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A GERÊNCIA NA ÓTICA DO FISIOTERAPEUTA*
Daniel Carlos da Silva Almeida1
Carla Adriane Pires Ragasson2
Elizabeth Maria Lazzarotto3
Jordana Gargioni Salmoria4
RESUMO: O programa saúde da família, como nova forma de organização do sistema
de saúde brasileiro vigente, constrói-se enquanto tal, através da atuação de uma
equipe multidisciplinar de trabalho em saúde. A unidade de saúde da família (USF) é
sede do programa, e seu foco é a atenção primária aos usuários do SUS, em uma
determinada área de abrangência. O presente estudo objetivou identificar as funções
gerenciais do fisioterapeuta que atua no programa saúde da família. A pesquisa
caracterizou-se como exploratória-descritiva. A população foi constituída por dois
fisioterapeutas que realizaram a Residência Multiprofissional em Saúde da Família, do
Ministério da Saúde em parceria com a Universidade Estadual do Oeste do Paraná –
Unioeste-Campus de Cascavel/PR. A aplicação do questionário foi realizada no local
de atuação dos profissionais, no PSF de São João do Oeste-Distrito do Município de
Cascavel/PR. O método para analisar os dados referentes ao perfil dos fisioterapeutas
pesquisados foi o quantiqualitativo. Os resultados evidenciaram que a inserção do
fisioterapeuta como agente multiplicador de saúde no PSF, possibilita-o desenvolver
suas atividades, inclusive a de gerenciamento, em interação com a equipe e de forma
multiprofissional. Conclui-se que dentre os profissionais que compõem a equipe de
saúde da família, o fisioterapeuta possui conhecimentos relativos à atuação no nível
primário, e inserir-se nas atividades de gerência, com a condução do processo de
trabalho e na direcionalidade das ações.
Palavras-chave: Gerenciamento. Saúde da família. Fisioterapeuta.
INTRODUÇÃO
Para atuar no programa saúde da família (PSF), o fisioterapeuta deve conhecer a
comunidade, a sua área de risco, e participar na realização da distritalização da área
que, segundo Mendes (1992), refere-se ao processo de construção de sistema local
de saúde, que implica aprofundar os vários conceitos que irão orientar a formulação e
Fisioterapeuta, Residente da Especialização Multiprofissional em Saúde da Família – Ministério da Saúde/Unioeste –
Cascavel/PR.
2
Fisioterapeuta, Mestre, Docente da Faculdade Evangélica do Paraná. Curitiba/PR.
3
Enfermeira, Mestre, Docente do Curso de Enfermagem da Unioeste – Campus de Cascavel/PR. Rua Manoel Ribas,
1466. Cascavel/PR CEP;85801-180. e-mail: [email protected] .
4
Fisioterapeuta, Mestranda, Docente do Curso de Fisioterapia da Unioeste – Campus de Cascavel/PR.
* Trabalho Monográfico Concluído.
1
2
implementação de ações voltadas a desencadear mudanças nas formas de
organização dos serviços prestados à população. A concepção de território deve ir
além de uma superfície/solo e de características geográficas. Para o autor, o território
é político, econômico, cultural e epidemiológico e, na organização de saúde, o
território é estabelecido por uma determinada população, com características
diferentes, com conflitos, projetos e sonhos. Neste contexto, observa-se que o
profissional deverá ser capaz de atuar com qualidade, resolutividade, e trabalhar em
equipe multiprofissional e interdisciplinar, desencadeando a criação de novos campos
de trabalho na área da saúde, de acordo com a realidade e a necessidade de
saúde/social. Entretanto, algumas escolas ainda optam por formar um fisioterapeuta
generalista, independente do perfil exigido pelo mercado de trabalho, deixando para a
formação especialista os cursos de pós-graduação, os quais direcionam o perfil do
profissional.
A maioria das atividades desenvolvidas pelo fisioterapeuta é a somatória do cuidado
com o usuário, onde a assistência sistematizada e humanizada garante a qualidade
do atendimento. O profissional tem como função, ainda, gerenciar a assistência
prestada, planejar e implementar as ações de educação em saúde dirigidas à
população, bem como interagir com a equipe que compõe o elenco de trabalhadores
no setor saúde. Assim, as atividades realizadas pelos fisioterapeutas permitem o
reconhecimento da sua prática, e a análise crítica de sua relação com as demais
produções de serviços do setor saúde. Para o desenvolvimento da prática é
necessário repensar o processo de trabalho na sua totalidade dinâmica. Neste
sentido, a reforma das diretrizes curriculares dos cursos de graduação aponta para a
formação do fisioterapeuta pautada no trabalho em equipe, inserido no sistema de
saúde pública do país, praticando, assim, a assistência integral à saúde da população
num sistema regionalizado e hierarquizado de referência e contra-referência
(SCHMIDT; CALDAS, 2003).
PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA
No entender de Trad e Bastos (1998, p. 430), o PSF surgiu como uma “possibilidade
de reestruturação da atenção primária, a partir de ações conjugadas”, de acordo com
os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS). O PSF está inserido nas políticas
públicas de saúde, no contexto do SUS, e “sua concepção abrange conteúdos que
3
integram aspectos relativos ao modelo e à prática assistencial, ao processo de
trabalho e à formação de recursos humanos”.
Segundo Sala (1993, p. 118), as inovações referem-se a “um conjunto de práticas
que, a partir de um referencial epidemiológico, tomam como seu objeto de intervenção
a saúde e a doença no coletivo, utilizando como instrumento de intervenção diversas
atividades que são articuladas e organizadas no sentido de produzirem um efeito
sobre a saúde no plano coletivo”. É considerado um modelo “voltado para proteção e
promoção de saúde com os seguintes aspectos: área de abrangência definida, equipe
multiprofissional, ação preventiva e de promoção à saúde desenvolvidas a partir de
prioridades epidemiológicas da área definida”.
O objetivo do PSF é a “ênfase nas ações programáticas, com o propósito de reduzir a
demanda das unidades básicas de saúde e dos hospitais; tendo como princípio
norteador a participação comunitária e o controle social centrado nos Conselhos
Municipais de Saúde” (MS, 1994; citado por TRAD; BASTOS, 1998, p. 431). Com a
reorientação do modelo assistencial, para Bertussi et al (2001), o PSF imprime uma
nova dinâmica de atuação e de relacionamento entre os serviços de saúde e a
população, mediante vínculo, compromisso e uma abordagem humanizada.
Os profissionais que atuam devem ter uma “visão sistêmica e integral do indivíduo,
família e comunidade”, a fim de atuarem com “criatividade e senso crítico, mediante
uma prática humanizada, competente e resolutiva, que envolva ações de promoção,
de proteção específica, assistencial e de reabilitação”, estando assim capacitados a
“planejar, organizar, desenvolver e avaliar ações que respondam às reais
necessidades da comunidade, articulando os diversos setores envolvidos na
promoção da saúde” (BRASIL, 2000, p. 317-318).
Para que o PSF se desenvolva, é preciso que a equipe conheça a realidade da
população que atende, desenvolvendo um processo de planejamento a partir dessa
realidade, e assim executar ações compatíveis com as necessidades (BERTUSSI et
al, 2001). Por conseguinte, é necessário que o trabalho em equipe multiprofissional
efetue-se de forma interdisciplinar.
GERÊNCIA
O trabalho do fisioterapeuta, no entender de Pereira et al. (2004, p. 94), é centrado “a
partir da nova concepção de saúde enquanto qualidade de vida e não mais restrita à
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ausência de doenças”, o que habilita o profissional a trabalhar no “sistema de atenção
básica numa perspectiva de atuação na promoção da saúde e prevenção de doenças
e não só no tratamento e na reabilitação”. Straub (2003) vai complementar que a
Fisioterapia, apesar de ser uma profissão da saúde relativamente jovem, e
relacionada à prática assistencial reabilitativa, atualmente vem ampliando o espectro
de intervenção.
O fisioterapeuta na estratégia de saúde da família definiu o seu objeto de atuação
voltado para uma atuação integral. Na visão de Pereira et al. (2004, p. 94), o
fisioterapeuta é considerado um “instrumento pedagógico promovendo espaços
educativos nas suas práticas de saúde no território”, socializando o saber por meio de
experiências e reflexões.
Para gerenciar a Unidade de Saúde da família (USF), é essencial que o fisioterapeuta
tenha conhecimento, habilidades e atitudes relacionados às funções gerenciais. O
conhecimento passou a ser aplicado na prática, transformando-se em recursos,
ferramentas, processos e produtos. A prática gerencial do fisioterapeuta, no
entendimento de Alcalde et al. (2003), está em planejar, programar, executar ações
específicas, e realizar a educação permanente para equipe. Realiza relatórios das
atividades, analisando e avaliando as ações realizadas. Gerencia reuniões de equipe,
visando discutir os casos e os encaminhamentos de usuários aos diversos membros
da equipe, bem como assessora a equipe nos cuidados formais aos usuários.
