1 HISTÓRIA DA CIRURGIA BUCO MAXILO FACIAL NO BRASIL – PARTE I HISTÓRIA DA CIRURGIA BUCO MAXILO FACIAL NO BRASIL – PARTE I BUCO MAXILLOFACIAL SURGERY HISTORY IN BRAZIL – PART I Clóvis MARZOLA * _______________________________________ * Professor Titular de Cirurgia Aposentado da Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo. Professor dos Cursos de Especialização e Residência da Associação Paulista dos Cirurgiões Dentistas (APCD) Regional de Bauru, do Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Buco Maxilo Facial e do Hospital de Base da Associação Hospitalar de Bauru. Membro Titular Fundador do Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia BMF. Presidente da Academia Tiradentes de Odontologia. Membro Titular da Academia Brasileira de Odontologia. Conselheiro da Câmara Brasileira de Cultura e da Academia de Artes e Ciências da CBC. 2 HISTÓRIA DA CIRURGIA BUCO MAXILO FACIAL NO BRASIL – PARTE I PRESIDENTES DO COLÉGIO NOS SEUS 40 ANOS BARROS J. HILDO OMAR EURICO YGAR MARZOLA WAGNER ARAÚJO PRADA PASSERI EMANUEL PAULO JOSÉ GABRIELLI HOLANDA HONSI RICARDO 3 HISTÓRIA DA CIRURGIA BUCO MAXILO FACIAL NO BRASIL – PARTE I CAPÍTULO I INTRODUÇÃO A cirurgia bucal é a especialidade da Odontologia que inclui o diagnóstico, assim como o respectivo tratamento cirúrgico de alterações, injúrias e falhas dos ossos da face e estruturas correlatas. Geralmente abrange o tratamento de feridas, redução de fraturas maxilares e da mandíbula, tratamento cirúrgico das infecções crônicas e agudas incluindo abcessos e osteomielites, reparo das enfermidades congênitas e adquiridas, além do uso dos enxertos ósseos, cirurgias estéticas das maxilas e da mandíbula. Ainda, as anomalias da oclusão, excisão de tecidos moles e duros, tais como cistos e neoplasias benignas ou malignas, extração de dentes normalmente implantados e retidos, preparo da boca com finalidade protética. Além disso, o tratamento das infecções dos seios maxilares de origem dental, das alterações glandulares, além das cirurgias de nervos, como naqueles casos de nevralgias rebeldes. Atualmente a cirurgia bucal tem suas vistas voltadas para o campo dos transplantes e dos implantes dentais, além do trauma dental. Com a esperança de ver num futuro bem próximo resolvido o grande problema da ausência e da perda dos elementos dentais, que tantos malefícios trazem às comunidades, provocando sérias e graves mutilações. O genoma com as células tronco vem vindo aí trazendo magníficas possibilidades para a cirurgia, com a formação de dentes a partir das próprias estruturas dentais. Os implantes, além dos dentes, também já são empregados em Odontologia, quer com respeito às dentaduras implantadas, quer com relação ao implantes de materiais aloplásticos no interior de lojas cirúrgicas. Tais materiais como o osso sintético, o sulfato de cálcio, os diferentes tipos de hidroxiapatitas, o HTR (hard tissue replacement) e, o osso anorgânico liofilizado. Também o osseobond (GENOX-ORGÂNICO), o aglutinógeno para a mesclagem dessas substâncias (GEN-COL), a BMP a proteína morfogenética (GENPRO), as membranas protetoras (GEN-DERM), além de outros já em pleno uso em nossa especialidade. As técnicas exodônticas atuais atingiram um nível de perfeição tão elevado, que já não mais existe o fantasma das extrações pavorosas, que ocorria tão frequentemente até a algum tempo. O principal objetivo da Odontologia é aquele de salvar um dente e, não a realização de completas mutilações, principalmente quando se tratar de crianças (Figs. 1 a 3). O preparo da boca com a finalidade de receber uma prótese em condições razoáveis, também, é outro tópico a ser considerado de grande importância em nossa especialidade, pois bocas deficientes não têm condições para sustentar uma prótese correta. Advém daí uma série de problemas, tanto para o paciente quanto para o profissional (Figs. 4 e 5). Além do mais, as cirurgias plásticas feitas atualmente dentro do campo da Odontologia mostram ainda mais que o CD já atingiu um grau de diferenciação bastante alto dentro do conceito geral com as demais profissões, atuando perfeitamente nessas circunstâncias (Figs. 6 a 9). 4 HISTÓRIA DA CIRURGIA BUCO MAXILO FACIAL NO BRASIL – PARTE I Fig. 1 – Nota-se inicialmente a dificuldade em se estabelecer uma condição de higiene correta e a limitação do tipo de tratamento a seguir-se. Fonte: Arquivos do Prof. Dr. Clóvis Marzola. Fig. 2 – Aspecto intrabucal de uma criança com 13 anos que teve todos seus dentes extraídos, notando-se a total mutilação do arco superior, com a presença do segundo molar superior, dando a ela uma característica totalmente senil. Fonte: Arquivos do Prof. Dr. Clóvis Marzola. Fig. 3 – Aspecto intrabucal de uma criança com 13 anos que teve todos seus dentes extraídos, notando-se a total mutilação do arco inferior, com a presença do segundo molar inferior, dando a ela uma característica totalmente senil. Fonte: Arquivos do Prof. Dr. Clóvis Marzola. 