1 AÇÃO COLETIVA NA MODERNA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA DO PARANÁ Maria Aparecida Bridi1 INTRODUÇÃO A literatura sociológica identifica que na fase de emergência da sociedade industrial, as duras condições de trabalho geravam certa solidariedade entre os trabalhadores, caracterizada como uma solidariedade pela falta, pela carência. As mudanças, porém, que se processaram na produção e na organização das fábricas a partir dos anos 1970, ao dar lugar à segmentação, flexibilidade e diversidade, fragmentaram ainda mais os trabalhadores, colocando-os em situação de permanente competição que os impede de uma ação coletiva como ocorria noutros tempos2. As transformações no trabalho nas últimas décadas, portanto, vêm suscitando a idéia de que os trabalhadores vivem uma crise de solidariedade de classe. Diagnostica-se que as novas relações de produção – pautadas em modelos enxutos e flexíveis –, a ascensão do individualismo e o desemprego, estão entre os fatores que proporcionam o enfraquecimento da ação coletiva, uma vez que as relações se encontram cada vez mais individualizadas, segmentadas e marcadas pela competitividade. Esse cenário de crise instigou a investigação das Comissões de Fábrica da Volvo e da Volkswagen-Audi e do Comitê Sindical da Renault, organizações internas dos trabalhadores em montadoras de última geração – enxutas e flexíveis – cujas ações nos anos 2000, têm dado visibilidade ao que ocorre no chão de fábrica, além da busca por melhoria das condições de trabalho, salariais e redução da precarização. Numa era de indeterminação e de incertezas também quanto às teorias, o estudo sobre realidades empíricas quase invisíveis, possibilitam reflexões sobre o alcance das mudanças no âmbito do trabalho e as reações dos trabalhadores frente a desmontagem das proteções sociais provocadas pelas políticas neoliberais nas últimas décadas. Dessa forma, a presente pesquisa qualitativa se debruça sobre a ação coletiva demonstrando as limitações da perspectiva do individualismo metodológico que não 1 Maria Aparecida Bridi, ([email protected]). Socióloga, Mestre em Sociologia, Doutoranda em Sociologia (UFPR), membro do GETs (Grupo Trabalho e Sociedade) e NUPESPAR (Núcleo de estudo em sindicalismo no Paraná) da UFPR. 2 Entre os estudos que sinalizam para as mudanças no âmbito da produção citamos Ramalho e Santana (2002), Antunes (1997), Lemos e Ferreira (s.d), Leite (2003), Carleial, Filha e Neves (2002). Os autores que vem analisando os reflexos das transformações econômicas e políticas para no âmbito do sindicalismo e das ações dos trabalhadores destacamos Alves (2006), Estanque (2005), Rodrigues (2002), Mello e Silva (2004), Hyman (1996), Bihr (1999), Cardoso (2003), Boito Jr (1999). Rodrigues (1999) constitui numa referência entre aqueles que sinalizam para uma crise sindical terminal. 2 consegue explicar a contento as ações dos trabalhadores que são resultantes de múltiplos fatores e dimensões. OBJETIVOS Objetivamos na presente pesquisa analisar as ações das organizações internas dos trabalhadores no âmbito da produção flexível e enxuta – características da indústria automobilística – no Paraná, na perspectiva de avançar a teoria sociológica acerca da ação coletiva, que segundo ampla literatura contemporânea se encontra enfraquecida e débil dado a ascensão do individualismo dos trabalhadores e da desintegração da solidariedade de classe. Também pautaram entre os objetivos: a) Captar e analisar os fatores internos e externos que possibilitam explicar a ação coletiva nas fábricas enxutas e flexíveis contemporânea; b) Caracterizar como e por que os trabalhadores se organizam no chão de fábrica; c) Também se buscou compreender o sentido da ação coletiva, as relações ambivalentes estabelecidas no chão de fábrica, tais como colaboração e resistência, sujeição e insubordinação; d) Conhecer as estratégias utilizadas pelos trabalhadores organizados, às relações que estabelecem com a empresa, com o sindicato e fora dos muros da empresa. Pretendeu-se contribuir para avançar teoricamente o debate deste tema – objeto de profundas controvérsias nas Ciências Sociais. Controvérsias, que grosso modo, se encontram estabelecidas no âmbito da problemática da centralidade do trabalho, da desqualificação das ações dos trabalhadores, das posições que colocam em xeque as organizações