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AÇÃO COLETIVA NA MODERNA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA DO
PARANÁ
Maria Aparecida Bridi1
INTRODUÇÃO
A literatura sociológica identifica que na fase de emergência da sociedade industrial,
as duras condições de trabalho geravam certa solidariedade entre os trabalhadores,
caracterizada como uma solidariedade pela falta, pela carência. As mudanças, porém, que se
processaram na produção e na organização das fábricas a partir dos anos 1970, ao dar lugar à
segmentação, flexibilidade e diversidade, fragmentaram ainda mais os trabalhadores,
colocando-os em situação de permanente competição que os impede de uma ação coletiva
como ocorria noutros tempos2. As transformações no trabalho nas últimas décadas, portanto,
vêm suscitando a idéia de que os trabalhadores vivem uma crise de solidariedade de classe.
Diagnostica-se que as novas relações de produção – pautadas em modelos enxutos e flexíveis
–, a ascensão do individualismo e o desemprego, estão entre os fatores que proporcionam o
enfraquecimento da ação coletiva, uma vez que as relações se encontram cada vez mais
individualizadas, segmentadas e marcadas pela competitividade.
Esse cenário de crise instigou a investigação das Comissões de Fábrica da Volvo e da
Volkswagen-Audi e do Comitê Sindical da Renault, organizações internas dos trabalhadores
em montadoras de última geração – enxutas e flexíveis – cujas ações nos anos 2000, têm
dado visibilidade ao que ocorre no chão de fábrica, além da busca por melhoria das condições
de trabalho, salariais e redução da precarização. Numa era de indeterminação e de incertezas
também quanto às teorias, o estudo sobre realidades empíricas quase invisíveis, possibilitam
reflexões sobre o alcance das mudanças no âmbito do trabalho e as reações dos trabalhadores
frente a desmontagem das proteções sociais provocadas pelas políticas neoliberais nas
últimas décadas. Dessa forma, a presente pesquisa qualitativa se debruça sobre a ação
coletiva demonstrando as limitações da perspectiva do individualismo metodológico que não
1
Maria Aparecida Bridi, ([email protected]). Socióloga, Mestre em Sociologia, Doutoranda em Sociologia
(UFPR), membro do GETs (Grupo Trabalho e Sociedade) e NUPESPAR (Núcleo de estudo em sindicalismo no
Paraná) da UFPR.
2
Entre os estudos que sinalizam para as mudanças no âmbito da produção citamos Ramalho e Santana (2002),
Antunes (1997), Lemos e Ferreira (s.d), Leite (2003), Carleial, Filha e Neves (2002). Os autores que vem
analisando os reflexos das transformações econômicas e políticas para no âmbito do sindicalismo e das ações
dos trabalhadores destacamos Alves (2006), Estanque (2005), Rodrigues (2002), Mello e Silva (2004), Hyman
(1996), Bihr (1999), Cardoso (2003), Boito Jr (1999). Rodrigues (1999) constitui numa referência entre aqueles
que sinalizam para uma crise sindical terminal.
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consegue explicar a contento as ações dos trabalhadores que são resultantes de múltiplos
fatores e dimensões.
OBJETIVOS
Objetivamos na presente pesquisa analisar as ações das organizações internas dos
trabalhadores no âmbito da produção flexível e enxuta – características da indústria
automobilística – no Paraná, na perspectiva de avançar a teoria sociológica acerca da ação
coletiva, que segundo ampla literatura contemporânea se encontra enfraquecida e débil dado
a ascensão do individualismo dos trabalhadores e da desintegração da solidariedade de classe.
Também pautaram entre os objetivos: a) Captar e analisar os fatores internos e externos que
possibilitam explicar a ação coletiva nas fábricas enxutas e flexíveis contemporânea; b)
Caracterizar como e por que os trabalhadores se organizam no chão de fábrica; c) Também se
buscou compreender o sentido da ação coletiva, as relações ambivalentes estabelecidas no
chão de fábrica, tais como colaboração e resistência, sujeição e insubordinação; d) Conhecer
as estratégias utilizadas pelos trabalhadores organizados, às relações que estabelecem com a
empresa, com o sindicato e fora dos muros da empresa. Pretendeu-se contribuir para avançar
teoricamente o debate deste tema – objeto de profundas controvérsias nas Ciências Sociais.
