Coinfra janeiro de 2005 Editorial O Programa de Eficência Energética e os ganhos no uso de energia O Conselho de Infra-Estrutura (Coin- mento, os resultados obtidos pelas indús- fra) da FIERGS desenvolveu em 2004 trias que implantaram a gestão energética mais uma etapa do Programa de Eficiên- desde o início desse programa, o que ga- cia de Energética (PEE), criado através de rante a certeza da possibilidade de suces- convênio entre a Eletrobrás e a entidade. so. Esta redução está situada entre 20 e O sucesso alcançado, seja pela 35% do custo do insumo energia, o que quantidade de multiplicadores formados é significativo. (cerca de 200), seja pelos trabalhos de Por isso, para nós, do Coinfra, é de avaliação gerencial desenvolvidos em extrema relevância fazer um relatório mais de 50 empresas no estado, mostra com os números finais do programa em a importância dessa iniciativa. Cada vez razão do grande desafio que nos impõe a mais a eficiência energética impõe-se necessidade de divulgar essa cultura. É como uma ferramenta capaz de possibi- preciso que o setor industrial desperte litar a gestão do insumo "energia", o para este potencial de economia de ener- que torna-se necessário haja vista sua gia. Conclamo a todos os empresários parcela no custo dos mais variados pro- gaúchos a tornar eficiente o uso de ener- dutos em um mundo em crescente gia. Vamos praticar eficiência energética competitividade. em nossas indústrias. Para não ficar apenas na teoria, o Coinfra demonstra, em amplo levanta- Carlos W. de Faria Coordenador do GTE Coinfra 2 O Jornal do Coinfra é uma publicação mensal do Conselho de Infra- Estrutura da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS) Avenida Assis Brasil, 8787 CEP- 91140-001 Porto Alegre -RS Fone 51 3347-8749 [email protected] Missão Estimular o desenvolvimento regional e global do RS, através de proposições necessárias para a eliminação de entraves no âmbito de infra-estrutura estadual, como telecomunicações, informática, transportes, energia, portos e hidrovias. Presidente Francisco Renan Proença Coordenador Humberto César Busnello Grupo Temático de Transportes Ricardo Lins Portella Nunes Grupo Temático de Portos e Hidrovias Paulo Duhá Grupo Temático de Telecomunicações Carlos Garcia Grupo Temático de Energia Carlos de Faria Grupo Temático de Informática Carlos Porto Executivo do Coinfra Francisco Queiroz Júnior Publicação MW-Mídia Impressa fone: (51) 3328.8229 Comercialização Scheyla DeCruz fone: (51) 81227214 Editor Milton Wells Editoração Lavoro C&M (51) 3333-4535 Tiragem: 3 mil exemplares janeiro de 2005 Coinfra 3 Grupo de Energia Busnello destaca a diversidade na participação de empresas no PEE "O Programa de Eficiência Energética da FIERGS é hoje o mais adiantado do país. Por sua vanguarda e inovação pedagógica com a adoção do ensino a distância, ele certamente, após avaliação e adaptações regionais, poderá ser levado a outras federações", diz Humberto Busnello, coordenador do Conselho de Infraestrutura (Coinfra) da FIERGS. "Somente o fato o fato de termos feito a interiorização, via o EAD da PUCRS, para mais de 40 cidades, formar- mos cerca de 200 multiplicadores, e atingir 53 empresas certificadas nos dá a esperança e a garantia de que no próximo ano a nossa luta será redobrada", acrescenta. " O Coinfra pretende renovar o convênio com a Eletrobrás em 2005, e já iniciou tratativas nesses sentido". Para Busnello, um dos destaques do PEE no estado foi a grande diversidade de empresas que participaram do programa como a John Deere e o Banco do Estado do Rio Humberto Busnello Grande do Sul (Banrisul), além de fábricas de sorvete, padarias e até hospitais. "O foco do programa não foi simplesmente direcionado para o segmento das grandes empresas. Na verdade, a EE pretende chegar a todo o universo empresarial em seus vários segmentos", diz. "Muitas vezes, o percentual de redução de custo de energia elétrica em empresas menores é maior do que aquele que ocorre nas grandes. A diversidade e a dimensão das empresas que participaram do PEE foi um dos fatos importantes do programa." 