implicou em /
Use: a meu ver // em cores // ao nível // a
expensas // comunicamos-lhes // conseguimos
nos concentrar // ajoelhamo-nos // em face de //
haja vista // infringirem // econômico-financeiras
// na rua // custou-me // havia // a par // faz 15
dias // aos sábados // iremos ao // intervim //
implicou
15.Na introdução:
Ao escrever seu primeiro parágrafo, você pode
fazê-lo de forma criativa. Ele deve atrair a atenção
do leitor. Por isso, evite os lugares-comuns como:
atualmente, hoje em dia, desde épocas remotas, o
mundo de hoje, a cada dia que passa, no mundo em
que vivemos, na atualidade.
Listamos aqui algumas sugestões para começar um texto.
a) Uma declaração (tema: liberação da maconha)
É um grave erro a liberação da maconha, uma
vez que provocará de imediato violenta elevação do
consumo; o Estado perderá o precário controle que
ainda exerce sobre as drogas psicotrópicas e nossas
instituições de recuperação de viciados não terão
estrutura suficiente para atender à demanda.
A declaração é a forma mais comum de começar um texto. Procure fazer uma declaração forte,
capaz de surpreender o leitor.
b) Divisão (tema: exclusão social)
Predominam ainda no Brasil duas convicções
errôneas sobre o problema da exclusão social: a de
que ela deve ser enfrentada apenas pelo poder público e a de que sua superação envolve muitos recursos
e esforços extraordinários. Experiências relatadas
nesta Folha mostram que o combate à marginalidade social em Nova York vem contando com intensivos esforços do poder público e ampla participação
da iniciativa privada.
Ao dizer que há duas convicções errôneas, fica
logo clara a direção que o parágrafo vai tomar. O
autor terá de explicitá-lo na frase seguinte.
c) Oposição (tema: a educação no Brasil)
De um lado, professores mal pagos, desestimulados, esquecidos pelo governo. De outro, gastos excessivos com computadores, antenas parabólicas,
aparelhos de videocassete. É este o paradoxo que
vive hoje a educação no Brasil.
As duas primeiras frases criam uma oposição
(de um lado / de outro) que estabelecerá o rumo da
argumentação.
d) Alusão histórica (tema: globalização)
Após a queda do muro de Berlim, acabaram-se
os antagonismos leste-oeste e o mundo parece ter
aberto de vez as portas para a globalização. As fronteiras foram derrubadas e a economia entrou em
rota acelerada de competição.
O conhecimento dos principais fatos históricos
ajuda a iniciar um texto. O leitor é situado no tempo e pode ter uma melhor dimensão do problema.
e)Uma pergunta (tema: a saúde no Brasil)
Será que é com novos impostos que a saúde melhorará no Brasil? Os contribuintes já estão cansados de tirar dinheiro do bolso para tapar um buraco
que parece não ter fim. A cada ano, somos lesados
por novos impostos para alimentar um sistema que
só parece piorar.
A pergunta não é respondida de imediato. Ela
serve para despertar a atenção do leitor para o tema
EDITORA APROVAÇÃO
28
Redação e Interpretação de textos
e será respondida ao longo da argumentação.
f ) Citação (tema: política demográfica)
“As pessoas chegam ao ponto de uma criança
morrer e os pais não chorarem mais, trazerem a
criança, jogarem num bolo de mortos, virarem as
costas e irem embora”. O comentário do fotógrafo
Sebastião Salgado, falando sobre o que viu em Ruanda, é um estímulo no estado de letargia ética que
domina algumas nações do Primeiro Mundo.
A citação inicial facilita a continuidade do texto, pois ela é retomada pela palavra comentário da
segunda frase.
g) Citação de forma indireta (tema: consumismo)
Para Marx, a religião é o ópio do povo; Raymond
Aron deu o troco: o marxismo é o ópio dos intelectuais. Mas nos Estados Unidos, o ópio do povo é
mesmo ir às compras. Como as modas americanas
são contagiosas, é bom ver de que se trata.
Esse recurso deve ser usado quando não sabemos textualmente a citação. É melhor citar de forma indireta que de forma errada.
h) Exposição de ponto de vista (tema: o provão)
O ministro da Educação se esforça para convencer de que o provão é fundamental para a melhoria da
qualidade do ensino superior. Para isso, vem ocupando generosos espaços na mídia e fazendo milionária
campanha publicitária, ensinando como gastar mal o
dinheiro que deveria ser investido na educação.
Ao começar o texto com a opinião contrária,
delineia-se, de imediato, qual a posição dos autores. Seu objetivo será refutar os argumentos do
opositor, numa espécie de contra-argumentação.
i) Uma frase nominal seguida de explicação (tema: a educação no Brasil)
Uma tragédia. Essa é a conclusão da própria Secretaria de Avaliação e Informação Educacional do
Ministério da Educação e Cultura sobre o desempenho dos alunos do 3º ano do 2º grau submetidos ao
Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica), que
EDITORA APROVAÇÃO
ainda avaliou estudantes da 4ª série e da 8ª série do 1º
grau em todas as regiões do território nacional.
A palavra tragédia é explicada logo depois, retomada por essa é a conclusão.
j) Adjetivação (tema: a educação no Brasil)
Equivocada e pouco racional. Esta é a verdadeira adjetivação para a política educacional do governo.
A adjetivação inicial será a base para desenvolver o tema. O autor dirá, nos parágrafos seguintes,
por que acha a política educacional do governo
equivocada e pouco racional.
l) Ilustração (tema: aborto)
O Jornal do Comércio, de Manaus, publicou um
anúncio em que uma jovem de dezoito anos, já mãe
de duas filhas, dizia estar grávida, mas não queria
a criança. Ela a entregaria a quem se dispusesse a
pagar sua ligação de trompas. Preferia dar o filho a
ter que fazer um aborto.
O tema é tabu no Brasil.(...)
Você pode começar narrando uma fato para
ilustrar o tema. Veja que a coesão do parágrafo seguinte se faz de forma fácil; a palavra tema retoma
a questão que vai ser discutida.
m) Uma seqüência de frases nominais (frases sem verbo) (tema: a impunidade no Brasil)
Desabamento de shopping em Osasco. Morte
de velhinhos numa clínica do Rio. Meia centena de
mortes numa clínica de hemodiálise em Caruaru.
Chacina de sem-terra em Eldorado dos Carajás.
Muitos meses já se passaram e esses fatos continuam impunes.
O que se deve observar nesse tipo de introdução são os paralelismos que dão equilíbrio às diversas frases nominais. A estrutura de cada frase deve
ser semelhante.
16.Na Conclusão
Na conclusão, lute sempre por uma linguagem
Redação e Interpretação de textos 29
própria, distante do lugar comum.Eis algumas sugestões: dessa forma, sendo assim, em vista dos argumentos apresentados, em virtude do que foi mencionado, por todas estas idéias apresentadas, tendo
em vista os aspectos observados, dado o exposto,
por tudo isso.
17. Palavras Abstratas
As palavras abstratas podem ser empregadas,
na maioria das vezes, no singular, sem nenhum
prejuízo para a frase. Antes de usá-las no plural,
experimente o singular e veja se o sentido da frase
ficou mais preciso.
O projeto do governo tem gerado muita polêmica. ( E não “muitas polêmicas”)
A pena de morte não vai acabar com o crime. (
E não “com os crimes”)
Faça o mesmo quando o substantivo abstrato
for segundo elemento de uma locução ligada por
“de” e for empregado em sentido genérico.
Os níveis de emprego caíram muito nos últimos
anos.( E não “de empregos”)
18. Repetições desnecessárias
Não repita palavras sem nenhuma razão estilística.
O servidor que ganha um salário mínimo pode
ficar certo de que vai receber, no final do mês, o salário mínimo sem nenhum reajuste.
Melhor dizer:
O servidor que ganha um salário mínimo pode
ficar certo de que vai recebê-lo, no final do mês, sem
nenhum reajuste.
•
continua ainda =
continua
•
elo de ligação
•
encarar de frente
mente
•
há doze anos atrás =
há doze anos
•
juntamente com
com
•
monopólio exclusivo =
= elo
=
=
encarar destemida-
monopólio
20. Aspas
Não use aspas indiscriminadamente. Elas devem aparecer nos seguintes casos: citações, arcaísmos, neologismos, gírias, estrangeirismos, expressões populares, ou para indicar que determinada
palavra está sendo usada com sentido diferente do
habitual.
Para esconder os lucros exorbitantes que tinham com os negócios, as corretoras usavam endereços, contas e registros de empresas “laranjas”.
A palavra laranjas significa, no caso, “de fachada”.
As palavras também servem para indicar ironia:
Os “revolucionários” não dispensam um uísque
importado e carros do último tipo.
21. Ambigüidade
É o duplo sentido causado por má construção
da frase.Exemplo: “Para investigar in loco os casos
de corrupção envolvendo inspetores, supervisores e
fiscais, o Secretário informou ao Diretor que ele deveria viajar para acompanhar a situação da alfândega dos aeroportos do Rio e de São Paulo.
Muitas vezes, a utilização dos pronomes
possessivos seu / sua pode tornar a frase ambígua.
Exs.: O policial prendeu o ladrão em sua casa.
19. Pleonasmos
Alguns pleonasmos passam despercebidos
quando escrevemos. Veja os mais comuns e troqueos pela forma exata:
•
a cada dia que passa = a cada dia
•
acabamentos finais
= acabamentos
O candidato saiu com o filho; seu nome é João
Maria .// Jorge encontrou um amigo e soube que
sua mãe viajara.
O duplo sentido pode ser explorado com
malícia e humor, como se vê no trecho a seguir:
EDITORA APROVAÇÃO
30
Redação e Interpretação de textos
“Foi a primeira vez que o governo manifestou alguma preocupação genuína com a agricultura. O ministro
José Serra mandou um jornalista plantar batatas”
Outros casos de ambigüidade:
a) Visitamos o teatro e o museu cuja qualidade
artística é inegável. (é o teatro ou o museu
que possui qualidade artística?)
b) O cliente aborrecido recusou o vinho por
causa da safra. (O cliente era aborrecido ou
ficou aborrecido naquele momento?)
c) A recepção dos noivos foi no salão do clube.
(A recepção foi oferecida pelos noivos ou
eles foram recepcionados?)
d) O motorista falou com o passageiro que era
gaúcho. (O motorista era gaúcho ou o passageiro?)
e) O pai viu o filho chegando em casa bem tarde.(Quem chegou em casa bem tarde: o pai
ou o filho?)
23. O senso comum
Além da baixa informatividade, também pode
comprometer a qualidade de um texto dissertativoargumentativo o emprego de argumentos baseados
no senso comum, isto é, em julgamentos que, embora não apresentem qualquer base científica, acabam sendo tomados como “verdades” sociais.
Leia o seguinte parágrafo de um texto dissertativo-argumentativo (transcrito tal qual foi produzido e, por isso, apresentando diversos problemas
gramaticais), produzido a propósito da violência.
Muitas pessoas pobres, ficam muitas vezes indignadas ao ver, uma outra pessoa como ela, só que
não passa fome como ela, ou seja, é rica e na maioria, ladrão, que rouba do povo e isso faz com que a
população fique revoltada, e se manifestará em conflitos entre camadas sociais no qual o favelado odeie
o outro de uma classe superior, e tendo oportunidade para acabar com o outro não vai perder a chance.
(redação de aluno, 3º ano do ensino médio)
22. Defeitos de Argumentação.
a) emprego de noções confusas : na língua
existem muitas palavras de significado vago ou denotadores de noções confusas que precisam ser definidas antes de serem exploradas como argumento para
apoiar qualquer ponto de vista. Do contrário, o argumento se esvazia e perde seu poder de persuasão.
Pertencem a esse tipo de repertório: liberdade,
justiça, ordem, alienação massificação, materialismo, idealismo, etc.
EXS.: O problema dos posseiros e a luta pela
terra não têm sentido, pois perturbam a ordem estabelecida.
Deve-se respeitar o professor porque, afinal
de contas, na escola ele é uma autoridade.