Controvérsias, que grosso modo, se encontram estabelecidas no âmbito da problemática da
centralidade do trabalho, da desqualificação das ações dos trabalhadores, das posições que
colocam em xeque as organizações coletivas de caráter classista, consolidadas no século XX
nos países capitalistas centrais e periféricos ocidentais.
METODOLOGIA
Nesse tempo de transição, a orientação do clássico Weber (1991) de que para dar
conta de uma ação é preciso compreendê-la na sua singularidade e na relação com outros
fenômenos, revela-se pertinente. Explicar um fenômeno social exige atenção também às
ações individuais, pois há um entrelaçamento entre indivíduo e sociedade que não pode
escapar à análise. Tomando de empréstimo essa idéia, o estudo das CFs – objeto desta
pesquisa – não se encontra dissociado das alterações que vem apresentando no âmbito do
trabalho. Novas e velhas relações de trabalho e suas implicações para a organização dos
trabalhadores estão ligadas a profundas mudanças econômicas, políticas e sociais no cenário
nacional e internacional, ou seja, as realidades históricas micro-macro, local-global inter-
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relacionam-se e, ao mesmo tempo, se distinguem. É nessa perspectiva que se estuda a ação
coletiva na moderna indústria automobilística – na Região Metropolitana de Curitiba (RMC)
– pois aí se visualizam as contradições do capitalismo, da economia mundializada, das
transformações e permanências. E também, emitindo sinais que permitem a contraposição no
plano teórico e evidenciam a ação/reação ou adaptação às mudanças pelos trabalhadores e
suas instituições de representação.
As novas formatações das indústrias desconcentram o trabalhador no espaço
produtivo e tornam mais heterogêneas as condições desses no processo de trabalho. A
segmentação e a instabilidade produzida no e pelo processo da acumulação capitalista atual,
criam dificuldades para as organizações dos trabalhadores e a ação coletiva uma vez que os
interesses individuais são sobrepostos aos interesses coletivos. Uma análise individualista
tem como premissa que os fenômenos sociais devem ser estudados a partir do
comportamento individual dos trabalhadores, entendendo-o como um comportamento
racional. A não participação no sindicato, por exemplo, deve-se a uma escolha do indivíduo,
sem dúvida. Todavia, nos parece que uma das limitações dessa perspectiva metodológica – se
encerradas nas motivações individuais – está na ausência de análises que englobem o papel
das estruturas sociais e das ideologias que são aderidas ou não pelos indivíduos. Para
Mészàros (1996), o poder da ideologia dominante é indubitavelmente imenso. Este poder não
ocorre simplesmente em função da força material ou do arsenal político-cultural que dispõem
as classes dominantes. O poder ideológico que atinge a ação coletiva dos trabalhadores tende
a prevalecer graças às vantagens da mitificação, por meio da qual as pessoas que sofrem as
conseqüências da ordem estabelecida podem ser induzidas a endossar, consensualmente,
valores e políticas práticas que são absolutamente contrários a seus interesses vitais (idem).
A literatura sociológica, ao interpretar a realidade e confrontar-se com experiências
locais, regionais e globais no "mundo do trabalho", demonstra que não é possível analisar a
realidade complexa – que engloba o trabalho e formas de organização dos trabalhadores – a
partir de visões únicas e deterministas3. É preciso considerar que o objeto das Ciências
3
Acolhemos a crítica que Boito Jr. faz a respeito da metáfora “mundo do trabalho”. Para o autor essa metáfora
supõe que os trabalhadores “vivem e trabalham num ambiente à parte (...) como se a sociedade pudesse ser
subdividida em compartimentos estanques”. A expressão “Mundos do trabalho” pode significar também,
“sucessiva e arbitrariamente, num mesmo e único texto, quase tudo: relações de trabalho, condições de vida das
classes trabalhadoras, composição social dessas mesmas classes, movimento operários, movimento socialista
etc. A essa metáfora foi acoplado um uso elástico e vago da noção de crise. Disso resulta que o leitor ao se
deparar com a expressão ‘crise do mundo do trabalho’ num texto, é ele que tem que descobrir do que se está
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Sociais é eminentemente histórico. Encontra-se em constante movimento e construção, é
constituído de consciência histórica, nele, sujeito e objeto encontram-se imbricados, é
intrinsecamente e extrinsecamente ideológico, é complexo, contraditório e inacabado e,
essencialmente qualitativo. Tem caráter específico e diferente das ciências ditas naturais e
exatas. Portanto, requer uma metodologia que abarque essa especificidade, que tome os
conceitos sem dá-los por concluídos, que não faça desaparecer a elasticidade das definições.