4 Coinfra janeiro de 2005 Grupo de Energia Empresário gaúcho deve olhar com seriedade o uso de energia Fotos divulgação Na opinião, do coordenador do Grupo Temático de Energia (GTE) do Coinfra, Carlos Faria, o empresário gaúcho ainda não despertou para a importância da eficiência energética. Para ele, trata-se de uma "ferramenta de extrema valia para o setor industrial, em um mundo cada vez mais competitivo". Nesta entrevista ao Jornal do COINFRA, Faria faz uma avaliação sobre o Programa de Eficência Energética (PEE) desenvolvido pela FIERGS em convênio com a Eletrobrás. Leia abaixo: Qual a importância do PEE para a indústria gaúcha? Capacitar cada vez mais nossa mão-de-obra, buscar o aprimoramento de nossas indústrias. Qual a sua análise sobre os resultados finais do programa encerrado em dezembro? Os estudos desenvolvidos nesta etapa confirmam que estamos diante de uma ferramenta de trabalho de extrema valia para o setor industrial do RS, contribuindo para uma maior competitividade de nosso produtos. O empresário gaúcho ainda não fez sua lição de casa em matéria de EE? Não. O empresariado gaúcho deve olhar para este programa com mais seriedade, tendo em mente que o insumo "energia elétrica" será cada dia mais oneroso dentro de nossas empresas e desta forma a EE vem a ser uma ferramenta de administração de extrema valia. Quais as tendências de Carlos Faria: o empresário gaúcho deve olhar com mais seriedade o programa de eficiência energética preços nas tarifas de energia? Estamos passando por um período de readequação nos preços das tarifas de energia. A política definida pelo MME de, inicialmente buscar esgotar a oferta da dita "energia velha", a preços que, apesar de bastantes baixos, ainda levam os geradores de energia a ter uma rentabilidade sobre seus ativos certamente deverá enfrentar o esgotamento desse estoque. Quanto Rua Felipe de Oliveira, 500 - conj. 501 Fone 51 3330-9977 www.apsengenharia.com.br aos novos empreendimentos, para serem viabilizados, a tarifa deverá ser a um preço pelo menos superior em no mínimo 50% daqueles obtidos nos leilões. Em síntese, a tendência é de alta quando da entrada de novos empreendimentos. No caso da oferta de energia, qual a sua avaliação para os próximos anos? Há riscos de ocorrer dificuldades de abastecimento em razão do aumento das atividades industriais? Inegavelmente se o crescimento de nosso país continuar nos níveis atuais e se for confirmada a entrada de investimentos maciços em bens de capital, indicando a retomada do crescimento no setor industrial e não só no agronegócio, o mercado será mais demandante de energia o que poderá elevar o crescimento do consumo. janeiro de 2005 Coinfra 5 FIERGS é pioneira em programas de combate ao desperdício Instituída de forma oficial pelo governo federal na área das concessionárias de energia elétrica em julho de 2000, a cultura de eficiência energética é conhecida pelo empresário gaúcho desde 1997. Na época, a perspectiva de aumento da tarifa de energia era uma realidade. Para piorar o país corria o risco de déficit de energia em função da queda nos níveis dos reservatórios das usinas hidrelétricas. Foi quando a FIERGS concebeu um plano para buscar recursos do Programa de Combate ao Desperdício de Energia Elétrica (Procel) da Eletrobrás e da CEEE para a implantação de uma política de EE no RS. Com apoio técnico e científico da PUCRS, o projeto foi desenvolvido em dois níveis. Uma série de seminários serviu para sensibilizar os empresários para a necessidade de racionalizar o uso de energia. Um outra ação foi reservada para o desenvolvi- mento da capacitação em nível gerencial e técnico, cujo modelo foi inspirado no Programa Gaúcho de Qualidade e Produtividade (PGQP). Até julho de 1999, cerca de 260 empresas, 