O defeito de tais argumentações é exatamente
o caráter amplo e vago de sua definição.
b) emprego de noções de totalidade indeterminada
EXS.: Todos os políticos são iguais: só querem o
poder para encher os próprios bolsos.
Os países latino-americanos são diferentes
em tudo: nos hábitos, nos costumes, na concepção
de vida, nos valores, etc.
EDITORA APROVAÇÃO
O autor constrói seus argumentos a partir de
idéias preconceituosas – baseadas no senso comum
-, segundo as quais o rico geralmente é ladrão e o
pobre ou o favelado é violento.
Idéias como essas e outras como “todos os políticos são corruptos”, “o jovem é sempre rebelde por
natureza”, “o brasileiro é oportunista”, “homem que
é homem não chora”, “ as mulheres dirigem pior
que os homens”, “Futebol não é assunto para as
mulheres”, “todo oriental é honesto e trabalhador”
, etc. devem ser evitadas, pois, além de não terem
nenhum fundamento, tornam o texto fraco do ponto de vista argumentativo.
.
TEXTO – O LUGAR-COMUM
Devagar se vai ao longe, porque a pressa é inimiga da perfeição e a esperança é a última que morre. É fato que o brasileiro é preguiçoso por natureza,
mas graças a Deus aqui não há preconceito racial
– somos um povo que tem horror à violência; nossa
índole pacífica é proverbial no mundo inteiro. Se o
homem tomasse consciência do valor da paz, não
haveria mais guerras no mundo – bastava que cada
um parasse para pensar na beleza do sorriso de uma
criança e descobrisse que mais vale um pássaro na
mão do que dois voando. A paciência é a mãe das
Redação e Interpretação de textos 31
virtudes, mas só com determinação e coragem haveremos de resolver nossos problemas. O que estraga o Brasil são os políticos; sem eles estaríamos
bem melhor, cada um fazendo a sua parte. Hoje em
dia, felizmente, as mulheres estão entrando no mercado de trabalho porque, segundo pesquisadores
americanos, elas são muito mais caprichosas que
os homens. Já os homens, conforme uma conclusão
do conceituado Instituto de Psicologia de Filadélfia,
são muito mais desconfiados e estão sempre querendo mais. As pesquisas eleitorais nunca acertam
porque são todas compradas. Mas a verdade é que
o amor, quando autêntico, resolve tudo. O que não
se pode esquecer jamais é que a esperança existe – e
sempre existirá!
O conjunto de frases acima – que você deve ter
passado os olhos com a sensação de já tê-lo lido antes algumas centenas de vezes – é uma amostragem
da mais terrível praga dos textos argumentativos –
o lugar comum , também conhecido como chavão
ou clichê.
O mal do lugar comum não está propriamente
no fato de ser uma expressão muitas vezes usada.
O que merece reflexão e cuidado é o lugar-comum
que aparece justamente para substituir a reflexão.
No texto escrito, ele normalmente cumpre a função
de, ao resolver tudo numa frase feita de sabedoria
universal e indiscutível, eliminar qualquer necessidade argumentativa. Ora, onde a fumaça a fogo!
O lugar-comum, pela sua natureza indiscutível,
acomoda todo o processo de conhecimento numa
sabedoria que não nos pertence; ela já está pronta,
passa de geração a geração, de professor a aluno, de
vizinho a vizinho, de texto a texto.
O lugar-comum está presente tanto nas piadas
que reforçam preconceitos(contra raça, religião,
etnia...), quanto nas afirmações absolutas, completas e “sensatas” sobre os fatos que nos rodeiam. O
lugar-comum não contesta, não transforma e não
cria nada – apenas repete.
Saber reconhecer o lugar comum é a primeira
tarefa de quem quer se livrar deles. Não é tão fácil
assim, porque o chavão permeia todos os pontos de
vista. Não é só de provérbios inofensivos que ele
vive; muitas vezes, a argumentação inteira se sustenta sobre conceitos tão genéricos e vagos que se
reduzem a nada. A face mais evidente deste tipo
de generalidade vazia é o uso de entidades como “o
Homem” , “o Mundo” , “os Políticos” , “ o Jovem” ...,
como se as sociedades fossem todas constituídas de
blocos absolutamente homogêneos.
(Faraco&Tezza, Prática de Textos, 9ª.edição, ed. Vozes)
CONCLUSÃO
Em síntese, eis o que devemos observar para
construir um texto:
1. O parágrafo é um conjunto de enunciados que
se unem em torno de um mesmo sentido.
2. Não se deve esgotar o tema no primeiro parágrafo. Este deve apenas apontar a questão
que vai ser desenvolvida.
3. O parágrafo seguinte é sempre uma retomada
de algo que ficou inexplorado no parágrafo anterior ou anteriores. Pode ser uma palavra ou
uma idéia que mereça ser desenvolvida.
4. Um texto é constituído por parágrafos interdependentes, sempre em torno de uma mesma idéia.
5. Reconheça mentalmente o que você sabe sobre o tema. É possível fazer um plano, mas
talvez seja mais prático você listar as palavras-chave com que vai trabalhar. Preocupese com a seqüência do texto, utilizando os
recursos de coesão de frase para frase e de
parágrafo para parágrafo, sem perder de vista a coerência.
6. O parágrafo final deve retomar todo o texto
para concluí-lo. Por isso, antes de escrevê-lo,
releia tudo o que escreveu. A fim de fechar
bem o texto, o parágrafo conclusivo deve retomar o que foi exposto no primeiro.
7. Todo texto representa o ponto de vista de
quem o escreve. E quem escreve tem sempre uma proposta a ser discutida para poder
chegar a uma conclusão sobre o assunto.
8. O texto deve demonstrar coerência, que resulta de um bom domínio de sua arquitetura e do conhecimento da realidade. Deve-se
levar em conta a unidade de idéias, aliada a
um bom domínio das regras de coesão.
9. Desde que o tema seja de seu domínio e você
tenha conhecimento dos princípios de coesão e da estrutura dos parágrafos, as dificuldades de escrever serão bem menores.
EDITORA APROVAÇÃO
32
Redação e Interpretação de textos
10.Leia tudo o que for possível sobre o tema a
ser desenvolvido para que sua posição seja
firme e bem fundamentada.
III PARTE
REDAÇÕES DE ALUNOS
1. Concurso Público – Aplicação: 27/1/2002
// UnB/CESPE//Cargo: Agente da Polícia Federal.
Textos de base
A sociedade organizada segundo os parâmetros do dinheiro e do trabalho, ao mesmo tempo
que cria a figura do trabalhador, cria também a figura do vagabundo, do delinqüente, do trabalhador que não deu certo e que freqüentemente “esbarra” na lei, do criminosos em potencial. Essas são
as pessoas que estarão mais sujeitas à perseguição
e à punição. (Andréa Buoro et al . Violência urbana- dilemas e desafios)
Art.5º Todos são iguais perante a lei; sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade,à segurança e à propriedade, nos
termos seguintes:
(...)
III. Ninguém será submetido a tortura nem a
tratamento desumano ou degradante;
(Constituição da República Federativa
do Brasil, 1988)
Proposta: considerando que as idéias apresentadas acima e nos textos da prova objetiva têm caráter unicamente motivador, redija um texto dissertativo, posicionando-se acerca do seguinte tema:
O combate à violência deve ser feito com
imparcialidade e respeito ao ser humano.
O mundo globalizado fez com que muitas pessoas fossem excluídas da sociedade. Isso as levou
a procurar o seu sustento no mundo do crime. E o
EDITORA APROVAÇÃO
aumento da criminalidade demandou, conseqüentemente, um aumento na repressão e no combate
a ela. Porém, muitas vezes, observamos que existe
certa desigualdade e abuso nesse combate.
Na ânsia de combater o crime no mesmo nível
em que ele se propaga, o governo incessantemente
cria novas normas e penas para punir os criminosos. Essa preocupação talvez devesse se estender
para a efetiva captura e para a garantia de que os delinqüentes realmente cumprirão a pena imposta. E
isso deveria ocorrer sem qualquer tipo de distinção
entre as pessoas. Hoje, muitas vezes, observamos
que determinados crimes não são punidos porque
o agente que o cometeu é rico ou influente. Isso
também se verifica no tratamento às pessoas que
praticam delitos ou têm atribuídas a si condutas
criminosas das quais não fizeram parte. Por serem
negros, pobres ou analfabetos têm tolhidos os seus
direitos constitucionais de respeito e tratamento
digno e humano. Se a lei é a mesma para todos e a
Constituição garante igualdade, todos deveriam ter
o mesmo tipo de tratamento. Isso até torna-se difícil na prática, na medida em que a própria sociedade (e não só os responsáveis por combater a criminalidade) discrimina e é parcial com os “excluídos”.
Talvez esqueçam que essas pessoas não escolheram
essa situação, apenas convivem com ela.
É urgente que tenhamos consciência de que
o combate à violência e à criminalidade não pode
escolher os seus alvos. E muito menos tratar as
pessoas desigualmente, pois isso, se não aumenta a violência, não contribui nem um pouco para
diminuí-la.
Redação de Marco Aurélio Silveira de Albuquerque (grau: 4,29 – antes do recurso)
2º lugar Nacional
Obs.: Utilize, no mínimo, trinta e, no máximo, sessenta linhas. Qualquer prova com extensão
aquém da mínima de trinta linhas efetivamente
escritas será apenado e qualquer fragmento de
texto além da extensão máxima de sessenta linhas
será desconsiderado.
Redação e Interpretação de textos 33
2. CARGO: Papiloscopista Policial Federal
– UnB/CESPE (30/05/2004)
Modelo de redação bem avaliada – redação
de aluno (rascunho)
Textos de Base
“A tecnologia tem sido ao longo da história
valiosa aliada na busca humana da superação dos
problemas cotidianos e na resolução de desigualdades sociais. Considerando a situação preocupante do analfabetismo no Brasil, devemos encontrar
as melhores formas da sua utilização, para superarmos mais esse desafio.
Segundo o professor Sérgio Hadad, da PUC/
SP, “não há exemplo na história da humanidade em
que o analfabetismo tenha sido superado sem uma
política pública de qualidade”.
(Salvatore Santagada/ Zero Hora / 20/3/1999)
Vivemos atualmente sob o impacto de profundas transformações socioculturais. A revolução informacional e outras inovações tecnológicas
vêm permitindo conquistas notáveis na área de
conhecimento. Nunca um número tão grande de
informações esteve tão disponível, as ferramentas
auxiliares da inteligência humana, tão aperfeiçoadas, enfim, nunca houve tão intenso borbulhar do
saber. Resta, portanto, indagarmo-nos: o que fazer
com tudo isso?
Como lidar com tanta informação sem se perder em excessos e novos equívocos? Como agregar
conhecimento humano e encontrar uma nova síntese civilizacional que aponte novas diretrizes para
um mundo que se torna cada vez mais complexo
e se interroga como superar o turbilhão de dificuldades existentes em quase todos os setores da vida
social no panorama global?
Precisamos rever nossas concepções pedagógicas, procurando ultrapassar os comodismos que
nos limitam ao saber estéril. A informação que não
é atualizada, avaliada e utilizada para transformar
e aprimorar a sociedade é informação inútil. O ensino, portanto, deve estar ancorado na realidade,
motivando alunos e professores a encontrarem novas formas de vida social, que não perpetuem injustiças e opressões.
(Valmor Bolan, Jornal VS,
abril/1999)
Proposta: “Tomando como motivadores o
texto inicial da prova objetiva de Conhecimentos
Básicos e os excertos acima, redija um texto dissertativo, posicionando-se acerca das vantagens de
utilização da tecnologia na educação, em um
contexto sociocultural em que é elevado o número de analfabetos.
Um dos principais problemas para tratarmos
o analfabetismo brasileiro é a extensão continental do país, bem como as desigualdades regionais
que muitas vezes não permitem à população o mínimo de infra-estrutura adequada para a utilização
de recursos tecnológicos mais modernos. Para essas regiões, programas educativos especialmente
concebidos para transmissão por rádio ou televisão
podem ser alternativas válidas. Ambos são recursos
tecnológicos de uso consagrado há muito em todas
regiões do país. Um trabalho mais permanente do
Governo, na produção de programas educativos
para rádio e televisão, terá, como é o caso de iniciativas como telecurso da Fundação Roberto Marinho,
um efeito rápido e eficiente sobre o problema.