Remeta, assim, a um pensar dialético e histórico, numa perspectiva que desvela as
insuficiências e as imperfeições dos sistemas de pensamento acabado, nos quais nada é
completo, pronto e que se recusam os reducionismos. Considera-se que a análise da ação
coletiva nesse cenário de instalada crise teórica e real, exige que sejam identificadas as
insuficiências tanto de abordagens individualistas, quanto coletivistas, micro ou macro4.
Ambas (individualistas e coletivistas) possuem limitações se encerradas em si mesmas,
portanto, é preciso que ambas se comuniquem e se articulem.
Consideramos necessário identificar as diferenças e especificidades, em fenômenos
que aparentemente são semelhantes e de mesmas causas, pois “não se têm realidades polares,
mas muito diferenciadas no mundo do trabalho” (LEITE, 2003, p.24). Nesse sentido, esse
estudo orienta-se para, em vez de análises apriorísticas da realidade social, que por vezes,
tendem a desqualificar a ação coletiva dos trabalhadores (OLIVEIRA e PAOLI 1999; LESSA
2002), a buscar no movimento real e não tão visível, as ações e reações dos trabalhadores no
chão de fábrica. Mesmo que se trate de um fragmento, o esforço consiste em fazer avançar a
teoria já que parte e todo se encontram imbricados.
falando” (2005, p. 295). Portanto, a utilização do conceito aqui tem exatamente esse propósito: de fazer
referência ao “quase tudo”, isto é, ao conjunto de elementos que envolvem o trabalho.
4
Alexander (1987), ao discorrer sobre as abordagens teóricas individualistas e coletivistas, micro e macro,
analisa suas limitações e suas vantagens. Ambas, porém, estão comprometidas com a autonomia e com a
emancipação dos indivíduos, embora sob perspectivas diferentes. Reconhece que a teoria coletivista implicou
avanços em relação à individualista, pois concebe o papel do controle social sobre o indivíduo, permitindo a sua
análise. Mas, entre as diferentes teorias coletivistas, há as que sacrificam o sujeito e as que admitem a ação nãoracional, percebendo a subjetividade das ações, mas que podem subestimar as tensões entre o indivíduo
socializado e o seu ambiente. O autor analisa o desenvolvimento das respostas micro e macro à corrente
funcionalista, que nas ciências sociais são distintas. De um lado, por tomar como foco empírico a interação
individual e de outro, um sistema social inteiro. A década de 80 foi marcada por um forte revisionismo e este é o
sinal do dissenso teórico entre o micro e o macro. Ao situar tais teorias, tecem uma crítica à falta de acumulação
linear do conhecimento em Sociologia. A partir da análise que realiza sobre o movimento teórico nas Ciências
Sociais, Alexander esboça as características de um modelo sintético da inter-relação entre ação e estrutura;
expõe a necessidade de articulação entre as teorias micro e macro; identifica as tendências pós-estruturalistas,
críticas em relação ao marxismo e a sua influência nas Ciências Sociais e às tentativas de introduzir a cultura
como elemento central nas análises sociais; observa que a cultura fora relegada, em maior ou menor grau, ou
fora desenvolvida de maneira insatisfatória, pelo conjunto das teorias sociológicas.
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Nesse intuito, a "comparação" entre as comissões de fábricas nas diferentes plantas,
não objetivou perseguir seqüências regulares segundo a tradição sociológica, mas uma análise
"relacional" visando descobrir o sentido, o conteúdo e as múltiplas relações e inter-relações
dessas formações sociais, que segundo Antunes e Nogueira (1982), diferentemente dos
sindicatos e partidos, não possuem uma teoria acabada. Metodologicamente, como alerta
Rodrigues (1990), tomando o cuidado em não tratar as comissões de fábrica numa
perspectiva dicotômica: do bem, como as “combativas e de resistência” ou do mal, como
aquelas integradas aos interesses da empresa, ou mesmo, assim classificá-las. As relações são
mais complexas e ambivalentes e, portanto, não comportam tal simplificação.
As indagações implicaram o uso de metodologia qualitativa, com entrevistas dos
membros e coordenadores das comissões de fábrica da Volkswagen-Audi e Volvo e do
Comitê Sindical da Renault, além de sindicalistas, análises de Boletins e comunicados aos
trabalhadores, dos estatutos e de bibliografia pertinente.