coletivas de caráter classista, consolidadas no século XX nos países capitalistas centrais e periféricos ocidentais. METODOLOGIA Nesse tempo de transição, a orientação do clássico Weber (1991) de que para dar conta de uma ação é preciso compreendê-la na sua singularidade e na relação com outros fenômenos, revela-se pertinente. Explicar um fenômeno social exige atenção também às ações individuais, pois há um entrelaçamento entre indivíduo e sociedade que não pode escapar à análise. Tomando de empréstimo essa idéia, o estudo das CFs – objeto desta pesquisa – não se encontra dissociado das alterações que vem apresentando no âmbito do trabalho. Novas e velhas relações de trabalho e suas implicações para a organização dos trabalhadores estão ligadas a profundas mudanças econômicas, políticas e sociais no cenário nacional e internacional, ou seja, as realidades históricas micro-macro, local-global inter- 3 relacionam-se e, ao mesmo tempo, se distinguem. É nessa perspectiva que se estuda a ação coletiva na moderna indústria automobilística – na Região Metropolitana de Curitiba (RMC) – pois aí se visualizam as contradições do capitalismo, da economia mundializada, das transformações e permanências. E também, emitindo sinais que permitem a contraposição no plano teórico e evidenciam a ação/reação ou adaptação às mudanças pelos trabalhadores e suas instituições de representação. As novas formatações das indústrias desconcentram o trabalhador no espaço produtivo e tornam mais heterogêneas as condições desses no processo de trabalho. A segmentação e a instabilidade produzida no e pelo processo da acumulação capitalista atual, criam dificuldades para as organizações dos trabalhadores e a ação coletiva uma vez que os interesses individuais são sobrepostos aos interesses coletivos. Uma análise individualista tem como premissa que os fenômenos sociais devem ser estudados a partir do comportamento individual dos trabalhadores, entendendo-o como um comportamento racional. A não participação no sindicato, por exemplo, deve-se a uma escolha do indivíduo, sem dúvida. Todavia, nos parece que uma das limitações dessa perspectiva metodológica – se encerradas nas motivações individuais – está na ausência de análises que englobem o papel das estruturas sociais e das ideologias que são aderidas ou não pelos indivíduos. Para Mészàros (1996), o poder da ideologia dominante é indubitavelmente imenso. Este poder não ocorre simplesmente em função da força material ou do arsenal político-cultural que dispõem as classes dominantes. O poder ideológico que atinge a ação coletiva dos trabalhadores tende a prevalecer graças às vantagens da mitificação, por meio da qual as pessoas que sofrem as conseqüências da ordem estabelecida podem ser induzidas a endossar, consensualmente, valores e políticas práticas que são absolutamente contrários a seus interesses vitais (idem). A literatura sociológica, ao interpretar a realidade e confrontar-se com experiências locais, regionais e globais no "mundo do trabalho", demonstra que não é possível analisar a realidade complexa – que engloba o trabalho e formas de organização dos trabalhadores – a partir de visões únicas e deterministas3. É preciso considerar que o objeto das Ciências 3 Acolhemos a crítica que Boito Jr. faz a respeito da metáfora “mundo do trabalho”. Para o autor essa metáfora supõe que os trabalhadores “vivem e trabalham num ambiente à parte (...) como se a sociedade pudesse ser subdividida em compartimentos estanques”. A expressão “Mundos do trabalho” pode significar também, “sucessiva e arbitrariamente, num mesmo e único texto, quase tudo: relações de trabalho, condições de vida das classes trabalhadoras, composição social dessas mesmas classes, movimento operários, movimento socialista etc. A essa metáfora foi acoplado um uso elástico e vago da noção de crise. Disso resulta que o leitor ao se deparar com a expressão ‘crise do mundo do trabalho’ num texto, é ele que tem que descobrir do que se está 4 Sociais é eminentemente histórico. Encontra-se em constante movimento e construção, é constituído de consciência histórica, nele, sujeito e objeto encontram-se imbricados, é intrinsecamente e extrinsecamente ideológico, é complexo, contraditório e inacabado e, essencialmente qualitativo. Tem caráter específico e diferente das ciências ditas naturais e