5 HISTÓRIA DA CIRURGIA BUCO MAXILO FACIAL NO BRASIL – PARTE I Fig. 4 - Rebordo residual superior dificultando a colocação de uma prótese, devido ao grande número de saliências ósseas ou invaginações. Há necessidade de uma alveoloplastia corretora neste momento, quando a conservadora deveria ter sido realizada quando das extrações dentais. Atualmente, é um caso onde está perfeitamente indicado o implante de membrana, para o estímulo da formação óssea e, a futura instalação de implantes dentais, ou mesmo de próteses totais. Fonte: Arquivos do Prof. Dr. Clóvis Marzola. Fig. 5 – Rebordo residual inferior dificultando a colocação de uma prótese, devido ao grande número de saliências ósseas ou invaginações. Fonte: Arquivos do Prof. Dr. Clóvis Marzola. Fig. 6 - Osteotomia segmentar na região de molar superior, notando-se o caso clinicamente com o molar extruído. Fonte – Arquivos do Prof. Dr. Reynaldo Mazzotini. 6 HISTÓRIA DA CIRURGIA BUCO MAXILO FACIAL NO BRASIL – PARTE I Fig. 7 - Osteotomia segmentar na região do molar superior, notando-se a fase cirúrgica em andamento, com a osteotomia. Fonte – Arquivos do Prof. Dr. Reynaldo Mazzotini. Fig. 8 - Osteotomia segmentar na região de molar superior, notando-se já a fixação adequada através amarria com fio de aço. Fonte - Arquivos do Prof. Dr. Reynaldo Mazzotini. Assim, o profissional com Curso de Especialização e com corretos conhecimentos científicos e éticos, além de devidamente autorizado pelos centros competentes, estará em condições de realizar plásticas labiais e fissuras palatinas, além de correções de deformidades mentuais e maxilo mandibulares (Figs. 10 a 12). Fig. 9 - Osteotomia segmentar na região de molar superior, após a contenção. Fonte - Arquivos do Prof. Dr. Reynaldo Mazzotini. 7 HISTÓRIA DA CIRURGIA BUCO MAXILO FACIAL NO BRASIL – PARTE I Fig. 10 - Pré-operatório para o planejamento de mentoplastia efetuada com finalidade préprotética, restabelecendo-se a função e estética. Fonte - Arquivos do Prof. Dr. Cláudio Maldonado Pastori. Fig. 11 - Pós-operatório e oclusão de uma mentoplastia efetuada com finalidade préprotética, restabelecendo-se a função e a estética do paciente. Fonte - Arquivos do Prof. Dr. Cláudio Maldonado Pastori. Fig. 12 - Aspecto cirúrgico da mentoplastia efetuada com finalidade pré-protética, restabelecendo-se a função e a estética no paciente. Fonte - Arquivos do Prof. Dr. Cláudio Maldonado Pastori. 8 HISTÓRIA DA CIRURGIA BUCO MAXILO FACIAL NO BRASIL – PARTE I Ao falar-se desta maneira, não significa que antigamente os profissionais não lutassem por uma Odontologia melhor, mas sim porque naquela época, talvez, não possuíssem os recursos atuais, desde o instrumental, a esterilização, as técnicas modernas e anestesias perfeitas, até aqueles problemas relacionados com as atitudes psíquicas do indivíduo. Por este motivo que este trabalho foi realizado e, dedicado totalmente a talvez aqueles que foram os maiores baluartes da Cirurgia e Traumatologia BMF no Brasil, que muito lutaram para que fosse atingido esse auge. Esta é uma referência toda especial aos Profs. Drs. João Jorge de Barros, Mário Graziani e Ygar Ribeiro Gandra, onde se tem toda a convicção que sem a luta desses grandes cirurgiões, os atuais certamente não desfrutariam do conceito que hoje têm em todo o Brasil e principalmente ainda no exterior. Aos queridos e estimados amigos Barros, Graziani e Ygar, onde vocês estiverem e, temos toda a certeza de que estão num lugar privilegiado, pois sempre fizeram e agiram com muito amor e bondade enquanto aqui estiveram. Aceitem meus queridos, nosso muito obrigado por tudo que fizeram por nós e pela Cirurgia no Brasil. A Cirurgia e Traumatologia BMF brasileira deve muito a vocês. Muito obrigado do fundo de nossos corações. Não queremos com isso nos adiantar em qualquer tipo de homenagem desse tipo, pois tivemos o grande prazer de realizar essas homenagens a esses grandes homens ainda em vida, quando foram a Bauru e lhes foi dado como presente “Esta foi a sua vida” (Figs. 13 a 19). Por isso estamos bem confortáveis em fazer tudo isso aqui. Fig. 13 – Barros quando era homenageado em Bauru com “Esta é a sua vida” por Clóvis Marzola, que lhe entregava um mimo comemorativo. Foi muita emoção que rolou na Residência do Prof. Dr. João Lopes Toledo Filho. Fonte - Arquivos do Prof. Dr. Clóvis Marzola. 9 HISTÓRIA DA CIRURGIA BUCO MAXILO FACIAL NO BRASIL – PARTE I Fig. 14 – Barros quando era homenageado em Bauru por Clóvis Marzola, notando-se as presenças de Lobo e Geromel e, também, do saudoso Continho, que pra lá se deslocaram para prestigiar o acontecimento na Residência do Prof. Dr. João Lopes Toledo Filho. Fonte - Arquivos do Prof. Dr. Clóvis Marzola. Fig. 15 – Barros quando era homenageado em Bauru, tendo ministrado um de seus últimos cursos, inclusive com demonstração clínica de Tratamento da ATM, com a presença de Lobo e Geromel. Fonte - Arquivos do Prof. Dr. Clóvis Marzola. Fig. 16 – Barros quando examinava um cliente no curso que ministrou em Bauru de Tratamento da ATM, com a presença de Geromel. Fonte - Arquivos do Prof. Dr. Clóvis Marzola. 