RESULTADOS
A Comissão de Fábrica dos trabalhadores (CF) da Volvo formada oficialmente em
1988, originou-se de uma greve no ano de 1986, que reivindicava além de condições de
trabalho e salariais, a criação de uma comissão de representantes dos trabalhadores. Foi,
portanto, estruturada no bojo do Novo Sindicalismo e da experiência de organização do ABC
paulista. Verificou-se uma forte influência da conjuntura econômica e política e de ascensão
dos movimentos sociais nos anos 1980. Forjou-se como oposição ao sindicato considerado
conservador e pouco combativo, além de loco de resistência ao autoritarismo e luta pela
cidadania.
As representações internas – CF Volks-Audi e CS na Renault – mais recentes,
emergiram num contexto econômico e político distintos, caracterizado pelo
avanço
neoliberal e de produção enxuta e flexível. Pesou para a constituição de tais organizações, as
pressões dos Comitês Mundiais – compostos por trabalhadores de plantas nos diversos países
das respectivas indústrias. Por isso, consideramos as representações internas na montadora
alemã e francesa como decorrência de ações transnacionalizadas dos trabalhadores e não de
uma “cultura da empresa” como sugeriram diversos entrevistados. No caso da Volks-Audi, a
pressão dos representantes dos trabalhadores do ABC também se destacou.
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Entre as razões que motivaram esse tipo de organização interna constatamos também,
as próprias demandas da produção enxuta e flexível, da necessidade da antecipação dos
conflitos, e busca por negociações consensuadas necessárias nesta forma de organização da
produção como demonstrou Francisco (2005) para a planta de Resende, além do
acompanhamento da produção pelos trabalhadores em vista da flexibilização da remuneração,
associadas a metas e lucratividade da empresa.
Verificamos que, enquanto os trabalhadores da Volvo sofreram perdas salariais e
postos de trabalho, por exemplo, com o processo de reestruturação pelas quais passou nos
anos 1990, em vista da estratégia da empresa de contenção dos salários, os trabalhadores das
demais plantas – alemã e francesa – instaladas em fins de 1990 – com uma jornada de 44
horas/semanais e salários em torno de 40 a 60% inferior aos do ABC Paulista e mesmo em
relação aos adotados na Volvo, conquistaram por meio da ação coletiva – entre as quais
mobilizações e greves –
melhorias nas condições de trabalho e salariais. Hoje há
semelhanças nas três montadoras em vários aspectos: jornada de trabalho de 40 horas, pisos
salariais e índices de PLR (Participação no Lucros e Resultados) que se encontram bastante
próximos. A redução da jornada na Renault e Volkswagen-Audi, assim como a redução das
disparidades salariais entre essas e a Volvo foram objetos de intensas e constantes ações dos
trabalhadores nos anos 2000, como se pode visualizar no quadro um.
Segundo a avaliação dos trabalhadores, ainda perduram, porém, diferenças nas médias
salariais e nas condições de trabalho nas três montadoras. Relatam ser piores na montadora
alemã e na francesa do que na Volvo, o que explica em parte, a maior freqüência de
mobilizações com paralisações e greves na Renault e na Volks-Audi como se pode
acompanhar no quadro5.
QUADRO 1 - RAZÕES E FREQÜÊNCIA DAS MOBILIZAÇÕES NAS MONTADORAS
Últimos cinco anos
Volvo
Volks-Audi
Renault
(2003-2007)
2003,
fez Sim. Greves em 2003, Sim. Greves em 2003,
Existência de greves Em
campanha com para- 2004, 2006 e 2007.
2004, 2006 e 2007.
lisações consecutivas
5
Embora greve e paralisação possam ser sinônimos, pois uma greve é uma paralisação da atividade de
produção, optou-se em diferenciar os dois termos. Assim, referimos como paralisação às interrupções do
trabalho por um período superior a quinze minutos e inferior a um dia de trabalho. Elas são mais constantes
e ocorrem por razões diversas como, ausência de trabalhador na linha e o mesmo ritmo mantido, demissão
entre outros problemas do cotidiano da produção. O termo greve é utilizado para as interrupções do trabalho
por um período superior a um dia de trabalho.
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em diversos dias por
um período inferior a
oito horas/dia.
Greve em 2006 em
conjunto com as demais montadoras no
Estado.
Existência de parali- Foi relatado um caso.
sações fora do período de negociação
das datas-base
Freqüência de para- Raramente.
lisação das linhas por
tempo superior a
quinze minutos
Freqüentemente.
Aproximadamente
uma a cada dois
meses.