61 consultorias, 81 multiplicadores formados, 19 especialistas formados em eficiência energética e seis fabricantes de equipamentos se integraram ao projeto. Para a formação de técnicos foi criado um curso de especialização na PUCRS, cuja universidade im- plantou, em 1999, o primeiro curso de mestrado em eficiência energética no país. Naquela fase, foram feitos 14 diagnósticos. No final de 2000, em razão da anunciada crise de energia no país, a FIERGS deflagrou uma série de seminários e eventos com o objetivo de retomar o convênio com a Eletrobrás cuja assinatura ocorreu em dezembro de 2002. Em janeiro de 2004, o contrato foi renovado por doze meses. Projeto da AES Sul ganha reconhecimento Em dezembro, a AES Sul Distribuidora Gaúcha de Energia S/A recebeu o prêmio de 1º lugar em ações de conservação de energia, seguimento "Empresas do Setor Energético de Médio Porte" com o "Projeto Eficiência Energética na Irrigação de Lavouras Orizícolas". O prêmio foi entregue em cerimônia da Eletrobrás, no Rio de Janeiro, com a presença de autoridades do setor elétrico e 2 mil convidados. Estudos indicam que, em média, 47% da energia no período da safra orizícola é desperdiçada devido ao uso de motores, bombas e canalizações inadequadas. Partindo destes números, a AES Sul elaborou um programa que visa, além da conscientização do produtor e da capacitação de técnicos que atuam prestando esses serviços, disponibilizar recursos para financiar os ajustes necessários. Isto envolveu 12 unidades de irrigação, distribuí- das nos municípios da fronteiraoeste do estado. A parceria para viabilizar o programa foi firmada com a Fundação Nacional do Arroz, e a AES Sul já investiu R$ 1,2 milhões de reais na sua implantação. Segundo o gestor do programa, Sr. Lissandro Pires, os recursos liberados para o produtor cobrem, além dos serviços de diagnóstico e aquisição de equipamentos, os serviços de substituição dos mesmos. O produtor retorna o capital para a AES Sul em parcelas mensais equivalentes ao que estava desperdiçando pelo dimensionamento inadequado do seu conjunto de irrigação. Como benefício já é contabilizada uma economia em torno de 605 MWh/ano (equivalente ao consumo de um mês de uma cidade como Formigueiro-Região Central) e 450 kW de demanda evitada. Lissandro salienta ainda que na relação entre a potência instalada e o volume de água movimentado, Roberto Podesta, Lissandro Pires e Charles Lenzi comemoram a conquista os ganhos chegaram a atingir 250% (em média 148%), situando-se a economia de energia em torno de 45%. A potência instalada foi reduzida em 53% para uma mesma área irrigada. Isto evidencia que ainda há muito a ser feito para reduzir os custos de produção na orizicultura. Na maioria das vezes, os sistemas de irrigação usam motores e bombas hidráulidas de baixo rendimento e um equivocado dimensionamento dos sistemas de canalização. "Com o projeto ganha o produtor, que deixa de desperdiçar energia; ganha a AES SUL, que posterga investimentos na região; ganha a sociedade, pois estes investimentos comporiam a tarifa de energia elétrica e todos teriam que pagar e se preserva o meioambiente. Mais luz e menos poluição”, finaliza Lissandro. 6 Coinfra janeiro de 2005 Convênio entre Fiergs e Eletrobrás leva PEE a 40 municípios do RS Fotos divulgação Um total de 53 avaliações técnico-gerenciais em empresas dos mais variados segmentos,10 diagnósticos energéticos, a disseminação da cultura de eficiência energética em 40 municípios do estado, via ensino a distância, e formação de 214 multiplicadores de processo de avaliação. Este são os principais resultados do Programa de Eficiência Energética da FIERGS, (PEE-FIERGS) desenvolvido no estado através de convênio entre a entidade e a Eletrobrás. Assinado em dezembro de 2002, o programa foi renovado por mais 12 meses, em janeiro 2004, com o objetivo de desenvolver ações integrantes do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica – Procel. Na fase do convênio, foi realizado curso para a formação de multiplicadores em eficiência energética, via ensino a distância, em 40 municípios gaúchos. As aulas foram geradas em Porto Alegre e transmitidas para mais de 400 alunos via satélite desde o centro de Ensino a Distância (EAD) da PUCRS, através de um sistema digital. Na etapa seguinte, desenvolvida de março a dezembro deste ano, foram feitas avaliações gerenciais em empresas que manifestaram o interesse em participar do programa, localizadas de diversos municípios do RS. Após a conclusão das 53 avaliações gerenciais através de critérios técnicos Cerca de 400 representantes de empresas de todo o estado inscreveram-se nos cursos de eficiência do convênio FIERGS/Eletrobrás desenvolvidos em metodologia específica, foram selecionadas 10 empresas com maior potencial de eficientização energética que receberam um diagnóstico energético e respectivo plano de melhorias. Os resultados dos trabalhos de avaliação gerencial foram divulgados em dois seminários regionais realizados em Bento Gonçalves e Porto Alegre. A implementação do conjuntos de ações técnicas somente foi possível graças ao associativismo, através de parcerias com as associações comerciais e industriais do interior do estado, coordenadas pelo CAEI (Coordenadoria de Articulação Empresarial) em conjunto com o Coinfra, diz Francisco Queiroz Júnior, executivo do Coinfra. Municípios com aulas via ensino a distância Alegrete, Bagé, Bento Gonçalves, Bom Princípio, Cachoeira do Sul, Camaquã, Canela, Caxias do Sul, Carazinho, Cruz Alta, Erechim, Frederico Westphalen, Guaporé, Horizontina, Ijuí, Itaqui, Lagoa Vermelha, Novo Hamburgo, Palmeira das Missões, Passo Fundo, Pelotas, Porto Alegre, Rio Grande, Rosário do Sul, Santa Cruz do Sul, Santa Maria Santa Rosa, Santana do Livramento, Santiago, Santo Ângelo, Sapiranga, São Borja, São Gabriel, São Luiz Gonzaga, Tramandaí, Três de Maio, Três Passos, Uruguaiana, Vacaria e Veranópolis. Entrega dos certificados será no dia 11 A apresentação dos resultados dos diagnósticos energéticos será o principal tema do Seminário de Eficiência Energética marcado para o dia 11 deste mês. No evento, será realizada a entrega do "Certificado de Empresa Diagnosticada" emitido pela Eletrobrás e FIERGS para um grupo de 10 empresas. Serão entregues certificados para: Metalcorte Inox Ltda. Bleistahl Brasil Metarlugia S.A. John Deere - Fabrica 2 Rinaldi S.A. - Industria de Pneumáticos Toniolo, Busnello S.A. Lojas Renner - Matriz. Consórcio UNIVIAS Plasma Plásticos Santa Maria Ltda. Centro Tecnológico do Calçado - SENAI Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre janeiro de 2005 Empresas avaliadas pelo PEE Artefatos de Madeira Nordeste – Guaporé Centro Tecnológico do calçados – Novo Hamburgo Centro Tecnológico do Couro – Estância Velha Cooperativa Agropecuária Petrópolis Ltda – Nova Petrópolis Cooperativa Santa Clara – Carlos Barbosa CVI - Refrigerantes Ltda – Santa Maria Dal Ponte & Cia. Ltda – Veranópólis Kin Master Produtos Químicos Ltda – Passo Fundo Fornecedora de componentes Químicos Ltda – Campo Bom Hotel Villa Michelon – Bento Gonçalves Cariri Lltda – Estância Velha Medabil Varcco Pruden S/A – Nova Bassano Metalcorte – Caxias do Sul Metalúrgica Loth – Sapiranga Moldart Modelação Técnica Ltda – Gonçalves Obispa Metalúrgica Ltda – Bento Gonçalves Rinaldi S.A – Bento Gonçalves Sulmac S/A – Guaporé Sulvias S/A – Santa Cruz do Sul Metalúrgica Clóvis Sidnei Ltda – Arroio do Meio Toniolo e Busnello - S/A – Filial Portão Toniolo e Busnello - S/A – Filial Caxias do Sul Toniolo e Busnello - S/A – Ftilial Farroupilha Banco do Estado do Rio Grande do Sul – Porto Alegre Caixa Econômica Federal – Porto Alegre Lojas Renner – Porto Alegre Santher – Guaíba Agropecuária de Nova Santa Rita Ltda – Nova Santa Rita Bleistahl Brasil Metalurgia S.A – Cachoeirinha DHB Componentes Automotivos – Porto Alegre Frigorífico