10 HISTÓRIA DA CIRURGIA BUCO MAXILO FACIAL NO BRASIL – PARTE I Fig. 17 – Barros quando ministrava aula teórica de Tratamento da ATM, sentado, porque já não agüentava muito ficar em pé, notando-se a presença dos alunos de especialização. Fonte - Arquivos do Prof. Dr. Clóvis Marzola. Fig. 18 – Barros quando era homenageado por seus amigos Toledo e Iracy na residência do Toledo. Fonte - Arquivos do Prof. Dr. Clóvis Marzola. Fig. 19 – Amigos queridos de Barros que vieram a Bauru exclusivamente para homenageálo, como Luiz, Nosé, Marzola, Celso e Iracy. Fonte - Arquivos do Prof. Dr. Clóvis Marzola. o0o 11 HISTÓRIA DA CIRURGIA BUCO MAXILO FACIAL NO BRASIL – PARTE I CAPÍTULO II A HISTÓRIA – O QUE FOI Assim, pode-se notar que os primeiros documentos sobre o estado da Medicina e Odontologia nos tempos mais remotos aparecem no Papiro de Ebers, encontrado na Biblioteca da Universidade de Leipzig. É um tratado completo das Ciências Biológicas conhecidas até então, não se descuidando das enfermidades dos dentes e das gengivas, notando-se ainda várias prescrições para curá-las. Não há nenhuma menção à Cirurgia Dental, devendo-se supor que na época em que foi escrito este documento não se realizavam operações dentais, pois não existiam instrumentos para tal. Chegou-se a estabelecer que houvesse sido escrito 1550 anos aC, entretanto algumas partes de seu conteúdo referem-se a ocorrências sucedidas há 3700 anos aC. O Papiro Cirúrgico de Edwin Smith de 1600 anos aC, contém informações mais antigas a respeito do tratamento das fraturas praticadas no Egito. Hieróglifos dão uma idéia de como eram realizados o exame, o diagnóstico e o tratamento. Este, talvez, seja o primeiro trabalho que relate a respeito da Cirurgia Bucal praticada antigamente. Alguns autores da antiguidade afirmam que a extração dos dentes era praticada naquela época, não com uma finalidade terapêutica, mas sim como pena infamante, como ocorreu com Santa Apolônia (Fig. 20), que ficou sendo a grande padroeira dos dentistas, pois teve todos seus dentes arrancados, por não querer renunciar a sua fé. Fig. 20 – A gloriosa Santa Apolônia, nossa magnífica protetora e especial defensora. Fonte: Arquivos do Prof. Dr. Clóvis Marzola. 12 HISTÓRIA DA CIRURGIA BUCO MAXILO FACIAL NO BRASIL – PARTE I No livro Nuei-Kieng, escrito na China (2670 anos aC), pelo imperador Huang-Ty, fundador da Medicina naquele país, encontram-se reunidos conhecimentos médicos da época, sendo nele mencionada a extração dental e, descrevendo-se também, o tratamento das fraturas da mandíbula. Um grande médico grego Esculápio (século XIII) antes da era cristã e, que a tradição converteu em “Deus da Medicina”, deu origem à Cirurgia Dental, tendo inventado os primeiros instrumentos destinados à extração dos dentes. Estes instrumentos eram de chumbo e denominavamse “odontagogo” e “rizagra”, sendo o primeiro destinado aos dentes com coroa e, o outro para a extração de raízes. Hipócrates (460 anos aC), ainda que não dedicasse em suas obras um capítulo especial às enfermidades dos dentes, menciona algumas passagens, podendo-se deduzir daí a grande importância que foi atribuída aos dentes e a suas enfermidades. Narra, além disso, acidentes que acompanham frequentemente o irrompimento dos dentes decíduos e sua substituição. Diz ainda que: “nos casos de odontalgia, se os dentes estão enfermos e com mobilidade, é necessário cauterizá-los”. Acreditava que somente deveriam ser extraídos dentes com mobilidade, sendo natural que não fosse considerada sua extração como uma operação muito difícil. Aristóteles (384 anos aC), o maior filósofo da antiguidade, falava também, dos dentes e suas enfermidades e, ao lado de alguns absurdos como aquele de que o homem possuiria maior número de dentes que a mulher, ainda descrevia um instrumento destinado à extração dos dentes denominado “odontagra”. Cornélio Celso (30 anos aC), nos princípios da era cristã, descreve no livro VII de sua obra “De Medicina”, a sindesmotomia prévia à extração dental, recomendando-a para evitar-se a fratura do dente ou o desgarramento gengival. Além disso, para reparar esta fratura, aconselhava o preenchimento da cavidade com chumbo. Sugeria, também, fazer a tração na direção do longo eixo do dente, para evitar a fratura óssea. Quando fossem raízes a serem extraídas, o instrumento a ser usado deveria ser aquele denominado pelos gregos com o nome de “rizagra”. Na Idade Média, Avicena inclui em sua “Cantica”, um capítulo sobre as fraturas mandibulares, enquanto Guglielmo de Piacenza foi o primeiro a recomendar em seu “Liber in Scientia Medicinale”, a fixação intermaxilar. Galeno (130 anos dC) continuava considerando a extração dental como perigosa e dolorosa, sugerindo uma série de medicamentos e processos destinados a combater a odontalgia quando esta terapêutica fracassasse, julgando ter chegado o momento para proceder à eliminação do dente. Para tal, indicava aplicação de pós de pelitre e vinagre na cavidade dental, com o que no final de uma hora “o dente moveria e poderia ser extraído com os próprios dedos ou com pinças”. Desde Aristóteles até Galeno, durante quinhentos anos, pouco se adiantou no conhecimento da anatomia e da patologia dentais. Sem dúvida, dever-se-ia ter em conta que durante esse período floresceram na escola de Alexandria com Herófilo e Erasistrato, que iniciaram a dissecação de cadáveres humanos, estudando minuciosamente a anatomia de todos os órgãos. Apesar de não aparecer nada relacionado com os dentes nesses 13 HISTÓRIA DA CIRURGIA BUCO MAXILO FACIAL NO BRASIL – PARTE I trabalhos, é quase certo que, também, realizaram pesquisas a este respeito, não chegando até nos dias de hoje suas publicações, pois a maior parte delas perdeu-se na destruição da biblioteca, queimada no ano 642 de nossa era. Não