Freqüentemente
Aproximadamente
uma a cada dois
meses.
*Reposição salarial;
*PLR;
*Jornada de trabalho;
*Hora-extra;
*Demissões;
*Time de trabalho
incompleto
- Localizados
- Falta de rodízio na
- Preocupação com pintura, setor onde tem
abertura de terceiro maior índice de afasturno.
tamento.
- Conflitos pontuais, - Time de trabalho inpor exemplo, com a completo e o ritmo
gerência, com os continua elevado.
coordenadores,
- Dificuldade de negoquando sentem falta ciação com a empresa.
de democracia e de - Convocação para
respeito.
hora-extra.
- Excesso de trabalho.
- Mudança de turno do
trabalhador.
Reposição salarial;
PLR;
Jornada de trabalho;
Hora-extra;
Demissões;
Time de trabalho
incompleto
Pressão,
ritmo
puxado. - Excesso de
hora-extra,
- A fadiga nos postos
de trabalho.
- Convocação para
hora-extra.
- Grande número de
trabalhadores
contratados por tempo
determinado.
- Alta rotatividade.
- Mudança na filosofia
da empresa
-Terceirização
Razões das greves e Reposição salarial
PLR
paralisações
Conflitos
Foram relatados di- Foram relatados diverversos casos de parali- sos casos de paralisação.
sação.
Fonte: Entrevistas com delegados sindicais, comissões de fábrica e acordos coletivos: vários anos.
Elaboração: Bridi
Observe no quadro síntese que os conflitos na Volvo apresentados, tanto pelos
membros da CF quanto pelos delegados sindicais, se referem mais a questões localizadas,
embora, eles trazem outras preocupações, como é o caso de um projeto em andamento: a
“Fábrica do Futuro”, que se assemelha ao Consórcio Modular de Resende, onde compõe do
quadro principal de trabalhadores um núcleo muito reduzido, já que a produção é feita pelo
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conjunto dos parceiros. A terceirização de atividades é uma das preocupações nas três
empresas. Na montadora alemã e francesa, os conflitos que mais se destacam se referem a
extensão da jornada de trabalho, alta rotatividade, demissão e salários. De modo geral são
conflitos provenientes das condições de trabalho e da maximização dos lucros e salários
incompatíveis.
É recorrente nos relatos dos entrevistados da Volkswagen-Audi e também da Renault,
a questão da extensão da jornada de trabalho, desde a época da instalação da montadora.
Permanece até o momento como um dos principais problemas nessas empresas flexíveis e
enxutas. Como revela a análise do conjunto de acordos coletivos entre sindicato e empresa,
uma das ferramentas de flexibilidade de jornada é o Banco de Horas. Nesses acordos, se
prevê a extensão da jornada sem pagamento de hora extra e a compensação das horas
trabalhadas a mais, porém, cada empresa dispõe de uma estrutura que, apesar de acordada
entre os atores no cotidiano da produção, não costuma ser respeitada, sendo foco de conflitos.
Na Volkswagen-Audi, o Banco de Horas existiu até 2004, quando os trabalhadores entraram
em greve na ocasião da data-base, sendo que a reivindicação pelo fim do Banco de Horas
tornou-se uma, senão a principal, bandeira para os trabalhadores dessa empresa.
No caso da Volkswagen-Audi, a administração do Banco de Horas, segundo os
trabalhadores entrevistados, ocorria de maneira diferente dos Acordos Coletivos: esses
previam a convocação para trabalhar além da jornada normal com uma semana de
antecedência, o que não ocorria.
Para a CF, o Banco de Horas foi mal gerido pelos
administradores da empresa e os abusos cometidos no prolongamento da jornada, levaram os
trabalhadores a recusar o Banco de Horas de modo peremptório. Esse é um fato específico
dessa planta, a única empresa onde não há mais o Banco de Horas desde a greve de 2004.
Mesmo quando a empresa anunciou uma reestruturação em 2006, com corte de pessoal em
suas plantas no Brasil, os trabalhadores continuaram se recusando a retomar esse instrumento
de flexibilização de jornada, apostando na condição dessa empresa já ser extremamente
enxuta. Os trabalhadores ganharam, uma vez que não ocorreram demissões, tampouco está
previsto para 2008. Além do fim do Banco de Horas, também cessaram os contratos por
tempo determinado da empresa – ambos ferramentas de flexibilização – em razão do
Ministério Público ter entrado com representação contra a empresa e o sindicato, uma vez
que, por pressão do sindicato e CF, foram garantidos em acordos os mesmos direitos dos
contratados por tempo indeterminado (CTI), aos trabalhadores por tempo determinado (CTD).