exatas. Portanto, requer uma metodologia que abarque essa especificidade, que tome os conceitos sem dá-los por concluídos, que não faça desaparecer a elasticidade das definições. Remeta, assim, a um pensar dialético e histórico, numa perspectiva que desvela as insuficiências e as imperfeições dos sistemas de pensamento acabado, nos quais nada é completo, pronto e que se recusam os reducionismos. Considera-se que a análise da ação coletiva nesse cenário de instalada crise teórica e real, exige que sejam identificadas as insuficiências tanto de abordagens individualistas, quanto coletivistas, micro ou macro4. Ambas (individualistas e coletivistas) possuem limitações se encerradas em si mesmas, portanto, é preciso que ambas se comuniquem e se articulem. Consideramos necessário identificar as diferenças e especificidades, em fenômenos que aparentemente são semelhantes e de mesmas causas, pois “não se têm realidades polares, mas muito diferenciadas no mundo do trabalho” (LEITE, 2003, p.24). Nesse sentido, esse estudo orienta-se para, em vez de análises apriorísticas da realidade social, que por vezes, tendem a desqualificar a ação coletiva dos trabalhadores (OLIVEIRA e PAOLI 1999; LESSA 2002), a buscar no movimento real e não tão visível, as ações e reações dos trabalhadores no chão de fábrica. Mesmo que se trate de um fragmento, o esforço consiste em fazer avançar a teoria já que parte e todo se encontram imbricados. falando” (2005, p. 295). Portanto, a utilização do conceito aqui tem exatamente esse propósito: de fazer referência ao “quase tudo”, isto é, ao conjunto de elementos que envolvem o trabalho. 4 Alexander (1987), ao discorrer sobre as abordagens teóricas individualistas e coletivistas, micro e macro, analisa suas limitações e suas vantagens. Ambas, porém, estão comprometidas com a autonomia e com a emancipação dos indivíduos, embora sob perspectivas diferentes. Reconhece que a teoria coletivista implicou avanços em relação à individualista, pois concebe o papel do controle social sobre o indivíduo, permitindo a sua análise. Mas, entre as diferentes teorias coletivistas, há as que sacrificam o sujeito e as que admitem a ação nãoracional, percebendo a subjetividade das ações, mas que podem subestimar as tensões entre o indivíduo socializado e o seu ambiente. O autor analisa o desenvolvimento das respostas micro e macro à corrente funcionalista, que nas ciências sociais são distintas. De um lado, por tomar como foco empírico a interação individual e de outro, um sistema social inteiro. A década de 80 foi marcada por um forte revisionismo e este é o sinal do dissenso teórico entre o micro e o macro. Ao situar tais teorias, tecem uma crítica à falta de acumulação linear do conhecimento em Sociologia. A partir da análise que realiza sobre o movimento teórico nas Ciências Sociais, Alexander esboça as características de um modelo sintético da inter-relação entre ação e estrutura; expõe a necessidade de articulação entre as teorias micro e macro; identifica as tendências pós-estruturalistas, críticas em relação ao marxismo e a sua influência nas Ciências Sociais e às tentativas de introduzir a cultura como elemento central nas análises sociais; observa que a cultura fora relegada, em maior ou menor grau, ou fora desenvolvida de maneira insatisfatória, pelo conjunto das teorias sociológicas. 5 Nesse intuito, a "comparação" entre as comissões de fábricas nas diferentes plantas, não objetivou perseguir seqüências regulares segundo a tradição sociológica, mas uma análise "relacional" visando descobrir o sentido, o conteúdo e as múltiplas relações e inter-relações dessas formações sociais, que segundo Antunes e Nogueira (1982), diferentemente dos sindicatos e partidos, não possuem uma teoria acabada. Metodologicamente, como alerta Rodrigues (1990), tomando o cuidado em não tratar as comissões de fábrica numa perspectiva dicotômica: do bem, como as “combativas e de resistência” ou do mal, como aquelas integradas aos interesses da empresa, ou mesmo, assim classificá-las. As relações são mais complexas e ambivalentes e, portanto, não comportam tal simplificação. As indagações implicaram o uso de metodologia qualitativa, com entrevistas dos membros e coordenadores das comissões de fábrica da Volkswagen-Audi e Volvo e do Comitê Sindical da Renault, além de sindicalistas, análises de Boletins e comunicados