Em condições mais adequadas – leia-se regiões com melhor estrutura – concomitantemente ao rádio e à televisão, deveriam ser difundidos
programas educacionais baseados em computador.
Para tornar viável essa idéia, concentrar-se-iam os
recursos no aparelhamento das escolas públicas.
Estes seriam verdadeiros pólos de irradiação de
conhecimento digital, não só para os alunos, como
também para adultos.
As soluções para o problema do analfabetismo,
mesmo considerando os agravantes da extensão do
país e disparidades regionais, existem e estão disponíveis. Resta ao brasileiro aprender a inovar na
medida certa e ser conservador quando deve. Afinal, o único pré-requisito para funcionar já possuímos: a criatividade.”
Modelo de redação mal avaliada – redação
de aluno (redação definitiva)
“Evidentemente que a utilização da tecnologia
na educação do Brasil onde a taxa de analfabetismo
é elevada, ajudaria na diminuição da desagregação
social e econômica, entretanto, se não houver uma
política pública efetiva, a tecnologia servirá, somente,
para atender os interesses políticos.
EDITORA APROVAÇÃO
34
Redação e Interpretação de textos
Os números apresentados por institutos de pesquisas públicos e privados mostram que o analfabetismo em nosso país é uma doença endêmica, ou seja,
não se consegue erradicá-la. Em pleno século das revoluções tecnológicas, não descobrimos meios de erradicar essa vergonha nacional. Para um país que exporta tecnologia, como na aeronáutica, na agricultura,
não teremos dificuldades para eliminar esse mal. Ao
aliarmos a tecnologia com a educação, daremos um
salto social e econômico. Para isto, precisamos traçar
diretrizes e metas governamentais, como equipar escolas com equipamentos de informática, investir nos
profissionais de educação, aprimorando-os na tecnologia informatizada para fins pedagógicos. A partir
dessas medidas, estaremos preparando o futuro cidadão para o mercado de trabalho e desenvolvendo culturalmente o país, através da tecnologia. Um exemplo
a ser seguido são os países asiáticos, como a Coréia
do Sul, que aliou tecnologia com educação e praticamente erradicou o analfabetismo. Hoje, a economia
sul coreana ultrapassou a economia brasileira.
* Regência
* Propriedade vocabular
* Repetição / Omissão vocabular
3. Cargo – Perito Criminal Federal (12/11/04)
– UnB/CESPE
Texto de Base: figuras (impressões digitais
/ cartucho / pegada na areia / bala de revólver)
Proposta: Redija um texto dissertativo, posicionando-se a respeito do seguinte enunciado:
CONTRA FATOS, NÃO HÁ ARGUMENTOS. Em
sua argumentação, refira-se, necessariamente, ao
que expressam as figuras acima
Modelo de redação de aluno – bem avaliada, mas entrou com recurso
O ensino, neste país, precisa de um rumo, que só
será alcançado quando ancorado na nossa realidade,
aliarmos à tecnologia, vontade política e aplicabilidade,
assim, deixaremos de ser um simples país em desenvolvimento, para ser destaque internacional.”
“Os testes periciais realizados atualmente estão cada vez mais precisos e exatos, graças aos
avanços tecnológicos e às melhorias nas técnicas de
perícia. Mas apesar deste progresso, o componente
humano que realiza esta tarefa tem
sofrido críticas
EDITORA
APROVAÇÃO
e reveses ao ter seus laudos contestados.
Espelho de Avaliação da Prova Discursiva CARGO: Papiloscopista Policial Federal – UnB/
CESPE (30/05/2004)
* Pontuação
No Brasil, os peritos sempre estiveram “revestidos” de uma “aura” de incorruptibilidade e incontestabilidade, principalmente pela aplicação
da máxima popular: contra fatos, não há argumentos. Porém esta situação começou a mudar devido
ao parecer pericial realizado pelo perito mais renomado do país, Badan Palhares, no caso do assassinato de Paulo César Farias, no século passada.
Hipóteses mirabolantes foram apresentadas neste
documento, gerando uma indignação por parte da
categoria de perito, que o contestou publicamente.
Desde então, os peritos passaram a ser questionados e desmistificados. Até que ponto provas até
então incontestáveis como: impressões digitais,
pegadas, análise balística, podem ser consideradas
como provas reais e idôneas, sejam elas utilizadas
em um processo criminal, sejam elas utilizadas em
um parecer técnico? Na opinião pública ainda paira
um certo ar de desconfiança a respeito do tema e
até mesmo na magistratura muitos laudos foram
desconsiderados.
* Construção do período / Emprego de conectores
O avanço tecnológico que a área pericial tem
demonstrado, deve ser acompanhado por um avan-
CONTEÙDO
Quesitos avaliados
1. Apresentação e estruturas textuais.(0,00 a
0,05)
2.Desenvolvimento do tema
•
Objetividade frente ao tema/posicionamento. (0,00 a 1,50)
•
Seleção/articulação doa argumentos. (0,00
a 1,50)
•
Progressividade textual / consistência da
argumentação. (0,00 a 1,15)
MODALIDADE ESCRITA
Tipo de erro
* Grafia / Acentuação
* Concordância
EDITORA APROVAÇÃO
VAÇÃO
Prática
ço moral e ético em que a credibilidade e a transparência sejam os instrumentos da retomada de
confiança da sociedade.”
ESPELHO DE AVALIAÇÃO DA PROVA DISCURSIVA- avaliação da redação modelo - Cargo – Perito Criminal Federal (12/11/04) – UnB/
CESPE
CONTEÚDO
Itens avaliados
1. Apresentação textual (legibilidade, respeito
às margens e indicação de parágrafos) (0,00
a 0,05) – 0,5
2. Estrutura textual e desenvolvimento do
tema
•
Objetividade frente ao tema/posicionamento (0,00 a 1,00) – 1
•
Seleção / articulação dos argumentos (0,00
a 1,00) – 1
•
Progressividade textual / consistência da
argumentação (0,00 a 0,75) – 0,75
•
Referência ao que expressam as figuras
(0,00 a 1,00) – 0
•
Coesão e coerência (00,00 a 0,75) – 0,75
MODALIDADE ESCRITA
Tipo de erro
* Grafia / Acentuação
* Pontuação
* Construção do período / Emprego de conectores
* Concordância
* Regência
* Propriedade vocabular
* Repetição / Omissão vocabular
RESULTADO
•
Nota no conteúdo (NC = soma das notas
obtidas em cada item) – 4
•
Número total de linhas efetivamente escritas (TL) – 26
•
Número de erros (NE) – 0
•
Nota da prova discursiva – 4
Redação e Interpretação de textos 35
PROPOSTAS DE REDAÇÃO
1ª Proposta:
“A sociedade não é o retrato apenas de seus
governantes, é o retrato de seus cidadãos, em
destaque, de suas elites. É o nosso retrato, do
Brasil todo, de todos nós”(Sérgio Abranches) –
com fragmentos com caráter unicamente motivador. UnB ; CESPE –aplicação 10/10/2004 – cargo:
Escrivão de Polícia Federal
2ª Proposta: (CESPE/UnB/PF-2004/agente)
TEXTO: Inúmeras são as dificuldades e os
desafios que caracterizam o exercício pleno e
satisfatório das importantes atribuições da Polícia
Federal, tendo em vista a dimensão continental do
território brasileiro, as especificidades e diversidades
regionais, bem como as disponibilidades de efetivo
humano e infra-estrutura.
A atuação do Departamento de Polícia
Federal(DPF) requer plena sintonia entre seus
setores internos, principalmente no que diz
respeito à agilidade de informações e à comunicação
instantânea, de modo que não se prejudique o
chamado princípio da oportunidade, especialmente
na repressão a modalidades diversas do crime
organizado e em situações emergenciais.
Pode-se afirmar que, nos pontos de entrada e
saída de bens e de pessoas no Brasil, são exercitadas
as atribuições constitucionais do DPF, no que se
refere a infrações penais em detrimento de bens,
serviços e interesses da União, infrações com
repercussão interestadual ou internacional, tráfico
ilícito de entorpecentes e drogas afins, contrabando
e descaminho de órgãos humanos ou bens artísticos
de valor histórico, entre outras situações que podem
significar perigo para a população brasileira.
Proposta: considerando que as idéias do texto
acima têm caráter unicamente motivador, redija
um texto dissertativo, posicionando-se acerca do
seguinte tema:
A IMPORTÂNCIA DA ATUAÇÃO DA POLÍCIA FEDERAL BRASILEIRA NA PRESERVAÇÃO
DO DIREITO À VIDA.
EDITORA APROVAÇÃO
36 Redação e Interpretação de textos
Prática
(Osborne E.Gaeble,1994,181)
3ª Proposta: (CESPE/UnB/ PF-2002/escrivão)
TEXTO: Vivemos em uma sociedade que estimula o desejo de ser diferente por meio do consumo de produtos especiais, mas na qual, ao mesmo
tempo, uma enorme massa de excluídos dribla a
fome diariamente. Em uma sociedade assim, mais
polícia e Exército nas ruas e grades nas casas não
resolvem o problema da violência.(Andréa Buoro et
al. Violência urbana – dilemas e desafios)
Um dos principais fenômenos de comportamento das últimas duas décadas nas grandes cidades brasileiras foi o crescente abandono da rua
como espaço de convivência e lazer, com o conseqüente confinamento para os espaços fechados,
privados e seguros.
(Idem, ibidem)
Proposta: considerando que as idéias apresentadas acima e nos textos da prova objetiva têm
caráter unicamente motivador, redija um texto
dissertativo, posicionando-se acerca do seguinte
tema:
A violência tem várias causas e modifica os
costumes da sociedade.
Proposta: Considerando que o texto acima tem
caráter unicamente motivador, redija um texto dissertativo a respeito da administração pública enfocando necessariamente os seguintes aspectos:
•
o governo sob a ótica da gestão tradicional;
•
a evolução da estrutura de mecânica para a
orgânica;
•
a evolução do sistema de gestão governamental em busca de resultados para as suas
tomadas de atitude e em prol da satisfação
do cliente.
Obs.: Qualquer fragmento de texto além da
extensão máxima de trinta linhas será desconsiderado.
7ª proposta:(FCC- BANCO CENTRAL DO BRASIL – janeiro/2006)
Cargo: ANALISTA
REDAÇÃO
1. Leia atentamente o texto que segue.
Constitucionalismos perversos
4ª Proposta(CESPE/UnB/ PF-10/10/2004agente)
Texto: Pedindo uma pizza em 2009
O AVANÇO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E O RESPEITO À PRIVACIDADE DO
INDIVÍDUO
5ª Proposta:( CESPE/UnB/ PF-2004)
O FORTALECIMENTO DAS REDES DE
RELAÇÕES SOCIAIS COMO FORMA DE
REDUÇÃO DA VIOLÊNCIA URBANA
6ª. Proposta(FCC)
Prova Discursiva – Cargo : Analista Judiciário – Área Administrativa – TRE / GO
O que mais irrita as pessoas no trato com
o governo é a arrogância da burocracia. As
pessoas, hoje em dia, querem ser valorizadas
como clientes. Mesmo por parte do governo.
EDITORA APROVAÇÃO
Na União Européia, os franceses e os holandeses,
recentemente, disseram não a um projeto constitucional mais interessado em constitucionalizar o mercado do que a democracia. Também os quenianos
disseram não a um projeto constitucional que nasceu como um dos mais progressistas da África, mas
que nos últimos anos fora totalmente adulterado pelo
presidente Kibaki para concentrar em si e no governo
central poderes excessivos e pouco susceptíveis de
controle democrático. O fato de ambas as tentativas
terem falhado é, em si mesmo, animador. Significa
que, quando o processo constitucional é usado para
virar a soberania do povo contra o povo e o exercício
da cidadania contra cidadania, dizer não à Constituição é ato de afirmação democrática. Que isto aconteça tanto na Europa como na África é sinal de que
a globalização dos mercados livres terá de conviver
cada vez mais com a globalização dos cidadãos livres.