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Ao término dos contratos, os trabalhadores CTD tinham todos os direitos, inclusive, de
receber o seguro-desemprego6. Isso foi considerado lesivo aos cofres públicos pelo Ministério
Público, que entrou com representação contra a empresa e o sindicato. Dessa forma, a
empresa deixou de contratar por tempo determinado, ao menos temporariamente.
Isso não significa que essa empresa não possa mais ser qualificada como flexível. Ela
mantém uma produção de acordo com a demanda, porém, no tocante à jornada de trabalho,
convoca horas-extras
Sábado agora mesmo teve. Precisou repor uma produção que eles perderam, precisava
fazer 700 e poucos carros, e aí convidaram o pessoal, convidaram entre aspas, para vir
trabalhar no sábado. Mas é aí que está o negócio sabe! O jeito, a forma, o tratamento ali
dentro é que tem que amadurecer muito não é? Teve LM [líder de manutenção], que
chegava até a ameaçar de trocar de turno, 'olha! Você não quer vir, você sabe o que vai
acontecer não é?! Você precisa de emprego, você sabe'. (Bridi, 2006. Entrevista com
delegado sindical da Volkswagen-Audi, 14 ago. 07).
As pressões para o trabalhador fazer hora extra são fortes, ocasionando diversos
conflitos. Além disso, nessa empresa se mantém a revisão de direitos a cada data-base, a
remuneração flexível com a PLR, a pulverização da produção entre os fornecedores, o
trabalho terceirizado e as recorrentes tentativas de colocar trabalhadores terceiros na linha de
produção, fato esse que exige a constante vigilância da CF. O elevado número de afastados
por doenças ocupacionais e o absenteísmo nessa planta provoca uma sobrecarga a mais de
trabalho para os times7. Muitos dos conflitos na Volks-Audi e Renault, conforme os
delegados sindicais e CF, devem-se ao ritmo que não é reduzido mesmo com ausência de
trabalhadores na linha:
O maior problema ali é a pressão em relação ao trabalho. Pressionam muito em relação a
sair a produção, sabe! O tempo todo no pé. Vamos supor, uma célula tem quinze
funcionários, o efetivo dele é de quinze funcionários, está trabalhando onze funcionários,
e o LM [líder] ao invés de ir lá brigar com a gerência para explicar que não tem
condições, eles não tem essa... Eles não têm esse [...] vamos dizer assim, eles vão lá e
pressionam o funcionário a tirar aquela produção do mesmo jeito, mesmo desfalcado.
Esse é o problema que nós temos dentro da Volkswagen desde o começo. [...] tem que sair
a produção do mesmo jeito. (Bridi, 2006. Entrevista com delegado sindical da
Volkswagen-Audi, 14 ago. 07)
Os ritmos também são objetos de constantes conflitos, sobretudo, quando os times de
trabalho estão incompletos, o que não é raro. Diversas paralisações foram relatadas em
virtude de a empresa manter o ritmo da linha forçando os trabalhadores presentes a suprir a
6
7
A vantagem desse tipo de contratação era de evitar desgaste político ao dispensar os trabalhadores CTD.
Segundo dirigente sindical, o absenteísmo nessa planta gira em torno de 4 e 5 %.
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sua produção e a dos trabalhadores ausentes. Quanto à jornada, apesar da redução para 40
horas – 2003 na Renault e na Volks-Audi em 2006 – as empresas têm levado os trabalhadores
a estender as jornadas de modo abusivo como denuncia o sindicato da categoria e os
representantes internos de trabalhadores.
Um dado, embora indireto, sobre o ritmo de trabalho intensificado, consiste no
elevado número de trabalhadores afastados. Segundo o boletim dos metalúrgicos "A voz do
metalúrgico" (fev. 2008), o percentual de aumento do número de afastamentos em 2006 entre
os metalúrgicos, aumentou 600%. Sendo que só nas montadoras foram 700 afastados por
invalidez permanente. Desse total, em 12 meses somente na Volkswagen-Audi o sindicato
registrou 571 CATS (Comunicação de Acidente de Trabalho).