aos trabalhadores, dos estatutos e de bibliografia pertinente. RESULTADOS A Comissão de Fábrica dos trabalhadores (CF) da Volvo formada oficialmente em 1988, originou-se de uma greve no ano de 1986, que reivindicava além de condições de trabalho e salariais, a criação de uma comissão de representantes dos trabalhadores. Foi, portanto, estruturada no bojo do Novo Sindicalismo e da experiência de organização do ABC paulista. Verificou-se uma forte influência da conjuntura econômica e política e de ascensão dos movimentos sociais nos anos 1980. Forjou-se como oposição ao sindicato considerado conservador e pouco combativo, além de loco de resistência ao autoritarismo e luta pela cidadania. As representações internas – CF Volks-Audi e CS na Renault – mais recentes, emergiram num contexto econômico e político distintos, caracterizado pelo avanço neoliberal e de produção enxuta e flexível. Pesou para a constituição de tais organizações, as pressões dos Comitês Mundiais – compostos por trabalhadores de plantas nos diversos países das respectivas indústrias. Por isso, consideramos as representações internas na montadora alemã e francesa como decorrência de ações transnacionalizadas dos trabalhadores e não de uma “cultura da empresa” como sugeriram diversos entrevistados. No caso da Volks-Audi, a pressão dos representantes dos trabalhadores do ABC também se destacou. 6 Entre as razões que motivaram esse tipo de organização interna constatamos também, as próprias demandas da produção enxuta e flexível, da necessidade da antecipação dos conflitos, e busca por negociações consensuadas necessárias nesta forma de organização da produção como demonstrou Francisco (2005) para a planta de Resende, além do acompanhamento da produção pelos trabalhadores em vista da flexibilização da remuneração, associadas a metas e lucratividade da empresa. Verificamos que, enquanto os trabalhadores da Volvo sofreram perdas salariais e postos de trabalho, por exemplo, com o processo de reestruturação pelas quais passou nos anos 1990, em vista da estratégia da empresa de contenção dos salários, os trabalhadores das demais plantas – alemã e francesa – instaladas em fins de 1990 – com uma jornada de 44 horas/semanais e salários em torno de 40 a 60% inferior aos do ABC Paulista e mesmo em relação aos adotados na Volvo, conquistaram por meio da ação coletiva – entre as quais mobilizações e greves – melhorias nas condições de trabalho e salariais. Hoje há semelhanças nas três montadoras em vários aspectos: jornada de trabalho de 40 horas, pisos salariais e índices de PLR (Participação no Lucros e Resultados) que se encontram bastante próximos. A redução da jornada na Renault e Volkswagen-Audi, assim como a redução das disparidades salariais entre essas e a Volvo foram objetos de intensas e constantes ações dos trabalhadores nos anos 2000, como se pode visualizar no quadro um. Segundo a avaliação dos trabalhadores, ainda perduram, porém, diferenças nas médias salariais e nas condições de trabalho nas três montadoras. Relatam ser piores na montadora alemã e na francesa do que na Volvo, o que explica em parte, a maior freqüência de mobilizações com paralisações e greves na Renault e na Volks-Audi como se pode acompanhar no quadro5. QUADRO 1 - RAZÕES E FREQÜÊNCIA DAS MOBILIZAÇÕES NAS MONTADORAS Últimos cinco anos Volvo Volks-Audi Renault (2003-2007) 2003, fez Sim. Greves em 2003, Sim. Greves em 2003, Existência de greves Em campanha com para- 2004, 2006 e 2007. 2004, 2006 e 2007. lisações consecutivas 5 Embora greve e paralisação possam ser sinônimos, pois uma greve é uma paralisação da atividade de produção, optou-se em diferenciar os dois termos. Assim, referimos como paralisação às interrupções do trabalho por um período superior a quinze minutos e inferior a um dia de trabalho. Elas são mais constantes e ocorrem por razões diversas como, ausência de trabalhador na linha e o mesmo ritmo mantido, demissão entre outros problemas do cotidiano da produção. O termo greve é utilizado para as interrupções do trabalho por um período superior a um dia de trabalho. 