Neste contexto, Soares et al. (2001, p. 184) destacam que a epidemiologia, no
processo de trabalho do fisioterapeuta, “se preocupa com o processo de ocorrência de
doenças, mortes, quaisquer outros agravos ou situações de risco à saúde na
comunidade [...], com o objetivo de propor estratégias que melhorem o nível de saúde
das pessoas que compõem essa comunidade”. Para o autor, tanto para estudos de
situação de saúde, como para o estabelecimento de ações de vigilância
epidemiológica, é importante considerar a necessidade dos dados que vão gerar as
informações a respeito da saúde da população.
A vigilância epidemiológica é um importante instrumento para o planejamento, a
organização e a operacionalização dos serviços de saúde, sendo suas ações
aplicadas às doenças transmissíveis ou não. Proporciona a obtenção de informações
para o conhecimento, a detecção e a prevenção dos determinantes do processo
saúde/doença em nível individual e coletivo, com objetivo de adotar medidas corretas
de prevenção e controle dos agravos, sendo entendida como a obtenção de
5
informação para a ação (ALVANHAN et al., 2001).
Na visão de Soboll et al. (2001, p. 205-208), as “informações em saúde constituem
ferramenta fundamental para análise de situação de saúde e definição de estratégias
para a consecução de melhorias nas condições de saúde da população”. Os sistemas
de gerência em saúde dispõem de “sistemas informativos da condição do doente, de
sua vida, do meio ambiente e de outros fatores que interferem no processo
saúde/doença e que constituem os Sistemas de Informação em Saúde (SIS)”.
O SUS conta com sistemas específicos, entre os quais se destacam os Sistemas de
Informação sobre Mortalidade (SIM), sobre Nascidos Vivos (SINASC), sobre Agravos
de Notificação Obrigatória (SINAN), sobre Serviços e Atendimentos Ambulatoriais
(SIA) e sobre Internações Hospitalares (SIH). Além destes, existem outros que
trabalham dados específicos e/ou não têm abrangência nacional, como, por exemplo,
o Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB), que produz informação sobre a
população atendida pelo PSF (MOTA; CARVALHO, 1999; citado por ANDRADE;
SOARES, 2001).
De acordo com Mota e Carvalho (1999) citado por Andrade e Soares (2001, p. 171),
um “sistema de informação em saúde pode ser considerado como um conjunto de
componentes que atuam integrados e articuladamente que têm como propósito obter
dados e transformá-los em informação. As informações desses sistemas devem ser
utilizadas por todos os indivíduos envolvidos no planejamento, gestão (administração)
e avaliação dos serviços de saúde, pois é um meio para melhorar o nível de saúde
das populações para as quais essas informações são produzidas”. Também devem
essas informações ser “disponibilizadas aos próprios usuários dos serviços de saúde,
os quais, por meio de instâncias de controle social (como o Conselho Municipal de
Saúde), podem interferir mais efetivamente nas decisões setoriais a serem tomadas”
(ANDRADE; SOARES, 2001, p. 171).
No exercício da função gerencial, Fekete e Mandelli (1994) citados por Bertussi et al.
(2001) apontam alguns instrumentos necessários para nortear a tomada de decisões,
destacando a liderança, a capacidade de promover consensos, a negociação, o
planejamento e a programação estratégica.
Enquanto ferramenta de trabalho, o planejamento, segundo Felisbino e Nunes (2000,
p. 64), “é um meio para chegar-se à imagem-objetivo desejada para uma determinada
realidade de saúde”. Para os autores, “planejar é prever e organizar as ações para
corrigir os problemas de saúde, analisar, estabelecer críticas e avaliar ações depois
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de executadas, fazendo a sua permanente adequação às necessidades que se
apresentam ao longo do caminho”.
A programação, enquanto instrumento gerencial, “é considerada um apoio para
tomada de decisão, de garantia de eficiência no uso dos recursos, facilitação dos
processos de negociação e participação social”, orientando “a condução do processo
de organização dos serviços, na medida em que estabelecem objetivos a serem
alcançados, bem como as estratégias a serem utilizadas para o seu alcance”
(FELISBINO; NUNES, 2000, p. 43). Para os autores, este processo inicia-se com “a
identificação e análise dos problemas, determinação das prioridades, identificação dos
recursos humanos, [...] instrumento de avaliação, até o acompanhamento da
execução e, se for o caso, a determinação de nova ordem de prioridades. É, portanto,
um processo participativo que deve permitir a incorporação de todas as experiências
que surjam, dentro de um marco comum que lhes dê a consistência e a coerência
necessária à sua generalização”.