Mabella Ltda – Frederico Westphalen John Deere 1 – Horizontina John Deere 2 – Horizontina Otam Ventiladores Industriais Ltda – Porto Alegre Ouro Verde Papéis e Embalagens – Paulo Bento Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre Prefeitura de Quaraí Supermercados Peruzzo – Bagé Termosul Indústria Metalúrgica Ltda – Bagé Toniolo e Busnello - S/A – Porto Alegre Dana Albarus – Gravataí Bianchini & Cassuli Ltda – Cruzeiro do Sul Denardin, Corrieri & Cia Ltda – Santa Maria Doormann – Cachoeirinha Excelsior Alimentos S.A – Santa Cruz do Sul Panambra Sul S/A – Porto Alegre Panifício Superpan Ltda – Viamão Plasma Plásticos Santa Maria – Santa Maria Pomp Produtos Hospitalares Ltda – Cachoeirinha Pontes Distribuidora de Máquinas Ltda – Porto Alegre Sorvetes Raio de Sol Ltda – Porto Alegre Trafo Equipamentos Elétricos S.A – Gravataí Metálicas Ltda – Cachoeirinha Legenda Coinfra 7 8 Coinfra janeiro de 2005 Grupo de Energia Eletrobrás vai ampliar atendimento à eficiência energética na indústria Fotos divulgação Nesta entrevista ao Jornal do COINFRA, George Alves Soares, chefe do Departamento de Desenvolvimento de Projetos Especiais da Eletrobrás, faz uma análise do convênio recentemente concluído com a FIERGS. Qual a avaliação da Eletrobrás em relação ao PEE desenvolvido pela FIERGS? A Eletrobrás considerou satisfatórios os resultados do convênio na medida em que vários objetivos propostos foram alcançados. Todavia, o montante real de energia economizada depende do grau de implementação dos diagnósticos. O uso do ensino a distância foi aprovado? Uma vez avaliada a eficácia dos diagnósticos no que concerne às implementações, a Eletrobrás /Procel poderá vir a usar esta ferramenta, o que seria muito proveitoso, pois disseminaria de forma mais ágil os conceitos de eficiência energética na indústria. A empresa assinou convênios com quantas federações de indústria até o momento? Atualmente a Eletrobrás, no âmbito do Procel/indústria, já celebrou convênios com mais 10 federações de indústrias, o que abrange os principais estados das cinco regiões do território nacional. Os convênios encontram-se em fases distintas de execução, dependendo da data do início dos trabalhos. Atualmente, já foram capacitados 123 multiplicadores, 599 agentes da indústria e 193 grandes e médias indústrias já aderiram ao George Soares: Eletrobrás já assinou convênios com mais de 10 federações de indústria do país Programa. Um conceito bastante importante na concepção dos trabalhos nos outros estados da federação é o fortalecimento da formação dos novos engenheiros. Para isto já foram alocadas verbas para a montagem de 11 laboratórios de sistemas motrizes e para 110 bolsas de graduação, mestrado e doutorado. O programa com a FIERGS poderá ser renovado em 2005? O atual convênio que a Eletrobrás mantém com a FIERGS já teve aditamento e, juridicamente, não pode ser renovado. No entanto, a Eletrobrás pode vir a desenvolver outros trabalhos com a FIERGS, desde que estes atendam aos interesses mútuos das entidades, vindo a estimular o uso adequado da energia e reforçar os conceitos de eficiência energética, principalmente os aliados às políticas ambientais corretas. Como a empresa pensa em despertar o interesse do empresário em adotar medidas de eficiência energética? Todos convênios do Procel/ Indústria prevêem dificuldades de sensibilização dos empresários, tanto atrvés de trabalhos de campo como workshops. No sentido de ampliar e reforçar as ações em curso, a empresa firmou, recentemente, um Protocolo de Cooperação Técnica de três anos, no valor de R$ 3 milhões, com a Confederação Nacional das Indústrias – CNI e o Núcleo Central do Instituto Euvaldo Lodi – IEL/NC, onde está previsto o desenvolvimento de vários trabalhos junto aos empresários do setor industrial. Como estão as negociações com o BNDES para a abertura de linhas de financiamento para investimentos em eficiência energética na indústria? O