7 em diversos dias por um período inferior a oito horas/dia. Greve em 2006 em conjunto com as demais montadoras no Estado. Existência de parali- Foi relatado um caso. sações fora do período de negociação das datas-base Freqüência de para- Raramente. lisação das linhas por tempo superior a quinze minutos Freqüentemente. Aproximadamente uma a cada dois meses. Freqüentemente Aproximadamente uma a cada dois meses. *Reposição salarial; *PLR; *Jornada de trabalho; *Hora-extra; *Demissões; *Time de trabalho incompleto - Localizados - Falta de rodízio na - Preocupação com pintura, setor onde tem abertura de terceiro maior índice de afasturno. tamento. - Conflitos pontuais, - Time de trabalho inpor exemplo, com a completo e o ritmo gerência, com os continua elevado. coordenadores, - Dificuldade de negoquando sentem falta ciação com a empresa. de democracia e de - Convocação para respeito. hora-extra. - Excesso de trabalho. - Mudança de turno do trabalhador. Reposição salarial; PLR; Jornada de trabalho; Hora-extra; Demissões; Time de trabalho incompleto Pressão, ritmo puxado. - Excesso de hora-extra, - A fadiga nos postos de trabalho. - Convocação para hora-extra. - Grande número de trabalhadores contratados por tempo determinado. - Alta rotatividade. - Mudança na filosofia da empresa -Terceirização Razões das greves e Reposição salarial PLR paralisações Conflitos Foram relatados di- Foram relatados diverversos casos de parali- sos casos de paralisação. sação. Fonte: Entrevistas com delegados sindicais, comissões de fábrica e acordos coletivos: vários anos. Elaboração: Bridi Observe no quadro síntese que os conflitos na Volvo apresentados, tanto pelos membros da CF quanto pelos delegados sindicais, se referem mais a questões localizadas, embora, eles trazem outras preocupações, como é o caso de um projeto em andamento: a “Fábrica do Futuro”, que se assemelha ao Consórcio Modular de Resende, onde compõe do quadro principal de trabalhadores um núcleo muito reduzido, já que a produção é feita pelo 8 conjunto dos parceiros. A terceirização de atividades é uma das preocupações nas três empresas. Na montadora alemã e francesa, os conflitos que mais se destacam se referem a extensão da jornada de trabalho, alta rotatividade, demissão e salários. De modo geral são conflitos provenientes das condições de trabalho e da maximização dos lucros e salários incompatíveis. É recorrente nos relatos dos entrevistados da Volkswagen-Audi e também da Renault, a questão da extensão da jornada de trabalho, desde a época da instalação da montadora. Permanece até o momento como um dos principais problemas nessas empresas flexíveis e enxutas. Como revela a análise do conjunto de acordos coletivos entre sindicato e empresa, uma das ferramentas de flexibilidade de jornada é o Banco de Horas. Nesses acordos, se prevê a extensão da jornada sem pagamento de hora extra e a compensação das horas trabalhadas a mais, porém, cada empresa dispõe de uma estrutura que, apesar de acordada entre os atores no cotidiano da produção, não costuma ser respeitada, sendo foco de conflitos. Na Volkswagen-Audi, o Banco de Horas existiu até 2004, quando os trabalhadores entraram em greve na ocasião da data-base, sendo que a reivindicação pelo fim do Banco de Horas tornou-se uma, senão a principal, bandeira para os trabalhadores dessa empresa. No caso da Volkswagen-Audi, a administração do Banco de Horas, segundo os trabalhadores entrevistados, ocorria de maneira diferente dos Acordos Coletivos: esses previam a convocação para trabalhar além da jornada normal com uma semana de antecedência, o que não ocorria. Para a CF, o Banco de Horas foi mal gerido pelos administradores da empresa e os abusos cometidos no prolongamento da jornada, levaram os trabalhadores a recusar o Banco de Horas de modo peremptório. Esse é um fato específico dessa planta, a única empresa onde não há mais o Banco de Horas desde a greve de 2004. Mesmo quando a empresa anunciou uma reestruturação em 2006, com corte de pessoal em suas plantas no Brasil, os trabalhadores continuaram se recusando a retomar esse instrumento de flexibilização de jornada, apostando na condição dessa empresa já ser extremamente enxuta. Os trabalhadores ganharam, uma vez que não ocorreram demissões, tampouco está previsto para 2008. Além do fim do Banco de Horas, também cessaram os contratos por tempo determinado da empresa – ambos ferramentas de flexibilização – em razão do Ministério Público ter entrado com representação contra a empresa e o sindicato, uma vez que, por pressão do sindicato e CF, foram garantidos em acordos os mesmos direitos dos contratados por tempo indeterminado (CTI), aos trabalhadores por tempo determinado (CTD). 