O fisioterapeuta, como membro da Equipe de Saúde da Família (ESF), é
imprescindível na organização do trabalho coletivo, pois este depende de uma
coordenação que reúna o conhecimento e as habilidades técnicas para que os
objetivos assistenciais e organizacionais sejam alcançados (Lunardi Filho e Lunardi,
1996).
Com relação à avaliação na área da saúde, esta ocupa lugar de destaque, pois, com o
processo de globalização em curso, “assiste-se, com intensidade crescente, o
agravamento das desigualdades sociais, que, por sua vez, produzem mais
necessidades de cuidados e atenção à saúde” (Gil et al., 2001, p. 126). Evidencia-se,
assim, a “importância de se trabalhar em conjunto a avaliação da eficiência, da
eficácia e da efetividade”, demonstrando que o fisioterapeuta, enquanto membro da
equipe de saúde produz “informações que se contemplam e dão maior consistência
ao processo” (Gil et al., 2001, p. 129).
Fekete (1999), citada por Sakai et al. (2001, p. 111), aponta que “um dos desafios do
SUS é o trabalho em saúde, com profissionais capacitados para o enfrentamento dos
principais problemas de saúde, das necessidades dos serviços e da gestão do
trabalho”. Estes profissionais devem ser compreendidos como “sujeitos/agentes do
processo de mudança e por isso devem ser tratados de forma diferente dos outros
recursos necessários para a atenção à saúde”.
Com relação à educação da ESF no âmbito gerencial, o fisioterapeuta está apto a
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realizar a educação permanente de seus componentes, pois “a perspectiva do
processo educacional é desenvolver meios da aprendizagem permanente, que
permite a formação contínua, tendo em vista a construção da cidadania”. Essa
educação “permite buscar e gerar informações, usada para solucionar problemas
concretos na produção de conhecimento e de bens ou na gestão e prestação de
serviços, é preparação básica para o trabalho” (SÓRIO, 1999, p. 217).
Para Ragasson et al. (2003, p. 5), o fisioterapeuta “tem atribuições pertinentes à
educação, participando do planejamento e execução de treinamentos e reciclagens de
recursos humanos em saúde”. Sório (1999, p. 226) coloca que o fisioterapeuta, na
perspectiva da educação permanente, deve ser capaz de “articular intervenções e
atividades realizadas com as ações dos demais membros da equipe, destacando o
caráter multiprofissional”. Nesta direção, é importante redimensionar a autonomia
profissional, articulando os conhecimentos advindos de várias disciplinas ou ciências,
em caráter interdisciplinar.
A interdisciplinaridade possibilita “a prática de um profissional se reconstruir na prática
do outro”. Como o objetivo é “obter melhor impacto sobre os diferentes fatores que
interferem no processo saúde/doença, é importante que as ações tenham por base
uma equipe formada por profissionais de diferentes áreas”. Todos os membros podem
agregar conhecimentos das demais áreas da saúde num processo de construção
permanente (BRASIL, 2001, p. 74).
Uma das características do PSF é o desenvolvimento do trabalho multiprofissional,
que, na visão de Peduzzi (2001, p. 108), é “uma modalidade de trabalho coletivo que
se configura na relação recíproca entre as múltiplas intervenções técnicas e a
interação dos agentes de diferentes áreas profissionais”. Neste contexto, o
fisioterapeuta e todos os membros de uma ESF devem conhecer o trabalho de toda
equipe, as atribuições específicas de cada profissional e as comuns à equipe, tanto na
USF como no domicílio e na comunidade. A troca de conhecimentos e informações e
a participação na formação e no treinamento de pessoal também são fundamentais
para o desenvolvimento do trabalho em equipe, pois a valorização de diferentes
saberes e práticas contribui para a integralidade e a resolutividade das ações de
saúde (BRASIL, 2001).
Com relação aos materiais e equipamentos usados nas USF, Mandelli (1997, p. 238)
assinala que estes dependem “das próprias características do processo de produção
a que ele tem que atender”. Um dos objetivos da gestão desses materiais é “suprir,
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em quantidade e qualidade, o mais próximo possível do momento em que se dá o uso
e com o menor custo possível”, pois as unidades de saúde necessitam destes
materiais, para a produção dos serviços relacionados com seus objetivos.