A pior ou a melhor condição de trabalho resulta de todo um conjunto de ações de
classe: do lado do capital em ampliar a jornada de trabalho e do lado do trabalhador, que
resiste no interior da fábrica. Assim descreve um trabalhador (delegado sindical entrevistado)
uma ação recente que tiveram:
Nós fizemos uma assembléia para boicotar horas extras. A Renault esta com excesso de
hora extra, certo! Ela descumpre uma portaria dizendo que, quem faz horário de almoço
reduzido [período menor do que uma hora] não precisa fazer hora extra. Em partes... Ela
deixa de contratar e faz hora extra. Cada vez que ela chama um, ela tira o emprego. O que
ela faz? Ela suga o tempo que ela puder e depois ela descarta. Então, nós fizemos uma
assembléia. Mesmo sendo a hora extra, vai quem quer. [Para] a Renault não é isso. Ela
pressiona, o capital pressiona ali. O que acontece? Nós sentindo essa pressão, chamamos
uma assembléia. [...] Chamamos uma assembléia, nós com todos os trabalhadores da
[planta] ficamos na frente aqui, falamos sobre a questão ocupacional, doença
ocupacional, estresse da pessoa, todo esse sofrimento do corpo e do trabalhador
mandado embora e, colocamos se eles queriam ou não vir trabalhar em hora extra. [...] Só
dois, de dois mil funcionários votaram que queriam vir sábado. Ninguém votou pra vir
sábado. E a assembléia deliberou então, que a partir desse momento, não iria ter trabalho
no sábado. O sindicato, por sua vez, mandou um ofício pra Renault, informando ela que a
assembléia soberana disse que não iria ter trabalho no sábado, e daí a Renault
'desconvocou´ (Bridi, 2006. Entrevista com delegado sindical da Renault em 13 jul 07).
O depoimento do delegado sindical revela a diferença de interesses entre o capital e o
trabalhador, as pressões do capital para a realização de mais sobretrabalho. O excesso e o
ritmo intensificado de trabalho nesse tipo de empresa, como revelam as pesquisas e as
observações empíricas, mutilam o trabalhador provocando doenças e afastamentos e, em
conseqüência, a demissão. Diante disso, somente através da ação política dos trabalhadores é
que podem ocorrer mudanças na empresa.
De acordo com Antunes e Nogueira (1982, p. 8), as comissões de fábrica, são um dos
instrumentos mais eficazes e avançados que os trabalhadores possuem para responder a
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situação da exploração do trabalho. No interior das empresas exercem um papel crucial, já
que são partes constitutivas das relações internas que aí se desenvolvem e como conclui
Francisco (2005), conseguem explicitar a política da empresa. Afirma a autora, que a fábrica
também é território da política, e que, portanto a política só pode existir quando as diferenças
de interesses se tornam públicas e conhecidas e são enfrentadas por todos os sujeitos
envolvidos.
Embora, as experiências de organização interna se diferenciem, como alega Rodrigues
(1990), o aspecto que as une tem sido a necessidade dos trabalhadores terem, a partir do
local de produção, formas de poder, que mesmo fragmentadas, tem possibilitado fazer frente
aos ditames do trabalho no cotidiano da produção.
As pesquisas sobre as montadoras que se reestruturaram nos anos 1990 e nas novas
plantas em regiões de greenfields, vêm revelando exatamente o que os trabalhadores
organizados queriam evitar nos anos 1980 e início de 1990: o aumento dos ritmos de
trabalho, confirmado pelos dados que mostram crescimento da produtividade com um menor
número de trabalhadores; competição pelo emprego; a necessidade de vigilância permanente
pelos trabalhadores para evitar a ampliação do quadro de precarização do trabalho; novas
terceirizações; de repartição dos ganhos de produtividade, uma vez que a produção enxuta e
flexível tende a distribuir entre trabalhadores, os ônus desse tipo de produção. O olhar sobre
as três plantas, buscando visualizar a ação coletiva no espaço fabril numa abordagem
dialética e histórica parece ir na contramão das teses que tratam as organizações dos
trabalhadores a partir de visões deterministas, prontas e a-históricas.