há dúvida de que Herófilo e Erasistrato, ou mesmo Heráclito de Tarento (300 anos aC) preocuparam-se com as enfermidades dos dentes e sua extração, pois segundo Aureliano, estes autores relataram mortes de diversas pessoas provocadas pelas extrações de dentes. O mesmo Aureliano refere-se à Erasistrato, que considerava a extração como uma operação perigosa, pelo que havia depositado no templo de Apolo em Delfos, algumas tenazes para a extração de dentes, como uma oferenda à prudência com que todos deveriam atuar neste tipo de cirurgia. Sem dúvida, outros autores afirmam que o depósito de tais instrumentos no templo de Apolo foi realizado por Erasistrato em homenagem a seu inventor, Esculápio. Esta versão parece ser a verdadeira, porque o instrumento era uma reprodução em chumbo do “odontagogo” usado por Esculápio mil anos antes. Pablo de Egina (600 anos dC) formulou algumas regras para a extração dos dentes, aconselhando descolar-se a gengiva o mais profundamente possível do rebordo alveolar, extraindo-se imediatamente com pinças denominadas de “acetábulos”, que como seu próprio nome indica, são empregadas para extrair corpos estranhos. Albucasis (1050 anos dC) o mais famoso dos autores árabes, descrevendo abcessos de origem dental, indicava seu tratamento pela cauterização. Aconselhava ainda a completa extirpação dos épulis e, em caso de sua recidiva, repetir a exérese e a cauterização do local. Referente à extração, sugeria que tudo deveria ser realizado para a conservação do dente, “por ser órgão muito nobre”. Quando fosse indispensável realizar uma extração, indicava a seguinte técnica: “o cirurgião deveria manter a cabeça do paciente fortemente entre seus joelhos e, com um par de fórceps extrair o dente, tirando-o numa só direção, para ser evitada a fratura e, em ocorrendo a fratura, dever-se-ia insinuar uma alavanca por baixo do dente, fazendo-se todo o possível para extraí-lo”. “Assim, seria necessário não atuar como os ignorantes charlatões, que não observam nenhuma das regras mencionadas, produzindo ainda grandes danos aos pacientes, fraturando o osso, deixando raízes nos alvéolos, ou ainda arrancando com os dentes partes dos maxilares”. Os instrumentos descritos e usados por Albucasis eram imperfeitos e, examinando-se detalhadamente poder-se-ia imaginar o martírio a que se submetiam aqueles que deveriam fazer uma extração. Este mesmo autor fala da existência de outros instrumentos dentais, provavelmente mais perfeitos e, que seriam aqueles utilizados pelos barbeiros e charlatões, a quem ele tratava muito desprestigiosamente. Dedica um capítulo especial à extração das raízes e fragmentos do maxilar e, para a extração destes últimos aconselhava empregar o mesmo instrumento indicado para a extração das raízes, ou par de fórceps, afirmando que “o osso que fica deveria ser eliminado”. Lanfranchi de Milão (ano 1200) não é de opinião favorável à extração dental, especialmente dos molares, “por ser muito perigosa”. 14 HISTÓRIA DA CIRURGIA BUCO MAXILO FACIAL NO BRASIL – PARTE I Gaddesden médico de Oxford (1350) considerava a extração dos dentes por meio de fórceps desnecessária, pois “conseguia sua eliminação de maneira segura e imediatamente untando-o com graxa de sapo”. Quando o dente está firmemente implantado, a operação é muito difícil, devendo-se torná-lo mais móvel, usando para isso substâncias ácidas ou ferro quente. Guy de Chauliac (1300), que se tornou famoso pela publicação de sua obra “Magna Cirurgia”, que mereceu ser traduzida em seis idiomas e cuja última edição é de 1890, não agregava nada ao que falou Albucasis 250 anos antes. No capítulo dedicado à extração dental transcrevia a obra do citado autor, quase palavra por apalavra, afirmando que esta operação é bastante grave, devendo ser praticada somente pelos “doutores”. Ambroise Paré (1550) menciona, também, a transplantação, dedicando um capítulo especial às fraturas da mandíbula. Fabricius de Acquapenden (1570) aconselhava grande prudência para realizar as extrações, classificando os instrumentos que nela se empregavam em nove classes. A maior quantidade era denominada genericamente de “fórceps” e, eram designados com nomes especiais tomados de sua semelhança com a boca ou o bico de certos animais. Lázaro Rivière (1610) sugeria coibir a hemorragia após as extrações com aplicação de uma bola de gaze compacta no alvéolo, que deveria ser mantida sob pressão durante uma ou duas horas. Wurflein e Dekkers (1650) referem-se a casos de necroses extensas da mandíbula, onde a parte necrosada foi extraída, tendo o osso regenerado completamente. Anton Nuck, cirurgião alemão (1650), aconselhava nunca extrair dente durante as regras, salvo em casos de extrema urgência e, sobretudo evitando a extração do canino superior (o dente do olho), pois poderia determinar efeitos perniciosos sobre o órgão visual do feto. Pierre Dionis, cirurgião francês (1700), em sua obra de cirurgia falava extensamente das enfermidades da boca e dos dentes. Garangeot (1740), célebre cirurgião francês, tornou-se famoso na Odontologia, por haver-se acreditado na França, ser ele autor do instrumento que levava seu nome. Para alguns, o verdadeiro inventor seria Hermano Come (1735) e, para outros o instrumento era conhecido e usado pelos dentistas da