O profissional deve conhecer o trabalho de toda equipe, as atribuições específicas de
cada profissional e as comuns à equipe, tanto na USF como no domicílio e na
comunidade. A troca de conhecimentos e informações e a participação na formação e
na
educação
permanente
do
pessoal
também
são
fundamentais
para
o
desenvolvimento do trabalho em equipe, pois a valorização de diferentes saberes e
práticas contribui para a integralidade e a resolutividade das ações de saúde (BRASIL,
2001). O fisioterapeuta como membro atuante na ESF, tem a oportunidade de realizar
a gerência desta e da USF, devido ao perfil profissional que lhe é atualmente
oportunizado na graduação e especializado na pós-graduação.
OBJETIVO
O presente estudo objetivou identificar as funções gerenciais do fisioterapeuta que
atua no programa saúde da família na cidade de Cascavel/PR.
METODOLOGIA
O presente estudo caracteriza-se por ser de caráter exploratório-descritiva, pois,
segundo Triviños (1987), a pesquisa exploratória permite ao pesquisador aprofundar
suas análises nos limites de uma realidade específica, buscando antecedentes e
maiores conhecimentos, a fim de subsidiar uma análise mais específica. A pesquisa
descritiva tem como objetivo a “descrição das características de determinada
população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis”,
sendo uma de suas características a “utilização de técnicas padronizadas de coleta de
dados” (Gil, 1999, p. 43).
A população do presente estudo foi constituída por dois (2) fisioterapeutas residentes
do curso de Residência Multiprofissional em Saúde da Família, que compõem as
equipes do PSF do Ministério da Saúde em parceria com a Universidade Estadual do
Oeste do Paraná – Unioeste - Campus de Cascavel/PR. A coleta dos dados foi
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realizada por meio de um questionário semi-estruturado. A aplicação do questionário
foi realizada no local de atuação dos profissionais, no PSF de São João do OesteDistrito do Município de Cascavel/PR.
O método para analisar os dados referentes ao perfil dos fisioterapeutas pesquisados
foi o quantitativo. Segundo Chizzotti (1998, p. 51), a mensuração de variáveis
preestabelecidas procura “verificar e explicar sua influência sobre outras variáveis,
mediante a análise da freqüência de incidências e de correlações estatísticas”. Para
analisar as questões do estudo, utilizou-se o método qualitativo, o qual se fundamenta
em “dados reunidos nas interações interpessoais, na co-participação das situações
dos informantes, analisadas a partir da significação que estes dão aos seus atos”. Os
novos aspectos descobertos na análise qualitativa são investigados, com o objetivo de
orientar ações que transformem a realidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 1 apresentam-se os dados a respeito do perfil profissional dos
fisioterapeutas pesquisados:
Tabela 1 - Distribuição do perfil dos pesquisados
Variável
Sexo
Idade
Estado civil
Universidade de graduação
Tempo de formado
Área de atuação
Tipo de pós-graduação
Renda mensal
Descrição
Feminino
25 anos
29 anos
Solteiro
Salesiano de Lins
Unaerp
2 a 4 anos
Residência no PSF
Ortopedia e traumatologia
desportiva
R$ 1.459,58
TOTAL
FA
2
1
1
2
1
1
2
2
1
FR
100
50
50
100
50
50
100
100
50
2
2
100
100
FA = Freqüência Absoluta / FR = Freqüência Relativa
Verificou-se que os dois pesquisados (F1 e F2) são do sexo feminino (100%). Quanto
à faixa etária, constatou-se que a média de idade entre os pesquisados é de 27 anos,
sendo que um tem 25, e o outro 29 anos. Na variável estado civil, observou-se que
100% são solteiros. Estes achados justificam-se, devido ao fato de o curso de
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graduação em fisioterapia ter apenas 36 anos de aprovação e regulamentação
profissional, tratando-se, portanto, de um curso superior recente, com profissionais
jovens sendo inseridos no mercado de trabalho.
Quanto à universidade de graduação, os dos pesquisados graduaram-se em
universidades localizadas no Estado de São Paulo. O tempo de formação é de 2 a 4
anos. Quanto à área de atuação, 100% cursam o Programa da Residência
Multiprofissional em Saúde da Família, de caráter integral. O tipo de pós-graduação
declarado foi à área de ortopedia e traumatologia desportiva. Para 100% a renda
deriva da bolsa-auxílio integral por dois anos.
Quanto às ações gerenciais questionadas aos pelos fisioterapeutas, pontuou-se
primeiramente, pelo F1: auxiliar quanto aos programas desenvolvidos em uma UBS.