BNDES atualmente já dispõe de linhas de financiamento com condições financeiras bastante atraentes. Contudo os industriais que nos procuram concentram seus comentários nas dificuldades de acesso a estas linhas. Pretende-se retornar as negociações, em breve, com a nova diretoria do BNDES, recém empossada. janeiro de 2005 As diferenças entre o reajuste e a revisão dos contratos Não é rara a confusão de significados das expressões reajuste contratual e revisão contratual. A confusão deixa transparecer a existência de desconhecimento dos contratos, das leis e da doutrina e, ainda, sobre a prestação dos serviços públicos pelas pessoas jurídicas de direito privado, bem como de que tais concessões são muito mais importantes para o Estado do que para os concessionários. O Estado aufere o proveito sobre a prestação adequada dos serviços públicos, assim como os usuários desses serviços e a sociedade. Os concessionários auferem a remuneração justa sobre a prestação de tais serviços. Os reajustamentos periódicos das tarifas asseguram a prestação adequada desses serviços, sua continuidade, regularidade e eficiência. Não se deve confundir os conceitos. Reajustamento contratual e revisão contratual são mecanismos legais e contratuais essencialmente diferentes e independentes entre si. O reajustamento contratual serve para repor o valor das tarifas atingidas pelos efeitos da inflação. Ele é fixa- do pelo Estado e suas autarquias com base em índices oficiais, ou pela evolução de preços constantes nas planilhas de custo dos insumos aplicados na execução dos serviços. Seus percentuais são aplicados às fórmulas de reajustamento, denominadas de paramétricas, justo porque medem e repõem a inflação do período. A revisão é o mecanismo legal para corrigir o desequilíbrio dos contratos na superveniência de fatos técnica, econômica e juridicamente justificáveis, capazes de alterar as relações inicialmente pactuadas entre o Estado e os concessionários, nos termos das propostas comerciais, como define a Constituição Federal. Por que, então, se verifica tal confusão conceitual? Entre as explicações possíveis, para afastar-se hipótese mais grave vinculada a ações contrárias ao princípio da boa-fé objetiva, está a de que se trate de efetivo desconhecimento, não que isso não possa causar graves prejuízos ao erário e ao serviço público, porque pode. O reajustamento previsto nos contratos e nas leis não po- de ocorrer com periodicidade menor do que um ano, como estabelece a lei que criou o Plano Real. Também não deve ser suprimido, sob pena de grave inadimplência, independentemente da revisão tarifária, mecanismo de outra natureza e com finalidade diferente. É conveniente a compreensão um fato. Toda a vez que, por ação ou omissão, obrigações não forem cumpridas, prejuízos são gerados, dificultando o equilíbrio dos contratos de prestação dos serviços públicos pelas empresas privadas. Portanto, as práticas administrativas que causam prejuízos a todos devem ser afastadas. A ação correta atenderá, por si só, o legítimo interesse da prestação dos serviços públicos, na forma da lei e dos contratos de concessão. Como afirma o Governador Germano Rigotto, "O Rio Grande do Sul é o Estado onde se cumprem os contratos", fazendo a defesa do instituto das Parcerias-Público-Privadas, tão necessárias ao desenvolvimento sustentável do Estado. Paulo Oiama de Macedo Silva. Assessor Jurídico da AGCR Coinfra 9 Fotos divulgação Intercâmbio ganha prêmio Sebrae/ Eletrobrás O diretor da Intercâmbio Eletromecânico, de Porto Alegre, Hans Dieter (foto), recebeu em 13 de dezembro passado o Prêmio Sebrae/Eletrobrás destinado a pequenas e médias empresas do ramo de energias renováveis e eficientização. O case premiado foi de um apartamento. Com uma bateria de coletor solar fotovoltaico, junto com a eficiência de equipamentos eletrodomésticos, foi comprovado uma redução de consumo de energia elétrica de 210 kW/h. No