3802
Trabalho 1654 - 1/4
CAUSADORES DE RUÍDOS NA UTI-NEONATAL NA PERCEPÇÃO DA
EQUIPE DE ENFERMAGEM
LIMA, Luciana de Medeiros*
GOUVEA, Juliana de Alencar**
INTRODUÇÃO: O ambiente proporcionado pelo útero materno é o ideal para o
crescimento e desenvolvimento fetal, visto que possui características específicas,
como temperatura agradável e constante, macicez, aconchego, e sons extrauterinos filtrados e diminuídos. Quando o recém-nascido necessita de cuidados
intensivos, ele sai desse ambiente ideal para a realidade das Unidades de Terapia
Intensiva Neonatal (UTIN), caracterizadas, por sua vez, por um ambiente
totalmente hostil, repleto de luzes fortes e constantes, mudanças de temperatura,
interrupção do ciclo do sono e muito barulho, tudo isso devido às repetidas
avaliações e procedimentos, acarretando, muitas vezes, desconforto e dor. Na
UTIN os bebês são submetidos a várias fontes de ruídos ambientais, provenientes
dos equipamentos de suporte à vida, utilizados no tratamento, capazes de
aumentar os riscos para a deficiência auditiva. A poluição sonora nas Unidades
Intensivas Neonatais é uma realidade presente em período integral, gerando
ruídos que ultrapassam, segundo pesquisas, intensidades de 110 dB. Este valor é
nocivo à cóclea da orelha humana, prejudicando desde adultos que ficam
expostos a eles por várias horas, na jornada de trabalho, até os bebês de alto
risco, expostos a esse ambiente ruidoso continuamente, durante vários dias ou
até meses. Entre os fatores que causam efeitos no RN além da perda auditiva, o
ruído pode causar, sobretudo, alterações do tipo fisiológicas e psicológicas,
expressados pelo choro, agitação, reflexos motores involuntários, perturbação do
sono, apnéia, bradicardia, dessaturação, aumento do fluxo sangüíneo cerebral,
alteração na função intelectual e estresse, contribuindo para dificultar no processo
de alta hospitalar. Os neonatos necessitam de assistência durante as 24h por dia,
o que torna o controle de ruídos dentro da UTIN um grande desafio.
Considerando que a maior parte dos procedimentos é realizada pela equipe de
enfermagem, e que esta é composta pelo maior número de pessoas dentro da
UTIN, percebemos que as fontes causadoras de ruídos concentram-se nas mãos
desses profissionais e, consequentemente, acreditamos que sua mudança de
comportamento irá gerar um ambiente livre do excesso de ruídos prejudiciais aos
3803
Trabalho 1654 - 2/4
neonatos. No entanto, levantamos a seguinte questão de pesquisa: a equipe de
enfermagem percebe os ruídos no dia-a-dia da UTI-neonatal? OBJETIVO:
Identificar os causadores de ruídos na UTI-neonatal na percepção da equipe de
enfermagem, na perspectiva de sua redução. METODOLOGIA: Trata-se de uma
pesquisa exploratório-descritiva cujos dados foram coletados a partir de um
instrumento semi-estruturado, contendo questões abertas e fechadas. O estudo
foi realizado na UTI-neonatal do Hospital Universitário Lauro Wanderley e teve
como amostra os enfermeiros e técnicos de enfermagem dessa unidade.
RESULTADOS: A maior parte da equipe (70%) considerou o nível de ruídos como
alto e apenas 30% classificou o ruído como moderado. Nenhum dos participantes
considerou o nível de ruído da UTI como baixo. Isso mostra que a equipe
apresenta-se sensível e incomodada com o barulho no ambiente. As principais
fontes de ruídos percebidas pela equipe foram: manuseio das incubadoras,
alarmes dos equipamentos, aspiradores conectados a fonte de ar comprimido e o
volume de voz dos profissionais que circulam diariamente no ambiente da UTIneonatal. Questionados sobre a passagem de plantão, a equipe considera que o
tom de voz nesse momento é normal, o que nos leva a concluir que a inclusão do
volume de voz nos fatores que geram ruídos se dá em conversas diversas. A
grande maioria também considerou como extremamente necessária o controle de
ruídos no ambiente da UTI-neonatal. Como sugestão para diminuir o nível de
ruído
na
UTI-neonatal,
conscientização,
seguido
a
de
equipe
apresentou
calibrações
principalmente
adequadas
dos
ações
de
equipamentos.
CONCLUSÃO: Os resultados apresentados nos revelam que a equipe de
enfermagem tem percebido o aumento do nível de ruídos na UTI-neonatal e
consegue apontar com clareza alguns fatores responsáveis por este fato. Apesar
de todos sugerirem um trabalho de conscientização, concluímos que a equipe de
enfermagem já se encontra sensibilizada e disposta a adotar medidas na
perspectiva de diminuir os ruídos e melhorar as condições ambientais para as
pessoas que circulam na UTI-neonatal e principalmente para os recém-nascidos,
proporcionando-lhes condições adequadas de recuperação. BIBLIOGRAFIA:
ICHISATO, S. M. T. Ruído em unidade de cuidado intensivo neonatal de um
hospital universitário de Ribeirão Preto-SP. Ribeirão Preto, 2004. 170p. ;
REICHERT, A. P. S. ; COLLET, N. ; LINS, R. N. P. Humanização do cuidado da
3804
Trabalho 1654 - 3/4
UTI Neonatal. Revista Eletrônica de Enfermagem. V.9, n. 1, p. 200-213, jan-abr,
2007. ; RODART, M. D. O.; SCOCHI, C. G. S.; LEITE, A. M.; FUJINAGA, C.I.;
ZAMBERLAN, N. E.; CASTRAL, T. C. O ruído gerado durante a manipulação das
incubadoras: implicações para o cuidado de enfermagem. Revista Latinoamericana de Enfermagem. v.13, n.1, p.79-85, jan-fev., 2006.
DESCRITORES: controle de ruídos, enfermagem, neonatologia
*Especialista em Enfermagem Pediátrica, Enfermeira Assistencial da UTIneonatal do Hospital Universitário Lauro Wanderley; Docente da Faculdade
de Enfermagem São Vicente de Paula.
**Mestre em Enfermagem pela UFPB; Enfermeira Assistencial da UTIneonatal do Hospital Universitário Lauro Wanderley.
EMAIL: [email protected]
3805
Trabalho 1654 - 4/4
Download

61o. Congresso Nacional de Enfermagem