Segundo Botazzo (1999), os programas das UBSs acompanham grupos, como, por
exemplo,
menores
de
um
ano,
gestantes,
idosos,
hipertensos,
diabéticos,
tuberculosos, desnutridos, e são responsáveis por realizar a vigilância em saúde no
território sob sua responsabilidade, estabelecendo vínculo com a comunidade e com
outros setores da sociedade. Nota-se que “a eficiência, eficácia e efetividade da
gestão da UBS são medidas pela avaliação dos resultados e de seu impacto nos
problemas de saúde da população” (BERTUSSI, 2001, 139p.).
A resposta do F2, quanto à outra ação gerencial, diz respeito à avaliação dos
programas que são desenvolvidos por toda a equipe. Na visão de Gil et al. (2001, p.
129-130), “o ato de avaliar está sempre dotado de uma concepção que determinado
ator social tem de um processo e reflete o quanto ele deseja produzir transformações
no âmbito de sua atuação”. Para os autores, “o uso da avaliação, com a construção
de indicadores pertinentes às realidades locais, pode contribuir não apenas com o
trabalho gerencial, mas com todo processo de planejamento”.
Novamente quanto às ações gerenciais pontuadas pelos fisioterapeutas pesquisados,
observou-se que F2 descreveu o planejamento junto com a equipe, interagindo com
os profissionais. Neste contexto, Gil et al. (2001, p. 125) expõem que “planejar é
elaborar um plano de ação com base em prioridades definidas, em recursos
disponíveis ou a serem conseguidos”. Os planejamentos das atividades são realizados
por toda equipe de saúde, de forma semanal, objetivando organizar as atividades a
curto, médio e longo prazo, conforme a necessidade apresentada. Bertussi (2001)
complementa que a consolidação do planejamento estratégico local prevê, que as
ações na USF devem ser realizadas mediante identificação dos problemas e de
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propostas de intervenção a estes problemas, e que “o processo de trabalho se dá
entre os profissionais que compõem a equipe e suas funções estão dispostas em
protocolos clínicos e epidemiológicos.
O entendimento de Véras (2002, p. 56), sobre o trabalho em equipe é “para que o
trabalho ocorra de forma interdisciplinar é necessária uma boa relação entre os
fisioterapeutas e os membros das equipes”. Em seus estudos, a autora observou que
“os fisioterapeutas estão conseguindo integrar-se de maneira positiva em seus
trabalhos na ESF”. Porém, na visão dos outros membros da equipe, o pouco tempo
disponível do fisioterapeuta na unidade de saúde dificulta uma maior interação. Este
fato ocorre, pois o fisioterapeuta não faz parte da equipe mínima da USF, havendo
uma carência deste profissional, que acaba atendendo apenas quando há uma
demanda reprimida na área.
Observa-se que, historicamente, a formação de recursos humanos na saúde e as
práticas assistenciais, sempre mantiveram uma estreita relação, influindo mutuamente
uma sobre a outra. Contudo, a alteração das diretrizes curriculares do curso de
Fisioterapia que prevêem: “a formação do Fisioterapeuta deverá atender ao sistema
de saúde vigente no país, a atenção integral da saúde no sistema regionalizado e
hierarquizado de referência e contra-referência e o trabalho em equipe”, demonstra as
atuais propostas de reforma deste ensino, que vem se pautando na concepção de que
o fisioterapeuta deve estar apto para atuar em uma realidade de serviço, circunscrita
por uma necessidade social (STRAUB, 2003).
CONCLUSÃO
O resultado da identificação do perfil apontou que os pesquisados são do sexo
feminino, com média de idade de 27 anos, solteiros, com pós-graduação. A análise
qualitativa evidenciou que as atividades descritas pelos fisioterapeutas permitiram o
reconhecimento da sua prática, e a sua relação interprofissional com a equipe que
atua nos serviços de saúde. Quanto à prática sanitária, é necessário repensar o
processo de trabalho na sua totalidade, pois sua atuação no PSF deverá ser holística.
As atividades assistenciais, gerenciais, educativas e comunitárias desenvolvidas pelos
profissionais pesquisados são direcionadas a todas as fases do ciclo de vida do ser
humano, com o objetivo de melhorar sua qualidade de vida. Conclui-se que o
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fisioterapeuta deve continuar sua atuação no PSF, desvinculando-se das ações
estritamente reabilitadoras, e buscando ampliar seus horizontes na perspectiva de
mudança das práticas de saúde, tornando-as realmente interdisciplinares e
intersetoriais.
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