Os resultados dessa pesquisa, aqui bastante resumidos devido à natureza desse artigo,
permite-nos afirmar que a explicação da ação coletiva não se restringe àquelas dadas pela
vertente do individualismo metodológico, isto é, da ação como resultado da mera escolha
racional dos indivíduos, onde estes não agem espontaneamente para atingir um bem comum,
sem que haja alguma coerção ou incentivo à parte. Outros fatores corroboram e são, até certo
ponto, determinantes para desencadear ações coletivas. Estes fatores dizem respeito ao
contexto histórico, político e econômico, à cultura, as condições de trabalho e à própria
tendência gregária do homem. Decorrem de um conjunto de elementos e múltiplas dimensões
que não se explicam pela abordagem individualista. Entre os fatores, que sintetizamos aqui,
constam: a) as condições de trabalho, de ritmos intensificados de produção, de insegurança
nas relações contratuais, pois estas estão sujeitas a desregulamentação ou (re)regulamentação
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e revisão de direitos a cada data base; b) ao desenvolvimento de uma “consciência”, que não
se encontra dada, mas é construída por meio de processos pedagógicos desenvolvidos pelas
lideranças locais e externas que adotam estratégias intencionais para organizar os
trabalhadores. No caso das lideranças externas, inclui-se a ação das centrais sindicais e outras
instituições de apoio aos trabalhadores e, d) outras condições: a conjuntura histórica e
econômica e o movimento da moderna indústria automobilística.
A análise do conjunto das ações dos trabalhadores metalúrgicos nas montadoras do
Paraná demonstrou, no mínimo, a precocidade das generalizações realizadas pelas teses que
supõem o fim dos conflitos de classe, ao menos para a realidade local. A predominância dos
conflitos no interior das fábricas acerca dos baixos salários, da jornada, do excesso de horas
extras, desencadeia ações diversas entre os trabalhadores, desde a própria organização por
meio de comissões de fábrica ou comitê sindical, até paralisações em frações de tempo
durante o ano, greves nas datas-bases, campanhas e mobilizações articuladas pelas comissões
de fábrica e sindicato. Demonstra-se, portanto, que a intensidade das ações coletivas, nas
plantas da Volks-Audi e Renault, tem sido proporcional aos ritmos da produção.
CONCLUSÕES
A ação das CFs e do CS – articuladas com o sindicato, que também se modificou nos
anos 1990, para assegurar a sua representatividade – tem sido crucial para evitar o
rebaixamento dos salários e para a melhoria das condições de trabalho. A lógica da ação
coletiva se caracteriza como decorrente da falta da possibilidade de saídas individuais. A
consciência da vulnerabilidade do trabalho diante da força do capital impele ao
desenvolvimento de ações coletivas no âmbito do trabalho. Observações empíricas
demonstram que, apesar do diagnóstico, de que vivemos sob o véu do individualismo
exacerbado, os trabalhadores precisam desenvolver ações que ultrapassem os muros de sua
própria empresa, pois, as estratégias da indústria automobilística são definidas e organizadas
globalmente. E esta, ao se pautar por escolhas de relocalização da produção para locais de
baixa proteção laboral, por exemplo, tende a produzir efeitos de rebaixamento dos padrões
salariais e de condições de trabalho em troca da manutenção do emprego. Dessa forma, a
situação dos trabalhadores é paradoxal: ao mesmo tempo em que vivem relações mais
individualizadas no chão de fábrica, como afirma a literatura sociológica recente, precisam
alçar alguma unidade no plano internacional para impedir a crescente precarização que o
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novo contexto – de produção reestruturada, enxuta e flexível – se impõe aos trabalhadores,
significando que as suas estratégias, necessariamente e cada vez mais, precisarão ser globais.
As determinações do capital globalizado parecem encontrar resistências no plano local
pelos trabalhadores. De modo geral, o papel das organizações de base, tem sido o de
intermediar conflitos, negociar, conquistar direitos e propor soluções em ações mediadas ou
não pelos sindicatos.
O olhar para a história demonstra que a organização dos trabalhadores tem sido objeto
de uma luta permanente do movimento operário. A existência de interesses comuns e a
consciência desses interesses, embora não sejam as únicas condições envolvidas, permitem
que haja ação, expressando um coletivo de trabalhadores de uma fábrica, uma categoria ou
todos os trabalhadores assalariados de um país, por exemplo. Nessa linha, como afirma Marx
(1975), se as contradições da vida material e do conflito existente entre as forças sociais e as
relações de produção, persistem, não há porque supor o fim da ação coletiva. Essa, contudo,
pode sofrer obstáculos, porque a ambigüidade, a alienação e o fetichismo afetam a
consciência de classe dos trabalhadores e dificultam a determinação dos interesses de classe
verdadeiros e coletivos. Apesar dos obstáculos em aglutinar e definir interesses comuns como
mostra a história, tem sido a consciência das dificuldades de um confronto no plano
individual – trabalho versus capital – que motiva a luta coletiva.
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