(Boaventura de Souza Santos, sociólogo e professor da Faculdade de Economia da Universidade
de Coimbra)
Prática Redação e Interpretação de textos 37
Prática
Redija uma dissertação, na qual você se posicione em relação às idéias presentes no texto acima,
dando relevo às afirmações que nele se encontram
sublinhadas.
A dissertação deverá ter uma extensão mínima
de 20 linhas e máxima de 30 linhas.
8ª proposta: (FCC - TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL (TRF) – 1ª região/2006 )
Estamos numa época em que o culto às “celebridades” parece ter tornado vergonhoso ser uma
pessoa “comum” . O que não parece ocorrer a ninguém é que, fora o foco da mídia, toda celebridade é
uma pessoa comum, e não há uma pessoa comum
que não seja importante. A questão é reconhecermos,
dentro de nós, a medida de nossa real importância.
Ser realmente importante é ter importância para alguém, sobretudo para si mesmo.
Atenção: A redação sobre a proposta apresentada deverá ter a extensão mínima de 20 e máxima
de 30 linhas.
Proposta: Escreva uma dissertação sobre o
tema apresentado nesse texto, na qual você argumentará para expor seu ponto de vista.
9ªproposta: (FCC-TRF-4ª R-Anal.Jud.)
Atente para o tema proposto a seguir:
Um julgamento, qualquer que seja sua natureza, deve sempre implicar um critério objetivo. Mas haverá modo de se julgar objetivamente
alguém sem levar em conta a parcela de subjetividade que é própria da condição humana?
Escreva uma dissertação em prosa, com argumentação clara e coerente, na qual você considere e articule a
afirmação e a interrogação presentes no texto.
Sua dissertação deverá ter no mínimo 20 e no
máximo 30 linhas.
10ª proposta: (FCC – TREMS – Anal. Jud.)
Atente para o seguinte tema:
De acordo com Montaigne, uma virtude
só se manifesta e se legitima quando é posta à
prova. Assim também ocorre com o poder: é preciso que se esteja investido dele para se avaliar a
resistência à tentação do abuso de poder.
Escreva uma dissertação em prosa sobre o
tema acima. Ao desenvolvê-la, você deverá necessariamente ater-se aos seguintes tópicos, explorando-os na ordem e do modo que lhe parecerem mais
convenientes:
*Comentários sobre a tese de Montaigne.
* Comentário sobre a analogia dessa tese com a
afirmação desenvolvida a partir de Assim também.
* Caracterização de um caso típico de abuso de
poder.
* Abuso de poder: há como evitá-lo?
IV Parte
AS COMUNICAÇÕES
OFICIAIS
Correspondência oficial é o meio usado para
se manterem relações de serviço na administração
pública e indireta, nas órbitas federal, estadual e
municipal.
A redação oficial, pelo fato de preocupar-se,
acima de tudo, com a objetividade , a eficácia e a
exatidão das comunicações, pode ser considerada
como redação técnica. A redação oficial servese das mesmas palavras, expressões e frases que
se empregam na linguagem corrente. Todavia
certos termos assumem acepções especializadas,
restritivas, caracterizadoras de idéias, situações,
circunstâncias e fatos nitidamente delimitados.
A redação oficial possui certas fórmulas e modos
de dizer a ela peculiares. O redator de atos oficiais,
além de conhecer determinadas peculiaridades
semânticas da terminologia administrativa e de
estar informado de certas praxes do estilo oficial,
deve considerar o destinatário antes de emitir
a mensagem, sendo um elemento de extrema
importância a ser considerado em qualquer
comunicação. A finalidade da mensagem é outro
fator importante que o redator de atos oficiais deve
levar em consideração.
EDITORA APROVAÇÃO
38
Redação e Interpretação de textos
Qualidades da Redação Oficial
Para que a redação oficial cumpra sua tarefa de
comunicação eficiente, é necessário que ela possa
ter certas qualidades básicas, tais como:
a) Objetividade (impessoalidade)
Ser objetivo exige que se evite o subjetivismo,
que se coloque apenas o necessário, com exatidão,
evitando-se o supérfluo.
b) Correção
A correção gramatical consiste no respeito às
normas e princípios da Língua. Em redação exige-se
propriedade vocabular, com a adequação da palavra
ao objeto e ao momento. A linguagem deve evoluir.
c) Concisão
A concisão consiste em apresentar exatamente
as idéias que se pretende comunicar, com as palavras necessárias ao seu entendimento. Pela concisão não se sacrificam as idéias importantes nem
se eliminam as considerações pertinentes, mas
destaca-se o essencial.
ção técnica se dá preferência à ordem direta e as palavras e frases devem estar dispostas harmonicamente.
g) Polidez(formalidade)
A polidez consiste no emprego de boas maneiras no tratamento respeitoso, digno e apropriado
aos superiores, iguais e inferiores. Evitam-se os
tratamentos desrespeitosos, a intimidade, a gíria,
a banalidade, a ironia e as leviandades. A polidez
abrange ainda a discrição, qualidades a todos quanto lidam com assuntos oficiais.
Alguns dados sobre as redações oficiais.
Concordância com os Pronomes de Tratamento
Pronomes de Tratamento – concordância na
3ª pessoa.
Pronomes possessivos – sempre na 3ª pessoa.
Gênero gramatical – conforme o sexo da pessoa
a que se refere.
Vossa Senhoria nomeará seu substituto.
Vossa Excelência está atarefado. / Vossa Senhoria está satisfeita .
•
Vocativo a ser empregado:
Chefes de Poder –
d) Clareza
A clareza consiste em expressar exatamente um
pensamento. Para ter clareza o texto, convém evitar
as ambigüidades, a quebra de ordem lógica e o excesso de fatos entrecruzados no mesmo período.
Deve-se ter o máximo cuidado em pontuar bem e
empregar a palavra precisa.
e) Precisão
A precisão consiste em empregar apenas os
termos necessários à enunciação das idéias, abreviando a expressão. Prefere-se a palavra concreta
à abstrata, a palavras simples às mais complexas;
evitam-se as expressões familiares e as expressões
muito vulgares.
f ) Harmonia
A harmonia consiste no “ajustamento harmônico
das palavras na frase e das frases no período”. Na reda-
EDITORA APROVAÇÃO
Excelentíssimo Senhor Presidente da República
Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso
Nacional
Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo
Tribunal Federal
Demais autoridadesSenhor Senador / Senhor Juiz / Senhor Ministro
/ Senhor Governador
No envelope –autoridades tratadas por Vossa
Excelência
Excelentíssimo Senhor
Fulano de Tal
Juiz de Direito da 10ª Vara Cível
Rua ABC, nº 123
01010 – São Paulo/SP
Redação e Interpretação de textos 39
No envelope – autoridades tratadas por Vossa
Senhoria
Ao Senhor (fica dispensado o tratamento ilustríssimo)
Fulano de Tal
•
desenvolvimento – o assunto é detalhado;
mais de uma idéia – parágrafos distintos
•
conclusão é reafirmada/ reapresentada a
posição recomendada sobre o assunto.
Todos os parágrafos devem ser numerados –
exceção do primeiro e do fecho.
Rua ABC,nº 123
e) Fecho
70.123 – Curitiba/PR
d) Assinatura do autor da comunicação
e) Identificação do signatário
•
Fecho para as Comunicações
Para autoridades superiores – inclusive o Presidente da República: Respeitosamente
Para autoridades de mesma hierarquia ou de
hierarquia inferior : Atenciosamente
•
Identificação do Signatário
nome e cargo da autoridade abaixo do local de
sua assinatura. Com exceção das comunicações assinadas pelo Presidente da República.
(espaço para assinatura)
1.1. AVISO E OFÍCIO
•
Definição e Finalidade
•
Aviso e ofício - modalidades de comunicação idênticas.
Aviso é expedido exclusivamente por Ministros de Estados, Secretário geral da Presidência da
República, Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, Chefe do Gabinete Militar da Presidência
da República e pelo Secretários da Presidência da
República, para autoridades de mesma hierarquia .
Ofício é expedido para e pelas demais autoridades.
Ambos têm como finalidade o tratamento de assuntos
oficiais pelos órgãos da Administração Pública entre
si e, no caso do ofício, entre particulares.
NOME (em maiúscula)
Ministro de Estado da Justiça
1. O Padrão OFÍCIO
Partes
•
Partes - Ofício
a) Tipo e número do expediente seguido da
sigla do órgão que a expede:
•
Timbre ou cabeçalho
•
Índice e número: Ofício nº 123/DP
•
Local e data: Curitiba, 26 de maio de 2005.
•
Assunto ou ementa: Remessa de publicações.
•
Vocativo: Senhor Superintendente:
•
Texto: ligeira introdução e explanação.
Texto longo, parágrafos numerados, com
exceção do primeiro e do último.Texto
com mais de 1 folha, escrevem-se 10 linhas
na primeira folha e repetem-se o índice e
o número nas demais acrescentando-se o
número da respectiva folha: Ofício nº 52/
DP fl.2
•
Fecho: fórmula de cortesia: Respeitosamente
•
Assinatura: nome do signatário, cargo e
função.
EM nº 123/MEFP
Aviso nº 123/SG
Ofício nº 123/DP
b) Local de data por extenso com alinhamento
à direita
Brasília, em 15 de março de 1991.
c) Vocativo invoca o destinatário
Excelentíssimo
República:
Senhor
Senhora Ministra:
Presidente
da
d) Texto
introdução - empregue a forma direta.
Informo Vossa Excelência de que
Submeto à apreciação de Vossa Excelência
Encaminho a Vossa Senhoria
EDITORA APROVAÇÃO
40
Redação e Interpretação de textos
•
Endereço: colocado embaixo, junto à margem esquerda.
DIRETOR DE CURRÍCULO
Anexo: compêndio de Guias Curriculares.
Excelentíssimo Senhor
Fulano de Tal
Ministro da Justiça
Ao Senhor
70.064 – Brasília/DF
Carlos Eduardo Cunha Pinto
Iniciais : siglas do redator e do digitador, em
letras maiúsculas: PST/ERS
DIRETOR DO COLÉGIO ESTADUAL DO
PARANÁ
Rua: Bento Viana, 314.
81.730-410-Curitiba, Pr
Modelo de OFÍCIO
PST/ERS
TIBRE
Ofício nº 30/2006
2006.
Curitiba, 30 de julho de
Ementa: Guias Curriculares.
Senhor Diretor:
Solicitamos de Vossa Senhoria atenção para o
documento denominado “Guias Curriculares Propostos para as Matérias do Núcleo Comum do Ensino Fundamental”, elaborado com rigoroso cuidado
por técnicos desta Secretaria.
2. Salientamos a necessidade de um estudo conjunto desse documento por todos os professores, a
fim de que possam, logo de início, inteirar-se da
importância das diretrizes ali enumeradas, bem
como das implicações que esse documento terá na
escolha dos livros didáticos a serem adotados.
3. Lembramos, na oportunidade, que o planejamento escolar para o ano letivo de 2007 deve ser
feito com base nesse documento, que permitirá
maior facilidade no julgamento dos resultados
práticos obtidos na rede escolar do Estado.
Sendo só, no momento, reiteramos os votos de
profícuo trabalho em favor da Educação
Atenciosamente,
Pedro Gomes Cintra
2. Parecer
Finalidade: aponta solução favorável ou desfavorável para um processo, com justificação, com
base em dispositivos legais em jurisprudência e em
informações. Procedimento administrativo que indica e fundamenta solução que deve ser aplicada ao
caso. Poder ser administrativo / científico ou técnico.
Partes:
•
número do processo- ao alto, no centro da
folha.
•
título: parecer, nº de ordem, dia, mês e
ano.
•
ementa: resumo do assunto, sintética, espaço simples.
•
texto: introdução(histórico), esclarecimento (análise do fato) , conclusão (clara
e objetiva)
•
fecho : o local e/ou a denominação do órgão
(sigla), a data, e a assinatura: nome e cargo
(função).
3. Petição / Requerimento
Finalidade: solicitar algo a uma autoridade
do serviço público. Requerimento –solicitação sob
o amparo da lei. Petição- pedido sem certeza legal, sem segurança quanto ao despacho favorável.