9 Ao término dos contratos, os trabalhadores CTD tinham todos os direitos, inclusive, de receber o seguro-desemprego6. Isso foi considerado lesivo aos cofres públicos pelo Ministério Público, que entrou com representação contra a empresa e o sindicato. Dessa forma, a empresa deixou de contratar por tempo determinado, ao menos temporariamente. Isso não significa que essa empresa não possa mais ser qualificada como flexível. Ela mantém uma produção de acordo com a demanda, porém, no tocante à jornada de trabalho, convoca horas-extras Sábado agora mesmo teve. Precisou repor uma produção que eles perderam, precisava fazer 700 e poucos carros, e aí convidaram o pessoal, convidaram entre aspas, para vir trabalhar no sábado. Mas é aí que está o negócio sabe! O jeito, a forma, o tratamento ali dentro é que tem que amadurecer muito não é? Teve LM [líder de manutenção], que chegava até a ameaçar de trocar de turno, 'olha! Você não quer vir, você sabe o que vai acontecer não é?! Você precisa de emprego, você sabe'. (Bridi, 2006. Entrevista com delegado sindical da Volkswagen-Audi, 14 ago. 07). As pressões para o trabalhador fazer hora extra são fortes, ocasionando diversos conflitos. Além disso, nessa empresa se mantém a revisão de direitos a cada data-base, a remuneração flexível com a PLR, a pulverização da produção entre os fornecedores, o trabalho terceirizado e as recorrentes tentativas de colocar trabalhadores terceiros na linha de produção, fato esse que exige a constante vigilância da CF. O elevado número de afastados por doenças ocupacionais e o absenteísmo nessa planta provoca uma sobrecarga a mais de trabalho para os times7. Muitos dos conflitos na Volks-Audi e Renault, conforme os delegados sindicais e CF, devem-se ao ritmo que não é reduzido mesmo com ausência de trabalhadores na linha: O maior problema ali é a pressão em relação ao trabalho. Pressionam muito em relação a sair a produção, sabe! O tempo todo no pé. Vamos supor, uma célula tem quinze funcionários, o efetivo dele é de quinze funcionários, está trabalhando onze funcionários, e o LM [líder] ao invés de ir lá brigar com a gerência para explicar que não tem condições, eles não tem essa... Eles não têm esse [...] vamos dizer assim, eles vão lá e pressionam o funcionário a tirar aquela produção do mesmo jeito, mesmo desfalcado. Esse é o problema que nós temos dentro da Volkswagen desde o começo. [...] tem que sair a produção do mesmo jeito. (Bridi, 2006. Entrevista com delegado sindical da Volkswagen-Audi, 14 ago. 07) Os ritmos também são objetos de constantes conflitos, sobretudo, quando os times de trabalho estão incompletos, o que não é raro. Diversas paralisações foram relatadas em virtude de a empresa manter o ritmo da linha forçando os trabalhadores presentes a suprir a 6 7 A vantagem desse tipo de contratação era de evitar desgaste político ao dispensar os trabalhadores CTD. Segundo dirigente sindical, o absenteísmo nessa planta gira em torno de 4 e 5 %. 10 sua produção e a dos trabalhadores ausentes. Quanto à jornada, apesar da redução para 40 horas – 2003 na Renault e na Volks-Audi em 2006 – as empresas têm levado os trabalhadores a estender as jornadas de modo abusivo como denuncia o sindicato da categoria e os representantes internos de trabalhadores. Um dado, embora indireto, sobre o ritmo de trabalho intensificado, consiste no elevado número de trabalhadores afastados. Segundo o boletim dos metalúrgicos "A voz do metalúrgico" (fev. 2008), o percentual de aumento do número de afastamentos em 2006 entre os metalúrgicos, aumentou 600%. Sendo que só nas montadoras foram 700 afastados por invalidez permanente. Desse total, em 12 meses somente na Volkswagen-Audi o sindicato registrou 571 CATS (Comunicação de Acidente de Trabalho). A pior ou a melhor condição de trabalho resulta de todo um conjunto de ações de classe: do lado do capital em ampliar a jornada de trabalho e do lado do trabalhador, que resiste no interior da fábrica. Assim descreve um trabalhador (delegado sindical entrevistado) uma ação recente que tiveram: Nós fizemos uma assembléia para boicotar horas extras. A Renault esta com excesso de hora extra, certo! Ela descumpre uma portaria dizendo que, quem faz horário de almoço reduzido [período menor do que uma hora] não precisa