Inglaterra com o nome de “chave inglesa”, muito antes de Garangeot. Pierre Fauchard, o fundador da Odontologia científica moderna, chamado por muitos de “o pai da odontologia”, nasceu na Bretanha em 1690 e morreu em Paris em 1761. Sua obra monumental “Chirurgien Dentiste” (1728) marcou o início de nova era na história da arte dental. Num dos capítulos o autor enumerava diversas operações, chamando-as de reimplantes, transplantes e de extração de dentes. Sobre a extração dental, diz que estas unidades só deveriam ser extraídas quando todos os meios para salvá-las houvessem fracassado. O autor combatia a idéia de que dentes não poderiam ser extraídos durante as regras e a lactação. Da mesma maneira que Fauchard, R. Bunon em “Essai sur les maláveis des dents”, (Paris em 1743), descrevia grande parte das cirurgias bucais. 15 HISTÓRIA DA CIRURGIA BUCO MAXILO FACIAL NO BRASIL – PARTE I Na Grã-Bretanha o “Treatise on the disorders and deformation of the teeth and gums” por Thomas Berdmore (1768), o “Dental surgery” por John Thomes (1859) que inventou o fórceps dental, o “System of surgery” por T. Holmes (1870) e, o “Science and practice of surgery” por F. T. Grant (1878), considerava alguns processos em cirurgia oral. Nesta época, a prótese dental já era utilizada no tratamento da fraturas dos ossos da face. Nos Estados Unidos pelo trabalho que realizou e pela dedicação à profissão, Simon P. Hullihen (1810-1857) foi reconhecido como o primeiro cirurgião oral dos EUA. Com pequena formação técnica, desenvolveu-se extraordinariamente, tornando-se um dos maiores expoentes da Medicina e da Odontologia do país. Durante sua curta carreira profissional, operou mais de duzentos pacientes com alterações sinusais, mais de noventa lábios-leporinos e de cinquenta a sessenta fissuras palatinas, realizando ainda mais de cem operações de câncer da face e da boca. Além de outros tipos de cirurgias e, da confecção de instrumentos muito bem idealizados. James E. Garretson (1828-1895), também chamado de o “pai da cirurgia bucal nos USA”, por haver apresentado em 1864 ao Philadelphia Dental College, hoje a Escola de Odontologia da Temple University, um maravilhoso “Curriculum Vitae”. Ele foi o primeiro professor de cirurgia bucal apontado por esta faculdade, tendo enfatizado a necessidade do aperfeiçoamento de novos dentistas. No livro intitulado “A system of oral surgery” (1869), ele descreve a Dentística Operatória e os processos cirúrgicos bucais. Este livro contém um capítulo sobre fraturas, feridas, malformações e alterações dos maxilares, sinusite e alterações da língua. Possui ainda informações sobre cistos, neoplasias benignas e malignas, operações de lábios-leporinos e, um capítulo sobre a eliminação dos ossos maxilares. Com todas estas considerações, pode-se dizer que a Cirurgia e a Traumatologia desenvolveram-se através dos tempos com o crescente estudo de aperfeiçoamento de métodos e, manobras além dos instrumentos cirúrgicos. Entretanto, o que marca uma sensível mudança, quase que radical mesmo nos rumos da Cirurgia, foi o advento da Anestesia, da Assepsia e da Radiologia. Sem este trio, seria quase que impossível um programa de avanço considerável na Cirurgia. o0o 16 HISTÓRIA DA CIRURGIA BUCO MAXILO FACIAL NO BRASIL – PARTE I CAPÍTULO III A HISTÓRIA O QUE ESTÁ ACONTECENDO Após a análise de todos estes conhecimentos históricos, podese concluir pela forma que foi julgada a mais razoável, dividindo-se o desenvolvimento da cirurgia em três épocas evolutivas. Muitas características de acordo com o grande mestre e professor da grande maioria dos grandes cirurgiões brasileiros e, que recentemente nos deixou o Professor MÁRIO GRAZIANI, a quem também, foi homenageado publicamente e, que também foi premiado com nome de uma sala no COPAC - 2008. O primeiro período, de 1844 a 1900 foi talvez o mais importante da História da Cirurgia, pois a 10 de dezembro de 1844 o Cirurgião-Dentista Horace Wells descobria a Anestesia. Foi, também, a época da vitória e do progresso da Anti-sepsia, com as grandes descobertas de Pasteur e Lister. E, finalmente, concluindo com chave de ouro este período, a descoberta dos Raios-X pelo físico Roentgen em dezembro de 1895. Já o segundo período foi o da técnica, sendo marcado pelo aprimoramento e aperfeiçoamento das manobras cirúrgicas. Métodos foram modificando-se, com a radiologia entrando definitivamente para a prática cotidiana e, com a assepsia substituindo a anti-sepsia. O final desta época coincidiu com a Primeira Grande Guerra Mundial, que sem dúvida ao lado da tragédia e do horror, exerceu sem dúvida alguma, uma grande influência sobre o desenvolvimento dos métodos e técnicas cirúrgicas, tornando-as muito mais reparadoras e envolventes. Daí por diante, já na terceira fase, os progressos continuavam e, nos últimos anos, as manobras cirúrgicas foram pormenorizadas nos mínimos detalhes, como a influência do “laser” na terapêutica odontológica e, também, em algumas ocorrências cirúrgicas personalizando muitas técnicas. A Segunda Grande Guerra Mundial e o período pós-guerra trouxeram novos progressos, consolidando-se definitivamente os rumos de uma nova cirurgia. Fig. 21 – Mário Graziani e João Jorge de Barros em uma reunião festiva no casamento da neta do professor Graziani. Fonte: Arquivos do Prof. Dr. Clóvis Marzola. 