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Os ouvintes de João Batista foram
chamados a viver entre dois batismos.
Primeiramente existe este batismo na
água que o profeta pode oferecer a
eles, no deserto, para a remissão dos
pecados. Mas este primeiro batismo
não será o último. Depois de João
Batista vem Jesus, maior e mais forte
que João, e oferecerá um novo
decisivo batismo que acontecerá no
Espírito Santo e no fogo. Um fogo que
queima para reduzir a cinzas aquilo
que não dava bons frutos. Um fogo
que, todavia, não é portador de morte,
mas de vida. De fato, é o Espírito
Santo em pessoa: purifica, consome
as impurezas, incandesce, derrete
para modelar melhor, para unir
estavelmente.
Jesus, por sua vez, também viveu entre dois batismos. Também para
ele o primeiro batismo foi de água e foi administrado pelo próprio
João Batista, mas no caso de Jesus este simples batismo já foi
infinitamente mais eficaz daquele que os outros judeus igualmente
receberam da mão do Batista. Acima de Jesus o céu se abre e o Pai
toma a palavra para batizá-lo e para emergi-lo no seu amor - “Tu és
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meu filho amado, em ti me comprazo” - e para ungi-lo com o seu
Espírito que doravante repousará sobre ele.
Nem mesmo para Jesus este
primeiro batismo às margens do rio
Jordão será o último. Este batismo
inaugura um caminho - o caminho
pascal - que Jesus deve percorrer até
chegar ao o segundo batismo, ao
batismo decisivo, aquele do seu
sangue, nas águas da morte; um
batismo a propósito do qual um dia
Jesus confessará estar desejando tão
ardentemente que chegue que a sua
alma jaz angustiada até ao momento
do seu cumprimento (Lc 12,50).
Inaugurado nas águas do Jordão, o
batismo de Jesus se concluirá na sua
Páscoa dolorosa e gloriosa, que se
tornou mistério da nossa redenção e
da nossa transfiguração para, depois,
ser a origem e a realidade secreta do
nosso batismo de hoje.
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De fato, nós, por nossa vez, fomos
batizados no sacramento do batismo
cristão. Batismo de água, ainda, é
verdade, mas de valor e de eficácia
infinitamente mais vasta daquele
oferto por João Batista em seu tempo.
Com efeito, o batismo cristão que
recebemos
da
Igreja
contém
misteriosamente dentro de si a
realidade integral do duplo batismo de
Jesus: aquele recebido no Jordão que
o revelou Filho amado de Deus e
aquele recebido entre os tormentos da
morte e na alegria da vida
ressuscitada.
E nem mesmo para nós será o
último batismo. De fato, um segundo
batismo aguarda sempre o discípulo
de Jesus, o batismo no Espírito Santo
e no fogo, em direção ao qual o
discípulo de Jesus avança com
alegria: um batismo que completará o
seu encontro com Jesus e o
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conhecimento que ele tem de Jesus,
um batismo que tornará mais profunda
a experiência que ele tem de Jesus e
da sua Páscoa e que, enfim, o ligará
para sempre á morte e ressurreição de
Jesus, assim como à sua gloriosa
transfiguração.
Assim, também nós vivemos entre
dois batismos, depois que já
recebemos tudo no primeiro, mas
somente em germe, como uma
semente que necessita de tempo para
desprender suas energias escondidas.
Como um fogo, segundo as palavras
de Jesus, que inicialmente é uma
humilde centelha, crepitando em
silencio, mas que depois acabará por
inflamar-se verdadeiramente e a
envolver tudo que toca. Um fogo, o
Espírito Santo em pessoa, que nos
inflama de amor consumindo dentro
de nós tudo aquilo que não pode ser
material deste amor. Um fogo que nos
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torna maleável e nos dá a
possibilidade de fundir-se com este
Deus do qual as Escrituras nos dizem
que é um fogo que consume.
Este fogo é o fogo de Jesus, aquele
que ele veio trazer sobre a terra e a
propósito do qual ele anseia que se
acenda e queime (Lc 12,49). E este
batismo é também o batismo de
Jesus, aquele que ele devia ainda
receber na sua Páscoa e a propósito
do qual anseia agora ardentemente
que se cumpra para todos nós.
AMÈM.
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Os ouvintes de João Batista foram chamados a viver entre dois