Profissão Solene e Consagração Monástica de Ir. Maria Aparecida. Mandirituba, 31 de maio de 2015. Caríssima Ir. Maria Aparecida, Caríssimas Prioresas Ana Maria e Chantal, Caríssimas monjas deste Mosteiro, Caríssimos Irmãos e Irmãs em Cristo Jesus, PAX! Hoje, na Solenidade da Santíssima Trindade, nossa Ir. Maria Aparecida emitirá seus Votos Solenes e receberá a Consagração Monacal. Ela desejou e aceitou viver seu Batismo neste espaço eclesial, o Mosteiro do Encontro. Aqui, a Santíssima Trindade é adorada muitíssimas vezes ao dia por gestos, palavras e na silenciosa liturgia dos corações. Deus, que é relação de amor em Três Pessoas, amigo daquele que criou à sua imagem, pois o visitava à brisa do dia no jardim de Éden (Gn 3,8). Após a queda e perdida a semelhança divina, pelo seu Criador não foi abandonado. Iniciou, então, Deus com um povo escolhido uma longa preparação para comunicar-lhe pelos Patriarcas, Juizes, Profetas e Reis que, enviaria na plenitude dos tempos, o seu próprio Filho para trazer o 1 perdão a seus filhos e conduzi-los à terra onde corre o leite e o mel; os novos céus e novas terras. Nascido da Virgem de Nazaré, o Verbo Eterno de Deus foi enviado pelo Pai para a missão de manifestar ao mundo a verdade, evangelizar os pobres e curar os contritos de coração, (Is 61,1) e, no altar da Cruz, ser o Amém irrevogável do ser humano a Deus. Realizada a obra de nossa redenção, retornou ao Pai de onde tinha vindo (Jo16,10.28). Não quis o Cristo deixar-nos órfãos, por isso, enviou-nos o Espírito Santo. (Jo 15,15-17) Do Pai e do Filho recebeu o Espírito Santo a missão de nos recordar todas as coisas (Jo14,26). Vivemos esse momento da história da salvação, no qual fazemos memória do amor de Deus em criar, salvar e nos santificar pelo seu Espírito. É a Igreja, instituída pelo Cristo antes de padecer sua Paixão e Ressuscitar, que assume a missão de prolongar no tempo e no espaço a sua obra redentora. Ela o faz pelas celebrações litúrgicas e, obediente a seu mandato, chega até os confins da terra para batizar a todos em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ou seja, torná-los filhos de Deus. Aqui estamos nós, filhos das núpcias do Cristo com sua Esposa, juntamente com nossas monjas, para celebrar a obra redentora do Senhor e neste momento, que a terra toca os céus, testemunhar a consagração monástica de Ir. Maria Aparecida que, com esse rito, radicaliza 2 sua consagração batismal e, por conseguinte, sua vocação, naturalmente, missionária Filha da Igreja, nascida das águas do Batismo, confirmada pelo Santo Crisma, alimentada em sua fé pela Palavra e pela Fração do Pão e sustentada pela caridade de suas irmãs, familiares e amigos, neste espaço eclesial, consagra sua vida a uma missão: ser monja. Que missão específica é essa dos monges e das monjas, já que todos os batizados, por natureza são missionários? Apenas uma: Evidenciar, por uma vida autêntica e vibrante a palavra de São Bento: “Nada antepor ao amor de Cristo.” (RB 4,21) ou “É peculiar àqueles que estimam nada haver mais caro que o Cristo.” (RB5,2) ou ainda,“nada absolutamente anteponham a Cristo”] (RB 72,11) Eis a grande missão dos monges e monjas de São Bento: Ser uma memória viva, eloquente e constante de que para todo cristão o amor tem uma primazia: Jesus Cristo. Para que essa missão fosse realidade na Igreja, São Bento organizou uma forma peculiar de seguimento do Senhor, num claustro, sob uma Regra e um Abade, com uma liturgia bela e sabiamente celebrada, lembrando-os de que “nada se anteponha ao Ofício Divino” (RB 43,3); ocupando seus monges e monjas ora com a Lectio ora com o trabalho para o 3 próprio sustento e dos pobres, o acolhimento de hóspedes e peregrinos, o cuidado dos enfermos, enfim uma vida que nutrisse no coração de seus filhos e filhas o seu grande ideal: Nada antepor ao amor de Cristo.”(RB 4,21) Neste momento, nossa Ir. Maria Aparecida emitirá seus votos monásticos de estabilidade, conversão de seus costumes e obediência. Ligar-se-á para sempre a essa comunidade que deseja ter primazia no amor a Cristo. Em comunidade, aspirará ser, sempre como discípula que escolheu a melhor parte, uma pedrinha discreta, porém insubstituível, para compor o mosaico da vida monástica na Igreja do Brasil. Um Mosteiro Beneditino, queridos irmãos e irmãs, é uma célula da Igreja, assim como a Igreja Doméstica, a família. A Igreja Monástica – como fora chamada na Idade Média – é importante às famílias, aos eclesiásticos e demais batizados. Importante, porque nos projetos, afazeres, preocupações, compromissos e realizações diárias, poderão distrair-se e errar o alvo; inebriados pelas vitrines da pós-modernidade esquecer a meta; por cansaço desacreditar da luz no fim do túnel; em meio a multiformes opções não enxergar o verdadeiro caminho das pedras. Poderão iludir-se e não se lembrar de que nesta vida tudo poderá ser bom, útil, necessário, prazeroso e até sublime, porém tudo passa, só Deus permanece; tudo é relativo, só Deus é absoluto; tudo nasce para morrer, surge para desaparecer, desabrocha para fenecer, ilumina-se para entenebrecer. Mas o amor de Deus e a Deus não conhece ocaso. 4 Filhos da luz, já desfrutamos, não ainda em plenitude, dessa manhã eterna, inaugurada pela Ressurreição do Senhor Jesus. Estamos todos a caminho da Jerusalém do Alto onde “o nada antepor ao amor de Cristo” não será mais um ideal, mas imersão no Ser Divino; mergulho, sem volta, no oceano infinito do coração de Deus. Deus a abençoe, copiosamente, querida Ir. Maria Aparecida! Jamais se esqueça de sua grande missão como monja, juntamente com suas irmãs: “Nada antepor ao amor de Cristo.” (RB 4,21) Assim seja! 5