17 HISTÓRIA DA CIRURGIA BUCO MAXILO FACIAL NO BRASIL – PARTE I Fig. 22 – Barros e Marzola em uma Reunião de Cirurgia em Santiago do Chile. Fonte: Arquivos do Prof. Dr. Clóvis Marzola. Firma-se desta maneira a Cirurgia Buco Maxilo Facial como uma importante e completa especialidade. Este fato, também foi muito levado em conta no Brasil, devendo-se sem dúvida alguma a pioneiros liderados pelos professores Mário Graziani (+ 1997) e João Jorge de Barros (+ 2001) em São Paulo, respectivamente presidentes da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bucal e do Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Buco Maxilo Facial (Figs. 21 e 22). Destacam-se também, com inegáveis méritos, batalhadores como Laet de Toledo César, Oswaldo de Castro e, Ygar Ribeiro Gandra (+) (Fig. 23) em São Paulo. Fig. 23 – Ygar Ribeiro Gandra um dos grandes presidentes do Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Buco Maxilo Facial (1979-1983), da cidade de São Paulo, já falecido. Fonte: Arquivos do Colégio Brasileiro de CTBMF. Ainda, Eurico Kramer de Oliveira (+) em Pelotas – RS (Fig. 24), Omar Seiler Camargo em Curitiba – PR (Fig. 25) e, Gaspar Soares Brandão (+) em Porto Alegre – RS (Fig. 26) que sempre procuraram elevar o nome da Cirurgia BMF no Brasil e no mundo todo. 18 HISTÓRIA DA CIRURGIA BUCO MAXILO FACIAL NO BRASIL – PARTE I Figs. 24 e 25 – Eurico Kramer de Oliveira, grande incentivador da Cirurgia BMF como excelente professor que foi e, um dos melhores presidentes do CBCTBMF (19771979), seu quarto presidente. Omar Seiler de Camargo, o terceiro presidente do Colégio (1975-1977), eleito na cidade de Curitiba - PR durante um Congresso Brasileiro realizado naquela belíssima cidade. Fonte: Arquivos do Prof. Dr. Clóvis Marzola. Fig. 26 – João Hildo Carvalho Furtado, quando dava posse a Clóvis Marzola como Membro Titular Fundador do Colégio no Congresso de Fortaleza, notando-se também a figura maravilhosa e muito saudosa de Gaspar Soares Brandão. Fonte: Arquivos do Prof. Dr. Clóvis Marzola. Em Belo Horizonte – MG, sobressai-se Edgard Carvalho e Silva (Fig. 27), Samuel Fonseca (+) em Florianópolis – SC (Fig. 28), Gustavo Demerval da Fonseca (+) em Brasília – DF (Fig. 29), Cláudio José Maia Nogueira (+) em Maceió – AL (Fig. 30). Ainda, João Hildo Carvalho Furtado (+) em Fortaleza – CE (Fig. 31), além de outros a quem a cirurgia brasileira muito deve seu completo amadurecimento técnico e científico. 19 HISTÓRIA DA CIRURGIA BUCO MAXILO FACIAL NO BRASIL – PARTE I Figs. 27 – Edgard Carvalho Silva com Marzola e, um grupo de professores mineiros em Congresso do Colégio em Ouro Preto. Fonte: Arquivos do Prof. Dr. Clóvis Marzola. Fig. 28 – Samuel Fonseca, um dos grandes batalhadores da Cirurgia em Santa Catarina na cidade de Florianópolis. Fonte: Arquivos do Prof. Dr. Clóvis Marzola. Figs. 29 e 30 – Gustavo Demerval da Fonseca de Brasília – DF, um dos grandes incentivadores do Colégio Brasileiro de Cirurgia. Cláudio José Maia Nogueira de Maceió - AL, outro grande expoente nordestino da Cirurgia, também já falecido. Fonte: Arquivos do Colégio Brasileiro de CTBMF. 20 HISTÓRIA DA CIRURGIA BUCO MAXILO FACIAL NO BRASIL – PARTE I Fig. 31 – João Hildo Carvalho Furtado grande expoente nordestino da Cirurgia e, o segundo grande presidente do Colégio (1973-1975), já falecido. Fonte: Arquivos do Prof. Dr. Clóvis Marzola. Destaque todo especial deve ser atribuído àquele que foi o pioneiro na introdução de toda programação didática da Cirurgia como disciplina dentro de uma Faculdade de Odontologia, o Prof. Dr. Ruy dos Santos Pinto (Fig. 32), quando foi convidado pelo Prof. Dr. Carlos Aldrovandi (+), para sua organização, por volta de 1957. Foi iniciado assim, o Primeiro Curso Oficial de Cirurgia em Escolas de Odontologia no Brasil em 1959 na Faculdade de Odontologia de Araçatuba - São Paulo. Fig. 32 – Antenor Araújo com Marzola, Ruy dos Santos Pinto, Mário Gabrielli e Tetuo Okamoto, figuras ilustres do Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia BMF, sendo que três deles ex presidentes. Fonte: Arquivos do Prof. Dr. Clóvis Marzola. Sinto-me muito honrado por haver tomado parte nessa equipe que foi para Araçatuba, juntamente com os professores Oswaldo Carro Buendia e Mercês Cunha dos Santos Pinto. Juntou-se a esta equipe a partir de 1961, o professor Tetuo Okamoto (Fig. 32), hoje um dos maiores esteios da pós-graduação em Cirurgia no Brasil, que apesar de já aposentado, ainda está intimamente ligado às Faculdades de Odontologia de Araçatuba da UNESP e Marília da UNIMAR. 21 HISTÓRIA DA CIRURGIA BUCO MAXILO FACIAL NO BRASIL – PARTE I Atualmente, procura-se a criação e o aperfeiçoamento ainda maior das novas técnicas cirúrgicas, verificando-se cada vez mais o valor e a utilidade dos conhecimentos de todas as ciências relacionadas diretamente com a cirurgia, como a anatomia, histologia, fisiologia, microbiologia, bioquímica, radiologia e patologia. Destaca-se grandemente aqui, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bucal criada pelo Prof. Mário Graziani (Fig. 33) na década de 50 e, tornando-se seu primeiro Presidente e, ainda por muitos anos deixando para a nova geração que continuasse o patrimônio deixado com tanto amor, carinho e dedicação em tudo que fazia. Fig. 33 – Mário Graziani quando era homenageado em Bauru por Clóvis Marzola, expresidente do Colégio. Fonte: Arquivos do Prof. Dr. Clóvis Marzola. A Sociedade Brasileira de Cirurgia Buco Maxilo Facial foi fundada e organizada por volta de 1950 tendo seu principal artífice e presidente o Prof. Dr. Mário Graziani (Figs. 34 a 39) que liderou essa organização durante muitos e muitos anos, além de ter sido seu idealizador, criador e fundador. Foi uma labuta diária para se fazerem valer os verdadeiros destinos da Cirurgia e Traumatologia BMF no Brasil. 