mês anterior à eficientização o consumo era de 240 kW/h, o que reduziu-se para 30 kW/h. 10 Coinfra janeiro de 2005 Grupo de Energia Brasil economiza R$ 200 milhões com racionalização de custos Fotos divulgação O Brasil economizou 800 milhões de kWh na demanda de energia em 2004 com a implantação da eficiência energética em mais de 100 empresas de diversos setores. Esses números foram divulgados em dezembro pelo secretário-executivo do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica, Aloísio Vasconcelos, na entrega do Prêmio Procel 2004. Os investimentos aplicados pelas empresas somaram cerca de R$ 200 milhões. Vasconcelos prevê que até 2015 o país economizará 130 bilhões de KWh, o que vai representar um resultado de R$ 34 bilhões. Foram contempladas com o prêmio 13 empresas em seis categorias: órgãos e empresas da administração pública, imprensa, micro, pequenas e médias, empresas do setor energético, edificações e indústria. As vencedoras são as seguintes empresas: Michelin, AES Eletropaulo, AES Sul, Saelpa, Elektro, Universidade Federal Fluminense, Companhia Siderúrgica Paulista (Cosipa), Renova Lavanderia e Mais de 100 empresas de todo o Brasil aderiram à iniciativa da Eletrobrás Toalheiro, Diário de Natal, Revista Lumière e Jalles Machado (energias alternativas). Também recebeu o prêmio o profissional Célio Diniz Ferreira Filho, sobre o projeto Colégio Cruzeiro – Escola Zero-Energia. O estudante Gustavo Braz Carneiro foi premiado pelo projeto Eqüass-EcoHome. Na ocasião, a Eletrobrás entregou também o Selo Procel 2004 a 72 empresas que se certificaram como produtoras de equipamentos energeticamente eficientes. Vinte e duas empresas receberam o Selo Procel de Economia de Energia e 50 empresas o Selo Procel Inmetro de Desempenho. Entre os contemplados estão: Multibrás (Brastemp e Consul), Soletrol, Phillips, General Eletric, Hitachi e Weg. Vasconcelos destacou que o Procel permitiu a fabricação de refrigeradores de uma porta 22% mais eficientes do que os que não possuem o selo. janeiro de 2005 Coinfra 11 Eletrobrás explica porque é importante conservar energia A conservação da energia elétrica leva à exploração racional dos recursos naturais. Isso significa que, conservar energia elétrica ou combater seu desperdício é a fonte de produção menos dispendiosa e mais limpa que existe, pois não agride o meio ambiente. Desta forma, a energia conservada, por exemplo, na iluminação eficiente ou no motor bem dimensionado, pode ser utilizada para iluminar uma escola ou atender um hospital, sem ser jogada fora. É importante compreender o conceito de conservação de energia elétrica. Conservar energia elétrica quer dizer melhorar a maneira de utilizar a energia, sem abrir mão do conforto e das vantagens que ela proporciona. Significa diminuir o consumo, reduzindo custos, sem perder, em momento algum, a eficiência e a qualidade dos serviços. Aí começa o papel do Pro- cel, o programa de governo voltado para a conservação de energia elétrica. Instituído em dezembro de 1985 e implantado no ano seguinte, o Procel é coordenado pelo Ministério de Minas e Energia, cabendo à Eletrobrás o controle de sua execução. Seu principal objetivo é a conservação da energia elétrica, tanto no lado da produção como no do consumo, concorrendo para a melhoria da qualidade de produtos e serviços, reduzindo os impactos ambientais e fomentando a criação de empregos. Para isso, o Procel desenvolve projetos nas mais diversas áreas. As metas de longo prazo do Procel estão consignadas no Plano 2015. Prevêem uma redução de demanda da ordem de 130 bilhões de kWh em 2015, evitando a instalação de 25.000MW (cerca de duas usinas de Itaipu). O ganho líquido para o País será de R$ 34 bilhões. Coinfra Publicação mensal do Conselho de Infra-estrutura janeiro de 2005 ano 5 – número 37 Divulgação CEEE/ foto Beto Negrão ESPECIAL Convênio com a Eletrobrás leva eficiência energética a 40 municípios do RS