Emprego da 3ª pessoa gramatical – FULANO DE
TAL,..., requer...
Partes:
•
EDITORA APROVAÇÃO
Vocativo : título (tratamento e nome do
cargo) do destinatário.
Redação e Interpretação de textos 41
•
SenhorDelegadoRegionaldoIPASE,PORTO
ALEGRE (RS)
•
Preâmbulo: nome do requerente(todo ele
em caracteres maiúsculos) e sua qualificação (o número de dados depende da finalidade e destinação do documento)
•
Texto: exposição do pedido em termos claros, simples, precisos e concisos.Podem-se
invocar leis, decretos em que se fundamenta o pedido, bem como declarar a finalidade
do que se requer.
•
Fecho: Espera deferimento (E.D.) / Pede deferimento (P.D.)
•
Local e data: Porto Alegre, 12 de maio de
2005.
•
Assinatura.
* Introdução: referência à disposição legal
que motivou a apresentação do relatório,
breve menção ao assunto do relatório.
* Análise: apreciação do assunto, com informações e esclarecimentos necessários à sua
compreensão. Análise honesta, objetiva,
imparcial.
* Conclusão: deduzida da argumentação que
a precede.
* Sugestões ou recomendações: sugestões a
serem tomadas em decorrência do que se
constatou.Devem ser práticas, precisas ,
concretas e relacionarem-se à análise anterior. Os parágrafos podem ser numerados.
* Fecho: fórmula de cortesia, semelhante ao
ofício.
* Local e data.
Modelo de REQUERIMENTO
SENHOR DIRETOR DA ESCOLA TÉCNICA
DE COMÉRCIO
FERNANDA FERREIRA FERNANDES,
brasileira, solteira, estudante, aluna regularmente
matriculada no primeiro ano do ensino médio,
matrícula nº 2526, turma 5, turno noturno, neste
estabelecimento, requer certidão de matrícula para
o fim específico de pleitear dispensa de estágio de
complementação de curso.
Aguarda deferimento.
Nome.
4. Relatório
Finalidade: exposição ou narração de atividades ou fatos, com a discriminação de todos os
seus aspectos ou elementos.
Partes:
do
* Assinatura(s): nome e cargo da(s)
autoridade(s) ou servidor (s) que
apresenta(m) o relatório.
5. Memorando
Finalidade: comunicações internas sobre assuntos rotineiros.Na administração pública, é uma
forma de correspondência entre autoridades de um
mesmo órgão ou entre diretores e chefes ou viceversa. Deve caracterizar-se pela simplicidade, rapidez, clareza e concisão.
Partes:
Curitiba, 30 de julho de 2007.
* Título: denominação
Relatório
* Texto: exposição do assunto
documento:
* Invocação: tratamento e cargo da pessoa a
quem é dirigido.Senhor Diretor:
•
Timbre: setor ou departamento que expede
o memorando
•
Índice e número: nº do memorando e iniciais do setor que o expede.
•
Local e data: local, dia, mês e ano. (data
pode ser abreviada)
•
Indicações do remetente do destinatário:
Do e Ao.
•
Assunto: resumo do assunto.
•
Vocativo: tratamento , cargo do destinatário.
•
Texto: exposição do assunto.
•
Fecho: fórmula de cortesia (Respeitosamente, Cordialmente) assinatura.
EDITORA APROVAÇÃO
42
Redação e Interpretação de textos
Modelo de MEMORANDO
Memo nº 25/DACEX
Curitiba, 20 de julho de 2006.
Do: Secretário
Ao: Chefe do Departamento ....
Assunto: Instalação de microcomputadores.
Senhor:
Nos termos do “Plano Geral de Informatização”,
solicito a Vossa Senhoria verificar a possibilidade
de que sejam instalados três microcomputadores
neste Departamento.
2. Sem esclarecer maiores detalhes técnicos,
acrescento, apenas, que o idela seria que o equipamento fosse dotado de “disco rígido” e de monitor
padrão “...” .
3. O treinamento de pessoal para .... a cargo da
Seção de Treinamento do .... , cuja chefia já manifestou seu acordo a respeito.
Não se admitem rasuras, para ressalvar erro
constatado durante a redação, usa-se a palavra
“digo”, depois da qual se repete a palavra anterior ao mesmo erro. Quando se constata erro ou
omissão após a redação, usa-se a expressão “em
tempo” , que é colocada após o escrito, seguindo-se a emenda ou acréscimo. Deve constar
nas atas: natureza da reunião; hora, dia,mês,
ano e local de sua realização; nome de quem
a presidiu; membros presentes e ausentes, consignando a justificativa desses; ordem do dia
(discussões, votações, deliberações); fecho. As
assinaturas serão na seqüência.
Partes:
•
Cabeçalho: Ex.: Ata da sexta Reunião Ordinária dos Membros do Conselho Comunitário.
•
Abertura: indicação (dia/ mês /ano e hora
da reunião) local (sala número 10), nome
da entidade que está reunida, nome do
presidente e do secretário, bem como a finalidade da reunião.
•
Legalidade: declara-se a legalidade da reunião por existir quórum conforme os estatutos.
•
Relação nominal dos presentes: Ex.: Estiveram presentes os seguintes membros
do Conselho ou Estiveram presentes trezentos e doze associados, conforme consta da lista de presença.
•
Aprovação da ata anterior
•
Desenvolvimento: narram-se por ordem
cronológica os assuntos tratados e suas decisões, mencionando de quem partiram as
colocações. Ex.: Dando início à ordem do
dia, o senhor presidente relatou ...
•
Fecho: Ex.: Nada mais havendo a tratar, o
senhor presidente encerrou a reunião.
Atenciosamente,
Nome
espaços em branco se façam acréscimos. Declarase a legalidade da reunião por existir quórum,
conforme os estatutos. Não havendo quorum, a
reunião não pode ser realizada, mas a ata deve
ser lavrada para que o fato fique registrado.
Cargo do signatário.
6. Ata
Finalidade: documento de valor jurídico, em
que se registram, de forma exata e metódica, as
ocorrências, resoluções e decisões das assembléias, reuniões e sessões realizadas por comissões,
conselhos congregações ou entidades semelhantes. Deve ser redigida de tal maneira que não
se possa modificá-la posteriormente. Redigida
em livros próprios com páginas rubricadas por
quem redigiu os termos de abertura e de encerramento. Não se fazem parágrafos ou alíneas, escreve-se tudo seguidamente para evitar que nos
EDITORA APROVAÇÃO
Prática
Modelo de ATA
Ata da sexta Reunião Ordinária dos Membros
do Conselho Comunitário.
Ao primeiro dia do mês de fevereiro de dois mil
e sete, às vinte horas, na sala número cinco da Secretaria de Turismo, realizou-se a terceira reunião
ordinária do Conselho Comunitário, presidida pelo
Senhor Ferdinando de Castro Lisboa e secretariada
por mim, Efigênia Ramos Monteiro, para tratar da
seguinte ordem do dia, conforme edital número
5/2007, expedido a todos os membros com data de
vinte de janeiro do corrente ano: 1) relatório das
atividades do ano anterior; 2) prestação de contas da diretoria; 3) planos de ação para o corrente
ano; 4) exame da proposta de construção de sede
própria. O Senhor Presidente declarou a legalidade
da reunião por haver quórum, conforme preceitua
o artigo trinta e seis dos Estatutos. Estiveram presentes trezentos e doze associados, conforme consta da lista de presença. O Senhor solicitou a leitura da ata da reunião anterior. Após a leitura, como
não houvesse emendas ou ressalvas, foi ela aprovada por unanimidade. Dado o início da ordem do
dia, o Senhor Presidente relatou as realizações de
sua gestão até a presente data, exibindo completo
relatório escrito. O Senhor Homero de Aguiar pediu a palavra para propor voto de louvor ao Presidente. Posto em discussão o assunto, o Senhor
Takashe Nobuaki declarou-se contrário ao voto por
ver nessas realizações o cumprimento do dever.
Duas correntes se formaram, e o assunto foi posto
em votação secreta por solicitação da Senhora Consuelo Teixeira. Feita a votação, obteve-se como resultado vinte e oito votos a favor e dois nulos. Nada
mais havendo a tratar, o Senhor Presidente encerrou a reunião, agradecendo a presença de todos. E
para constar, eu Efigênia Ramos Monteiro, lavrei a
presente ata que, depois de lida e aprovada, será assinada por mim, pelo Senhor Presidente e por todos os presentes.
(Encerrou-se a ata constando que todos os presentes a assinarão; as assinaturas terão a seqüência: o secretário, o Presidente e demais presentes,
preenchendo toda a linha.)
Referências – Manual de Redação da Presidência
da República // Manual de Comunicação Escrita Oficial
do Estado do Paraná // KASPARY,Adalberto J. REDAÇÃO
OFICIAL(normas e modelos)
Redação e Interpretação de textos 43
TESTES - QUESTÕES DE
CONCURSOS
01. (BB-10/06/2007/ UnB/CESPE)
Texto para os itens 1 a 10.
Os bancos médios alcançaram um de seus melhores anos em 2006. A rigor, essas instituições não
optaram por nenhuma profunda ou surpreendente
mudança de foco estratégico. Bem ao contrário,
elas apenas voltaram a atuar essencialmente como
bancos: no ano passado a carteira de crédito dessas
casas bancárias cresceu 39,2%, enquanto a carteira
dos dez maiores bancos do país aumentou 26,2%,
ambos com referência a 2005.
É apressado asseverar que essa expansão do
segmento possa gerar maior concorrência no setor.
Vale lembrar, apenas como comparação, que a chegada dos bancos estrangeiros (nos anos 90) não
surtiu o efeito esperado quanto à concorrência
bancária. Os bancos estrangeiros cobram o preço
mais alto em 21 tarifas. E os bancos privados nacionais, médios e grandes, têm os preços mais altos
em outras 21. O tamanho do banco não determina
o empenho na cobrança de tarifas. O principal motivo da fraca aceleração da concorrência do sistema
bancário é a permanência dos altos spreads, a diferença entre o que o banco paga ao captar e o que
cobra ao emprestar, que não se altera muito, entre
instituições grandes ou médias.
Vale notar, também, que os bons resultados dos
bancos médios brasileiros atraíram grandes instituições do setor bancário internacional interessadas em
participação segmentada em forma de parceria. O
Sistema Financeiro Nacional só tem a ganhar com
esse tipo de integração. Dessa forma, o cenário, no
médio prazo, é de acelerado movimento de fusões
entre bancos médios, processo que já começou. Será
um novo capítulo da história bancária do país.
A respeito do texto acima e de aspectos relacionados ao tema nele abordado, julgue
os itens a seguir.
1. Pelos sentidos do texto, os bons resultados
dos bancos médios contribuem para acelerar
significativamente a concorrência bancária.
2. O interesse dos gigantes do setor bancário
internacional pelas instituições brasileiras
prejudica o Sistema Financeiro Nacional.
3. O pronome “elas” (l.4) retoma o antecedente
“essas instituições” (l.2)
4. Na linha 5, mantém-se a correção gramatical
do texto ao se substituir o sinal de dois-
EDITORA APROVAÇÃO
44 Redação e Interpretação de textos
Prática
pontos por ponto final, colocando-se inicial
maiúscula em “no”.
gua, está sendo empregada no sentido de
diminuição, limitação de investimentos.
5. O emprego do subjuntivo em “possa” (l.10)
justifica-se por se tratar de uma afirmação
hipotética.
3. O sinal indicativo de crase em “à situação” (l.7)
justifica-se pela regência de “pedidos” (l.6) e pela
presença de artigo definido, feminino, singular.
6. Estaria gramaticalmente correta a inserção
da conjunção Portanto, seguida de vírgula,
antes de “O tamanho do banco” (l.16), com
ajuste na inicial maiúscula.
4. A substituição da expressão “foram solicitadas” (l.13) por se solicitaram prejudica a
correção gramatical do período.
7. Mantém-se a correção gramatical do período ao se substituir a vírgula após “spreads”
(l.9) por sinal de dois-pontos.