22 HISTÓRIA DA CIRURGIA BUCO MAXILO FACIAL NO BRASIL – PARTE I Fig. 34 – Mário Graziani, o fundador e primeiro presidente da SOBRACIBU, quando lutou na Revolução Constitucionalista de 32 por São Paulo. Fonte: Arquivos do Prof. Dr. Clóvis Tarcísio Prada. Figs. 35, 36, 37 e 38 – Mário Graziani, em outras chamadas fotográficas, foi um dos professores mais condecorados no Brasil. Algumas das condecorações, dentre elas o de Cidadão Emérito de Campinas. Fonte: Arquivos do Prof. Dr. Clóvis Tarcísio Prada. 23 HISTÓRIA DA CIRURGIA BUCO MAXILO FACIAL NO BRASIL – PARTE I Fig. 39 – Outro aspecto da vida pública de Graziani junto com a família, destacando-se sua filha Maria Stella e seu genro Clóvis Prada. Nota-se também a presença saudosa de Júlio Barone e do João Antonio de Fortaleza. Fonte: Arquivos do Prof. Dr. Clóvis Tarcísio Prada. Sucederam à Graziani norteando os destinos dessa sociedade os professores doutores Jorge Gydikian (São Paulo - SP), Sylvio Alves Aguiar + (São Paulo - SP), Raymundo Miraca (São Paulo - SP), José Luiz Teixeira Brancatto (São Paulo - SP), Rudiney Daruge (Campinas - SP) e Paulo Afonso (Piracicaba – SP). Sylvio Alves Aguiar (São Paulo – SP), que também nos deixou, foi uma figura importantíssima dentro do aspecto de realizações da SOBRACIBU, pois além de ex-presidente, também propalou muito o nome da especialidade no Brasil e no exterior (Figs. 40 a 42). Figs. 40 e 41 – Sylvio Alves Aguiar, um dos grandes expoentes da SOBRACIBU e da Cirurgia no Brasil. Tive a oportunidade de ser contemporâneo dessa grande figura em Ribeirão Preto. Eu dei trote no Sylvio... Que belíssima figura era o “Tigrão”. Fonte: Arquivos do Prof. Dr. Luiz Fernando Lobo Leandro. 24 HISTÓRIA DA CIRURGIA BUCO MAXILO FACIAL NO BRASIL – PARTE I Fig. 42 – Sylvio Alves Aguiar, ministrando aulas e conferências ou ainda com amigos e a família, sempre pontuou como um profissional de gabarito. Fonte: Arquivos do Prof. Dr. Luiz Fernando Lobo Leandro. Em 10 de janeiro de 2002 a Sociedade Brasileira de Cirurgia e Traumatologia BMF completou meio século de existência com um jantar maravilhoso com seus associados e diretoria. Na época os troféus de incentivo a novos pesquisadores que levaram o nome de ÉDELA PURICELLI e RAYMUNDO MIRACA (Figs. 43 e 44) foram apresentados. Édela Puricelli sempre se destacou na especialidade e, também, em cargos diretivos da SOBRACIBU, tendo deixado o alto cargo de Presidente da ALACIBU em 2009 no Congresso da Foz do Iguaçu. Fig. 43 – O troféu Édela Puricelli a ser entregue aos melhores alunos residentes no ano de 2006. Fonte: Arquivos do Prof. Dr. Luiz Fernando Lobo Leandro. 25 HISTÓRIA DA CIRURGIA BUCO MAXILO FACIAL NO BRASIL – PARTE I Fig. 44 – O Prof. Dr. Luiz Fernando Lobo Leandro com um dos ganhadores do troféu em 2006, o Dr. Deniz Pimenta e Souza. Fonte: Arquivos do Prof. Dr. Luiz Fernando Lobo Leandro. o0o 26 HISTÓRIA DA CIRURGIA BUCO MAXILO FACIAL NO BRASIL – PARTE I CAPÍTULO IV COLÉGIO BRASILEIRO DE CIRURGIA E TRAUMATOLOGIA BUCO MAXILO FACIAL O Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia BMF, a grande entidade de classe da maioria dos cirurgiões do Brasil, que desde sua criação em 1970, tomou para si a total conscientização tanto dos jovens cirurgiões, quanto dos mais antigos. Desde o início de sua realização surgiu o nome do Prof. Dr. João Jorge de Barros (+) de São Paulo-SP, que foi o seu primeiro Presidente, além de orientar sempre o andamento e atividades dessa entidade durante muitos anos (Fig. 45). Fig. 45 – Barros, o primeiro presidente do Colégio, eleito em Brasília na Fundação do Colégio, por aclamação (1970-1973), quando era recepcionado em Bauru por Marzola. Fonte: Arquivos do Prof. Dr. Clóvis Marzola. Vêm pelo Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia BMF os nomes de outros presidentes que sempre muito contribuíram para o avanço da Cirurgia, como: João Hildo Carvalho Furtado (+) de Fortaleza-CE (1973-1975) (Fig. 26 e 31). Omar Seiler de Camargo de Curitiba-PR (1975-1977) (Fig. 25). Eurico Kramer de Oliveira (+) de Pelotas-RS (1977-1979) (Fig. 24). Ygar Ribeiro Gandra (+) de São Paulo-SP (1979-1981 e 19811983) (Fig. 23). Clóvis Marzola de Bauru-SP (1983-1985 e 1985-1987) e vice (1990-1991) (Fig. 46). João Carlos Wagner de Porto Alegre-RS (1987-1989 e 19891991) (Fig. 47). 