fazer hora extra. Em partes... Ela deixa de contratar e faz hora extra. Cada vez que ela chama um, ela tira o emprego. O que ela faz? Ela suga o tempo que ela puder e depois ela descarta. Então, nós fizemos uma assembléia. Mesmo sendo a hora extra, vai quem quer. [Para] a Renault não é isso. Ela pressiona, o capital pressiona ali. O que acontece? Nós sentindo essa pressão, chamamos uma assembléia. [...] Chamamos uma assembléia, nós com todos os trabalhadores da [planta] ficamos na frente aqui, falamos sobre a questão ocupacional, doença ocupacional, estresse da pessoa, todo esse sofrimento do corpo e do trabalhador mandado embora e, colocamos se eles queriam ou não vir trabalhar em hora extra. [...] Só dois, de dois mil funcionários votaram que queriam vir sábado. Ninguém votou pra vir sábado. E a assembléia deliberou então, que a partir desse momento, não iria ter trabalho no sábado. O sindicato, por sua vez, mandou um ofício pra Renault, informando ela que a assembléia soberana disse que não iria ter trabalho no sábado, e daí a Renault 'desconvocou´ (Bridi, 2006. Entrevista com delegado sindical da Renault em 13 jul 07). O depoimento do delegado sindical revela a diferença de interesses entre o capital e o trabalhador, as pressões do capital para a realização de mais sobretrabalho. O excesso e o ritmo intensificado de trabalho nesse tipo de empresa, como revelam as pesquisas e as observações empíricas, mutilam o trabalhador provocando doenças e afastamentos e, em conseqüência, a demissão. Diante disso, somente através da ação política dos trabalhadores é que podem ocorrer mudanças na empresa. De acordo com Antunes e Nogueira (1982, p. 8), as comissões de fábrica, são um dos instrumentos mais eficazes e avançados que os trabalhadores possuem para responder a 11 situação da exploração do trabalho. No interior das empresas exercem um papel crucial, já que são partes constitutivas das relações internas que aí se desenvolvem e como conclui Francisco (2005), conseguem explicitar a política da empresa. Afirma a autora, que a fábrica também é território da política, e que, portanto a política só pode existir quando as diferenças de interesses se tornam públicas e conhecidas e são enfrentadas por todos os sujeitos envolvidos. Embora, as experiências de organização interna se diferenciem, como alega Rodrigues (1990), o aspecto que as une tem sido a necessidade dos trabalhadores terem, a partir do local de produção, formas de poder, que mesmo fragmentadas, tem possibilitado fazer frente aos ditames do trabalho no cotidiano da produção. As pesquisas sobre as montadoras que se reestruturaram nos anos 1990 e nas novas plantas em regiões de greenfields, vêm revelando exatamente o que os trabalhadores organizados queriam evitar nos anos 1980 e início de 1990: o aumento dos ritmos de trabalho, confirmado pelos dados que mostram crescimento da produtividade com um menor número de trabalhadores; competição pelo emprego; a necessidade de vigilância permanente pelos trabalhadores para evitar a ampliação do quadro de precarização do trabalho; novas terceirizações; de repartição dos ganhos de produtividade, uma vez que a produção enxuta e flexível tende a distribuir entre trabalhadores, os ônus desse tipo de produção. O olhar sobre as três plantas, buscando visualizar a ação coletiva no espaço fabril numa abordagem dialética e histórica parece ir na contramão das teses que tratam as organizações dos trabalhadores a partir de visões deterministas, prontas e a-históricas. Os resultados dessa pesquisa, aqui bastante resumidos devido à natureza desse artigo, permite-nos afirmar que a explicação da ação coletiva não se restringe àquelas dadas pela vertente do individualismo metodológico, isto é, da ação como resultado da mera escolha racional dos indivíduos, onde estes não agem espontaneamente para atingir um bem comum, sem que haja alguma coerção ou incentivo à parte. Outros fatores corroboram e são, até certo ponto, determinantes para desencadear ações coletivas. Estes fatores dizem respeito ao contexto histórico, político e econômico, à cultura, as condições de trabalho e à própria tendência gregária do homem. Decorrem de um conjunto de elementos e múltiplas dimensões que não se explicam pela abordagem individualista. Entre os fatores, que sintetizamos aqui, constam: a) as condições de trabalho, de