8. A relação semântico-sintática entre o período que termina em “parceria” (l.25) e o que
começa com “O Sistema Financeiro” seria corretamente explicitada por meio da conjunção
Entretanto.
9. A inserção do pronome Ela antes de “Será
um novo capítulo” (l.29), com ajuste de
maiúscula, mantém a coesão textual.
10.A correção gramatical, o nível de formalidade
e as escolhas lexicais permitem afirmar-se
que a linguagem do texto está apropriada
para correspondências oficiais.
02. (BB-10/06/2007/ UnB/CESPE)
Texto para os itens 1 a 5.
Não foi por falta de aviso. Desde 2004, a
Aeronáutica vem advertindo dos riscos do desinvestimento no controle do tráfego. Ao apresentar suas propostas orçamentárias de 2004, 2005
e 2006, o Departamento de Controle do Espaço
Aéreo (DECEA) informou, por escrito, que a não
liberação integral dos recursos pedidos levaria à
situação vivida agora no país. Mesmo assim, as verbas foram cortadas ano após ano pelo governo, em
dois momentos: primeiro no orçamento, depois na
liberação efetiva do dinheiro.
As advertências do DECEA foram feitas à
Secretaria de Orçamento Federal do Ministério do
Planejamento, na oportunidade em que foram solicitadas verbas para “operação, manutenção, desenvolvimento e modernização do Sistema de Controle
do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB)”. Elas são citadas
em relatório do Tribunal de Contas da União (TCU).
Com referência às estruturas e às idéias do texto, bem como a aspectos associados aos temas
nele tratados, julgue os próximos itens.
1. A expressão “Não foi por falta de aviso” (l.1)
é adequada para iniciar um ofício.
2 .A palavra “desinvestimento” (l.2), neologismo
criado com base nas possibilidades da lín-
EDITORA APROVAÇÃO
5. Conhecida como apagão aéreo, a atual crise
da aviação brasileira surgiu inesperadamente
e por motivos aparentemente desconhecidos,
como se depreende da leitura do texto.
03.TEXTO(Escrivão-PF/2004/UnB/CESPE)
Definimos guerra a partir da definição de nação
e de Estado e conceituamos guerra civil por meio
de critérios políticos, entre os quais devem ser incluídos os étnicos, raciais, lingüísticos e religiosos.
Mas , se redefinirmos guerra com base no número
de mortes violentas, poderemos considerar que o
país enfrenta, há muito tempo, um dos conflitos
mais sangrentos da história. O Brasil, em geral, e
o estado do Rio de Janeiro e sua capital, em particular, vivem uma catástrofe humana equivalente
à soma das perdas militares em muitas guerras.
Em relação ao texto acima, julgue os itens
que se seguem.
1. O emprego da primeira pessoa do plural justifica-se no artigo de opinião, mas exemplifica nível de formalidade incompatível com
a redação de textos oficiais.
2. Como existem várias formulações possíveis
para uma mesma idéia, a substituição de
“devem ser incluídos” por “se devem incluir”
mantém a correção gramatical do período.
3. Em “se redefinirmos “ , como não se pode
identificar o agente, o pronome “se” indica
indeterminação do sujeito, o que reforça a
objetividade e a impessoalidade do texto.
4. O emprego do sinal indicativo em “à soma”, justifica-se pela regência da forma verbal “vivem”.
5. A expressão “soma das perdas militares” faz
alusão aos prejuízos materiais advindos dos
conflitos bélicos.
04. (CNPq-Programa de Ação Afirmativa –
Bolsas – Prêmio de Vocação para a Diplomacia // maio/2004)
A partir das últimas décadas do século XVIII,
quando a pintura mineira, principalmente caracterizada pelos forros de igrejas pintados em perspectiva ilusionista, evolui para o estilo rococó, com sua
Prática Redação e Interpretação de textos 45
típica decoração em concheados e trama arquitetônica vazada, já os artistas mulatos, filhos de portugueses e escravas, sobrepujavam em número os
brancos, filhos de casais legítimos de portugueses
ou recentemente emigrados.
Em relação ao texto acima, julgue os itens
que se seguem.
1. Alteram-se as relações de sentido, mas
preserva-se a coerência textual, ao se substituir “A partir das” por Nas; mas, nesse caso,
torna-se obrigatória a retirada do advérbio
“já”, para que seja também preservada a correção gramatical.
2. As vírgulas logo depois de “XVIII” e de “mineira” demarcam um aposto de valor temporal, por isso nenhuma delas deve ser retirada
para que o texto se mantenha gramaticalmente correto.
3. O emprego da preposição em “sobrepujavam em número os brancos”obedece às
regras de regência da norma padrão para
o verbo sobrepujar; por isso, seria incorreta
do ponto de vista da regência a seguinte estrutura: sobrepujava o número de brancos.
4. Depreende-se do fragmento que o estilo
rococó foi o primeiro estilo arquitetônico
utilizado nas igrejas de Minas, caracterizase por pinturas em perspectiva ilusionista e
apresenta decoração em forma de concha
e trama arquitetônica vazada.
5. O fragmento é constituído por um só período
sintático; por isso, seus sentidos são ambíguos e pouco claros, o que inviabilizaria a utilização dele em correspondência oficial.
05. (TCU – Analista de Controle Externo /
29/09/2007// UnB/CESPE)
Desenvolvimento, ambiente e saúde
No documento Nosso Futuro Comum, preparado,
em 1987, pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas, ficou
estabelecido, pela primeira vez, novo enfoque global
da problemática ecológica, isto é, o das inter-relações
entre as dimensões físicas, econômicas, políticas e
socioculturais. Desde então, vêm se impondo, entre especialistas ou não, a compreensão sistêmica
do ecossistema hipercomplexo em que vivemos e a
necessidade de uma mudança nos comportamentos
predatórios e irresponsáveis, individuais e coletivos,
a fim de permitir um desenvolvimento sustentável,
capaz de atender às necessidades do presente, sem
comprometer a vida futura sobre a Terra.
O desenvolvimento, como processo de incorporação sistemática de conhecimentos, técnicas
e recursos na construção de crescimento qualitativo e quantitativo das sociedades organizadas, tem
sido reconhecido como ferramenta eficaz para a
obtenção de uma vida melhor e mais duradoura.
No entanto, esse desenvolvimento pode conspirar
contra o objetivo comum, quando se baseia em
valores, premissas e processos que interferem negativamente nos ecossistemas e, em conseqüência,
na saúde individual e coletiva
(Paulo Marchiori Buss. Ética e ambiente. In:Desafios éticos,
p.70. (com adaptações)
Julgue os itens a seguir, a respeito da organização das idéias e das estruturas lingüísticas
do texto acima.
1. A retirada da palavra “como (l.14) não provocaria incorreção gramatical, mas alteraria
a coerência da argumentação do texto, pois
a sua utilização indica que “O desenvolvimento” (l.14) poderia ter outros sentidos que
não o explicitado pelo aposto.
2. Preservam-se a correção gramatical e a coerência do texto ao substituir-se a expressão
“isto é” (l.5), bem como as vírgulas que a
demarcam, pelo sinal de dois pontos.
3. A retirada do acento circunflexo na forma
verbal “vêm” (l.7) provoca incorreção gramatical no texto porque o sujeito a que
essa forma verbal se refere tem dois núcleos
“compreensão” (l.7) e “necessidade”.(l.9)
4. A expressão “Desde então” (l.6), com valor
temporal, remete ao surgimento do documento “Nosso Futuro Comum”(l.1).
5. Depreende-se da argumentação do texto
que, na linha 10, o sentido da palavra “predatórios” corresponde a “individuais”, e o de
“irresponsáveis”, a “coletivos”.
6. O emprego do sinal indicativo de crase em
“as necessidades” (l.12) é obrigatório; a omissão desse sinal provocaria erro gramatical
por desrespeitar as regras de regência estabelecidas pelo padrão culto da linguagem.
7. Para que o texto seja adequado, quanto
à clareza e objetividade, para compor um
documento oficial – como, por exemplo, um
parecer ou um relatório – será necessário explicitar a que desenvolvimento se refere a
expressão “esse desenvolvimento” (l.19)
8. Depreende-se do último período do texto
que a saúde, individual e coletiva, está diretamente relacionada aos ecossistemas que
constituem valores, premissas e processos
de um desenvolvimento sustentável.
EDITORA APROVAÇÃO
46
Redação e Interpretação de textos
COMPREENSÃO E
INTERPRETAÇÃO DE
TEXTO
Compreensão ou Intelecção de Texto – consiste em analisar o que realmente está escrito, ou
seja, coletar dados do texto. O enunciado normalmente assim se apresenta:
As considerações do autor se voltam para...
Segundo o texto está correta...
De acordo com o texto, está incorreta...
Tendo em vista o texto, está incorreta...
O autor sugere ainda que..
De acordo com o texto é certo...
O autor afirma que ...
Interpretação de Texto – consiste em saber o
que se infere (conclui) do que está escrito. O enunciado normalmente é encontrado da seguinte maneira:
O texto possibilita o entendimento de que...
Com apoio no texto, infere-se que...
O texto encaminha o leitor para...
Pretende o texto mostrar que o leitor...
O texto possibilita deduzir que...
Três erros capitais na Análise de Textos:
1. Extrapolação
É o fato de se fugir do texto. Ocorre quando se
interpreta o que não está escrito. Muitas vezes são
fatos reais, mas que não estão expressos no texto.
Deve-se ater somente ao que está relatado.
2. Redução
É o fato de se valorizar uma parte do contexto,
deixando de lado a sua totalidade. Deixa-se de considerar o texto como um todo para se ater apenas à
parte dele.
3. Contradição
É o fato de se entender justamente o contrário
do que está escrito. É bom que se tome cuidado
com algumas palavras, como: pode, deve, não,
verbo “ser”, nunca, sempre , etc.
EDITORA APROVAÇÃO
VOCABULÁRIO
Uma das estratégias importantes para compreender bem um texto está ligada ao conhecimento
do vocabulário. Todo leitor deve preocupar-se em
melhorar constantemente a sua capacidade de identificar palavras-chaves e palavras-incidentais. As palavras-chaves podem impedir a compreensão do sentido geral do texto, comprometendo a interpretação.
Já as palavras-incidentais são as de complementação
periférica do texto, tornam a percepção mais aguda
e profunda, mas não chegam a comprometer o resultado geral da leitura. Nos dois casos, é necessário
atentar para as pistas contextuais.
TEMA DO TEXTO
O tema traz em si a informação principal para
a qual cada uma das partes se volta. Um tema é retomado diversas vezes dentro de um texto, apresentando aspectos diferentes; na verdade, é a armação sustentadora do assunto. Quase se poderia
afirmar que é a redução mais sintética a que se pode
chegar de um texto.
PARÁFRASE
A paráfrase também é uma forma de reprodução de um texto. É uma reafirmação em palavras diferentes da idéia central de uma passagem.
Na paráfrase recontamos o texto com as próprias
palavras, é quase uma tradução daquilo que parte
do texto ou o todo querem dizer. Em geral, a paráfrase se aproxima do original em extensão.
INFORMAÇÃO BÁSICA E INFORMAÇÃO
COMPLEMENTAR
A maioria esmagadora das orações da língua
é constituída de duas partes: informação básica e
informação complementar. E isso você verificará já
no 1º. parágrafo.
A Informação básica é constituída por aquilo
de que estamos falando (aproximadamente o que
a análise sintática das gramáticas escolares chama
de “sujeito”), mais aquilo que dizemos a respeito
(mais ou menos o que a análise sintática chamaria
de “predicado”).
Redação e Interpretação de textos 47
Observe o exemplo:
A Rotafill, maior fabricante de autopeças do Brasil, vinha latindo muito pela TV, numa série de propagandas com cães amestrados. Na semana passada,
bombardeada também pela crise, a empresa estava
mais preocupada em acelerar um programa de
redução de despesas nas suas unidades. Considerando insuficiente um esquema de demissões voluntárias lançado no mês passado, a Rotafill demitiu
1.000 de seus 12.000 empregados.
Detalhe importante: é chamada de básica,
não porque seja obrigatoriamente a informação
principal, mas porque tem autonomia sintática
(sujeito + predicado) .