27 HISTÓRIA DA CIRURGIA BUCO MAXILO FACIAL NO BRASIL – PARTE I Antenor Araújo de São José dos Campos-SP (1991-1993 e 1993-1995) (Fig. 48). Clóvis Tarcísio Prada de São Paulo-SP (1995-1997 e 19971999) (Fig. 49). Luiz Augusto Passeri de Piracicaba-SP (1999-2001) (Fig. 50). Emanuel Dias de Oliveira e Silva de Recife-PE (2001-2003) (Fig. 51). Paulo José Medeiros do Rio de Janeiro-RJ (2003-2005) (Fig. 52). Ricardo José de Holanda Vasconcelos de Recife-PE (20052007) (Fig. 53). Mário Francisco Gabrielli de Araraquara-SP (2007-2009) (Fig. 54). Ricardo José de Holanda Vasconcelos de Recife-PE (20092011) (Fig. 55). Nicolas Honsi do Rio de Janeiro – RJ (2011-2013) (Fig. 56). Nazareno Gil de Florianópolis – SC (2013-2015) (Fig. 57). Fig. 46 – Clóvis Marzola ex-presidente do Colégio (1983-1987) quando se congratulava com a Profa. Dra. Édela Puricelli no COBRAC de Vitória no Espírito Santo. Fonte: Arquivos do Prof. Dr. Clóvis Marzola. Fig. 47 – João Carlos B Wagner um dos presidentes do Colégio (1987-1991). Fonte: Arquivos do Colégio Brasileiro de CTBMF. 28 HISTÓRIA DA CIRURGIA BUCO MAXILO FACIAL NO BRASIL – PARTE I Fig. 48 – Antenor Araújo um dos grandes presidentes do Colégio (1991-1995) quando ministrava uma aula. Fonte: Arquivos do Prof. Dr. Clóvis Marzola. Fig. 49 – Clóvis Tarcísio Prada ex-presidente do Colégio BCTBMF (1995-1999) e grande batalhador da Cirurgia. Fonte: Arquivos do Colégio Brasileiro de CTBMF. Fig. 50 – Luiz Augusto Passeri ex-presidente do Colégio (1999-2001) e um grande batalhador da Cirurgia. Fonte: Arquivos do Colégio Brasileiro de CTBMF. Fig. 51 – Emanuel Dias de Oliveira e Silva ex-presidente do Colégio BCTBMF (2001-2003) e, também, Ex Reitor da Universidade de Pernambuco, grande expoente da Cirurgia no Nordeste. Fonte: Arquivos do Colégio Brasileiro de CTBMF. 29 HISTÓRIA DA CIRURGIA BUCO MAXILO FACIAL NO BRASIL – PARTE I Fig. 52 – Paulo José Medeiros quando do lançamento do seu livro em Congresso no Rio de Janeiro e, ex-presidente do CBCTBMF (2003-2005). Fonte: Arquivos do Prof. Dr. Clóvis Marzola. Fig. 53 – Ricardo José de Holanda Vasconcelos, ex-presidente do Colégio BCTBMF (20052007) e grande batalhador da Cirurgia. Fonte: Arquivos do Prof. Dr. Clóvis Marzola. Fig. 54 – Mário Gabrielli outro presidente do Colégio (2007-2009), trabalhou muito pela instituição. Fonte: Arquivos do Colégio Brasileiro de CTBMF. Fig. 55 – Ricardo José de Holanda Vasconcelos, presidente do Colégio (2009-2011), passou por uma gestão turbulenta, mas tudo resolvido maravilhosamente sem percalços. Fonte: Arquivos do Prof. Dr. Clóvis Marzola. Fig. 56 – Nicolas Honsi é o atual presidente do Colégio (2011-2011) e, do qual esperamos uma gestão muito profícua. Fonte: Arquivos do Prof. Dr. Clóvis Marzola. 30 HISTÓRIA DA CIRURGIA BUCO MAXILO FACIAL NO BRASIL – PARTE I Fig. 57 – A passagem da Presidência do Colégio, Ricardo para o Nicolas (2011-2013) e, o próximo Presidente eleito (2013 – 2015) o Dr. Nazareno Gil e, espera-se que todos acompanhem os outros presidentes com gestôes muito boas e com muita criatividade. Fonte: Arquivos do Prof. Dr. Clóvis Marzola. Todos lutaram e, ainda continuam batalhando para que a Cirurgia se torne uma verdadeira e total especialidade, a ser colocada em prática por profissionais especializados dentro da Odontologia. Juntam-se a esses o Prof. Samuel Fonseca de Florianópolis, um grande amigo e, a quem a Cirurgia catarinense muito deve. Assim, os primeiros passam para realizar cirurgia é tornar-se um cirurgião, dedicando-se exclusivamente a esta especialidade e, cada vez mais ao conhecimento de todas as disciplinas auxiliares, tanto aquelas relacionadas indireta, quanto àquelas mais estritamente relacionadas. Especialidades como a Radiologia, Endodontia, Implantodontia, a Periodontia, a Patologia e a Estomatologia, estão diretamente relacionadas com a Cirurgia, devendo como tal ser estudadas e encaradas como verdadeiros apêndices diretos dessa especialidade (Figs. 58 a 60). Fig. 58 – Clóvis Marzola com Robert Walker, Renato Geromel e, outros amigos chilenos, em La Plata na República Argentina. Fonte: Arquivos do Prof. Dr. Clóvis Marzola. 31 HISTÓRIA DA CIRURGIA BUCO MAXILO FACIAL NO BRASIL – PARTE I Fig. 59 – Clóvis Marzola junto com Manuel Donado Rodríguez e sua esposa em Madrid, num acontecimento na casa do saudoso e inesquecível amigo Victor Manuel Sada. Fonte: Arquivos do Prof. Dr. Clóvis Marzola. Desta maneira, o cirurgião deverá ser antes de tudo, um bom clínico, com pleno conhecimento de tudo que está diretamente relacionado com as estruturas a intervir, para assegurar um perfeito andamento e, o final das manobras que se propôs a realizar. Fig. 60 – Prof. Sylvio Zanini quando ministrava uma aula aos seus alunos em Bauru. Fonte: Arquivos do Prof. Dr. Clóvis Marzola. 32 HISTÓRIA DA CIRURGIA BUCO MAXILO FACIAL NO BRASIL – PARTE I Com isto estará valorizando-se inicialmente, pois todos os conhecimentos e habilidade técnica o capacitam e, indubitavelmente estará engrandecendo seu paciente, o principal fator de tudo que aprendeu e, para quem estará praticando o bem, acima de tudo e de todos. Deverá observar sempre o lado humano dele, sabendo-o constituído de alma e de uma personalidade, além de uma individualidade característica. Tudo isto e acrescentando-se aquela dose de “bom senso” e, toda a humildade característica de todos os grandes cirurgiões, levará o jovem aluno a destacar-se sobremaneira em sua especialidade abraçada. Aqui vai também uma homenagem singela a um grande batalhador da Cirurgia, Gustavo Demerval da Fonseca de Brasília, já falecido (Fig. 29). Li algo que deixou uma grande marca: “- Como um cirurgião pode saber onde está se não sabe onde esteve?”. o0o