ritmos intensificados de produção, de insegurança nas relações contratuais, pois estas estão sujeitas a desregulamentação ou (re)regulamentação 12 e revisão de direitos a cada data base; b) ao desenvolvimento de uma “consciência”, que não se encontra dada, mas é construída por meio de processos pedagógicos desenvolvidos pelas lideranças locais e externas que adotam estratégias intencionais para organizar os trabalhadores. No caso das lideranças externas, inclui-se a ação das centrais sindicais e outras instituições de apoio aos trabalhadores e, d) outras condições: a conjuntura histórica e econômica e o movimento da moderna indústria automobilística. A análise do conjunto das ações dos trabalhadores metalúrgicos nas montadoras do Paraná demonstrou, no mínimo, a precocidade das generalizações realizadas pelas teses que supõem o fim dos conflitos de classe, ao menos para a realidade local. A predominância dos conflitos no interior das fábricas acerca dos baixos salários, da jornada, do excesso de horas extras, desencadeia ações diversas entre os trabalhadores, desde a própria organização por meio de comissões de fábrica ou comitê sindical, até paralisações em frações de tempo durante o ano, greves nas datas-bases, campanhas e mobilizações articuladas pelas comissões de fábrica e sindicato. Demonstra-se, portanto, que a intensidade das ações coletivas, nas plantas da Volks-Audi e Renault, tem sido proporcional aos ritmos da produção. CONCLUSÕES A ação das CFs e do CS – articuladas com o sindicato, que também se modificou nos anos 1990, para assegurar a sua representatividade – tem sido crucial para evitar o rebaixamento dos salários e para a melhoria das condições de trabalho. A lógica da ação coletiva se caracteriza como decorrente da falta da possibilidade de saídas individuais. A consciência da vulnerabilidade do trabalho diante da força do capital impele ao desenvolvimento de ações coletivas no âmbito do trabalho. Observações empíricas demonstram que, apesar do diagnóstico, de que vivemos sob o véu do individualismo exacerbado, os trabalhadores precisam desenvolver ações que ultrapassem os muros de sua própria empresa, pois, as estratégias da indústria automobilística são definidas e organizadas globalmente. E esta, ao se pautar por escolhas de relocalização da produção para locais de baixa proteção laboral, por exemplo, tende a produzir efeitos de rebaixamento dos padrões salariais e de condições de trabalho em troca da manutenção do emprego. Dessa forma, a situação dos trabalhadores é paradoxal: ao mesmo tempo em que vivem relações mais individualizadas no chão de fábrica, como afirma a literatura sociológica recente, precisam alçar alguma unidade no plano internacional para impedir a crescente precarização que o 13 novo contexto – de produção reestruturada, enxuta e flexível – se impõe aos trabalhadores, significando que as suas estratégias, necessariamente e cada vez mais, precisarão ser globais. As determinações do capital globalizado parecem encontrar resistências no plano local pelos trabalhadores. De modo geral, o papel das organizações de base, tem sido o de intermediar conflitos, negociar, conquistar direitos e propor soluções em ações mediadas ou não pelos sindicatos. O olhar para a história demonstra que a organização dos trabalhadores tem sido objeto de uma luta permanente do movimento operário. A existência de interesses comuns e a consciência desses interesses, embora não sejam as únicas condições envolvidas, permitem que haja ação, expressando um coletivo de trabalhadores de uma fábrica, uma categoria ou todos os trabalhadores assalariados de um país, por exemplo. Nessa linha, como afirma Marx (1975), se as contradições da vida material e do conflito existente entre as forças sociais e as relações de produção, persistem, não há porque supor o fim da ação coletiva. Essa, contudo, pode sofrer obstáculos, porque a ambigüidade, a alienação e o fetichismo afetam a consciência de classe dos trabalhadores e dificultam a determinação dos interesses de classe verdadeiros e coletivos. Apesar dos obstáculos em aglutinar e definir interesses comuns como mostra a história, tem sido a consciência das dificuldades de um confronto no plano individual – trabalho versus capital – que motiva a luta coletiva. REFERÊNCIAS ALVES, G. 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