Observe esse outro exemplo:
Sem comércio e sem dinheiro, voltados para
a arte e para a natureza, os moradores de Yuba
vivem uma vida primitiva, negando as conquistas da civilização, mais ou menos de acordo com os
ensinamentos do polêmico filósofo Rousseau.
Há nesse período cinco “blocos” de informações, separadas por vírgula. Para fim didático, podemos considerar a informação em negrito, como
básica do período: os moradores de Yuba vivem
uma vida primitiva.
Observe as informações complementares:
•
voltados para a arte e para a natureza,
•
Sem comércio e sem dinheiro
•
mais ou menos de acordo com os ensinamentos do polêmico filósofo Rousseau.
•
negando as conquistas da civilização
Veja mais alguns exemplos, grife as informações básicas.
1. Na década de 80, os supermercados cresceram na velocidade do som, figurando como
um dos melhores negócios do país.
2. Banha mandou para casa, em férias coletivas, mais 3.500 de seus empregados.
3. O Paes Mendonça, o grupo do baiano Mamede, que comanda o maior hipermercado
do país, na Barra da Tijuca, fechou doze lojas na Bahia.
4. A rainha francesa dos hipermercados brasileiros, o grupo Carrefour, um foguete que
parecia invencível, está fazendo ginástica
para não escorregar.
5. Em primeiro lugar, os choques econômicos abalaram essas redes, que eram grandes
demais, mal administradas e dispensavam
capital em negócios secundários.
PASSOS PARA LEITURA E
INTERPRETAÇÃO
1. Ler duas vezes o texto. A primeira para ter
noção do assunto, a segunda para prestar
atenção às partes. Lembrar-se de que cada
parágrafo desenvolve uma idéia.
2. Ler duas vezes o comando da questão, para
saber realmente o que se pede. Sublinhar
palavras como: pode, deve, não, sempre,
é necessário, correta, incorreta, exceto,
erro etc. , para não se confundir no momento de responder à questão.
3. Ler duas vezes cada alternativa para eliminar o que é absurdo. Geralmente um terço
das afirmativas o são.
4. Se o comando pede a idéia principal ou tema,
normalmente deve situar-se no primeiro
ou no último parágrafo - introdução e conclusão.
5. Se o comando busca argumentação, deve
localizar-se nos parágrafos intermediários desenvolvimento.
6. Durante a leitura, pode-se sublinhar o que
for mais significativo e/ou fazer observações
à margem do texto.
7. Não levar em consideração o que o autor quis
dizer, mas sim o que ele disse; escreveu.
8. Tomar cuidado com os vocábulos relatores
(os que remetem a outros vocábulos do texto: pronomes relativos, pronomes pessoais,
pronomes demonstrativos, etc.
EDITORA APROVAÇÃO
48 Redação e Interpretação de textos
Prática
QUESTÕES DE CONCURSO
UnB/CESPE – PMDF / SAÚDE Caderno A
Especialidade 1: Angiologia – 2 –
Texto para os itens de 1 a 10
Em uma sociedade como a nossa, conhecemos, é certo, procedimentos de exclusão. O mais
evidente, o mais familiar também, é a interdição.
Sabe-se bem que não se tem o direito de dizer
tudo, que não se pode falar de tudo em qualquer
circunstância, que qualquer um, enfim, não pode
falar de qualquer coisa. Tabu do objeto, ritual da
circunstância, direito privilegiado ou exclusivo do
sujeito que fala: temos aí o jogo de três tipos
de interdições que se cruzam, se reforçam ou se
compensam, formando uma grade complexa que
não cessa de se modificar. Notaria apenas que, em
nossos dias, as regiões onde essa grade é mais cerrada, onde os buracos negros se multiplicam, são
as regiões da sexualidade e as da política: como se
o discurso, longe de ser elemento transparente ou
neutro no qual a sexualidade se desarma e a política
se pacifica, fosse um dos lugares onde elas exercem,
de modo privilegiado, alguns de seus mais temíveis
poderes. Por mais que o discurso seja aparentemente
bem pouca coisa, as interdições que o atingem revelam logo, rapidamente, sua ligação com o desejo e
com o poder.
Nisto não há nada de espantoso, visto que o
discurso — como a psicanálise nos mostrou — não
é simplesmente aquilo que manifesta (ou oculta) o
desejo; é, também, aquilo que é objeto do desejo;
e visto que — isto a história não cessa de nos
ensinar — o discurso não é simplesmente aquilo
que traduz as lutas ou os sistemas de dominação,
mas aquilo por que, pelo que se luta, o poder do
qual nos queremos apoderar.
Michel Foucault. A ordem do discurso. 6.ª ed., São Paulo:
Loyola, 1996, p. 9-10 (com adaptações).
Com relação às idéias do texto, julgue os
itens subseqüentes.
1. A interdição é um procedimento de exclusão,
segundo o qual as pessoas são submetidas a restrições impostas socialmente e que se alternam.
2. As expressões “Tabu do objeto” (R.6), “ritual da
circunstância” (R.6-7) e “direito privilegiado ou
exclusivo do sujeito que fala” (R.7-8) são tipos
de interdição que se entrelaçam em uma rede
que sofre transformações continuamente.
3. As regiões da sexualidade e as da política
são foco de três interdições mencionadas, as
quais são reveladas no discurso com transparência e rapidez.
EDITORA APROVAÇÃO
4. O discurso liga-se ao poder porque manifesta
e ao mesmo tempo oculta os sistemas de
dominação.
5. O último parágrafo explicita como o discurso se liga ao desejo e ao poder.
Julgue os itens seguintes, relativos às estruturas lingüísticas do texto.
6. Preservam-se a correção gramatical e o sentido do texto se o pronome “onde” (l.11) for
substituído por as quais.
7. A expressão “no qual” (l.15) tem como referente a expressão “elemento transparente
ou neutro” (l.14-15).
8. Na linha 23, o pronome “aquilo” pode ser
substituído por o, sem prejuízo do sentido
original e de correção gramatical.
9. O pronome “isto” (l.24) recupera o sentido
do trecho “visto que o discurso (…) desejo”
(l. 21-23).
10. Na linha 27, o pronome “nos” complementa
o sentido da forma verbal “queremos”.
TEXTO
A leitura crítica pressupõe a capacidade do indivíduo de construir o conhecimento, sua visão de
mundo, sua ótica de classe. Isso é possível através
das discussões em sala, do diálogo com os professores, com outros alunos e, até mesmo, do “diálogo
cognitivo” com seu objeto de conhecimento. No
“diálogo cognitivo” com o objeto do conhecimento
encontra-se o valor da apreensão dos conteúdos
curriculares historicamente produzidos, pois não se
constrói o conhecimento a partir do nada. À medida
que assimila criticamente os conteúdos (momento
em que entra em ação a diretividade do professor,
selecionando, sistematizando e apresentando os conteúdos), o aluno realiza o diálogo cognitivo com seu
objeto. A assimilação crítica ocorre quando os conteúdos são confrontados com os dados da realidade
empírica, quando são historicizados, relativizados no
contexto que os gerou, remetidos às suas condições
de produção, quando são apreendidos através da relação, tão conhecida na obra de Freire, entre leitura da
palavra e leitura do mundo.
Aparecida de Fátima Tiradentes dos Santos. Desigualdade social e dualidade escolar: conhecimento e poder
em Paulo Freire e Gramsci. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000, p.
89.
Em relação ao texto acima, julgue os itens
a seguir.
11.O trecho “de construir o conhecimento” (l.2) estabelece relação de regência com o termo “capacidade” (l.1), especificando-lhe o significado.
Prática Redação e Interpretação de textos 49
12. O pronome “seu” (l.5) se reporta à expressão
“a capacidade do indivíduo” (l.1-2), com a
qual mantém relação coesiva.
13.O conectivo “À medida que” (l.9-10) liga orações e estabelece entre elas relação semântica que poderia ser expressa pelo conectivo
Enquanto.
14.O termo “às” (l.16) pode, sem prejuízo para
a correção gramatical do período, ser
substituído por a.
15.O trecho “são apreendidos através da relação” (l.17-18) refere-se sintaticamente à expressão “conteúdos curriculares” (l.8).
16.Infere-se da leitura do texto que o diálogo
cognitivo é condição prévia para a leitura crítica porque esta apenas é alcançada
quando professores e alunos se envolvem
em discussões em sala de aula.
17.O conhecimento é construído historicamente;
por essa razão, os conteúdos curriculares podem propiciar o diálogo do aluno com o objeto de conhecimento que está estudando.
18. A combinação entre a teoria e a prática é
pressuposta da leitura do texto.
Julgue os itens que se seguem, referentes a
redação de correspondências oficiais.
19.O pronome de tratamento empregado em comunicações dirigidas aos chefes dos três poderes
é Excelentíssimo Senhor seguido do cargo.
20. O memorando tem como finalidade a comunicação entre os chefes de unidades administrativas de órgãos distintos.
UnB/CESPE – TCU
Cargo 2.1: Analista de Controle Externo –
Texto para os itens de 1 a 10
Ao apresentar a perspectiva local como inferior
à perspectiva global, como incapaz de entender, de
explicar e, em última análise, de tirar proveito da
complexidade do mundo contemporâneo, a concepção global atualmente dominante tem como
objetivo fortalecer a instauração de um único código unificador de comportamento humano, e abre
o caminho para a realização do sonho definitivo
de economias globais de escala. Como resultado
deste processo, o “modelo econômico” alcança sua
perfeição, que não é somente descrever o mundo,
mas efetivamente governá-lo. E esta é a essência
mesma do paradigma moderno de desenvolvimento e de progresso, cujo estágio supremo de
perfeição a globalização representa.
Fica claro que a escala não poderia ser melhor
ou maior do que sendo global e é somente neste
nível que a sua primazia e universalidade são finalmente afirmadas, junto com a certeza de que
jamais poderia surgir alguma alternativa viável ao
sistema ideologicamente dominante fundado no
livre mercado, dada a ausência de qualquer cultura
ou sistema de pensamento alternativo.
Se virmos o fenômeno da globalização sob esta luz,
creio que não poderemos escapar da conclusão de que
o processo é totalmente coerente com as premissas
da ideologia econômica que têm se afirmado como a
forma dominante de representação do mundo ao longo
dos últimos 100 anos, aproximadamente.
A globalização não é, portanto, um acontecimento acidental ou um excesso extravagante, mas
uma extensão simples e lógica de um “argumento”.
Parece realmente muito difícil conceber um resultado final que fizesse mais sentido e fosse mais
coerente com as bases ideológicas sobre as quais
está fundado. Em suma, a globalização representa
a realização acabada e a perfeição do projeto de
modernidade e de seu paradigma de progresso.
G. Muzio. A globalização como o estágio de perfeição
do paradigma moderno: uma estratégia possível para
sobreviver à coerência do processo. Trad. Luís Cláudio Amarante. In: Francisco de Oliveira e Maria Célia Paoli (Org.). Os
sentidos da democracia. Políticas do dissenso e hegemonia global. 2.a ed. Petrópolis – RJ: Vozes; Brasília: NEDIC,
1999, p. 138-9 (com adaptações).
Com relação aos sentidos e a aspectos lingüísticos
do texto, julgue os itens seguintes.
1. No texto, é apresentada, em forma dissertativa, uma
análise do processo de globalização e da hegemonia, no mundo contemporâneo, do sistema
econômico embasado no livre mercado.
2. A direção argumentativa do texto evidencia a
intenção do autor em fazer uma apologia do
modelo de desenvolvimento e de progresso
que a globalização representa.
3. Infere-se do texto que a globalização constitui
o caminho ideal para a superação do atraso
econômico verificado em alguns países, cuja
cultura local se mostra incapaz de compreender
a complexidade do mundo contemporâneo.
4. A supressão da vírgula logo após o termo
“humano” (l.6) não prejudica a correção gramatical do texto.
5. Mantém a correção gramatical do texto
a seguinte reescrita do trecho “e abre o
caminho para a realização” (l.6-7): e deixa
aberto o caminho à realização.
6. Na linha 11, não haveria prejuízo para os
sentidos do texto caso o termo “mesma”
fosse deslocado para antes do substantivo
EDITORA APROVAÇÃO
50 Redação e Interpretação de textos
Prática
“essência”, dado o caráter enfático que o
termo pronominal adquire no contexto.
7. Mantêm-se a correção gramatical e a coerência do texto caso o trecho “cujo estágio
supremo de perfeição a globalização representa” (l.12-13) seja assim reescrito: do qual
estágio supremo de perfeição é representado pela globalização.
8. No texto, o termo “primazia” (l.16) está
empregado com o mesmo sentido que na
frase: Segundo o presidente da República,
a Organização das Nações Unidas deve
deter a primazia na preservação da paz e
da segurança internacional.
9. Na linha 24, a forma verbal “têm” em “têm se
afirmado” estabelece relação de concordância com o termo antecedente “ideologia”.
10. O ‘argumento’ mencionado à linha 29 pode ser
assim entendido: modelo econômico embasado
no livre mercado é a alternativa mais viável para
o progresso e desenvolvimento mundial.
Texto para os itens de 11 a 18.
Dentro de um mês tinha comigo vinte aranhas;
no mês seguinte cinqüenta e cinco; em março
de 1877 contava quatrocentas e noventa. Duas
forças serviram principalmente à empresa de as
congregar: o emprego da língua delas, desde
que pude discerni-la um pouco, e o sentimento
de terror que lhes infundi. A minha estatura, as
vestes talares, o uso do mesmo idioma fizeramlhes crer que eu era o deus das aranhas, e desde
então adoraram-me. E vede o benefício desta
ilusão. Como as acompanhasse com muita atenção
e miudeza, lançando em um livro as observações
que fazia, cuidaram que o livro era o registro dos
seus pecados, e fortaleceram-se ainda mais nas
práticas das virtudes. (...)
Não bastava associá-las; era preciso dar-lhes
um governo idôneo. Hesitei na escolha; muitos
dos atuais pareciam-me bons, alguns excelentes,
mas todos tinham contra si o existirem. Explico-me.
Uma forma vigente de governo ficava exposta a
comparações que poderiam amesquinhá-la. Era-me
preciso ou achar uma forma nova ou restaurar alguma
outra abandonada. Naturalmente adotei o segundo
alvitre, e nada me pareceu mais acertado do que uma
república, à maneira de Veneza, o mesmo molde, e até
o mesmo epíteto. Obsoleto, sem nenhuma analogia,
em suas feições gerais, com qualquer outro governo
vivo, cabia-lhe ainda a vantagem de um mecanismo
complicado, o que era meter à prova as aptidões
políticas da jovem sociedade.
A proposta foi aceita. Sereníssima República
pareceu-lhes um título magnífico, roçagante, expansivo, próprio a engrandecer a obra popular.
EDITORA APROVAÇÃO
Não direi, senhores, que a obra chegou à perfeição, nem que lá chegue tão cedo. Os meus pupilos
não são os solários de Campanela ou os utopistas
de Morus; formam um povo recente, que não pode
trepar de um salto ao cume das nações seculares.
Nem o tempo é operário que ceda a outro a lima ou
o alvião; ele fará mais e melhor do que as teorias do
papel, válidas no papel e mancas na prática.
Machado de Assis. A Sereníssima República (conferência
do cônego Vargas). In: Obra completa. Vol. II. Contos. Papéis
avulsos. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1959, p. 337-8.
No que se refere aos sentidos, à organização
das idéias do texto e à tipologia textual, julgue os itens de 11 a 16.
11.O autor do texto, por meio de narrativa
alegórica, uma parábola, expõe seu ponto
de vista acerca do comportamento humano
e da organização política e social.
12.Infere-se da leitura do texto que dois fatores
se destacam nas relações sociais de poder: a
unidade lingüística e o sentimento de medo
incutido no outro.
13.Para o criador da sociedade das aranhas, a
prática das virtudes é condição natural dos
que crêem em Deus.
14. Na frase “E vede o benefício desta ilusão” (l.8-9),
o narrador dirige-se diretamente às aranhas.
15. No texto, uma característica da república
escolhida para ser instaurada na sociedade
das aranhas é explicitada na expressão “sem
nenhuma analogia, em suas feições gerais,
com qualquer outro governo vivo” (l.22-23).
16. No texto, a comparação estabelecida entre
o tempo e um trabalhador que faz questão
de cumprir, ele mesmo, o seu ofício serve de
crítica aos governos vigentes, que o autor
do texto considera mesquinhos.
Julgue os itens 17,18 e 19, que se referem
a aspectos lingüísticos do texto.
17. O verbo ter, na linha 1, está empregado no
sentido de haver, existir, por isso mantém-se
no singular, sem concordar com o sujeito
da oração — “vinte aranhas” (l.1).
18. O trecho “o que era meter à prova as aptidões
políticas da jovem sociedade” (l.24-25) pode ser
reescrito, mantendo-se a correção e a coerência
do texto, da seguinte forma: o de pôr à prova as
habilidades políticas da jovem sociedade.
19.. A forma verbal “formam” (l.31) está
flexionada na 3.a pessoa do plural para
concordar com a idéia de coletividade que
a palavra “povo” (l.32) expressa.
Prática Redação e Interpretação de textos 51
Anotações
EDITORA APROVAÇÃO
52 Redação e Interpretação de textos
GABARITO
1. Os textos abaixo necessitam de conectores
para sua coesão. Empregue as partículas que
estão entre parênteses no lugar adequado.
a) Uma alimentação variada é fundamental
PARA QUE seu organismo funcione de maneira adequada. Isso significa que é obrigatório comer alimentos ricos em proteínas,
carboidratos, gorduras, vitaminas e sais minerais. Esses alimentos são essenciais. MESMO QUE Você esteja fazendo dieta para
emagrecer, não elimine carboidratos, proteínas e gorduras de seu cardápio. Apenas reduza as quantidades. ASSIM Você emagrece
sem perder saúde. (assim, mesmo que, para
que)
b) Toda mulher responsável pelos cuidados de
uma casa já teve em algum momento de sua
vida vontade de jogar tudo para o alto, quebrar os pratos sujos, mandar tudo às favas,
fechar a porta de casa e sair. Já sentiu o peso
desse encargo como uma rotina embrutecedora, que se desfaz À MEDIDA QUE vai sendo
feito. QUANDO Não é feito, nos enche de culpas e acusações, quando concluído ninguém
nota, POIS a mulher “não faz mais nada que
sua obrigação”. (quando, pois, à medida que)
c) Nem sempre é fácil identificar a violência.
Uma cirurgia, POR EXEMPLO, não constitui
violência, PRIMEIRO PORQUE visa ao bem
do paciente, DEPOIS PORQUE é feita com o
consentimento do doente. MAS CERTAMENTE será violência SE a operação for realizada
sem necessidade ou SE o paciente for usado
como cobaia de experimento científico sem
a devida autorização. (mas certamente, se, se,
primeiro porque, depois porque, por exemplo).
e) Quando morava numa pensão, ele era auxiliado em suas pesquisas por uma professora
com quem se casaria mais tarde.
f ) Era um cais de quase dois quilômetros de
extensão, ao longo do qual gostávamos de
comentar, embora o tempo fosse sempre
feio e chuvoso.
g) Era um homem de frases curtas, cuja boca só
se abria para dizer coisas importantes, das
quais ninguém queria falar.
3. A coesão das frases abaixo está prejudicada
por causa da ausência dos pronomes relativos. Faça a devida conexão, usando as preposições quando verbo assim o exigir.
a)
b) c) d) 2. Reúna as seguintes frases.
a) O camembert é um dos queijos mais consumidos no mundo, mas só se tornou popular
durante a Primeira Guerra, quando conquistou os soldados nas trincheiras.
b) As moscas conseguem detectar tudo o que
acontece à sua volta,pois têm olhos compostos que lhes dão uma visão de praticamente
360 graus.
c) Tratava-se de uma pessoa que tinha consciência de que seu lugar só poderia ser aquele,
por isso lutaria até o fim para mantê-lo.
d) Quando queria conversar, ele ficava à cata
das pessoas, embora elas não lhe dessem a
menor atenção.
EDITORA APROVAÇÃO
e) Enxergo, em atitudes desse tipo, uma questão mais profunda, QUE é a falta de consciência profissional. Uma sociedade EM QUE
acontecem casos assim nunca será respeitada.
A escola é o lugar DE ONDE podem sair futuros cidadãos conscientes COM OS QUAIS se
poderá construir uma nação mais crítica de
si mesma.
O lixo doméstico QUE a maioria dos países
não reaproveita é um dramático problema.
Imaginemos então o lixo atômico PARA O
QUAL não há espaço. Ainda não se chegou
a uma tecnologia adequada para manuseálo. Outra questão muito séria é a do lixo industrial COM QUE poucos sabem lidar. São
vinte bilhões de toneladas por ano DE QUE
temos de nos livrar.
O arrocho salarial EM QUE certos governantes
tanto insistem leva o trabalhador ao desespero. Além disso, os juros DE QUE os comerciantes tanto se queixam, anulam as vias de crédito. Este perverso quadro econômico QUE todos vivenciamos há anos não pode continuar
indefinidamente.
O envolvimento de menores de ambos os
sexos na prática de crimes é uma verdade
DE QUE não podemos fugir. Os poderes
constituídos deveriam parar e refletir sobre
esse fato COM OS QUAIS os jornais enchem
suas páginas diariamente. De nada adiantou
o Estatuto da Criança e do Adolescente DE
QUE muitos delinqüentes adultos se valem
para incitar menores à prática de roubos e
assassinatos.
GABARITO
f ) Falta dinheiro para tudo no Brasil, mas as
mordomias continuam. A verdade é que os
impostos COM QUE o governo mantém sua
máquina emperrada são mal empregados.
Há notícias de que órgãos públicos compram
copos de cristal, talheres de prata, porcelanas
finas, luxos DE QUE não querem abrir mão,
mesmo sabendo das dificuldades PELAS
QUAIS o povo passa.
g) As pedras portuguesas COM QUE a prefeitura
do Rio calçou algumas ruas do centro vivem
se soltando. Isto é resultado do trabalho de
calceteiros incompetentes CUJOS serviços
foram contratados sem nenhum rigor. As ruas
se transformaram numa verdadeira armadilha
NA QUAL você pode torcer o pé ou deixar o
salto de seu sapato.
ONDE
Junte os grupos de orações.
1. Ele subiu distraído a arquibancada onde os
torcedores estavam se matando.
2. Fulano vivia no mundo dos sonhos onde não
se pagava imposto.
3. O gato se escondeu na gaveta de onde não
queria sair.
4. O guarda estava naquele corredor por onde
o assaltante passou.
5. O ministro entrou no salão para onde todos
correram.
Redação e Interpretação de textos 53
QUE
Nos períodos elimine a repetição dos “quês”.
1. Quando chegaram, pediram-me a devolução
dos livros a mim emprestados por ocasião dos
exames realizados no final do ano passado.
2. Solicite-lhe a repetição do recado transmitido por telefone, mas ele desligou sem me
dar maiores explicações.
3. Camões, autor do maior poema épico já escrito em Língua Portuguesa, deixou também uma série de sonetos considerados
obra-prima do gênero.
4. O diretor determinou o adiamento da prova
até a apuração das irregularidades denunciadas pelo inspetor.
5. É indispensável conhecer o critério adotado para
a correção das provas realizadas ontem, a fim de
se tomarem providências julgadas necessárias.
6. Creio termos de suportar as exigências feitas
por ela.
7. Sinto estarem acontecendo fatos possivelmente evitáveis.
8. Quando terminou a sessão, percebi o desperdício de oportunidade, há muito tempo
procurada por nós.
9. As promessas feitas ali indicavam o nítido
perfil populista do novo governo.
10. Se fossem executadas as obras prometidas pelo
candidato, o município assumiria dívidas possivelmente não saldadas por várias gerações.
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GABARITO - TESTES REDAÇÃO
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GABARITO - INTERPRETAÇÃO DE TEXTO pmdf/SAÚDE
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GABARITO - TCU - ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO
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